DIGESTO ECONÔMICO, número 255, maio e junho 1977

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ECOIMOMICO

Apro80ntaç5o

o Papol do Logislalivo Conlomporanco — Senador Jarbas Passarinho

Analiso do Hclatorio da Pelrobrás — Luiz Cavalcante

O Fochamonlo do PC no Brasil — Flávio Galv5o

NascLmonlo, gloria o morlo da borracha o seu espantoso drama Berros Ferreira

A Administração dos Recursos Hídricos na Dócada do 1990 André Van Dam

Plodidas acertadas no Govorno — Eugênio Gudin

Aa Rolações BrasU-EsladoB Unidos — Oliveiros S. Ferreira

Hovolução vordo o Reforma Agrária — Eduardo Celestino Rodrigues Pornambuco o a Indopendoncia do Brasil — Barbosa Lima Sobrinho

Contonário de Costa Manso — Geraldo Pinto Rodrigues

A Soborania Estatal o os Direitos Humanos — Lenildo Tabosa Pessoa

O Álcool como combustível do motores — Ernesto Stumpf

A ClasBo Media o o Imposto dc Ronda — Ethevaldo Siqueira

Mr. Cartor o o "Circulo da Bíblia" — David Gueiros Vieira

Ncgocios Africanos para o Brasil — Rubens Rodrigues dos Santos O Refugio das Memórias — Josué Montello

Coppóo, o lírico da pobroza — Mello Cançado

Jung o Hesso — J. O. de Meira Penna

O Átomo, a Paz o a Guorra — Alberto Wohlstetter _

O Imperativo da Política de Hondaa — John K. Galbraith

O Desenvolvimento Brasiloiro c sua Participação na Economia Mundial — Sérgio Pinho Mellão

Realismo o Firmeza nas Negociações Sait — O Estado do S. Paulo Nova York o o Imperialismo do domingo — Robert Karl Mano£f

Os Estados Unidos a serviço da Revolução — Thomas Moinar

O Culto da Utopia — Mario Spinelli

O Juri a Sorviço do Crime — Dario Abranches Viotti

O Protesto de Niltl — Giuseppe Galasso

A "Terceira Idade" — João de Scantimburgo

Despertar Cristã na Rússia — Cardeal Franz Koenig

O Futuro do Ouro — G. Pastor

nitivamente, onde eles locali zariam, na Praça dos Três Poderes, o soviet dos sargen tos? A própria Inglaterra, hoje, não tem os poderes sepa rados. O Poder Judiciário, o mais alto, é exercido pelos Lords judiciários, da Câmara dos Lords, nomeados vitaliciamente.

A Rainha é a fonte de toda a Lei, porque é ela que a faz, no Parlamento, bem como é a fonte de toda a Justiça.

Na China, há seis poderes.

A divisão de Montesquieu já não é, pois, eterna”.

A lição de Loewenstein não discrepa da do mestre da Universi dade Federal de Minas Gerais, ao afirmar que a separação dos po deres é uma perfeita ilustração do pensamento mecanicista, com o fim de garantir a liberdade indi vidual, e que Montesquieu a tomou de Locke, mas que é preciso aten tar para a realidade do mundo moderno. São suas palavras:

“A uma simples vista de olhos, a forma mais corrente de governo — o parlamentaris mo — convencerá os analis tas de que o poder legislativo e 0 executivo não estão sepa rados, nem pessoal, nem fun cionalmente. Os membros do governo são membros do Par lamento, produzindo-se uma integração desses poderes” (Obra citada). Voltando nosso exame, porém para os regimes presidencialistas, seria possível, neste quartel de século, identificar uma separação

de poderes ideal, pregada desde Aristóteles?

Já vimos, no preâmbulo deste trabalho, o que foi o testemunho de Samuel Huntington, que na verdade preconiza o revigoramento da autoridade do Pre.sidente dos Estados Unidos, especialmente no sentido de dominar o poder da burocracia, uma entidade com a qual não sonhou Montesquieu. As sim se expressou o Prof. Hunting ton, quanto às somas exorbitantes de poder nas mãos da burocracia do Estado:

“Os partidos já não consti tuem mais uma ponte entre grupos privados e indivíduos, de um lado, e o governo, de outro, em termos de levar adiante novas políticas. A burocracia assumiu essa fun ção tradicional. O problema, a meu ver, é tornar a buro cracia mais receptiva e permi tir que 0 Presidente exerça maior controle, sem oportuni dade para abusos. Nixon es tava elaborando um plano para controlar a burocracia”. Embora a preocupação de Hun tington seja com a burocracia, fato é que, mesmo no regime pre sidencialista norte-americano, tendência é de o poder executivo sobrepor-se ao legislativo e viceo a versa, o que se agrava quando se dá o caso particular de um Pre sidente governar com minoria Congresso. Neste caso, a divisão dos poderes perde-se diante da definição incômoda de Julien Freund, segundo a qual a política é o reino da força, que na demono

cracia é caracterizada pelo poder da maioria. Quem dentre nós não sc recorda da recente e irrepará vel derrota do Presidente Ford. frente ao Congresso, quando lhe negou meios para evitar a catás trofe do sudeste asiático? Quem não se lembra, tão perto de nósestá no tempo, da nova c não nos desastrosa derrota do Presi dente dos Estados Unidos diante da negativa do Congresso, de for necer meios em dinheiro, sustentar os movimentos patrióti cos de Holden Roberto e de Savimbi, enquando uma grande su perpotência fornecia todos os meios materiais e ainda recursos humanos seus e de um de s:us satélites, para que Angola se trans formasse na mais nova conquista do imperialismo comunista?

Aspecto pior do que o predomí nio de um poder sobre o outro, é o revelado por testsmunhas insus peitas, sobre o controle que. denü'o do poder legislativo, exercem as comissões, como no caso dos Estados Unidos. Ninguém menos do que Morris Udall, que foi can didato nas eleições primárias há pouco realizadas, é que nos choca ao afirmar:

não é tão simples quanto mostram os diagramas de funcionamento do Congresso. ‘Tnfortunadamente. a vida não imita a arte. Os diagra mas não mostram 535 heróis lo cais e Presidentes em potencial, pelejando entre eles por prestigio e poder. Os diagramas não mos tram quem sustenta as alavancas do poder, ou como aqueles que controlam o processo controlam as leis. Não explicam a dinâmica do poder, Para ter um quadro mais realístico. devemos olhar para as forças que dirigem o Con gresso: 0 sistema de Comissões, que concentra enorme poder nas mãos de pouco mais de 40 congres sistas; 0 sistema de antiguidade, que escolhe aqueles que exercem poder; as regras de segredo e de poder de corretagens, que alijam 0 povo do sistema. O resultado é mais autocrático do que democrá tico” (Obra citada, pág. 53 e 54).

Mesmo um Congresso que pare ce singular no mundo democráti co pode ver-se na contingência de não participar sequer das decisões mais graves. mepara 0

da maior não é

“O Parlamento democracia do mundo uma instituição democrática (771 Who Runs Congress? — Mark Green e outros — Bantam Brooks — Set/72), E por que assim se exprimiu congressista de tão alta qualifi cação? Porque autores do livro — o desdobramen to do processo pelo qual um pro jeto de lei se transforma em lei americano?

Será necessário relembrar o episódio dos mísseis soviéticos, envia dos para Cuba, e que não foram desembarcados devido à resoluta e dramática decisão do Presidente Kennedy de barrar a passagem das naves

russas? Se Krushev houvesse recuado, não seria o de sencadear da mais terrível de to das as guerras que o mundo jamais terá sofrido? nao explicam os

E que papel teria tido 0 poderoso Congresso norte-

tantes do povo. Nos Estados Uni dos mesmos, nos últimos 15 anos, mais de 80% das leis resultaram de propostas do Executivo. E até a velha Albion, ventre matriz da democracia moderna, mereceu a seguinte redação satirica da revis ta “The Economist”, de agosto de 1966:

“— O Governo vê, no Parla mento, sobretudo uma máqui na chanceladora de seus pro jetos. A oposição o considera, acima de tudo, um trampo lim para propaganda”. É evidente o exagero, que só se entende quando se compara com 0 saudosismo do período vitoriano, porque é, em sã consciência, impos sível comparar o funcionamento do Parlamento inglês com melan cólicos legislativos que se reúnem disciplinadamente, por poucos dias por ano. para sem discrepância aprovarem todas as recomendações dos Executivos normalmente arbi trários.

Vai longe, pois, o tempo em que Paul Reynaud gritava no PalaisBourbon (1962): “Para nós repu blicanos, a França está onde está seu Parlamento. Aqui e não alhu res. Admitir que ela estivesse em outro lugar, seria admitir o fim da República”. Foi, talvez, o último estertor dos sonhadores com a reinstauração do Estado Legislati vo, do século XIX.

São. em mos ou novas aspirações, meu entender, iniciativas factíveis. que nos permitam conciliar as tra dicionais aspirações democráticas do povo brasileiro, com as -cx gências do Estado moderno”.

As Perspectivas do Parlamento

Em face das modificações intro duzidas no papel clássico do.s par lamentos, caberia atender à suges tão de alguns, no sentido de elimi ná-los, como anacrônicos?

Há quern tenha adotado a idéia. Uganda, por exemplo, sob o Pre sidente Amin Dada.

O papel de um sistema político consiste em assegurar o processo pelo qual as aspirações da Socie dade são estudadas, avaliadas e convertidas em decisões. Com a invasão dos meios de comunicação de massas, o parlamentar perdeu, em muitos casos, o papel de in termediação que lhe cabia, entre a comunidade e o executivo, mo quando representava a oposi ção. Em certos casos, o cidadão nega autenticidade às assembléias de delegados, porque descrê muita coisa que está implícita sistema representativo, a começar pelo cerne da democracia que é o critério de escolha do candidato em quem se vai votar. mesde no

Impossível, porém, voltar à de mocracia direta da “ekklesia ga, ou mesmo da polis romana. Há que ter em mira como quer Prof. Giancarlo Piombino (“Consi derações sobre a crise do poder representativo”), que um saldo parece claro, decorrente dos mon gre-

Lúcido foi 0 Senador Magalhães Pinto, em sua aula inaugural do seminário já'referido, realizado ao ensejo dos 150 anos de existência do Senado, ao proclamar: “O que temos de buscar não são novos ruo

vimcntos contestatórios de 68 na França, na Itália e na Alemanha: é que a legitimidade do poder, fun dado no conceito de representação, já não convence. Ao que parece, trata-se de uma conclusão pessi mista, apenas justificada pela per plexidade que se apoderou do mundo atual.

Restam grandes e relevantes missões ao Parlamento. A primei ra delas é que ele funciona como caixa de ressonância das aspira ções nacionais. Como tal é um forum de debates, que não pode ser confundido com uma sessão de academia de letras e artes e me nos ainda com um encontro de rotarianos. Em tal clima, se ele não degenera devido à baixa polltização de alguns representantes, surgem os lideres da comunidade, os que são cada vez mais necessá rios para compor o equilíbrio com a invasora presença dos chamados tecnocratas. Em verdade, a res peitar a etimologia, eles são ape nas técnicos, muitas vezes com um olímpico desprezo pelo político. Mas o kratcs, do grego, que signi fica poder, não está, ou ainda não está. transferido para eles. Não se diga que economistas e cientis tas sociais em geral são um mal. Isto seria estúpido, da mesma ma neira que seria estúpido dizer que os problemas de uma comunidade devem ser exclusivamente afetos a eles, sem a participação política, sem a presença daqueles que Lyautey denominava “les t;cn'ciens des idées génerales”.

faz referência ao controle e à fis calização dos atos do Executivo. Não nos limites exíguos já reali zados pelos Tribunais de Contas, por sinal câmaras técnicas auxi liares do Legislativo, mas na dis cussão antes do “fait accompli” dos planos de governo, da estra tégia nacional que resultará nos orçamentos-programas. Já Woodrow Wilson, escrevia: "Tão im portante quanto legislar é fiscali zar atentamente a administração; e mais importante, ainda, que le gislar é instruir e orientar o pú blico sobre assuntos políticos, que devam ser comunicados por um órgão que discute abertamente to das as questões de interesse na cional”.

A tendência da oposição, no mun do livre, é permanecer presa a uma imagem de um Parlamento pre ponderante que já não existe em lugar algum. É um irrealismo da noso, que não deve, porém, con duzir-nos ao ceticismo em relação à sua sobrevivência. Para tal. urge que ele se reestruture, se agilize, dote-se de assessorias que lhe per mitam neutralizar o que Galbraith chamou de “tecnoestrutura”. esta sempre a serviço do Executivo, que em quase toda parte do mundo tende, como afirma Pierre Avril, “a considerar-se como investido de uma função de tutela; tem sempre tido a convicção de saber, 6m regra, dispõe de uma adminis tração competente”.

A missão Milton Campos, ao re gressar da Europa e América, ao cabo do estudo comparado, a que já nos referimos, mostrou-se im-

Função da maior importância, pertinente ao Legislativo, é a que porque,

Com efeito, diz textualmente o relatório: mos vêm das entranhas do solo pátrio.

“A produção de petróleo si tuou-se em nove milhões e 702 mil metros cúbicos, pouco inferior à obtida em 1975.”

E agora comento eu: os 9 mi lhões e 702 mil metros cúbicos de 1976, se comparados aos 9 milhões e 979 mil metros cúbicos de 1975, representam uma diminuição de apenas 2,8%; mas se comparados com a produção de 1974, a percen tagem negativa sobe para 5,8 Na verdade, a produção de 1976 foi mesmo 4,6% menor que a pro dução do já distante ano de 1969. Portanto, em termos de relatórios anuais, até agora, a auto-suficiên cia vai em marcha à ré.

Desejo confrontar o lucro líqui do de 10 bilhões e 69 milhões e a produção de apenas 9 milhões e 702 mil metros cúbicos. Em face desses dois números tão contrastantes, repito o que já disse aqui anteriormente a Petróleo Brasilei ro Sociedade Anônima vai bem, mas 0 petróleo brasileiro vai ma'.

Passemos a ver agora a correla ção produção-consumo, que bem reflete o quanto contribui o petró leo caboclo no consumo nacional: em 1967. a relação produção-con sumo era de 38,5%; em 1968. bai xou para 36,9% e, depois, para 36.7%, para 33,9%, para 26,7%, 21.4%, para 19,8%, e, afinal, em 1976. a correlação fixou-se 17,7%. Ou seja: de cada 100 barris de petróleo consumidos no Brasil, apenas 17 barris e 7 déci-

Discursando, neste plenário, a 18 de agosto de 1972. conclui que a produção no ano anterior. 1971. correspondia a 31% do consumo. E, continuando, disse que, há dez ano.s a situação era a seguinte: produção: 5.5 milhões de metros cúbicos; consumo: ll milhões de metros cúbicos”.

A produção, portanto, era de 50% do consumo!

Então, lancei estas perguntas:

“E daqui a dez anos? Em 1981, teremos nós alcançado a auto-suficiência? Manteremos em 0.31 a relação produçãodemanda? Ou esta baixará mais ainda?”

A seguir, arrisquei-me a fazer uma previsão, argumentando: “A resposta simple.smente que não consi dera a influência do consumo na vertiginosa expansão da Rede Rodoviária Nacional — nos é dada pela projeção do comportamento anterior. Fazendo a extrapo lação. concluiremos que. em 1981, estaremos produzindo e consumindo, respectivamente. 17 milhões e 600 mil metros cúbicos e 91 milhões e 640 mil metros cúbicos, ou seja, a pro dução dará apenas para 19% do consumo.”

aritmética do decênio para 31%, para 26,6%, para

O Senador Ruy Santos, então em exercendo, eventualmente, a Lide rança, deu-me honroso aparte, do qual destaco as seguintes passa gens: \

‘‘Embora não acredite que cheguemos a ter o petróleo su ficiente para o nosso consumo, também não acredito que pos samos manter o percentual de demanda que V. Ex.^ se refe riu, em 19%.”

E mais adiante, disse o eminente Senador da Bahia:

‘‘As considerações de V. Ex.^ são perfeitas, acredito não che garemos nunca a ter o sufi ciente para o consumo, entre tanto. acho que não ficaremos naqueles 19 que V. Ex.í^ faz.”

O Sr. Ruy Santos (ARENA — BA) — Permite V. Ex.^ um aparte?

O SR. (ARENA prazer, Santos.

O SR. LUIZ CAVALCANTE (ARENA — AL) — Faço coro. meu eminente colega, com os bons augúrios de V. Ex.^ E. afinal de contas, se V. Ex.^ se enganou es perando que a correlação produção-consumo não descesse ao ui vei de 19%, enganei-me eu tam bém. que esperava que só fosse atingida em 1981. Infelizmente. a

PETROBRÁS chegou aos 19% antes mesmo da metade do decê nio considerado — 1971/1981 — vez que ao fim de 1976 a correlação prodncão-consumo 17.7%.

LUIZ CAVALCANTE

O Sr. Ruy Santos (ARENA—BA) — É uma grande honra para mim estar sendo citado por V. Ex.^ que é um companheiro brilhante e es tudioso dos nossos problemas. Con tinuo, ainda, não acreditar que a nossa situa ção seja a prevista por V. Ex.^^ para 1981. apresentação é perfeita, mas 1981 está ainda distante quatro anos, e eu acredito que os poços descober tos, que 0 trabalho que está sendo feito, principalmente na Bahia, para recuperar os poços exaustos, que 0 trabalho feito para redução de gastos de gasolina, tudo isso, enfim, contribua para não chegar à situação desenhada por V. Ex.^, para 1981.

Assim é que o Sr. Ministro Reis Veloso — está aqui no recorte de O Globo de 9 de novembro de 1974, sob 0 titulo: ‘'Produção Brasileira crescerá 30% em 1975”. lavras atribuídas ao Ministro Reis Veloso: estava em cy. de extrapolação yo

ALi — Com muito eminente Senador Ruy assessora-

Consolemo-nos nós dois, eminen te Senador Ruy Santos, com en ganos muitíssimos mais extrava gantes do que os nossos, cometi dos por autoridades detentoras de verdadeiro arsenal de mento e de informação.

Os seus dados, a sua a desanuviar-se. relação no um no-

Sao pasem pessimismo, a São Paulo rO Globo) — o horizonte mundial já começa mesmo em ao petróleo. E, proxímo ano. já teremos substancial aumento na produ ção interna de 30 por cento, aproximadamente, com os vos campos já conhecidos. E vem a noticia, mais pormeno rizada:

“Foi o que afirmou ontem o Ministro João Paulo dos Reis Veloso, Ministro-Chefe da Ss-

zessete meses e apenas três con tratos foram assinados, obrigan do-se as três companhias estran geiras a investir, em conjunto, US$ 38,5 milhões. Um quarto contra to, com a EXXON, está ainda sen do objeto de negociações.

Em perfurações no mar, com lâ minas dágua de 200 m, como é, geralmente, o caso das áreas sele cionadas, a importância de USí 38,5 milhões não permitirá a per furação de mais de oito poços. Na Plataforma Continental, para cada poço positivo, há quatro poços se cos ou subcomerciais. Fiz este le vantamento louvado na reporta gem do Jornal do Brasil, conduzida por Ênio Bacelar, que, no campo dos jornalistas, é uma espécie de papa do petróleo”, porque nin guém na imprensa conhece mais de petróleo brasileiro do que Ênio.

Para 238 poços já perfurados, apenas 48 foram positivos, com óleo, e outros com petróleo. Isto diz que, na Plataforma Continen tal, apenas 20% dos poços são po sitivos, ou seja, de cada 5 perfu rações apenas uma dá óleo cu gás em níveis comerciais.

Logo, dos 8 poços a serem feitos sob risco das contratantes, é muito provável que apenas dois deles se jam positivos. Admitindo-se uma vazão média de dois mil barris diários para cada um, obteremos 4 mil barris diários.

Se os futuros contratos de risco continuarem a se desenvolver ta mesma lentidão, daqui a dez anos, isto é, em 1987, todo petróleo deles proveniente somará, muito

provavelmente, apenas 20 mil bar ris diários.

Ora, em 1937, o consumo diário de petróleo no Brasil andará pelo menos, na casa dos 2 milhões de barris, número diante do qual tor nam-se deveras insignificante.s os 20 mil barris a serem obtidos com os contratos de risco.

São fatos como estes que nos levam a pensar se há ou não razão no que lemos na revista Exame, de 28 de abril de 1976. neste tó¬ pico:

TROBRÁS se

“Permitir que a própria PEencarrcgue de administrar os contratos de risco é 0 mesmo que incumbir a raposa de zelar pelos pintos.”

A propósito. O Globo, de l.° do corrente, em sua conceituada cão Panorama Econômico, diz:

“Uma das empresas apresentaram proposta à PE TROBRÁS para participar dos contratos de risco foz chegar, há cerca de um mês, ao conhe cimento do Presidente Geisel, fatos que comprovavam existência de um montado dentro da estatal para retardar ximo a análise das propostas. A veracidade da denúncia.

' gundo consta, ficou confirma da pelas investigações efetua das por ordem do Presidente.”

se¬ que a esquema empresa ao másea que a recente exones-

É bem possível — e a falta de informações oficiais levam-nos esta ilação neração de três diretores da PE TROBRÁS tenha muito a ver com a procrastinação dos contratos de risco. Tanto mais que o Ministro

Ueki vem de íazer severas criti cas à eficiência da empresa, con forme revelação ainda do Panora ma Econômico de O Globo, de 3-3-77. Estas críticas estão tam bém no copy-desk que hoje nos foi distribiiido.

O "Panorama Econômico” assim reproduz as criticas do Ministro Ueki:

‘PETROBRÁS: PRODUZIR

MAIS E GASTAR MENOS

O Ministro Ueki falou cerca de uma hora na primeira reu nião com a nova diretoria da PETROBRÁS, quarta-feira úl tima, em Brasília. Do que dis se, conclui-se que os novos di retores da empresa estão colo cados diante de dois desafios principais: imprimir ritmo mais veloz à produção de óleo e racionalizar os custos.

O “Panorama Econômico” conseguiu apurar os pontos principais da fala do Ministro:

1 — a pesquisa e a produção de óleo terão que ser dinami zadas;

2 — os diretores da empresa deverão assumir riscos, toman do decisões em tempo hábil.

3 — os longos e interminá veis estudos precisam ser evi tados.

4 — a PETROBRÁS. por ser a maior empresa da América Latina, precisa dar exemplos de economia e rigidez em seus critérios administrativos, tra balhando sempre dentro dos padrões internacionais de pro dutividade:

5 — é preciso deter o em-

preguismo, reduzindo a folha, de pagamentos da empresa,' porque no ano passado, entre salários, encargos sociais e outros benefícios, foram gas tos mais de USS 500 milhões.

O Ministro Ueki se disse sur preso com a despesa do Depar tamento de Exploração e Pro dução da PETROBRÁS. em um ano em que a produção nacio nal de óleo diminuiu.

Insistindo na tecla de que é preciso fazer economia, o Ministro destacou um exem plo que embora possa parecei* de menor importância tem grande efeito psicológico: cri ticou 0 fato de que o edificiosede, na Av. Chile, fique ilu minado durante toda a noite, 0 que repercute negativamen te no público.”

... Em face do que venho de ler e dizer. Sr. Presidente, e Srs. Se nadores, cabe-me apenas um der radeiro argumento. É que tudoisto vem dar carradas de razão ao Informe Econômico do Jol->ial do Brasil de 16 de novembro de 1975, que em sua parte final, pondo o dedo na ferida, assim concluiu:

“Na realidade, na opinião de observadores ligados à própria PETROBRÁS. 0 principal pro blema do petróleo no País, neste momento e ainda duran te muito tempo, não será de fundo político, mas de eficiên cia administrativa pura e sim ples.”

Era o que eu tinha a diz3r, Sr. Presidente e Srs. Senadores. (Mui to bem! Palmas.)

para poderem colocar suas açoes e obterem dessa maneira novos re cursos, promovem a alta artificial das cotações, cafés de Manaus, em volta das mesas

É um delírio. Nos de mármore de Garrara, fenegócios fantásticos. cham-se Mas de repente o mercado euro peu é inundado de borracha de procedência asiática a preços vis para forçar a aceitação, industriais aceitam-na

No co¬ meço os com desconfiança. Mas é entre gue tão barata que vale a pena arriscar. Notam que misturando a borracha asiática com a ama zônica resulta um produto idêntico ao que vinham produzindo. En tão as cotações da borracha bra sileira caem de maneira alarman te. A borracha que valera 35 fran cos 0 quilo em 1910 baixa para 17 francos em 1911 e roda para 14 francos em 1912. Em 1913 apenas 10 francos vale o quilo. E vai cair

fugiu a qualquer ingerência ordem econômica

pelo precon- \

ceito de um liberalismo que nao ^ admitia essa intervenção, nem mesmo para assegurar a conservação e a sobrevivência na defesa do patrimônio de nossas próprias riquezas, deixadas ao abandono.”

Mas havia razões também mais profundas. Confrontos

A principal causa estava nos processos de produção, zonia continuara entregue ao ex trativismo. Tinha uma vantagem: alteração do meio

O homem integrava-se A Amanão houvera ambiente, sem prejudicar o equilíbrio natu ral.

Mas devido à distância e tam bém processos precários de produ ção a borracha natural saía muito mais cara.

Por processos químicos era obti da a rápida coagulação da borra cha asiática. A coagulação da borracha natural resultava de pro longada fumigação do latex, exi gindo muito tempo. A colheita da borracha asiática era feita coni rapidez pois as árvores estavauí dispostas a pequenos espaços, ao longo de avenidas. As nossas heveas encontravam-se dispersas ir regularmente na mata.

O trabalhador asiático contenta va-se com um prato de arroz, tava sujeito à mais infernal das escravaturas, a da fome crônica. Aceitava, por isso, qualquer paga mento.

Já 0 seringueiro da Amazônia mais.

Morre a alegria. Apagam-se as últimas esperanças. A roda gi gante para. Sucedem-se as revol tas nos seringais. Os seringueiros que não compreendem como fun ciona a engrenagem das cotações consideram-se roubados pelos do nos dos seringais. Sucedem-se as depressões. Irrompem os incên dios. o célebre intendente Lemos que fizera de Belém do Pará uma das cidades mais belas do mundo é preso e vilipendiado. Procuram uma vítima. Despovoam-se os se ringais. E só muitos anos depois, 0.coronel Joaquim Cardoso Barata explicaria, sensatamente: “Éra¬ mos vítimas de um Estado que Es-

não podia viver em tal situação. Os cálculos feitos na ocasião acha ram um mínimo de 1.500 réis por dia para o seringueiro amazonen se e de 200 réis somente para o trabalhador asiático, vítima da maior exploração conhecida na face da terra, pior ainda que a

mantidos novas regiões ainda sem povoar teriam sido anexadas à eco nomia da Amazônia.

Houve grande culpa do governo do Brasil na imensa tragédia. Não faltaram advertências. O célebre Farqhuar. considerado o último titan do grande capitalis-

O famoso porlo flutuante de Manaus

escravidão tão zelosamente com batida pelos ingleses...

Como resultado da situação cria da, 500 milhões de seringueiras foram abandonadas na Amazônia.

mo, porque fizera grandes inver sões, enviou lúcidos observadores à Malasia antes de se declarar a crise. E seus relatos não eram nada animadores. Foram transmi tidos aos governos do Pará. do Amazonas, da República. Foram Se os preços tivessem sido considerados inquinados de excesE depois se afirmou que não re presentavam a totalidade das heveas.

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BRASIL: - BRACHIARIA: QUEM TROUXE ESTA GRAMiNEA VE NENOSA? — Os criadores de gado da região Centro-Sul nunca registrasintomas graves de fotossensibiiização até há dois anos, quando os seus rebanhos passaram a se alimentar de sementes da espécie graminea ‘●Brachiaria Decumbens Australiana”, importadas por empresas associa das a multinacionais. A fotossensibiiização motivou uma reunião em de zembro passado da diretoria da Associação Brasileira de Criadores de Nelore com agrônomos e veterinários da Secretaria da Agricultura do Esta do. Nesta reunião, os técnicos da Secretaria reconheceram a existência da enfermidade. Em função desta conclusão, os técnicos não recomendaram que se evitasse a utilização da graminea. Pelo contrário, limitaram-se a sugerir aos criadores uma série de medidas tais como diversificar os pas tos, plantar leguminosas, levar os animais com suspeita de íotossensibilização para locais sombreados e não alimentar os animais com menos de 20 meses nos pastos de “Brachiaria Decumbens”. Não satisfeito com estas medidas, que classificou de “genéricas e paliativas”, o presidente da Co missão de Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura e diretor da Associação Brasileira de Criadores, Alberto Chapchap, resol veu empreender algumas pesquisas e chegou a conclusões reveiadoras. Das 16 espécies desta graminea, apenas duas apresentam problemas para 0 gado. Uma é a “Brachiaria Radicans”, cujo cultivo está praticamente abandonado e o Governo até mesmo está pensando em erradicá-la, por provocar o envenenamento do gado e ser altamente receptiva ao perceve jo Blissus Lèicopteurs. A outra é a “Brachiaria Decumbens Australiana”, introduzida.no Brasil há cerca de três anos por importadoras ligadas a grupos multinacionais, tais como a Brasilsul, a Agroservice e a IPB, Esta graminea é altamente receptiva ao fungo “pithomyces chartarum”, cau sador da fotossensibiiização.

o

T ^ MONTEDISON compra FÁBRICA BELGA DE PO¬ LIESTIRENO —- A Montedison está reforçando sua posição na Europa setentrional. A última medida foi comprar da Petrofina a produtora de estireno Belgochim (Feluy, Bélgica). A Belgochim, até recentemente, foi empreendimento conjunto da Phillips Petroleum e Petrofina, quando u PhiUips vendeu suas açÕes à Petrofina. Segundo se diz, a companhia italiana efetuou a aquisição com um pequeno investimento, uma vez que ^ belga subsidiou a fábrica, financiando entre 80 e 90% do ca¬ pital inicial. No ano passado a Montedison e a Petrofina anunciaram planos para construir em Feluy uma fábrica de polipropileno de 150000 t.m./ano de capacidade, em empreendimento conjunto. Outros interes- ses da Montedison na Europa setentrional incluem a participação de 75% na fábrica holandesa de fertilizante de uréia Nederlandse Stikstof Maatschappij, da qual a ICI possui, 25%. E na Holanda, a Montedison íormou uma afiliada para entrar no setor de produtos derivados tais co mo resinas de uréia.

Negocios Africanos para o rasi

RUBENS RODRIGUES DOS SANTOS

NEM todos sabem, no Brasil, que uma empresa brasileira de reflorestamcnto executa na Nigéria serviços cujo valor poderá elcvar-sc a 96 mühões de dólares; que uma consu.tora brasileira está muito bem coloca da na concorrência internacional realizada para escolher quem rxecutará o projeto da nova capital desse país; que importante trecho ferroviário poderá ser inteu-aincnte projetado c construído por com panhias brasileiras de projetos e obras, que receberão por esses tra balhos mais de um bilhão de dó lares; que é brasileira a firma de engenharia que constrói uma dilícil estrada de rodagem em pleno deserto do Sahara, na Mauritania; que duas empresas brasileiras de engenl*,aria se associarão com o governo argelino para projetar e construir a rede ferroviária da Avgéha, com possibilidade de fatura mento de vários bilhões de dóla res. Essas e muitas outras pers pectivas demonstram que o Brasil está em condições, atualmente, de ampliar e diversificar muito o seu mercado exportador de tecnologia para a África, obtendo com isso apreciáveis benefícios, decorrentes de faturamento em moeda estran geira e do estreitamento de suas relações culturais e políticas com os países africanos. Uma viagem à Nigéria, à Mauritania e à Argé lia não deixa dúvidas a esse res peito, E a apreciação do que pen-

Empresas h7'asileiras estão reaVzando bons negocios na Ajrica. O continente africano, não só a África negra, como a arabica. está aberto ao cmpresa7'io brasilei7'o.

sain e fazem os 400 milhões de habitantes da África, facilitada pelo convívio durante a realização do Segundo Festival de Cultura Negra, em Lagos, na Nigéria, nos ofereceu uma lição e uma adver tência, população, outrora marginalizada econômica e culturalmente, está entrando no palco das artes, dos negócios, das ofertas, dos consu-

Ficou evidente que uma mos. das presenças em toda parte e em todas as ocasiões. Sentimos, com clareza, que a nação que igno rar essa presença crescente se ar risca a perder posições e oportu nidades, a derivar para um canto esquecido no palco das transações internacionais. Ao Brasil, parti cularmente, interessa entender essa realidade. Somos também uma ex-colônia, nossos laços cul turais com a África permanecem nítidos, e aos olhos dos africanos surgimos como a primeira civili zação tropical que se revelou viá vel. Somos, enfim, de certa for ma. uma resposta para a pergun ta que eles se fazem a respeito do seu próprio futuro.

ESTADOS UNIDOS: - DIODOS FOTOQUÍMICOS SIMULAM FOTOSSÍNTESE — Um novo disposUivo eleíroquímico, que imita a fotossíntese de compostos químicos pelas plantas verdes, está sendo de senvolvido no centro de pesquisa de materiais da Allied Cliemical. No processo, pequenas folhas delgadas provocam várias reações químicas quando em suspensão num líquido e expostas à luz. Os pesquisadores da Allied chamam as folhas delgadas de diodos fotoquímicos. Elas são, em essência, sanduíches de dois eletrodos. Em alguns casos, ambos os eletrodos são semicondutores, tais como dióxido de titânio ou fosfeto de gálio; em outros, um eletrodo é um semicondutor e o outro é um metal, Ijor exemplo platina. Quanto o diodo é imerso em solução ácida e expos to à luz, pequenas bolhas de oxigênio e hidrogênio surgem na superfí cie do diodo, num processo que é semelhante à fotossintese. Como os diodos podem ser feitos microscopicamente pequenos, pode ser possível mantê-los em suspensão num líquido. A Allied julga que estas sejam características importantes para um econômico sistema de energia solar em larga escala. Outras aplicações potenciais: recuperar hidrogênio e enxofre a partir de sulfeto de hidrogênio (potencialmente, o hidrogênio e um_ combustível do futuro), fornecer energia para reações de decom posição e catalizar a combinação de elementos químicos em compostos.

Pn

ADRIA diversifica’ E lança mistura EM nn nar ^ACARRONADA — A Adda está lançando uma mistura em Sc de macarronada. O novo produto é o primeiro resultado a política de diversificação recentemente definida pela empresa. ^ ^ extensão das atuais linhas de macarrão, onde te- mos ^5% do mercado brasileiro”, diz Ramon Clark, gerente de novos produtos da Adna. A mistura, lizar exatamente na sua opinião, tem a vantagem de utios mesmos canais de distribuição do macarrão, dispen sando, portanto, investirnentos adicionais. A mistura em pó para molho ue macarronada da Adria vai concorrer com os molhos prontos. A pro dução inicial será de 500 mil envelopes por mês, para distribuição em odo o país. O produto foi testado durante dez meses em Porto Alegre e, segundo Clark, tem amplas possibilidades de sucesso. O projeto para a mis ura em pó nasceu de uma pesquisa feita em São Paulo e no Rio e aneiro sobre a preferência de consumo de molho pelas donas-de- ca^. Clark explica que já é possível notar mudanças expressivas nos 3 t os. oje, cerca de 19% da população paulistana e 10% cia carioca utilizam molhos prontos”, lembra ele. E, ainda que tenham aderido a produtos menos tradicionais,' o paulistano e o carioca não mudaram o essencial, a pesquisa da Adria constatou que o hábito de comer massas permanece inabalável, pois o macarrão é usado, em média, três vezes por semana.

o REFUGIO DAS MEMÓRIAS

DE quantos livros já publicou

Afonso Arinos de Melo Fran co, entre obras dc História, de poesia, de memórias, de Direito e d: política, e que sobem a mais de 50. é Alt^-Mar Maralto, publicado há poucos me ses, 0 que traz em seu bojo as pá ginas mais sofridas. ma’s corajosas e mais patéticas.

Concluida a sua leitura. p?rgunto-me a mim mesmo. ant2s ds abrir espaço para o volum-2 nas minhas estantes: serão me:mo memórias estas páginas de Afonso Arinos? Ou const tuirão elas uin diário, ainda com a emoção que acompanha os acontecimentos ali recolhidos?

Para que se tenha a idéia nif.da das duas modalidades de expres são literária, basta confrontar, na obra de Humberto de Campos, as Memórias do escritor e o seu D ário Secreto. Nas Memórias, repas sou ele. com a peivpectiva da dis tância no tempo, os fatos que, fi caram para trás. nas voltas de seu caminho; no Diário Secreto, são os fatos de ontem e de hoje. im pregnados das impurezas da p.\ixão viva, que nem sempre insufla eerenidade à pena do cronista. Num pequeno estudo que publiquei em 1956, num de meus livros de ensaios, sobre a Teoria e Prá tica dos Diários Secretos, precisamente a propósito do Diário de Humberto de Campos, tive oportu nidade de observar, com base na

O autor, membro da Academia Brasileira de Letras, comenta o ultimo livro de iiiemorias de Ajonso Arinos de Melo Franco, mem bro. também, da "ilustre compa nhia”.

leitura de diaristas e memorialistas: “Quando veio a lume, em 1850. pela imprensa da Universi dade de Oxford, o famoso diária de Isaac Casaubon. uma aparente contradição desse jornal atraiu a atenção e o espirito critico de Sainte-Beuve. Essa contradição resultava da circunstância de que, enquanto nas meditações de cada dia, Casaubon se queixava da sor te. o mesmo Casaubon entoava gra ças a Deus. em tom feliz, sempre que um ano acabava ou que outroprincipiava. As duas atitudes con trastantes podem ser facilmente explicadas, numa conciliação lite rária de claro entendimento: é que, no registro diário, Casaubon. cedia às fraquezas humanas, passo que, no derradeh-o dia do ano,, era o memorialista que falava.”

No entanto, nioria.iistas de todos os tempos,, que é Saiiit-Suiion, o diário e as memórias se harmonizam, por vezes, é o acontecimento re cente, ainda palpitante de vida, que atiça as memorialista. e ele estabelece ao no maior dos 1113porqus, reminiscências do a. .

ESTADOS UNIDOS: — PRODUTOS DA MADEIRA SAO ECONÔ

MICOS — Uma fábrica integrada, produzindo etanol. fenol e furfural a paitir de madeiras duras, já c economicamente viável aos preços atualmente em vigor. E, a conversão de etanol em etileno e butadieno torna-se econômica com o aumento dos preços do petróleo. .De fato. segundo o dr. Irving S. Goldstein do departamento de ciência de madeira G papel da Universidade da Carolina do Norte, os produtos químicos provenientes da madeira podem tornar-se uma realidade muito mais cedo que os produtos químicos provenientes do carvão, com base nos aumentos de preço do petróleo cru. Analisando as reações que poderíam estar envolvidas numa fábrica de produtos químicos a partir da ma deira, Goldstein observou que a celulose, um polímero linear crista lino altamente orientado das unidades de glicose, pode ser hidrolizada em glicose por meio de ácidos ou enzimas. Os rendimentos são baixos — cerca de 50% para a hidrólise de ácido. A glicose formada pela hidrólise da celulose pode ser fermentada em etanol. A lignina polímero tridimensional desigual formado nil-prcpano, exige hidrogenização e uma hidi*ólise mais drásticas, com rendimento de até 50% para misturas complexas de fenóis e possíveis .rendimento d_e 35% para o fenol puro. As hemiceluloses vídeos que são polímeros ramificados de açúcares de cinco carbpnos tais como a xilose ou açúcares de seis carbonos que não sejam glisoscpodem ser prontamente hidrolisados principalmonte em xilose uti lizando-se madeiras duras, ou em “mannose” utilizando-se madeiras moles. A “mannóse” e outras hexoses podem ser fei-mentadas em eta nol e a xilose e outras pentoses podem ser convertidas em furfui^al mediante ácidos. Goldstein propõe uma fábrica processando 1.500 t/dia -de madeira seca, com investimento de USS 90 milhões produzindo tamoem 25 milhões de galões/ano de etanol, 67 milhões cie libras/ano de furfural e 78 milhões de libras/ano de fenol.

o-

um partir de unidades de fe- a polisaca-

ESTADOS UNIDOS: - GOODYEAR SERÁ LÍDER

EM

PNEUS

RA DIAIS — Segundo fonte oficial da Goodyear, a empresa alcançará a po sição de líder mundial na fabricação de pneus radiais, tendo em vista c investimento recorde de 69 milhões de dólares na expansão de sua fá brica de Gadsden, Alabama (EUA). A expansão, considerada a maior uesde o início da indústria mundial de pneus, levará a Goodyear a ul trapassar a Michelin, da França, em termos mundiais, quanto à capa cidade de produção desta espécie de pneus. Sendo atualmente a maior fabricante de pneus radiais nos EUA, a companhia norte-americana pioduz pneus desse tipo em 11 de suas fábricas domésticas. Pneus cerca de 44 por cento do total das vendas de nos EUA em 1976, em comparação com somente 8 por cento há apenas dois anos. Em 1976, naquele país, o fornecimento desse tipo de pneus para o mercado de reposição e para a indústria automotiva deve ter totalizado aproximadamente 85 milhões de unidades. rapneus

Coppée, o lírico da pobreza

TALVEZ se parecesse com Yeats, se transportássemos as miste riosas brumas do mundo céltico para o plano claríssimo do gênio latino, porque aque le Irlandês de talento tranqüilo e bom viveu também a mesma le genda gloriosa: soube manter-se “ele mesmo”, a despeito de todas as mutações e nuanças provocadas pelos pruridos de inovações.

Coppée, como Yeats, passou a vida a sondar os mares antigos e sempre novos do sentimento, sem perder jamais o contato com a massa surpresa dos leitores. Escafandrista feliz, arrancou dos arcanos da sensibilidade mancheias de pérolas que, sem serem absur das no valor, tiveram sem embar go a bem-aventurança de encon trar sempre o mesmo alto câmbio que, fjnalmente, as singularizaria. Debalde o filiaram à influência de Leconte de Lisle ou de SullyProudhomme. Indene dos precon ceitos das capelas literárias. Cop pée de certo alimentava a respeito dos métodos e processos artistxos o mesmo pensamento de Santos Chocano, segundo o qual “en el Arte caben todas Ias escuelas como en un rayo de sol todos los co lores.”

Coppée era poeta. Recebera a vocação. Daí o sentimento da res ponsabilidade que lhe pesava sobre os ombros, Ele não ignorava que a poesia é o mistério. Na sua ge ração. porém como aliás na de

Periii ds um ■poeta impregnado de sentimento religioso.

nossos dias. cheia cie sofistas e fa riseus que perderam o respeito pela metafísica, era fatal que o mistério deixasse de ser a plena realidade que os sentidos não atingem mas que a inteligência penetra, para se transformar sim ples e irrisoriamente em ciência oculta, esoterismo, surrealismo e quejandas deformações da beleza, a que Francisco Coppée jamais da ria a adesão de seu claro espirito. Para ele. a poesia era a simpli cidade em que mergulham as al mas eleitas para a contemplação^ do puro, do essencial, Era a emo ção traduzida em símbolo. E seria tanto mais perfeita, quanto mais despojados de acidentes, isto é,. quanto mais autênticos esses sím bolos. Por isso 0 ideal da poesia, para Copée como para todo ver dadeiro poeta, consistirá sempre em atingir as fontes primeiras, isto é, a realidade palpitante da alma onde vicejam vontade e inteligên cia, imaginação e sensibilidade, ritmo e amor, para transfundi-la, em imagens que tornem radiosos os mistérios da vida e da morte. O poeta define-se assim um lador de mundos, um descobridor de Surpresas, um homem afinal cuja aventura maior se traduz exareva-

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