Diário Causa Operária nº5777

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QUINTA-FEIRA, 26 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5777

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Por uma ampla mobilização pela liberdade de Lula em 27/10 Nova pesquisa do Ibope, divulgada ontem, encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), evidencia a evolução da rejeição ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro – ainda que parcialmente pela tradicional manipulação das pesquisas dos institutos e organizações golpistas. O governo está cada dia mais imerso em uma enorme crise e, nestas condições cresce também o apoio à luta pela anulação dos processos fraudulentos da operação Lava Jato e pela libertação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e demais presos políticos perseguidos pelo regime golpista.

EDITORIAL

Fortalecer os mutirões para realizar um grande ato em Curitiba

As desculpas grotescas de Witzel O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, apelidado de “Auschwitzel” por setores da esquerda, é um daqueles governadores surpresa: ninguém sabe dizer de onde veio e como conseguiu se eleger ano passado, afinal até mesmo após as eleições ele continuava sendo um desconhecido para a maioria da população fluminense.

A Plenária Nacional Lula Livre, ocorrida neste último sábado (21/09) em São Paulo e que contou com a participação dos comitês de luta contra o golpe e Lula livre de todo o país, partidos de esquerda e movimentos sociais, decidiu pela realização de um novo ato pela liberdade de Lula em Curitiba no dia 27 de outubro, data do 74º aniversário do ex-presidente e preso político, Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto o fascista Bolsonaro fazia demagogia sobre a questão indígena em seu discurso, durante a abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) mostrava que os assassinatos de indígenas cresceram 25% no país

Com impeachment de Trump, donos do regime Aonde vai a reciclagem do procuram retomar o controle

lixo político nacional?

Artigo do colunista da Folha de S. Paulo, Demétrio Magnoli, intitulado “Lula livre”, publicado no último dia 21 de setembro, é mais uma demonstração de que o barco da Lava-Jato faz água por todos os lados e uma corja de golpistas, uns “ratos de porão”, defensores de todas as bandalheiras promovidas pelo imperialismo e seu séquito de serviçais

Enquanto Bolsonaro mente na ONU, indígenas são massacrados

Terça-feira (24), a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, anunciou a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. O motivo alegado para a abertura do processo contra Trump é uma pressão que o presidente dos EUA teria feito para que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, investigasse o exvice-presidente Joe Biden, que é pré-candidato à presidência pelo Partido Democrático.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Fortalecer os mutirões para realizar um grande ato em Curitiba A Plenária Nacional Lula Livre, ocorrida neste último sábado (21/09) em São Paulo e que contou com a participação dos comitês de luta contra o golpe e Lula livre de todo o país, partidos de esquerda e movimentos sociais, decidiu pela realização de um novo ato pela liberdade de Lula em Curitiba no dia 27 de outubro, data do 74º aniversário do ex-presidente e preso político, Luiz Inácio Lula da Silva. Um bom exemplo de mobilização e organização, que permitiu o sucesso do ato nacional pela liberdade de Lula ocorrido no último dia 14 foram os mutirões realizados por mais de 3 meses consecutivos aos domingos por todo o país. Os mutirões pela liberdade de Lula foram uma importante ferramenta de mobilização e agitação política para realizar o ato nacional pela Liberdade de Lula e contra a farsa da Operação Lava Jato, realizado em Curitiba no último dia 14 em frente ao prédio da polícia federal. Inclusive, foram um instrumento fundamental para pegar contatos de pessoas interessadas em participar do Ato Nacional, organizar

caravanas e a campanha financeira para viabilizar essa enorme atividade. Os mutirões servem, ainda, para organizar os militantes e pessoas que querem fazer algo diante da direita, mobilizar e mostrar para os trabalhadores que há um movimento de luta para fazer frente aos ataques da direita, particularmente em um momento de enorme crise do governo Bolsonaro e da operação Lava-Jato, responsável por prender Lula. No entanto, é preciso que novos comitês sejam formados e multiplicados em todo o país para fazer crescer o movimento de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. E assim organizar um grande ato em Curitiba com milhares de pessoas e que voltarão aos seus locais com a tarefa de organizar mais comitês e lutar pela liberdade de Lula. Lula não será solto e a direita não será derrotada nas eleições, pelo judiciário ou muito menos no parlamento tomado pelos bolsonaristas. A única maneira é mobilizar a população nas ruas e libertar o principal alvo da direita, Lula.

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POLÍTICA | 3

ORGANIZAR AS CARAVANAS

Por uma ampla mobilização pela liberdade de Lula em 27/10 Rejeição a Bolsonaro cresce e com ela as condições já favoráveis para grandes atos pela anulação da Lava Jato e imediata libertação do ex-presidente e demais presos políticos Nova pesquisa do Ibope, divulgada ontem, encomendada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), evidencia a evolução da rejeição ao governo ilegítimo de Jair Bolsonaro – ainda que parcialmente pela tradicional manipulação das pesquisas dos institutos e organizações golpistas. O governo está cada dia mais imerso em uma enorme crise e, nestas condições cresce também o apoio à luta pela anulação dos processos fraudulentos da operação Lava Jato e pela libertação do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e demais presos políticos perseguidos pelo regime golpista. A tendência a uma ampla mobilização nesse sentido se expressou na combativa atividade realizada no último dia 14, em Curitiba, no ato convocado pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pelos Comitês de Luta Contra o Golpe, que contou com a participação de dezenas de Comitês Lula Livre, de diretórios Municipais e militantes de base do PT e de outros setores da esquerda, além de entidades de luta dos trabalhadores como a APEOESP (professores/SP), maior sindicato do País, Central de Movimentos Populares, Frente Nacional de Luta, entre outras. Se expressou também na II Plenária Nacional Lula Livre, realizada no último dia 21, em São Paulo, que deliberou realizar um conjunto de atividades de mobilização, destacando-se atos nos Estados a partir do dia 6 de outubro e a realização, no dia 27 do mesmo mês, de um novo ato em Curitiba, onde o ex-presidente permanece encarcerado.

Nesta data (27/10), celebra-se o 74º aniversário de Lula e será uma grande oportunidade para realizar uma grande mobilização em defesa dos direitos democráticos da maior liderança popular do País e de todo o povo brasileiro, que com Lula em liberdade, veria reforçadas as condições de sua luta contra os ataques do regime golpista e pela derrubada do governo fascista de Bolsonaro. A prisão de Lula é fundamental para a manutenção do golpe de Estado. Sua prisão permitiu a eleição fraudulenta do atual presidente Jair Bolsonaro,

uma vez que Lula, o principal candidato, foi retirado das eleições. Sua liberdade, por outro lado, é primordial para “mudar a correlação de forças” em favor da esquerda e dos explorados, como assinalou recentemente a ex-presidenta Dilma Rousseff, e, portanto, deve ser um dos eixos fundamentais da luta de toda organização que esteja ao lado da luta dos trabalhadores e da juventude, contra o regime golpista. Diante da acertada decisão de realizar esta manifestação, que pode unificar amplos setores da esquerda e dos

movimentos de luta dos explorados da cidade e do campo é preciso intensificar a atividade dos comitês espalhados por todo o País, para ampliar a campanha pela liberdade de Lula, recolhendo assinaturas no abaixo assinado com este objetivo, realizando todo tipo de manifestação e, desde já, fazendo inscrições e recolhendo fundos para financiar as caravanas de todas as regiões do País com destino a Curitiba. Dia 27/10, vamos juntos a Curitiba celebrar o aniversário de Lula e exigir a sua liberdade.


4 | POLÍTICA

A FRIEZA DOS ASSASSINOS

Mourão defende os policiais que mataram Agatha: Fora Bolsonaro! Mourão é um estrategista. Ele sabe que o regime golpista está em risco. E ele tem clara noção de qual é este risco: que os morros tomem as ruas do país. Hamilton Mourão, vice-presidente de Bolsonaro, veio a público nesta segunda-feira (23) para cumprir suas obrigações de bom fascista que de fato é: defender os assassinos da criança Ágatha Félix, de oito anos, que a fuzilaram no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (20). A menina Ágatha compõe hoje o triste grupo das vítimas mirins dos fascistas que tomaram o poder através da fraude eleitoral de 2018. Mais uma morte que traz a todos a certeza de que ninguém mais pode se esquivar da tarefa histórica de acabar imediatamente com os governos Bolsonaro, Witzel, Zema, Doria entre outros tantos que empunham as armas do Estado contra o próprio povo, principalmente os mais pobres, vulneráveis e oprimidos. O assassinato de Ágatha é algo completamente inaceitável e injustificável. Nenhuma explicação oficial poderá diminuir a dor que qualquer pessoa normal sente ao se deparar com o fuzilamento bárbaro de uma criança. Mourão sabe disto. Mas sabe também que a dor de toda uma população tende a rapidamente se transformar em ódio, revolta e rebelião. O assassinato de Ágatha traz à luz tudo o que o combalido e ilegítimo governo Bolsonaro não quer e na verdade sequer tem condições de suportar, diante do contínuo estado de crise e instabilidade que vive desde que tomou posse, há pouco mais de nove meses. Mourão e a defesa dos porcos fascistas Por isso, o vice de Bolsonaro se viu obrigado a voltar à carga com a estratégia típica das hienas fascistas: colocar a culpa na vítima. A culpada não é a polícia nem o Exército fascistas. A culpa da morte de Ágatha é da população pobre e oprimida da favela. “O Estado tem que fazer as suas operações e procurar de todas as formas possíveis a segurança da população. Eu comandei tropa que operou no (Complexo do) Alemão e na Maré, e o narcotráfico coloca a população na rua e atira contra a tropa. Então, ele (narcotráfico) coloca em risco a própria gente que habita aquela região” Nenhuma operação “do Estado”, como diz Mourão, jamais trouxe nem uma gota sequer de “segurança da população”. A realidade é totalmente o contrário. As armas e balas da burguesia somente trazem medo e insegurança à população pobre de todo o Brasil. E segurança da população, é óbvio, nunca esteve entre as preocupações daqueles que levaram tanques de guerra, fuzis, metralhadoras em helicópteros, para atacarem a qualquer um dos morros do Rio, com farta distribuição de tiros para todos os lados. Mas como era de se esperar, para toda brutalidade há sempre uma boa desculpa.

Mourão coloca a culpa no narcotráfico. O mesmo que as próprias Forças Armadas deram todo o apoio para ser criado na época da ditadura de 64, onde se inclui toda a cobertura política e jurídica para que os primeiros chefões do tráfico tivessem plena liberdade para construírem a logística necessária, com rotas, locais de armazenamento e recrutamento da população pobre, principalmente nas favelas do Rio, para a distribuição do varejo. “Elas (narcoquadrilhas) têm força de apoio… Aquela que varre a rua depois do confronto, aquela que diz que quem atirou foi a polícia, independente da investigação que tenha sido feita, é aquela que dá sustentação logística, é o fogueteiro que avisa que a polícia chegou”, disse. “Infelizmente, a gente tem que reconhecer que determinados lugares do Brasil se vive uma guerra. E aí acontecem tragédias dessa natureza.” Não é guerra, é genocídio Para o cinismo deste defensor de assassinos, mortes como a de Ágatha devem ser reduzidas a meras fatalidades do destino, e o estado de contínuo ataque à mão armada às populações pobres brasileiras, deve ser mascarado como uma “guerra”. Mas guerra pressupõe um mínimo de igualdade entre dois campos de luta. Matar pessoas indefesas, usando o que há de mais poderoso em termos de armamento, com tropas treinadas e equipamentos de guerra, inclusive cometendo atos que até mesmo em guerras reais seriam considerados crimes, voltando toda esta imensa máquina de violência contra gente sem nenhuma condição de contra-ataque, totalmente refém do Estado, não se trata de uma guerra, mas sim de um massacre, um genocídio. É a estraté-

gia de controle social brutal, à sangue, que a burguesia leva avante contra a população pobre brasileira. Ninguém mais deveria confiar armas nas mãos da burguesia A burguesia faz a sua propaganda tentando convencer que as armas não devem estar nas mãos da população, mas somente do Estado – que é comandado pela burguesia. Muita gente, principalmente da classe média, acaba caindo nessa, mas quando casos como o de Ágatha acontecem, percebemos que a realidade é justamente o contrário do que a propaganda burguesa diz. Na verdade, ninguém deveria confiar em conceder armas aos opressores e exploradores do povo. É certo que eles farão absolutamente de tudo, sempre, para continuarem a massacrar a todos nós, sem nenhum tipo de receio a não ser de que as massas se levantem para colocar um fim na extrema injustiça em que vivemos. O que devemos aprender diante das mortes que se espalham no Rio e em todo o país é que as armas devem estar nas mãos do povo, principalmente o mais pobre, o da favela, o dos bairros operários, o das periferias. Esta é a única forma de impôr um freio à sede de sangue da burguesia: colocar os opressores sob a mira de nossas armas. Enquanto o falso pacifismo do oprimido for a política que dominar as massas, veremos casos como Ágatha se reproduzindo em série, e as justificativas do Mourão, de que está tudo certo, de que a culpa é da população, do crime, do tráfico etc, não deixa qualquer dúvida sobre isto. O que Mourão teme é o Fora Bolsonaro

Mourão, ao contrário de Bolsonaro, é um estrategista. Ele sabe que o regime golpista está em risco. E ele tem clara noção de qual é este risco: a possibilidade iminente de que os “morros” do Brasil – os bairros populares e operários, as favelas, as ocupações, os camponeses sem terra – “desçam” por assim dizer e tomem o “asfalto”, tomem as ruas, levantem-se em massa contra o governo golpista e coloquem para fora o governo Bolsonaro, e façam isto já. A população do Alemão ameaçou descer para o asfalto. Houve manifestações em que a dor já se transformava claramente em revolta. Uma revolta no Rio pode incendiar o Brasil inteiro que não aguenta esse golpe descendo o chicote, sem pena, no nosso povo, nem mais um dia. Por isso Mourão levantou a cabeça e tenta dar ares de normalidade para o bárbaro fuzilamento de Ágatha. Não foi por outro motivo que a fraude de 2018 foi preparada pela invasão das Forças Armadas nos morros do Rio de Janeiro. O Fora Bolsonaro já tomou conta do pais, e o morro, que tem força para de fato derrubar o governo, ameaça descer já faz algum tempo. Presos nas favelas à base de bala de fuzil e tiros de helicópteros, confusos com a propaganda cínica e assassina de um pascifismo de oprimidos, os companheiros dos morros ainda não se organizaram o suficiente para que isto aconteça. Uma explosão que precisa acontecer já, imediatamente, para que sejam as palavras de ordem, o Fora Bolsonaro – e não mais e mais vidas de crianças pobres das favelas – que impulsionem o povo até a derrubada desta direita assassina que ainda está no poder. E é esta explosão o que Mourão e toda a sua corja mais temem.


MORADIA E TERRA | ESPORTES | 5

ACOBERTANDO CRIMES

Enquanto Bolsonaro mente na ONU, indígenas são massacrados Assassinatos de indígenas cresceram 25% no país em 2018 e tem previsão de aumento para 2019 Enquanto o fascista Bolsonaro fazia demagogia sobre a questão indígena em seu discurso, durante a abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) mostrava que os assassinatos de indígenas cresceram 25% no país, segundo relatório “Violência Contra os Povos Indígenas” publicado na última terça (24). O DCO (Diário Causa Operária Online) publicou dados do relatório nesta quarta (25): “Os dados apresentam que foram assassinados 135 indígenas, contra 110 em 2017, um grande aumento de 25%. E juntamente com o aumento dos casos de assassinatos, houve aumento de casos de invasão de terras já regulamentadas, ou seja, já passadas por todas as etapas para demarcação, de 96 para 111 (15%). O ano de 2018 foi de ofensiva dos gol-

pistas que deram mais um passo para a implantação de uma ditadura insidiosa e perseguição dos movimentos de luta pela terra. Isso se deu com o aprofundamento do golpe realizado em 2016, com a prisão de Lula e a impugnação de sua candidatura para levar a presidência da república o fascista Jair Bolsonaro. Esse fato foi o aval definitivo para um avanço dos latifundiários, mineradoras e grileiros de terra sob as terras indígenas e os povos que vivem e reivindicam essas terras. Não é a toa que o próprio relatório já aponta para os dados em 2019 e um crescimento ainda maior que em 2018 da violência contra os indígenas se comparado o mesmo período de 2018 e 2019.” Ou seja, enquanto Bolsonaro faz demagogia e dissimula sobre a questão dos indígenas e a luta pela terra, indígenas são expulsos das suas terras, quando não assassinados pelo latifundiários que

receberam carta branca de Bolsonaro. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), também se manifestou contra o discurso de Bolsonaro: “Enquanto a Amazônia arde em chamas, o presidente anti-indígena Jair Bolsonaro segue destilando sua ignorância e racismo contra os povos indígenas do Brasil. Sob o argumento de que somos tutelados pelo estrangeiro, segue pregando sua política genocida, etnocida, anti ecológica e anti-indígena, desta vez, em meio a uma reunião entre governadores em que deveria estar buscando somar esforços por soluções para a Amazônia, e não apregoando ideias retrógradas, equivocadas e perversas, como infelizmente, é de praxe. Um dos resultados dessa política anti ambiental é justamente o aumento colossal das queimadas no Brasil em 82% no comparativo ao mesmo período do ano passado, maior alta e também o

maior número de registros em 7 anos no país, conforme divulgou o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Bolsonaro fala de colonialismo sobre a Amazônia de maneira desonesta, enquanto incita criminosamente as invasões ilegais de nossas terras por parte de madeireiros, garimpeiros, grileiros, esvaziando órgãos ambientais como o IBAMA e o ICMBio, responsáveis pela fiscalização e execução das políticas ambientais, além de promover o desmonte de órgãos e fundos históricos como a FUNAI e o Fundo Amazônia, que poderiam estar sendo utilizados neste momento para mitigar os resultados desses crimes. Enquanto isso, trata nossa política internacional de maneira amadora, grosseira e irresponsável, envergonha as mães, pais, avós, mulheres e trabalhadores deste país, com sua perversidade sem fim.”

FUTEBOL BRASILEIRO SOB ATAQUE

Nada de drible: jogador brasileiro é enquadrado no futebol europeu Uma das principais revelações do futebol brasileiro nos últimos anos, o atacante Vinicius Jr. foi vendido em 2017 para o Real Madrid, da Espanha, pela quantia de 45 milhões de euros (R$ 206,6 milhões), no que representou a segunda maior venda da história do futebol brasileiro, atrás apenas da venda de Neymar para o Barcelona. À época, o jogador contava apenas com 16 anos de idade e não havia completado senão a sua segunda partida no time profissional do Flamengo, clube que o revelou. Chegando no meio do ano de 2018 à Espanha, o jogador, sobretudo por conta da pouca idade, participou num primeiro momento dos jogos do Real Madrid Castilla, uma espécie de Real Madrid B, usado para testar e dar rodagem aos jogadores das suas categorias de base. Nos jogos pelo Castilla, que disputava a terceira divisão B da Espanha, o brasileiro rapidamente conseguiu demonstrar que seu lugar era no time principal: além de ser fisicamente mais forte e mais rápido do que os jovens jogadores espanhóis, Vinicius Jr. era também tecnicamente muito superior à média dos atletas e dispunha de um repertório de dribles e jogadas que lhe garantia uma vantagem desproporcional nos jogos. O único empecilho à entrada do jogador no time principal era o treinador espanhol Julen Lopetegui, que se recusava a dar uma chance para o brasileiro. Mas Lopetegui não durou muito no cargo, vítima dos resultados ruins do seu início de trabalho, e foi substituído, de forma interina, justamente pelo então treinador de Vinicius Jr. no Castilla: o argentino Santiago Solari. Com Solari na equipe de cima, Vinicius Jr. passou a ganhar mais oportunidades, e não demorou muito para que o brasileiro assumisse lugar de desta-

que no time. O Real Madrid, naquele momento, havia perdido o seu principal atacante, Cristiano Ronaldo, e necessitava de alguém que tirasse o time da mesmice em que se encontrava. O jovem atacante aproveitou o vácuo que existia na equipe e, com seu jogo ousado, agressivo, veloz, com seus dribles e jogadas individuais, foi a peça que permitiu dar alguns momentos de vida e brilho à equipe durante a temporada. O Real Madrid não ganhou nenhuma competição, mas o brasileiro terminou a temporada em alta, afinal, com apenas 18 anos, havia sido o principal responsável pela melhora do time ao longo do ano. O Real Madrid, contudo, virou a temporada sob nova direção. Saiu Solari e retornou Zinedine Zidane, treinador que dirigira a equipe no período 20162018. Através da imprensa espanhola, logo começaram a circular boatos de que o treinador francês não era um grande entusiasta do futebol do brasileiro. Para Zidane, conforme a imprensa pontuava, Vinicius seria ainda muito jovem e precisaria evoluir coletiva e taticamente. À medida que Zidane desenvolvia o seu trabalho, porém, ficava claro que os boatos não eram só boatos: o brasileiro passava cada vez menos minutos em campo e tinha cada vez menos oportunidades para pôr o seu jogo em prática. A chegada de Zidane ao comando do time forçou o jogador a se adaptar à “filosofia” do treinador. O resultado disso é que, na atual temporada, o jogador não é nem sombra do que foi na temporada passada. Os dribles, as jogadas individuais, as arrancadas em direção ao gol, as jogadas ousadas e de efeito foram substituídos pelos passes curtos, pela recomposição defensiva e pela marcação.

O site “WhoScored?”, especializado em estatísticas de futebol, dá a medida do tamanho da regressão por que passou o atacante. As estatísticas apontam que o jogador brasileiro foi o líder em dribles do elenco na temporada passada, com média de 2,3 por partida, enquanto que, na atual temporada, ele ocupa apenas a oitava colocação, com média de 1 drible por jogo. O tolhimento da individualidade do atacante brasileiro tem sido tão grande que, hoje, ele possui uma média de dribles inferior à de jogadores que passam longe de terem qualquer destaque nesse fundamento, como é o caso do atacante espanhol Lucas Vázquez, este sim um jogador puramente “tático”, e do volante brasileiro Casemiro, ambos com média de 1,2 dribles por partida. Não é segredo que Zidane, como treinador, foi bastante influenciado pela “escola italiana” de futebol, uma escola cuja marca reside, em especial, na rigidez tática e na prioridade defensiva. O francês, além de ter sido dirigido por vários treinadores italianos (Marcello Lippi, Fabio Capello etc.) durante sua carreira como jogador, foi auxiliar técnico de Carlo Ancelotti, quando este dirigia o Real Madrid. A ortodoxia tática italiana, como é sabido, é praticamente a antítese do “futebol-arte” brasileiro. Aplicada a ferro e fogo, e sem anestesia, sobre um jogador jovem, originário de um país onde o futebol provém da mesma matriz do samba, do carnaval, da capoeira etc., mas que busca se consolidar num local com outra cultura futebolística, tal ortodoxia termina por aniquilar as principais virtudes do jogador. Não é à toa que, a respeito de Vinicius Jr. e suas últimas apresentações, o jornal madrilenho Marca tenha comentado: “seu brilho e sua alegria se apagaram”. O jovem Vinicius Jr. é um representante típico do futebol brasileiro. O atacante

carioca, natural de São Gonçalo, pertence à tradicional linhagem de atacantes brasileiros que se diferenciam pela irreverência, pela ousadia, pela criatividade, pelo improviso. Uma linhagem de jogadores que, diga-se, inexiste na história do futebol europeu em geral, e do italiano em particular. É preciso entender que o cerceamento europeu ao futebol apresentado pelo jogador brasileiro não é um simples caso individual e isolado. Não é a primeira vez que os traços únicos e singulares do futebol brasileiro, que são manifestações da cultura popular brasileira, se chocam com as imposições típicas da cultura europeia. Podemos dizer, mais propriamente, que se trata de um episódio particular da batalha secular entre a cultura de um país oprimido e a cultura de um país imperialista. A luta entre os países oprimidos e os países abarca todos os aspectos da vida social e se manifesta até nos acontecimentos que, aparentemente, nada tem ver com essa luta geral. Um jovem jogador de futebol, nascido num país pobre e atrasado, como o Brasil, vai até os campos da Europa rica e desenvolvida, e, uma vez lá, é pressionado e forçado a reprimir suas próprias tendências e inclinações, desenvolvidas no seu país de origem, e já testadas e aprovadas no plano internacional (vide as cinco Copas do Mundo conquistadas pelo Brasil), em benefício das tendências e inclinações desenvolvidas no Velho Continente. Aniquilando suas próprias características, seu estilo, sua forma de jogar, sua forma de compreender o jogo, o jogador terminar por ser aniquilado. A nossa torcida vai para que Vinicius Jr. ganhe essa batalha, não sucumba às imposições do imperialismo europeu e reafirme o seu futebol, o futebol brasileiro.


6 | CIDADES

“AUSCHWITZEL”

As desculpas grotescas de Witzel Responsável pela matança quer isentar a si mesmo e a PM pela execução de Ágatha e culpar traficantes e usuários de drogas. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, apelidado de “Auschwitzel” por setores da esquerda, é um daqueles governadores surpresa: ninguém sabe dizer de onde veio e como conseguiu se eleger ano passado, afinal até mesmo após as eleições ele continuava sendo um desconhecido para a maioria da população fluminense. Após mostrar a que veio em seus primeiros 9 meses de governo, que é aplicar uma política de repressão duríssima contra o povo do Rio de Janeiro, “Auschwitzel” cometeu inúmeras atrocidades: colocou franco-atiradores para atirar na população desarmada do alto de torres, subiu em um helicóptero para ele mesmo alvejar moradores de Angra dos Reis e finalmente comemorou com toda empolgação a execução a sangue frio do jovem que sequestrou um ônibus na Ponte Rio-Niterói. Com este currículo que, se retorcido, encheria baldes e mais baldes de sangue, devemos caracterizar o atual governador “Auschwitzel” como um sujeito que tem estimulado ativamente a PM a atacar a população nas favelas e comunidades do Rio, sobretudo os negros, em escala ainda maior do que os órgãos de repressão sempre praticaram.

Entretanto, a política genocida de Witzel acabou acendendo uma luz amarela para a burguesia. O assassinato da jovem Ágatha, de apenas 8 anos, por parte da polícia militar, em operação no Complexo do Alemão fez com que a tensão política escalasse rapidamente. A morte da menina teve como consequência a realização de marchas tanto no sábado quanto no domingo, no próprio Complexo do Alemão, dias 21 e 22 de setembro, e um ato foi organizado às pressas para a segunda, dia 23, na ALERJ, às 17 horas. Este ato reuniu cerca de 500 pessoas, e embora o PCO não tenha tido direito à palavra foram muitas as declarações que chamavam abertamente pelo “Fora Witzel” e pelo “Fora Bolsonaro”, entre os companheiros que fizeram uso do microfone. Alguns setores da burguesia demonstraram preocupação com o caso do Rio, que hoje está literalmente assentado em um barril de pólvora. Após um longo período de silêncio, finalmente “Auschwitzel” se pronunciou. Ao invés de recuar, Witzel reafirmou a sua política direitista. Em entrevista para a CBN, o governador jogou a responsabilidade do assassinato de Ágatha nas mãos da PM sobre os “traficantes de drogas”.

Witzel chegou a comparar a situação da PM com acidente de carros, afirmando que “não é porque tem um acidente de carro que vamos tirar todos da rua”. Quer dizer, na realidade não foi um assassinato por parte da PM, mas um infeliz acidente. O governador do RJ aproveitou a oportunidade e jogou a responsabilidade da execução de Ágatha, que é dele mesmo e da PM, à ‘inescrupulosa ação do crime organizado’ e aos usuários de drogas. É, como afirmamos no título desta matéria, uma desculpa grotesca. De acordo com os relatos, na hora em que Ágatha foi atingida não havia nenhum conflito entre traficantes e policiais. Foi a própria PM quem matou Ágatha, e conforme discutimos anteriormente, o assassinato da menina é em certo sentido apenas mais uma entre as

centenas de pessoas mortas pela PM de “Auschwitzel”, onde o número de mortes pela polícia atingiu índices jamais vistos na história do Rio de Janeiro. Como afirmaram os manifestantes no ato da ALERJ, são as mãos de Witzel e da PM que estão sujas com sangue. No entanto, em meio à gigantesca crise que atravessa o País e também o Rio de Janeiro, a execução da jovem Ágatha gerou uma crise que impõe uma necessidade para a toda a esquerda, que é a luta pela derrubada destes governos de extrema-direita através do povo organizado nas ruas. Por isto, devemos aproveitar a oportunidade e levar adiante as palavras de ordem pela dissolução da PM, pela criação de comitês de autodefesa e em torno do “Fora Bolsonaro”, “Fora Witzel”, liberdade para Lula e por novas eleições.

Fora Witzel, Bolsonaro e todos os golpistas

comemorou o assassinato de um homem que havia sequestrado um ônibus e estava liberando os reféns etc. A política de Witzel é, por sua vez, a mesma política do governo Bolsonaro: a política de terror contra os trabalhadores para criar as condições necessárias para que a direita implemente seu programa de destruição do país. Diante disso, é preciso organizar, já, um movimento amplo que organize os trabalhadores e setores democráticos para derrubar o regime golpista, antes que esse se transforme em uma ditadura explícita. Fora Witzel, Bolsonaro e todos os golpistas!

FORA WITZEL

Witzel, o assassino de crianças Nos últimos dias, mais uma criança foi assassinada pelo governo fascista do Rio de Janeiro. Ágatha foi a quinta criança morta pela PM carioca, nesse ano Na última sexta-feira (20), a menina Ágatha Félix, de 8 anos de idade, foi assassinada pela polícia sanguinária do Rio de Janeiro, atualmente comandada pelo governador Wilson Witzel (PSC). A criança foi atingida por uma bala nas costas, dentro de uma kombi, quando voltava para casa com sua mãe. A morte de Ágatha, no entanto, não foi nenhum acidente: essa já é a quinta criança assassinada pela polícia carioca em 2019 e outras 11 crianças foram baleadas. Veja abaixo os demais casos de assassinatos de crianças: 1 – Kauê Ribeiro dos Santos No dia 8 de setembro, o menino Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça durante uma operação policial na comunidade da Chica, no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O garoto, que trabalhava vendendo doces, foi a única vítima da operação. 2 – Kauã Rozário

Na dia 10 de maio, uma operação da Polícia Militar em Bangu, na Zona Oeste do Rio, matou um mototaxista e deixou vários feridos. Entre esses, estava Kauã Rozário, de apenas 11 anos. No dia 16, Kauã não resistiu aos ferimentos e teve morte cerebral confirmada pelo Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo. 3 – Kauan Peixoto Na madrugada do dia 17 de março, o menino Kauan Peixoto foi morto após uma troca de tiros entre a Polícia Militar e supostos criminosos na comunidade da Chatuba, em Mesquita, na Baixada Fluminense. Segundo relatos da família, Kauan Peixoto tinha saído de casa para comprar um lanche. 4 – Jenifer Silene Gomes No dia 14 de fevereiro, a menina Jenifer Silene Gomes, de 11 anos, foi baleada no peito, vindo a óbito no mesmo dia. Segunda a família, policiais militares teriam sido os autores dos disparos. Em protesto contra a polícia, moradores queimaram um ônibus.

A morte das cinco crianças por parte da polícia em 2019 são a consequência direta da política criminosa que vem sendo levada pelo governo Witzel. “Vitorioso” nas eleições fraudulentas de 2018, Witzel, desconhecido de grande parte da população, vem ameaçando todo o povo carioca. Em menos de um ano, já organizou uma série de episódios sangrentos: atirou sobre a cidade em helicópteros da polícia, muniu a polícia civil com atiradores de elite,


CIDADES | 7

A MÃO ARMADA DA BURGUESIA

Assassinato de criança pela PM em São José dos Campos foi premeditado A morte de crianças pela polícia militar é apenas uma parte da história da violência policial contra os pobres. “A polícia era o grande terror daquela gente, porque, sempre que penetrava em qualquer estalagem, havia grande estrupício; à capa de evitar e punir o jogo e a bebedeira, os urbanos invadiam os quartos, quebravam o que lá estava, punham tudo em polvorosa. Era uma questão de ódio velho”. (AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço, 1890) Somente na região metropolitana do Rio de Janeiro, neste ano de 2019, 17 (dezessete) crianças foram baleadas em operações da Polícia Militar. A ultima, de nome Vitória, foi baleada na perna e encontra-se hospitalizada, sendo que desse total 5 crianças foram mortas, sem que o Estado elucidasse e punisse os responsáveis. Resta lembrar que todas essas crianças são moradoras da periferia, de favelas, são pobres. E sobre elas, nas declarações oficiais da polícia e do governo do Estado, pairam ‘dúvidas’ sobre sua participação em atividades criminosas ou proximidade com organizações criminosas, um velho truque da burguesia, que criminaliza os pobres desde sempre. Após o assassinato da garota Ághata Felix, de 8 anos, essa semana no Rio de Janeiro, a história da morte de um menino, de 12 anos, Miguel Gustavo, em São José dos Campos (SP), ocorrido no dia 6 de setembro deste ano voltou a ser lembrado. O policial militar cabo Thiago Santos Sudré baleou o garoto, dentro de um parque de diversões da cidade, duas semanas depois de ter invadido, sem mandado judicial, o apartamento da família e ameaçado a criança, quando disse para a mãe de Miguel: “Se eu pegar o Miguel na rua, pode comprar um caixão pequeno, porque ele não vai voltar mais”, “Ele é uma sementinha do mal”. O menino de 1,33 metros foi alvejado pelo PM numa suposta perseguição a um grupo de adolescentes que teriam roubado um carro. A velha jogada de acusar o morto de ter atirado primeiro ou de estar armado foi usada mais uma vez. A família hoje, sob ameaça constante, tenta provar que foi um assassinato a sangue frio. A questão é que todas essas crianças são pobres, negras, periféricas. E isso não é coincidência, pois não se tem notícia de que crianças brancas e moradoras de bairros nobres tenham sido baleadas por policiais, nem mesmo com a desculpa de estarem revidando

ataques de ‘traficantes’, de ‘bandidos’, de organizações criminosas. Somente no Rio de Janeiro, considerando apenas crianças (até 14 anos), entre 2007 e 2019, contabilizam-se 57 mortos por ‘balas perdidas’. No Brasil, em 2018, foram mortas pela Polícia 6.160 pessoas, enquanto o número de policiais mortos em operações caiu 18% em relação ao ano anterior. Considerando apenas o Estado de São Paulo, dados do Portal da Transparência da SSP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo) referente às ‘mortes em decorrência de intervenção policial’ em 2018, indicam que 64% dos mortos eram pretos ou ‘pardos’. É necessário que se tenha claro que a violência policial, sua truculência e seus alvos preferenciais, pobres, pretos, jovens, periféricos, não são novidades ou invenção de um fascista ou outro, seja ele do PSDB, do PSC, do PSL ou qualquer outro governante. A questão é de classe, está intimamente ligada à própria origem das polícias. Embora alguns estudiosos tentem marcar o surgimento das polícias brasileiras já no período da Conquista, no século XVI, o mais comum é considerar a criação da Intendência Geral de Polícia, em 1808, e da Guarda Real de Polícia, em 1809, como marcos de instituições ‘de polícia’ no país. Daí teríamos as matrizes do que hoje conhecemos como Polícia Civil e a

Polícia Militar respectivamente. Duas coisas bastam saber nesse momento, seguindo as reflexões de Thomas Holloway (1997): a) o processo criação das forças policiais condiciona-se às disputas políticas entre o poder central e as lideranças locais; b) bem como é marcado por uma herança escravocrata, clientelista e autoritária. Após o golpe de 1964, a ditadura então instalada (re)criará a polícia militar, conforme a conhecemos hoje e que os constituintes de 1987/88 não tiveram coragem de eliminar. Criadas por um decreto-lei em 1969, efetivamente com atribuições de polícia, as PMs nasceram como força auxiliar e reserva do exército, e a Constituição Federal de 1988 manteve essa excrecência. O fato de a Ditadura ter (re)inventado a Polícia Militar não retirou dela seu caráter de proteção das classe sociais mais abastadas, seu viés escravocrata, clientelista e autoritário. Ao contrário, com o carimbo e apoio dos militares que comandaram a violenta ditadura no país, fixou-se ainda mais o autoritarismo nas corporações. Operações policiais dizem muito: tratamento diferenciado de acordo com o estrato social a que pertence o “cidadão” objeto da ação policial. Estamos divagando um pouco aqui para deixar claro que desde sua origem, a polícia, em particular a polícia militar destina-se ao controle social, à vigilância das classes urbanas consi-

deradas perigosas e, posteriormente, com o fim da escravidão, essa mesma polícia[1] incorpora como função o controle da população rural que migrou em massa para os principais centros urbanos do país. O Código Penal foi modificado em 1890 para centrar-se no criminoso e não mais sobre os atos criminosos, ou seja, um novo código dava mais relevo às práticas comuns das ditas classes perigosas: vadiagem, prostituição, embriaguez e capoeira. Isso visava a fornecer o amparo legal para um melhor controle dos ‘grupos perigosos’, criminalizando os hábitos das classes subalternas, dos ex-escravos, dos moradores das periferias. ————————————– REFERENCIA: HOLLOWAY, Thomas H. Polícia no Rio de Janeiro: repressão e resistência numa cidade do século XIX. Rio de Janeiro: FGV, 1997. NOTA [1] Aqui nos referimos àquela que seria a matriz do que viria a ser a futura polícia militar, a Guarda Real, criada em 1809 e posteriormente extinta. Em seu lugar foi criado o Corpo de Guardas Municipais Permanente.

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8 | CIDADES E POLÊMICA

DEMÉTRIO MAGNOLI

Aonde vai a reciclagem do lixo político nacional? O barco tem água por todos os lados e os ratos golpistas tentam salvar suas peles Artigo do colunista da Folha de S. Paulo, Demétrio Magnoli, intitulado “Lula livre”, publicado no último dia 21 de setembro, é mais uma demonstração de que o barco da Lava-Jato faz água por todos os lados e uma corja de golpistas, uns “ratos de porão”, defensores de todas as bandalheiras promovidas pelo imperialismo e seu séquito de serviçais – incluam-se aí, o Congresso Nacional, o Judiciário, os banqueiros e grandes capitalistas associados ao imperialismo, o agronegócio e os grandes monopólios dos meios de comunicações – começam a pular do barco na tentativa de salvar suas peles, pois suas almas, há muito corrompidas, já estão no quintos do inferno da lata de lixo da história. Magnoli é um desses. Aliás, a porteira foi aberta por outro “notável” golpista, Reinaldo Azevedo. No artigo em questão o colunista da Folha, d’O Globo e comentarista da Globo News, declara que “hoje sabemos, graças à Vaza Jato, que os processos tinham cartas marcadas. O conluio entre Estado-julgador e Estado-acusador violou as leis que regulam o funcionamento do sistema de Justiça. A corte suprema tem o dever de preservar o Estado de Direito, declarando a nulidade dos julgamentos e colocando o ex-presidente em liberdade”. É muito hipocrisia do ultra reacio-

nário funcionário da Globo e da Folha. Qual a preocupação que o senhor Magnoli teve com a campanha sórdida de calúnias promovida por toda imprensa venal brasileira em defesa do golpe de Estado? Ele mesmo foi ponta-de-lança em reproduzir como verdade o que a Lava-Jato e os golpistas em conluio com os meios de comunicação forjavam nos bastidores. Preocupação em preservar o Estado de Direito? Qual o golpista que se preocupa com tal “zelo democrático”? Demétrio Magnoli, assim como vários articulistas da imprensa golpista e de fora dela que agora procuram se reciclar se lixaram para o fato de que o golpe de 2016 rasgou a Constituição, derrubou uma presidenta legitimamente eleita, perseguiu e prendeu Lula e finalmente fraudou as eleições e trouxe para primeiro plano o que há de mais podre na política nacional, como a extrema-direita, os bolsonaros, os witzels e os generais lambe-botas do imperialismo. Na verdade, o que querem Magnoli, Reinaldo Azevedo, os próprios meios de comunicação golpista, políticos como o cadavérico Temer e Marta Suplicy, artistas globais e até mesmo, pasmem, o ator pornô, Alexandre Frota, é se descolar do barco da Lava-Jato, que é o mesmo do golpe e do governo fascista de Bolsonaro. Essa reciclagem é

um sinal da crise. É um processo geral da burguesia que quer rearticular o “centro”, leia-se a direita, diante de um barco na iminência de ir a pique. Em última instância é uma tentativa de reciclagem do PSDB, o patrono político do golpe. Nunca é demais recordar que Bolsonaro foi um candidato improvisado diante da inviabilidade absoluta do candidato do PSDB nas eleições de 2018, portanto, é uma tentativa de impedir que o “centro”, destruído, não seja capaz de se colocar como uma saída para a burguesia. Isso, sem sombra de dúvida, elevaria a temperatura às alturas, com a crise política tomando proporções gigantescas. Não é por outro motivo, que Magnoli, ao mesmo tempo que defende o “banco dos réus para os comparsas Moro e Dalagnol” resgata a campanha de calúnias, mentiras e infâmias contra o PT e Lula: Lula foi sim o “chefe da máfia” : “Lula é politicamente responsável pela orgia de corrupção que se desenrolou na Petrobras”, ou ainda, “A corrupção lulopetista nasce de uma tese política elaborada, em versões paralelas, por José Dirceu e Luiz Gushiken”, ou ainda, “Do Planalto, Lula avalizou pessoalmente a colonização de diretorias da Petrobras por agentes do PT, do PMDB e do PP que aplicaram as regras do jogo da corrupção”, ou

ainda, “a promiscuidade entre o presidente e as empreiteiras estendeu-se para além das fronteiras nacionais”. Essa é a podre tese do golpe forjada pelo imperialismo, que se transformou em “verdade” pelas mãos sujas de toda essa gangue de criminosos políticos da imprensa nacional. Em outros termos, Magnoli busca a própria Lava-Jato, expurgada dos seus “excessos” representados por Moro e Dalagnol, como o esgoto que os ratos tem de se aferrar na tentativa de se salvarem. Vai ser difícil para os partidos, os indivíduos, a imprensa, enfim, para todos aqueles que entraram de cabeça na fossa de dejetos humanos limparem as suas fichas. É por isso que a esquerda não pode contemporizar com golpistas “arrependidos”. O caminho é deixá-los na fossa para que se afoguem com seus próprios dejetos.

MATANÇA DA PM NO PARANÁ

PR: Em seis meses de Ratinho bolsonarista, PM matou mais de 150 32% o aumento da Matança feita pela Polícia Militar no Paraná. A PM matou 157 no primeiro semestre no Paraná. GAECO, Grupo de Atuação Especial de Combate ao crime organizado do Ministério Público do Paraná, contabilizou 157 mortes provocadas pela PM do estado, no primeiro semestre de 2019, informa folha de Londrina, em matéria de 25/09/2019. Lidera o número de mortos pela PM, Curitiba, com 32 casos, seguido de Londrina com 25 mortos. Todos mortos por supostos confrontos, relata a reportagem. Nesse suposto confronto, a reportagem relata 1275 mortos na população que teria se confrontado em embates com a Polícia Militar. Não é informado se nos supostos confrontos, além dos 1275 mortos, quantos policiais militares, ou se algum policial militar teria sido morto. Confronto em que apenas um dos lados morrem, confronto não é. Execução sumária talvez seja a designação correta. Quadro demonstrativo ilustra a reportagem, 247 os mortos pela Polícia Militar em 2015. 264, os mortos pela PM em 2016; 275 em 2017, e finalmente 327 em 2018. 32% foi a crescente matança de 2015 a 2018.

“Não estamos diminuindo, mas também não estamos aumentando” a matança pela PM, arrisca o coordenador da GAECO do Paraná, promotor Leonir Batisti, comentando o resultado dos 157 mortos pela PM no primeiro semestre, o segundo primeiro semestre mais letal, desde 2015, somente inferior a 2018. Desde 2015, quando ocorreram 134 casos nos primeiros 6 meses do ano, os números tem leve oscilação e em seguida sobem. 156 em 2016, leve redução em 2017 para 144, estoura em 2018 para 175, pra nova oscilação pra menos, nos 157 de agora. Ainda assim, os 157 dos primeiros 5 meses do governo bolsonarista Ratinho, é o 2º semestre de maior matança desde 2015. Os dois mais recentes mortos pela PM, aconteceram nesta terça, 24/09 na localidade Reserva, Campos Gerais. No suposto confronto, como quase sempre acontece, nenhum policial morto. Tentativa de roubo de motocicleta foi o motivo suficiente para a execução pela PM do Paraná do governo Ratinho Jr. Pena de morte não existe aqui. Existe para a Polícia Militar do Paraná. Tentativa de roubo de motocicleta é moti-

vo suficiente para execução sumária dos dois chacinados nesta terça-feira no Paraná. Todas as mortes provocadas pela PM são registradas pela Gaeco e repassadas as promotorias locais da matança ocorrida. Inquéritos são efetuados pela Polícia Civil. Os de maior repercussão, são investigados pela própria Gaeco. Além dessas investigações, ainda ocorrem os IPMs (Inquéritos Policiais Militares) na Justiça Militar. Todos os processos são encaminhados ao Conselho Nacional do Ministério Público. Apesar da imensa quantidade de inquéritos e investigações, o Gaeco não possui levantamento de como andam os 1275 casos ocorridos no Paraná desde 2015. “Estamos tentando melhorar para reduzir o volume de mortes pela polícia”. “Descobrir o que houve ou não”, perplexo, assim conclui Batisti, coordenador do Gaeco. “A crescente utilização de métodos mais violentos por parte dos criminosos aumenta o risco para os policiais em situação de embate”, corre o promotor Batisti para inocentar os PMs das matanças.

Não explica o cioso promotor como é que “a crescente utilização de métodos mais violentos por parte dos criminosos aumenta o risco”, para os policiais, se os mortos nunca são os policiais, como aconteceu nesta terça, 24/09, em que os mortos foram dois, e nenhum era policial militar. O promotor acredita que sucessivos comandos da PM no estado, estariam expressando preocupação com a questão. Não é o que as estatísticas mostram. Melhor acreditar no contrário. Matança generalizada da população é a política da polícia bolsonarista, seja no Rio de Janeiro, no Brasil, ou no Paraná. Tal qual Witzel, tal qual Bolsonaro, Ratinho Jr., todos de mãos dadas no golpe, praticam a mesma política de segurança: extermínio da população pobre. “Mirar na cabecinha” diz Witzel. “morrer igual baratas” diz Bolsonaro. Os aparelhos de repressão de todos os golpistas produtos da fraude eleitoral, praticam a máxima dita pelo presidente do golpe, “nada para construir para o nosso povo. Temos muito a desconstruir”. Fora Witzel, Fora Bolsonaro, Fora Ratinho Jr. Fora exterminadores da população pobre do Brasil.


CIDADES E POLÊMICA | 9

ENCARCERAMENTO EM MASSA

Ceará: atentados seriam resposta à repressão policial nos presídios Enquanto os presídios brasileiros forem máquinas de moer gente e não houver a libertação dos presos (a maioria sequer foi julgada), atos como esse continuarão ocorrendo Em cinco dias, o estado do Ceará teve 30 ataques a ônibus e prédios públicos, desde a última sexta-feira (20). Os atentados contra ônibus, caminhões, carros estacionados em concessionárias, edifícios públicos e privados e uma torre de telefonia tiveram lugar em Fortaleza e região metropolitana, bem como no interior do estado. Esses ataques se dão apenas oito meses após os atentados do início do ano, que serviram de desculpa para o governo ilegítimo, através de decisão do fascista Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, decretar o envio da Força Nacional de Segurança ao estado. Assim, os militares realizaram mais um treinamento para a intervenção que buscam fazer a nível nacional, impondo uma ditadura militar caso seja necessário. Os atentados recentes estariam sendo cometidos a mando da facção GDE (Guardiões do Estado), que atua dentro dos presídios cearenses, em

resposta à repressão brutal que os agentes públicos impõem nas prisões, que não passam de centros de tortura e morte para a população pobre e negra. A ação do Estado no início do ano se deu em conjunto com o governo do Ceará, liderado por Camilo Santana, da ala direita do PT. Adotando uma política direitista, ele optou pela repressão ao lado dos golpistas e da extrema-direita para conter a crise social que foi gerada. Desta vez, a história se repete. “Minha determinação aos comandos foi de endurecer ainda mais contra o crime, agindo com firmeza e dentro da lei. Reforçaremos as equipes nas ruas e intensificaremos ainda mais as operações. Não recuaremos em absolutamente nada nas medidas que foram tomadas até aqui. Muito pelo contrário, seremos cada vez mais rigorosos com quem desrespeitar a lei. A possibilidade do retorno às regalias

nos presídios é zero”, declarou Santana. A política de Estado de encarceramento em massa é a grande causa da rebelião nos presídios e desse tipo de atentado, como os que ocorrem no Ceará. A maioria dos presos sequer foi julgada e outra grande parte está na cadeia por crimes insignificantes. Nas

masmorras que são os presídios, os cidadãos sofrem um tratamento desumano da pior espécie, e os que não deveriam estar presos porque, na realidade, não são criminosos, por estarem em uma situação como essa acabam se transformando em criminosos por culpa do sistema prisional nazista que existe no País.

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10 | MOVIMENTO OPERÁRIO

FALTA DE PESSOAL NO BRADESCO

Faltam caixas nas agências do Bradesco em Brasília Banco Bradesco deixa apenas dois caixas para atender agência lotada em Brasília Com a política dos banqueiros golpistas de ataques sistemáticos à categoria bancária, através das demissões em massa, o que se mais vê nas agências bancárias é a falta de pessoal. Com isso os trabalhadores estão submetidos à sobrecarga de trabalho o que vem ocasionando o aumento espantoso o adoecimento bancário. É muita pressão. Todos os dias os trabalhadores sofrem nas mãos dos carrascos, escolhidos a dedo, nas chefias das agências e dependências bancárias para exigir o aumento de metas de venda de produtos, na maioria das vezes através da política de assédio moral, método incentivado pelos banqueiros parasitas. Em Brasília (por motivo de segurança não vamos revelar em qual locar da denúncia para que os funcionários não corram o risco de serem prejudicados), uma agência vem atendendo

os clientes com apenas dois caixas, agência essa que vive lotada praticamente todos os dias do mês. Enquanto que a direção parasita do Bradesco passa o tempo todo nos seus escritórios com ar refrigerado, copinho de água gelado, cafezinho, poltronas reclinadas, etc. sem fazer nada, os trabalhadores são obrigados a ralar feito uns condenados, para no final das contas todo o lucro realizado por eles vá parar no bolso desses vermes sanguessugas. O Bradesco acaba de lançar mais um famigerado Plano de Demissões, com o objetivo de jogar no olho da rua milhares de trabalhadores, o que irá agravar sobremaneira as condições de trabalho para aqueles que permanecem na empresa. Os trabalhadores do Bradesco, conjuntamente aos demais trabalhadores bancários, através das suas organiza-

ções devem organizar imediatamente uma mobilização para barrar a ofensiva reacionária dos banqueiros golpistas contra a liquidação da categoria bancária. Para isso a palavra de ordem

deve ser aquela que está na boca do povo e que unifique toda a classe trabalhadora: Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Eleições Gerais, Liberdade para Lula, Lula Candidato.

PROFESSORES SÃO BARRADOS

SP: Professores são barrados em perícia Os professores são barrados nas perícias e, quando aprovados, o próprio Diário Oficial na maioria das vezes publica menos dias do que o recomendado pelos médicos A situação da escola pública acarreta diversas doenças nos profissionais da educação. Essas condições de trabalho insalubres e as constantes exigências que recaem sobre os professores têm gerado diversas enfermidades e consequentemente licenças médicas. O Departamento de Perícias Médicas do Estado – DPME, tem barrado diversos professores em suas perícias, professores sem condições de desempenhar seu trabalho. Em alguns casos tem cessado sua readaptação, forçando-os a voltares para a sala se aula, sem terem condições adequadas para o trabalho. Uma política clara de perseguição aos docentes que tem enfrentado excesso de trabalho, indisciplina em sala de aula, salário baixo, pressão da direção, violência, demandas de pais de alunos, bombardeio de informações, desgaste físico e, principalmente, a falta de reconhecimento de sua atividade são algumas das causas de estresse, ansiedade e depressão que vêm acometendo os docentes brasileiros. Há também as perícias que são dadas de forma parcial, os médicos dão dez dias, eles só concedem 5, sem justificativa nenhuma, somente é publicado em Diário Oficial. O professor além de está doente será descontado os dias não concedidos. Não há nada em termos de políticas públicas e educacionais para a prevenção, acompanhamento e tratamento de casos genericamente classificados como de estresse. Na maioria dos ca-

sos os professores são medicados e entram de licença. Um estudo revelou que 59% dos educadores com depressão não tem acompanhamento médico regular, o excesso de trabalho é um dos vilões. A maioria dos professores tem dupla ou tripla jornada de trabalho, muitas vezes ultrapassando 11 horas de trabalho com aluno e isso certamente não é recomendável. Porém a maioria das licenças com mais de 30 dias são negadas pelo DPME, um descaso com os profissionais da Educação. Outro problema é quando o professor temporário ingressa por meio de concurso, na maioria das vezes tem que fazer diversos exames e é barrado na perícia.

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


INTERNACIONAL | 11

EUA

Com impeachment de Trump, donos do regime procuram retomar o controle Desde o início, como representante de um setor mais fraco da burguesia imperialista, governo Trump foi marcado por contradições internas Terça-feira (24), a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, anunciou a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Donald Trump. O motivo alegado para a abertura do processo contra Trump é uma pressão que o presidente dos EUA teria feito para que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, investigasse o ex-vice-presidente Joe Biden, que é pré-candidato à presidência pelo Partido Democrático. Trump telefonou para Zelensky em julho, e pediu a investigação contra Biden e também contra o filho do pré-candidato, Hunter, que se tornou integrante do conselho de uma empresa ucraniana quando Biden era vice-presidente dos EUA. Independentemente das motivações oficiais para o processo contra Trump, e da procedência ou não das acusações, o verdadeiro sentido da abertura de um impeachment é político. As mesmas contradições que estavam presentes quando Trump foi

eleito presidente continuam vigentes. O republicano representa uma ala minoritária dentro da cúpula do Partido Republicano e uma ala mais fraca da burguesia imperialistas norte-americana. O fato de que Trump conseguiu se impor como candidato republicano revelou uma crise do partido e do próprio regime político. E sua posterior vitória nas eleições revelou uma crise do regime político em geral. De modo que agora os setores mais poderosos do imperialismo norte-americano tentam controlar Trump por meio de um processo de impeachment. É improvável que seja possível apresentar outro candidato republicano com Trump sendo presidente. Assim, o aparato procura resolver o problema do regime político com um candidato democrata, Joe Biden. No entanto, Biden está sob um ataque intenso de Trump, e corre o risco de perder as eleições. O impeachment pode ser um meio para se livrar de Trump e forçar uma candidatura republicana diferente.

Como analisado neste jornal na época da primeira eleição de Trump, esse governo seria marcado por contradições internas do imperialismo, resultado de uma crise do regime político e elemento de intensificação dessa mesma crise. O governo de Donald Trump foi marcado por demissões de ministros em postos-chave e por recuos e

mudanças de posição, especialmente em questões de política externa. Agora o presidente dos EUA enfrentará um processo de impeachment, em uma tentativa dos principais setores da burguesia de contornarem o problema de ter que manobrar contra Trump nas eleições. Uma tentativa de retomar o controle do regime político em crise.

PROFESSORES SÃO BARRADOS

Como os trabalhadores fizeram o fascismo recuar na Grécia Nas ruas, movimentos antifascistas da Grécia impõem derrota à extrema direita Já é possível perceber, com uma certa nitidez, os primeiros sinais do ocaso do movimento fascista europeu. A chaga neofascista que recrudesceu nos últimos anos no velho continente, com a ascensão de partidos, em vários países, não só com programas e plataformas de extrema direita, mas principalmente com a ação violenta contra os grupos por eles rotulados como inimigos a serem combatidos (refugiados, imigrantes, negros, ciganos, esquerdistas, homossexuais e outros) sofreu, na Grécia, um duro golpe, com o desmantelamento de suas ações, que vem sendo destruídas pela intervenção direta (enfrentamento e ações concretas) dos movimentos antifascistas que se organizaram no país para enfrentar a extrema direita. O revés sofrido pelo movimento nascido na Grécia, intitulado “Aurora Dourada”, de corte nitidamente neonazista com programa de extrema direita é a demonstração cabal, para todo o mundo, mas em particular para os trabalhadores e as massas pauperizadas da Europa, que muito diferente do que pensam os defensores da ideia de que a extrema direita e o fascismo “vieram para ficar” (pensamento assimilado por muitos setores da própria esquerda do velho continente), o neofascismo somente se instala e se desenvolve onde não há uma reação contundente e enérgica do movimento operário, vale dizer, da intervenção política independente das massas, agindo com seus próprios métodos de luta.

Não se trata somente de uma derrota eleitoral, embora esta também tenha acontecido. O esmagamento da “Aurora Dourada” vai muito além de um simples golpe eleitoral, pois o movimento não era exatamente um partido político, mas uma organização paramilitar que agia nos mesmos moldes que seus inspiradores italianos e alemães do início do século, espalhando o terror, a intimidação e praticando a violência sistemática contra a esquerda, o movimento operário e as massas populares. O movimento fascista grego vem sendo imobilizado e derrotado não por ações parlamentares, institucionais, mas pela utilização dos métodos e dos instrumentos historicamente consagrados da luta de massas contra

o capitalismo e o fascismo. Foram as amplas mobilizações de massa, os comitês de autodefesa organizados por bairro e locais de moradia e pelo confronto nas ruas que impuseram aos fascistas gregos o recuo e a derrota. Este é o exemplo que deve ser seguido por toda a Europa onde se verifica o avanço dos partidos e dos movimentos identificados com a extrema direita neonazista. O movimento das massas populares e antifascistas da Grécia fizeram o óbvio na luta contra os fascistas, saíram às ruas e sufocaram a extrema direita no país, fazendo com que os neonazistas perdessem todos os espaços que tinham na capital, Atenas e também em outras importantes localidades. As ações estão sendo vitoriosas porque

os antifascistas compreenderam que somente através da luta de massas, do enfrentamento direto contra os bandos armados nazistas do “Aurora Dourada” seria possível impor uma derrota ao fascismo grego. Neste sentido, os diversos movimentos de luta contra a extrema direita grega, ao invés de buscarem refúgio no parlamento e na ação eleitoral, agiram fazendo unicamente o que deve ser feito para enfrentar a direita e a extrema direita em todo o mundo: mobilizar a classe operária e as massas populares para que estas posam entrar em ação e agir com seus próprios métodos e instrumentos de luta, constituindo comitês de autodefesa, o armamento da população e o enfrentamento direto contra os neonazistas.


12 | INTERNACIONAL | NEGROS

COMÉRCIO AUMENTA EM 10%

Putin e Maduro se encontram na Rússia Reunião discutiu o incremento das relações bilaterais, intercâmbio cultural, social e comercial. O presidente Nicolás Maduro encontrou-se nesta quarta-feira (25) em Moscou com Vladimir Putin, para discutir as relações bilaterais entre Venezuela e Rússia, e o fortalecimento dos laços econômicos, sociais e culturais entre ambos. A Rússia foi um dos primeiros países a reconhecer a legitimidade das eleições venezuelanas no ano passado, e é importante aliado da Venezuela na resistência à dominação imperialista. Putin reiterou o reconhecimento da legitimidade do governo de Maduro, afirmando: “A Rússia apoia consistentemente a todas as autoridades legítimas da Venezuela, inclusive a Presidência e o Parlamento.” O governo declarou, também, que o intercâmbio comercial entre os dois países cresceu 10% nos últimos meses, e que pretende enviar mais medicamentos à Venezuela, em breve, conforme convênios assinados entre ambos. Na ocasião, Maduro presenteou Trump com uma réplica de uma das espadas de Simón Bolívar.

Enquanto isso, em Nova Iorque, Trump vociferava na reunião da ONU. Desta vez, segundo o presidente fanfarrão norte-americano, Maduro seria um “fantoche de Cuba”. Curiosas qualificações – uma hora ditador, outra hora fantoche – que demonstram o desespero da nação mais poderosa do Mundo, em declínio, exigindo a submissão de pequenos países. A imprensa imperialista procurou retratar o encontro como uma tentativa de Putin fazer Madulo “dialogar” com a oposição, o que na verdade significa ceder espaço para o grupo golpista que sofre derrotas eleitorais acachapantes e se alia ao imperialismo para provocar o caos no país sul-americano. Qualquer concessão a esta “oposição” é um risco e lhe dá mais espaço de movimento para desestabilizar o governo. O diálogo com a burguesia deve se resumir a uma frase: “expropriar o grande capital e colocá-lo sob controle dos trabalhadores.”

FORA WITZEL ASSASSINO!

Por que o movimento negro deve lutar pelo “Fora Witzel”? O movimento negro deve levantar o Fora Witzel como parte central da luta em defesa dos direitos dos negros A última execução provocada pela PM, a mando do governador fascista do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, abriu caminho para o aprofundamento da crise política no Rio de Janeiro. Agatha Félix, de apenas 8 anos de idade, foi morta na sexta-feira, 20, com um tiro de fuzil, pelas costas, na comunidade da Fazendinha, localizada dentro do Complexo do Morro do Alemão. A morte da menina gerou revolta no interior da comunidade, o que ficou expresso nas manifestações ocorridas logo após sua morte, dentro da comunidade do Alemão. Não se trata de um caso isolado, muito pelo contrário. O assassinato da população pobre e negra no Rio de Janeiro é uma política oficial do estado, defendida pelo governador golpista e fascista, Witzel. Ágatha também não foi a primeira criança a ser brutalmente morta pela PM carioca, a estatística do genocídio aponta que ao menos outras quatro crianças foram mortas pela polícia desde o começo do ano. Jenifer Silene (11 anos), Kauan Peixo de (12 anos), Kauan Vítor (11 anos), Kauê dos Santos (12 anos), foram outras vítimas da política de extermínio levada a diante pelo governo do RJ. Além das mortes, outras 12 crianças foram baleadas, a mais recente nesta última terça-feira, 24, no morro da Mineira, no Catumbi. Vitória Ferreira da Costa de apenas 11 anos foi baleada na perna enquanto voltava da escola. De janeiro a julho deste ano, a política de estado de terror imposta por Witzel, já levou a morte de 1249 pes-

soas no Rio de Janeiro, em sua imensa maioria negros. A ação de terror é uma constante, contando com a participação do próprio governador, como no caso da favela da Maré, onde Witzel subiu em um helicóptero da PM para metralhar o pŕoprio povo do Rio de Janeiro. Os tiros vindos dos helicópteros tornaram-se parte do cotidiano da população moradora de periferia, como pode ser visto em vários vídeos gravados e divulgados pelos moradores. Isso sem contar a situação absurda, na qual as escolas localizadas nas comunidades foram obrigadas a colocar uma placa em seus telhados pedindo para não serem alvos das balas disparadas pela polícia. Soma-se a isso a invasão das casas dos moradores pela polícia de maneira totalmente ilegal e truculenta, a derrubada de barracos e moradias construídas pelos próprios moradores, como ocorreu na Cidade de Deus, os tiros de snipers, que já vitimaram dezenas de pessoas em pontos de ônibus, ou no meio da rua, entre outras atrocidades. Trata-se, como falamos anteriormente, de uma política de terror, uma política oficial de Wilson Witzel e de toda a sua corja, que hoje ocupa a cadeira presidencial, como Jair Bolsonaro, além de outros governos estaduais, como João Dória em São Paulo, Zema em Minas Gerais, dentre outros. Além da denúncia, essa política deve ser combatida de maneira enérgica. Responsabilizar o povo como fazem alguns, defender a polícia como fazem outros, inclusive dentro da própria esquerda, ou semear a ilusão fajuta

de que se deve esperar as próximas eleições, consiste em uma verdadeira canalhice política, na prática um aval para que as mortes prossigam e o extermínio do povo só aumente. É preciso opor à violência fascista do estado contra o povo, a mobilização da população pobre, negra e trabalhadora, moradora de periferia. Nesse sentido, o movimento negro deve ter um papel decisivo, uma vez que o massacre tem como alvo número um o povo negro, que é a esmagadora maioria da população que mora nas comunidades. A luta pela derrubada do governo golpista de Witzel é central neste mo-

mento, dada a atual situação, além de que é parte fundamental da luta em defesa dos direitos dos negros, da sua própria existência no interior das comunidades, cada vez mais ameaçada pelo genocídio que vem sendo imposto. É preciso que o movimento negro levante a palavra de ordem de Fora Witzel e coloque abaixo de maneira decidida todo esse regime de terror que aterroriza a população pobre e negra no Rio de Janeiro. É preciso também por fim ao regime golpista e fascista que toma conta do país, o que só poderá ocorrer por meio da luta pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas!


CULTURA | MULHERES | 13

HOMENAGENS AO COMPOSITOR

Grupo homenageia Carlos Gomes no mês de seu falecimento Compositor brasileiro é um dos principais nomes dentro da ópera mundial, sendo conhecido como o maior dentro das Américas. Os meses de Setembro e Outubro estão sendo dedicados em Campinas para o compositor Carlos Gomes, considerado por muitos o maior compositor operístico das Américas. O campineiro, que compôs entre outras obras a peça O Guarani, ópera inspirada no livro homônimo de José de Alencar, foi o primeiro brasileiro a ter uma uma de suas obras apresentadas no Teatro Alla Scala, em Milão. Seu nome foi escrito no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria em 2017, foi também agraciado com a honorífica Imperial Ordem da Rosa, além de ser o patrono número 15 da Academia Brasileira de Música. Eternamente reconhecido por compor a peça O Guarani, também escreveu outras óperas, como A Noite do Castelo, Joana de Flandres, Lo Schiavo e o Condor, arrancando elogios inclusive do grande e já renomado Giuseppe Verdi. Além de óperas, compôs outros estilos dentro das músicas clássicas, como Quem Sabe? e o Hino Acadêmi-

co, cantado até hoje na Faculdade de Direito de São Paulo, da USP. O mês de Setembro foi escolhido por se tratar do mês da morte do compositor, que faleceu em Belém do Pará no dia 16 de Setembro de 1896, aos 60 anos. Uma das preocupações da organização do evento é em tornar a música de Antônio Carlos Gomes acessível para as novas gerações, por isso, serão realizados eventos em que seja possível demonstrar como os estilos musicais atuais conseguem conversar com a música do renomado artista brasileiro. O destaque do mês se da no Gala Ópera Viva, montado pelos alunos e professores do conservatório que recebe o nome do compositor. O evento acontecerá no Teatro Castro Mendes, com o custo de R$ 40,00 a entrada e R$ 20,00 a meia entrada. O evento ainda irá contar com palestras, recitais de poesia, performances, lançamentos de livros, filmes, e inúmeros outros componentes artísticos.

SEXUALIZAÇÃO INFANTIL

Felipe Neto denuncia hipocrisia da direita sobre sexualização infantil Silvio Santos, de forma esdrúxula, apresenta um programa em que meninas de até 10 anos desfilam de maiô.

A classe dominante brasileira está muito bem representada no que diz respeito a falsos moralistas e conservadores que, baseados num discurso puramente demagógico, apoiam políticos com o mesmo perfil sórdido. Silvio Santos, por exemplo, um grande saudoso da ditadura e dono de um dos maiores meios de comunicação do Brasil, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), é apoiador do governo golpista de Jair Bolsonaro e ainda dá palco para o presidente golpista utilizar seu discurso verborrágico para manipular e atacar a população. Contudo, como todo conservador, Silvio Santos só tem discurso, na prática, ele é totalmente esdrúxulo, principalmente no que se refere ao conteúdo dos seus programas de palco. No último domingo (22), o dono do SBT apresentou uma nova edição do “Concurso Miss Infantil” em seu programa no canal, onde meninas de até 10 anos desfilam com trajes de banho como se fossem modelos adultas.

O absurdo foi tanto que o youtuber Felipe Neto fez alguns tweets denunciando essa hipocrisia da direita em apoiar governos conservadores enquanto acusa a esquerda de doutrinar e sexualizar crianças, ao passo que reproduz e incentiva a pedofilia com programas como esse “Miss Infantil”. Em seus tweets, Felipe Neto chama a atenção para o fato de que nenhum político da direita teceu críticas ao apresentador do SBT. Onde estava a ministra Damares, que adora fazer a defesa das mulheres e crianças brasileiras? E os outros conservadores que fazem parte do governo golpista de Bolsonaro, por que não teceram as tantas críticas que adoram fazer quando se trata de deturpar as políticas da esquerda? Nenhuma palavra foi dita, o que não é surpresa, afinal, Silvio Santos é um conhecido apoiador do presidente fascista, além de ser favorável à ditadura. Para a burguesia, não há limites sobre qualquer coisa, eles podem colocar crianças em maiôs para desfilar em rede nacional e incentivar que as pessoas escolham quem tem as pernas mais bonitas. Esse tipo de coisa deixa claro que a burguesia conservadora não é nada além de hipócrita, por um lado querem “proteger” as crianças da inexistente ideologia de gênero nas escolas e mamadeira erótica, mas por outro, acham normal meninas de até 10 anos desfilarem como se fossem mulheres adultas. O único critério que a direita usa para saber se deve se pronunciar ou não sobre determinado assunto é se vai ser possível massacrar a esquerda, do contrário, irão se calar.


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