Edição Diário Causa Operária nº5685

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QUARTA-FEIRA, 26 DE JUNHO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5685

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Em nova farsa, STF adia julgamento de suspeição de Moro e mantém Lula preso

EDITORIAL

As instituições golpistas são uma caixa preta, a única garantia para a liberdade de Lula é a mobilização popular O Supremo Tribunal Federal (STF) mostrou mais uma vez que a esquerda não pode colocar suas esperanças nas instituições golpistas, se quer libertar Lula. Mais uma vez, o julgamento do Habeas Corpus de Lula foi adiado. Desta vez, só deverão julgá-lo depois do recesso, em agosto.

Ciro Gomes: o “esquerdista”, na verdade, é um bolsonarista desesperado defensor da Lava Jato Ciro Gomes defende crimes da Lava Jato e diz que “Lula não é inocente”

Bolsonaro quer privatizar assentamentos da reforma agrária O governo Bolsonaro, dominado por latifundiários e militares, colocou em marcha e está acentuando o processo de privatização dos assentamentos da reforma agrária em todo o país.

Libertar Lula e ampliar o movimento Crítica sobre “Democracia em vertigem”: de massas para derrubar Bolsonaro e quem disse isso, a Folha ou o PSTU? derrotar o golpe


2 | EDITORIAL EDITORIAL

COLUNA

Bolsonaro quer privatizar As instituições golpistas são assentamentos da reforma agrária uma caixa preta, a única garantia para a liberdade de Lula é a mobilização popular O Por Renato Farac

O

Supremo Tribunal Federal (STF) mostrou mais uma vez que a esquerda não pode colocar suas esperanças nas instituições golpistas, se quer libertar Lula. Mais uma vez, o julgamento do Habeas Corpus de Lula foi adiado. Desta vez, só deverão julgá-lo depois do recesso, em agosto. A crise dos golpistas é gigantesca. O governo Bolsonaro não consegue consenso dentro da burguesia, e intensas mobilizações populares marcaram o início de seu governo. A grande insatisfação popular com o presidente já podia ser percebida com o Carnaval, quando ecoou em todo país gritos contra ele. Agora, o governo se encontra em seu maior escândalo. O atual ministro da justiça do governo, Sérgio Moro, que representa a pauta “contra a corrupção” dos coxinhas, está envolvido em um escândalo grotesco. Quando juiz da Lava Jato, conspirou junto aos procuradores (acusação) desta operação, para prender opositores políticos – mesmo sem provas. Desta forma, a principal feito de sua carreira, a prisão de Lula, não passa de uma farsa. Uma perseguição política, que um juiz (sendo parte imparcial dos processos) nunca deveria ter realizado. A perseguição já era do conhecimento de todos, pois os processos contra Lula foram escandaloso. Porém, agora ficou comprovado com

as informações vazadas, e divulgadas pelo jornal The Intercept. Diante da crise, que voltou a ter Lula no centro da questão, os golpistas do STF decidiram adiar mais uma vez o julgamento do Habeas Corpus do ex-presidente. A situação está muito quente para julgar algo de tamanha envergadura que coloca em uma situação delicada toda a operação golpista montada durante anos. A crise da burguesia se revela inclusive com uma oposição à Lava Jato dentro da própria burguesia, que ficou explícita com a votação no STF. Por isso, não é momento de para com as mobilizações. É preciso intensificá-la, sem colocar nenhuma esperança nas instituições golpistas da burguesia, que são uma verdadeira caixa preta. A única garantia para a liberdade de Lula é a mobilização permanente, a denúncia intensa do golpe e da fraude que prendeu Lula. Sair às ruas e exigir a anulação de todos os processos – mas também das eleições, da qual Bolsonaro só foi vitorioso por conta da fraude que tirou Lula das eleições. Nesse sentido, as palavras de ordem Fora Bolsonaro, Eleições Gerais, Liberdade para Lula e anulação de todos os processos da Lava Jato são complementares. E é em torno disso que a luta contra o golpe deve se dirigir.

governo Bolsonaro, dominado por latifundiários e militares, colocou em marcha e está acentuando o processo de privatização dos assentamentos da reforma agrária em todo o país. Segundo os dados oficiais no sítio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), existem hoje no país 1,34 milhão de famílias assentadas pelo programa nacional de reforma agrária em pouco mais de 9,4 mil assentamentos criados e reconhecidos somando mais de 88 milhões de hectares. Os assentamentos da reforma agrária são terras públicas onde há um contrato de concessão (Contrato de Concessão de Uso) para que as famílias sem-terra beneficiadas pelo programa produzam alimentos e outros produtos para melhorarem suas condições de vida. Ou seja, uma família beneficiada não pode vender ou realizar qualquer tipo de comercialização dessas terras. Após o golpe em 2016 que derrubou Dilma Roussef e a fraude eleitoral que colocou Bolsonaro na presidência, a extrema direita está realizando um dos maiores ataques a tudo que foi conquistado pelos trabalhadores do campo. Após a derrubada de Dilma, o golpista Michel Temer aprovou uma série de decretos e leis para beneficiar grileiros de terra e a privatização dos assentamentos, preparando terreno para a ofensiva do governo ilegítimo de Bolsonaro. Temer aprovou Medida Provisória (MP) 759/2016. Essa medida chamada de regularização fundiária e do Programa Nacional de Regularização Fundiária na verdade não passa de medidas para acabar com a limitada reforma agrária no país. A aprovação da MP permite a compra de lotes da reforma agrária por latifundiários após dez anos da titulação e a venda de terras griladas dentro do bioma Amazônico. Ou seja, em vez do da família sem-terra receber o direito de produzir na terra pública, vai receber o título definitivo e poderá comercializar a terra conquistada.

E dessa maneira que o governo Bolsonaro, dominado por militares e representantes da assassina UDR (União Democrática Ruralista), mesma organização que assassinou Chico Mendes, vai acabar com os assentamentos e transformá-los novamente em latifúndios. As famílias sem-terra não têm condições de produzir sem nenhum investimento do Estado. Não é por acaso que Bolsonaro acabou com todos os programas de assistência técnica, fomento produtivo das famílias e com recursos de desenvolvimento dos assentamentos. Ou seja, as famílias sem condições de produzir vão ser forçadas a vender a terra conquistada com muita luta. Isso quando não houver ameaça de latifundiários e seus pistoleiros para forçar os trabalhadores sem-terra de vender a preço muito abaixo do mercado. Esse processo vai afetar as famílias assentadas e acampadas e, principalmente, as organizações dos trabalhadores que lutam pela reforma agrária, como o MST e outros movimentos menores. É uma maneira de atingir o que permitiu a conquista de terras do latifúndio até os dias de hoje: a organização. A política do governo de Bolsonaro e dos latifundiários é uma maneira escancarada de privatizar os assentamentos e acampamentos sob o nome de ‘titulação’. Não se pode permitir mais esse ataque e é preciso lutar contra qualquer tipo de privatização dos assentamentos. É preciso denunciar que a titulação é a reconcentração das terras e a volta do latifúndio. As terras devem permanecer nas mãos do Estado sob o controle dos trabalhadores do campo e dos movimentos sociais, que são os verdadeiros interessados na melhora de vida das famílias e do desenvolvimento do campo brasileiro. Nesse sentindo, não é possível conviver com o governo Bolsonaro e da direita. Está na ordem do dia a derrota do governo ilegítimo de Bolsonaro com o povo nas ruas e através de uma onda de ocupações de latifúndio e fechamento de rodovias em todo o país.


POLÍTICA | 3

GOLPISTAS

Em nova farsa, STF adia julgamento de suspeição de Moro e mantém Lula preso “Não tinha julgamento previsto do ex-presidente Lula, mas a defesa fez uma apelação e a Segunda Turma resolveu colocar em votação não apenas um mas dois pedidos de habeas corpus “, anunciou no meio da tarde de ontem (dia 25) a repórter da Globo News, Isabela Camargo, em transmissão direto de Brasília. Longe de se tratar de uma decisão inesperada, tomada em função apenas da apelação dos advogados do ex-presidente, o que se viu ontem, no STF e em todo o País, foram sinais evidentes do aprofundamento da crise e da tentativa da ala mais reacionária do Judiciário golpista, e de todo o regime golpista, de continuar tentando dar uma aparência legal a uma nova armação, na qual, se cumpriu a vontade dos chefes militares e das alas mais reacionárias do regime de que o ex-presidente Lula não seja colocado em liberdade, mesmo diante de todas as provas, evidências, violação da Constituição etc. que represente a manutenção de sua prisão e condenação. A pressão contra a armação da ala mais claramente pró-imperialista do judiciário levou a que – depois de um dos pedidos de habeas corpus (HC) de Lula que constava na pauta em 12º lugar, ser retirado da ordem do dia, na véspera, a questão fosse trazida à discussão. Isso, depois que a própria ministra Carmem Lúcia – voto garantido da ala mais direitista em todas as questões contra Lula e a favor do golpe -, que desde ontem ocupa a presidência da Segunda Turma, negar que tivesse tomado a decisão de tirar o tema da pauta e da divulgação de que o a retirada da deliberação sobre um dos pedidos de HC da Pauta teria sido indicada pelo ministro Gilmar Mendes. Em meio à essa crise, já no início da sessão de hoje, um dos advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins, apresentou questão de ordem e pediu para usar da palavra, o que foi aceito pela presidenta. O advogado, então, insistiu na inclusão do processo na pauta, alegando urgência. Afirmou corretamente que “há normas regimentais que deveriam, a nosso ver, ensejar a manutenção do julgamento para que sejam apreciadas as teses defensivas

da forma que foram colocadas em novembro do ano passado e que o ministro Gilmar Mendes pediu vista”, em seguida solicitou que “a análise da possibilidade de dar continuidade desse julgamento por todas as peculiaridades que já foram colocadas na petição inicial e em outras manifestações”. Logo em seguida, o ministro Gilmar Mendes sugeriu que Lula fosse colocado em liberdade caso a análise do processo não terminasse no dia de ontem. Em uma clara manobra, foi encaminhada a discussão de um dos pedidos da defesa, justamente aquele que era apontado por todos como de fácil negação. Dizia respeito a um questionamento da defesa da conduta do relator da Lava Jato no Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Felix Fischer, o qual – no ano passado – negou, em decisão individual, sem submeter o caso ao plenário da Quinta Turma da Corte, pedido de absolvição do ex-presidente apresentado ao STJ pela defesa de Lula e consequentemente sua libertação, o que só foi feito meses depois, quando se criaram condições mais favoráveis naquele Tribunal para a condenação de Lula. Depois da postergação no STJ, o caso “mofou” no STF e só foi apreciado agora, quando já uma decisão coletiva da Corte superior contra Lula. Nessas condições, o pedido foi colocado em votação apenas para selar mais uma derrota judicial da defesa de Lula, recebendo quatro votos contrários (somente o ministro Ricardo Lewandowski votou favorável à concessão do HC), com o claro intuito de postergar a decisão sobre o processo envolvendo o ministro Sérgio Moro que já se anunciara que teria uma discussão longa e que não poderia ser processada apenas na sessão de ontem. Diante dessa situação, já com a derrota da defesa no primeiro caso, a Corte encenou que passaria a apreciar o pedido da defesa de Lula de suspeição do ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, apresentado em novembro do ano passado, diante da indicação de Moro para o ministério do, então presidente eleito, Jair Bolsonaro. Em um momento em que abundam as provas da parcialidade de Moro e de

toda a criminosa operação Lava Jato, com os vazamentos das mensagens divulgadas pelo The Intercepet, o STF dividido como todas as instituições do regime golpista, evitou se pronunciar a favor de Moro, adiando a decisão para data indeterminada. Já sendo público que o julgamento não ocorreria, a pretexto de falta de tempo na sessão, a questão de ordem da defesa foi transformada em proposta do ministro Gilmar Mendes para que Lula ficasse em liberdade até a decisão final sobre o habeas corpus pleiteado pelos advogados do ex-presidente. Em seu posicionamento o ministro afirmou que “não há como negar que as matérias possuem relação com fatos públicos e notórios cujos desdobramentos ainda estão sendo analisados. […] Situações que podem influenciar o deslinde das circunstâncias“. A determinação pública dos chefes militares – e de outras alas golpistas – de que Lula não pode ser colocado em liberdade, ainda que provisória, preponderou em relação aos “fatos públicos e notórios” e à Lei, e a Segunda Turma da Corte derrotou – por três votos a dois – a proposta. Pisoteando, uma vez mais os direitos legais de Lula, votaram contra a concessão temporária de liberdade os ministros Edson Fachin, Cármen Lúcia e Celso de Mello. O segundo voto em favor da proposta foi dado pelo ministro Ricardo Lewandowski.

Rejeitado encaminhamento, a Turma interrompeu a sessão e sequer indicou data para a retomada do julgamento sobre a postura do ministro da Justiça, diante do recesso do judiciário que começa no final dessa semana e se estende até agosto. Não foi primeira vez que o STF se curva à vontade expressa dos militares para negar os direitos constitucionais de Lula e de todos os brasileiros. A manobra do adiamento, reafirma uma vez mais que a liberdade do ex-presidente, sob o império do regime nascido no golpe de Estado, não virá de decisões do judiciário golpista. Foi uma decisão de crise que visa também preservar toda essa operação fraudulenta que é um dos pilares do regime golpista. As organizações de luta dos trabalhadores e de defesa dos interesses democráticos do povo precisam exigir, por meio de uma ampla mobilização, a imediata libertação do ex-presidente e de todos os presos políticos, bem como o fim da operação lava jato e a anulação de todos os processos fraudulentos por ela levados adiante. Essa medida democrática só pode ser conquistada por meio de uma gigantesca mobilização popular, nas ruas, superando a ilusão de que o judiciário golpista e demais instituições do regime possam ceder aos “fatos” e “à Lei”. Os golpistas só podem ser dobrados e derrotados pela força das ruas, do povo explorado e de suas organizações de luta.


3 | POLÍTICA

CONTRA O REGIME GOLPISTA

Libertar Lula e ampliar o movimento de massas para derrubar Bolsonaro e derrotar o golpe A

questão da liberdade do ex-presidente Lula é a luta pela garantia dos direitos democráticos, atacados e suprimidos constantemente pelo regime golpista e pelo governo do fascista Jair Bolsonaro. É uma luta democrática, progressista, contra a consumação de um regime de extrema-direita com cada vez mais características fascistas. Afinal, como este diário vem escrevendo há anos, se um ex-presidente da República e líder mais popular da história do País é tão facilmente preso e mantido no cárcere, qualquer cidadão poderá ser preso ilegalmente e estará aberta a prisão política em massa de qualquer trabalhador. Além de ser a luta por um direito democrático básico contra as arbitrariedades do Estado dominado pelos golpistas, a luta pela liberdade de Lula faz parte da luta popular contra a direita, contra a burguesia e contra o imperialismo. No Brasil, como na maioria dos países atrasados, a luta democrática é inseparável da luta revolucionária. Sendo assim, a luta democrática pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos se insere na luta geral encabeçada pela classe operária pela emancipação social, que significa a luta pela revolução socialista como horizonte. Obviamente, não se pode passar por cima da realidade. A luta democrá-

tica é uma etapa da luta revolucionária, um trecho do mesmo caminho. A luta democrática pela liberdade de Lula, como vem sendo demonstrado com o acirramento da luta de classes, a polarização política e os atos de rua, é uma bandeira que mobiliza milhões de trabalhadores. E, se tem essa capacidade de mobilização, movimenta e

eleva a consciência política desses. Esse movimento de massas se mostra também com uma tendência à ampliação quando vemos a indignação popular contra Bolsonaro e o regime golpista. Tanto as exigências pela liberdade de Lula quanto pelo Fora Bolsonaro têm um potencial explosivo. E é justamente a mobilização dos tra-

balhadores o motor da história. Com a polarização e o acirramento da luta de classes, essa mobilização tem a possibilidade de libertar Lula, derrubar Bolsonaro e derrotar o golpe, colocando os trabalhadores como importante e talvez principal força política, abrindo caminho para a luta concreta e imediata de um governo da classe operária.

TODOS OS DIAS ÀS 10H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

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POLÊMICA | 5

SIMILARIDADE

Crítica sobre “Democracia em vertigem”: quem disse isso, a Folha ou o PSTU? “O filme reproduz a versão oficial do PT sobre a Lava Jato, a queda de Dilma e a prisão de Lula. Para qualquer brasileiro com um pouco de moderação ou distanciamento do partido, é uma versão risível.” “Na visão de Petra, a prisão de Lula teria sido a consumação do “golpe” sofrido por Dilma pelas elites após a ex-presidente ter rompido a política de conciliação de classes estabelecido por Lula. O impeachment seria, assim, a ruptura da democracia que abriu o caminho para a ascensão da extrema-direita e cindiu o país em dois lados inconciliáveis: de um lado a direita (e a extrema-direita), de outro o povo e o PT” “Fantasia” “‘Democracia em Vertigem’ é filme infantil da Disney com imagens de Brasília no lugar das animações.” “Não existiram manifestações de massas contra o impeachment de Dilma, simplesmente porque 70% da população apoiavam a sua saída” “Os fatos, porém, são torcidos e retorcidos para que caibam nessa fábula petista” Essas frases acima, caro leitor, são trechos de três artigos diferentes. Dois deles, publicados na Folha de S. Paulo – dos “intelectuais” de direita Leandro Narloch e Joel Pinheiro da Fonseca. O

outro, do PSTU. No entanto, apesar desse partido ser uma organização de extrema-esquerda que se diz trotskista, sua avaliação do filme “Democracia em vertigem” (que denuncia o golpe) é a mesma dos articulistas conservadores. Tanto é que é impossível saber quem escreveu cada uma das frases acima sem ter lido previamente os três artigos. Mas vamos revelar a autoria de cada “pérola”. A primeira e a quarta foram escritas por Narloch no texto “‘Democracia em Vertigem’ é filme da Disney com Brasília no lugar das animações”. A acusação de que o documentário é uma “fantasia” foi feita por Pinheiro da Fonseca em “A vertigem do lulismo”. A segunda, a quinta e a sexta frases são parte da matéria “A realidade em vertigem”, do PSTU. Já pelo título se percebe a semelhança entre a matéria dos morenistas e as dos coxinhas. Os três artigos são uma tentativa de desqualificar o documentário e a denúncia de que o impeachment de Dilma foi um golpe de Estado e a prisão de Lula foi totalmente ilegal. Uma, pela direita, que deu o golpe e prendeu Lula para entregar o País ao imperialismo. A outra, pela esquerda, que não ganhou nada com isso – e que, se

bobear, poder ter o mesmo destino de Lula. No entanto, a similaridade de posições e palavreado revela plenamente a frente única que o PSTU faz com a direita, com os golpistas. O PSTU utiliza aspas quando fala em golpe. Ou seja, para o PSTU, não houve golpe. Para o PSTU, o golpe não foi uma ruptura com a democracia burguesa que abriu

o caminho para a extrema-direita (embora tenhamos um presidente fascista que chegou ao poder graças a esse golpe e à prisão de Lula). Pinheiro da Fonseca chama o filme de “fantasia”. Narloch o compara com as animações da Disney, como se fosse um conto de fadas. O PSTU o batiza de “fábula”. Mas a Chapeuzinho Vermelho, nessa história, é o próprio PSTU.

CIRO GOMES

O “esquerdista”, na verdade, é um bolsonarista desesperado defensor da Lava Jato C

iro Gomes foi à Jovem Pan nesta terça-feira (25) defender a Lava Jato. Em plena crise do regime golpista e da criminosa operação Lava Jato, Ciro falou sobre as “conquistas” da Lava Jato: “estamos falando de 123 picaretas de alto coturno presos pela Lava Jato. Estamos falando de Geddel Vieira de Lima, Eduardo Cunha, Antônio Palocci, réu confesso”. E ainda aproveitou para atacar Lula, preso político e alvo da conspiração da direita dentro do Judiciário para persegui-lo. Ciro afirmou que “se tem um brasileiro que sabe que o Lula não é inocente sou eu”, embora nunca tenha levado provas para a Lava Jato, que nunca as encontrou. Embora apareça para defender a Lava Jato a essa altura dos acontecimentos, Ciro Gomes tenta se apresentar como uma figura de esquerda quando chegam as eleições, buscando captar votos que costumam ir para o PT. Por isso chegou a falar, antes das eleições, que sequestraria Lula e o levaria para uma embaixada caso ele fosse preso. A prisão de Lula chegou, mas Ciro não o sequestrou nem o levou para embaixada nenhuma, limitando-se a contestar a ideia de que Lula seria um preso político, encobrindo as manobras da direita. O problema é que há setores na es-

querda que acreditam nesse tipo de encenação. Como aconteceu quando Ciro Gomes propôs uma “frente democrática” parlamentar com PSB e PCdoB, que visava “garantir a normalidade democrática” sob o governo de Jair Bolsonaro, ajudando a encobrir a

manobra golpista da direita quando colocou Bolsonaro de forma ilegítima e fraudulenta no governo. Agora Ciro Gomes demonstra mais uma vez não ser de esquerda, e vai além. Partiu para uma defesa desesperada da Lava Jato em uma rádio direi-

tista, condenando Lula em suas falas, garantindo que o ex-presidente “não é inocente” com base em coisa nenhuma. Enquanto a Lava Jato desmorona, Ciro Gomes une-se dissimuladamente ao esforço bolsonarista de apoiar Sérgio Moro a qualquer custo.


6 | POLÍTICA

GOLPISTA

Ciro Gomes defende crimes da Lava Jato e diz que “Lula não é inocente” C

iro Gomes foi à Jovem Pan para atacar o ex-presidente Lula mais uma vez. Dessa vez foi a um lugar propício para isso, uma rádio reacionária conhecida pelo apelido de Jovem Klan (referência à Ku Klux Klan). O ex-candidato abutre foi na manhã desta terça-feira (25) participar de um programa, e respondeu a perguntas sobre Lula e a Lava Jato, entre outros temas. A certa altura, perguntaram a Ciro se Lula é um “preso político”. De sua forma característica, Ciro deu voltas antes de responder. Mas finalmente acabou afirmando o seguinte: “se tem um brasileiro que sabe que o Lula não é inocente sou eu”. Depois de assistir à Lava Jato durante anos armando uma condenação contra Lula no caso do Triplex, sem jamais conseguir apresentar provas, Ciro aparece dizendo que “Lula não é inocente”. “Condenou” Lula sem provas da mesma forma que Moro condenou. Isso em pleno momento em que os vazamentos do The Intercept Brasil demonstraram o caráter criminoso da operação montada contra Lula dentro da Lava Jato. Em vez de denunciar a

arbitrariedade de todo esse processo, Ciro Gomes correu em defesa da operação: “estamos falando de 123 picaretas de alto coturno presos pela Lava Jato. Estamos falando de Geddel Vieira de Lima, Eduardo Cunha, Antônio Palocci, réu confesso”. É interessante apreciar essas declarações de Ciro Gomes na comparação com o que ele dizia antes das eleições, quando procurava conseguir para si votos que seriam do PT. Naquele momento, antes de Lula ser preso, Ciro Gomes dizia que sequestraria o Lula para levá-lo para uma embaixada antes que ele fosse preso. Agora, Ciro aparece dizendo que “Lula não é inocente” e defende as “realizações” da operação fraudulenta da Lava Jato. Essa é mais uma evidência, de um elenco exaustivo de provas sobre isso, de que Ciro Gomes é um político da direita, que procura confundir a esquerda apresentando-se como candidato mais à esquerda no espectro político. A defesa da Lava Jato em um momento como esse é mais uma confirmação de seu caráter direitista.

CENSURA E PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Record afasta Paulo Henrique Amorim por críticas a Bolsonaro

“Olá, tudo bem?” Esse bordão famoso aí de cima não será mais ouvido aos domingos à noite na Rede Record de Televisão, onde batia ponto há 14 anos ininterruptos no programa “Domingo Espetacular”: o jornalista Paulo Henrique Amorim “tirado do ar”, ao que tudo indica, por ordens de Brasília. A emissora do bispo tem com ele contrato até 2021 e, dizem, não vão demiti-lo, apenas mantê-lo “na geladeira”, no jargão da profissão. Já faz tempo que a cabeça do jornalista tem sido pedida à Record, pelos menos desde 2014, quando a polarização po-

lítica entre esquerda e tontos de direita (o que é um pleonasmo) se tornou mais acirrada. As críticas dele à direita, tanto na TV, quanto no seu blog “Conversa Afiada” ou no seu livro “O Quarto Poder” (no qual detona os ex-patrões da Globo e a ditadura militar) são contundentes. Dessa vez a Record arregou. Foi uma espécie de dízimo para se manter no favoritismo da destinação das verbas publicitárias das estatais e se livrar do incômodo que certamente gerava no rebanho evangélico. Segundo a emissora, PHA vai fazer parte de projetos internos, claro, desde

que o rosto e a voz dele não apareçam mais. Circulou um boato que a ordem teria partido do general Augusto Heleno, aquele que dá murros na mesa desde os tempos em comandou a chacina de 66 pessoas em uma favela no Haiti e quer a prisão perpétua para Lula. A assessoria do general que também é ministro do Gabinete de Segurança Institucional, nega, diz que não passa de fake news. Mas, um passarinho nos contou que a gota d’água (ou oportunidade) surgiu quando Bolsonaro apareceu em um vídeo usando a camisa do Flamengo.

Paulo Henrique questionou, afinal, se o presidente ilegítimo torcia para o Palmeiras ou para o Flamengo e cantarolou: “uma vez Flamengo, Flamengo até morrer…breve”. Isso foi interpretado como uma profecia ou desejo de que Bolsonaro morra logo por todos que odeiam o PHA e a gritaria foi grande. Os bolsonaristas estão comemorando o afastamento dele da tela agora. Jornalistas “a favor” mantém seus empregos em ditaduras. Mas não são só jornalistas abertamente de esquerda, como Paulo Henrique Amorim (moderado), que são perseguidos, em um claro atentado à liberdade de expressão. O fascismo ataca qualquer um que discorde. Marco Antonio Villa, que nem dá para se dizer que seja jornalista e muito menos de esquerda, já dançou na Rádio Jovem Pan. Agora, o “véio da Havan” anda pedindo a demissão da fascista Raquel Sherazade, do SBT, onde é patrocinador, para o Senor Abravanel (vulgo, Sílvio Santos), afirmando que ela é comunista … o que é ofensivo para todos os comunistas. A serpente, cujo ovo foi chocado com a ajuda do Villa e da Sherazade, agora deita e rola. Logo, logo, pega a Globo, que embalou o ninho e é praticamente da família. Antes que seja muito mais tarde, é preciso pôr fim a mais esta ditadura, enquanto ela ainda matou mais reputações e projetos do que vidas. O antídoto chama-se povo nas ruas se fazendo ver e ouvir.


MOVIMENTO POPULAR | 7

PARTICIPE

Comitês organizam abaixo-assinado, além de ato no dia 16/08 pela anulação dos processos contra Lula E

stamos em mobilização total para libertar o ex-presidente Lula e botar o presidente ilegítimo e todos os golpista fora do governo. Todos os domingos, pelo país afora, nos lugares de maior movimento nas capitais e principais cidades, os Comitês de Luta Contra o Golpe e os afiliados do Partido da Causa Operária estarão agitando, distribuindo panfletos e adesivos, vendendo jornais e coletando assinaturas para o abaixo-assinado pela liberdade do Lula. E dia 16 de agosto, uma sexta-feira, nossa meta é a realização de um ato em Curitiba, na frente da sede da superintendência da Polícia Federal do Paraná, onde Lula está preso desde 7 de abril de 2018, para exigir a liberdade do ex-presidente, anulação de todos os processos e das últimas eleições, de todos os cargos, pois o processo eleitoral todo foi corrompido e comprometido. Exigimos novas eleições gerais já, com Lula candidato. E, claro, fundamentalmente, Fora Bolsonaro!

SÃO PAULO

Hoje, às 13h, os movimentos sem teto farão ato no Pateo do Colégio contra a perseguição a ativistas A

Rede Globo está num confronte direto com Glenn Greenwald e com a realidade. Ao estilo da escola Goebbels, estão subvertendo a verdade de maneira veemente para ver se conseguem confundir o cidadão brasileiro: diante todo esses escândalos, apresentam Moro com vítima. A demora para emitir uma nota sobre os acontecimentos foi dada a dificuldade de conseguir encobrir tamanho escândalo. A Globo obviamente está envolvida até o pescoço nesse ninho de mafagafos, por isso está desesperada para salvar o navio de uma perda total. Desde de o início, a Globo tem sido o principal meio de comunicação da Lava-Jato, veio dela a matéria usada para incriminar Lula e também foi dado a ela os áudios ilegais de Lula e Dilma, concedidos pelo próprio juiz Moro.

Os ataques a Glenn e a tentativa de enfaixar os escândalos são pífios. A tentativa de sustentar essa operação podre começou quando divulgaram semana passada que o celular de Sérgio Moro havia sido hackeado. Logo após as matérias com os vazamentos, criou-se uma encenação para apontá-los como ilegais, mas ao contrário dos áudios providos pelo juiz à Rede Globo, o Intercept não feriu nenhuma lei em divulgar os áudios que chegaram até o jornal. Apontar a atual crise da Lava-Jata e do MP como uma conspiração contra Moro, é uma ação desesperada para salvar o “herói” nacional que eles se empenharam tanto em construir durante todo o processo do impeachment, da prisão de Lula e das eleições. Deixar Moro cair sem defendê-lo seria correr o risco de ter que libertar Lula e anular as eleições.

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8 | ECONOMIA, CULTURA E JUVENTUDE

PRIVATIZAÇÃO DE TUDO

Paulo Guedes vai entregar o gás ao controle dos capitalistas A

política neoliberal de Bolsonaro e seus asseclas golpistas não tem limites. O ministro da economia, Paulo Guedes, nunca escondeu sua intenção em dilapidar todo o patrimônio nacional e, desde o início da campanha eleitoral que colocou Bolsonaro no governo através de uma gigantesca fraude, tem mantido a promessa de entregar tudo aos capitalistas. Desta vez, o ministro intenta contra a Petrobras e aponta para o desmonte do controle da empresa brasileira sob o setor de gás. A falácia neoliberal segue a velha cartilha dos boçais anacrônicos e lacaios do grande capital. Segundo Paulo Guedes, ao apresentar, nesta segunda-feira (24), resolução do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a quebra do monopólio da Petrobras sobre o mercado de gás natural no Brasil, pode contribuir para uma redução de 40% no preço da energia em menos de dois anos. Ainda segundo o ministro, o Brasil já quebrou o monopólio na produção e agora vai quebrar também o da distribuição. O ministro reitera a falácia dizendo que o PIB industrial subiria cerca de 10,5%

caso a redução do preço do gás chegue a 50%. O ministro citou que, caso o plano dê certo, a mineradora Vale – responsável pela morte de inúmeras pessoas – tem planos de investir 20 bilhões de dólares. Essa declaração demonstra, portanto, o caráter entreguista e lesa-pátria do ministro que nunca escondeu suas ligações com o mercado financeiro e com o grande capital internacional. Trata-se, sobretudo, de uma descarada transferência de capital e do controle de setores estratégicos da economia nacional para as mãos de empresas que colocam o lucro acima da vida de centenas e até milhares de pessoas. Em suma, a questão primordial consiste em destruir a Petrobras, quebrando o monopólio da empresa sob o gás natural, visando, acima de tudo, a entrega de toda a economia nacional para o estrangeiro. Nada garante que haverá uma redução no preço do gás, uma vez que a população não poderá exercer nenhuma forma de controle sob esse recurso natural chave, seja sob sua produção, distribuição ou preço. A tese de Paulo Guedes não

tem o mínimo de base de sustentação, pois as empresas privadas e estrangeiras dominaram o mercado através de trustes e, assim, controlam todo o mercado – desde a produção, distribuição ao preço final. Já vimos essa situação anteriormente em diversos setores antes privatizados [governo FHC 1995–2002], como a telefonia e energia. No final, pagamos uma das tarifas mais altas do mundo por um serviço

de péssima qualidade, enquanto os grandes capitalistas sugam o dinheiro do povo. É preciso deixar claro que Paulo Guedes é um mero serviçal do grande capital e não está nem um pouco preocupado com o bem-estar social, seu objetivo é a destruição da economia nacional através da entrega dos principais setores da economia para os capitalistas internacionais.

ESCRACHADO

UNIVERSIDADES

Festival de Música no Piauí grita: “ei, Bolsonaro, vai tomar…”

Abaixo as intervenções bolsonaristas nas universidades! Autonomia universitária e governo tripartite!

N

ão bastasse a “escola com fascismo”, em que a Polícia Militar passa a ter controle sobre as escolas em diversos estados, temos diante de nós, a escalada autoritária de Bolsonaro contra a autonomia universitária. Pelo menos três universidades já sofreram intervenções do capitão boçal. Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

N

a sexta-feira (21), Bolsonaro foi mais uma vez escrachado na 16ª edição do Festival de Inverno do município de Pedro II, no Piauí. Durante o show de Zeca Baleiro, o público entoou um sonoro “ei, Bolsonaro, vai tomar …”. Não é a primeira vez que o impopular Jair Bolsonaro é hostilizado em festivais de música. No início do mês de abril, o público reagiu de maneira semelhante no primeiro dia do festival Lollapalooza, em São Paulo. Puxado pela banda Scalene, o coro de milhares de pessoas mandava Bolsonaro tomar… O mesmo aconteceu em junho do ano passado, no festival João Rock, em Ribeirão Preto-SP. Na ocasião, o músico Marcelo D2, do Planet Hemp, puxou o coro com

as mais de 50 mil pessoas presentes ao show. “Vai tomar…, Bolsonaro”, gritou o músico enquanto se apresentava. Em diversas manifestações populares em todo o País, este xingamento foi repetido. A mais marcante foi o Carnaval deste ano. Em vários blocos de diferentes partes do Brasil, “ei, Bolsonaro, vai tomar,,,” virou um hino. Contudo, é importante que esta reação de repúdio ao governo de Jair tome as ruas não somente durante os festivais. Este governo ilegítimo e impopular eleito por manobras e não pelo povo deve ser derrubado. Por isso, é necessário o crescimento das manifestações nas ruas com as palavras de ordem Fora Bolsonaro!, Liberdade para Lula e Eleições Gerais com Lula candidato.

O primeiro caso foi o da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), a qual, sob a interferência do ministro da educação Abraham Weintraub, na terça-feira (11), foi nomeada reitora temporária a professora Mirlene Damázio. A nomeação, por sua vez, ignorou a consulta realizada no mês de março, que teve a chapa “Unidade” como vencedora, encabeçada pelos professores Etienne Biasotto e Cláudia Gonçalves. Damázio nem sequer fazia parte da lista tríplice encaminhada ao governo, nem nunca concorreu a processos eletivos na universidade. Unirio Na segunda-feira passada (17), Bolsonaro nomeou o professor Ricardo Silva Cardoso, que também não constava na votação da comunidade acadêmica, passando por cima da consulta realizadas em abril, cuja vitória foi de Leonardo Villela de Castro, angariando 72% dos votos válidos. Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)

Já neste caso, ocorrido na última terça-feira (18), Bolsonaro atropelou, mais uma vez, a democracia universitária e nomeou o professor Luiz Resende dos Santos Anjo, segundo colocado na lista tríplice. O vencedor da eleição acadêmica foi Fábio César da Fonseca, com maioria dos votos no colegiado e também indicado pela comunidade acadêmica. Ele foi filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), dos anos 1990 até 2005, e do PSOL de 2007 a julho de 2018; com isso, fica ainda mais claro a perseguição política do regime despótico do golpista Bolsonaro. De acordo com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), três instituições de ensino aguardam a nomeação de seus reitores: a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o CEFET-RJ, e a Universidade Federal do Ceará (UFC). Diante deste fato, é preciso esclarecer que o Partido da Causa Operária (PCO) é terminantemente contra a eleição indireta para reitor. Nas condições atuais, o reitor vira uma espécie de monarca da universidade, onde ninguém o elege. Agora Bolsonaro está colocando seus carrascos para atacar o movimento estudantil e os professores, mantendo um regime de terror e aprisionamento das liberdades democráticas dentro das universidades. O PCO defende o governo tripartite e a autonomia universitária. Que a comunidade acadêmica escolha seus representantes de forma autônoma!


INTERNACIONAL | 9

GOVERNO DO IRÃ DENUNCIA

Novas sanções de Trump são “ultrajantes” e “idiotas” O

governo do Irã reagiu nesta terça-feira (25) às novas sanções dos EUA contra o país anunciadas essa semana. Na segunda-feira o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou novas sanções atingindo diretamente o líder do regime político iraniano, aiatolá Ali Khamenei. Em rede nacional, o presidente Hassan Rouhani classificou as sanções contras Khamenei como “ultrajantes” e “idiotas”, e alertou que a conduta cautelosa, de “paciência estratégica” do Irã diante do assédio dos EUA, não significa medo. Rouhani também apontou que as novas medidas da Casa Branca são indício de “retardo mental”, expressão já usada anteriormente pelo presidente iraniano para referir-se a medida do governo dos EUA. Além de Khamenei, figuras do alto escalão dos militares também foram sancionadas, e terão bloqueado o acesso a bens sob jurisdição dos EUA. Cerco imperialista Antes dessas sanções econômicas contra figuras específicas do governo e do Estado iranianos, os EUA já vinham

impondo pesadas sanções ao país como um todo, penalizando toda a população. Todos os países que compram petróleo do Irã foram obrigados a interromper ou diminuir a compra, sob pena de sofrerem eles mesmos sanções dos EUA. É uma tentativa de isolar o Irã economicamente e asfixiar o país. Além do cerco econômico, os EUA estão provocando o Irã militarmente. No

dia 11 de junho o Pentágono culpou o Irã, sem nenhuma prova, por explosões que atingiram dois petroleiros no Golfo de Omã. Na semana passada, os EUA ameaçaram bombardear o país por causa de um drone norte-americano derrubado na região. Trump desistiu desse ataque criminoso no último momento. Os ataques do imperialismo ao Irã são uma política criminosa, para

submeter toda a região e saquear os recursos naturais do Oriente Médio, além de controlar militarmente uma região estratégica. Por outro lado, a agressividade recente contra o Irã revela também a crescente fragilidade do imperialismo em crise e de seu domínio. Como a derrota na Síria e o fiasco das ocupações no Iraque e no Afeganistão já expressavam.

ARGENTINA

Candidatura de Alberto Fernandez na Argentina possibilita fraude eleitoral para eleger Macri D omingo, dia 23 de junho, encerraram-se as inscrições das chapas para as eleições presidenciais na Argentina. De uma lado, a chapa do atual presidente neoliberal, Maurício Macri, que está destruindo o país. Do outro, a chapa de Cristina Kirchner, que capitulou diante da pressão do imperialismo e lançou-se vice de Alberto Fernández. Diante da crise política do atual governo, Macri lançou um candidato da ala direita do peronismo para vice-presidência – Miguel Piccheto. Um neoliberal, inimigo do povo, assim com ele. Um Macri disfarçado sob a reputação do nacionalismo argentino. Porém, a destruição realizado pelo atual presidente é tão grande que a manobra não dá resultados. Porém, para quem acredita que Macri não poderá ganhar diante da devastação que estão realizando na Argentina, devo lhes dizer que estão enganados. Assim como no Brasil, estão preparando a fraude eleitoral para manter os carrascos da população no poder. Uma coisa que Kirchner não sabia quando capitulou totalmente e cedeu à presidência da chapa para um elemento de direita em seu partido, Alberto Fernández, um homem dos bancos, é que isso é uma das principais manobras da fraude eleitoral. Fraudar as eleições a favor de Macri contra Cristina Kirchner, a senadora mais votada do país, e de longe a política mais popular do país, seria algo

muito difícil. Assim com fraudar eleições a favor de Bolsonaro contra Lula, no Brasil, seria muito difícil. E foi exatamente por isso que pressionaram ela a não concorrer à presidência da república. Da mesma forma que pressionaram Lula a não ir até o fim em sua candidatura e lançar logo o amigo da direita, Fernando Haddad como candidato do PT. Assim foi feito, e agora a capitulação de Kirchner já começa a dar frutos. A fraude já começou a ser anunciada. Pesquisa do Isonomia divulgou projeções para o primeiro turno das elei-

ções argentinas, que serão realizadas em outubro. A chapa de Kirchner teria um empate técnico com Macri – o homem mais odiado do país. Algo absurdo de se acreditar. Mas tratando-se de Alberto Fernández, e não da ex-presidenta do país, algo mais fácil de fazer acreditar à população. Desta forma, fica muito mais agradável para a burguesia manipular o processo. Não querem o nacionalismo no poder de jeito nenhum. Por isso, defendem Macri – homem de confiança dos bancos – e esvaziaram o apoio à outra chapa co-

locando outro banqueiro. Assim, a burguesia mostra mais uma vez como reeleger o homem mais odiado do país: basta manobrar. Pressiona para que o político mais popular não concorra (em último caso, prenda-o, como fizeram com Lula), coloque em seu lugar um pseudo-esquerdista pouco conhecido, mas aliado da direita, e finja que seu candidato agora tem mais chances de ganhar agora que o candidato do povo foi retirado do processo eleitoral (no caso argentino, colocado de escanteio). Parece o Brasil, não acham? Claro, pois são os mesmo orquestradores da fraude.


10 | POLÍTICA

AMÉRICA LATINA

RT sobre a perseguição a Lula e na América Latina: cortes e tribunais como instrumento para eliminar rivais políticos Por John M. Ackerman, na RT, tradução do Diário Causa Operária*

A

guerra não é feita somente com as armas, mas também com a lei. Na América Latina, o “warfare” se conduz cada vez mais por meio do “lawfare”, onde se utilizam as cortes e os tribunais para eliminar os adversários políticos. Há alguns dias, o jornalista Glenn Greenwald e a equipe do The Intercept deram a conhecer o que sempre suspeitávamos: o senhor Sérgio Moro atuou como juiz e parte no processo contra Luiz Inácio Lula da Silva por supostos atos de corrupção. Como juiz, Moro deveria ter se mantido autônomo e independente, mas, na realidade, instruía, orientava e assessorava o procurador Deltan Dallagnol, que litigava o caso. Atuou-se em conluio para colocar Lula na prisão e, assim, tirá-lo da corrida presidencial. E como prêmio por seu efetivo “lawfare” Jair Bolsonaro nomeou Moro como seu ministro da Justiça imediatamente após as eleições presidenciais. Mais claro que isso, nem a água! É o coronel norte-americano Charles Dunlap quem ofereceu a melhor definição de “lawfare”: “Um método de guerra não-convencional no qual a lei é usada como um meio para conseguir um objetivo militar.”

Isso também está ocorrendo hoje no Equador. O ex-presidente Rafael Correa se encontra refugiado em Bruxelas porque o governo do atual presidente, Lenín Moreno, o acusou falsamente de ter orquestrado em suposto sequestro de um jornalista na Colômbia durante seu mandato. O vice-presidente de Correa, Jorge Glas, já está recluso na prisão e o antigo chanceler de Correa, Ricardo Patiño, teve que abandonar seu país para evitar a mesma perseguição política e judicial. Cristina Kirchner também se encontra sob um permanente acosso judicial na Argentina a fim de descarrilar sua marcha para a Casa Rosada, junto com Alberto Fernández, nas eleições presidenciais de outubro. No México, a oposição autoritária também já prepara seus batalhões para fazer o “lawfare” contra o governo de Andrés Manuel López Obrador. O primeiro disparo é o cúmulo de amparos e impugnações contra a construção do novo aeroporto em Santa Lucía. Agora quem mais atacava López Obrador por ter cancelado as obras de Texcoco quer cancelar também as de Santa Lucía! Mas o México não precisava “modernizar” sua infraestrutura e “se abrir” para o mundo?

TODOS OS DIAS ÀS 3H, NA CAUSA OPERÁRIA TV

A agenda é clara. Não se busca defender o meio ambiente ou os habitantes de Santa Lucía mas, simplesmente, bloquear pela via judicial qualquer projeto de López Obrador. Os adversários estão zangados pelo cancelamento de seu buraco de corrupção em Texcoco e querem retaliar e derrotar AMLO a qualquer custo. Felizmente, López Obrador já tem uma longa experiência nesse tipo de batalhas e saiu vitorioso em todas, incluindo o caso de Paraje San Juan em 2003 e o desaforo de 2005, quando

atuava como chefe de governo do Distrito Federal. Mas o presidente precisará de apoio de seu povo para conduzir as novas batalhas que se aproximam. Abram os olhos e lembrem que a lei não é sempre neutra mas que, muitas vezes, é utilizada com os fins políticos mais mesquinhos. * Os artigos reproduzidos não refletem necessariamente a posição deste diário ou do Partido da Causa Operária


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