TERÇA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5768
WWW.CAUSAOPERARIA.ORG.BR
INTERNACIONAL: 50 MIL ENTRAM EM GREVE NA GM DOS EUA
Delação de Léo Pinheiro: continua a perseguição política contra Lula A Folha de S. Paulo, jornal de maior circulação do País, estampou a capa de sua edição impressa de segunda-feira (16) com mais uma manchete contra o ex-presidente Lula. Sob o título “OAS relatou intervenção de Lula por obra na Bolívia”, a Folha propagou mais uma vez sua campanha permanente contra o líder petista em milhares de bancas por todo o País.
Ato em Curitiba tem de ser o primeiro de muitos pela liberdade de Lula O ato de sábado demonstrou a vontade da militância de esquerda de sair às ruas e enfrentar a ditadura instalada pelos golpistas, de derrubar Bolsonaro e libertar Lula
Preço do petróleo dispara Lula denuncia a Lava Jato em entrevista à depois de ataque a imprensa argentina refinarias sauditas Sábado (14) a Arábia Saudita foi alvo de ataques a refinarias da estatal saudita de petróleo, Aramco.
O Diário Causa Operária reproduz a seguir entrevista concedida pelo ex-presidente Lula ao jornal argentino Página 12 e traduzida pelo blog Tijolaço.
Ataque à Arábia Saudita é autodefesa do povo do Iêmen No último sábado (14), o coração da atividade petrolífera da Arábia Saudita foi devastadoramente atacado por drones, destruindo boa parte do campo de Khurais e da planta de processamento de Abqaiq, no leste do país. Ambas as instalações pertencem à Aramco, companhia estatal de petróleo do reino saudita.
Bolsonaro censura filmes sobre negros e homossexuais
Em greve, trabalhadores dos Correios enfrentam Bolsonaro e o TST Os trabalhadores dos Correios entraram em greve no último dia 10 por todo o País. Todos os 36 sindicatos votaram a favor da greve geral da categoria
2 | OPINIÃO EDITORIAL
Ato em Curitiba tem de ser o primeiro de muitos pela liberdade de Lula O ato realizado pelos partidos, organizações e militantes de esquerda que lutam contra o golpe, realizado no último sábado (14) em Curitiba, tem de ser o primeiro de muitos a serem organizados no próximo período por todo o Brasil pela liberdade do ex-presidente Lula. Mais de mil pessoas participaram da manifestação, que durou todo o dia, e contou com uma marcha em direção à Polícia Federal. Para atos populares, pode não ter tido uma presença massiva. No entanto, o que mais importa aí é a qualidade do ato: centenas de militantes se deslocaram de todo o território nacional para a capital paranaense, para lutar pela liberdade de Lula. E demonstraram grande disposição para se organizar e mobilizar a população. Esse é o ponto. Nos últimos meses, têm-se visto poucos atos da esquerda contra Bolsonaro e em defesa das reivindicações populares. São atos a conta-gotas. Ora, é preciso uma campanha permanente pela derrubada de
Bolsonaro, a liberdade de Lula, a anulação das últimas eleições e a convocação de novas. É mais importante que haja atos frequentes e por todos os lugares do que um único ato de massas a cada dois ou três meses. Caso contrário, não existirá uma verdadeira campanha de agitação, propaganda e organização do movimento popular. Tal é a importância do ato realizado em Curitiba. Ele quebrou a paralisia que a esquerda caiu nos últimos tempos. Demonstrou a vontade da militância de esquerda de sair às ruas e enfrentar a ditadura instalada pelos golpistas, de derrubar Bolsonaro e libertar Lula. Estamos no caminho de uma grande mobilização popular. Desde o início do ano são cada vez mais numerosos os atos espontâneos contra Bolsonaro e a favor da liberdade de Lula, em qualquer lugar onde possa se reunir uma multidão de pessoas. O papel das organizações de esquerda é dar um impulso para que o povo saia às ruas. A esquerda deve trabalhar incansavelmente para que os gritos de Fora
Bolsonaro e Liberdade para Lula sejam ouvidos em todo o País. Curitiba é apenas o começo de uma grande etapa de lutas, de dimensões superiores às que vimos anteriormente. Por parte do Partido da Causa Operária, sua militância sairá às ruas em todas as capitais do País para chamar
o povo a se manifestar, até que as ruas se encham de gente pelas reivindicações populares fundamentais na etapa atual: Fora Bolsonaro! Liberdade Para Lula! Anulação das eleições fraudulentas de 2018! Eleições gerais já! Convocação de uma Assembleia Constituinte!
TORNE-SE MEMBRO DA CAUSA OPERÁRIA TV! Por apenas R$ 7,99 por mês, você estará ajudando na construção de uma TV revolucionária 24h por dia. Além disso, você terá diversos benefícios, como a transmissão de programas exclusivos e a possibilidade de participação nos programas do canal. www.youtube.com/causaoperariatv
POLÍTICA | 3
FOLHA DE S. PAULO
Delação de Léo Pinheiro: continua a perseguição política contra Lula Mesmo impedido de intervir diretamente neste momento na política nacional, Lula está sendo atacado pelos grandes monopólios de comunicação continuamente A Folha de S. Paulo, jornal de maior circulação do País, estampou a capa de sua edição impressa de segunda-feira (16) com mais uma manchete contra o ex-presidente Lula. Sob o título “OAS relatou intervenção de Lula por obra na Bolívia”, a Folha propagou mais uma vez sua campanha permanente contra o líder petista em milhares de bancas por todo o País. A reportagem é parte da parceria da Folha com o sítio The Intercept Brasil, que vem revelando as mensagens privadas da Lava Jato e que expuseram a perseguição contra Lula por parte de procuradores e juízes por motivos políticos. O documento que serve de base para a matéria é um acordo de delação premiada de Léo Pinheiro, compartilhado pelos procuradores por meio do Telegram, aplicativo de mensagens para celulares. A delação que serve para a Folha de S. Paulo reciclar acusações contra Lula é a mesma que já apareceu antes entre as revelações sobre a Lava Jato, mostrando que Léo Pinheiro só conseguiu um acordo quando começou a mencionar o ex-presidente. Ou seja, uma delação dirigida. Há também uma tentativa de atingir a candidatura de Evo Morales à reeleição na Bolívia, com uma acusação de corrupção a um mês da votação que poderá ser usada por seus adversários. Campanha contra Lula Apesar de estar preso, Lula continua sendo alvo de perseguição política da parte do Judiciário, que segue empilhando acusações contra o ex-presidente, que responde a vários processos. A campanha na imprensa capitalista também continua. Mesmo
impedido de intervir diretamente neste momento na política nacional, Lula está sendo atacado pelos grandes monopólios de comunicação continuamente. Conforme o governo continua em crise, Lula aparece como uma alternativa à esquerda para essa crise. A intensificação da campanha contra Lula é uma resposta a esse perigo para a direita. Campanha pela liberdade de Lula
A esquerda precisa agir no sentido contrário ao da direita golpista para derrotá-la. Desde o golpe de 2016 os golpistas não conseguem estabilizar a situação política para atacar os trabalhadores sobre uma nova base. Os ataques aos trabalhadores não param desde o governo Michel Temer, mas a situação do regime político é crítica. É esse risco que a direita golpista procura contornar para consolidar o regime político golpista. Neutralizar Lula
é fundamental para a direita alcançar esse objetivo. Da parte da esquerda, das organizações operárias e populares, é preciso exigir a liberdade de Lula. Nesse sentido, o ato realizado em Curitiba no dia 14 teve uma importância política crucial para começar a romper a paralisia da esquerda em torno desse problema. Será o primeiro ato de muitos outros que virão, em outras capitais, abrangendo todo o país.
IMPRENSA OPERÁRIA E SOCIALISTA
Jornal Causa Operária convoca mobilização pela liberdade de Lula O JCO desta semana relembra a importância de mobilizar a população nas ruas pela liberdade do principal preso político do momento: Lula Na edição 1074 do Jornal Causa Operária, que saiu nesta semana, o Partido da Causa Operária convoca a todos que entendem que o Brasil está passando por um grave processo de crise, iniciado pelo golpe que derrubou Dilma Rousseff e concretizado com a prisão de Lula e a chegada dos golpistas ao poder, para se mobilizarem junto com os militantes do PCO e ir às ruas lutar contra esse governo. O JCO é o jornal mais antigo da esquerda que ainda está em circulação, é a principal forma do Partido se comunicar com o maior número de pessoas possíveis, passando à frente sua política e propostas frente às situações degradantes que o capitalismo impõe ao mundo.
Nesta edição você pode acompanhar mais sobre a importância da mobilização pela liberdade de Lula em Curitiba, preso injustamente há mais de 520 dias. Além de análises que incluem o debate entre o companheiro Rui Costa Pimenta e o jornalista Breno Altman no sítio 247, a falta de política da esquerda, a necessidade de anular já a operação farsesca que é a Lava Jato, criada para perseguir a esquerda, e muito mais! Adquira já a última edição do Jornal Causa Operária com um dos militantes, nos mutirões que acontecem aos domingos na Av Paulista, ao lado do MASP, ou pela Lojinha do PCO (https:// lojadopco.com/).
4 | POLÍTICA
LIBERDADE PARA LULA
Lula denuncia a Lava Jato em entrevista à imprensa argentina Preso político dos golpistas, Lula concedeu entrevista ao jornal Página 12 O Diário Causa Operária reproduz a seguir entrevista concedida pelo ex-presidente Lula ao jornal argentino Página 12 e traduzida pelo blog Tijolaço. – O que lhe dá forças para começar todos os dias? – Primeiro, quero viver muito. Não sei por que, mas acho que vou viver 120 anos, então alguém que vai viver muito precisa ter muita força porque, caso contrário, a vida se tornaria chata. E eu sei porque estou aqui. Estou aqui condenado por um ex-juiz mentiroso (Sergio Moro); por um promotor mentiroso e desonesto (Deltan Dallagnol) e por alguns comissários que me armavam com causas mentirosas contra mim. Eu posso não estar aqui, eu poderia ter deixado o Brasil. Mas vim aqui porque tenho quatro pessoas que sabem a verdade sobre esses processos contra mim: eu, Deus, o juiz e os promotores. Eles sabem que mentem. E Deus e eu sabemos que estou com a verdade. É por isso que estou aqui. Estou aqui para provar minha inocência. Além disso, eu provei minha inocência, o que eu quero é que eles provem minha culpa. Quero e continuo esperando que alguém me culpe por alguma coisa. Estou esperando mostrem um dólar ganho desonestamente na minha vida. Na verdade, esse é o crime que cometi neste país, o de provar a uma elite brasileira politicamente desonesta, que é possível que as pessoas comam lombo e chouriço, que é possível que os pobres viajem para Bariloche, para Buenos Aires , para Miami de avião, que é possível que uma pessoa tenha uma casa, que seja possível que uma pessoa entre em uma universidade, que é possível que uma pessoa vá para uma escola técnica e que é possível que uma pessoa tenha acesso à cultura , à recreação, ao teatro, ao cinema, a um restaurante. Esse foi o crime que cometi. Gerar 22 milhões de empregos em branco. Aumentar o salário mínimo em 75%. Disponibilizar 52 milhões de hectares de terra para fazer a reforma agrária. Fazer o maior programa de história nacional do Brasil e fazer amizade com todos os países da América do Sul. Foi o momento de cordialidade. Foi o momento em que não tivemos disputas. Foi o momento em que sonhamos: Kirchner, Lula, Chávez, Rafael Correa, Tabaré, Pepe Mujica e sonhamos em construir um forte bloco econômico, tecnologicamente desenvolvido para poder promover a exportação de produtos de valor agregado e não apenas de mercadorias. – E o que aconteceu com esse sonho? – E ainda tenho esse sonho e é por isso que tenho força. Porque ainda quero estar vivo e quero ajudar a derrotar todas essas pessoas más, que não gostam dos pobres, que apenas governam para o mercado. Aqui no Brasil, há um ano, não se fala em emprego, não se fala em salários, não se fala em renda. Fala-se apenas de privatização e redução da
máquina pública. Então, minha vontade de lutar é como se eu tivesse 20 anos. Aqui e fora do país. E acho que eles têm medo de me deixar ir, porque sabem que quando me deixam ir, vou para a rua. Eu vou para a rua Eu quero ir até a porta da Rede Globo de Televisão e negar. Há dez anos, ele conta mentiras sobre mim. Quero fazer um debate com o canalha do juiz que me julgou e o promotor que me acusou. Então é por isso que tenho força. – Sua liberdade depende da justiça, você confia na justiça e nas instituições brasileiras em geral? – Eu poderia fazer uma pergunta e é uma pergunta que faço a mim mesmo todos os dias. No dia em que parar de acreditar na justiça, fico imaginando o que vou fazer. Não é porque um juiz tenha sido um canalha, não é porque um promotor tenha sido um canalha, você deve julgar toda a justiça por causa desse erro. O problema é que espero, com muita calma, que o Supremo Tribunal tome uma decisão. Eu tenho dois habeas corpus que precisam votar. Há uma grande pressão da imprensa brasileira, especialmente da Rede Globo de Televisão, para que o Lula não saia da prisão. Porque o grande problema da operação de Lava Jato é que ela deixou de ser uma operação de investigação de corrupção e se tornou um partido político. Ou seja, existe um pacto entre a mídia e a operação Lava-Jato. Todas as mentiras que Lava-jato conta, Eles são realmente transformados na imprensa brasileira. Nas três revistas nacionais, nos grandes jornais, a Lava-Jato tinha um jornalista em cada jornal, em cada revista que recebia preferencialmente as informações antes dos advogados de defesa. E isso ainda continua. Vocês acompanham na Argentina as revelações do blog Intercept, que descobriu tudo o que está podre na Lava
jato. Para a grande imprensa brasileira, não há Intercept. Nenhuma denúncia feita por Glenn (Greenwald, jornalista da Intercept) é relatada na grande imprensa. Agora, no domingo, houve uma denúncia muito séria das mentiras dos promotores, do comissário de polícia, do juiz Moro, sobre o fato de que eu aceitei ser ministro de Dilma. A mentira é a coisa mais séria até agora e a Rede Globo não disse nada. A Record não disse nada. O SBT não disse nada. Ou seja, a imprensa não consegue se destacar do Lava-Jato porque, quando Lula é libertado, uma parte do Lava-Jato perde credibilidade. Porque até agora eles só contavam mentiras. E estou com muita sede, querendo, em liberdade, questionar a credibilidade dessas pessoas. É por isso que acredito na justiça. -O que você acha que estava errado se tivesse que fazer uma autocrítica à sua gestão? E o que consertaria isso? – Aqui no Brasil tem algo na moda, todo mundo quer que o PT faça uma autocrítica. É impressionante. Eles governaram por 500 anos, o PT apenas 13 anos, apenas o PT fez mais do que eles. Para se ter uma ideia, em oito anos de governo, fui o presidente que criou mais universidades na história do Brasil. Colocamos mais estudantes na universidade, em 12 anos, mais estudantes do que em um século. Então, se eu tivesse que fazer uma autocrítica, olhava no espelho e dizia: “Lula, por que você não fez mais? Por que você não melhorou mais o salário das pessoas? Por que você não fez mais universidades? Por que você não gerou mais empregos? Por que você não fez mais pela reforma agrária? ”Essa era a autocrítica que eu faria. Faça mais, mais e mais, porque só assim vamos criar um povo com um padrão de vida decente.
– Como pode ser desmontada essa coalisão entre mídia e justiça para gerar tais golpes institucionais? – Nunca fui almoçar ou tomar café da manhã com o dono de um jornal, uma estação de televisão para pedir um favor. A única coisa que quero e exijo é que elas existam para informar bem a sociedade, para não mentir para você, para não mentir. E no Brasil muitas mentiras foram construídas. Se você levar em consideração que as principais notícias televisivas do Brasil, segundo pesquisa feita por um professor da Universidade Federal de Minas Gerais, em pouco mais de um ano, são 80 horas nas principais notícias desta televisão. , falando mal de Lula. E, ao mesmo tempo, ele tem mais de 100 horas, transformando um juiz mentiroso em um herói. Quero dizer, eles pensaram que a mentira ia ganhar. E estou aqui para lhe dizer: a verdade vencerá, o que for preciso, tarde o que for preciso, Mas o povo brasileiro saberá a verdade e que as pessoas que me acusaram não têm moral. Eles usaram a justiça para fazer política e o objetivo principal era impedir que Lula se tornasse presidente da República deste país. E que o PT não pode mais vencer as eleições. É isso, o mesmo ódio que tiveram com Kirchner e com Cristina. – Você se vê de novo Presidente? .- Estou ciente de que meu papel agora é contribuir para que outras pessoas, mais jovens que eu, com mais energia que eu, com mais entusiasmo que eu … Com mais desejo, não acredito. Mas outras pessoas, o Brasil tem pessoas muito boas. Existem vários governantes interessantes, há novas pessoas na política. Espero que o Brasil não precise de mim. Espero que tenhamos novos quadros, novas mulheres, novos homens para participar de um processo eleitoral.
INTERNACIONAL | 5
CRISE NO ORIENTE MÉDIO
Preço do petróleo dispara depois de ataque a refinarias sauditas A Arábia Saudita é líder de uma coalizão regional que ataca o Iêmen desde 2015, sob o comando dos EUA Sábado (14) a Arábia Saudita foi alvo de ataques a refinarias da estatal saudita de petróleo, Aramco. Essas refinarias eram responsáveis por cerca de 5% da produção de petróleo de todo o mundo. O ataque teria partido dos rebeldes Houthis, no norte do Iêmen. Como consequência do ataque, na abertura dos mercados na segunda-feira o petróleo subiu quase 20% na bolsa de Londres. Foram 19,5% de subida, chegando a US$71,95, maior alta do petróleo desde a Guerra do Golfo em 1991. A subida do petróleo foi contida com o anúncio de Donald Trump, presidente dos EUA, de que utilizaria as reservas estratégicas de petróleo do país. Trump aproveitou para reforçar suas ameaças ao Irã, responsabilizando o país pelo ataque. Os Houthis são aliados do Irã no Iêmen. Cerco ao Iêmen A Arábia Saudita é líder de uma coalizão regional que ataca o Iêmen desde 2015, sob o comando dos EUA. Depois que um governo apoiado pelos sauditas foi derrubado, o imperialismo apressou-se em buscar impedir
que o pequeno país no sul da Península Arábica caísse sob o controle de aliados do Irã. O custo humanitário dessa intervenção tem sido catastrófico. O Iêmen é o país mais pobre do Oriente Médio, e está cercado pela coalizão dos sauditas, que não permite a entrada de mercadorias básicas, como alimentos e remédios. Sob as ordens do imperialismo, a coalizão está provocando fome e epidemias que atingem milhões de pessoas, enquanto destrói toda a infraestrutura do Iêmen. Nesse quadro, o ataque às refinarias foi uma resposta ao cerco do imperialismo ao Iêmen. O governo da Arábia Saudita classificou o ataque como “terrorista”, uma afirmação cínica. Donald Trump, em um telefonema para o príncipe regente Mohamed Bin Salman, ofereceu mais apoio militar aos sauditas. Crise da dominação imperialista Essa situação reflete a crise da dominação do imperialismo no Oriente Médio como um todo. Em 2002, os EUA lançaram a guerra do Iraque para tentar restabelecer um controle
absoluto sobre a região. No entanto, o resultado foi um fortalecimento do Irã e a desestabilização do Iraque e de outros países da região. O controle sobre a política local torna-se cada vez mais complexo, e isso está diretamente relacionado à crise de 2008, da qual
o imperialismo não se recuperou até hoje. Esse episódio indica maiores dificuldades por vir para o imperialismo. Nem mesmo o pequeno Iêmen está sendo controlado, e sua instabilidade começa a resvalar para dentro da própria Arábia Saudita.
CONTRA FECHAMENTO
50 mil entram em greve na GM dos EUA Para garantir a greve, enquanto o sindicato negocia com a GM, os trabalhadores estão realizando piquetes em fábricas que se espalham por 9 estados Apesar de toda a propaganda da imprensa capitalista de que a crise de 2008 já teria terminado, sinais adversos para o capitalismo têm aparecido por todo o lado. No final do domingo (15) veio um duro golpe para quem tenta vender a história de uma suposta retomada da economia: 50 mil trabalhadores entraram em greve na GM dos EUA. A classe trabalhadora do principal país imperialista do mundo conseguiu parar 50 mil funcionários por meio da organização do UAW (United Auto Workers), parando 31 fábricas da GM, além de outras 21 fábricas, espalhadas em nove estados dos EUA. Esses números mostram o nível de organização dos trabalhadores em países desenvolvidos, e o enorme risco para os capitalistas quando essa massa organizada entra em movimento. Os trabalhadores estão reivindicando um pagamento maior pela hora de trabalho e maior participação nos lucros. Para garantir a greve, enquanto o sindicato negocia com a GM, os tra-
balhadores estão realizando piquetes nessas fábricas, exibindo placas com os dizeres: Trabalhadores do UAW em greve. Com a paralisação a partir de domingo, os trabalhadores da GM estão realizando a primeira greve do setor automobilístico nos EUA em 12 anos. A greve em 2007 durou apenas três dias, mas a GM já atravessou greves que duraram por meses. O sindicato denuncia que a GM está colocando os lucros na frente dos empregados, mesmo com os sacrifícios feitos depois da crise de 2008 e com a ajuda do governo para evitar que a empresa falisse. Depois da crise de 2008, a imprensa alardeou uma suposta recuperação da economia nos EUA, especialmente com a retomada dos empregos. Os empregos recuperados, porém, pagam bem menos do que antes da crise. Além desses problemas, como no Brasil, os trabalhadores da GM estão tentando impedir o fechamento de fábricas. A GM quer fechar a fábrica de Lordstown e uma instalação de mon-
tagem em Detroit. Os trabalhadores, depois de anos dando lucro aos pa-
trões, não aceitam essas medidas e estão mobilizados contra isso.
6 | INTERNACIONAL
NÃO À AGRESSÃO IMPERIALISTA!
Ataque à Arábia Saudita é autodefesa do povo do Iêmen Sauditas, que tiveram suas instalações petrolíferas atacadas pelos houthis, esmagam o povo do Iêmen desde 2015 em uma guerra imperialista por procuração No último sábado (14), o coração da atividade petrolífera da Arábia Saudita foi devastadoramente atacado por drones, destruindo boa parte do campo de Khurais e da planta de processamento de Abqaiq, no leste do país. Ambas as instalações pertencem à Aramco, companhia estatal de petróleo do reino saudita. Os danos foram enorme: a produção petrolífera da Arábia Saudita caiu pela metade e, como Riad é o maior produtor de petróleo do mundo, isso fez com que a produção mundial despencasse 5%. O preço do barril chegou a aumentar em 20%, maior índice desde a Guerra do Golfo, em 1991. O ataque com drones foi reivindicado pelos houthis, grupo rebelde do Iêmen que combate os sauditas desde 2015. Esse grupo luta contra o presidente do Iêmen, Abdrabbuh Hadi, que se exilou na Arábia Saudita, desde a saída do ex-presidente Ali Abdulla Saleh, e conta com o apoio do Irã e do Hezbollah, enquanto que o “governo” iemenita é um fantoche do imperialismo e recebe apoio direto para esmagar sua própria população. Na realidade, o país não tem um governo no momento. Os houthis são o principal grupo armado de resistência contra os ataques
sauditas, dominando uma parcela do país. O que a Arábia Saudita faz no Iêmen tem sido caracterizado até mesmo por entidades internacionais como crimes de guerra. Os bombardeios são diários e indiscriminados, matando crianças, mulheres e idosos. Atualmente, 24 milhões de iemenitas dependem urgentemente de ajuda humanitária para sobreviver – 80% da população não consegue viver sem a ajuda internacional. E, no final de 2017, os sauditas simplesmente bloquearam todos os acessos (terrestre, marítimo e aéreo) ao país. A crise humanitária no Iêmen é a maior do mundo e, conforme declarações do subsecretário da ONU para assuntos humanitários na época, Mark Lowcock, o país sofre “a maior fome que o mundo já viu em décadas, com milhões de vítimas”. São mais de 7 milhões de iemenitas passando fome atualmente e devido à catástrofe imperialista no país, que já era o mais pobre do Oriente Médio, existe uma epidemia de cólera que deixou milhares de mortos. Conforme um relatório publicado neste mês por especialistas da ONU, os países imperialistas têm um papel fundamental nesse massacre. EUA, Reino Unido e França, dentre outras
nações europeias, vendem armas, munições e informações para facilitar os ataques aos houthis, ataques que se generalizam para toda a população. A coalizão encabeçada pela Arábia Saudita recebe o apoio público desses países, como membros do Conselho de Segurança da ONU. Portanto, não importa a ideologia e a política dos houthis. Eles estão
apenas se defendendo de ataques brutais contra o povo do Iêmen, desferidos pelas maiores potências genocidas do mundo. Não há nada mais bárbaro do que a agressão imperialista, que destrói países miseráveis – como o Iêmen – para roubar seu petróleo e escravizar seu povo. É contra isso que os houthis estão lutando, na prática.
ELEIÇÕES ISRAELENSES
Israel vota hoje se Netanyahu continuará sendo primeiro-ministro Netanyahu não conseguiu formar uma coalização que pudesse lhe dar alguma vantagem, por isso, convocou eleições. Nesta terça-feira, Israel irá realizar a segunda eleição do poder legislativo em cinco meses, que resultará num referendo favorável ou não ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cuja influência dos setor religioso do governo pode ser fundamental para a decisão da votação. Netanyahu já vem passando por uma onda de pequenos fracassos, como quando seu partido empatou com a Kahol Lavan, uma nova aliança de centro cujo líder é o general Benny Gantz. Netanyahu, pessoa que permaneceu por mais tempo no cargo de primeiro-ministro de Israel, percebendo a impossibilidade de formar uma coalizão majoritária que lhe desse alguma vantagem, deu preferência para a tática de dissolver o parlamento e realizar novas eleições, antes que o presidente Reuven Rivlin solicite aos
seus adversários a formação de um governo. Além da eleição que acontece nesta terça-feira (17), dentro de um mês Netanyahu irá à Justiça pelas acusações de corrupção, abuso de confiança e malversação, contudo, ele ainda não foi indiciado por nenhuma delas. Lembrando que Israel tem um longo histórico de ser capacho dos EUA dentro do Oriente Médio, o que justifica, de certa forma, a existência dessas acusações. Além de ser um país que destila políticas contra as minorias e, a mando dos EUA, tem intensificado as investidas contra a Palestina, contudo, nem o povo israelense tem aguentado mais a política bélica e puxa-saco do governo de Israel com os EUA, mesmo assim, é certo que o país norte-americano obtenha controle mesmo com novas eleições acontecendo em Israel.
DIA DE HOJE NA HISTÓRIA | MOVIMENTO OPERÁRIO | 7
MORRE O DITADOR DA NICARÁGUA
17/09/1980: ditador Somoza é justiçado por sandinistas no Paraguai Há 39 anos, morre o ditador da Nicarágua Somoza, justiçado por um grupo revolucionário argentino no Paraguai. Anastasio Somoza Debayle foi o último presidente da Nicarágua antes da revolução realizada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). O ditador foi o último dos três presidentes da família Somoza, período histórico conhecido como Dinastia Somoza. Após o assassinato de seu pai organizado pela própria Guarda Nacional em conjunto com setores da população em 1956 (o assassinato de Anastasio Somoza García é contestado pelo historiador Roberto Sánchez Ramírez, que acredita que o verdadeiro mandante do assassinato é seu próprio filho Anastasio Somoza Debayle), Somoza viu seu irmão Luis Somoza Debayle subir ao poder. Em 1967, Anastasio Somoza Debayle se torna o presidente e ditador da Nicarágua.
Por conta de sua agressão aos direitos da classe trabalhadora, cerceamento das liberdades de expressão da população e crescente pobreza do país, além de uma clara influência da Revolução Cubana, teve um grande enfrentamento com o FSLN, tendo seus conflitos intensificados em 1978, quando embruteceu o regime de repressão contra o povo. Com a revolução quase culminada, Somoza entregou sua carta de renúncia e, em 17 de Julho de 1979 fugiu para o Paraguai. Foi assassinado em 17 de Setembro de 1980 em Assunção, no Paraguai, por um grupo de guerrilheiros argentinos chamado Exército Revolucionário do Povo. O grupo, junto de um nicaraguense, metralharam seu carro e em seguida lançaram um foguete.
ECETISTAS EM LUTA
O PSDB É CONTRA A EDUCAÇÃO
Em greve, trabalhadores dos Correios Escolas públicas de SP sofrem com a enfrentam Bolsonaro e o TST falta de funcionários Bolsonaro quer privatizar a ECT; TST quer acabar com a greve
Um dos principais alvos dos golpistas é a educação, a finalidade é privatizar esse direito fundamental do povo A política de sucateamento da educação pública levada a diante pelo PSDB no estado de São Paulo tem como consequência situações alarmantes nas escolas. Com o fim dos concursos públicos para agentes de organização escolar, por exemplo, as escolas do estado estão ficando sem funcionários pra realizar os serviços básicos de manutenção (limpeza, organização dos alunos, etc). Em muitos casos, os próprios professores e estudantes acabam tendo que assumir essa função devido a falta de pessoal. A política de terceirização deste setor também foi uma catástrofe
Os trabalhadores dos Correios entraram em greve no último dia 10 por todo o País. Todos os 36 sindicatos votaram a favor da greve geral da categoria, contra a absurda retirada de direitos trabalhistas, a tentativa de privatização da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro. Como é de costume, o Judiciário – sempre a serviço dos patrões e governos da direita – está atacando a greve. Primeiro, proibindo 30% da categoria de participar da paralisação. Agora, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou o fim da greve até esta terça-feira (17). Os trabalhadores dos Correios do Distrito Federal organizaram, ontem, uma manifestação em frente ao Ministério da Economia contra a tentativa do governo golpista de privatizar a ECT. É importante que os trabalhadores dos Correios tenham a plena noção
dos objetivos da greve, que devem ir além de pautas restritas à categoria. Porque trata-se de defender uma empresa pública cujo governo ilegítimo e de extrema-direita quer entregar de bandeja para seus financiadores capitalistas. Mas para defender a ECT é preciso colocar abaixo o governo que está tentando destruí-la, por isso é fundamental que os trabalhadores dos Correios travem uma greve que lute pelo Fora Bolsonaro, e tenham o apoio dos demais setores da classe trabalhadora, que devem se juntar a eles e também entrar em greve contra o governo Bolsonaro, pela sua derrubada – uma vez que os petroleiros, eletricitários, bancários, trabalhadores de empresas públicas e privadas que estão perdendo todos os seus direitos, também estão sendo brutalmente atacados pela política desse governo e dos que o financiam.
total. E inúmeros casos as empresas responsáveis pelas contratações acabam falindo em um curto espaço de tempo, deixando os trabalhadores sem emprego e as escolas sem funcionários. Trata-se da política de terra arrasada imposta pela direita golpista em todo país. De sucateamento dos serviços básicos, como educação e a saúde, abrindo caminho para a privatização destes setores. Somente a mobilização popular, dos professores e de toda a comunidade escolar pode impor uma derrota a essa política dos golpistas.
8 | CULTURA | MORADIA E TERRA
É PRECISO LUTAR PELA TERRA
BA: mil famílias camponesas podem ser despejadas por usineiros Grandes capitalistas donos de usinas tentam retirar as terras de populações agrárias e trabalhadoras no interior da Bahia. Centenas de famílias podem ficar desabrigadas e perderem seus meios de subsistência por conta da ação de usineiros na cidade de Casa Nova, interior da Bahia. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a empresa Bioma Terra Nova Participações iniciou uma ofensiva contra os moradores da região, comprando as terras ao redor dos moradores através de contratos fraudados por grileiros da empresa Cia Agropecuária Amorim Passos. As terras foram cercadas com estacas, fazendo com que os moradores da região se unissem em torno da retirada de todas as estacas, de maneira
a mostrar que as terras pertencem a eles. É mais uma ofensiva dos grandes capitalistas para conseguir as terras dos trabalhadores. Os agricultores da região sofrem o risco de perder tudo e destruir toda a sua cultura. A única saída é a luta contra os capitalistas, não deixando que eles tentem demarcar as terras. A luta deve se dar de maneira real, com o enfrentamento direto contra os capachos da burguesia, caso contrário, a justiça burguesa sempre irá pender para os grandes capitalistas, que vêm se sentindo cada vez mais poderosos desde o golpe de 2016 e a eleição de Jair Bolsonaro.
CENSURA
Bolsonaro censura filmes sobre negros e homossexuais Não é surpresa que temas que envolvam negros e homossexuais sejam alvo de ataque do presidente fascista. Aos poucos, o governo fascista de Jair Bolsonaro vem criando um clima de verdadeira ditadura na sociedade. Esse é o caso do que vem acontecendo com a Agência Nacional de Cinema, a Ancine, que está passando por um processo de “evangelização”, onde a censura está tirando toda a sua autonomia e sentido de existência. A Ancine, que deveria ter um caráter independente, e apoiar através de financiamentos filmes brasileiros, agora capitula diante das manobras do governo bolsonarista. A Agência Nacional de Cinema havia aprovado a “concessão de apoio financeiro” para viabilizar a participação de dois filmes nacionais no Festival Internacional de Cinema Querr, em Lisboa, contudo, agora, a Agência voltou atrás e mudou de ideia, rescindindo ao termo de permissão que dava uma ajuda de custo de R$ 4,6 mil para cada um dos produtores dos dois filmes “Greta” e “Negrum3”.
Essa atitude da “nova” Ancine vai ao encontro das falas de Bolsonaro em uma de suas transmissões, onde censura ao vivo diversas produções com a temática LGBT que concorriam a
um edital para captação de recursos. Não é surpresa para ninguém que temáticas que envolvam negros e homossexuais sejam alvo de ataque do presidente fascista, que baseou sua
campanha em discursos contra esses grupos, com diversas falas racistas e homofóbicas. A partir de discursos moralistas completamente falsos e, principalmente, demagógicos, Bolsonaro afirma que a Ancine deve começar a produzir filmes mais religiosos, como relatou o porta-voz do governo golpista “é muito importante que o produto da Ancine esteja alinhado com o sentimento da maioria da sociedade. Um sentimento de dever, de cultura adequada, um sentimento cristão”. Os bolsonaristas querem acabar com tudo que não seja opaco e sem vida, querem destruir a criatividade, a arte, os livros, o cinema, as exposições, tudo que for possível. O presidente ilegítimo chegou a afirmar que seu desejo era que o próximo presidente da Ancine fosse “terrivelmente religioso”, do tipo que sabe dezenas de versículos e que anda com a bíblia debaixo do braço. Assim, Bolsonaro decreta o fim do cinema brasileiro.