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QUARTA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5762
Dia 14: lutar pela liberdade de Lula! Há 522 dias o expresidente Lula está confinado em Curitiba como um preso político da direita golpista. Condenado sem provas na operação Lava Jato, armada para dar um golpe de Estado e perseguir politicamente figuras de esquerda, Lula foi impedido de participar das eleições do ano passado, mesmo liderando as intenções
de voto em todas as pesquisas. Violou-se assim qualquer fachada de representação que se pudesse pretender dar ao atual governo. Agora, Lula continua impedido de participar ativamente da vida política do País, pois isso representa um enorme elemento de crise e, do ponto de vista da direita, um perigo de desestabilização do regime golpista.
EDITORIAL
Continua o cerco da direita contra Lula Nessa segunda-feira (9), a Lava Jato em São Paulo arrumou outra acusação contra Lula. Dessa vez, o Ministério Público Federal acusa Lula, sem provas, de receber uma “mesada” como propina da Odebrecht em troca de vantagens durante os governos petistas.
Entre em contato e participe das caravanas pela liberdade de Lula! Os preparativos para as caravanas para Curitiba estão em sua reta final, mas se você também quer se juntar aos militantes e simpatizantes do Partido da Causa Operária, dos Comitês de Luta Contra o Golpe, de Comitês Lula Livre e de vários setores da esquerda para exigir a imediata libertação de Lula e a anulação de todos os processos contra o ex-presidente, ainda dá tempo.
“Coragem, o cão covarde”: Jean Wyllys será ‘professor’ em Harvard Não bastasse sair do Brasil num momento tão delicado do País, em que toda ajuda para organizar a esquerda a lutar contra Bolsonaro seria fundamental, Jean Wyllys abriu mão de seu mandato para, entre outras coisas, iniciar pesquisa sob os auspícios da Open Society Foundations, fundada por George Soros, um capitalista conhecido por financiar grupos ‘de esquerda’[1], desde que eles não representem uma ameaça real ao capitalismo.
Direitos Já: política bandoleira e focinheira Dino garante que esquerda contra a esquerda vencerá eleição de 2022; mas haverá eleição? Augusto Aras substitui Raquel Dodge na PGR Mais uma uma vez, vemos os mercadores O procurador Augusto Aras foi indicado por Bolsonaro no último dia, passando por cima da lista tríplice, votação realizada entre os procuradores no país todo e seguida pelo golpista Michel Temer e pelos ex presidentes Lula e Dilma.
Todos os processos de Vaccari deveriam ser anulados
de ilusões eleitorais realizando exercícios de futurologia sobre coisas e situações absolutamente incertas. Completamente alheios à realidade objetiva que permeia o País neste momento, inclusive já sendo apontados, por determinados setores da esquerda, como os possíveis integrantes de uma chapa presidencial para as longínquas e duvidosas eleições de 2022
2 | OPINIÃO EDITORIAL
COLUNA
Continua o cerco da direita contra Lula
Nessa segunda-feira (9), a Lava Jato em São Paulo arrumou outra acusação contra Lula. Dessa vez, o Ministério Público Federal acusa Lula, sem provas, de receber uma “mesada” como propina da Odebrecht em troca de vantagens durante os governos petistas. A perseguição nesse caso se estende à família de Lula, como em outras oportunidades. O irmão do ex-presidente, Frei Chico, também é acusado do mesmo crime. O MPF pede que os dois sejam condenados pelo crime de corrupção passiva, enquanto pedem para a empresa uma condenação por corrupção ativa. A “mesada” seria de cerca de R$ 3 mil, pagas pela maior empreiteira do Brasil, ao político mais popular do País, presidente do País por duas vezes. Esse fato mostra que o cerco contra Lula e a esquerda continua e até se amplia. Apesar da crise da direita golpista, e, na verdade, justamente por causa dessa crise, a perseguição política se intensifica. Ao contrário do otimismo de análises que frequentemente apontam que a soltura de Lula seria iminente, o fato é que, se depender das instituições dominadas pela direita tudo indica que Lula poderia continuar preso por muito tempo. O
que pode mudar isso é a luta política, especialmente diante do momento favorável à mobilização. Recentemente, isso ficou demonstrado diante do caso de um julgamento pela Segunda Turma do STF que poderia ter libertado Lula no dia 27 de agosto. O julgamento acabou sendo adiado, e Lula continuou preso. A defesa de Lula pedia em um recurso acesso a uma delação da Odebrecht. Deve-se destacar nesse caso que a direita não se intimidou com os vazamentos sobre os bastidores da operação Lava Jato. As conversas privadas entre procuradores da operação e o ex-juiz Sérgio Moro reveladas pelo The Intercept Brasil desmoralizaram completamente a operação. Não é possível mais negar o caráter arbitrário e forjado da operação, armada para perseguir a esquerda. No entanto, a direita não vai ser detida apenas por isso. Pelo contrário, seguirá atropelando os direitos do ex-presidente. Isso acontece porque a prisão de Lula é política. A direita precisa perseguir Lula politicamente para não arriscar desestabilizar o regime político ainda mais, diante de uma situação em que o regime já é estremecido pela crise do governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro, assolado por contradições internas e profundamente impopular, como fica mais evidente a cada dia. Portanto, soltar Lula, do ponto de vista da direita que o mantém preso por meio de uma série de manobras, poderia precipitar uma catástrofe política. De modo que, para impor a soltura de Lula, é necessário colocar a população na rua. Dia 14, sábado, é dia de ato em Curitiba para exigir: Liberdade para Lula! É preciso ir às ruas para começar uma ampla campanha em torno dessa reivindicação democrática fundamental. Essa é a única forma de impor uma derrota à direita capaz de impor a libertação de Lula, preso político da direita há 522 dias. Todos a Curitiba dia 14! Liberdade para Lula!
Governo do latifúndio: fogo em Terras Indígenas supera média nacional Por Renato Farac
Um estudo recentemente divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) apresentou um crescimento dos focos de incêndio dentro das Terras Indígenas (TI) muito maior que o crescimento em todo o país. Os dados levantados e analisados a partir do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) diz que o crescimento dos incêndios entre janeiro e agosto de 2019 em todo o território nacional comparados com o ano passado foi de 71%. Se analisarmos somente as terras indígenas, o crescimento neste mesmo período foi de 88%. Além do número de focos de incêndios crescerem também foi maior o número de terras indígenas afetadas. O crescimento foi de 18,6% de áreas indígenas afetadas pelo fogo. Há terras indígenas com mais de 1200 focos de incêndios em que os indígenas não dão conta de apagar todos os dias o fogo, como a TI Parque do Araguaia, no Estado do Tocantins. No Mato Grosso, o estado campeão em incêndios florestais, a Terra Indígena Areões, no município de Nova Nazaré, a 800 km de Cuiabá, foi totalmente queimada em sua extensão. São mais de 219 mil hectares de florestas, roças e caça, das quais dependem esses indígenas que foram totalmente destruídos. Como estamos vendo, o aumento do fogo na floresta Amazônica e, maior ainda, dentro das terras indígenas não ocorrem por acaso. A principal base de apoio do governo Bolsonaro é ligada aos latifundiários ligados a grilagem de terras públicas, invasão de terras indígenas e garimpeiros ligados a grandes mineradoras internacionais. Os incêndios nessas áreas não têm nada a ver com aumento da produção agropecuária. Está ligado a um esquema para invasão de terras públicas e de destruir o meio de vida de comunidades tradicionais e sem-terra. É uma “jogada ensaiada” do governo Bolsonaro juntamente com as declarações de apoio aos latifundiários, cortou 38% das verbas destinadas ao Programa de Prevenção
de Incêndios Florestais, o PrevFogo, deixando as brigadas de incêndios indígenas sem nenhum tipo de equipamento para combate ao fogo. Chegou ao extremo de indígenas Myky tiveram que improvisar combater os incêndios criminosos na terra indígena Menku, em Brasnorte, no Mato Grosso, com latas d`água. Essa forma de atacar os povos indígenas vem de encontro com outras formas de retirada de direitos e de violência. Neste final de semana passado, o indigenista Maxciel Pereira dos Santos, que prestava serviços a Funai, foi brutalmente assassinado com um tiro na nuca, na frente de seus familiares na cidade de Tabatinga, no extremo oeste do Amazonas. Maxciel trabalhava há mais de 12 anos junto à Funai na região, sendo cinco deles como chefe do Serviço de Gestão Ambiental e Territorial do Vale do Javari. Essa região está sendo ataca por grileiros de terras, latifundiários e garimpeiros que invadem a terra indígena e ameaçam índios e servidores da Funai. Como podemos ver, os incêndios estão sendo utilizados para reprimir os indígenas diante de ofensiva da direita e dos latifundiários para tomar conta dessas áreas que pertencem as comunidades tradicionais. E isso não acontece por incompetência de Bolsonaro ou por falta de conhecimento do assunto de seus ministros fascistas, como algumas organizações de esquerda ou da própria direita propagam na imprensa. São medidas tomadas de maneira consciente porque Bolsonaro foi colocado através de uma enorme fraude eleitoral pela direita e com apoio dos países imperialistas para acabar com as terras indígenas e entregá-las de mão-beijada para grandes mineradoras internacionais, grileiros de terra e latifundiários. Não adianta levantar a retirada de ministros para resolver o assunto, pois entra outro muito pior. É preciso derrubar Bolsonaro do poder o mais rápido possível e acabar com a ofensiva da direita contra os que lutam pelos direitos dos povos explorados.
POLÍTICA | 3
EM CURITIBA
Dia 14: lutar pela liberdade de Lula! As revelações do The Intercept Brasil começaram ainda em junho, escancarando a armação da Lava Jato contra o ex-presidente, diante disso não se pode ficar apenas assistindo Há 522 dias o ex-presidente Lula está confinado em Curitiba como um preso político da direita golpista. Condenado sem provas na operação Lava Jato, armada para dar um golpe de Estado e perseguir politicamente figuras de esquerda, Lula foi impedido de participar das eleições do ano passado, mesmo liderando as intenções de voto em todas as pesquisas. Violou-se assim qualquer fachada de representação que se pudesse pretender dar ao atual governo. Agora, Lula continua impedido de participar ativamente da vida política do País, pois isso representa um enorme elemento de crise e, do ponto de vista da direita, um perigo de desestabilização do regime golpista. Esses dados da situação política colocam Lula no centro da luta contra o golpe e o governo Bolsonaro. A luta
pela liberdade do ex-presidente é hoje uma questão central da luta democrática no País e um fator importante na luta contra o bolsonarismo. Sua liberdade colocaria o regime imediatamente em xeque, e sua própria libertação só poderá vir como fruto de uma derrota da direita golpista. Sua prisão é arbitrária e as instituições do regime, sob domínio da direita, estão organizadas para mantê-lo preso. Por isso só a mobilização popular, pressionando o regime político, pode impor a soltura de Lula. Para soltar Lula e derrotar a direita é preciso que os trabalhadores vão às ruas para exigir a liberdade do ex-presidente. Palavras de ordem pela liberdade de Lula são comuns nas manifestações populares e operárias contra o governo. Agora é hora de iniciar uma
DIA 14 EM CURITIBA!
Entre em contato e participe das caravanas pela liberdade de Lula! A prisão do ex-presidente foi completamente forjada à base de provas inexistentes, sendo assim uma prisão política para os golpistas chegarem à presidência.
Os preparativos para as caravanas para Curitiba estão em sua reta final, mas se você também quer se juntar aos militantes e simpatizantes do Partido da Causa Operária, dos Comitês de Luta Contra o Golpe, de Comitês Lula Livre e de vários setores da esquerda para exigir a imediata libertação de Lula e a anulação de todos os processos contra o ex-presidente, ainda dá tempo. Já ficou claro que Lula é preso político, perseguido pelas armações da Lava-Jato com os golpistas. Sendo assim, é urgente e necessário intensificar essa luta e mobilizar a população pela liberdade de Lula. No próximo sábado, dia 14, vamos lotar Curitiba de bandeiras vermelhas
e faixas em manifestação pela liberdade do ex-presidente Lula. Não fique parado e venha também! Entre em contato com os militantes do PCO e se informe no Diário Causa Operária e se inscreva: www.causaoperaria.org.br/14-de-setembro-todos-a-curitiba-pela-liberdade-de-lula/ Você pode também ligar ou enviar Whatsapp e se informar diretamente nos seguintes telefones: (11) 98589-7537 (TIM) (11) 96388-6198 (Vivo) (11) 97077-2322 (Claro) (11) 93143-4534 (Oi) Vão sair ônibus em caravana para Curitiba de vários lugares do Brasil. Informe-se onde pegar o seu lugar. De São Paulo, devem ir pelo menos 500 pessoas. O PCO terá ônibus saindo do Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), que fica no bairro da Saúde. Na Capital, vai ter ônibus também saindo da Praça da República, próximo da APEOESP, e também da Praça da Sé, próximo ao Diretório Nacional do PT. Na Grande São Paulo, também haverá caravanas saindo do ABC e da região de Embu e Taboão, entre outras localidades. Estão confirmados ônibus saindo das principais regiões do interior do Estado, como Campinas, Ribeirão Preto, Vale do Paraíba, Sorocaba, Araraquara, Marília, Jundiaí, Assis. Também sairá ônibus da Baixada Santista. Em 14 de Setembro, todos a Curitiba pela Liberdade de Lula!!
mobilização também em torno dessa pauta, especificamente. Para isso, o PCO está chamando todos a irem a Curitiba no próximo sábado, dia 14, para um ato político de protesto contra a prisão de Lula e por sua liberdade, em torno da palavra de ordem: Liberdade para Lula! É crucial realizar um combativo ato como esse nesse momento. Desde junho os vazamentos do The intercept Brasil escancaram que a Lava Jato foi uma farsa completa aramada para perseguir Lula. Diante disso, não é possível ficar apenas assistindo o surgimento dessas informações, que confirmam semana após semana as denúncias contra a Lava Jato. É preciso organizar uma grande campanha pela liberdade de Lula e pela anulação dos processos. O protesto no dia 14 em
Curitiba visa despertar esse movimento, que seria fundamental na luta contra a direita. Por isso, dia 14, todos a Curitiba! É hora de mobilizar o movimento contra o governo Bolsonaro e a direita em torno da questão de Lula. Liberdade para Lula!
4 | POLÍTICA
DORMINDO COM O INIMIGO
“Coragem, o cão covarde”: Jean Wyllys será ‘professor’ em Harvard Jean Wyllys prefere lutar contra o golpe em uma sala de aula com ar condicionado, em Harvad, um ícone do capitalismo mundial. Não bastasse sair do Brasil num momento tão delicado do País, em que toda ajuda para organizar a esquerda a lutar contra Bolsonaro seria fundamental, Jean Wyllys abriu mão de seu mandato para, entre outras coisas, iniciar pesquisa sob os auspícios da Open Society Foundations, fundada por George Soros, um capitalista conhecido por financiar grupos ‘de esquerda’[1], desde que eles não representem uma ameaça real ao capitalismo. Embora faça seus comentários nas redes sociais, apoiando o Lula Livre e o Fora Bolsonaro, ficamos sabendo que seguirá com sua pesquisa acadêmica nada mais, nada menos, do que em Havard [2], um antro de agentes do imperialismo. Por lá, Havard, é bom lembrar, também passaram Raquel Dodge e Sérgio Moro, Deltan Dallagnol, mas também Jorge Paulo Lemman e sua cria Tábata Amaral de Pontes, Ciro Gomes…. um conjunto de golpistas ou gente alinhada à direita, ao neoliberalismo. Claro, o ex-parlamentar não vai para a Harvard Law School ou para a Harvard Business School, por onde passearam Dodge, Moro, Dallagnol, Lemman e grande parte dos executi-
vos das maiores empresas do mundo. Mas, mesmo o Afro-Latin American Research Institute [3], onde seguirá com sua pesquisa e onde dará aulas enquanto faz sua residência, não se pode dizer que seja de esquerda, a não ser que a temática da pesquisa seja o mais relevante para definir a posição política. Mais importante é que, se entender relações raciais, promover estudos das populações negras (ou afrodescendentes como gostam de dizer) ou desigualdades raciais, pode ter relevância na compreensão da própria desigualdade, não parece absurdo, ainda assim, lembrar Karl Marx [4] e sua discordância com Feurbach e Hegel: “Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas. O que importa é transformá-lo”. A crise do capitalismo e os golpes que se espalham mundo afora, e sentido tão fortemente no Brasil, parecem suficientes para considerar que a ação política, que a luta contra o Golpe, contra os golpistas, que a organização e mobilização popular são mais fundamentais do que a publicação de artigos e falar para alunos abastados em uma sala de aula com ar condicionado.
NOTAS: [1] Até o Mídia Ninja, segundo dados da própria fundação Open Society, entre outros, recebeu ou recebe financiamento de George Soros. Algumas dessas organizações: Instituto Fernando Henrique Cardoso, Actantes – Ação Direta pela Liberdade, Privacidade e Diversidade na Rede, Instituto Sou da Paz, Instituto Igarapé, Agência Pública, Alerta Democrático, Mudamos.org. Esse tipo de financiamento não é exclusivo da fundação de George Soros, a Fundação Ford também financia grupos e projetos ‘de esquerda’, ‘progressistas’, em todo o mundo. A questão é que tal ‘patrocínio’ (financiamento?) Não é despropositado, ao contrário, há quem sustente que, em muitos casos, a própria CIA usa, desde os anos 1950 pelo menos, fundações para direcionar dinheiro para projetos que calculem ser uteis no longo prazo. Cf. SAUNDERS, Francis Stonor. Who Paid the Piper: The CIA and the Cultural Cold War. Londres: Granta Books, 2000. [2] A Harvard Business School (HBS), fundada em 1908, ainda hoje é vista como uma espécie de passaporte para fazer
parte da burguesia mundial. Ela é considerada a escola de negócios mais prestigiada do mundo. Segundo Duff McDonald, em seu livro The Golden Passaport (2017), em que analisa a história da HBS, o pensamento da instituição foi fundamental para dar forma ao capitalismo moderno, assim como, também, teria sido responsável pelas piores crises e escândalos financeiros recentes no mundo ocidental. [3] Do Hutchins Center for African e African American Research. [4] MARX, Karl. Teses Sobre Feuerbach. Domínio publico.
DESNORTEADOS
Dino garante que esquerda vencerá eleição de 2022; mas haverá eleição? Dino e Haddad sonham com “vitória da esquerda” nas incertas e longínquas eleições de 2022
Mais uma uma vez, vemos os mercadores de ilusões eleitorais realizando exercícios de futurologia sobre coisas e situações absolutamente incertas. Completamente alheios à realidade objetiva que permeia o País neste momento, inclusive já sendo apontados, por determinados setores da esquerda, como os possíveis integrantes de uma chapa presidencial para as longínquas e duvidosas eleições de 2022, Fernando Haddad (PT) e Flávio Dino (PCdoB) gravaram juntos um programa exibido nas redes sociais nesta segunda-feira (dia 9). O governador do Maranhão, Flávio Dino disse: “Temos a eleição de 2020, e acredito que vamos vencer. Teremos um resultado bastante bom em 2020, teremos muitas vitórias de prefeituras, vamos trabalhar para isso. E vamos vencer a eleição presidencial em 2022, tenho certeza disso” (sítio 247, 09/09).
Se para a esquerda nacional, a fantástica fábrica de sonhos de uma possível vitória eleitoral em 2022 se apresenta como o seu único horizonte, para os trabalhadores isso nada mais é do que um enorme e intolerável pesadelo. Pode parecer muito confortável para a esquerda parlamentar, institucional, olhar para 2020 e 2022 e arriscar um prognóstico (improvável) vitorioso. No entanto, as únicas certezas hoje são exatamente os ataques contra o povo trabalhador e as incertezas que tomam conta da frágil e raquítica institucionalidade nacional, marcada por golpes e ameaças de ditadura vinda de todos os lados. Este é o verdadeiro cenário político conjuntural, o exato oposto e muito diferente do “céu de brigadeiro” fantasiado pela esquerda brasileira. Declarar que a saída para derrotar a devastadora e selvagem ofensiva da burguesia e do imperialismo contra a população pobre e explorada são as eleições são o respeito e a devoção à institucionalidade e a submissão ao calendário eleitoral do regime golpista. É fazer tábula rasa do sofrimento das massas populares, dos milhões de desempregados que madrugam em filas quilométricas em busca de um mísero salário que lhes garanta a sobrevivência; é desprezar os assassinatos cotidianos de negros e jovens na periferia das grandes metrópoles; é fazer pouco caso da gigantesca obra de
destruição que os representantes dos bancos no governo Bolsonaro estão fazendo com o patrimônio nacional, “privatizando” (na verdade, entregando) as empresas públicas (Petrobras, Correios, Eletrobrás), doando-as ao grande capital e ao imperialismo. A julgar pela postura que vem sendo adotada pelo partido de Flávio Dino, o PCdoB, é possível termos uma ideia do que seria um governo com esta composição, formada por Haddad e Dino. O PCdoB Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara, o homem que conduziu (e até chorou) a votação do texto da reforma da previdência, surrupiando centenas de bilhões de reais dos trabalhadores e da população pobre. Também foi o partido de Flávio Dino que votou pela entrega da base de Alcântara aos Estados Unidos. No último final de semana, nas comemorações alusivas ao 7 de setembro, o PCdoB exortou a população a vestir verde e amarelo, as cores oficiais do bolsonarismo e da extrema direita fascista. Haddad e Dino também estão empenhados em constituir a tal frente parlamentar com elementos abertamente direitistas (do DEM, PSDB, PSD, Novo, Solidariedade etc.) e que apoiaram o golpe contra o governo eleito pelo voto popular em 2014, o governo do PT, partido do ex-presidenciável Fernando Haddad.
Esta política de prostração e submissão à institucionalidade, às incertas e distantes eleições de 2022, às alianças com os setores golpistas já se mostrou fracassada e incapaz de abrir uma perspectiva vitoriosa para a organização e a luta das massas populares. A aposta nas eleições, sejam eles municipais e/ou gerais, se coloca como um beco sem saída para orientar o eixo da luta para derrotar o governo Bolsonaro, os golpistas, a burguesia, a extrema direita e o imperialismo. Mesmo que venham a ocorrer dentro de um quadro de “normalidade”, as eleições estarão sob o controle direto das instituições do regime burguês fraudador, golpista, manipulador. Trata-se de uma pueril infantilidade acreditar na ideia de que o regime político dominado pela extrema direita, pelos militares e pelo imperialismo irá garantir a realização de eleições “limpas, transparentes e democráticas”, como sonha a esquerda nacional. Em oposição a esta política de derrotas e de desmoralização da luta social de massas no País, o momento é de mobillizar pelo “Fora Bolsonaro”; por novas eleições gerais; pela liberdade do ex-presidente Lula, restituindo a ele todos os direitos políticos cassados pela golpista operação Lava Jato, com a anulação dos processos fraudulentos que o condenaram.
POLÍTICA | 5
ALIANÇA COM GOLPISTAS
Direitos Já: política bandoleira e focinheira contra a esquerda Apesar do nome, é uma iniciativa da direita em reunir setores da esquerda para a reconstrução de um centro político que sustente o governo Bolsonaro até 2022 No último dia 2, ocorreu o evento “Direitos Já” – Fórum Pela Democracia”, no teatro TUCA da PUC-SP. Apesar do nome, o evento é uma iniciativa da direita e busca reunir setores da esquerda para a reconstrução de um centro político que sustente o governo Bolsonaro, através de uma oposição parlamentar numa “maratona até 2022”. A prova disso é o evento ter reunido 16 partidos políticos, incluindo os principais partidos golpistas (como o PSDB, DEM, MDB, NOVO, etc) e partidos ditos de “centro esquerda” (PDT, PSB, etc) que mantém profundas alianças com os golpistas e apoiaram parcialmente o impeachment. Dos partidos de esquerda, o mais engajado nesta política de “frente ampla” é o PCdoB. Apesar de setores do PT (Haddad) e do PSOL (Boulos) terem participado das reuniões iniciais, a pressão interna que sofreram fez com que não fossem neste evento, apesar de terem confirmado presença. Políticos chave da famosa ideia de “virar a página do golpe”, como Ciro Gomes (PDT) e Flávio Dino (PCdoB), também estiveram presentes, assim como Fernando Henrique Cardoso
(FHC), Alckmin e Aécio mandaram vídeos saldando o evento. O que mostra toda a manobra da direita na reconstrução do centrão, esfacelado pela polarização entre a extrema a direita e os trabalhadores e suas organizações. O presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, também participou. Não por acaso,
uma vez que a UNE, desde que Montalvão assumiu, passou a ser uma importante organização na frente ampla, inclusive chamando os estudantes a vestirem o verde e amarelo nos atos, como no último dia 7 do grito dos excluídos (que fracassou devido a Bolsonaro também ter chamado as pessoas a irem com as cores da bandeira).
Esquerdistas, democratas e golpistas abraçados num gesto obsceno de cinismo político, escondidos atrás da ideia de “luta contra a barbárie”, podem confundir os desavisados. No entanto, não passa de uma armadilha para arrastar um setor da esquerda e utilizar sua base social para a recuperação do centro. Vale lembrar que, quando essa centro direita (MDB, PSDB, DEM) derrubou o PT, não foi necessária nenhuma frente ampla por “direitos”. Nem PSDB, nem MDB chamaram uma frente ampla para barrar a derrubada de Dilma, pelo contrário, foram eles os mais árduos articuladores da derrubada do governo do PT e da perseguição a Lula e os demais dirigentes do partido. A participação dos golpistas, da esquerda que quer virar a página do golpe, a proibição de estudantes e pessoas em geral entrarem no evento e a censura prévia contra palavras de ordem, como a defesa da liberdade de Lula (Lula Livre), dão uma boa noção de que essa frente não é para a defesa de nenhum direito democrático, muito menos para a luta contra o governo
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6 | POLÍTICA
BOLSONARISTA NA PGR
Augusto Aras substitui Raquel Dodge na PGR A indicação de Aras é uma evidência da luta interna dentro do bloco golpista, uma vez que Aras não era o candidato da Lava Jato e dos setores mais ligados ao imperialismo O procurador Augusto Aras foi indicado por Bolsonaro no último dia, passando por cima da lista tríplice, votação realizada entre os procuradores no país todo e seguida pelo golpista Michel Temer e pelos ex presidentes Lula e Dilma. A indicação de Aras é uma evidência da luta interna dentro do bloco golpista, uma vez que Aras não era o candidato da Lava Jato e dos setores mais ligados ao imperialismo. Apesar de superdireitista, a esquerda nem criticou essa nomeação, ficou a favor porque os agentes da Lava Jato estão contra. Porém, na PGR (Procuradoria Geral da Repúlica), Aras vai aprofundar o regime bolsonarista. Segundo o Estadão, importante porta-voz de um setor da burguesia bra-
sileira, em artigo publicado no último dia 5: “Aras se colocou como favorável à agenda de reformas do governo, teve o apoio dos filhos de Bolsonaro e de um dos ministros mais prestigiados pelo presidente, Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura. Ele foi considerado importante para destravar a concessão da Ferrovia Norte-Sul. Bolsonaro dizia querer alguém que não atrapalhe o progresso do País.” Em artigo publicado um dia depois, no último 6, Aras declarou a outro jornal golpista, O Globo: “Eu não posso, como cidadão que conhece a vida, como sexagenário, estudioso, professor, aceitar ideologia de gênero […]. Não cabe para nós
admitir artificialidades. Contra a ideologia de gênero é um dos nossos mais importantes valores, da família e da dignidade da pessoa humana.” A vice líder do PT na câmara, Erica Kokay, denunciou: “Novo PGR indicado por Bolsonaro, Augusto Aras, declara-se conservador, contra “ideologia de gênero”, criminalização da homofobia e cotas raciais em universidades. Defende excludente de ilicitude para ruralistas que atirarem em movimentos sociais. É o medievalismo na Procuradoria-Geral da República (PGR).” É preciso acompanhar o desenvolvimento da luta interna da burguesia golpista, pois a indicação de Aras parece uma reação do bolsonarismo à Lava Jato, ocorre num momento em
que a operação ficou isolada devido à desmoralização provocada pelos vazamentos das conversas de Moro, Dallagnol e outros procuradores pelo Intercept. Por outro lado, parece um avanço do bolsonarismo dentro das instituições do Estado rumo a um regime de força contra a povo e suas organizações.
PERSEGUIÇÃO
PERSEGUIÇÃO
Todos os processos de Vaccari deveriam ser anulados
Bolsonaristas da Globo acusam o PCO de ser bolsonarista
Progressão de pena e indulto não bastam. Petista e todos os presos da Lava Jato precisam ter seus processos anulados
Rede Globo criou a base bolsonarista durante os coxinhatos que derrubaram Dilma em 2016, possibilitou que Bolsonaro chegasse à presidência e apoia sua política até agora
O ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, foi autorizado na última sexta-feira (dia 6) a cumprir o restante de sua pena em regime semiaberto. Vaccari está preso desde abril de 2015 no Complexo Médico Penal de Pinhais – Região Metropolitana de Curitiba. Vaccari já havia sido absolvido em duas ações penais da Lava Jato por falta de provas. Esta operação Lava Jato é uma verdadeira máfia funcionando dentro do Ministério Público, que abusa do recurso da “delação premiada”, ou seja, busca coagir outros presos a criarem estórias que incriminem seus inimigos
políticos. Em conluio com os juízes de primeira instância de Curitiba, as sentenças são emitidas apenas com base nessas delações, sem provas objetivas que fundamentem as acusações. Estas condenações fraudulentas são o padrão da Lava Jato, tendo atingido não apenas João Vaccari Neto como a maioria esmagadora dos presos desta operação, em especial o ex-Presidente Lula. Não basta progressão de pena, nem indulto. Vaccari e todos os presos da Lava Jato precisam ter seus processos anulados. São os procuradores da Lava Jato que deveriam estar sentados no banco dos réus!
Uma pequena nota na revista Época procura apresentar a defesa que o PCO faz da Amazônia contra a intervenção imperialista como uma posição bolsonarista. O PCO seria “bolsonarista” ao defender a Amazônia, haveria um suposto acordo entre o partido e Bolsonaro nessa questão. É o que sugere de maneira maliciosa o texto publicado no sítio da revista sob o título “Bolsonaro e comunistas contra o ‘imperialismo’”, assinado por Eduardo Barreto no espaço do colunista Guilherme Amado. A revista Época, que já ostentou Olavo de Carvalho como seu principal colunista, faz parte do Grupo Globo, o mesmo da Rede Globo de Televisão, principal monopólio das comunicações no Brasil. A Globo é a principal responsável pela ascensão do bolsonarismo e pela chegada de uma figura grotesca como Bolsonaro à presidência. Foi a Rede Globo a principal autora da farsa dos coxinhatos, primeiro convocando as manifestações de maneira mal disfarçada, depois exagerando a dimensão dessas manifestações para montar a farsa de que haveria apoio popular ao golpe de 2016. Foi nessa ocasião que a base bolsonarista surgiu, com seus cerca de 12% da população, segundo pesquisas da imprensa burguesa. Uma base grande para um político de direita. Um presente da Globo para Bolsonaro. Agora, apesar do aparente embate que haveria entre Bolsonaro e Globo em torno de questões secundárias, muitas vezes relativas ao comportamento, há um apoio intenso da Globo ao programa neoliberal de Bolsonaro,
como no caso do apoio à reforma da Previdência, às privatizações, à retirada de direitos trabalhistas, ao corte de gastos etc. Apesar de tudo isso, o blogueiro da Globo achou conveniente dizer que “em um ponto Jair Bolsonaro e comunistas concordam: o discurso de que a Amazônia é alvo do ‘imperialismo’ de Emmanuel Macron.” Colocando o imperialismo entre aspas a Globo tenta ocultar seus próprios apoiadores, como se eles sequer existissem, a despeito do controle de setores inteiros da economia mundial, do predomínio militar e político, e da interferência política de abrangência global dos países imperialistas. Esses fatos seriam apenas um “discurso”. Como se as guerras do Iraque e do Vietnã fossem “discursos”, ou o golpe na Venezuela, entre centenas de outros exemplos possíveis. Curiosamente, mais uma vez, a Globo ajuda Bolsonaro com essa comparação. Pois o “nacionalismo” de Bolsonaro, como sempre acontece no caso da extrema-direita, não passa de demagogia. Enquanto vociferava contra Macron, o golpista ilegítimo nomeava informalmente o presidente dos EUA, Donald Trump, para “representar” o Brasil no encontro do G7. Ou seja, Bolsonaro sempre esteve pronto para entregar a Amazônia ao imperialismo, entregando-a logo para o principal país imperialista do mundo. A soberania na Amazônia está ameaçada por Bolsonaro, que é entreguista. E esse entreguismo a bolsonarista Globo apoia, apesar de diferenças pontuais sobre assuntos semi-irrelevantes.
INTERNACIONAL | 7
IRLANDA
Crise do Brexit leva à volta do IRA O Brexit tem intensificado a crise no Reino Unido. A polarização política tem estimulado grupos nacionalistas radicais a voltarem à arena política A crise do regime político britânico se intensifica. Com a iminente saída do Reino Unido da União Europeia (UE), a polarização política tem tomado conta da região. Em entrevista a TV Sueca SVT News, um dos grupos armados nacionalistas conhecido como CIRA (continuação do IRA) afirmou que os ataques recentes continuarão. O recado é um aviso para o caso ocorrido em 19 de agosto, quando uma bomba explodiu na fronteira entre a Irlanda do Norte e a Irlanda. Esta, todavia, foi a segunda ação em um curto espaço de tempo em que o CIRA (continuação do IRA) é identificado. Outro caso foi no dia 26 de julho,
quando a polícia foi chamada depois que uma bomba foi encontrada. O CIRA, fundado em 1986, é uma ramificação do Exército Republicano Irlandês (IRA), um grupamento armado que luta pela independência e unificação das Irlandas ante os britânicos. De acordo com o porta-voz do CIRA, o grupo está se preparando. Com o Brexit, o Reino Unido e, portanto, a Irlanda do Norte, deixarão a UE em 31 de outubro, mas não a República da Irlanda. Desta forma, uma saída forçada– como pretende o primeiro-ministro, Boris Johnson – pode intensificar um separatismo através das fronteiras britânicas.
SOB AS ORDENS DO IMPERIALISMO
O IRA que entregara as armas em 2005 – é um movimento nacionalista contra o imperialismo britânico, que sempre lutou contra a opressão nacional sofrida pela Irlanda do Norte. Portanto, a volta das atividades do IRA é um sintoma da forte crise que vive a região com o Brexit. Está em curso uma crise política sem prece-
dentes e isso abre esse tipo de brecha, mostrando que a polarização é gigantesca e pode levar inclusive à volta dos movimentos separatistas mais radicais, como na Irlanda do Norte ou na Escócia, onde, alguns anos atrás, houve um referendo que, por pouco, não aprova a independência ao país.
SOBERANIA NACIONAL
Bucha de canhão dos EUA, Colômbia Internacionalização da Amazônia ameaça mais uma vez a Venezuela viola as próprias normas da ONU Atendendo aos interesses dos norte-americanos, país serve como ponto de articulação da direita internacional e põe em risco um conflito militar no continente Após as malogradas investidas dos norte-americanos contra a Venezuela, a Colômbia tem se tornado bucha de canhão para garantir os interesses do imperialismo. De acordo com o mandatário, somente nos últimos três meses foram detectados 42 ações de ataque por parte da Colômbia. Ainda segundo Maduro, “a Venezuela tem as provas de como se pretende criar um falso positivo para gerar um conflito armado entre a Colômbia e a Venezuela.” “Estamos tomando todas as decisões e medidas necessárias”, assegurou. Em reunião com o Conselho de Defesa nesta segunda-feira (9), no Palácio de Miraflores (Caracas), Maduro indicou que o governo bolivariano deverá atender à escalada de tensão provocada pela Colômbia, já que o país tem funcionado como um ponto de articulação do imperialismo na América do Sul. “Temos as provas de como a Colômbia conspira para mandar grupos terroristas a atacar serviços públicos, Poderes Públicos e tocar objetivos civis e militares dentro do nosso país”, disse o presidente. Ademais, Maduro salientou que a Venezuela já sofre com os impactos da guerra colombiana há 70 anos. Neste ínterim, a Venezuela tem suportado os efeitos colaterais, como: violência, sequestro, contrabando de gasolina, migração de milhões de pessoas etc. No final de semana, a revista colombiana Semana publicou uma reportagem com documentos forjados
acusando o governo Maduro de financiar o Exército de Libertação Nacional (ELN), uma guerrilha colombiana, e dissidentes das FARC. O governo Venezuelano, por sua vez, mostrou que isso – é uma grande farsa. Mas a imprensa internacional, propagandista e controlada pelo imperialismo, está nessa campanha mentirosa e já diz que na fronteira com o Brasil também atuam grupos criminosos venezuelanos com ligações com facções brasileiras, como: PCC e Comando Vermelho. Os EUA, não obstante, já marcaram sua posição ofensiva e, hoje (10), reiteraram total apoio à sua sucursal na América do Sul, caso a Venezuela “viole” a fronteira com a Colômbia. A declaração veio do representante especial no Departamento de Estado dos EUA, Elliott Abrams; o mesmo pulha que dirigira a contrarrevolução nicaraguense. É nítido, portanto, o papel da Colômbia como bucha de canhão do imperialismo, ameaçando novamente a Venezuela. Os EUA já disseram que se a Venezuela se meter com a Colômbia, eles intervirão. Na semana passada, com efeito, a Venezuela realizou exercícios militares próximo à fronteira para se defender de ataques do imperialismo e seus lacaios.
O imperialismo sempre quis roubar os recursos naturais do Brasil Desde que fazendeiros bolsonaristas do Pará inventaram o “dia do fogo” e atiçaram a imprensa do mundo a publicar imagens chocantes da floresta sendo consumida pelas chamas irresponsáveis, a Amazônia não é mais a mesma. Para os brasileiros, a Amazônia é nossa, para o presidente ilegítimo do País, conforme disse em vídeo que já publicamos aqui, faz tempo que a Amazônia não é mais nossa e apenas os ingênuos ainda pensam o contrário. Enquanto isso, o presidente da França, Emmanuel Macron, levantou o assunto à discussão durante a reunião do G7 com seus colegas dos governos dos outros países europeus. Para eles está “em aberto” o debate sobre a internacionalização jurídica da floresta Amazônica. “Associações, ONGs e também certos atores jurídicos internacionais levantaram a questão de saber se é possível definir um status internacional da Amazônia”, assinalou Macron. Os seja: os líderes europeus têm a ideia que podem tomar nossa Amazônia no tapetão, enquanto o próprio presidente do Brasil não disfarça que não está defendendo a região para os brasileiros, mas que é apenas capataz de terra que considera alheia e o dono é seu patrão. Para Bolsonaro, se Macron quiser rediscutir a posse, terá que peitar mais em cima. Essa é a conclusão. A única dúvida que fica é o que os fazendeiros bolsonaristas esperavam conseguir com o “dia do fogo”. Mesmo entre bolsonaristas, se espera algum tipo de coerência. O propósito seria esse, levantar a discussão no mundo, a compaixão e a cobiça sobre a Amazônia? Chamar
(mais) a atenção dos brasileiros e do mundo à estupidez do Bolsonaro? Em entrevista à Sputnik Brasil, o advogado Douglas de Castro, especialista em Direito Ambiental e professor de Direito Internacional na UNIP, disse que a proposta de internacionalização da Amazônia fere normas da Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, Douglas de Castro ponderou ao dizer que os países precisam ter cuidado com os recursos naturais que ficam dentro de seu território. Segundo Douglas de Castro, no contexto de outros países pedirem uma intervenção internacional na Amazônia, o Brasil poderá entrar na Corte Internacional de Justiça da ONU. Ufa, que bom. Ter a ONU para nos defender nos deixa mais tranquilos. Como os iraquianos, quando a ONU não autorizou intervenção lá. O ruim mesmo é o Brasil ter um presidente que não esconde que é entreguista e não faz o menor esforço em defender o território nacional e nossos recursos naturais, desde que o destinatário sejam os EUA, sem disfarce. A maneira mais eficiente dos brasileiros defenderem sua Amazônia é botarem o Bolsonaro para fora. Feito isso, nossas chances melhoram, sem um inimigo interno.
8 | INTERNACIONAL E MOVIMENTO OPERÁRIO
ARGENTINA
Trabalhadores protestam contra destruição neoliberal de Macri Cresce a reação dos explorados contra o governo golpista Continuam os protestos contra o governo Macri, que aparece como provável derrotado nas eleições presidenciais, segundo as pesquisas eleitorais. As queixas incluem o reajuste salarial e abertura de postos de emprego, readmissão dos funcionários estatais demitidos (cerca de 35 mil), e declaração de calamidade alimentar nacional. Em um mês, o peso Argentino desvalorizou de 45 para 56 em relação ao dólar Estadunidense. Isso desencadeou uma onde inflacionária que corrói os salários. Naturalmente, o trabalhador pobre é o que mais sofre com isto, vendo a cesta básica subir entre 10% e 12% nos últimos dias. Além de
centrais sindicais, as universidades também se juntam aos protestos, devido aos repasses cada vez menores de verbas por parte da União. A esquerda argentina não pode se enganar com a proximidade das eleições. Em todo o continente latino-americano já está mais do que provado que o imperialismo, aliado com as burguesias locais, não tem qualquer vergonha de aplicar golpes eleitorais. Além do mais, a chapa concorrente já tem acenado com uma tendência nada radical, de colaboração com o imperialismo, de submissão aos ditames do Fundo Monetário Internacional.
ALTA TAXA DE ANALFABETISMO
Menos de 1% da população concluíram o mestrado O acesso ao ensino superior no Brasil é para uma minoria, mesmo na graduação, no mestrado esses índices são baixíssimos Relatório publicado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aponta que apenas 0,8 % da população ente 25 e 64 anos concluíram o mestrado. Os níveis são baixíssimos em relação aos países desenvolvidos e, se depender dos golpistas e principalmente do governo ilegitimo de Jair Bolsonaro, esses índices chegaram a 0%. Neste mês, foram cortados 12% das bolsas de pesquisa e o orçamento da CAPES, agência de fomento do ministério da educação foi reduzido pela metade .
A média dos países desenvolvidos é de 13%, no Brasil, com o avanço da extrema direita, esses índices de 0,8% vão chegar aos cursos de graduação, pois a intenção dos lacaios do imperialismo é destruir as universidades brasileiras. O Brasil, durante séculos, deixou o povo no mais completo abandono, apenas nos governos Lula e Dilma houve uma ligeira melhora, porém em quase três anos de golpe a educação pública está sendo destruída, estão atacando onde era melhor: as universidades. Os ataques dos golpistas à Educação vêm desde o governo Temer, com
a PEC do Teto (que congelou por 20 anos os investimentos públicos em Educação, Saúde etc), o projeto “Escola sem Partido”, a reforma do Ensino Médio etc. e estão sendo aprofundados com todo tipo de atrocidade do governo Bolsonaro. A única forma de reverter esse quadro é a mobilização nas ruas pela derrubada do governo de conjunto. Somente a luta pelo fim do governo destruidor da educação e opressor da população brasileira vai reverter essa situação desesperadora e miserável.
PRIVATIZAÇÕES DAS ESTATAIS
Bancários se unem aos trabalhadores das estatais contra privatizações Plenária nacional contra as privatização define dia de luta No último dia 5 de setembro realizou-se, na sede do Sindicato dos Bancários de Brasília, a Plenária Sindical Contra as Privatizações de Bolsonaro, com as presenças de vários dirigentes das diversas empresas estatais e personalidades políticas, tais como a presidenta nacional do PT e deputada federal, Gleisi Roffmann, e o presidente da CUT nacional, Wagner Freitas. Como representante dos bancários dos bancos públicos, esteve presente a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/Cut), Juvandia Moreira, em que destaca que “nos bancos públicos, a privatização vem disfarçada, pois começa com o sucateamento, o desmonte do papel dos bancos, mudando o foco de atuação dessas instituições”. Os bancários dos bancos públicos, com o golpe de estado, passam por uma gigantesca ofensiva da direita
golpista com vistas à privatização através das tais reestruturações, quando, os prepostos do governo golpistas nas direções dos bancos estão demitindo em massa, com o fechamento de centenas de agências no país inteiro, aumento das terceirizações, rebaixamento salarial, venda das subsidiárias etc. Além dos bancários, estiveram presentes representantes das organizações dos trabalhadores de várias empresas estatais, tais como os dos Petroleiros, Serpro, Correios, Dataprev, Tebras, Eletrobras, EBC, dentre outros representantes, em que definiram o próximo dia 20 paralisações e atos nos locais de trabalho em defesa das estatais, patrimônio do povo brasileiro. A única forma eficaz de luta neste momento para impedir os ataques e a entrega das estatais ao capital estrangeiro, ao imperialismo, é a intensificação das mobilizações e organizar uma
greve geral das empresas estatais. A vitória dos trabalhadores somente poderá estar assegurada se houver uma radicalização da luta através das ocupações das empresas, como medida
de força para impedir as privatizações das estatais e barrar a entrega do patrimônio do povo brasileiro pelo governo golpista, capachos dos banqueiros e capitalistas estrangeiros.
MORADIA E TERRA | CULTURA | 9
MOVIMENTOS SOCIAIS SP
Quase três meses da prisão de lideranças dos sem teto do centro de SP Mais de 70 dias de prisão de lideranças das ocupações do centro de São Paulo, Doria e Covas estão criminalizando os movimentos, liberdade aos presos Os golpistas de São Paulo Bruno Covas, prefeito da capital e João Doria governador do estado de São Paulo estão desferindo mais um ataque ao conjunto da população sem teto. Ontem ocorreu no conselho Estadual de Habitação do Estado reunião com o objetivo de excluir dos programas habitacionais os Movimentos e Entidades diversas que apoiam ou organizam as ocupações as que vai votar a Resolução que exclui dos Programas Habitacionais do Estado os Movimentos e Entidades que apoiam ou Organizam as Ocupações, o governo dos golpistas do estado e da maior capital da América Latina considera que os trabalhadores e a população, em geral, sem onde morar são criminosos e quem defende esta luta pelo bem estar social do conjunto da população devem apodrecer na cadeia, por isso vem crimi-
nalizando todos que se atrevam a ter um pouco de humanidade. A perseguição é implacável! São 79 dias onde as lideranças dos movimentos de ocupação do centro de São Paulo estão presos pela máquina judiciária do golpista PSDB, são elas, Janice Ferreira da Silva (Preta Ferreira), Sidnei Ferreira e Edinalva Franco, no início eram quatro lideranças presas, Angélica foi liberada, apesar de presas sem provas, de forma totalmente arbitraria pelo promotor, fascista, Cássio Conserino, do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), seu habeas corpus foi apreciado favoravelmente, no entanto, pelas regras impostas, é como se continuasse presa. A Preta Ferreira, em entrevista ao GGN, Canal do Youtube, indagou: “Onde está a Justiça?” “Eu fui presa por combater a injustiça. Isso sempre esteve em minhas
veias. Agora bato de frente com ela diariamente”. Refletindo seu sentimento ao estar presa há mais de 70 dias. Todas essas lideranças presas sem que haja qualquer prova é, nada mais nada menos que uma perseguição política implacável aos movimentos sociais, cuja função é a total destruição das organizações de esquerda, cujo objetivo é fechar o golpe que começou com o impeachment de Dilma Rousseff em 2016, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) em abril de 2018 e, tanto o Doria Quanto o Covas São partes integrantes desse ataque. Disse ainda, “assim como eu, inocente, estou aqui presa, existem outras mulheres, em sua grande maioria negras, presas injustamente. Jogaram a gente em um navio negreiro”… Sobre a campanha que os movimentos populares fazem por sua liber-
dade, Preta reforça que a luta não se resume a ela. “Não é só ‘Preta Livre’. São ‘Pretas Livres’”. Os golpistas do PSDB têm um único objetivo, qual seja, o de criminalizar os movimentos, retirar todos os mais de seis mil moradores nos prédios abandonados às traças e entregar aos capitalistas para especulação imobiliária, ou seja, os mesmos que deixaram de pagar Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) por anos a fio, poderem se beneficiar das melhores condições em que se encontram os prédios agora. Os movimentos devem se manter organizados, ampliar as mobilizações por todos os cantos do país para derrotar os ataques políticos implementados pelos golpistas, garantir as moradias e libertar todos os presos políticos, como as lideranças das ocupações do centro etc.
POLÍTICA GOLPISTA
CONSEQUÊNCIAS DO GOLPE
Mais uma censura de peça teatral
A cada hora 7 mulheres são estupradas: retrato do golpe
Peça, baseada em livro de Galeano, mostra ditadura onde é proibido abraçar ou falar. O grupo de teatro Clowns de Shakespeare, do Rio Grande do Norte, teve espetáculo censurado nesse fim de semana (7). A companhia estava em cartaz na Caixa Cultural Recife com o espetáculo “Abrazo”, que é baseado no “Livro dos Abraços”, do escritor Eduardo Galeano. A ordem de cancelamento da apresentação se deu após a primeira seção. De acordo com o grupo. a ordem veio de alguém de cima da Caixa Cultural. O argumento da Caixa Cultural Recife foi por “descumprimento con-
tratual”. Em vídeo postado na rede, o diretor da peça, Marco França, disse que isso é “uma censura travestida com argumentos jurídicos”. A peça conta a história de personagens que passaram por uma ditadura onde era proibido abraçar ou falar. Isto é mais um caso de censura e só mostra para que veio a política golpista que ruma para uma ditadura. É preciso denunciar mais esse caso de censura e mostrar tudo o que implica a política golpista, que vai rumando para uma ditadura.
A sociedade conservadora afunda, a cada dia mais, as mulheres às violências sexuais recrudescidas pelo governo de extrema-direita.
A posição das mulheres na sociedade de classe é sempre uma contradição, muitas alcançaram seus postos no mercado de trabalho, na vida política, mas esse avanço demagógico nunca foi o suficiente para emancipar a mulher trabalhadora das agruras do mundo capitalista. Com o recrudescimento da crise que vem se instalando no Brasil desde o golpe de Estado, e das formas de repressão e opressão do governo bolsonarista, a situação de segurança das mulheres está em pura decadência. Somente em 2018, foram registrados 66.041 casos de estupros, representando um aumento de 4,1% em relação a 2017, segundo os dados divulgados na última terça-feira(10), pelo Fórum Brasileiro de Segurança. Em outras palavras, a cada uma hora, sete mulheres são estupradas. Esse é o retrato do golpe, que coloca a mulher numa completa situação de inferioridade às explorações às quais a mulher é submetida.
Desses casos, 75% desses estupros são praticados por conhecidos da vítima, tendo grandes chances de ser um parente e acontecer dentro de casa, sendo que 70% das vítimas têm entre 0 e 17 anos. Quanto mais o governo fascista e conservador de Bolsonaro quer mostrar a política familista como sendo a correta, em que as necessidades da mulher são ignoradas por completo em prol da “família”, isso só as oprime cada vez mais, e é aí que elas acabam naturalizando as violências sofridas. O Mato Grosso do Sul é o estado que mais registrou casos de estupro, tendo uma taxa de 70,4% para cada 100.000 habitantes. O Fórum de Segurança Pública ainda deixou frisado que esses casos de estupros são bastante sub notificados no Brasil, pois, em geral, as vítimas têm medo em fazer uma denúncia. Sendo assim, a realidade é muito mais cruenta do que parece e mostra a urgência em tirar os conservadores do poder para que, só então, a mulher possa se emancipar numa sociedade não capitalista.
12 | ESPORTES
ESPORTES Clube-empresa: burguesia discute no Congresso a destruição do futebol Os capitalistas querem que o futebol tenha dono e plateia, não torcida. A burguesia nacional e o imperialismo revelam-se cada vez mais empenhados em concluir o seu processo de domínio total sobre uma das maiores paixões e um dos principais patrimônios do povo brasileiro — o futebol. A bola da vez é a transformação dos clubes de futebol em empresas capitalistas: de associações sem fins lucrativos, modelo adotado por praticamente todos no país, passariam a ser sociedades anônimas ou limitadas. O chamado “clube-empresa” já é o modelo que vigora amplamente no futebol europeu, pelo qual os clubes de futebol são dirigidos diretamente por grandes monopólios capitalistas. Por lá, a massacrante maioria dos clubes é agora propriedade de grandes capitalistas do ramo do petróleo, das comunicações, de bebidas, da especulação financeira etc. Trata-se de um modelo intimamente relacionado com o predomínio da política neoliberal em todo o mundo, a partir da década de 1980, com a Inglaterra de Margaret Thatcher, mais uma vez, assumindo o pioneirismo nessa área. A replicação do modelo europeu em terras brasileiras tem sido tentada há mais de duas décadas, mas parece que, agora, com o desenvolvimento do golpe de Estado e a ofensiva política da direita e da extrema-direita no país, a burguesia finalmente dá indícios de que tomará medidas mais sérias para concretizar esse objetivo. É o que indicam as movimentações políticas mais recentes, tanto no Congresso e no Executivo quanto na CBF, nas federações e nos clubes de futebol. O Governo federal, grupos no Senado e na Câmara dos Deputados, a CBF,
as federações estaduais e os cartolas têm trabalhado nos últimos meses para articular as mudanças legislativas necessárias para a “empresarização” dos clubes. A ânsia da burguesia e de seus funcionários é tanta que já há, inclusive, conforme informa a imprensa burguesa, três propostas alternativas que competem entre si para promover a entrega total do futebol aos monopólios capitalistas. Apoiado pelo golpista Rodrigo Maia, do DEM-RJ, há um projeto que está sendo gestado na Câmara dos Deputados que ainda será apresentado formalmente, mas que já gera a expectativa de ser votado no próximo mês de outubro. No Senado, com o apoio dos ex-atletas Romário (Podemos-RJ) e Leila (PSB-RJ), tramita o Projeto de Lei do Senado 68/2017, que institui uma dita “Lei Geral do Esporte” e regulamenta a criação de uma sociedade anônima específica para o esporte. O governo fraudulento de Jair Bolsonaro também demonstrou interesse na matéria e o seu Ministro da Economia, Paulo Guedes, escalou o seu assessor Afif Domingos para acompanhar o desenrolar das discussões legislativas e interferir no processo com ideias próprias. Independentemente das particularidades de cada proposta, o importante aqui é destacar o avanço real da iniciativa da direita golpista no sentido de destruir o futebol enquanto esporte, arte e manifestação popular. Restrito no Brasil a apenas alguns clubes de menor expressão, o modelo de clube-empresa ameaça se generalizar pelo país afora, constituindo um verdadeiro ataque contra o povo torcedor, formado por trabalhadores,
pobres e explorados, que serão inevitavelmente excluídos e jogados para fora dos clubes e dos estádios. A instituição do modelo de clube-empresa significa a passagem do controle indireto (por meio de “parcerias”, patrocínios, consultorias etc.) para o controle direto dos clubes pelos grandes capitalistas. Para conseguirem dominar totalmente os clubes, os capitalistas sabem que é preciso acabar com qualquer vestígio de democracia, de participação popular, expressa na organização das torcidas dos clubes. As torcidas organizadas, como organizações do povo pobre e trabalhador, constituem um obstáculo real para os planos da burguesia, na medida em que se opõem às tendências nefastas — exemplificadas pela elitização dos estádios, pelo encarecimento dos preços dos ingressos, pela proibição das festas e das manifestações tradicionais das torcidas, pelo aumento cres-
cente da repressão policial etc. — que serão levadas às últimas consequências com a implementação do clube-empresa. Para a burguesia, é preciso neutralizar as torcidas organizadas, reprimindo-as ou, se possível, extinguindo-as. Daí toda a campanha que a imprensa burguesa e a direita vêm fazendo contra os torcedores, em favor da censura e da repressão sob o pretexto, por exemplo, do “combate à homofobia” nos estádios. É imperativo denunciar os planos da burguesia para o futebol e se colocar abertamente ao lado daqueles que representam os interesses da ampla parcela dos torcedores dos clubes e têm totais condições – se seguirem uma política correta de enfrentamento com os inimigos do futebol – de impedir o controle dos capitalistas sobre as equipes. Contra o Futebol Moderno! Por um esporte popular, dirigido pelo povo organizado!
Todos os domingos às 20h30 na Causa Operária TV