Diária Causa Operária nº5773

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DOMINGO, 22 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5773

Plenária Nacional Lula Livre aprova mobilização e ato nacional Mais de 200 ativistas e dirigentes do movimento de luta pela liberdade de Lula, participaram nesse sábado, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no bairro da Liberdade, da II Plenária Nacional Lula Livre. Diferentemente, do primeiro encontro, realizado em junho, que contou com mais de 1200 participantes, a executiva do Comitê Nacional deliberou, por restringir a participação, realizando uma plenária com representantes dos Comitês Estaduais e das entidades nacionais que o compõem. Ainda assim, dezenas de comitês de base se fizeram representar e apresentaram propostas para impulsionar o movimento.

MUTIRÕES, O EIXO DA LUTA

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

VAI TER GREVE

Plenária Nacional Lula Livre Militante do PCO no RJ é perseguido Docentes das federais indicam aprova mobilização e ato nacional por comissão de ética em sindicato paralisação contra ataques de Bolsonaro Mais de 200 ativistas e dirigentes do movimento de luta pela liberdade de Lula, participaram nesse sábado, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no bairro da Liberdade, da II Plenária Nacional Lula Livre.

Militante do PCO do Rio de Janeiro tem sofrido perseguição por parte da direção do SINDSCOPE, o sindicato dos servidores do Pedro II, por defender o Fora Bolsonaro e o Lula Livre.

Nutricionista envolvida na máfia da merenda agora tem cargo com Doria O governo de São Paulo, há décadas comandado por uma dinastia do PSDB, é popularmente conhecido, entre outras tantas atrocidades, como “ladrões de merenda”.

Imprensa é “coautora” dos males da Lava Jato Em entrevistada dada a Folha de São Paulo, Gilmar Mendes, demonstrando a contradição interna da burguesia frente a crise, assume novamente uma postura crítica a Lava Jato, e denunciado a imprensa como “coautora” dos males.

EUA estendem por mais um ano bloqueio criminoso contra Cuba As manobras políticas que os EUA tomam em relação aos países sérios, que não abaixam a cabeça para o imperialismo, principalmente o norte-americano, são sempre no sentido de sufocar o país até este não mais conseguir se sustentar.

Privatizar a energia hidrelétrica é um ataque à indústria nacional Bolsonaro quer entregar o País na mão das empresas estrangeiras e fazer com que a população brasileira pague mais caro por tudo.

Os professores da rede federal de ensino marcaram uma paralisação de 48 horas, nos dias 2 e 3 de outubro, em protesto contra os cortes na educação e contra o programa do governo de sucateamento das instituições federais

Homem é obrigado a pagar R$ 10 mil por chamar ativista de “bichona”

A liberdade de expressão vem sendo cada vez mais confundida com motivo para prisão, multa e processo, onde qualquer palavra que alguém use para ofender outra pessoa acaba virando crime, quando, na verdade, não passa da genuína liberdade de expressão.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Mutirões pela liberdade de Lula: peças-chave da luta contra o golpe Neste último sábado, dia 14, pessoas do país inteiro estiveram presentes no primeiro ato nacional pela Liberdade de Lula após as revelações do que ficou conhecido como “Vaza Jato”, da qual foi evidenciada as falcatruas da operação golpista que impediu Lula de ser candidato nas eleições onde era visto por todos como o grande favorito a vitória. A mobilização popular até então obstaculizada pela confusão política nas direções da esquerda, e pelo boicote sistemático daqueles que consideram a liberdade de Lula uma política não “unificadora” com os setores golpistas, rompeu uma importante barreira, abrindo caminho para o que virá a ser um grande período de mobilização. Contradizendo tais argumentos, o Partido da Causa Operária e os Comitês de Luta Contra o Golpe, mostram na prática a importância das atividades de rua, do contato periódico com a população, sem o preconceito que toma a esquerda pequeno-burguesa de que o país está tomado por bolsonaristas.

O ato de sábado, como também toda as demais atividades que existiram e virão a ocorrer contra o golpe e pela Liberdade de Lula, passam todas por um fundamental eixo de mobilização, representados pelos mutirões pela Liberdade de Lula que ocorrem nacionalmente, tanto nos domingos em centenas de cidades, como nas quartas-feiras nas principais universidades do país. Estas atividades são responsáveis por não só reunir as pessoas que lutam pela liberdade do ex-presidente, como também mobilizar todo o restante da população, que vem aos milhares defender esta política, participando das assinaturas pela anulação dos processos ilegais contra Lula, inscrevendo-se para as caravanas e fortalecendo um importante vínculo com a luta contra o golpe. Seguindo este importante exemplo, comprovadamente fundamental para a mobilização popular, conclui-se que precisamos não apenas manter essa política de luta, mas também amplia-la o máximo possível, atingindo mais cidades em todo país, tanto para quebrar de vez o estigma de que não

há pessoas que desejam lutar contra o golpe em todos os lugares, como também atingir um maior número de pessoas, que estão apenas a espera de um empurrão, uma oportunidade, para lutar pela derrubada do governo golpista e pela Liberdade de Lula. Para isso, é necessário a formação de novos comitês de luta contra, organismos que reúnem pessoas de todos os tipos com o claro objetivo de reali-

zar estas atividades práticas, de impulsionar o movimento, sendo os principais organizadores, junto ao PCO, dos mutirões por todo país. A luta contra o golpe e pela liberdade de Lula depende de nossa ação junto ao restante da população, levantemos assim nossas bandeiras em todos os lugares, pois o futuro é muito promissor para a mobilização geral do povo brasileiro, mas ele só existirá se agirmos agora.

COLUNA

A frente que a esquerda e os trabalhadores precisam Por Renan Arruda

“O PT não vai aceitar isso. Não dá para você construir uma frente ampla, não dá para defender direitos com quem tirou direitos” Luís Inácio Lula da Silva Em recente entrevista (18/09) ao jornalista Renato Rovai, à Revista Fórum, o ex-presidente Lula, preso há mais de 530 dias no processo mais farsa da história do Brasil, deu um recado absolutamente contundente para o seu partido, mas que também se estende às demais forças políticas da esquerda, particularmente àquelas que se colocam no campo da luta contra o golpe. Não é possível fazer avançar a luta contra o golpe aliado com os patrocinadores do golpe, que procuram, no fundamental, frear a polarização política no País, estabilizar o regime político saído do golpe de Estado, garantir Bolsonaro até 2022 e se reciclar, às custas da esquerda, na perspectiva de se colocar como alternativa eleitoral para aprofundar a política bolsonarista em uma versão sem Bolsonaro. O impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a perseguição e prisão de dirigentes do PT, em primeiro lugar de Lula, a fraude eleitoral que conduziu à presidência um fascista é a política do golpe. A fim de permitir a política de destruição do país, entregar as empresas estatais, sucatear a educação e a saúde, acabar com a Previdência, retirar conquistas

históricas dos trabalhadores, restringir mais ainda os já restritos direitos democráticos, enfim, colocar o país numa condição de uma ditadura velada, o PT e Lula, necessariamente, deveriam ser retirados da cena política. Essa foi a política do PSDB, do DEM, de Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, Paulinho da Força, Ciro Gomes e do imperialismo que é o verdadeiro arquiteto do golpe. Lula está absolutamente correto, não dá para defender direitos com quem tirou direitos e quer tirar mais. O caminho pregado por setores da di-

reita do PT, pelo PCdoB, por Fernando Haddad, Rui Costa, Flávio Dino, Guilherme Boulos é um beco sem saída para o conjunto dos explorados do País. É um ilusão, também, para esses mesmos setores que buscam “virar a página do golpe”, estabelecer uma política de alianças com os próprios golpistas. A direita representada pelo “Centrão”, o imperialismo e toda a teia golpista montada no País não vão entregar para a esquerda o que teve um alto custo para a sua realização. A esquerda iludida não faz mais do que o papel de bobo da corte.

A frente que a esquerda e os trabalhadores precisam é uma frente de luta, é o povo nas ruas, é a mobilização de dezenas de milhões de explorados contra o regime político golpista. Esse sentimento já encontra-se presente no meio do povo. Qualquer manifestação, as grandes e as pequenas, têm duas palavras de ordem praticamente unânimes, “Lula Livre” e “Fora Bolsonaro”. O papel das direções, se realmente são direções, é a de ser a vanguarda desse movimento. Criar as condições para ampliar exponencialmente o sentimento popular.


POLÍTICA | 3

EM SÃO PAULO

Plenária Nacional Lula Livre aprova mobilização e ato nacional Encontro reuniu representantes de todas as regiões do País, debateu situação política e aprovou proposta de fortalecimento dos comitês e da campanha pela liberdade do ex-presidente AMais de 200 ativistas e dirigentes do movimento de luta pela liberdade de Lula, participaram nesse sábado, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, no bairro da Liberdade, da II Plenária Nacional Lula Livre. Diferentemente, do primeiro encontro, realizado em junho, que contou com mais de 1200 participantes, a executiva do Comitê Nacional deliberou, por restringir a participação, realizando uma plenária com representantes dos Comitês Estaduais e das entidades nacionais que o compõem. Ainda assim, dezenas de comitês de base se fizeram representar e apresentaram propostas para impulsionar o movimento. Na primeira parte da Plenária, realizou-se um debate sobre a situação política, cujo centro acabou sendo a polarização entre a política de “frente ampla”, defendida pelo PCdoB (representado no Encontro pelo seu vice-presidente, Walter Sorrentino), inclusive com os setores golpistas que apoiaram a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, por meio do impeachment fraudulento, com os que apoiaram e apoiam a condenação sem provas e prisão ilegal do ex-presidente Lula, que apoiaram a eleição fraudulenta de Bolsonaro e que votaram pelas medidas de ataque aos trabalhadores dos governos Temer e Bolsonaro, como o congelamento dos gastos públicos e as “reformas” trabalhista e da Previdência, por um lado.

Em oposição à essa politica, expressando as tendências combativas presentes no interior do movimento de luta contra o golpe e nas organizações de luta dos trabalhadores em geral, colocou-se a politica de buscar a unidade entre as organizações dos trabalhadores, da esquerda, para lutar, contra o regime golpista, para mobilizar pela anulação da lava jato e pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos, colocar para fora e todos os golpistas e conquistar novas eleições, com Lula candidato. Na parte da tarde, os participantes dividiram-se em grupos de trabalho que aprovaram importantes propostas de mobilização e de fortalecimento da organização do movimento.

O encontro aprovou um calendário de mobilização em torno da luta pela liberdade de Lula, tendo como datas centrais os “aniversários” de Lula: primeiro no dia 6 de outubro (data de seu nascimento) e no dia 27 (data oficial do sei aniversário, dia do seu registro em cartório). A Executiva Nacional ficou encarregada de dar uma redação final às propostas, dentre as quais destacamos: • Participar, nos dias dia 2 e 3 de outubro, do Dia Nacional de Luta da Educação (com mobilizações de estudantes e professores), levando para as ruas a campanha Lula livre; • Realizar atos em todas as capitais e ouras cidades, no dia 6 de outubro, incluindo a realização de uma vigília

com ato político e atividades culturais no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; • Caravanas e Ato Nacional em Curitiba 27, com festa de aniversário e grande manifestação pela liberdade de Lula; • Intensificação da campanha de coleta de assinaturas (mutirões), realizando-os também nos locais de trabalho (fabricas etc.), de estudo (universidades e escolas) e de moradia (feiras livres e locais de grande concentração; • Realização da Semana Nacional Lula Livre da Juventude, com atos nas faculdades de Direito e outros eventos; • Campanha financeira junto aos sindicatos e categorias de trabalhadores, voando arrecadar R$ 15 milhões, começando com dezenas de milhares de contribuições dos sindicalistas e, depois, dos trabalhadores; • Arrecadação por meio de leilão de produtos assinados pelo Lula; • Aumentar a quantidade e a qualidade do material impresso, produzir cartazes e adesivos e panfletos em grande quantidade para ampliar a campanha nas ruas; • Produção de vídeos com artistas para a campanha Lula Livre; • Realizar plenárias nacionais e estaduais regularmente mais amplas e em locais diferentes. Nas próximas edições desse Diário vamos continuar dando destaque às deliberações e debates desse importante Plenária.

LAVA JATO E IMPRENSA GOLPISTA

Imprensa é “coautora” dos males da Lava Jato Operação criminosa, a Lava Jato é protegida pela imprensa golpista, que mesmo com todas as revelações, preserva a operação com o intuito de dar continuidade ao golpe. Em entrevistada dada a folha de São Paulo, Gilmar Mendes, demonstrando a contradição interna da burguesia frente a crise, assume novamente uma postura crítica a Lava Jato, e denunciado a imprensa como “coautora” dos males. Gilmar é um dos principais direitistas responsáveis pelo golpe, suas ações sempre foram contra a esquerda, perseguição ao PT e a população pobre. Porém, com a crise do regime, viu-se obrigado a se defender da própria operação golpista da lava jato, e assim revela o óbvio, que a imprensa golpista é uma peça fundamental de apoio ao golpe, a Lava Jato, e aos ataques contra a população. Esta operação, ao contrário do que tenta indicar Gilmar Mendes durante a entrevista, não surge de pessoas que gostariam de combater o crime e passaram a cometer sérias irregularidades, mas sim, de uma forte interferência do imperialismo no país, organizando uma operação mafiosa com o intuito de destruir a economia nacio-

nal e prender opositores políticos. Deltan, Moro, e demais, fazem parte de um organismo que age contra o estado de direito, se colocando como poder acima de todos, no qual, mesmo Gilmar denuncia, torna-se um “poder incontestável”, que é totalmente ilegal e criminoso.

A Lava Jato é de fato uma operação criminosa, tendo sido totalmente exposta nas últimas revelações do sítio The Intercept, onde é revelado que Moro e Dallagnol agiram em conjunto para impedir que Lula pude-se concorrer as eleições, pois eles mesmos sabiam que sua vitória era eminente.

Além deste fato revelado, a operação vem agindo até hoje com uma forte proteção da imprensa. Mesmo quando fora posto para todos verem que esta era uma operação criminosa, a imprensa golpista tentou resguarda-la e personalizar o problema, colocando que a Lava Jato era algo bom, e que quem deveria ser punido seria as pessoas por seus “supostos erros”. Fica-se evidente assim, que mesmo os golpistas são obrigados a admitir o caráter fascista da imprensa, sendo ela responsável pelos ataques ao PT, pela campanha que gerou a prisão de Lula e pela fraude nas eleições. Mesmo que redes como a Globo tentem passar uma falsa imagem de serem contra Jair Bolsonaro, eles são na realidade os principais responsáveis pelo fascista ter assumido o poder. Por isso, nota-se a importância de tirar-se os meios de comunicação, que são concessões do Estado, das mãos da burguesia, que utilizam este meios como forma de propagar sua política de extermínio anti nacional e anti povo.


4 | POLÍTICA | ATIVIDADES DO PCO

NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES

Privatizar a energia hidrelétrica é um ataque à indústria nacional Bolsonaro quer entregar o País na mão das empresas estrangeiras e fazer com que a população brasileira pague mais caro por tudo. A campanha do governo golpista e fascista de Jair Bolsonaro enganou muita gente no que diz respeito ao nacionalismo e patriotismo do presidente ilegítimo, que tanto falava em fazer o Brasil crescer, que ressuscitou até o slogan “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, contudo, o que vemos agora é Brasil em cima da crise e a religião dominando o Congresso e fazendo as leis. Muito dessa decadência econômica vem se dando pelos planos desgovernados de Bolsonaro em vender todas as riquezas do País e privatizar tudo que ele vê pela frente. Dessa vez, o governo bolsonarista quer atacar a indústria nacional privatizando a energia hidrelétrica. Bento de Albuquerque, ministro de Minas e Energia, informou que existe um projeto de lei sendo encaminhado pelo governo para o Congresso Nacional e que visa a privatização da Eletrobrás até 20 de setembro. O desgoverno bolsonarista e capacho dos EUA planeja acabar com a participação da União no capital social da empresa, além de limitar a quantidade de ações que os acionistas poderão ter, que será, no máximo, 10% e o governo ficará responsável por algo entre 30 a 40% das ações. Numa clara tentativa de agradar o

capital estrangeiro, Albuquerque afirmou que, em suas viagens internacionais, vem tratando desse tema com empresas interessadas, ou seja, pelo bem de empresas de outros países, Bolsonaro vai privatizar as empresas brasileiras e acabar com a indústria nacional, que ficará dependente da inexistente boa vontade dos novos donos para negociar. O que o golpista e puxa saco dos EUA esquece, é que o Brasil é o segundo maior produtor de energia hidrelétrica do mundo, ficando atrás apenas da China. O professor Ildo Sauer, ex-diretor da área da Petrobrás afirmou que: “A última prioridade do uso da água é a produção de energia elétrica”, chamando atenção para o fato de que, quem tem o controle das usinas brasileiras tem, principalmente, influência sobre os cursos d’água. Bolsonaro está jogando fora, praticamente ignorando os seguintes fatos: O Brasil é dono da maior reserva de água doce do mundo, aglomerando 12% do total disponível em todo o planeta, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). 12 bacias hidrográficas possuem quedas d’água de forma recorrente, fazendo com que

a diferença de altura entre um ponto e outro dos rios transforme energia em velocidade, privilegiando o funcionamento das turbinas. A gravidade desse ciclo produz 63,75% da energia brasileira, conforme dados da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Sauer ainda ressaltou que: “nenhum país do mundo, usando sistema hidráulico de usinas, as privatizou”. A maior produtora de energia hidrelétrica, a China, tem suas usinas totalmente estatais, nem nos EUA, coração do imperialismo, a energia hidrelétrica é privatizada. No país norte-americano, todo sistema de energia desse tipo é de controle público. Na avaliação do

ex-diretor da Petrobrás, a geração de energia hidrelétrica pela Eletrobras estatal custa entre R$ 8 e R$12 megawatt hora, ao passo que as empresas privadas cobram algo entre R$ 80 a R$ 100. Ele ainda ressalta que: “Uma vez privatizadas essas usinas, se fará como se fez em todos os lugares. O preço aumentará”. Esse é o caminho que o governo golpista quer seguir, dando um verdadeiro golpe na soberania nacional, na indústria nacional e no povo brasileiro, tudo para privilegiar o capital estrangeiro que, quando não mais precisar do Bolsonaro para fixar no Brasil uma verdadeira colônia de exploração, irá jogá-lo fora como fez com tantos outros.

PERSEGUIÇÃO POLÍTICA

Militante do PCO no RJ é perseguido por comissão de ética em sindicato Militante do PCO do Rio de Janeiro tem sofrido perseguição por parte da direção do SINDSCOPE, o sindicato dos servidores do Pedro II, por defender o Fora Bolsonaro e o Lula Livre. Todo o povo brasileiro tem visto a política da extrema-direita: uma campanha de perseguição à esquerda e aos movimentos populares. No entanto, infelizmente não é só a direita quem pratica este tipo de perseguição política. Há setores da esquerda pequeno-burguesa que procuram utilizar estes mesmos métodos da direita. Recentemente, um companheiro do Partido da Causa Operária tem sofrido na pele esta perseguição em seu próprio sindicato. O militante do PCO tem levado adiante em seu sindicato, o SINDSCOPE (Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II), a política do Partido: a luta em torno das palavras de ordem “Fora Bolsonaro” e a liberdade para Lula. Antes de entrar nos detalhes deste caso, é fundamental destacar que o SINDSCOPE, que fazia parte do CSP-Conlutas, rompeu com esta “central” no final do ano passado. No entanto, a direção do SINDSCOPE é composta basicamente por militantes do PSTU e do PSOL. Curiosamente, era o PSTU quem puxava há pouquíssimo tempo atrás o glorioso “Fora Todos”. Embora este partido pregue também o “Fora Maduro”, em total sintonia com o imperialismo, eles se recusam a aderir ao “Fora Bolsonaro”. A esquerda pequeno-burguesa, que se recusa a aderir a estas reivindica-

ções, busca arrumar mil e uma justificativas para as suas capitulações. Como não conseguem sustentar um debate político sério, são muitas as manobras para atacar o PCO. Após atuar em diversas assembleias do SINDSCOPE em torno destas palavras de ordem, finalmente aprovou-se, por ampla maioria, a adoção da palavra de ordem “Fora Bolsonaro e Mourão! Contra as políticas do governo! Greve Geral para derrotar o governo nas ruas!”. Embora alguns penduricalhos tenham sido adicionados, o fato é que foi deliberado em assembleia pelo sindicato a adesão ao “Fora Bolsonaro”. No entanto, a aprovação do “Fora Bolsonaro” pelo SINDSCOPE não aconteceu sem traumas. O companheiro do PCO propôs que o sindicato colocasse em votação o “Fora Bolsonaro” no começo de uma assembleia, o que foi aceito. No entanto, em uma manobra manjada, os dirigentes sindicais esperaram a assembleia se esvaziar, para tentar retirar a votação do “Fora Bolsonaro” no final. Para reagir contra este golpe baixo, o companheiro interveio energicamente. Em meio a um debate acalorado, já ao final da assembleia, o militante do Partido se retirou abruptamente, em parte por conta do nervosismo, em

parte para denunciar a fraude destes sindicalistas. No entanto, qual foi a surpresa do companheiro quando o mesmo recebeu, alguns dias após esta assembleia, um e-mail comunicando-o que ele estava em uma Comissão de Ética, por conta de uma conduta supostamente inapropriada. Inacreditavelmente, pasmem, a justificativa para a abertura dessa comissão é a de que o companheiro interrompeu a fala de outro camarada do sindicato! Não ocorreu nenhum conflito físico entre os companheiros; nem mesmo xingamentos foram proferidos. Quer dizer, apenas abriu-se uma comissão de ética por que os companheiros simplesmente discutiram! Como podemos ver, trata-se de um caso explícito de perseguição política, uma vez que, como qualquer um pode imaginar, até mesmo em discussões em um convento, vemos atritos de maior envergadura. Se o caso se encerrasse por aqui já seria um escândalo. No entanto, a história ainda tem mais desdobramentos. Mesmo após ter sido aprovada a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” em assembleia, os dirigentes do SINDSCOPE se recusaram a divulgar qualquer material de propaganda do sindicato que contivesse a palavra de ordem. Revoltado com este

descumprimento de uma deliberação coletiva, tirada em assembleia, o companheiro do PCO resolveu fazer uma edição caseira, adicionando o “Fora Bolsonaro” por conta própria em um material de propaganda do sindicato e postou a imagem modificada em um grupo do sindicato na internet. É interessante notar o quanto esta política da esquerda pequeno-burguesa se assemelha ao bolsonarismo. Temos visto Bolsonaro ignorar solenemente as decisões populares em universidades, onde o governo federal atropela a vontade da comunidade universitária, impondo aliados escolhidos à dedo para assumir cargos de reitor. Da mesma forma, a direção do SINDSCOPE vergonhosamente tem ignorado a deliberação da categoria pelo “Fora Bolsonaro”. Além disso, também é uma característica dos bolsonaristas a tentativa de calar a força seus adversários políticos, assim como esta direção sindical tem feito. É preciso que a esquerda se mobilize para impor o “Fora Bolsonaro” e a “Liberdade para Lula”, atropelando assim a esquerda pequeno-burguesa, que tenta utilizar os métodos da direita, embora de forma muito precária, quando comparada aos verdadeiros praticantes desta política.


POLÊMICA | 5

FRENTE AMPLA COM OS GOLPISTAS

Flavio Dino vai na Band propor ataque a aposentadoria de servidores A aliança com os golpistas levada às últimas consequências. Dino defende novo julgamento para Lula e a reforma da previdência nos Estados e Municípios No último domingo (15) o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) foi entrevistado no programa Canal Livre da Band. Considerado um exemplo de governador por parcela da esquerda nacional, a entrevista de Dino mostra o que está por trás da sua política, de qual setor ela vem e porque é profundamente nociva à esquerda e à luta contra os golpistas. No 1º bloco, o governador foi perguntado 18 vezes, a começar pela sua relação com o governo Bolsonaro. Nas respostas, Dino fez questão de naturalizar sua relação institucional com o governo golpista, dizendo que apesar dos discursos não há nenhuma discriminação ou retaliação de Bolsonaro, na prática, aos governadores do nordeste. “De fato é um desafio que o Brasil tem hoje encontrar os termos adequados de equilíbrio entre as naturais divergências políticas, que são salutares, com uma convivência institucional que ajude o Brasil. É esse equilíbrio que tenho buscado. Claro que tenho uma visão crítica em relação aos rumos principais que vem sendo adotados pelo governo federal, mas ao mesmo tempo mantenho uma atitude de diálogo, respeitoso. As 3 vezes que o presidente da república convidou a mim e a outros governadores para reuniões eu estive presente nas 3, veiculei meus pontos de vista, de modo que nós buscamos este equilíbrio. Na medida que o pluralismo político deve ser preservado, é um valor democrático, mas ao mesmo tempo precisamos, necessitamos, ter parcerias entre o governo federal, os estados e municípios, para resolver os problemas nacionais. Então, da minha parte, eu distinguo muito claramente e tenho buscado esse equilíbrio, que é essencial para que o Brasil possa sair da crise e voltar a gerar oportunidades, empregos, direitos, como a população precisa.” As palavras de Dino fazem parecer que o governo Bolsonaro é democrático, que há apenas algumas divergências políticas entre ambos. Não parece que ele se refere ao governo da extrema direita com orientações fascistas, que chegou ao poder pela fraude eleitoral que prendeu e cassou Lula. Não parece que Bolsonaro declarou guerra à esquerda e aos trabalhadores, que prometeu acabar com o socialismo. Dino passa a impressão de que independente se o presidente é fascista ou não, é possível manter o equilíbrio e através de parcerias com esse governo “resolver os problemas nacionais”. Por mais absurda que seja a declaração, esse é o tom da entrevista, que vai escancarar a política da chamada Frente Ampla de amenizar o momento crítico da situação política nacional e tratá-lo como um momento normal de preparação para as eleições de 2020 e 2022. Reforma da previdência Perguntado sobre sua participação na reforma da previdência e se con-

corda com os pressupostos da PEC, Dino revelou que está de acordo com os golpistas de que há déficit na previdência. Afirmou que não atuou para derrotá-la, mas apenas para emendá-la, de forma que os retrocessos sociais não fossem muito agudos. Uma política derrotista, que inclina seus defensores a contemporizar com os golpistas. Se os ataques fossem pouco agudos tudo bem, então? “A PEC paralela é uma tentativa de reintroduzir debates que foram, infelizmente, rejeitados na câmara, marcadamente a busca que nós fizemos de uma ponderação, de um lado a necessidade de enfrentar o déficit fiscal objetivamente existente e de outro nós termos uma reforma que contivesse retrocessos sociais muito agudos. Este foi nosso esforço.”

sembleias dos municípios – haver uma convergência em relação a este novo modelo federal, até porque é um imperativo constitucional, nós somos um país que exige que haja adequação dos entes subnacionais àquilo que vem ser aprovado pelo Congresso nacional. Ou seja, o governador do PCdoB considera que o problema não é atacar os trabalhadores, mas sim fazê-lo em excesso. De forma moderada, tudo bem, uma vez que é preciso “adequação ao que vem ser aprovado pelo Congresso”. Dino reforçou isso na resposta à pergunta seguinte, em que foi pressionado a dar satisfação sobre a atuação dos governadores do nordeste na reforma: “De fato há uma compreensão incorreta acerca do nosso papel [governadores] neste processo. Nós fizemos uma nego-

Eu concordo que existe o déficit e ele tem que ser enfrentado, medidas normativas são necessárias… Eu particularmente, e outros estados, não vamos aguardar a conclusão da PEC paralela para encaminhar às Assembleias os projetos de leis necessários à adequação dos Estados e claro dos municípios também a um novo sistema constitucional… Então, o sentido geral é de busca da congruência em relação ao modelo federal dos estados e municípios. Agora vamos fazer isso com moderação, porque certas medidas, exemplifico: restrições muito agudas às pensões por morte, penalizando muito gravemente viúvas e órfãos. Eu não faço este tipo de coisa, não me convidem para isso que não vou. Até porque acho que nem na bíblia se sustenta, muito menos do ponto de vista social e econômico da atual conjuntura. Então esses excessos antissociais que ainda existem vamos modular, mas claro que a tendência geral de estados e municípios vai ser progressivamente – ou por intermédio da PEC paralela ou de legislações próprias votadas nas as-

ciação séria, como sempre fazemos. Fizemos o acordo político. Na última hora houve por parte de alguns parlamentares… uma visão segundo a qual os estados e municípios deveriam ficar de fora. Foi uma decisão da Câmara, não dos governadores. Nós fizemos as críticas que tínhamos, e algumas que ainda temos, fizemos a modulação possível, dada a correlação de forças na Câmara, é claro que não concordamos integralmente com essa reforma que foi enviada pelo presidente Bolsonaro. Participamos da negociação e havia uma disposição dos estados e municípios para integrarem este texto. Foi uma decisão da Câmara não integrar, por razões políticas, regionais, na verdade. Não foi uma atitude dos governadores. Tanto é que eu acabei de declarar e repito: tão logo concluída a reforma no plano federal, muito seguramente, se não todos, mas quase todos os estados, inclusive o meu, vamos debater um plano estadual nas assembleias legislativas e câmaras municipais.” Dino, assim como governadores de direita, como Ratinho Jr (PSD-PR) e

Eduardo Leite (PSDB-RS) esforçou-se para incluir na reforma da previdência os servidores estaduais. Isso só não ocorreu devido à pressão geral sobre os deputados, fazendo com que o Congresso aprovasse uma reforma aquém dos ataques que os golpistas pretendiam. O governador está tão atrelado ao regime que neste tema da reforma é um aliado dos golpistas no ataque aos direitos dos trabalhadores. Ainda sobre a reforma, o governador criticou pontos aprovados que significam ataques aos mais pobres, contudo, deixando claro que discorda desses pontos apenas no regime geral, que não se aplicam ao regime próprio, que ele quer reformar. Força Centrípeta vs Força Centrífuga. Centrão vs Polarização. O ponto alto do 1º bloco foi a resposta ao jornalista Frenando Mitri, em que Dino usou uma metáfora para se referir à polarização: “… Nós nunca tivemos na vida brasileira uma ausência tão dramática de um vértice que organize o jogo político no Brasil. Ou seja, nós temos mais forças centrífugas [polarização] do que centrípetas [formação do centro] neste momento. E é claro que nesta lógica de centrifugação do sistema institucional é essa guerra de todos contra todos. Então essa temática que você identifica em relação à previdência, não é própria da previdência, é própria do espírito do tempo… Todos os temas institucionais no Brasil estão mal encaminhados. Exatamente porque não tem um eixo condutor disto. Nós trocamos o presidencialismo de coalizão pelo presidencialismo de confusão. E é claro, portanto, que fica difícil encaminhar uma pauta que convirja o país.” Eis um ponto chave da entrevista. Dino, que foi eleito por uma coalizão de 16 partidos (PRB, PDT, PPS, DEM, PSB, PR, PP, PROS, PT, PTB, Patriotas, PTC, Solidariedade, PPL e Avante) – como ele próprio revela – representa um setor que vai da esquerda à burguesia e oligarquia maranhenses, por isso expressa a política da chamada Frente Ampla, a iniciativa de juntar setores da esquerda com setores golpistas na busca de reciclar, reconstruir o centrão para “colocar Bolsonaro na linha”. Traduzindo: a “centrifugação do sistema institucional” é a polarização resultante do golpe de Estado. Esta opôs, de um lado Lula e os trabalhadores, de outro, o bolsonarismo e a direita. A “guerra de todos contra todos” nada mais é que a luta de classes numa etapa de crise do capitalismo e do regime político no país, radicalizada pelo golpe de Estado. Isto implica, para Dino, que as forças centrífugas (Lula e o mov. operário) – que empurraram todos para os polos, destruindo o centro político que mantinha a estabilidade do regime – devam ser combatidas pela Frente Ampla, que inclui PCdoB, PDT e partidos golpistas (as forças centrípetas), que buscam con-


6 | POLÊMICA vergir formando novamente o centro político, que seja um eixo de estabilização do regime golpista. O 1º bloco termina com uma pergunta sobre o governo Dilma, onde Dino chega a citar o golpe de Estado de forma sumária como “golpismo institucional”. Já no 2º bloco, Dino expressa mais uma vez o profundo equívoco de sua política, quando perguntado se a questão da liberdade do ex-presidente Lula deve ser um critério decisivo para as alianças nas eleições municipais de 2020: “Nós precisamos buscar sim essa ampla união democrática, popular, do campo nacional, aqueles que defendem a construção do Brasil em bases solidárias de combate a desigualdade e justiça social. Então esse é pressuposto, é o programa. Quem quiser aderir a esse programa, ótimo, seja da esquerda ou mais ao centro, essa é minha visão. E creio que isso não pode ser construído sem o PT, nem contra o PT, é o partido mais importante da esquerda brasileira. É um grave equívoco imaginar que vamos conseguir retomar vitórias eleitorais fazendo discurso contra o PT, eu não sou do PT, mas respeito muito o PT, os petistas, seu patrimônio. E respeito muito a sua principal liderança, Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais líderes da história brasileira, presidente melhor avaliado da história brasileira. Em relação a ele eu nunca o vejo como um obstáculo a nada. Até porque eu considero que a estas alturas, qualquer brasileiro, brasileira que nos assiste agora, tem evidências cabais de que lamentavelmente o processo judicial contra o ex-presidente Lula padeceu de vícios processuais gravíssimos e que eliminaram a principal garantia de qualquer cidadão, que é o direito a um julgamento justo, proferido por juiz imparcial, um juiz que não é sócio de uma das partes, que não aconselha uma das partes. Então hoje, é um imperativo democrático, de respeito à Constituição nós defendermos que ele, ou qualquer outro que tenha sido vítima de injustiças e de violação de garantias processuais, seja novamente julgado. Ou seja, um julgamento viciado tem que ser anulado e novo julgamento proferido nos termos da lei. Se ele vai ser absolvido ou condenado já é outro detalhe. O pcdobista dá voltas e voltas, fala uma linguagem de difícil entendimento, faz elogios a Lula e ao PT, o que pode confundir os desatentos, mas no final diz que apesar de Lula não ter tido direito a um julgamento justo, a defesa da sua liberdade não é critério para as alianças eleitorais de 2020. E mais, que Lula deve ser novamente julgado, seja absolvido ou não. Ou seja, Dino reproduz à sua forma a política de Ciro Gomes e do PSTU sobre as ilegalidades da Lava Jato: a operação teria cometido excessos, mas Lula deve ser julgado mesmo assim. Não bastasse o nível gritante de oportunismo político, o governador diz que seria possível fazer alianças com o PDT e Ciro Gomes em várias cidades “para vencer as eleições de 2020 e preparar o terreno para 2022” que não precisaria ter chapa de esquerda encabeçada pelo PT. Essa posição é reforçada em

seguida, quando o governador, baseado na sua experiência como juiz, diz que teria assinado 70 a 80% das sentenças da operação Lava Jato. Nesta altura da entrevista, o jornalista Fernando Mitri, em resposta às suscessivas citações da bíblia feitas pelo governador “comunista”, diz: “Dino é o líder do PCdoB que mais cita a Bíblia. Marx ele não cita. Ele cita o ato dos apóstolos.” “Direitos Já – Democracia Sempre” a defesa da frente com o centrão e as frentes populares como referência de governo Fernando Mitre: “Soube que o senhor conversou com FHC, Rodrigo Maia, Sarney. O senhor está tirando o que disso aí…?” Dino: “…Recentemente estive num ato aqui na PUC de São Paulo, chamado ‘Direitos Já – Democracia Sempre’, em que haviam políticos até de centro-direita, onde tinham lideranças empresariais, religiosas, partidárias, do PCdoB, o Solidariedade, a Rede [PSDB…]. Esse é o certo e acho que este é o caminho que nós estamos construindo. Agora, tem que ter paciência, as vezes há muita ansiedade. Nós estamos no início do mandato do atual presidente da república. O problema é que é um mandato que oferece tão pouco em termos programáticos que parece que ele já está no fim. Não, ele não está no fim, está no começo. Então nós temos que respeitar o mandato presidencial. Dar tempo para que ele implemente lá o que ele acredita que deva fazer e ao mesmo tempo cuidar do nosso campo. Então até 2022 nós temos muito tempo e eu acredito muito, firmemente, que nós vamos conseguir essa convergência ampla e um novo programa, que olhe para o futuro, que transforme a realidade olhando para o futuro agora sem negar o passado, sem repudiar o passado, o que seria um grave erro.” Para Dino a esquerda deve ser paciente com a destruição e os ataques que o governo Bolsonaro está causando aos trabalhadores e ao povo brasileiro. O governador de esquerda quer que os oprimidos respeitem seus opressores, representados pelo governo de destruição nacional resultante da fraude eleitoral, tudo pela espera de uma remota possibilidade de vitória eleitoral em 2022. É a política de fazer os trabalhadores aceitarem apanhar hoje em troca da esperança ilusória de um suposto ganho eleitoral daqui a 4 anos.O governador ainda respondeu perguntas sobre o que a esquerda defende para os costumes e sobre o governo do Maranhão, citou a extrema direita sem falar do golpe de Estado e disse que tem certeza da vitória eleitoral em 2022. A entrevista é a expressão profunda do chamado à capitulação. Chama os trabalhadores a submeterem a luta das massas à disputa eleitoral, vendendo a ideia de que apanhar hoje automaticamente levaria à vitória (eleitoral) amanhã. É um ataque à luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. É a defesa do fica Bolsonaro no nível mais alto do cinismo e cretinismo parlamentar, neste sentido deve ser vista atentamente por todos os companheiros que apoiam a luta contra o golpe e buscam entender e superar a paralisia das direções da esquerda.

Reunião do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo Todos os sábados às 16h

Local: Centro Cultural Benjamin Perét Rua Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - São Paulo - SP Entre em contato conosco: • telefone/whatsapp: (11) 98192-9317 • facebook: @coletivorosaluxemburgo • Se você não for da cidade de São Paulo, participe a distância via Skype. Contato no Skype: mulheres_8


MOVIMENTO OPERÁRIO| MORADIA E TERRA | 7

VAI TER GREVE

Docentes das federais indicam paralisação contra ataques de Bolsonaro Professores definem calendário de mobilizações para os próximos meses Os professores da rede federal de ensino marcaram uma paralisação de 48 horas, nos dias 2 e 3 de outubro, em protesto contra os cortes na educação e contra o programa do governo de sucateamento das instituições federais de ensino, o Future-se/Fature-se. Faltam os professores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) que ainda vão fazer uma assembleia geral para definir a adesão ao movimento nacional. Eles vão fazer atos para discutir com a comunidade universitária os cortes na educação e o Future-se, nos dias 24 e 25 de setembro. A decisão do sindicato teve como referência as deliberações das assembleias de base realizadas nas instituições federais de ensino nas últimas semanas e o calendário de lutas que vem sendo construído em conjunto com as demais entidades do setor da educação. Os professores aprovaram a realização de assembleias comunitárias para discutir a situação financeira das instituições federais de ensino superior (Ifes) e a construção de dias de mobilização com atividades das universidades, institutos federais, centros federais de educação tecnológica (Cefets)

nas praças e outros locais públicos, para dialogar com a sociedade. Além disso, as seções sindicais têm até 25 de setembro para fazerem um levantamento dos impactos dos cortes de verbas nas instituições, para a elaboração de material especial sobre a situação das Ifes. Foi definido um calendário de mobilizações em conjunto com outras categorias: Dia 20, na Greve Mundial do Clima, as entidades se unem para realizar um dia nacional de luta em defesa da

Amazônia, da Ciência, da Tecnologia e da Educação. Dia 25 de setembro, as entidades vão incorporar a data, proposta pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), como Dia de Mobilização em Defesa da Ciência e Tecnologia Públicas. 2 e 3/10 – Greve Nacional da Educação, de 48 horas. 3/10 – Dia em Defesa da Soberania Nacional, da Ciência, Tecnologia e Educação. Estão corretíssimos os docentes federais em se mobilizarem e definirem

a paralisação como forma de pressão, entretanto, é preciso lembrar que pautas parciais não atacam a raiz dos problemas. Tanto os cortes na Educação, a paralisação dos projetos de fomento à Ciência e Tecnologia, quanto a agressão à região amazônica e sua população, além de tantos outros, têm uma causa: o golpe de Estado que tomou de assalto o País e todos os seus ativos, culminando com a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro, depois da prisão – a cada dia mais evidente sobre o quanto foi ilegítima – do ex-presidente Lula, que seria provavelmente eleito em primeiro turno. Nenhum presidente do Brasil prestigiou tanto a Educação federal quanto Lula, em cujos governos foram inauguradas 18 universidades federais e o apoio aos pesquisadores alcançou o seu ápice, com o programa Ciências Sem Fronteiras e tudo o mais. É preciso cortar o mal pela raiz. Não adianta nada exigir que esse desgoverno fascista que está ocupando Brasília mude sua política e seja diferente. As manifestações, para serem eficientes, precisam assumir as palavras de ordem Liberdade para Lula e Fora Bolsonaro, com anulação das eleições e convocação de novas eleições gerais, com Lula candidato!

REPRESSÃO NO CAMPO

Direita usa “ecologia” para expulsar famílias do MST em Casa Nova/BA Mais de 300 famílias sofrem o risco de serem despejadas No dia 16/09 (segunda-feira) as mais de 700 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) dos acampamentos Iranir de Souza e Irmã Dorothy, localizados no munícipio de Casa Nova, no interior da Bahia, receberam uma ordem de despejo com o prazo de 15 dias para desocupar o local. A decisão foi tomada pelo juiz Pablo Enrique Carneiro Baldivieso que acatou o pedido da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que seria a coordenadora desse local, o Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho. “Aqui era considerada uma área improdutiva, nós modificamos esta realidade”, disse o presidente da Associação dos Produtores Rurais de Irani, José Lopes da Silva. O local é uma importante e produtiva área da Bahia, um perímetro irrigado no meio do semi-árido nordestino onde cerca de 650 hectares eram utilizados para a produção de alimentos, sendo esse ocupado pelo MST há mais de 8 anos. Os argumentos utilizados para o despejo das mais de 300 famílias do local são que essas estariam na “reserva legal de um latifúndio que não possui nenhuma área de vegetação nati-

va, apenas pasto.” Entretanto, parte da produção da região vai para feiras locais e outra parte para o município de Jacobina, isso além de abastecer os próprios assentamentos. No local também existem duas escolas que disponibilizam os Ensinos Fundamentais I e II, além da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O juiz afirmou que, caso não seja cumprida a ordem de reintegração de posse, a Codevasf poderá “demolir as benfeitorias construídas no local reintegrado”. A tentativa de despejo, que não é a primeira no local em 2019, é um dos recursos da direita que tenta usar a pauta da ecologia para atacar os movimentos de luta pela terra. O MST precisa se organizar como um movimento de luta armada para defender os trabalhadores, uma vez que os ataques do governo só irão se intensificar e mais medidas como essas virão.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


8 | CIDADES

A MÁFIA DO PSDB NAS ESCOLAS

Nutricionista envolvida na máfia da merenda agora tem cargo com Doria Dória após querer por “ração humana” nas escolas, agora coloca novamente os mafiosos da merenda para comandar a alimentação dos estudantes, pondo em risco a saúde de todos. O governo de São Paulo, há décadas comandado por uma dinastia do PSDB, é popularmente conhecido, entre outras tantas atrocidades, como “ladrões de merenda”. Tal fama não vem por acaso, há alguns anos atrás, ainda sob a gestão de Geraldo Alckmin, foi instaurado em São Paulo uma CPI para investigar irregularidades na distribuição de merendas para os alunos, sobretudo de baixa renda, que necessitavam fazer suas refeições em âmbito escolar. Na época fora indicado uma série de escândalos que revelavam o caráter desumano do governo PSDB, responsável pela falta de merendas nas escolas, troca de alimentação saudável por “lanches” baratos, bolachas, e fraudes nas licitações. Presente nestes acontecimentos estava a então nutricionista Vanessa Alves Vieira, citada na CPI como uma das 20 pessoas envolvidas nas fraudes de contratos com o COAF (Cooperativa

Orgânica Agrícola Familiar), que envolveram mais de 13,5 milhões de reais, durante os anos de 2011 a 2014. Após os nomes envolvidos com o caso serem revelados, o governo do estado de São Paulo foi obrigado a exonerar Vanessa. Porém, agora já no governo Doria, a nutricionista envolvida na máfia da merenda está de volta ao cargo que ocupava, no centro de serviços de nutrição. A volta aos cargos de nomes envolvidos no escândalo das merendas não é uma novidade durante o governo Doria, que logo após assumir seu mandato, nomeou Rodrigo da Silva Pimenta como chefe de gabinete da fundação para o desenvolvimento da educação, sendo que Rodrigo admitiu em 2016 irregularidades durante a CPI da merenda, tendo sido acusado de diversas fraudes, e agora podendo ocupar uma posição que passa a controlar integralmente todas as licitações das escolas públicas estaduais.

Além dele, Fernando Capez, acusado de estar ligado ao esquema das merendas, assumiu o comando do Procon de São Paulo. Observa-se também no caso de Vanessa, que a mesma ocupa seu cargo há cerca de um mês de forma ilegal, pois, ao ser empossada jamais foi formalizada no Diário Oficial do Estado, estando também envolvida em um contrato para compra de carne de cerca de 14 milhões de reais, onde nele Vanessa aparecia como diretora, concretizando uma outra irregularidade. Em relação a este e a outros tantos casos, nota-se o grande controle do Estado por parte da máfia do PSDB, grupo verdadeiramente criminoso, que em todos esses anos vem aprofundando cada vez mais os ataques contra a população. Doria, é nada mais que uma evolução prontamente fascista deste governo, que sob o a cortina de uma inexistente democracia, esmaga o povo pobre e trabalhador. Por isso,

devemos levantar junto ao Fora Bolsonaro a palavra de ordem Fora Doria, um verdadeiro bolsonarista que hoje está no poder do principal estado da nação.

CENSURA

Homem é obrigado a pagar R$ 10 mil por chamar ativista de “bichona” Não são multas, processos e indenizações que irão acabar com a homofobia, mas sim uma luta contínua pela derrubada da direita golpista do poder. A liberdade de expressão vem sendo cada vez mais confundida com motivo para prisão, multa e processo, onde qualquer palavra que alguém use para ofender outra pessoa acaba virando crime, quando, na verdade, não passa da genuína liberdade de expressão. Esse é o caso de um homem que terá de pagar R$ 10 mil a um ativista LGBT por chamá-lo de “viado” e “bichona”. A decisão saiu no último dia 9, no Juizado Especial Cível de Nova Iguaçu. Tudo aconteceu quando o ativista Felipe Resende comemorou, em sua página do Facebook, a criminalização da homofobia e da transfobia, que se deu com o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin. Felipe publicou em sua rede “2 x 0 COMUNIDADE LBTQI+ X BOLSONARO” e Edson Siqueira comentou “É DESSA VEZ OS VIADOS ESTÃO GANHANDO”, dando início a uma discussão, até que Edson escreveu “VOCÊ INFELIZMENTE ALÉM DE VIADO TEM CARA DE DROGADO”. O ativista acabou processando Edson por danos morais, alegando que teve sua orientação sexual ofendida

em um perfil público, onde ele é seguido por mais de 13 mil pessoas. Edson afirmou, em sua defesa, que não proferiu nenhuma ofensa, que apenas comentou o voto de Fachin no STF. Por mais que o Partido da Causa Operária repudie qualquer forma de preconceito, é preciso ressaltar que nem tudo de desagradável que é dito, por mais que a pessoa se sinta ofendida, pode ser considerado crime. A liberdade de expressão inclui, também, ouvir coisas que as pessoas nem sempre vão gostar, que podem até chegar a ofender e muitas vezes o propósito é esse, mas a pessoa que proferiu as palavras não está fazendo nada anormal e fora do contexto da liberdade de expressão. A sociedade vem sendo cada vez mais asfixiada com leis e regras que só servem para punir os pobres, que possuem pouca ou nenhuma instrução educacional que lhes dê a percepção do que é prudente ou não ser falado, e para se voltar contra a esquerda. Um direitista que seja gay, por exemplo, pode muito bem se utilizar dessa lei de criminalização da homofobia e

precedentes para mover ações de indenização contra alguém de esquerda, que no calor do momento de uma discussão pode chamá-lo de “viado”. Por mais que seja um daqueles homossexuais bolsonaristas – pois tudo é uma questão de classe, não de identidade -, a lei vai valer igualmente e não fará sentido algum alguém que luta pelo fim da homofobia, acabar sendo enquadrado nesse crime. Infelizmente, é necessário dizer que essa multa não vai fazer com que a

homofobia acabe, muito menos servir de exemplo para outros, o efeito é justamente o contrário, a censura e o ataque à liberdade de expressão farão com que mais pessoas usem da homofobia, do racismo, do preconceito em geral para atacar quem tenta censurá-los. Tanto “viado” quanto “bichona” são xingamentos básico, usado por todo mundo e, com base nessa lei, qualquer um pode ser perseguido, pois, quem irá julgar os critérios? Sempre a justiça burguesa.

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CIDADES | 9

RIO DE JANEIRO

RJ: Polícia Militar de Witzel mata mais uma criança Garota de 8 anos é assassinada dentro de uma Kombi a tiro de fuzil pela polícia militar de Witzel no Complexo do Alemão Uma garota inteligente e estudiosa de apenas 8 anos é mais uma vítima do sanguinário governador do Rio de Janeiro. A pequena moradora do Complexo do Alemão, entra agora na conta das vítimas dos golpistas junto com mais 4 crianças assassinadas recentemente por essas operações cada vez mais frequentes e fatais nas comunidades da capital do Rio de Janeiro. Kauê Ribeiro dos Santos, 12 anos; Kauan Rosário, 11 anos; Kauan Peixoto, 12 anos; Jenifer Cilene Gomes, 11 anos, são as outras jovens vítimas que estavam no lugar errado e na hora errada, ou seja, saindo de suas escolas, dentro de suas casas, saindo para comprar um lanche. Ágatha Felix estava dentro de uma Kombi a caminho da Fazendinha com a família, quando foi atingida por um tiro de fuzil nas costas disparado por policiais militares da UPP que atiravam em uma moto suspeita. Ela foi levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

Ailton Félix, avô de Ágatha, declarou aos prantos e em tom de revolta, em frente ao hospital, após receber a noticia do falecimento de sua neta — Quem tem que dar informações é quem deu o tiro nela. Matou uma inocente, uma garota inteligente, estudiosa, obediente, de futuro. Cadê o policiais que fizeram isso? A voz deles é a arma. Não é a família do governador ou do prefeito ou dos policiais que estão chorando, é a minha. Amanhã eles vão pedir desculpas, mas isso não vai trazer minha neta de volta. A morte da garota gerou revolta não só nos familiares, mas na população carioca que não aguenta mais esse combate ao tráfico que não passa de uma desculpa para a polícia militar chegar atirando nas favelas, matando e apavorando a população pobre e trabalhadora dessas comunidades. Os moradores realizaram na manhã desse sábado um protesto contra a morte da menina.

POLICIA QUER ACABAR COM POBRES

Pedestal de microfone é motivo para mais uma morte pela polícia no RJ Policial alega ter confundido pedestal de microfone com fuzil para dizer que isso levaria a polícia a atirar na população pobre.

A GLOBO

MENTE O DIÁRIO

Em um video recente, um policial militar do Rio de Janeiro filma uma moto em que haviam dois homens que saiam da Vila do Vintém, favela da cidade. No vídeo, o policial afirma que um pedestal de microfone, objeto que era levado por um dos homens, poderia ser confundido com um fuzil, o que justificaria a execução dos dois homens. A policia do Rio de Janeiro, que recentemente assassinou uma menina de 8 anos, alega que qualquer atividade suspeita aos olhos deles possa

justificar um assassinato. Essa postura fascista vem crescendo desde a eleição do governador Witzel, que logo após ser empossado como governador subiu em um helicóptero para metralhar a população pobre do Rio. A única alternativa para a população é lutar contra o governo Witzel, exigindo sua saída. As manobras da polícia fascista contra a população vem crescendo, e só o “Fora Witzel” e o “Fora Bolsonaro” poderão conter o fascismo crescente no Rio e no Brasil.

DESMENTE CONTRIBUA COM O


10 | INTERNACIONAL

BLOQUEIO ECONÔMICO

EUA estendem por mais um ano bloqueio criminoso contra Cuba Numa clara represália contra Cuba por dar seu total apoio ao governo da Venezuela, Trump intensifica as sanções contra a ilha. As manobras políticas que os EUA tomam em relação aos países sérios, que não abaixam a cabeça para o imperialismo, principalmente o norte-americano, são sempre no sentido de sufocar o país até este não mais conseguir se sustentar. Assim os EUA tenta fazer com Cuba até hoje. Desde 1962, o imperialismo norte-americano impõe a Cuba um bloqueio econômico, comercial e financeiro, na tentativa de asfixiar o país até destruir tudo o que a Revolução Cubana conquistou. Na última semana, o Departamento de Tesouro dos EUA modificou o Regulamento de Controle de Ativos de Cuba, ou seja, impôs novas sanções à ilha, isso porque Cuba não deixou de apoiar o governo venezuelano, ou seja, retaliação. As restrições incluem a proibição de viagens de grupos a Havana, e cancelando as autorizações para barcos, cruzeiros e yates. Há meses os EUA vêm aumentando as sanções sobre Cuba, ao passo que recrudesce

a pressão, de forma ostensiva, sobre a Venezuela. O bloqueio econômico, levemente amenizado durante o governo de Obama, foi altamente intensificado no governo Trump, que recrudesceu as me-

didas coercitivas unilaterais contra a ilha. Bruno Rodriguez, ministro das relações exteriores, afirmou que não há dúvidas quanto ao objetivo por trás de todos esses ataques: “O governo dos EUA pretende destruir a Revolução

Cubana através da asfixia econômica de nosso povo, do sofrimento das famílias, das privações e dificuldades”. “É um plano genocida. Como nos últimos 60 anos, isso fracassará”. Rodríguez apresentou nesta sexta-feira (20) um relatório com informações sobre o impacto que a política de bloqueio econômico vem causando na ilha. Na quinta-feira (19), Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, informou no Twitter a apresentação deste relatório: “O bloqueio genocida, criminal e assassino deve cessar”, escreveu. Os EUA agem como se fossem donos do mundo e nessa lógica, destroem países e assassina milhares de homens, mulheres, crianças, além de perpetuarem todo tipo de preconceito, exploração e opressão. Quando se deparam com países que não precisam puxar o saco do imperialismo, mas que, muito pelo contrário, enfrentam de cabeça erguida, utilizam essas manobras de asfixia econômica.

ANÁLISE INTERNACIONAL

Irã: alvo da agressão criminosa do imperialismo O imperialismo não deixará de atacar o Irã enquanto não obtiver controle total sobre esse país, mesmo que isso signifique provocar uma guerra. A questão do Irã foi tema da última Análise Internacional com o companheiro Rui Costa Pimenta, na COTV, que acontece todas às sextas, às 16h. A partir da Análise, foi possível entender que o perigo que o imperialismo vem correndo de perder forças vem gerando respostas mais ostensivas e perigosas para os países atrasados e controlados pelo imperialismo. O Irã é um típico caso desses países que vêm sofrendo com a fúria dos EUA, principalmente por estar ameaçando os interesses políticos e econômicos do império estadunidense. Depois que drones atingiram as refinarias de petróleo na Arábia Saudita, de modo bem suspeito, os EUA acusaram o Irã de serem os responsáveis pelo ataque, mesmo com o governo iraniano negando que tenha algo a ver com o ocorrido. Contudo, a história é mais complexa do que parece. O Irã tem um longo histórico de ser o centro de diversas crises políticas no Oriente Médio, principalmente por não abaixarem a cabeça para os EUA e, após o ataque às refinarias do maior produtor de petróleo do mundo – notícia que só fez subir o preço do barril – o imperialismo não poderia deixar de acusá-los. O ataque às refinarias foi feito, na verdade, pelos rebeldes xiitas do Iêmen, país que está sofrendo um verdadeiro genocídio propagado pelo imperialismo e a imprensa capitalista age como se nada estivesse acontecendo, pois estão mais preocupados com a Venezuela e a tentativa de derrubar o

governo de Maduro. Com a ajuda do imperialismo norte-americano, a Arábia Saudita já matou mais de 1 milhão de pessoa no Iêmen. Os xiitas são ligados ao Irã, contudo, o problema religioso deve ser analisado de outra forma. Esse ataque é parte da guerra que a Arábia Saudita trava com o Iêmen há tempos, agora, forças xiitas reagem como podem ao massacre que a Arábia Saudita vem causando no país. O ataque às refinarias, obviamente foi tomado como pretexto para uma ofensiva do imperialismo contra o Irã, que pode culminar até em uma guerra. Tudo isso tendo em vista que o Irã já está sofrendo embargo econômico dos norte-americanos e, pelo tamanho do ataque e prejuízo, cria-se uma situação completamente nova para uma ofensiva imperialista. Irã é o ponto central de toda crise do Oriente Médio. Mesmo sendo dos maiores países do Oriente Médio, não é um país árabe, aliás, são uma civilização muito mais antiga do que os árabes, os antigos persas. Apesar de falarem uma língua diferente, são islâmicos, onde a maioria do país é de uma facção do islamismo dissidente, que são os xiita. Contudo, é uma religião de vários setores de diversos países árabes, fator importante no contexto da crise, pois todos os países do Oriente Médio tem xiitas em sua população, sendo algumas até a maioria. O fator religioso tem sua importância, mas não é o principal. O ponto fundamental se encontra no fato de que,

na Revolução Iraniana em 1979, os representantes do imperialismo foram derrubados, manobra que rendeu um período de choque com o imperialismo, principalmente o norte-americano, até hoje. Os dois países mais importantes do Oriente Médio são o Irã e Arábia Saudita, o que torna preocupante para os outros países em volta uma possível guerra. A Arábia Saudita não passa, na verdade, de um capacho dos EUA para atacar o Irã. O país saudita, que possui um governo absolutista, uma monarquia que, inclusive, está bem fora da época atual, conseguiu se sobrepor ao país todo devido ao controle do petróleo saudita. Os norte-americanos chegaram a fazer um acordo para que o

petróleo fosse uma base de sustentação do dólar americano. O EUA tentaram o mesmo com o Irã, fazer acordos, mas perderam o controle, desestabilizando politicamente a região. Se posicionar contra o Irã, baseando os ataques ao país pelas políticas demagógicas do imperialismo, pelas premissas falsas que se encontram nos discursos dos EUA sobre “democracia”, é se coloca ao lado do imperialismo norte-americano e da Arábia Saudita, país onde a mulher não pode, inclusive, dirigir um automóvel. Se deixar levar por esses engôdos é ser completamente manipulado por uma politica de conjunto do imperialismo, que aparenta ser democrático, mas, na verdade, é bem ditador.


INTERNACIONAL | 11

CAOS NA ARGENTINA

Argentina: voluntários distribuem comida nas ruas por conta da fome Governo neoliberal de Macri intensifica a exploração da classe trabalhadora e destrói a economia do país para beneficiar banqueiros. A situação na Argentina caminha em direção ao caos absoluto. O governo neoliberal de Mauricio Macri (Proposta Republicana) tem conduzido a economia do país de acordo com os interesses do capital financeiro, subtraindo do povo, as condições mais elementares de sobrevivência. Nesta semana, o Congresso argentino aprovou uma lei emergencial alimentar para evitar um colapso social sem precedentes. A lei, entretanto, foi votada por unanimidade no Senado na quarta-feira (18), após passar pela Câmara dos Deputados. A medida, no entanto, contribui com um aumento de 50% nas assistências alimentares – equivalente a cerca 8 bilhões de pesos, ou seja, cerca de R$ 540 milhões. Neste ínterim, enquanto o povo não recebe a ajuda do Estado, voluntários se solidarizaram através de uma mobilização para a distribuição de comida aos que carecem de alimento. A

iniciativa tem ganhado corpo, sobretudo, devido ao aumento da fome no país. O cardápio da última quinta-feira (19), servido no coração do bairro popular de Nova Pompeya, no sul de Buenos Aires, mobilizou uma dezena de voluntários da associação “Los Barditos”, que, por sua vez, preparam polenta e massa à bolonhesa para os mais afetados pela política neoliberal de Macri. Em entrevista ao canal de notícias RFI, um dos participantes da iniciativa, Jonathan Gagliardi afirma: “são pratos consistentes para encarar o frio destes últimos dias de inverno”. Embora seja quase primavera no Hemisfério Sul, o frio tem aumentado o desconforto dos mais carentes e desabrigados; os termômetros ainda estão descendo até os 10°C na capital argentina. De acordo com dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o nú-

mero de atingidos pela insegurança alimentar no país passou de 8,3 milhões em 2016 para 14,2 milhões entre 2016 e 2018, durante o governo subserviente ao imperialismo, de Mauricio Macri. A situação da Argentina é uma demonstração clara do que pode acontecer no Brasil. Sabe-se, no entanto, que o nível de desemprego e o crescimento da miséria tem crescido ver-

tiginosamente desde que o governo golpista de Jair Bolsonaro (PSL) tomou o Estado. A cartilha de Macri é praticamente a mesma de Bolsonaro, uma política tipicamente neoliberal que tem como fundamento a dilapidação da economia nacional e a intensificação da miséria e da exploração da classe trabalhadora em detrimento dos lucros auferidos pelos bancos e o imperialismo de conjunto.

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12 | MULHERES | JUVENTUDE | ECONOMIA

POLÍCIA MILITAR GENOCIDA

Polícia atira à queima roupa na cara de mulher em SP Desde que os golpistas assumiram o poder, a PM vem se sentindo cada vez mais a vontade para praticar essas abordagens violentas contra a população. A polícia militar, principalmente em São Paulo, é uma das principais responsáveis pelo genocídio de jovens pobres, principalmente negros, e pelo medo que a população das periferias tem de sair de casa e ser vítima de alguma “bala perdida” que, nos últimos tempos, tem acertado jovens até dentro da escola. Assim não foi diferente com Rosimeire Santos da Silva, de 34 anos, moradora de uma ocupação num conjunto de prédio em Sapopemba, zona leste da capital. Rosimeire havia descido para fumar um cigarro quando a polícia acertou uma bala de borracha em seu rosto, tudo numa distância de mais ou menos 2 metros dela.

Minutos antes de ser acertada pela polícia genocida do governador golpista João Doria (PSDB), Rosimeire conta que viu policiais sem identificação na farda entrarem no conjunto habitacional levando um jovem algemado, foram em direção a um matagal nos fundos e começaram uma sessão de espancamento no jovem: “Eles batiam, xingavam. Aí a gente ouviu três tiros de arma de fogo, o rapaz correu, e eu mandei os meninos pequenos se esconderem e pedi para o policial não atirar mais” O conjunto habitacional abriga cerca de 950 crianças, mas isso não significa nada para a PM assassina. Outra mulher foi acertada pela ba-

la de borracha, o tiro pegou em sua perna e ela carregava um bebê no colo. Rosimeire, além de ter ficado lá com a bala alojada no rosto e com dentes quebrados, quando foi socorrida, a PM foi até ela na maca para fazer perguntas e tirar fotos dela. Os fabricantes de bala de borracha recomendam tiros numa distância entre 10 e 15 metros, o que mostra a enorme discrepância entre o espaço que a PM usou. Depois de Rosimeire ter passado por dois hospitais e, segundo os médicos, ter tido sorte por estar viva, passou a não sair mais de casa, pois morre de medo que algo semelhante aconteça e, desta vez, lhe tire a vida.

Ela é só uma das milhares de pessoas que moram nas favelas, bairros pobres, periferias, que possuem medo de sair e ser abordado pela polícia, afinal, o único critério da PM para abordagem é a cor da pessoa. Enquanto a polícia militar tiver carta branca do Estado para entrar assim nos lugares e atirar sem medo de acertar uma criança, uma idosa, qualquer um, a classe trabalhadora não terá sossego. Desde que os golpistas assumiram o poder, a PM vem se sentindo cada vez mais a vontade para praticar essas abordagens violentas e letais à população pobre, pois sabem que a justiça burguesa nunca vai ficar ao lado daqueles mais prejudicados.

CORTE NAS UNIVERSIDADES

GOLPES

UFSC: professores votam contra Greve. Juventude deve tomar dianteira

Fiscalização encontra trabalho análogo a escravo em SC

Com 66% do votos contra a realização da greve, professores da UFSC foram um dos únicos setores que não aderiram à paralisação

Os estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entraram em greve no dia 10 de setembro, segunda-feira, por tempo indeterminado. Logo após, os técnicos administrativos também aprovaram uma greve, no dia 12 de setembro, embora só tenham ficado um dia sem trabalhar. Agora foi a vez dos professores da Federal fazerem essa votação. Dos 2,8 mil professores filiados à Associação dos Professores da UFSC (Apufsc), 1.191 votaram para decidir se a greve seria realizada ou não. Apesar dos ataques que sofrem os professores, 787 se posicionaram contra a greve e 387 a favor, totalizando 66% votos a contra, 32% a favor e 17 votos em branco. Os professores dizem que estão preocupados, mas que uma greve por tempo indeterminado, de modo isolado nacionalmente, não era uma boa forma. Talvez tenha sido o principal motivo da prevalência do não. Mas o mal-estar e a preocupação dos professores é enorme com a situação da universidade, afinal de contas, segundo dados da reitoria, se não houver des-

bloqueio, a universidade corre sério risco de paralisar suas atividades por completo. (Carlos Alberto Marques, presidente da Apufsc) A votação foi realizada durante 3 dias por meio de uma votação feita pela internet e a justificativa para a adesão da greve foram os bloqueios que estão sendo feitos pelo governo de Jair Bolsonaro desde o início do ano. É importante ressaltar que já existe uma mobilização marcada para os dias 2 e 3 de outubro que, na UFSC, está sendo organizada por estudantes e técnicos administrativos. Essa era uma das possíveis pautas de uma reunião do sindicato que seria realizada no dia 20 de setembro, sexta-feira. Não devemos nos surpreender com tal resultado — os professores são uma categoria mais conservadora, portanto é normal que isso aconteça. É preciso apostar na juventude, uma vez que essa é um setor mais radical nas universidades, estando sempre a frente dos protestos, tendo um grande poder de mobilização.

Um dos resultados do Golpe de Estado de 2016 é o aumento do número de trabalhadores e trabalhadoras submetidos ao trabalho escravo. Tanto o presidente golpista Michel Temer (MDB) quanto Bolsonaro (PSL) buscaram descaracterizar a noção de trabalho escravo e desmontar os mecanismos – já frágeis – de fiscalização deste crime. A bancada ruralista, núcleo de apoio aos governos golpistas, sempre foi contra todas as formas de fiscalização e de caracterização e punição do trabalho escravo nas fazendas do país. Na cidade de Passos Maia, localizada no Oeste de Santa Catarina, o Grupo de Fiscalização Móvel resgatou, em uma ação ocorrida entre os dias 10 a 19 de Setembro, cinco trabalhadores

que estavam submetidos ao trabalho escravo em na fazenda São Marcos III. Foram encontrados também 12 sem carteira assinada e um menor de idade que operava uma motosserra. Alguns trabalhadores tinham que fazer suas necessidades no mato. O alojamento era precário e tinha risco de incêndio pelas más condições de instalação elétrica e tinha um fogão no mesmo cômodo onde funcionava o dormitório. Nem sequer havia uma refeitório para os trabalhadores. Em 2018, conforme dados da assessoria de comunicação da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, foram resgatados 1.154 trabalhadores submetidos à escravidão no país e 61 no Estado de Santa Catarina


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