ACADEMIA
A intermodalidade é o X do problema EXCELÊNCIA PROFISSIONAL É FORJADA AO LONGO DOS ANOS, NO COTIDIANO, PERPETUANDO UMA CULTURA DESENVOLVIDA PELAS EMPRESAS Por Paulo Espírito Santo O grande desafio para formar profissionais de excelência para o transporte metroferroviário pode estar em entender o setor como uma atividade multidisciplinar, que exige profissionais capacitados em diversas áreas. Quem pensa assim é o arquiteto e mestre em Planejamento Urbano, Ayrton Camargo e Silva. Para o especialista, que é presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) e diretor de Planejamento e Transportes da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô de São Paulo (AEAMESP), antes de qualquer coisa, é necessário que as políticas públicas de Infraestrutura ferroviária dialoguem com os currículos definidos pelo Ministério da Educação (MEC). Ele, no entanto, não vê essa articulação. “Se o Brasil não consegue sequer ter um plano diretor de infraestrutura ferroviária, quem dirá garantir que o transporte sobre trilhos seja suprido por profissionais que já saiam preparados com excelência, das escolas e faculdades de graduação e pós-graduação. Não estamos falando somente de engenheiros ferroviários. Os sistemas sobre trilhos necessitam de bons projetos de Engenharia Civil, uma vez que os traçados exigem precisão em suas rampas, túneis etc. Mas o êxito de um projeto ferroviário depende, também, de profissionais de outras áreas, como especialistas em logística, uma vez que os corredores ferroviários são apenas uma etapa de um processo econômico.” Camargo cita como exemplo, o transporte de cargas no Brasil, que vincula a produção de bens do setor agro e das commodities de minérios, entre outros, ao mercado consumidor. “Temos que considerar toda a cadeia logística, constituída pelo transporte rodoviário, ferrovias, hidrovias e portos, dentro de um conceito
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ENGENHARIA COMPARTILHADA
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FALTAM POLÍTICAS PÚBLICAS DE
INFRAESTRUTURA FERROVIÁRIA QUE DIALOGUEM COM OS CURRÍCULOS DEFINIDOS PELO MEC
Ayrton Camargo e Silva, presidente da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas
de intermodalidade. Além do operador logístico, para fazer a coordenação operacional e administrativa das várias etapas dessa cadeia, é necessário, por exemplo, um economista, para avaliar a eficiência competitiva de todo o processo.” Camargo lembra que a produção de uma safra necessita de preparação desde a sua colheita, sua estocagem e embarque no primeiro sistema de transportes, que acessa o local de produção -- que pode ser um ca-