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QUINTA-FEIRA, 12 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5763
EDITORIAL: GENERAL E TST ORGANIZAM GUERRA CONTRA GREVE
1° GREVE CONTRA O BOLSONARO TODO APOIO À GREVE DOS CORREIOS!
Lula chama todos às caravanas para o ato em Curitiba dia 14 Por isso dia 14 é dia de tomar Curitiba para começar um grande movimento nesse sentido. É preciso que as direções da esquerda tomem a decisão de começar a se movimentar nesse sentido. Lula é uma questão central na luta democrática porque é nele que a maioria queria votar em 2018, é uma defesa de que o voto seja minimamente representativo. Além disso, a libertação de Lula pressionaria a direita e alimentaria a crise dos golpistas, polarizando mais a situação, mobilizando os trabalhadores contra os ataques da direita. Por tudo isso, todos a Curitiba dia 14!
Reinaldo Azevedo procura se reciclar e é apoiado pela esquerda
Centrão procura colocar Carlos Bolsonaro na linha para apagar o fogo
Na noite da última segunda-feira (09) houve um debate no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo sobre liberdade de imprensa, jornalismo e democracia. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Jornalistas, a OAB, ABI, Fenaj, Instituto Vladimir Herzog e por centros acadêmicos da USP.
Na última segunda-feira (09), o vereador fascista Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) publicou no Twitter uma mensagem ameaçadora contra qualquer resquício de democracia que possa existir no Brasil. “Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”, escreveu “Carluxo”, como ficou conhecido
Direita que censura a Bienal censurou livro no meio da eleição de 2018 Semana passada o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, tentou impedir a circulação de uma história em quadrinhos na Bienal do Livro da cidade. A história, “Vingadores, a cruzada das crianças”, tem a cena de um beijo entre dois meninos homossexuais, o que teria ofendido a sensibilidade religiosa do prefeito carioca, ou, ao menos, foi o que o político alegou.
Felipe Neto, um lava-jatista “arrependido”
2 | OPINIÃO EDITORIAL
CAUSA OPERÁRIA ILUSTRADA
General e TST organizam guerra contra greve Menos de 24 horas após a decretação da greve dos trabalhadores dos Correios, a direção golpista da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), comandada pelo general bolsonarista Floriano Peixoto, decidiu se apoiar – mais uma vez – no reacionário TST (Tribunal Superior do Trabalho) para atacar a greve e levar adiante os planos do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro de demitir dezenas de milhares de trabalhadores e privatizar a empresa. Além de negar, é claro, todas as reivindicações da categoria ecetista na atual campanha salarial. Segundo os sindicalistas, a greve teria alcançado cerca de 65% dos trabalhadores em todo o País, diante do que a ECT entrou com pedido de dissídio coletivo no TST, ontem (dia 11), quase ao mesmo tempo em que a própria direção do Tribunal ter anunciado que iria encaminhar o julgamento da greve no caso da empresa não se manifestar. Rapidamente (mostrando que a justiça só é lenta quando interessa aos patrões), a audiência de conciliação foi marcada para hoje, às 13h30, na Seção Especializada em Dissídios Coletivos do TST, em Brasília. Mostrando sua clara disposição em capitular diante do general e do TST, a federação fantasma criada pelo PCdoB, para dividir a luta da categoria se apressou em dizer que estão “confiantes de haja uma boa negociação, afinal, não tem nenhuma solicitação fora do comum: reposição da inflação no salário e manutenção de benefícios”, por meio de Douglas Cristóvão de Melo, diretor de comunicação da Findect. O sindicalista da entidade que comandou o adiamento da greve, mesmo diante dos ataques do general e da decisão do governo de privatizar a ECT, declarou que “o pedido de dissídio coletivo pelos Correios foi uma vitória dos funcionários, pois obrigou a empresa a recuar e buscar a mediação no judiciário”. Desta forma, buscou deixar evidente de que para esses setores pelegos, a greve nada tem a ver com a luta necessária con-
tra a privatização e que estão dipostos a chegar a um entendimento com os golpistas que não querem atender nenhuma das reivindicações da categoria e ainda pretendem cortar novos benefícios conquistados pela luta da categoria em anos anteriores. Não há qualquer disposição do governo de chegar a qualquer entendimento real com os trabalhadores. O general e toda a direção golpista querem impor uma derrota a categoria para deixar o caminho livre para a privatização. Por isso mesmo, para não ser derrotada, a greve precisa avançar no sentido de um combativo enfrentamento da categoria contra o governo e os lacaios dos tubarões capitalistas que querem tomar os Correios por meio de uma privatização fraudulenta, como foram todas as realizadas pelos governos da burguesia golpista. Para que a categoria seja vitoriosa, é preciso superar a politica da imensa maioria das direções sindicais de fazer da greve, dia de folga, em que o trabalhador fica em casa, aguardando pela encenação de negociação que, em 99% dos casos, termina com uma traição das direções aos trabalhadores. O que está em jogo é o futuro de dezenas de milhares de pais e mães de família. Cerca de meio milhão de pessoas (ecetistas e seus familiares) sofreram rápida e diretamente com a privatização, com demissões, rebaixamento dos salários etc. Todo o povo brasileiro também sairá perdendo com a entrega do patrimônio dos Correios e do monopólio de serviços essenciais para capitalistas estrangeiros e/ou seus consorciados no Brasil. Não haverá, com certeza, uma “boa negociação”. Ou haverá uma boa derrota dos trabalhadores pelas mão do TST e por com a traição dos sindicalistas, ou haverá uma boa derrota do general e do capitão-presidente. Essa só pode ser conquistada por meio de uma greve ampla, combativa, que promova grandes mobilizações de rua e organize a ocupação dos prédios dos Correios contra as demissões e a privatização.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 3
1° GREVE CONTRA O BOLSONARO
Todo apoio à greve dos Correios! A greve dos trabalhadores dos Correios é a primeira categoria a enfrentar o governo golpista de Bolsonaro e por isso deve ser apoiada por todos que lutam contra a direita A greve dos trabalhadores dos Correios que iniciou-se no dia 11 de setembro em todas as capitais do país, com a adesão de cerca de 50% do efetivo da empresa, que possui 102 mil trabalhadores, tem um caráter tipicamente político, ou seja, os trabalhadores entenderam que não basta garantir a manutenção das cláusulas sociais e econômicas, mas é preciso derrotar o governo golpista na luta contra a privatização da ECT (Empresa Brasileira dos Correios e Telégrafos). Além dos Correios, o governo Bolsonaro está ameaçando privatizar de uma só leva, mais 16 empresas estatais, o que significa entregar o patri-
mônio público brasileiro e seus serviços aos parasitas dos capitalistas internacionais. Diante disso, a greve dos Correios pode se tornar uma alavanca na mobilização de todos as categorias que também estão ameaçadas pelo golpista Bolsonaro, como também agrupar a classe operária em um movimento contra Bolsonaro, através da palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas, eleições gerais com a liberdade de Lula. Todos aqueles que entendem a necessidade de derrubar imediatamente esse governo fraudulento de Bolsonaro precisa apoiar a greve dos Correios, participando das passeatas, atos e da
CAMPANHA SALARIAL
campanha de rua que está sendo feita pela categoria. A greve dos Correios pode ser mais um prego no caixão do governo super desmoralizado do golpista Jair Bolso-
naro, é preciso intensificar as mobilizações que lutam contra o golpismo, pois só assim , podemos barrar os ataques dos golpistas contra o povo, como é o caso da privatização dos Correios.
DEMISSÃO EM MASSA NO BRADESCO
Operários dos frios farão assembleia “Novo” plano de demissão em da campanha salarial de 2019/2020 massa no Banco Bradesco Trabalhadores fazem assembleia no próximo dia 20 de setembro
Neste mês de setembro, os trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo iniciaram sua campanha salarial. Os frigoríficos são um dos setores indústrias que vêm tendo os maiores lucros no país, os resultados mostram lucros que ultrapassam aos 100% nos últimos dois trimestres em relação ao mesmo período do ano passado, em termos das maiores empresas e estão entre as dez do ranking. Os últimos dois outros anos, os produtos do ramo alimentício tem seus preços elevados muito acima da inflação, no entanto, os percentuais oferecidos aos trabalhadores são insignificantes, diante dos altíssimos lucros auferidos ao setor frigorífico. Enquanto isso, os preços do gás, do aluguel, entre outros, também se elevam a cada dia que passa e os salários dos operários perderam o seu poder de compra. Os representantes do sindicato dos trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio estão fazendo reuniões com os trabalhadores das fábricas de diversas regiões, debaten-
do o tamanho do descaso para com a situação dos seus salários, bastante defasados, e que vem perdendo o seu poder de compras a cada ano que passa, especialmente depois do golpe de Estado. Na próxima semana, no dia 20 de setembro, será realizada assembleia geral de todas as regiões, onde se encontram os frigoríficos. Nesta semana até o dia da assembleia ocorrerão reuniões com os trabalhadores nas portas das fabricas. Serão confeccionados cartazes, camisetas, adesivos e, os carros de som estarão passando nas fábricas convocando a assembleia. Será discutida a pauta da campanha salarial referente ao período de 2019/2020, é importante que os trabalhadores façam sugestões, enviando ao Sindicato dos Frios, podendo entrega-las aos representantes, ou por telefone, etc.. Vejam nos boletins Faca Afiada qual o dia em que os representantes do Sindicato dos Frios estarão em sua região, junte os colegas de trabalho debata com seu sindicato e veja como ir à assembleia do dia 20 de setembro.
Banco Bradesco lança Plano de Demissão Em menos de dois anos, depois de lançar um plano de demissões, os banqueiros golpistas do Banco Bradesco lançam mais um plano, que visa jogar no olho da rua milhares de trabalhadores. O primeiro plano de demissões aconteceu logo em seguida à “eleição” fraudada do fascista, Bolsonaro. Agora, no final de agosto, o banco anunciou mais um plano que pretende demitir milhares de bancários, e os seu público alvo são aqueles que se encontram aposentados pelo INSS, mas continuam trabalhando, ou que preenchem os requisitos para se aposentar; os funcionários com 20 anos ou mais de trabalho no banco; e os que detém estabilidade no emprego, tais como os representantes das Ci-
pa’s (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). O plano é idêntico lançado, recentemente, pelos golpistas do banco Itaú, o que demonstra, mais uma vez, a ofensiva reacionária dos banqueiros contra os trabalhadores para aumentar os seus já fabulosos lucros às custas da desgraça da classe trabalhadora. É necessária uma ampla campanha dos trabalhadores e suas organizações contra a liquidação da categoria bancária. A luta em defesa do emprego deve estar vinculada à luta para derrotar o golpe e suas medidas, única maneira efetiva de se contrapor aos banqueiros e ao governo golpista por eles instalado. Fora Bolsonaro, eleições gerais, Liberdade para Lula.
4 | POLÍTICA
PROPULSOR DA EXTREMA-DIREITA
Reinaldo Azevedo procura se reciclar e é apoiado pela esquerda Jornalista direitista participou de ato da esquerda e tem sido elogiado por parte da imprensa progressista Na noite da última segunda-feira (09) houve um debate no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo sobre liberdade de imprensa, jornalismo e democracia. O ato foi organizado pelo Sindicato dos Jornalistas, a OAB, ABI, Fenaj, Instituto Vladimir Herzog e por centros acadêmicos da USP. Contou com a presença de diversas personalidades esquerdistas, como o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), os vereadores Eduardo Suplicy (PT) e Sâmia Bonfim (PSOL) e os jornalistas Glenn Greenwald, Leandro Demori (Intercept) e Juca Kfouri. Entretanto, apesar de ser um ato de esquerda e com a participação de movimentos sociais, um dos convidados que discursou foi o ultradireitista Reinaldo Azevedo, um dos maiores propagandista da extrema-direita no Brasil nos últimos anos. Em sua fala, o jornalista defendeu o óbvio, o que já não é mais possível negar sem ser minimamente desonesto.
“Não há provas contra Lula”, disse. Essa tem sido a posição de Azevedo há algum tempo, percebendo o desastre que têm sido os sucessivos governos golpistas e a cada vez mais crescente impopularidade da direita. Ele ficou famoso por escrever os mais baixos ataques contra o PT na Revista Veja, folhetim fascista que foi um dos artífices da propaganda golpista para derrubar Dilma e prender Lula, desde os primeiros anos de seu governo. Foi Azevedo quem cunhou o apelido “petralha” para os petistas e a esquerda em geral. Tem um histórico de anos de ataques contra os trabalhadores e a esquerda. E agora procura se reciclar, posando de democrata e antifascista. E a esquerda pequeno-burguesa cai na lábia de Reinaldo Azevedo, apenas porque tem, de maneira demagógica, criticado a Lava Jato e o bolsonarismo. Essa esquerda esquece que Azevedo foi um dos propulsores do bolsonarismo. Com sua propaganda anticomu-
nista feroz, diariamente em diversos veículos de comunicação, ele alimentou o crescimento das ações fascistas e do próprio Bolsonaro. A esquerda tem que entender que trata-se de uma luta de classes com a
direita, e Reinaldo Azevedo, por mais que se apresente como um “direitista arrependido”, é um agente da direita e da burguesia e não merece crédito nenhum por parte da imprensa de esquerda e dos movimentos populares.
NÃO SÃO DEMOCRATAS
Centrão procura colocar Carlos Bolsonaro na linha para apagar o fogo Reação de setores do centrão não significa que sejam democratas, mas que declarações de Carlos Bolsonaro colocam a estabilidade do regime golpista em perigo Na última segunda-feira (09), o vereador fascista Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) publicou no Twitter uma mensagem ameaçadora contra qualquer resquício de democracia que possa existir no Brasil. “Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”, escreveu “Carluxo”, como ficou conhecido um dos filhos do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro. Trata-se de uma nova ameaça de golpe feita pela extrema-direita, dentre muitas que ocorreram desde o golpe do impeachment contra Dilma Rousseff em 2016. Essa frase escancara pela enésima vez o caráter abertamente fascista da família Bolsonaro e do núcleo duro do bolsonarismo. Não pouparão esforços para, quando possível, estabelecer uma verdadeira ditadura fascista, removendo do caminho todos os seus adversários políticos, a começar pela esquerda, e dizimando o movimento operário.
No entanto, pelo perigo que representa essa ameaça para a população, é grande a probabilidade de reação popular através da mobilização dos movimentos de luta contra o golpe e a direita. Até porque essa declaração tem a capacidade de mobilizar setores mais reacionários das Forças Armadas a favor de um golpe militar, e a popula-
ção tenderia a se movimentar de maneira mais radical contra essa ação. Sabendo da gravidade dessa declaração para a própria estabilidade do regime golpista, a direita que é igualmente golpista ou mesmo fascista criticou a posição de Carlos Bolsonaro. O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, um fascis-
ta de carteirinha, fez novamente demagogia ao dizer que a democracia é “fundamental” e um dos “pilares da civilização ocidental”. Por sua vez, o presidente do Senado, David Alcolumbre, disse que esse tipo de comentário merece “desprezo”, enquanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, destacou que essa posição “não cabe em um país democrático”. Já o abutre golpista Ciro Gomes, que tenta mas não consegue se passar por esquerdista, afirmou que “não precisamos saber a opinião desse boboca, mas precisamos que Bolsonaro diga claramente que foi uma bobagem. Ele deve defender o estado democrático”. Para além das brigas intestinas desse setor representativo de uma ala da burguesia com Bolsonaro, há uma clara intenção corretiva em relação às posturas do presidente legítimo e seus filhotes fascistas. Faz parte da tentativa de colocar Bolsonaro na linha para evitar o aprofundamento da crise do regime golpista, já intensamente desgastado e impopular.
POLÍTICA | 5
MENINOS SEM PÁTRIA
Direita que censura a Bienal censurou livro no meio da eleição de 2018 A mobilização em torno da censura fez parte da própria mobilização da base de extrema-direita bolsonarista durante o processo eleitoral Semana passada o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, tentou impedir a circulação de uma história em quadrinhos na Bienal do Livro da cidade. A história, “Vingadores, a cruzada das crianças”, tem a cena de um beijo entre dois meninos homossexuais, o que teria ofendido a sensibilidade religiosa do prefeito carioca, ou, ao menos, foi o que o político alegou. Com base em suas crenças, o prefeito quis proibir o resto da humanidade de poder folhear uma revistinha em quadrinhos durante a Bienal do Livro, exigindo que o material só pudesse ser vendido se fosse lacrado em um saco preto com um alerta aos pais. Esse episódio grotesco de interferência do Estado na liberdade de expressão, um direito democrático básico de toda a população que foi atacado por Crivella, revela o perigo que estamos correndo sob a ofensiva da direita golpista. Se não houver uma reação à altura às investidas da direita, eles vão determinar o que se pode ou não ler, o que se pode ou não ouvir, o que se pode ou não assistir etc.
A mobilização em torno da censura fez parte da própria mobilização da base de extrema-direita bolsonarista durante as eleições. No começo de outubro do ano passado, logo antes da votação do primeiro turno, um pequeno grupo de pais de extrema-direita se
mobilizaram contra um livro em uma escola no Rio de Janeiro. Um professor do Colégio Santo Agostinho, no Leblon, indicou a leitura do livro Meninos Sem Pátria, de Luiz Puntel. O livro faz parte da famosa “Coleção Vagalume”, e fala sobre a experiência de famílias
exiladas por causa das ditaduras na América Latina. Por causa desse tema, pais bolsonaristas acusaram a escola de estar usando um livro que faria “doutrinação comunista”. E, com base nisso, conseguiram obrigar a escola a recuar, e a atividade de leitura com esse livro foi suspensa. Esse acontecimento, fruto do clima fascista instaurado durante as eleições de 2018, serviu de campanha eleitoral para a extrema-direita, que procura prevalecer por meio da truculência. Essa atitude continua vigente agora. O golpista ilegítimo Jair Bolsonaro está cada dia mais impopular, e a cada dia está mais difícil ocultar isso. Por isso, o que resta à extrema-direita é procurar calar toda a sociedade. Censura e repressão estão se tornando métodos de sobrevivência para um governo generalizadamente odiado. É preciso enfrentar essas tentativas da direita de controlar o que pode ser falado por meio de iniciativas como a formação de comitês de autodefesa, nas escolas, faculdades, bairros, locais de trabalho e em toda parte.
LAVOU, TÁ NOVO
Felipe Neto, um lava-jatista “arrependido” Agora a moda é mudar de lado O youtuber Felipe Neto, que apoiou o golpe contra Dilma, fazia críticas ao PT, apoiou a Lava Jato e defendeu a prisão do ex-presidente Lula, batendo boca com Zé de Abreu na internet, está disponível em embalagem nova, quem sabe de olho em uma futura carreira política. Ele virou o novo herói nacional ao comprar 14 mil livros com temática sobre homossexualidade, transexualidade, bissexualidade, intersexualidade etc. e mandar distribuir de graça na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, todos envoltos em um plástico preto com os seguintes dizeres: “Impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas”, a milhares de adolescentes seus fãs, que não sabiam o conteúdo de cada embalagem. A iniciativa foi uma reação à tentativa de censura do prefeito Marcelo Crivella a uma história em quadrinho da Marvel, originalmente publicada em 2012, em que dois rapazes se beijam. A reprodução da cena que despertou a ira do ex-bispo da Igreja Universal, ganhou a até primeira página do jornal Folha de S.Paulo. Foi um perfeito episódio ganha-ganha. Todo mundo ganhou. Crivella marcou ponto com seu eleitorado conservador para concorrer à reeleição, 14 mil adolescentes levaram livros grátis, a Folha faturou a imagem de progressista, as editoras que publicaram os
livros encheram a burra, e Felipe Neto fez um golaço de marketing. O moço, agora exibindo discretos cabelos pretos e não mais multicoloridos, aos 31 anos, com 34 milhões de assinantes em seu canal no youtube e 9 milhões de seguidores (mais do que os 5 milhões de robôs que seguem Jair Bolsonaro) diz que mudou nesses 10 anos. Em entrevista ao Estadão, Felipe Neto justificou que antes ele fazia críticas ao PT e até comentários homofóbicos porque “quando comecei a gravar vídeos para a Internet, era um menino de 21 anos ainda em processo de ama-
durecimento, o que me fez criar um personagem reclamão que falava muito palavrão e dizia alguns clichês idiotas e preconceituosos. Dez anos se passaram e, quem me acompanhou durante esse tempo, sabe o quanto eu lutei para corrigir meus erros do passado. Espero que a minha história possa servir de inspiração para muitos jovens que também crescem cheios de preconceitos e reacionarismo dentro de si.” A mudança de Felipe, das brincadeiras bobas que faziam sucesso entre crianças e adolescentes para uma postura política, começou no ano passa-
do, quando aderiu ao #elenão, campanha das mulheres contra Bolsonaro, e passou a se pronunciar contra a extrema-direita. Em dezembro, ele disse à revista Piauí que se sentia com um dever a cumprir “num país onde o presidente recomenda a seus eleitores assistirem a canais no YouTube em que se diz que o Sol gira em torno da Terra e que o nazismo é de esquerda”. Essa sua recente atitude o tornou alvo de uma hashtag #PaisContraFelipeNeto iniciada pelo deputado fluminense Carlos Jordy, do PSL, o mesmo que está sendo processado por Felipe após ter dito publicamente que o youtuber teve ligação com o ataque terrorista na escola de Suzano. “Ele criou fake news sem qualquer indício a respeito”, reclamou o youtuber. Em março, Jordy havia dito na rede, sem qualquer base, que Neto havia ensinado seus seguidores a entrar na deepweb. A hashtag contra Felipe também é impulsionada por outros parlamentares bolsonaristas como Carla Zambelli. “Nós já esperávamos que isso fosse acontecer, porque é o modo de operar desse desgoverno. Tudo eles levam para o campo das reputações e tentam destruir os que se opõe”, disse Neto ao jornal O Estado de S. Paulo. É um elemento de confusão total. Mais um golpista arrependido se reposicionando para se apresentar como opção “de esquerda”. E sobre o Lula, será que ele mudou de opinião?
6 | POLÍTICA
SENADO MODIFICA A REFORMA
Senado: alterações na reforma da Previdência, crise no bloco golpista Senado tenta modificar alguns pontos da reforma da previdência que havia sido aceita na Câmara. As alterações podem gerar atrasos na aprovação, é hora da classe trabalhadora agir. A proposta da Câmara dos Deputados para a reforma da Previdência já era um ataque gigantesco aos direitos dos trabalhadores. Para aumentar ainda mais esse ataque, a direita golpista do Senado aprovou no CCJ uma ampliação da reforma aos trabalhadores dos estados e municípios. No entanto, essas medidas devem atrasar a aprovação da destruição da previdência. Esses atrasos estão relacionados ao fato de os senadores golpistas terem medo da repercussão que as novas medidas podem tomar, já que os trabalhadores dos estados e municípios poderiam questionar no STJ o fato de que o Senado deveria apenas avaliar o que foi votado na Câmara, e não ampliar os ataques.
Na verdade, o STJ golpista nada fará para impedir o ataque aos direitos dos trabalhadores. A crise na direita se dá pelo fato de a burguesia temer que a organização dos trabalhadores extrapole a reivindicação pela continuidade dos direitos trabalhistas e se transforme em um movimento mais amplo, que não se contentaria com uma pequena melhora dentro do capitalismo. Somente a organização real dos trabalhadores poderá barrar a destruição da Previdência. É necessário lutar pela derrubada do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro e pela liberdade de Lula, que era o candidato favorito a ter ganho as eleições. Só assim poderemos garantir os direitos de todos os setores dos trabalhadores.
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INTERNACIONAL | 7
OFENSIVA DO IMPERIALISMO
Golpes dos EUA na América Latina servem para a dominação mundial EUA buscam recuperar influência na América Latina através de golpes e apoio a regimes fascistas pró-imperialistas As tentativas dos EUA de reformatar o cenário político da América Latina à sua medida, no espírito da ressuscitada doutrina Monroe, causam grande preocupação. Em essência, Washington se arrogou o direito, baseado em suas próprias interpretações de usar a força onde quiser derribar governos que, entre outras razões, não o satisfazem” (sítio Sputniknews, 11/09). Essas palavras são do atual chanceler russo, Sergei Lavrov, onde o Ministro das Relações Exteriores da Rússia caracteriza a situação na América Latina não só como preocupante, como afirma que a região está sob forte pressão dos Estados Unidos. Isso nada mais é do que o reconhecimento puro e simples da política de ingerência e intervenção do imperialismo no continente latino, onde a Casa Branca e os falcões ianques (a soldo do grande capital imperialista) buscam a derrubada de todos os governos que se coloquem como hostis à política de Washington para as Américas. A eleição de governos populares no continente nas últimas décadas (Argentina, Uruguai, Brasil, Bolívia, Equador, Venezuela) fez acender o sinal de alerta nos EUA, com o temor de que a situação escapasse ao controle do im-
perialismo, que sempre considerou a região como o seu “quintal”. A política da Casa Branca para a região, portanto, está centrada na determinação de recuperar a hegemonia norte-americana, ameaçada não só pela entrada em cena das massas populares de diversos países, que repudiam a presença do imperialismo na região, como também pela influência conquistada por outras potencias, como Rússia, China e Irã, que, também nas últimas décadas, ampliaram suas relações comerciais e militares com governos populares do continente. Os golpes de Estado e a derrubada de governos populares no continente, portanto, não se apresentam – como muitos querem fazer crer – como fatos isolados ou conjunturais, ou ainda por fatores “internos” de cada país, mas estão sintonizados com a estratégia de conjunto do imperialismo para fazer valer os seus interesses de rapina na América Latina. A pressão e as ameaças de Washington, no sentido de fazer uso da força militar para impor a sua política ao conjunto dos povos oprimidos das Américas, obedece a um só propósito: sufocar e fazer retroceder a tendência geral manifesta em quase todos os países do continente,
que não é outra senão a rebelião popular das massas pauperizadas, atacadas em seus mais elementares direitos pelos governos pró-imperialistas da região. A luta em defesa da soberania e da autodeterminação dos povos latino americanos passa, em primeiro lugar, pela denúncia da política do imperialismo para a região, expressa no apoio
e na sustentação, por parte dos ianques, aos regimes reacionários direitistas de corte fascista, como é o caso do Brasil, com Bolsonaro e da Colômbia, com Iván Duque, passando por Lenin Moreno, do Equador, sem esquecer de Mauricio Macri, na Argentina, responsável pela maior crise e debacle econômica vivenciada pelo país nas últimas décadas.
MALVADEZA BRITÂNICA
Sem “discurso de ódio”, Churchil matou 4 milhões de indianos de fome Escritor e político indiano detona o Império Um político indiano colocou Winston Churchill na mesma categoria de alguns dos “piores ditadores genocidas” do século 20 por causa de sua cumplicidade na Fome de Bengala, segundo reportagem do jornal britânico “Independent”. “Churchill tem tanto sangue em suas mãos quanto Hitler. Particularmente as decisões que ele assinou pessoalmente durante a Fome de Bengala, quando 4,3 milhões de pessoas morreram por causa das decisões que ele tomou ou endossou”, disse o Dr. Shashi Tharoor, cujo novo livro “Inglorious Empire”(Império Inglório) narra as atrocidades do Império Britânico. O autor argumentou que a reputação do ex-primeiro-ministro britânico como um grande líder de guerra e protetor da liberdade era totalmente mal interpretada, dado seu papel na fome de Bengala, que viu quatro milhões de bengalis morrerem de fome. Em 1943, até quatro milhões de bengalis morreram de fome quando Churchill desviou comida para soldados britânicos e países como a Grécia, enquanto uma fome mortal varria Bengala. Durante uma participação no festival de escritores de Melbourne, Austrália, o parlamentar indiano lembrou as ordens de Churchill relacionadas a
navios australianos que transportavam trigo nas docas indianas.”Este é um homem que os britânicos gostariam de saudar como apóstolo da liberdade e da democracia, quando ele tem tanto sangue em mãos quanto alguns dos piores ditadores genocidas do século 20”, disse ele e foi aplaudido. Ele acrescentou: “As pessoas começaram a morrer e Churchill disse que era tudo culpa dos indianos, afinal, por se reproduzirem como coelhos. Ele disse: odeio os indianos. Eles são um povo bestial com uma religião bestial “.” O Dr. Tharoor, que é ex-subsecretário da ONU, também fez uma extensa descrição da exploração colonial britânica e da aniquilação de indústrias tradicionais indianas, como os têxteis, que a reduziram a “um cartaz da pobreza no terceiro mundo” quando os britânicos saíram em 1947. Ele disse que a “desculpa que os apologistas [do império britânico] gostam de apresentar é que não é nossa culpa, vocês é que perderam o bonde para a revolução industrial. Bem, perdemos o bonde porque vocês nos jogaram debaixo das rodas”. Tharoor ganhou destaque pela primeira vez depois de seu sincero discurso na Oxford Union, discutindo o pedágio econômico que o domínio britânico tomou da Índia, em julho de
2015, viralizou na internet. Não é a primeira vez que o Dr. Tharoor manifesta suas frustrações sobre a maneira como Churchill é lembrado pelos livros de história. Em março, ele disse que o ex-primeiro-ministro que levou a Grã-Bretanha à vitória na Segunda Guerra Mundial deveria ser lembrado ao lado dos ditadores mais importantes do século XX. “Este [Churchill] é o homem que os britânicos insistem em ser um apóstolo da liberdade e da democracia”, disse o autor no lançamento de seu livro. “Quando, na minha opinião, ele é realmente um dos governantes mais malvados do século XX e está na mesma categoria de Hitler, Mao e Stalin “. “Os britânicos não apenas seguiram sua própria política de não ajudar as vítimas da fome em Bengala que foi
criada por suas políticas. Churchill persistiu em exportar grãos para a Europa, em vez de alimentar ‘pancinhas firmes’ de verdade, usando sua própria frase, mas para aumentar os estoques de reserva que estavam sendo empilhados no caso de uma futura invasão da Grécia e da Iugoslávia ”. “Navios carregados de trigo vinham da Austrália, atracavam em Calcutá e eram instruídos por Churchill a não desembarcar sua carga, mas seguir para a Europa”, acrescentou. “E quando autoridades britânicas com crise de consciência escreveram ao primeiro-ministro em Londres, apontando que suas políticas estavam causando desnecessárias perdas de vidas, tudo o que ele fez foi escrever com escárnio na margem do relatório: ‘Por que Gandhi ainda não morreu?’ “
8 | INTERNACIONAL
DITADURA NO CHILE
No Chile, torturadores da ditadura Pinochet também estão impunes A impunidade de muitos torturadores da ditadura chilena perdura até hoje, onde muitos militares inclusive têm cargos no Senado e como ministros. As consequência das ditaduras na América perduram até hoje e refletem de maneira clara em alguns governos, como o do golpista Bolsonaro no Brasil, onde o saudosismo ao período militar é constante. Outro país que colhe os frutos da ditadura até hoje o Chile, onde, assim como aqui, não se aplicou as devidas punições aos militares envolvidos em torturas, assassinatos de ativistas e apoiadores da ditadura. Nesta última quarta-feira completou-se 46 anos do brutal golpe de Estado dado pelos militares no Chile e até hoje a maioria dos militares ainda estão impunes. Pablo Sepúlveda Allende, neto de Salvador Allende, presidente legítimo derrubado pela ditadura sangrenta de Pinochet, deu uma entrevista ao sítio Página/12, na Argentina, onde explicita sua indignação com a naturalidade em que militares envolvidos em crimes na ditadura possuem cargos no Senado e como ministros de Piñeda, e mesmo os que foram presos recebem tratamento privilegiado em prisões igualmente privilegiadas.
Allende conta que no Chile existe uma figura parecida com Bolsonaro, e que chegou a concorrer nas últimas eleições presidenciais, que é José Antonio Kast, advogado e político bastante influente. Kast é líder do Partido Republicano e vem de uma família alemã, seu pai foi um oficial nazista de Hitler e esteve envolvido no assassinato e desaparecimento de dezenas de camponeses durante a ditadura de Pinochet. Pablo explica que durante o governo de seu avô, da União Popular, muitos dos camponeses puderam crescer e melhorar suas vidas devido a reforma agrária, contudo, no dia seguinte ao golpe, a família Kast entregou os líderes dos camponeses, que desapareceram para sempre. Allende vive há 10 anos na Venezuela, país em que ele trabalha como médico em comunidades indígenas. Pablo sabe que a situação da crise na Venezuela é causada pelo imperialismo norte-americano, que teve envolvimento nas ditaduras da América. Ele continua explicando que os
poucos militares que estão presos, ficam em Punta Peuco, um cárcere que é mais como uma hospedagem num hotel. Segundo ele, uma das promessas de Bachelet para a presidência era acabar com esse local, contudo, por falta de coragem política, acabou não o fazendo. O quadro de impunidades é de estarrecer qualquer um que tenha consciência política e, mais ainda, quem
teve sua família destruída pelos assassinos e torturadores da ditadura, como foi o caso de Allende e seu avô. As práticas de espionagem da ditadura chilena perduram até hoje por lá, segundo Pablo, há uma constante vigilância de dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos. Não haverá justiça enquanto esses torturadores não receberem castigo do povo, respondendo aos seus crimes.
LÍDER COMPLETARIA 95 ANOS
12/09/1924: nasce Amílcar Cabral, líder da independência de Cabo Verde Amílcar é uma das principais figuras na luta pela libertação da Africa, sendo importante em Guiné-Bissau e Cabo Verde e tendo participado do MPLA angolano. No dia 12 de Setembro de 1924, nascia na cidade de Bafatána Guiné Portuguesa, Amílcar Lopes Cabral, que viria a ser um dos maiores líderes da esquerda nacionalista dos movimentos de libertação das colônias africanas. Tendo vivido até aos 8 anos na antiga Guiné Portuguesa, atual Guiné-Bissau, e posteriormente se mudando aos 8 anos para Cabo Verde. Em 1945 conseguiu uma bolsa de estudos para estudar em Lisboa, onde teve contato com grupos anti-fascistas e marxistas que ajudaram a moldar seu pensamento. Contratado pelo governo português para trabalhar como adjunto nos Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné, teve de viajar o país, o que somando com seu conhecimento avançado sobre a sociedade da época, fez com que tivesse feitos como o de criar a criação da primeira a Associação Esportiva, Recreativa e Cultural da Guiné, aberta a todos os guineenses e despertando a atenção do governo da colônia, que o exilou na Angola, onde se juntou ao Movimento Pela Libertação de Angola (MPLA). Em 1959, funda o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), tendo adesão de inúmeros trabalhadores e realizando greves de imediato, com imensa repressão do governo colonial. O partido sai da ilegalidade 4 anos mais tarde, mesmo ano em que tem início a luta armada contra a Metrópole Portuguesa.
Foi assassinado em 20 de Janeiro 1973 por dois membros traidores de seu próprio partido. Sua morte polarizou ainda mais a população, que proclama a independência em 24 de Setembro de 1973. A repressão contra o povo dos países africanos por parte das metrópo-
les europeias eram imensas, com torturas, assassinatos e a supressão de direitos democráticos e trabalhistas. A luta pela independência trouxe inúmeros ganhos para os povos e, inclusive, teve influência direta na revolução portuguesa de 1974. Uma das célebres frases de Amílcar
é: “Perguntar-nos-ão se o colonialismo português não teve uma ação positiva na África. A justiça é sempre relativa. Para os africanos, que durante cinco séculos se opuseram à dominação colonial portuguesa, o colonialismo português é o inferno; e onde reina o mal, não há lugar para o bem”.
MORADIA E TERRA | CIDADES | 9
PARASITA DA TERRA
Grileiro acionou PF para desocupar terra que ele mesmo havia invadido Isso é o latifúndio. Os fazendeiros invadem terras públicas e dizem que são sua propriedade, utilizando seu poder para oprimir os trabalhadores rurais Em 27 de novembro de 2017, o grileiro Dirceu Kruger pediu ajuda de agentes da Polícia Federal para desocuparem sua “propriedade”, uma área de 5.000 hectares de terra em Boca do Acre, no sul do estado do Amazonas. Ele contou aos funcionários da Superintendência da PF em Rio Branco (AC) que as terras estariam sendo invadidas e loteadas. No entanto, as autoridades acabaram descobrindo que sua “propriedade” na verdade já havia sido invadida. E por ele mesmo. As terras eram da União e ele as havia grilado anos atrás. Seu depoimento foi revelado ontem (11) pelo jornal golpista O Globo. Desde então, o Ministério Público Federal vem movendo ações penais contra ele. Em junho, foi denunciado pelo MPF por lavagem de dinheiro vindo de desmatamento ilegal e também já recebeu multas ambientais de R$ 44
milhões. Na declaração aos agentes, Kruger admitiu a invasão ilegal que fez. “Essas terras… eu descobri que ela estava lá solta, sem dono. Terra da união. E eu fui lá, abri estrada e me
VIOLÊNCIA CONTRA OS ÍNDIOS
apossei dela. Não comprei de ninguém. Se o cara falar que eu comprei, não [é verdade]. Eu estava lá, eu fui olhar, era terra da União e eu fiz uma posse em cima dela. E comecei a mexer nela”, contou, citado pelo Globo. Esse é apenas um exemplo de como funciona o esquema de grilagem de terras, e da hipocrisia dos fazendeiros e latifundiários. Invadem terras públicas, que são do Estado, e se apropriam delas para explorarem como parasitas. Ao mesmo tempo, impedem qualquer tipo de acesso dos trabalhadores rurais ao usufruto minimamente digno dessas terras, sendo eles os responsáveis pela produtividade nessas terras. Os latifundiários dizem que as terras são deles, que a propriedade rural seria um direito sagrado e intocável e que, portanto, eles têm o direito de proteger essa propriedade inclusi-
ve com o uso de armamento pesado e tropas fascistas, contra a ocupação por parte dos sem terra e camponeses pobres. Mas são os mesmos latifundiários os que expropriam as terras do povo para as parasitarem para seus próprios fins. Terras públicas, de propriedade pública, do Estado brasileiro, mas cujos frutos e lucros são de benefício exclusivo dos parasitas. Os movimentos de luta pela terra, dentre os quais o maior deles, o MST, devem aumentar as ocupações, porque é seu direito viver e trabalhar nessas terras gigantescas que são usadas de forma parasitária pelos latifundiários e grileiros. Devem ter o direito, inclusive, de organizar sua autodefesa de armas na mão, uma vez que os latifundiários estão armados para massacrar os sem terra – e é isso que eles fazem.
POLÍTICA FASCISTA
Funcionário da Funai é assassinado SP: Covas autorizou grades em em área de conflito no Amazonas espaços públicos na Zona Norte Consequência do golpe, violência contra indígenas, ativistas e lideranças faz mais uma vítima No último dia 6 de setembro, um funcionário da FUNAI foi morto a tiros na cidade de Tabatinga, localizada no extremo oeste do estado do Amazonas. Maxciel Pereira dos Santos trabalhava há mais de 12 anos na instituição. Ele atuava na base da Funai de Ituí-Itacoaí, localizada a 40 km da cidade de Atalaia do Norte. A cidade fica localizada no chamado Vale do Javari, uma região onde concentra o maior número de povos indígenas não contactados até hoje. A região também é marcada pela violência, consequência dos interesses das mineradoras, madeireiros e latifundiários da região. Desde do ano passado, por exemplo, a Associação dos Servidores da
Fundação Nacional do Índio registrou cerca de quatro ataques à funcionários da instituição na região. O assassinato de Maxciel é parte da ofensiva da direita contra as comunidades indígenas, ativistas e lideranças em todo o país. Desde o golpe de estado, e após as fraudulentas eleições que levaram ao poder o governo golpista de Jair Bolsonaro. A violência, as mortes e a perseguição contra as comunidades indígenas só aumenta. É preciso impulsionar a organização dos comitês de autodefesa nas comunidades, além de ampliar a mobilização popular pelo Fora Bolsonaro. É necessário colocar abaixo o regime golpista de terror contra os povos indígenas.
Prefeito tucano autorizou a instalação de grade em uma praça para separar moradores ricos de pobres
O prefeito golpista de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), autorizou a instalação de uma grade de metal e um portão em parque público, na Zona Norte da cidade. A função da grade é estabelecer uma divisão entre os moradores do Jardim São Bento e do bairro do Peruche. O pedido para a instalação da grade teria partido, supostamente, dos moradores do Jardim São bento, bairro com padrão de vida mais alto em comparação com os moradores do bairro do Peruche, de renda mais baixa. Trata-se de uma verdadeira política de segregação social imposta pelo prefeito tucano. A grade e o portão de ferro instalados na praça servem para impedir o trânsito dos moradores, além de determinar qual horário a população do bairro do Peruche poderá
passar para o outro lado. Um verdadeiro medida ditatorial, um ataque ao direito de ir e vir do povo, além da exclusão social. O fato demonstra que o PSDB de “democrático” não tem nada, consiste em um partido golpista, de defesa dos interesses da classe dominante, que tem na bagagem um histórico de violência contra a população pobre e a classe trabalhadora. A tentativa de determinados setores de esquerda de formar uma frente com os tucanos, além da capitulação para os golpistas, é uma verdadeira traição à luta do povo pobre brasileiro. É preciso mobilizar a população contra todos os golpistas. É preciso derrotar Covas em São Paulo, Doria e Bolsonaro. Fora Covas! Fora Dória! Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
12 | CULTURA | MULHERES
FRANK REVELOU A ALMA DOS EUA
Morre o fotógrafo Robert Frank Faleceu Robert Frank, fotógrafo suíço que reinventou a fotografia documental e desvendou parte da alma dos norte-americanos nos anos 1950, revelando suas contradições sociais. Nascido em Zurique, em 9 de novembro de 1924, faleceu no último 09 de setembro, o fotógrafo Robert Frank, aos 94 anos. Robert Frank é, sem dúvidas, um dos fotógrafos mais influentes do século XX, tendo mudado o que até então se conhecia como fotografia documental, com um estilo visualmente cru e expressivo de uma forma muito pessoal. O suíço chegou nos Estados Unidos da América em 1948, aos 23 anos, e viajou pelo país nos anos 50, fotografando. Produziu o livro The Americans (Os americanos), publicado inicialmente em 1958 na França[1] que provocou reações as mais diversas ao trabalho de Frank, inclusive a acusação de não ser fotografo[2]. A verdade é que o livro “Os americanos” desafiou a fórmula do fotojornalismo padrão naquele momento, que era definida por imagens nítidas, bem iluminadas e compostas de forma clássica. As fotografias de Robert Frank, que privilegiou pessoas comuns e fatos do cotidiano, indivíduos solitários, casais adolescentes, grupos em funerais e estranhos rastros da vida cultural. Suas fotos são classificadas como cinematográficas, ‘instantâneas’, diretas. Às vezes desfocadas e granuladas, como as primeiras transmissões de televisão da época.
mudou no início dos com June Leaf, sua segunda mulher. Pode-se dizer que ele nunca deixou de sentir-se um estrangeiro e que não compartilhava, depois de conhecer por dentro a sociedade americana, um estrangeiro. Ele diz de si mesmo: “Cheguei aonde queria chegar, mas não era o lugar que esperava encontrar. Ainda continuo sendo um outsider“[4] NOTAS:
Lembrando que os anos 50, em particular nos EUA, no imediato pós-Guerra, respirava-se a ideia de uma América heróica, em que o otimismo do sonho americano era retratado de forma exagerada em filmes e programas de televisão. O que Robert Frank fez foi mostrar o trágico por trás da badalada bonança econômica norte-americana, ressaltando a violência da segregação racial, as desilusões, os contrastes, a desigualdade. Charlie LeDuff[3] comenta sobre o fotografo suíço: “Patriotismo, otimismo e vida suburbana limpa eram a regra do dia” (…). O mito era importante na época. E vem
Robert Frank, o homúnculo peludo, o judeu europeu com sua Leica de 35 mm, tirando fotos de velhos homens brancos revoltados, jovens negros revoltados, senhoras sulistas severas, índios nos bares, ele/ela em becos de Nova York, a alienação na linha de montagem, o sul segregacionista da linha Mason-Dixon amargura, dissipação, descontentamento. “ Frank decidiu não morar nos Estados Unidos, que, segundo ele mesmo, aprendeu a conhecer e admirar, pois alimentava a ideia romântica de localizar (e exaltar) o que seria verdadeiro e bom naquele país que o acolhera. O fato é essa ilusão não durou muito. Quando faleceu, morava na Nova Escócia, Canadá, local para onde se
[1] “Les Americains” (1958), título da obra publicada pela primeira vez na França por Robert Delpire, usou as fotografias de Robert Frank como ilustrações para ensaios de escritores franceses. Na edição americana (de 1959), publicada pela Grove Press, as fotos contaram sua própria história, sem texto, exatamente como Frank havia concebido o livro. [2] Em 1963, comentava que “Aquela viagem me fez gostar da América”. Apesar disso, mesmo obtendo a nacionalidade norte-americana, foi acusado de ser antiamericano. [3] Em https://www.vanityfair.com/culture/2008/04/frank200804 [4] Em entrevista ao crítico britânico Sean O’Hagan em 2004.
CONSERVADORISMO
Augusto Aras, futuro PGR bolsonarista, assinou carta contra o aborto A política de Bolsonaro está posta, infiltrar o máximo de moralistas possível no governo e priorizar os desejos das igrejas evangélicas de lucrar. O avanço da extrema-direita em todas as instâncias das instituições do governo está a todo vapor. Esse é caso do indicado à Procuradoria-Geral da República, o bolsonarista Augusta Aras, que não escondeu seu comprometimento com uma série de “valores cristãos”, como os conservadores gostam de chamar, expressos em uma carta da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Aras vem recebendo apoio dessa instituição, pelo que parece, tendo bastante influência dentro do governo do fascista Bolsonaro. Segundo o presidente da Anajure, Aras “se comprometeu com a pauta prevista, tanto moral quanto de combate à corrupção.” Essa institução de juristas evangélicos incluem juízes, desembargadores, advogados, promotores, etc., mostrando como a igreja vem se infiltrando na política, a fim de moraliza-la e dominá-la. A carta assinada por Aras, com a qual ele se compromete, traz questões como a total criminalização do aborto e contra a união homossexual, segundo a carta “a instituição familiar deve ser preservada como heterossexual e monogâmica.”. A Anajure também argumenta em
favor do ensino confessional e que registros públicos devem admitir apenas registros de masculino e feminino. É inadmissível que um servidor público expresse suas moralidades religiosas na política do Estado, ainda mais numa questão tão delicada e polêmica como é o aborto, onde os conservadores tratam como questão de polícia e punição, como se não fosse um problema de saúde pública, planejamento e familiar e, aci-
ma de tudo, decisão única e exclusiva da mulher responsável pela gravidez. O que Aras pretende é estender os braços do governo brasileiro para as igrejas, que obviamente irão lucrar muito dinheiro enquanto mulheres morrem em abortos clandestinos todos os dias e deixar as decisões políticas nas mãos de um grupo de homens, ricos, brancos, moralistas e conservadores, que não possuem um fio
de consciência política, além da que lhes favorece financeiramente. A extrema-direita quer cercar a população pobre de todos os lados, e a igreja evangélica, uma das maiores inimigas da população pobre, das mulheres, negros e LGBTs, ganha cada vez mais força, podendo interferir nas questões políticas do País a seu favor, com desculpas religiosas, ignorando completamente a laicidade do Estado.