Diário Causa Operária nº5776

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QUARTA-FEIRA, 25 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5776

Bolsonaro na ONU: o discurso de um governo capacho em crise O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro abriu os discursos dos líderes mundiais na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nessa terça-feira (24), com uma apresentação puramente fascista e de um capacho do imperialismo.

EDITORIAL

Repressão policial é política A direita sempre defendeu mais repressão no “combate à criminalidade”. Trata-se de um pretexto. O motivo para mais repressão é político. A polícia está a serviço dos donos do Estado, a burguesia, e sua função é esmagar a população pobre e trabalhadora para garantir os interesses da classe dominante.

MEC quer proibir a livre expressão nas escolas

Uma defesa destrambelhada para justificar a capitulação política

Mutirões pela Liberdade de Lula aconteceram em dezenas de cidades

Foi publicado, no último dia 13 de setembro, no sítio Esquerda online, da corrente Resistência do Psol, um artigo assinado por José Carlos Miranda com o título “Em defesa de um debate sério e honesto: sobre ataques do PCO a Valério Arcary”.

A imprensa golpista usa seus funcionários para tentar se “reciclar” Artigo do colunista da Folha de S. Paulo, Démetrio Magnoli, intitulado “Lula livre”, publicado no último dia 21 de setembro, é mais uma demonstração de que o barco está prestes a afundar e uma corja de golpistas, uns “ratos de porão”, defensores de todas as bandalheiras promovidas pelo imperialismo e seu séquito de serviçais

Após apoiar o PCO decide: para libertar golpe, Marta Lula ampliar os Comitês Suplicy quer Contra o Golpe ser reciclada Em reunião recente do seu CCN (Comitê Central

Depois de ocupar vários cargos públicos graças ao apoio do Partido dos Trabalhadores e de suas principais lideranças, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-senador e atual vereador paulistano Eduardo Suplicy (também seu ex-marido de quem carrega até hoje o nome eleitoral), a ex-ministra, ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy

Nacional), o Partido da Causa Operária (PCO) deliberou a imediata reorganização dos Comitês de Luta Contra o Golpe.

17 mil mortos pela polícia em 20 anos, uma guerra aos pobres Ninguém conhecia Wilson Witzel até que ele aparecesse eleito governador do Rio de Janeiro no ano passado, durante as eleições fraudulentas de 2018, marcadas pela ausência de Lula na concorrência para a presidência.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Repressão policial é política A direita sempre defendeu mais repressão no “combate à criminalidade”. Trata-se de um pretexto. O motivo para mais repressão é político. A polícia está a serviço dos donos do Estado, a burguesia, e sua função é esmagar a população pobre e trabalhadora para garantir os interesses da classe dominante. Quanto maior é a crise dessa dominação, e mais perigosa se torna a situação do regime político como um todo, mais aumenta essa repressão para conter a revolta popular. Esse é o sentido da violência policial cada vez mais brutal contra negros e pobres. Na última sexta-feira (dia 20), uma menina de oito anos foi assassinada no Rio de Janeiro. Ágatha Félix foi atingida por um tiro de fuzil, ao lado da mãe, quando entrava em uma kombi. O caso provocou protestos no Complexo do Alemão, onde a menina morava e foi assassinada. A comunidade é alvo de ações violentas da polícia constantemente. Em entrevista à imprensa burguesa na terça-feira (24), os pais de Ágatha fizeram um apelo ao governador, Wilson Witzel: “muda essa política de atirar”. No entanto, Witzel, que só se pronunciou sobre o caso na segunda-feira, três dias depois do assassinato de Ágatha, não vai parar com a política de atirar. No mesmo dia em que os pais faziam esse apelo, Witzel publicava no

Diário Oficial um decreto que retirava a redução da letalidade policial das metas da polícia. A política de Witzel é atirar mais, como ele demonstra com suas palavras e ações espetaculares de propaganda. O resultado são 1249 mortos até agosto. O primeiro trimestre de 2019 foi o trimestre com maior número de vítimas da polícia da história no Rio de Janeiro, com 434 mortos. Em julho, outro recorde: com 194 mortos, foi o mês em que a polícia mais matou na história do estado governado por Witzel. No estado de São Paulo, governado há décadas pelos tucanos do PSDB, a realidade não é muito diferente. No primeiro trimestre do ano foram 414 pessoas mortas pela polícia de João Doria. Uma reportagem do sítio UOL (“Policiais são responsáveis por 1 a cada 3 mortes violentas na cidade de SP”, 24/9/2019) mostrou que das 581 mortes violentas na cidade de São Paulo no primeiro semestre, 197, uma em cada três, foram de autoria da polícia. Na esfera federal, com o golpista ilegítimo Jair Bolsonaro à frente do governo, o programa também é mais repressão e violência para esmagar o povo. O golpista sempre afirmou que “bandido bom é bandido morto”, no que é imitado por Witzel. Seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, por meio do chamado “pacote anti-crime”, quer

introduzir uma verdadeira permissão para matar para os policiais. Seja no Rio de Janeiro, São Paulo ou no Brasil todo, o plano dos governos de direita é atirar mais na população. Nada disso é acidental. A extrema-direita chegou ao governo graças a uma fraude, que se seguiu a um golpe de Estado. Em condições normais, a direita não conseguiria votos, e por isso precisa frequentemente dar golpes. O problema é que, apesar de toda a manobra para apresentar o governo como se fosse legítimo, ele já aparece diante de toda a população como extremamente impopular. Os trabalhadores rejeitam o programa destrutivo

da direita golpista, que ataca direitos, salários e destrói o patrimônio nacional. De modo que só resta à direita reprimir amplos setores da população, para impor seu programa pela força. Por isso o já tradicional terror contra os pobres torna-se ainda mais intenso a cada dia. O terror é uma política deliberada dos golpistas para obrigar a população a aceitar na marra as políticas da direita de destruição da economia nacional e das suas já precárias condições de vida. Tudo para servir aos interesses e vorazes apetites dos grandes monopólios “nacionais” e estrangeiros, principalmente norte-americanos.

COLUNA

Assassinatos de indígenas crescem 25% em 2018 Por Renato Farac

Nesta terça-feira (24/09), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) lançou publicou o relatório “Violência Contra os Povos Indígenas”, com informações do ano de 2018. O relatório aponta que cresceram os casos de assassinatos e invasão de terras indígenas, além de paralisação total de todas as demarcações no país. Os dados apresentam que foram assassinados 135 indígenas, contra 110 em 2017, um grande aumento de 25%. E juntamente com o aumento dos casos de assassinatos, houve aumento de casos de invasão de terras já regulamentadas, ou seja, já passadas por todas as etapas para demarcação, de 96 para 111 (15%). O ano de 2018 foi de ofensiva dos golpistas que deram mais um passo para a implantação de uma ditadura insidiosa e perseguição dos movimentos de luta pela terra. Isso se deu com o aprofundamento do golpe realizado em 2016, com a prisão de Lula e a impugnação de sua candidatura para levar a presidência da república o fascista Jair Bolsonaro. Esse fato foi o aval definitivo para um avanço dos latifundiários, mineradoras e grileiros de terra sob as terras indígenas e os povos que vivem e

reivindicam essas terras. Não é a toa que o próprio relatório já aponta para os dados em 2019 e um crescimento ainda maior que em 2018 da violência contra os indígenas se comparado o mesmo período de 2018 e 2019. “Apontam para um aumento alarmante nos casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio dos povos indígenas”, diz o relatório. Segundo o relatório foram contabilizados 160 casos deste mesmo tipo em terras indígenas. “Em todo o ano de 2018, o Cimi contabilizou 111 casos de invasão ou exploração ilegal de recursos em 76 terras indígenas diferentes, distribuídas em 13 estados do país, os 160 casos contabilizados até setembro de 2019 afetaram 153 terras indígenas em 19 estados do Brasil”, conclui. Com a subida de Bolsonaro, os militares e a direita ao poder deixaram os setores da burguesia interessados nas terras indígenas e suas riquezas se sentindo à vontade para atuarem da maneira que acharem necessária para ter acesso a esse imenso território. Não é a toa que estão sofrendo com a explosão da invasão de suas terras por grileiros, madeireiras, mineradoras garimpeiros, incêndios flo-

restais, incêndios nas roças e aldeias, e principalmente os assassinatos. Os indígenas, assim como outros setores oprimidos da sociedade, correm um grande risco no governo Bolsonaro. As demarcações estão paralisadas e há o risco de territórios já demarcados serem revisados pelos latifundiários. Foi aprovada a utilização pelo latifúndio das terras indígenas e o garimpo segue o mesmo caminho. Para isso, Bolsonaro e a direita estão implantando uma ditadura do latifúndio contra os indígenas e é preciso de uma reação a altura para impedir

assassinatos e invasão das terras indígenas. É preciso armar os indígenas e formar comitês de autodefesa para se proteger e criar grupos para defender as terras indígenas das invasões do latifúndio que tendem a ficar cada vez mais corriqueiras e violentas. Para reverter essa situação não dá para contar com a justiça e muito menos com governos estrangeiros, principais responsáveis pela situação atual do país. A única maneira de impedir essa ofensiva da direita é lutando nas ruas para derrubar Bolsonaro da presidência.


POLÍTICA | 3

ASSEMBLEIA GERAL

Bolsonaro na ONU: o discurso de um governo capacho em crise A maior parte de sua fala se dirigiu a culpar o “socialismo” pelos males que a direita sempre impôs ao Brasil e ao povo brasileiro O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro abriu os discursos dos líderes mundiais na Assembleia-Geral das Nações Unidas, nessa terça-feira (24), com uma apresentação puramente fascista e de um capacho do imperialismo. A maior parte de sua fala se dirigiu a culpar o “socialismo” pelos males que a direita sempre impôs ao Brasil e ao povo brasileiro, repetindo a tradicional propaganda da extrema-direita. “Um novo Brasil ressurge depois de estar à beira do socialismo”, declarou o político fascista. Bolsonaro foi imposto pela burguesia imperialista, contra a vontade do povo brasileiro, justamente para dizimar qualquer tipo de política social adotada no País – o que, nessa propaganda da direita, seria socialismo. Socialismo, também, para a direita, é a organização da classe operária e demais camadas populares, e Bolsonaro pretende exatamente esmagar essa organização, para garantir a entrega das riquezas e recursos brasileiros a seus patrões imperialistas. Por isso Bolsonaro aproveitou sua presença na ONU para prestar contas aos seus chefes, dos serviços que ele está realizando para vender o Brasil. Quando ele falou que seu governo

está implementando a “desburocratização” e “desregulamentação”, ele quis dizer que as privatizações são um grande benefício às companhias estrangeiras, que estão abocanhando toda a economia nacional graças à política de devastação neoliberal, entreguista, levada a cabo por seu governo. Bolsonaro fez propaganda da “liberdade econômica”, do “livre-mercado”, e exemplificou isso também com o acordo recém-assinado entre o Mercosul e a União Europeia, que tira qualquer soberania das economias nacionais dos países da América do Sul, vendendo-os aos europeus. O presidente golpista, além disso, aproveitou para servir de boneco de ventríloquo de Donald Trump ao atacar os governos e povos de Cuba e Venezuela, novamente colocando no “socialismo” a culpa pelos desastres causados pelos bloqueios econômicos criminosos impostos pelo imperialismo a esses dois países. Brasil e Estados Unidos estão trabalhando juntos “para que a democracia seja restabelecida na Venezuela”, “trabalhando para que isso não se repita em outros países da América do Sul, pois o socialismo continua vivo e tem que ser combatido”, disse o fantoche de Trump.

Voltou a defender os golpes militares por toda a América Latina, demonstrando que está disposto a repetir a mesma política fascista imposta pelas ditaduras do século passado. “Vencemos aquela guerra e resguardamos nossa liberdade”, afirmou cinicamente. Já sobre a questão da Amazônia, que era a mais aguardada do discurso, Bolsonaro buscou fazer uma demagogia ao criticar governos estrangeiros como o da França. No entanto, agradeceu seu dono, Donald Trump, justamente um dos representantes do imperialismo, que busca se apossar da Floresta Amazônica. A fala de Bolsonaro sobre a Amazônia é demagógica na medida em que ele é um funcionário do mesmo imperialismo que finge criticar, pois, como mostrou em seu discurso, está entregando a economia nacional aos grandes monopólios, e ele e seus aliados são responsáveis pelas queimadas na Amazônia, causando essa crise generalizada. O discurso de Bolsonaro na ONU demonstra o perigo de sua política fascista para o povo brasileiro, do ponto de vista da repressão e do programa econômico de destruição. É preciso colocar abaixo este governo antes que ele consiga implementar integralmen-

te a política visada por Bolsonaro. Em meio à essa retórica reacionária, o presidente ilegítimo não conseguiu ocultar a crise de seu governo, cada vez com menor apoio, mesmo entre os setores golpistas que o apoiaram, diante do fracasso total em obter qualquer tipo de avanço diante do avanço da crise capitalista no Brasil e em todo o mundo. Nestas condições, como qualquer politico burguês, Bolsonaro usou e abusou da demagogia,se apresentando como defensor da democracia, do meio ambiente, inclusive da Amazônia, e de muito mais que seu governo busca destruir em favor do grande capital.

DE OLHO NAS ELEIÇÕES

Após apoiar o golpe, Marta Suplicy quer ser reciclada Ex-prefeita de São Paulo pelo PT atua junto com políticos e partidos do “centrão” para conquistar apoio da esquerda pequeno burguesa na busca de recuperar algum prestigio popular Depois de ocupar vários cargos públicos graças ao apoio do Partido dos Trabalhadores e de suas principais lideranças, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-senador e atual vereador paulistano Eduardo Suplicy (também seu ex-marido de quem carrega até hoje o nome eleitoral), a ex-ministra, ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy (hoje, sem partido) ressurgiu no cenário político junto a políticos da burguesia golpista agrupados no Movimento “direitos já”, que participaram semanas atrás de ato político no TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), no qual buscam o endosso da esquerda para se apresentarem na situação política como “progressistas” e até mesmo como “defensores da soberania nacional” e dos “direitos” do povo. Nesta empreitada, contaram com o apoio de setores da esquerda pequeno burguesa que, há muito, atuam como verdadeiros abutres diante do golpe de Estado, buscando tirar proveito próprio dos duros ataques da direita golpista e de todas as instituições do regime golpista (judiciário, imprensa etc.) contra os principais dirigentes do PT, a começar pelo ex-presidente Lula e toda a esquerda. Depois de deixar o PT (onde fez carreira política e pelo qual foi eleita ou

indicada para os principais cargos que ocupou) e se bandear abertamente para o lado dos golpistas, votando no impeachment criminoso da presidenta Dilma Rousseff, ingressar no MDB, apoiar o governo golpista e ultra reacionário de Michel Temer, votar nas “reformas” contra a população trabalhadora impostas pelos “donos do golpe”, apoiar a prisão de Lula e ajudar, assim como todos os políticos e partidos da burguesia em crise, a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro, para derrotar o candidato reserva do PT, Fernando Haddad, a ex-prefeita foi apresentada pela imprensa direitista como estando em um momento de “revisionismo”, “sem arrependimentos”. Ocultando seus reais objetivos, como fazem todos os políticos burgueses, três anos depois de “trocar de camisa” e se dizer plenamente satisfeita por se juntar aos golpistas do MDB e Cia. com declarações como a de que “acho que valeu muito a pena. O PMDB tem uma história, tem gente de vanguarda…. me sinto muito acolhida“; a ex-apresentadora da TV Globo, deixa escapar que “a passagem pelo MDB não foi digerida por seus eleitores e teve papel determinante em sua derrota na disputa pela Prefeitura de

São Paulo em 2016″e diz querer “se reconectar com a esquerda”, afirmando até que teria retomado sua “militância feminista”. Embora negue que não tenha pretensões eleitorais e um ano depois de “anunciar que não disputaria mais cargos eletivos”, a ex-prefeita amplamente repudiada por seu bandeamento para o lado dos golpistas, com os quais busca se juntar na “frente ampla” de reabilitação de políticos e partidos do “centrão”, como o PSDB, DEM, PSD, encena uma “suavização” às suas “críticas mais ácidas ao PT” e, supostamente teria passado a “defender a bandeira do “Lula Livre”. ao menos em reuniões fechadas com a esquerda, as quais pretende usar novamente como trampolim eleitoral. A participação de Marta na empreitada da chamada “frente ampla” não deixa dúvidas sobre seu caráter reacionário. Ela mesma anuncia que quer “colaborar para que a gente possa fazer uma frente ampla como já tivemos no Brasil quando Carlos Lacerda se juntou a João Goulart e Juscelino” e – deixando de lado- seu “desinteresse eleitoral” escancara que “a primeira etapa é a eleição para a prefeitura de São Paulo. Temos que isolar o bolsonarismo. Será um aperitivo para 2022.”

Vale lembrar que a frente por ela citada, foi criada cerca de três anos após a imposição da ditadura militar e foi articulada pelo ex-governador da Guanabara (1960-1965) e apoiador do golpe de 1964, Carlos Lacerda (UDN-GB), quando ele foi alijado das decisões pelos militares, sofria enorme repudio popular por sua posição golpista e diante da decretação do AI2 pelo marechal-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, em 27 de outubro, que tornou indireta a eleição para presidente, pondo fim às pretensões políticas de Lacerda e de alguns dos seus aliados. Como a frente da época da ditadura, a atual “frente ampla” em nada serve aos interesses dos trabalhadores e da maioria da população, não se posiciona a favor de nenhum dos direitos fundamentais dos explorados pisoteados pelo regime golpista, com a ajuda de Marta e dos seus aliados do MDB, PSDB,PSD, DEM etc. É uma frente que serve apenas aos interesses desses e outros abutres que querem impedir que haja uma luta popular contra o governo Bolsonaro e todo o regime golpista, o que ameaçaria enterrar o governo e o regime golpistas e todos aqueles que o apoiaram.


4 | ATIVIDADES DO PCO

LUTA CONTRA O GOLPE

Mutirões pela Liberdade de Lula aconteceram em dezenas de cidades Neste domingo, 55 cidades e 17 Estados registraram mutirões pela Liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro. No último domingo (22/09), militantes do Partido da Causa Operária (PCO), dos Comitês de luta contra o golpe, Partido dos Trabalhadores (PT) e comitês Lula Livre realizaram mutirões pela liberdade de Lula em dezenas de cidades por todo o País. Somente os mutirões organizados pelo PCO foram realizados em, pelo menos, 55 cidades. Cada final de semana, os mutirões crescem em número de cidades e de pessoas, e neste domingo ocorreram mutirões em 17 Estados do país: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Belo Horizonte, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe,

Alagoas, Ceará, Piauí, Pará, Amazonas e Tocantins. Os ativistas e militantes organizaram agitações nas feiras livres, praças, bairros de trabalhadores e também na Parada Gay que ocorreu em alguns municípios. Em todos os locais a adesão a palavra de ordem de Liberdade para Lula e Fora Bolsonaro foi muito grande. Fato que demonstra na prática a vontade da população. Já são mais de três meses ininterruptos de mutirões aos domingos onde foram mobilizados centenas de militantes e colhidas milhares de assinaturas pela anulação dos processos fraudulentos contra o ex-presidente Lula.

As campanhas são uma importante ferramenta na mobilização da população e de organização dos militantes para incentivar uma ofensiva dos movimentos populares, sindicatos e partidos de esquerda para lutar contra a direita e contra a prisão de Lula, fato fundamental para estabelecimento dos golpistas e de Bolsonaro no poder. Por isso, é necessário a formação de novos comitês de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula, pois é um meio de reunir pessoas que querem ir as ruas e reagir contra os ataques da direita, e neste momento em que o governo Bolsonaro passa por uma profunda crise e a operação Lava Jato fica

cada vez mais desmoralizada diante da divulgação das mensagens entre o então juizSérgio Moro e os procuradores para perseguir Lula e o PT e proteger a direita golpista.

FORA BOLSONARO!

PCO decide: para libertar Lula ampliar os Comitês Contra o Golpe Em reunião recente do seu CCN (Comitê Central Nacional), o Partido da Causa Operária (PCO) deliberou a imediata reorganização dos Comitês de Luta Contra o Golpe Em reunião recente do seu CCN (Comitê Central Nacional), o Partido da Causa Operária (PCO) deliberou a imediata reorganização dos Comitês de Luta Contra o Golpe. A iniciativa tem como objetivo aproveitar a situação política favorável, resultante da crise do governo Bolsonaro (vide Vaza Jato, Amazônia etc.) para impulsionar a campanha pela liberdade de Lula e pelo fora Bolsonaro em todo o País. O ato do último dia 14 de setembro, em Curitiba, foi um primeiro passo nesta direção, da ampliação da campanha pela liberdade do ex-presidente e foi corroborado pela II Plenária Nacional Lula Livre, ocorrido no último dia 21 em São Paulo, que definiu, entre outros, a realização de um novo ato nacional em Curitiba em 27 de outubro (data de aniversário de Lula). Para isso, o jornal A Luta Contra o Golpe será retomado, bem como a realização semanal das reuniões dos Comitês. O partido também convocará a 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo, e ampliará os mutirões pela liberdade de Lula, em um número cada vez maior de cidades e universidades por todo o País. Este é um momento chave da situação política no Brasil, onde a população começa a expressar sua revolta contra a política da extrema direita que tomou de assalto o poder. Portanto os Comitês, como o setor mais avançado dos trabalhadores, deve vincular as reivindicações parciais, como a realizada na ultima segunda,no Rio de Janeiro, às reivindicações políticas de conjunto pelo fora Bolsonaro, liberdade para Lula, eleições gerais.

Veja o que foi aprovado na II Plenária Nacional Lula Livre • Participar, nos dias dia 2 e 3 de outubro, do Dia Nacional de Luta da Educação (com mobilizações de estudantes e professores), levando para as ruas a campanha Lula livre; • Realizar atos em todas as capitais e ouras cidades, no dia 6 de outubro, incluindo a realização de uma vigília com ato político e atividades culturais no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC; • Caravanas e Ato Nacional em Curitiba 27, com festa de aniversário e grande manifestação pela liberdade de Lula; • Intensificação da campanha de coleta de assinaturas (mutirões), realizando-os também nos locais de trabalho (fabricas etc.), de estudo (universidades e escolas) e de moradia (feiras livres e locais de grande concentração; • Realização da Semana Nacional Lula Livre da Juventude, com atos nas faculdades de Direito e outros eventos; • Campanha financeira junto aos sindicatos e categorias de trabalhadores, voando arrecadar R$ 15 milhões, começando com dezenas de milhares de contribuições dos sindicalistas e, depois, dos trabalhadores; • Arrecadação por meio de leilão de produtos assinados pelo Lula; • Aumentar a quantidade e a qualidade do material impresso, produzir cartazes e adesivos e panfletos em grande quantidade para ampliar a campanha nas ruas; • Produção de vídeos com artistas para a campanha Lula Livre; • Realizar plenárias nacionais e estaduais regularmente, mais amplas e em locais diferentes.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


CIDADES | 5

SÓ NO RIO DE JANEIRO

17 mil mortos pela polícia em 20 anos, uma guerra aos pobres Sob Witzel a polícia do Rio de Janeiro está quebrando recordes de letalidade, intensificando a guerra contra a população pobre que já vem de períodos anteriores Ninguém conhecia Wilson Witzel até que ele aparecesse eleito governador do Rio de Janeiro no ano passado, durante as eleições fraudulentas de 2018, marcadas pela ausência de Lula na concorrência para a presidência. Uma vez com o cargo nas mãos, Witzel começou a incentivar a violência policial mesmo antes de tomar posse. Em novembro do ano passado, Witzel declarou que a polícia deveria mirar na cabeça e atirar nos moradores de comunidades pobres que estivessem portando fuzis. Recordes de matança Essa política está dando frutos para a extrema-direita. No primeiro trimestre a polícia do Rio de Janeiro matou 434 pessoas. Foi o primeiro trimestre mais letal da história do estado desde

que a estatística começou a ser feita em 1998. Em julho Witzel quebrou outra marca: com 194 mortos pela polícia; foi o mês em que a polícia mais matou gente. Até agosto, a polícia de Witzel já tinha matado 1249 pessoas. A política de Witzel, representante em seu Estado do bolsonarismo, intensificou a matança de pobres nas comunidades do Rio de Janeiro. No entanto, está longe de ser o início dessa guerra aos pobres. Desde janeiro de 1998, segundo dados oficiais do estado, do ISP (Instituto de Segurança Pública), a polícia matou 17.248 pessoas. Número digno de uma guerra civil. E de fato, trata-se de uma guerra da polícia contra a população pobre. Uma guerra em que só um dos lados em permissão para usar armas. No Brasil, a polícia sempre foi usada para exercer o terror contra a popu-

lação pobre e controlá-la por meio de uma violência extrema. Esse fenômeno já era marcante em períodos anteriores. Agora, com a crise política do regime como um todo, depois da campanha golpista da direita e da fraude eleitoral do ano passado, esse processo tornou-se mais intenso. O controle da população pela força bruta tornou-se mais importante do ponto de vista dos capitalistas, diante de uma situação instável, com um governo impopular e que atravessa uma crise interna. Fora Witzel! Fora Bolsonaro! É preciso impedir o avanço dessa guerra do Estado contra os pobres sob a liderança da extrema-direita. A luta contra o bolsonarismo, seja em esfera estadual ou federal, transformou-se em uma questão vital, de sobrevivência.

Por isso é preciso mobilizar os trabalhadores contra o governo Witzel e contra o governo Bolsonaro. A continuidade desses governos representa uma séria ameaça à vida de milhões de pessoas, potenciais vítimas de violência policial sob governos que estimulam essa violência. Por isso é hora de ir às ruas para exigir: Fora Witzel! Fora Bolsonaro!

É PRECISO REAGIR!

EXECUÇÃO PELA PM

MBL no enterro de Ágatha: chega de discursos

Campinas: PM morto por outro PM com 10 tiros dentro de batalhão

Não se pode ficar na política de discursos vazios, a esquerda deve expulsar os fascistas na marra antes que eles aumentem seus ataques contra a população

Violência da Polícia Militar tem seus efeitos internos, é preciso acabar com essa máquina de guerra

Gabriel Monteiro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), policial militar e assessor de um deputado do Partido Social Liberal (PSL), foi fazer provocações no enterro da menina Agatha Félix, que foi assassinada, aos oito anos, pela PM do Rio de Janeiro no último sábado (21). Ao ser questionado por um ativista da Marcha das Favelas sobre as atrocidades da PM, Monteiro deu um soco no jovem e fugiu covardemente em um carro junto com assessores. Este foi somente mais um episódio de ataques da direita a manifestações de esquerda ou contra a política dos golpistas. Em algumas delas, os coxinhas e fascistas foram devidamente rechaçados e expulsos, mas em outras puderam fazer todo o tipo de ataques, ameaças e provocações, graças à política de “paz e amor” da esquerda pequeno-burguesa. Essa política de conciliação com a direita, de querer impedir o confronto, só leva a direita a aumentar os seus ataques físicos contra militantes e ativistas de esquerda, bem como contra qualquer indivíduo das camadas oprimidas da população, como LGBTs, mulheres e negros. Tal foi o caso do fascista Gabriel Monteiro, que se sentiu livre para provocar os familiares no enterro de uma criança de oito anos. A política completamente capituladora e defensiva da esquerda pequeno-burguesa faz com que os fascistas não tenham nenhum escrúpulo em realizar tais ataques.

O combate que a esquerda faz a essas ações geralmente não ultrapassa o limite dos discursos vazios, afirmando, além disso, ser absolutamente contra o “discurso do ódio”. Mas isso não barra os ataques dos fascistas, porque a esquerda quer combater o “ódio” com o “amor”. O fascismo se combate com a autodefesa dos trabalhadores e demais setores populares, a única linguagem que a extrema-direita entende é a da força. Em todas as vezes nas quais a esquerda recuou diante dos ataques fascista, utilizou a mesma verborragia. Um deputado italiano, quando a ditadura de Mussolini começava a fazer suas primeiras vítimas dentro da esquerda, afirmou que era preciso “ter a coragem de ser covarde”, para fugir. Mussolini permaneceu no poder por mais vinte anos e só foi derrotado graças à grande insurreição popular de características revolucionárias que tomou conta da Itália no final da Segunda Guerra Mundial. Terminou pendurado em local público, de cabeça para baixo, pelo povo italiano. Uma bela demonstração de amor para com o Duce, não? Já é hora de largar os discursos e partir para a defesa prática. É preciso que, em toda a parte, os militantes, ativistas e a população em geral se organizem em comitês de autodefesa para impedir que a direita repita os ataques e provocações, tanto contra indivíduos como contra manifestações. Expulsar os fascistas dos locais públicos e das ruas, que são do povo e não de seus inimigos!

A polícia militar consiste em uma verdadeira máquina de guerra e extermínio contra a população pobre e trabalhadora. Isso pode ser comprovado verificando a situação do Rio de Janeiro, hoje governado pelo golpista Wilson Witzel. A PM carioca, de janeiro a agosto deste ano, já executou 1249 pessoas, o que dá uma média de 5 pessoas mortas por dia. O último caso foi a morte de uma menina de apenas 8 anos de idade, Agatha Félix, por um tiro disparado pela polícia. Em São Paulo, a situação não é diferente. O estado mais rico do país, hoje comandado pelo golpista João Dória, apresenta uma sequência de aumento de mortes provocadas pela polícia nos últimos anos. Segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, houve um aumento de 4,2% no número de pessoas mortas pela polícia no primeiro semestre de 2019, atingindo a casa de 414 pessoas executadas, enquanto que em 2018 foram 397. É preciso ressaltar sempre que os números ditos “oficiais”, na verdade são todos manipulados para não revelar a verdadeira realidade do genocídio que toma conta do país. O caráter violento e brutal da PM tem efeito não apenas externamente, contra a população pobre, mas também internamente atingindo os próprios policiais. Foi o que aconteceu na última segunda-feira, 23, em Campinas, no 47º Batalhão da cidade. Um policial militar, Tiago de Carvalho Machado, foi morto dentro do próprio batalhão por outro militar. A mor-

te aconteceu no início da tarde da segunda-feira, após levar um tiro, o PM, mesmo caído, foi alvejado por outros dez tiros na cabeça. O caso demonstra que não há mais qualquer controle sobre a PM, há uma verdadeira carta branca para as execuções, passando por cima de qualquer lei ou norma. Isto é consequência da política golpista, de aprofundamento da repressão e da violência contra o povo. A úncia forma de pôr um fim no massacre perpetrado por essa instituição é exigindo seu fim. É preciso acabar com a Polícia Militar, colocá-la abaixo, dissolvê-la. Trata-se de uma instituição que não possui qualquer controle pelo povo, pelo contrário, age com o objetivo de impor o terror à população.


6 | CIDADES

ATAQUE À INDÚSTRIA NACIONAL

SP quer fechar Refinaria de Manguinhos, no RJ Governo de São Paulo entrou com processo de interdição contra a empresa brasileira, a primeira do setor O governo do Estado de São paulo, por meio da Procuradoria Geral do Estado, a PGE-SP, entruo com um pedido de cassação judicial do CNPJ e a interdição da Refit, Refinaria de Manguinhos, localizada no Rio de Janeiro. O processo teria como base uma dívida R$ 47 milhões em ICMS ao governo de São Paulo. Por outro lado, representantes da empresa e advogados, contestam a ação, afirmando que, na realidade, a empresa não é devedora e sim credora do Estado de SP. Os representantes da empresa afirmam ainda que já foi comprovado, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que a empresa não possui dívida com o governo paulista. A Refinaria teria títulos

precatórios a receber, os quais compensariam o pagamento da dívida. O problema é que o governo de São Paulo não aceita o pagamento da dívida por meio desses títulos, os quais ele próprio emitiu Os advogados da empresa denunciam ainda que se trata de uma clara perseguição política contra a empresa brasileira, a primeira do setor fundada em 1954. A mesma conduta adotada pelo governo paulista contra Manguinhos, de pedir a interdição da empresa, não é adotada contra outras grandes empresas do ramo, como a Shell, por exemplo, que possui uma dívida de R$ 150 milhões com o estado e não sofre qualquer contestação.

EXTERMÍNIO

Manguinhos já havia sido alvo de um outro processo em 2012 movido pelo próprio governo do Rio de Janeiro, na época de Sérgio Cabral (MDB), que pedia a desapropriação do parque da empresa. Em 2018, um incêndio suspeito ocorreu também na Refinaria Em 2017, durante um evento organizado pelo Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, o representante da Procuradoria Geral do estado na época, Alexandre About, afirmou que era necessário “extirpar” a refinaria de Manguinhos, comparando-a a um câncer. Como se pode verificar o processo contra a empresa é, de fato, uma perseguição política contra a indústria na-

cional, levado adiante pelo governo estadual de São paulo, hoje comandado pelo golpista João Dória. O fechamento da empresa serve aos interesses dos grandes monopólios do ramo, como a própria Shell, que terão caminho livre para controlar ainda mais o mercado. Este caso serve para demonstrar também o poder dos monopólios empresarias, ou seja, a verdadeira ditadura que estes impõe contra todos aqueles que podem representar uma ameaça a seus interesses. Utilizam-se do próprio aparato institucional do estado, como é o caso do judiciário, para levar a diante uma guerra contra contra empresas menores, ligadas diretamente ao capital nacional.

REPRESSÃO POLICIAL

“Muda essa política de atirar”, dizem Um terço das mortes violentas é pais de Ágatha a Witzel causado pela polícia em São Paulo A politica de Witzel é exterminar pobres, pretos e impor seu poder contra a população pelo medo e terror.

Esta colocada na conjuntura atual a verdadeira política do governador do RIO, Wilson Witzel, do PSC, que é exterminar o povo pobre, preto, favelado, com ações devastadoras, eliminando qualquer cidadão da classe desfavorecida. Defender a polícia, instituição que foi criada para proteger a propriedade privada do capital e as fontes de rendas do estado e destruir todas as faíscas de revolta contra a opressão, é ficar do lado do opressor, é ficar contra a população. Não precisamos dessa polícia que causa medo e terror ao povo. “Governador mude essa sua política de atirar. O que aconteceu com a minha filha pode acontecer com qualquer um”, diz mãe da menina Aghata, morta pela polícia, que atirou de forma aleatória, com uma metralhadora na população da localidade do morro do Alemão

Em resposta, o governador Witzel, disse que culpa foi do tráfico, que utiliza os moradores como escudo e que quem usa cocaína e maconha ajudaram a apertar o gatilho. Eis, a política demagógica e criminosa que condiz com suas atitudes anteriores, como por exemplo quando subiu no helicóptero e atirou na favela. Concluiu que não abandonará as política já estabelecida de segurança pública e que isso foi uma fatalidade. O governador Witzel defende uma polícia criminosa, que está agindo de forma truculenta e arbitrária contra todos e todas sem critérios, simplesmente para impor uma conduta opressora de intimidação para o povo não reagir com medo de retaliações. Mesmo com todo o aparato bélico da polícia, é preciso reagir e ir às ruas, gritar Fora Bolsonaro e todos os golpista e Liberdade para Lula, chamar eleições gerais com Lula candidato.

Levantamento do Instituto Sou da Paz indica que, proporcionalmente, o número de mortes por policiais, civis ou militares, é o maior desde 2010 Dados levantados pelo Instituto Sou da Paz, e divulgados pelo UOL, mostram que a letalidade policial encontra-se em franca ascensão. Das 581 mortes violentas registradas entre janeiro de junho de 2019 na cidade de São Paulo, 197 foram causadas por policiais civis ou militares, ou seja, de cada três mortes violentas ocorridas na capital, uma tem como autor um policial. Em termos proporcionais, esses dados representam o maior número de mortos por policiais na capital paulista desde 2010. Os números crescentes e alarmantes, aliás, não se limitam à cidade de S. Paulo. Em todo o estado, incluindo a capital, foram registradas 2.037 mortes violentas, que incluem homicídios dolosos (com intenção de matar), latrocínios (roubos seguidos de morte), lesão corporal seguida de morte e mortos pelas polícias Civil e Militar. Desse total, os policiais foram responsáveis direitos por 432 mortes, o que significa que foram os autores de cerca de um quinto das mortes violentas do estado, uma proporção também bastante elevada. Os órgãos policiais do Estado burguês, historicamente, atuam como eficazes máquinas de matar e reprimir as amplas massas pobres e negras da população. São compostos por verdadeiros assassinos profissionais, verdadeiros carniceiros da população explorada do país, os quais formam um dos pilares fundamentais da dominação das classes dominantes sobre o restante da sociedade. A subida da direita e da extrema-direita ao poder no Brasil, como

resultado do Golpe de Estado que encerrou o ciclo petista iniciado em 2002, acentuou exponencialmente as tendências repressivas do Estado burguês. Trata-se do reflexo da política de “carta branca” para os policiais, expressa no famigerado Projeto Anticrime, capitaneado pelo fascista Sérgio Moro, ministro do também fascista Jair Bolsonaro. Trata-se do reflexo da política de “atirar para matar”, incentivada pelo bolsonarismo tucano de João Dória, governador de São Paulo. Enfim, trata-se do reflexo de uma política geral, que não se restringe à capital e ao estado paulistas — vide Witzel, no Rio de Janeiro e Zema, em Minas Gerais —, uma política que tem como objetivo claro desenvolver um ainda mais poderoso aparato repressivo, típico dos regimes ditatoriais, que seja capaz de derrotar pela força a mobilização operária e popular que, inevitavelmente, vai ganhando corpo no curso da luta contra a política de destruição da direita golpista. A solução contra o aumento da letalidade e da repressão policiais não está na “reforma” do aparato policial, na “desmilitarização” da polícia, na inclusão dos “Direitos Humanos” no currículo de formação dos policiais, ou algo semelhante. É necessário dissolver todo o aparato repressivo do Estado burguês, tanto os órgãos policiais civis como os militares, e, em seu lugar, criar milícias populares armadas, destinadas a garantir a proteção dos bairros e comunidades através da organização dos próprios moradores.


POLÊMICA | 7

DEMÉTRIO MAGNOLI

A imprensa golpista usa seus funcionários para tentar se “reciclar” O barco faz água por todos os lados e os ratos golpistas tentam salvar suas peles Artigo do colunista da Folha de S. Paulo, Démetrio Magnoli, intitulado “Lula livre”, publicado no último dia 21 de setembro, é mais uma demonstração de que o barco está prestes a afundar e uma corja de golpistas, uns “ratos de porão”, defensores de todas as bandalheiras promovidas pelo imperialismo e seu séquito de serviçais – incluam-se aí, o Congresso Nacional, o Judiciário, os banqueiros e grandes capitalistas associados ao imperialismo, o agronegócio e os grandes monopólios dos meios de comunicações – começam a pular do barco na tentativa de salvar suas peles, pois suas almas, há muito corrompidas, já estão no quintos do inferno da lata de lixo da história. Magnoli é um desses. Aliás, a porteira foi aberta por outro “notável” golpista, Reinaldo Azevedo. No artigo em questão o colunista da Folha, d’O Globo e comentarista da Globo News, declara que “hoje sabemos, graças à Vaza Jato, que os processos tinham cartas marcadas. O conluio entre Estado-julgador e Estado-acusador violou as leis que regulam o funcionamento do sistema de Justiça. A corte suprema tem o dever de preservar o Estado de Direito, declarando a nulidade dos julgamentos e colocando o ex-presidente em liberdade”. O cérebro de toucinho de Magnoli, obviamente, não teria capacidade de promover uma “mea culpa”, até porque ele pensa o que os seus patrões querem que ele pense. O que O Globo e a Folha querem que ele expresse é a tentativa desses meios de comuni-

cações venais em se reciclar, para poderem aparecer como “democratas”, quando na verdade foram a linha de frente da propaganda que justificou o golpe de Estado de 2016, que rasgou a Constituição, que derrubou a presidenta legitimamente eleita, que perseguiu e prendeu Lula e finalmente trouxe para o primeiro plano da vida política brasileira tudo que existe de mais podre, como a extrema-direita, os bolsonaros, os witzels, os generais lambe-botas do imperialismo. Nem seria necessário contar aqui o papel das Organizações Globo e Folha de S. Paulo no golpe e na sustentação da hedionda ditadura militar – diga-se de passagem que, também ai procuraram se reciclar. Basta ver o papel que cumpriram em transformar todas as mentiras, as manipulações, o golpe da Lava-Jato, em “verdades”. Enxovalharam o governo do PT, promoveram uma perseguição jamais vista na história do Brasil contra o ex-presidente Lula, impulsionaram o que há de mais retrogrado na política nacional, que é essa extrema-direita covarde e assassina do povo pobre e das crianças, como vemos no Rio de Janeiro e agora vêm falar em “Estado de direito”? Que Estado de direito? Eles patrocinaram a destruição dos resquícios de Estado de direito existentes no Brasil. O que a “vaza-jato” fez foi apenas colocar a nu tudo o que já era do conhecimento de amplos setores da sociedade. A Lava-Jato foi um farsa apoiada e impulsionada pelos patrões de Magnoli, da Folha, da Globo,

da Veja e de milhares de órgãos da imprensa capitalista de Norte a Sul desse país, para destruir a esquerda, para promover um ataque às condições de vida do povo brasileiro e a riqueza do País, em favor do imperialismo norte-americano. Como um bom funcionário “padrão”, Magnoli não poderia deixar de ratificar que, apesar do conluio “entre os comparsas Moro e Dalagnol”, Lula foi sim o “chefe da máfia” : “Lula é politicamente responsável pela orgia de corrupção que se desenrolou na Petrobras”, ou ainda, “A corrupção lulopetista nasce de uma tese política elaborada, em versões paralelas, por José Dirceu e Luiz Gushiken”, ou ainda, “Do Planalto, Lula avalizou pessoalmente a colonização de diretorias da Petrobras por agentes do PT, do PMDB e do PP que aplicaram as regras do jogo da corrupção”, ou ainda, “a promiscuidade entre o presidente e as empreitei-

ras estendeu-se para além das fronteiras nacionais”. Essa é a podre tese do golpe, que nunca a Lava-Jato conseguiu demonstrar. E que se transformou em “verdade” pelas mãos sujas de toda essa gangue de criminosos políticos da imprensa nacional. “Foi o lulopetismo que saqueou o Brasil” e olha que o sr. Magnoli é jornalista, doutor em Geografia, sociólogo e comentarista em história! Para não ir muito longe na nossa própria história, não foram os governos produtos de golpes diretos ou indiretos como os militares de 64, o governo do plano Real de FHC e agora o governo de Temer, Bolsonaro e Mourão que “transformaram esse país em um puteiro”? A esquerda tem uma tendência a contemporizar com golpistas “arrependidos”. Como declarou Lula, preso há mais de 540 dias, “não dá para defender direitos com quem tirou direitos”.


8 | INTERNACIONAL

GOLFO PÉRSICO

Preparando a agressão ao Irã: EUA enviam tropas à Arábia Saudita Com a desculpa de ajudar na defesa aérea do reino saudita, EUA aumentam a pressão militar contra os iranianos Na última sexta-feira (20), o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, anunciou o envio de tropas de seu país à Arábia Saudita, para apoiar a defesa aérea do seu reino fantoche, após o ataque com drones a instalações petrolíferas de Riad reivindicado pelo grupo rebelde iemenita houthis. Em coletiva de imprensa, ele afirmou que o Pentágono “vai trabalhar para acelerar a entrega de armamentos à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos a fim de melhorar a sua habilidade de autodefesa”. Trata-se de uma manobra militar contra o Irã. O ataque reivindicado pelos rebeldes do Iêmen foi atribuído arbitrariamente ao país persa pelo imperialismo norte-americano e os sauditas, a fim de ter mais uma justificativa para aumentar a pressão militar contra Teerã. Assim, agora Washington envia tropas, armamentos e outros equipamentos bélicos para a Arábia Saudita poder utilizá-los contra o Irã, que obviamente tem todo o direito de também se armar para se defender, inclusive com o desenvolvimento da tecnologia nuclear.

O próprio governo dos Estados Unidos não consegue esconder completamente sua posição agressiva. Esper disse ainda que “acreditamos que, por enquanto, isso será suficiente, mas não quer dizer que não possa haver desdobramentos adicionais se necessário”. Esses “desdobramentos adicionais”, logicamente, são o aumento do envio de material de guerra e de tropas até que, dependendo da oportunidade encontrada pelo imperialismo, se deflagre uma guerra de agressão contra a soberania do Irã. Não passa de demagogia a repetição do discurso de Trump feita pelo titular da Secretaria de Defesa, de que “os Estados Unidos não buscam um conflito com o Irã”. Mesmo que haja “muitas outras opções militares disponíveis”, como ele disse, o imperialismo sempre está disposto a travar uma guerra para conquistar os países atrasados. Como sempre, o culpado pela escalada nas tensões é o país alvo do imperialismo, não o país imperialista, na propaganda capitalista. “O ataque de 14 de setembro contra as refinarias sauditas representa uma drástica escalada nas agressões iranianas”, declarou Esper.

Ainda não foi revelado o número de soldados norte-americanos que irão desembarcar na Arábia Saudita, mas atualmente os Estados Unidos possuem cinco bases militares no país árabe. Uma delas, a Base Aérea Rei Abdul Aziz, fica na costa leste do país, no Golfo Pérsico, do lado oposto à cos-

ta oeste iraniana, sendo de fácil utilização logística para o ataque contra o Irã. É preciso denunciar as pressões dos Estados Unidos contra os iranianos a nível internacional e exigir a expulsão do imperialismo do Oriente Médio. Não à agressão contra o Irã!

CRISE DO REGIME CONTINUA

Justiça britânica manda reabrir Parlamento, crise do Brexit continua Suprema Corte britânica considera ilegal a manobra política de Boris Johnson, aumentando o impasse e a crise do regime político burguês na Inglaterra Nesta terça-feira (24), a Suprema Corte do Reino Unido, por unanimidade, considerou ilegal o pedido de suspensão (“prorrogação”, na nomenclatura jurídica) do Parlamento feito pelo primeiro-ministro Boris Johnson e acatado pela Rainha Elizabeth II, no dia 28 de agosto. Os 11 juízes que participaram da sessão entenderam que a solicitação de suspensão do Parlamento foi “ilegal, nula e sem efeito”. A presidente da Suprema Corte, Brenda Hale, para justificar o reconhecimento da ilegalidade da medida, argumentou que o efeito da manobra de Johnson nos “fundamentos da democracia foi extremo” e que a suspensão “teve o efeito de frustrar ou impedir o Parlamento de desempenhar suas funções constitucionais sem justificativa razoável”. A decisão da mais alta instância da Justiça britânica coloca, mais uma vez, o governo liderado pelo Partido Conservador num impasse gigantesco. Substituto de Theresa May, que foi engolida pela crise do Brexit, Boris Johnson foi alçado ao comando do Partido Conservador e do governo com a missão de destravar e concretizar o processo de saída do Reino Unido da União Europeia. Sua ascensão representou um deslocamento ainda mais à direita do regime político burguês,

evidenciando a desintegração dos partidos e alas políticas tradicionais, que estão mais próximos do chamado “centro” do regime, e o crescimento da polarização social e política no país. A reversão da medida de Johnson constitui mais um episódio da luta

no interior do imperialismo britânico. Diante da crise econômica mundial e do fracasso total da política neoliberal, da qual a União Europeia era uma expressão, duas alas ligadas à burguesia imperialista inglesa se digladiam para determinar os rumos do regime

político num quadro de crise e polarização social. O crescimento da extrema-direita, representada hoje por Boris Johnson na Inglaterra, é um sinal de que ao imperialismo se impõe como necessária uma mudança nas suas formas até então vigentes de dominação, quer dizer, o imperialismo, para continuar dominando, precisa alterar as velhas formas de dominação por novas. Isso porque os partidos políticos tradicionais — o Partido Conservador pré-Johnson e o Partido Trabalhista blairista — adquirem cada vez mais o aspecto de ferramentas defeituosas, imprestáveis para o trabalho a que se destinam. É à luz dessa situação que devem ser encaradas as vitórias e os reveses do governo britânico atual. Por outro lado, a crise do regime político britânico — a crise “por cima” — é uma indicação, e um acelerador, da crise “por baixo”, isto é, da intervenção da classe trabalhadora na situação política. A subida de Jeremy Corbyn à liderança do Partido Trabalhista já é um produto do deslocamento à esquerda da classe operária inglesa. No entanto, até agora, a direção de Corbyn vem demonstrando pouca resolução, ou uma certa ambiguidade, com relação à questão do Brexit, o que só contribui para que o Partido Trabalhista figure como uma nulidade política.


INTERNACIONAL | 9

MACRON AUMENTA REPRESSÃO

Os coletes amarelos continuam nas ruas Coletes amarelos realizaram sua 45ª manifestação na França contra o governo, sob intensa repressão e mais de 150 prisões No último sábado (21) os coletes amarelos realizaram sua 45ª manifestação na França contra o governo de Emmanuel Macron. Para impedir que o protesto se aproximasse da sede do poder executivo, o governo utilizou 7.500 policiais para reprimir a população, resultando na prisão de mais de 150 manifestantes. O protesto dos coletes amarelos coincidiu com a marcha do clima e um protesto organizado pela maior central sindical francesa, a CGT (Confédération Générale du Travail) contra a reforma da previdência de Macron. Para controlar a revolta popular e comprovando seu caráter profundamente ditatorial, o governo Macron desautorizou as manifestações dos coletes amarelos e a reprimiu duramente. Até o começa da tarde de sábado, 152 pessoas tinham sido detidas na capital francesa. Sem a possibilidade de se concentrar, a manifestação tornou-se selvagem e partiu sem destino nas ruas do 8.º bairro. A polícia usou gás lacrimogéneo para dispersar a manifestação. Pela primeira vez, desde que os atos começaram, os manifestantes não

utilizaram coletes amarelos. Segundo a imprensa burguesa francesa, teria sido uma recomendação dada nas redes sociais para os manifestantes passarem despercebidos pela polícia e se juntarem aos outros protestos. Teria sido para que os coletes amarelos pudessem se somar aos outros dois protestos (contra a reforma da previdência e contra a política ambiental). Há sinais de que a esquerda francesa, sob o argumento de lutar contra a reforma da previdência (uma pauta econômica), vem se afastando dos coletes amarelos, que tem uma pauta política, como o fora Macron. Isto pode ser visto na nota publicada ontem no site da CGT, em que em nenhum momento a maior central sindical francesa cita o movimento dos coletes amarelos ou o fora Macron: “Nesta terça-feira, 24 de setembro, mais de 150.000 pessoas manifestaram-se em mais de 170 cidades da França, em busca de aumento de emprego e salário, mais serviços públicos e um plano de pensão de distribuição solidária e intergeracional. Milhares de pessoas se reuniram em todo o território para trazer essas demandas legítimas. Legítimos porque atendem às

necessidades de financiamento necessárias para melhorar nosso sistema de pensões reconhecido como um dos melhores do mundo e impedir a reforma mortificante que está preparando o governo. O governo não pode mais ficar surdo para as várias reuniões que acontecem há meses. Sem mais delongas, deve, entre outras coisas, combater o desemprego, impor salários iguais entre mulheres e homens. Este dia marca a primeira mobilização interprofissional nacional e o início de um processo de luta contra o plano de pensão ponto a ponto de Macron-Delevoye que desafia a própria base de nosso contrato social. Em ressonância com as numerosas e importantes lutas profissionais dos últimos dias (RATP, Saúde, FED, Finanças Públicas …), neste dia 24 de setembro pede ainda mais convergência das lutas, como foi o caso, em particular, com Paris, onde trabalhadores da plataforma como Delivroo responderam à demanda de seguridade social. A CGT reivindica o direito de viver um emprego decente, exige um sistema tributário justo, aposentadorias de alto nível em um sistema de pagamento con-

forme o uso, reforçado e financiado.” Como a mobilização de todos os parceiros sociais é importante, a CGT continua seu compromisso de construir pontes com outras organizações, a fim de continuar a construir o mais alto equilíbrio de poder no interesse dos funcionários, aposentados e empregos privados”. Essa política adotada pela CGT vai na mesma linha do fica Bolsonaro adotado por setores dirigentes da esquerda brasileira. A esquerda francesa precisa apoiar os coletes amarelos e vincular as pautas econômicas à luta política de conjunto contra o governo Macron. Do contrário vai conduzir os trabalhadores franceses à derrota.

UMA LUTA CONTRA O IMPERIALISMO

25/09/1962: proclamada a República Democrática Popular da Argélia Apesar da violência assassina e do terrorismo do império francês, a luta do povo argelino foi vitoriosa na conquista de sua independencia Como a América Latina e parte da Ásia, a África foi e é objeto de cobiça dos europeus e dos Estados Unidos. O imperialismo moderno, capitalista, não foi o único que alcançou a África. Lembremos que o Império Turco-Otomano, que se consolidou no século XIII, expandiu-se territorialmente para a Europa e para o Oriente Médio, mas também para norte da África. A Argélia foi dominada pelo império Otomano até o século XIX, quando, em 5 de julho de 1830, a França começou a ocupar o território argelino. E o interesse dos franceses pelo país, centro do Magreb (Al-Maghrib), deve-se ao fato de que se localiza em lugar estratégico para a política colonialista do império francês na África setentrional. A Argélia, naquele momento, já era um importante centro de atividade comercial com a França e Europa, ou seja, o motivo principal do colonialismo francês na Argélia era comercial, embora o imperialismo francês justificasse sua ação sob a desculpa de que havia um grande contingente de franceses instalados no país africano. A Argélia se transformou em uma colônia típica, com grande incentivo para migração e, portanto, ocupação de cidadãos franceses, aproveitando-se do clima favorável e de acesso facilitado. O processo de ocupação não foi tranquilo, mas caracterizado pela vio-

lência, pelo massacre da população, inclusive com degola de tribos inteiras, tomadas de surpresa durante a noite, pela venda de mulheres, pelas mutilações, pelo roubo e confiscos de bens, devastações de cidades e aldeias. Com a chegada dos franceses, o povo argelino ficou sem acesso às terras férteis, o que será um dos motivos para a mobilização, principalmente dos camponeses, para a resistência, inclusive com guerrilha. O nacionalismo aparecerá por volta da Primeira Guerra Mundial, com a criação de diversas organizações, o que será combatido pelos francês do modo que sempre fizeram, perseguição violenta e proibição. Aliás, o próprio idioma foi proibido, o árabe foi proscrito, considerado um ‘idioma antinacional”. Chegamos em 1945, com a matança de Sétif e de Guelma, uma ação de repressão de dimensões criminosas, quando foram mortos 45 mil argelinos, em apenas 20 dias. No entanto, desde a Segunda Guerra até o início dos anos 1960, a França perderá diversas colônias importantes: Vietnã, Síria, Líbano, Marrocos, Tunísia e vários países da África negra. Em particular, a independência da Tunísia e do Marrocos, conjugada pela ascensão do nacionalismo árabe propagado por Nasser do Egito, vão dar

um novo impulsiono ao movimento nacionalista argelino. No dia 1º de novembro de 1954, a Frente de Libertação Nacional (FLN) faz uma chamada para a insurreição armada, na cidade e no campo, o que vai ser logo na sequencia assumido pelo povo argelino, que considera ser essa uma guerra justa contra o opressor. O colonialismo torna-se mais violento e cruel, adotando a tortura de forma generalizada, terrorismo de estado com o uso de guilhotina. Assim, entre 1954 e 1962, foram mortos entre 800 mil a 1 milhão de argelinos, sem contar os torturados e presos políticos. Naquele momento, a Argélia tinha uma população de cerca de 8.800.000 habitantes, sendo que quase 90% composta por árabes e apenas 10% de colonos europeus, de maioria francesa. Essa minoria, no entanto, controlava todos os órgãos de estado e os meios de produção. Um campesinato revoltado e uma classe operária emergente, em particular na capital, Argel, então relativamente desenvolvida mas com uma desigualdade social abissal, com uma periferia empobrecida, cheia de favelas, nas quais um contingente enorme de muçulmanos vivia na miséria. A despeito do fascismo francês, de seus campos de concentração, dos massacres, e da superioridade do

exército francês, deslocado para o país para conter a insurreição iniciada em 1954, o Exército de Libertação Nacional (ELN), braço armado da FLN, resistiu, junto com a população e conquistará a libertação em relação à França. Em 1º de julho de 1962, um plebiscito registra o apoio de cerca de seis milhões à independência contra apenas 16 mil contras. Em 3 de julho, o governo revolucionário declara a independência da Argélia, encerrando uma guerra que durou 8 anos. E declarou sua independência inclusive contra a esquerda francesa que se colocava contra a libertação do país, com a desculpa de que a independência seria favorável ao imperialismo norte-americano. É importante ressaltar que a luta dos argelinos, luta armada, com início em 1954 foi fundamental para impulsionar a luta por emancipação de outros países em relação ao imperialismo francês. A Frente de Libertação Nacional chega ao poder e promove uma reforma agrária, coloca empresas sob autogestão dos trabalhadores, nacionaliza bancos e indústrias. Em setembro de 1962, a Assembleia Nacional aprovou a primeira Constituição do país e, em 25 de setembro, foi proclamada a criação da República Democrática Popular da Argélia, sendo eleito primeiro presidente Ahmed Ben Bella.


10 | JUVENTUDE E MULHERES

“ESCOLA SEM PARTIDO” RECICLADO

MEC quer proibir a livre expressão nas escolas Ministério mandou ofício para todas as escolas públicas para supostamente garantir a “pluralidade”, o objetivo é retomar o assédio aos professores O ministro da Educação do governo golpista e ilegítimo, Abraham Weintraub, lançou uma nova ofensiva contra os professores nas escolas sob o pretexto de combater o que chama de “doutrinação”. É uma reciclagem do “Escola Sem Partido”, mais conhecido como “Escola com Fascismo”, que agora ganhou um novo nome: “Escola de Todos”. Weintraub é discípulo do guru dos bolsonaristas, Olavo de Carvalho. Trata-se de mais uma iniciativa repressiva para tentar exercer controle ideológico e perseguir politicamente profissionais de um setor que se levantou contra o golpista Jair Bolsonaro logo no começo do governo, realizando grandes atos em maio. Na segunda-feira (23), o ministro anunciou o envio de um ofício para todas as escolas públicas do país. Segundo o Ministério da Educação

(MEC), a ideia seria promover a “melhora do ambiente escolar”. O ofício apresenta cinco pontos: primeiro, que o aluno não pode sofrer intimidação sistemática; segundo, a “tolerância de opiniões”; terceiro, o aluno não pode ser diferenciado por sua história, crença, identidade e convicções; quarto, é assegurado nas escolas o respeito à diversidade religiosa; quinto, crenças e convicções devem ser respeitadas desde que não incitem à violência. Trata-se de uma versão cínica da política da “Escola Sem Partido”. As palavras mudaram, mas são um pretexto para a mesma ação. Sob o pretexto de defender a “pluralidade” e o respeito às “convicções”, a extrema-direita vai tentar retomar seus ataques aos professores nos mesmos moldes dos ataques anteriores. Com alunos sendo incentivados a filmar determi-

nadas aulas para, com a ajuda de bandos fascistóides, tentarem intimidar educadores no País inteiro caso esses educadores não reproduzam um discurso direitista. O objetivo da extrema-direita com isso é tentar calar todo o mundo e obrigar a população a aceitar o programa neoliberal de Bolsonaro e da extrema direita sem sequer reclamar. A impopularidade de Bolsonaro já é um fato indisfarçável e mais um elemento de crise de seu governo. Portanto, só resta à extrema-direita tentar calar a sociedade atacando seus meios de expressão, além da pura e simples repressão por meio da força bruta. Para garantir o direito à liberdade de expressão e a liberdade dos educadores em sala de aula é preciso reagir à extrema-direita. A mobilização contra o governo Bolsonaro tornou-se

uma questão fundamental para garantir direitos democráticos básicos da população. Por isso é preciso manter a mobilização contra o governo e levantar nas ruas a palavra de ordem mais popular entre as massas: Fora Bolsonaro!

FEDERAIS CONTRA O FUTURE-SE

OPRESSÃO

Não à privatização: “Future-se” já foi rejeitado em 24 universidades

Censura: Damares manda investigar reportagem sobre aborto

A rejeição ao programa Future-se cresce nas Universidade Federais, o programa é uma maneira de entregar totalmente o ensino brasileiro aos conglomerados estrangeiros.

Ministra da mulher, família e direitos humanos ataca mais uma vez o direito das mulheres de discutir suas liberdades do trabalho doméstico

O projeto Future-se, proposto pelo Ministro da Educação Abraham Weintraub em julho deste ano, tem gerado um enorme rebuliço no mundo universitário desde então. Na prática, ele significa a extinção das universidade públicas federais do país, permitindo que o capital privado, através de “fundações” administre as universidades, chegando ao ponto de poder nomear campus e decidir sobre a distribuição da verba universitária. Apesar da reação estar muito aquém do que deveria, as maiores universidades do país estão se opondo ao programa. Ao todo, já são 24 universidades que rejeitaram, em sua grande maioria, integralmente o programa, ressaltando o viés inconstitucional do Future-se, apontando a verdadeira pilhagem do patrimônio público de que se trata. Weintraub entrou para substituir Ricardo Vélez, o colombiano que chamou povo brasileiro de canibal, uma demonstração de que pedir a saída de ministros é apenas uma maneira de enxugar gelo. Para resolver a crise generalizada, a saída é o Fora Bolsonaro, acompanhado de novas eleições gerais com a participação de Lula. Caso contrário, o plano dos golpistas de levar ao caixão um dos últimos modelos de ensino totalmente gratuito e de qualidade no mundo será bem sucedido e realizado em tempo recorde. Segue a lista de universidades que se opuseram ao Future-se: Universidade de Brasília (UnB) Universidade Federal de Goiás (UFG) Universidade Federal do Cariri (UFCA)

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Universidade Federal do Ceará (UFC) Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) Universidade Federal de Roraima (UFRR) Universidade Federal do Amapá (Unifap) Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Universidade Federal do ABC (Ufabc) Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Universidade Federal Fluminense (UFF) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC) Universidade Federal do Paraná (UFPR) Universidade Federal do Rio Grande (Furg) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

A ministra da mulher, da família e dos direitos humanos, Damares Alves, classificou uma reportagem da revista AzMina como “apologia ao crime”. A reportagem trazia informações a respeito da possibilidade de mulheres brasileiras praticarem um aborto legalmente na Colômbia. A ministra, por twitter, disse ter sido alertada sobre o assunto e afirmou que o o conteúdo da revista poderia colocar meninas e mulheres em risco. O artigo ainda traz informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) a respeito dos efeitos esperados em relação aos remédios que induzem o aborto, entre outras coisas. No Brasil as únicas modalidades de aborto permitidas são nos casos de estupro, risco de vida para a mulher e anencefalia. Ainda assim, o governo brasileiro, com essa censura sobre a temática, parece impedir que o procedimento

seja realizado mesmo nesses casos específicos. Essa perseguição política à liberdade de expressão é mais um ataque da extrema direita representada na figura de Bolsonaro e seus ministros para perseguir a livre discussão das pautas da população mais pobre. Impedir que o debate do aborto seja feito é um ataque ao direito primordial que a mulher tem sobre seu corpo. É atacar a possibilidade de defesa de um direito primário de escolha da mulher e coloca-la mais uma vez sob a opressão dos trabalhos domésticos. Além disso, representa mais uma vez a política da direita de colocar a mulher como objeto de reprodução. Visto que ao vincular o ministério da mulher ao da família é conceber que o papel social desta é exclusivamente dentro da instituição familiar. A mulher, por ser um dos elementos mais oprimidos na sociedade, tem a tendência de ter um maior caráter revolucionário. Permitir a discussão das opressões da mulher é uma forma de compreender seus maiores perseguidores, invariavelmente a extrema-direita. Por isso, organizar as mulheres para lutar por Fora Bolsonaro é uma forma de lutar contra o fascismo e, consequentemente, de definir um horizonte de liberdades democráticas para a maior parcela da população. Derrubar o governo Bolsonaro, portanto, é um impulso essencial para a luta da libertação emancipação social da mulher.


MOVIMENTO OPERÁRIO | 11

BANCO SANTANDER NÃO PAGA PLR

Mais um ataque do Santander: pagamento da PLR só no dia 30 Banqueiros do Santander dão golpe no trabalhador e não pagam Participação nos Lucros Os representantes dos banqueiros imperialistas no Brasil do banco espanhol, Santander, a cada dia aumentam as suas ofensivas contra os trabalhadores e a população em geral. Tentativa de abrir as suas agências bancárias nos finais de semana; processos contra as organizações dos trabalhadores em relação ao ajuizamento de ações contra o banco; alteração da bandeira do Vale Alimentação dos seus funcionários que os estabelecimentos comerciais não aceitam, fechamento de agências, demissão em massa, arrocho salarial, são apenas alguns exemplos dos ataques desferidos por esses verdadeiros criminosos, que ajudaram a financiar o golpe de estado no país, que teve como consequência a eleição fraudada do fascista Bolsonaro, que vem, através da políti-

ca econômica neoliberal, arruinando o país. Neste sentido, o banco vem violando sistematicamente a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria e, mais uma vez, os banqueiros imperialistas decidem passar novamente por cima do que foi acordado na campanha salarial e não realizou o pagamento, no último dia 20, a antecipação da Participação dos Lucros e Resultados (PLR), aumentando o sufoco financeiros dos seus trabalhadores até, sabe-se lá, o dia 30. A justificativa ridícula do banco em não fazer o pagamento na data acordada, é que teria dificuldade para rodar duas folhas de pagamento. Tal justificativa demonstra o grau de cinismo desses banqueiros, que são uns verdadeiros parasitas dos trabalhadores e de

toda a sociedade. Somente no primeiro semestre deste ano o banco lucrou uma bagatela de R$ 7 bilhões. Tal resultado revela o que efetivamente está por trás do não pagamento da PLR:

atacar os trabalhadores e o aumento da exploração deles, além, é claro, de aumentar os seus lucros, retendo por mais 10 dias centenas de milhões de reais na especulação financeira.

45% DE PERDA DESDE FHC

REEDIÇÃO: “ESCOLA COM FASCISMO

Reposição de todas as perdas salariais para os operários dos frios!

Golpistas atribuem suicídio a professores

Trabalhadores aprovam pauta da campanha salarial 2019/2020, exigem reposição das perdas salariais, decidem pelo fora Bolsonaro e liberdade para lula

O Ministro golpista da educação quer reeditar a escola com fascismo, “Escola de todos” que visa perseguir professores e estudantes, alegando que os professores promovem o suicídio

Foi aprovada a pauta de reivindicações da campanha salarial dos trabalhadores das indústrias de carne, derivados e do frio no estado de São Paulo e a pauta será entregue nesta semana aos patrões. Realizada na última sexta-feira a assembleia dos trabalhadores em frigoríficos, foi aprovada a pauta de reivindicações para a campanha salarial correspondente a 2018/2019. Conforme levantamento das perdas ao longo dos anos, os operários do frio e da carne tiveram uma perda de 45%, incluindo os dois anos em que não houve acordo devido à intransigência dos patrões em querer rebaixar a pauta, retirando conquistas históricas dos trabalhadores dessa categoria. Nesta semana, os representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo marcarão reunião com os patrões para apresentar aos patrões a pauta da campanha salarial. Os trabalhadores exigem aumento real de salários; Reposição de todas as perdas salariais, do governo Fernando Henrique Cardoso até hoje, que somadas, chegam a 45%; Piso salarial de R$ 4.500,00; Cesta básica de 45 quilogramas; e Convênio médico gratuito para o trabalhador e toda sua família Os Patrões até agora já lucraram muito, chegaram a ultrapassar mais de 100% de lucro em determinadas empresas. Um dos exemplos é lucro o lucro da JBS/Friboi. Este grupo teve, no segundo trimestre de 2019, um lucro

O ministro golpista da Educação, Abraham Weintraub, anunciou que o MEC enviou para as escolas de educação básica um documento chamado “Escola de Todos”, que visa perseguir os alunos e professores que debatem todos os diversos assuntos,, inclusive política. O ministro diz que é para “coibir excessos”, pois isso tem gerado suicídio e mutilação entre os alunos. Um mentira sem tamanho, pois o que gera a morte de tantos jovens é a repressão do estado policialesco e de vigilância que se instalou no Brasil, principalmente após o golpe de 2016. Os golpistas alegam que desejam um ambiente plural e sadio: mentira, pois com esse documento vai se instalar um clima de perseguição e rivalidade entre professores e alunos. A escola deve ser um ambiente mediado pela boa convivência e o acordo entre professores e alunos. O elemento de fora na maioria das vezes não resolve o problema, temos que promover a escola inclusiva, onde

líquido de R$ 2,2 bilhões, revertendo um prejuízo líquido de R$ 911 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. No acumulado dos seis primeiros meses de 2019, a companhia teve lucro líquido de R$ 3,3 bilhões, portanto é hora de tirar as mãos do bolso e pagar a parte dos trabalhadores. (InfoMoney – 14-08-2019) Abertura imediata das negociações, os trabalhadores estão mobilizados e não vão aceitar enrolação. Trabalhadores decidem pelo fora Bolsonaro e liberdade para Lula Na resolução da assembleia, foi decidido, como já vem sendo debatido com os trabalhadores, a discussão sobre o golpe de estado, que tirou a Dilma Rousseff da Presidência da República em 2016 e prendeu o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (Lula) sem nenhuma prova, com a farsa da Lava Jato, para levar o fascista Jair Bolsonaro ao poder, este que vem atacando todos os direitos dos trabalhadores, extinguindo as Normas Regulamentadoras (NRs) das condições de segurança e saúde etc. Portanto, os trabalhadores das indústrias de carne, derivados e do frio decidiram pela liberdade de Lula, pelo fora Bolsonaro e novas eleições.

os alunos tem acesso às novas tecnologias, aos esportes e ao lazer. O ministro inimigo da educação alega que o documento apresenta uma pluralismo de ideias, mas isso já existe na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, esse documento que é uma doutrinação de direita e religiosa, tentando engessar ainda mais o pluralismo de ideias. O ministro golpista alega que o debate político gera o bullying, a automutilação e o suicídio, não sei de onde ele tirou essa ideia. De acordo com os estudos sobre suicídio, os jovens se matam por falta de perspectiva na vida que gera a depressão, não tem nada a ver com o debate político-ideológico que às vezes acontecem nas escolas. Com toda essa política e vigilância que os golpistas querem promover com a “Escola com Fascismo” e o fim da escola pública, vai aumentar e muito o número de suicídio e mutilação de alunos, pois o golpe aumentou a perseguição aos negros, LGBTs, mulheres, entre outros


12 | CULTURA

TEATRO E DITADURA

Espetáculo reconstitui o Ato institucional nº 5 Arena Conta AI-5 oferece varias atividades culturais sobre o período mais repressivo da ditadura. Acontecerá em São Paulo, entre os dias 1 a 29 de outubro, o projeto ARENA CONTA AI-5. A ocupação será realizada em dois espaços culturais: no próprio Teatro de Arena Eugenio Kusnet e no Teatro da Cia. Do Feijão, localizados na rua Teodoro Baima, nº 94 e 68. No Teatro de Arena, as atividades acontecem de quarta a domingo e na Cia. Do Feijão às terças-feiras. O projeto consiste na reunião de várias atividades culturais como cinema, oficinas, leituras dramáticas e a apresentação da peça AI-5 aos sábados e domingos. Ato institucional nº5 O AI-5 foi uma resposta do imperialismo para conter o acirramento da luta de classes no Brasil com as grandes mobilizações estudantis ocorridas em 1968 e a tendência crescente da entrada em cena do movimento operário expressa com a greve dos metalúrgicos de Osasco, em junho e um pouco antes, dos metalúrgicos de Contagem, ambas naquele mesmo ano.

A função do ato foi fechar o Congresso Nacional, passando as funções legislativas ao presidente da República; suspensão dos direitos políticos e das garantias constitucionais, como a suspensão do habeas corpus (instrumento jurídico de garantia de liberdade individual); intervenção federal em estados e municípios; e a possibilidade do presidente decretar estado de sítio sem autorização do Congresso. A partir da sua instauração, inicia-se o período mais repressivo da ditadura, com a instauração de centenas de processos políticos contra opositores do regime, intervenção nos sindicatos e uma crescente política de prisões, torturas e assassinatos. O espetáculo O espetáculo “AI-5: Uma Reconstituição Cênica” reconstitui a reunião do Conselho de Segurança Nacional de 1968, momento este que foi instaurado o Ato Institucional nº 5 que cassou os direitos políticos e aumentou a repressão da ditadura militar. O trabalho foi concebido em 2016 a

partir do desejo de divulgar o conteúdo da reunião dos ministros que emitiu o decreto. A ata dessa reunião é pública e está disponível na Internet. No entanto, poucas pessoas conhecem essa material. Infelizmente, a maioria mal conhece o que de fato foi o Ato Institucional e o que ele representou historicamente. A peça conta com um elenco de 21 atores e um diretor/idealizador. O espetáculo se passa na sala de reunião do Conselho de Segurança Nacional onde foi assinado o documento oficial do AI-5. O objetivo dessa reconstituição cênica foi a de criar pontes de atrito e crítica entre as palavras proferidas em 68 e as palavras hoje pronunciadas pelos golpistas pós 2016. Palavras que são repetidas pelos detentores do poder, poder que potencializa a ganância e a mesquinharia. De acordo com o projeto, o objetivo foi, a partir de um retorno a essa história e a essas figuras históricas, criar um jogo que vai do distanciamento ao patético criando um espaço de diversão, diálogo e espaço de crítica.

Ficha técnica Concepção e direção: Paulo Maeda Assistência de direção: Thammy Alonso Elenco: André Castelani, André Pastore, Caio Marinho, Cristiano Alfer, Emerson Grotti, Francisco Damasceno, Gero Santana, Lucas Scandura, Marcelo Coutello, Mario Spatizziani, Pedro Felício, Rafael Castro, Ramon Gustaff, Ricardo Socalschi, Roberto Mello, Rogério Fraulo, Thales Alvez, Thammy Alonso, Thiago Marques, Thiago Meiron e Wilson Saraiva. Áudio de Márcio Moreira Alves: Ronaldo Serruya Arte gráfica: Lenna Felippe Vídeos: Lucas Scandura Agradecimento e apoio: Paulo Goya e Casarão do Belvedere

COM FUSÃO

Arte sob ataque: UNESP encerra departamento de Artes Cênicas A UNESP encerra departamento de Artes Cenicas. Diante da decisão de fundir o departamento de arte cênica ao departamento de belas artes, a UNESP estabelece um sinal de precarização que pode afetar a qualidade do curso. As justificativas são técnicas, as quais afirmam que aproximará o corpo docente com diferente expertises e multidisciplinaridade. A política estabelecida pelo governo golpista ilegitimo de Jair Bolsonaro, se manisfesta nesta decisão de fundir um departamento em outro, com clara política de destruição da universidade, impedindo, dessa forma, mais cidadãos brasileiros de ingressar em cursos relacionado à arte. O que está colocado é a política defendida pelo presidente ilegitimo Bolsonaro que disse que “brasileiro tem mania de universidade”. Com essa fusão, diminui a opção de cursos para que as pessoas possam escolher, de forma que é imposto ao povo o curso a ser feito. Por conseguinte, diminuirá o numero de profissionais, visto que foi imposto que cada departamento teria que ter no minimo 10 professores.. Quando se decide pela fusão, se abandona a política de contratação de professores., deixando de fora novos profissionais que poderiam compor o novo quadro, contribuindo para maior crescimento em termos percentuais do desemprego, sem abertura de concurso público.

Políticas como essas levam ao fracasso e decadência do ensino universitário brasileiro, que foi tão defendido e estimulado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto que nessa atual conjuntura as universidade estão fadadas à obsolescência, decadência e total avacalhação dos poderes públicos. O curso de arte cênica tem sua particularidades e especificações, exigindo um departamento único e especifico que reorganiza suas ações. O docente é um bacharel que entende profundamente das técnicas de criação de espetáculo, interpretação, direção e montagem. Atua como ator, dramaturgo, iluminador, figurinista, diretor de arte e diretor em espetáculos teatrais, filmes, séries para a TV, webséries e outras encenações. Pode dar aulas de interpretação, montar espetáculos para eventos corporativos, encenar aulas para cursos de educação à distância, organizar vivências em ações dos departamentos de recursos humanos de empresas privadas. O licenciado ministra aulas de teatro para alunos dos ensinos Fundamental e Médio e de cursos livres. Assim sendo, o curso de artes plásticas também segue suas particularidades e especificações que exige um departamento que organize e esquematize pesquisas aprofundadas no âmbito das artes plásticas.

O bacharel em Artes Visuais pode seguir a carreira de artista plástico, recorrendo a várias linguagens, técnicas e materiais para expressar ideias. Pode mexer com desenho, pintura, escultura, gravura ou arte digital. No seu dia a dia, lida com diferentes materiais, como papel, tinta, gesso, argila, madeira e metais, além de programas de computador e outras ferramentas tecnológicas. Outra possibilidade é dedicar-se ao mercado de artes, trabalhando em uma galeria ou sendo dono dela, atuando como curador de exposições, comprando ou vendendo arte e organizando projetos e exposições em museus.

O bacharel também produz desenhos e ilustrações para uso editorial ou comercial, cria vinhetas para TV e sites, gerencia acervos e mostras em centros culturais. Por esses motivos, observa-se a necessidade de organizações especificas que requer espaços físicos ordenados e específicos para cada ciências (arte plasticas e arte cênicas). Os trabalhos podem ser feitos juntos, mas mantendo seus departamentos independentemente, a fim de que se estimule aos alunos e aos professores maior autonomia e eloquência juntos aos respectivos cursos.


CULTURA | MORADIA E TERRA | 13

“FAZ ESCURO MAS EU CANTO”

Expressão da polarização: Bienal de SP pode aumentar tom político A 34ª Bienal de Arte de São Paulo reafirma o valor da arte por meio de uma discussão do contexto político atual A exposição internacional 34ª Bienal de Arte de São Paulo iniciará em fevereiro e terá como título o verso do poeta amazonense Thiago de Mello “faz escuro mas eu canto”. Entre as obras, estará uma obra inédita de Helio Oiticica e três individuais de artistas mulheres. De acordo com Jacopo Crivelli Visconti, curador-geral da mostra, nas obras e performances apresentadas devem estar presentes comentários sobre a conjuntura social, ambiental e política atual. “O verso ecoa muito o que a gente está pensando para a Bienal, que foi concebida a partir do momento que vivemos, mas que também quer defender um espaço para a produção artística que não seja exclusivamente focada

nas questões políticas e imediatas que a gente vive no Brasil e no mundo. O verso tem esse andamento, começa deixando claro o momento que a gente está, “Faz escuro”, e continua com “mas eu canto”, que é uma esperança e defende a ideia de que, no momento da escuridão, é preciso reafirmar o valor da arte”, destaca o curador em entrevista concedida ao jornal O Globo. Na abertura da Bienal, marcada para o dia 8 de fevereiro, será realizada uma mostra individual da artista Ximena Garrido Lecca que tem o objetivo de mostrar a história peruana a partir do contexto do processo de globalização. Haverá, também, a performance “A Maze in Grace”, de Neo Muyanga.

Inspirada na canção “Amazing Grace”, faz uma referência ao traficante de escravos John Newton que tornou-se um abolicionista após uma série de acidentes e tragédias pessoais. Não será uma surpresa se houver por parte do governo de extrema-direita uma tentativa de censurar uma bienal de arte que propõe trazer uma discussão política a respeito do contexto atual. No início do mês de setembro, por exemplo, isso aconteceu durante a Bienal do Livro do Rio. Na ocasião, o prefeito Marcelo Crivella ordenou que os exemplares da história em quadrinhos “Vingadores, a cruzada das crianças” fossem recolhidos por conter a imagem de um beijo entre

dois jovens do mesmo sexo. Em entrevista ao portal Terra, Gal Costa comentou a respeito desta censura: “quando isso aconteceu, eu vi na televisão, eu não acreditei. Eu lembrei no meu disco Índia, que foi vendido em um invólucro preto. Eu falei “não é possível tudo isso de novo acontecendo”. Eu fiquei meio assustada, mas eu acho que isso não vai acontecer. Você tem que estar sempre atento. Atento e forte para não deixar uma ditadura de direita se instalar no Brasil”. É preciso estar atento, forte e nas manifestações populares pedindo o fim desse governo golpista e exterminador da classe trabalhadora. Fora Bolsonaro!

GOVERNO DOS LATIFUNDIÁRIOS

Bolsonaro sanciona lei para armar latifundiários Bolsonaro (PSL) agrada sua base eleitoral (latifundiários) e abre a possibilidade da formação de milícias para combater o movimento de luta pela terra. Agraciando sua base eleitoral, Bolsonaro sanciona lei para armar latifundiários. Essa lei, naturalmente, dá aos jagunços e grandes proprietários, o dispositivo legal para que se chancele o extermínio dos povos que lutam pela terra. Ao sancionar essa lei, com efeito, possibilita a formação de milícias rurais que trabalhem em sinergia com o aparato repressivo do Estado, hoje gerenciado por fascistas, promovendo a liquidação dos movimentos sociais do campo e das comunidades autóctones.

Antes da aprovação da lei, o dono da fazenda só podia manter uma arma dentro da sede da propriedade, agora, porém, ele poderá andar armado em toda a extensão da propriedade – o que facilita as justificativas mais grotescas para alvejar qualquer um que se aproxime da área circunscrita ao imóvel rural. Para avalizar sua política, Bolsonaro sancionou o texto em um evento fechado no Palácio do Planalto. O presidente golpista voltou a Brasília nesta segunda, após cirurgia

e internação em São Paulo para corrigir uma hérnia. De acordo com a determinação médica o capitão boçal só deveria voltar a trabalhar na próxima quinta-feira (19); todavia, por pressão da sua base reacionária, o golpista voltou mais cedo. O PL 3.715/19, de autoria do senador Marcos Rogério (DEM-RO), por sua vez, impede que os trabalhadores sem terra se armem enquanto permite que os latifundiários montem verdadeiras milícias para perseguir e

matar os que se impuserem no seu caminho. No entanto, mesmo permitindo o armamento sob essa forma, deve-se assinalar que ao começar a liberar armas a direita pode estar iniciando um mecanismo do qual ela poderá perder o controle. Essa ação revela que Bolsonaro – fruto de uma fraude – constitui um governo em permanente crise, improvisado, que, portanto, adota determinadas políticas que não são a política do principal setor da burguesia.

BOLSONARO COOPTA INDÍGENA

Organizações Indígenas repudiam índia bolsonarista na ONU Organizações indígenas do Xingu escrevem carta repudiando a atitude desrespeitosa de Bolsonaro com escolha antidemocratica de representante indígena. Lideranças de 16 aldeias da Território Indígena do Xingu emitiram uma carta repudiando a escolha aleatória da representante da comitiva de Bolsonaro para a assembleia geral da ONU, no dia 23 de setembro. A comitiva elegeu arbitrariamente Ysani Kalapalo que não é liderança de nenhuma das aldeias indígenas da TI para representar todas as populações que lá vivem. Pelo que foi expresso, a pessoa escolhida além do já mencionado, apresenta o comportamento recorrente de desmoralizar e fazer campanha contra as lideranças já reconhecidas pelos povos do Xingu. Esse processo antidemocrático desrespeita a autonomia de reconhecimento de suas próprias lideranças, tanto em relação à política interna quanto externa à aldeia. Os povos indígenas repudiaram veementemente a decisão arbitrária do grupelho de Bolsonaro. Ao afirmar

que a escolhida ataca, desmoraliza e constrange as lideranças, confirmam que o atual desgoverno usa desses artifícios da democracia burguesa para legitimar seus discursos mentirosos perante a opinião pública internacional. Esse discurso, inclusive, que tentou carregar em vão a bandeira do nacionalismo, uma vez que ao vender o pré-sal e doar a base de Alcântara aos norte-americanos, escancara a demagogia deste governo. Além destas ações, a insistência na privatização das empresas estatais apontam na direção de uma subserviência completa ao imperialismo. O desrespeito à soberania dos povos tradicionais é uma política que vem sendo desenhada desde a campanha de Bolsonaro quando este alegou que não demarcaria mais nenhuma terra indígena. Essa política política foi reafirmada em seu

discurso em Nova Iorque na segunda-feira 23 de setembro. Nesse sentido, o direito de todos os povos indígenas vem sendo sistematicamente atacados. Com lideranças sendo assassinadas e perseguida de forma rotineira o governo quer dizer que lava as mãos diante dos latifundiários e garimpeiros que tem intenção de esvaziar as terras indígenas para explorá-las. Defender um discurso nacionalista internacionalmente tem, então, uma dupla função. A primeira, de impedir qualquer intervenção internacional, que seria algo positivo, caso não passasse de um discurso. A segunda, como forma de esconder a perseguição interna de uma ditadura que já se sente cada vez mais na pele de quem não é capacho do regime golpista. No primeiro caso é uma política falsa, pois ainda que se pregue a

não intervenção na maior parte do discurso, em diversos pontos os Estados Unidos são citados como um exemplo e o inquisidor Sérgio Moro recebe instruções diretamente dos EUA. Já no segundo caso, serve para encobrir a barbárie da base eleitoral que ajudou a eleger Bolsonaro. É por isso que a hora de derrubar Bolsonaro é agora, visto que este ameaça cada vez mais a população e que esta se dispõe em todos os locais do país combater o regime golpista. Colocar em pauta a todo momento as críticas à Bolsonaro e seus discursos infames é uma forma de alimentar a população contra o regime. A orientação para a luta precisa partir de um partido revolucionário e neste momento a palavra de ordem Fora Bolsonaro está na boca do povo todo, desde os povos do Xingu até o Chuí.


14 | ESPORTES

A FARSA DO “CRITÉRIO” FIFA

Futebol moderno: imperialismo europeu escolhe seu “melhor do mundo” A FIFA, entidade envolvida em diversos escândalos e ligada aos interesses políticos, é a principal responsável nesta escolha, onde o que importa é tudo menos o futebol. Como acontece todo ano, em evento realizado pela FIFA, empresa ligados a fortes interesses imperialistas que regula o futebol mundial, é decidido, por determinados “critérios”, quem é o “melhor jogador do mundo”. A FIFA, entidade envolvida em diversos escândalos e ligada aos interesses políticos, sobretudo europeus, é a principal responsável nesta escolha. Nos últimos bons anos, a dupla Messi e Cristiano Ronaldo vem monopolizando o troféu, com forte propaganda da imprensa mundial, tornando estes jogadores verdadeiras marcas de publicidade do futebol europeu, no qual, independente de lesões, temporadas abaixo da média, entre outras tantas irregularidades que possam vir a ter, são figurinha carimbada na lista dos “três melhores”, utilizada como base na escolha do “melhor do mundo”. O prêmio por conta disso torna-se saturado, e não precisa ser nenhum especialista para sentir isso, pois, antes mesmo de começar a temporada, já sabemos que não importa se haverá

novas estrelas no futebol, Messi e Cristiano, por muito tempo o simbolo do futebol na Espanha, estarão com suas cadeiras reservadas para o prêmio. O único motivo disso acontecer, deve-se aos interesses políticos e econômicos que giram em torno do futebol, o esporte mais popular do mundo, sendo capaz de gerar milhões e milhões para o bolso dos grandes capitalistas. Por isso, vale lembrar que, mesmo Messi sendo Argentino, hoje representa o futebol Europeu, devido a todo tempo que lá passou, e Cristiano Ronaldo ainda mais. Sendo assim, o cuidado que os grandes capitalistas europeus tem com a imagem destes jogadores é gigantesca, e o dinheiro, seja na venda de camisas, etc, que envolve o sucesso ou não da dupla, é tema fundamental na escolha da lista dos “melhores do mundo”. Logo, o “critério FIFA” nada mais é que o mesmo critério utilizado pelo imperialismo, o critério econômico e político. Para exemplificar bem, basta olhar

a lista geral dos ditos melhores jogadores do mundo, e o fato absurdo de nela termos jogadores como Sergio Ramos, zagueiro do Real Madrid que nada faz além de dar porrada nos adversários, e ainda pior, não termos um jogador que é nada mais que o melhor da atualidade, Neymar Jr, o craque brasileiro que sequer apareceu na lista dos 10 principais, sofrendo um duro ataque político por parte da organização.

O caso Neymar é evidente para demonstrar a fraude que é esta premiação. Um jogador brasileiro precisa jogar o triplo a mais que um europeu para aparecer lá, e mesmo que jogue, ainda corre o risco de ser retirado como Neymar, onde a imprensa justifica por ser uma “medida disciplinar”, demonstrando o caráter absurdo que se tem os ditos “critérios” FIFA.

EMPRESA TENTA DESTRUIR CLUBE

Clube-empresa: crise pode tirar Figueirense da Série B Cláudio Honigman, presidente da Elephant, é o verdeiro responsável por tentar tirar o Figueira do brasileiro, porém o clube por nota informou que isso não passa de uma farsa. No decorrer da semana passada, após o jogo fora de casa com o Brasil de Pelotas, o Figueirense Futebol Clube anunciou por meio de nota que estaria encerrando a parceria clube-empresa com a empresa Elephant, o que faria o clube deixar de ser comandado pelo interesse dos empresários, voltando assim à sua tradicional gestão. Após essa deliberação, e com fortíssimo apoio da torcida, foram expulsos todos aqueles ligados a Elephant que ocupavam algum cargo no clube, entre eles Cláudio Honigman, empresário presidente da Elephant e então presidente do Figueira. Sob o comando da Elephant o Figueirense foi direto ao abismo, como já muito denunciado neste jornal, falindo completamente o clube e o pondo na última colocação do brasileiro. Tal desenvolvimento abriu uma gigantesca crise, em que a torcida, após muita pressão e mobilização, pode enfim derrubar a empresa, retomando as atividades do clube como eram antes. Atualmente o Figueirense já estaria em uma delicada situação, na qual, a torcida fez grande movimentação para dar apoio e sustentação a retomada alvinegra. No entanto, o que ninguém esperava era que Cláudio Honigman, agora ex-presidente do clube, além de exigir pagamento de milhões por ser expulso do clube, também seria responsável por um absurdo golpe. Já fora do cargo de presidente do

Figueirense, e sem mais qualquer relação com o clube, Honigman emitiu uma nota a CBF dizendo que o Figueirense estaria desistindo de disputar o campeonato brasileiro, em uma clara tentava desesperada de forçar um acordo com o clube ao mesmo tempo que o leva para a destruição total. Se este pedido for atendido pela CBF, levaria a um dos mais tradicionais times do Sul ser suspenso por dois anos de todos os campeonatos nacionais, além de ter que recomeçar pela série D, o que representaria uma catástrofe, praticamente o fechar de portas do clube. Prontamente, o presidente interino do Figueirense, Francisco de Assis, declarou que o Figueirense não tinha qualquer intenção em desistir da competição, publicando nota oficial relatando este golpe. Chama também a atenção nessa reviravolta que, a imprensa golpista brasileira teve forte envolvimento no assunto, onde, sem esclarecer a real situação dessa suposta desistência, buscou anunciar nacionalmente que o Figueirense estaria fora da série B, sem sequer tentar explicar que tudo não passava de um golpe dado pela empresa Elephant, que não tinha mais qualquer envolvimento com o clube. Além disso, a matéria que repercutiu nacionalmente foi publicada justamente no mesmo dia em que o Figueirense faria sua primeira partida após

a expulsão da empresa, partida essa que estava sendo responsável por mobilizar milhares de torcedores em uma campanha de forte adesão pela reestruturação do clube, contanto com a ajuda de ex-jogadores como Felipe Luís e Roberto Firmino, além de ídolos como Fernandes. Mostrando assim, o caráter farsesco da imprensa que tanto se fez de crítica ao Figueirense nesta última semana, acusando o clube de má gestão, quando eles são os principais responsáveis por acobertar tudo que aconteceu, sempre dando o suporte para empresa afundar cada vez mais o Figueirense.

Tudo isso acontece em meio a revelações que comprovam o desvio para a conta pessoal de Cláudio Honigman de milhões de reais que pertencem ao clube, enquanto funcionários e jogadores não recebiam, evidenciando o verdadeiro roubo feito pela empresa durante a sua gestão, responsável por aumentar a divida para 120 milhões de reais, e falir toda a instituição. Por isso, mesmo com a tentativa de Honigman para destruir o Figueira, o time continuará a disputar o brasileiro, e encaminhará a sua volta por cima com o apoio da torcida, sua principal força.


NEGROS | 15

POLÍCIA AUMENTA OPRESSÃO

BA: 98,8% dos presos em flagrante na capital são negros e pobres Após o golpe de Estado de 2016, a polícia tem contado com a benevolência do Estado para aumentar a opressão ao povo pobre e negro.

Venha discutir

A LUTA

DO

POVO NEGRO Reunião do Coletivo de Negros João Cândido Todos os sábados às 16h

Para a burguesia e seus cães de guarda, o crime tem cor e endereço. Quando se trata de abordagens, revistas e, sobretudo, oprimir a população, a polícia serve à burguesia como o capataz servira a seu senhor: castigo e opressão aos que podem se insurgir contra a ordem vigente. Na primeira capital do Brasil, a situação não poderia ser diferente. Em Salvador, 98,8% dos presos em flagrante são pobres e negros. Após relatório feito pela Defensoria Pública do Estado da Bahia, constatou-se que os autuados pela política seguem sempre um perfil: são homens negros jovens e de baixa renda. De acordo com os dado coletados entre setembro de 2015 e dezembro de 2018, durante os 1.128 dias de acompanhamento foram registrados 17.793 flagrantes, sendo que deste total 16.757 eram homens e 1025 mulheres, informou Lucas Ressurreição,

assessor do Gabinete. Segundo o estudo quase a totalidade dos casos envolve a população negra (98,8%) e, com efeito, deste montante pode-se depreender que pretos e pardos, homens (94%); jovens (68,3%), com até o ensino fundamental (54,6%); com renda até dois salários mínimos (98,7%), compõem o alvo principal das investidas policiais. É importante salientar que a política de perseguição ao povo pobre e negro – recrudesceu após o golpe de Estado de 2016 – favorecendo à política de genocídio e de opressão à população. Com a entrada de Bolsonaro (PSL), o conjunto das atrocidades cometidas pela polícia só tem aumentado, dando mostras claras de um regime com grande inclinação fascista. Somente a derrubada do governo será capaz de mudar a correlação de forças e acabar com a opressão diária sofrida pela população negra e pobre.

Centro Cultural Benjamin Perét R. Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - SP


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