Diário Causa Operária nº5781

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SEGUNDA-FEIRA, 30 DE SETEMBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5781

Regime semiaberto não! Anular todos os processos contra Lula! A Lava Jato está tramando um golpe para tentar se preservar. O Ministério Público Federal (MPF) fez um pedido para que o ex-presidente Lula, preso político há 541 dias, vá para o regime semiaberto. Assim, Lula passaria o dia fora da prisão. Como tudo no processo de Lula, o pedido do MPF é extremamente raro: em 99% dos casos em que um preso teria direito ao regime semiaberto, o MPF jamais aparece com um pedido desses. Quem espera exercer o direito ao semiaberto, em geral não pode contar com a benevolência do MPF.

A juventude e a liberdade de Lula Por João Pimenta Uma vez ouvi de um dirigente da esquerda durante o Encontro Lula Livre, que a única maneira de levar a juventude para a campanha Lula Livre era através dos movimentos de cultura, como os Festivais Lula Livre, ele disse: “a juventude vai a nossos festivais, mesmo que não vá a nossas reuniões”.

Ministro Salles adulterou mapa ambiental para beneficiar mineradoras Já faz algum tempo, corre no ministério público de São Paulo uma das principais acusações contra o atual ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, homem do agronegócio, das mineradoras e que em sua campanha eleitoral no partido Novo te como proposta usar a bala como meio de lidar com a esquerda.

Impeachment de Trump: uma manobra do capital financeiro Como consequência da crise econômica de 2008, a polarização política tem se intensificado em diversos países do mundo. Um dos países onde a crise tem maior importância é, obviamente, os Estados Unidos, país mais rico e o mais poderoso das potências imperialistas.

Polícia mata 4 em Curitiba e atira contra manifestantes Pelo “amor”, Detonautas impedem o Fora Bolsonaro no Rock in Rio Em mais um dia de Rock in Rio, após ser entoado por centenas de milhares no show do DJ Alok, a palavra de ordem mais popular do povo brasileiro voltou a ser entoada, agora no show dos Detonautas. “Ei Bolsonaro vai tomar no c*”, explodia a massa de espectadores, um reflexo cada vez mais comum da situação brasileira.

Mais uma da Polícia Militar, desta vez a do Paraná, bem lá em Curitiba: policiais executaram quatro jovens, sendo dois deles menores de 14 e 16 anos, ajoelhados, de mãos para cima – e foram filmados. E depois atiraram com balas de borracha contra moradores e familiares dos garotos que protestavam no bairro do Parolin.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Sentença de Lula: progressão não! Anulação! Na última semana a operação Lava Jato, liderada por Deltan Dallagnol, tomou uma iniciativa frente à crescente campanha pela liberdade de Lula, eles pediram a progressão de pena para o ex-presidente petista. A progressão de pena consiste em deixar que Lula passe para o semi-aberto, apenas dormiria preso e ficaria o dia trabalhando, como um presidiário comum. Claramente a manobra da Lava Jato consiste em esvaziar a campanha pela sua liberdade soltando-o parcialmente mas mantendo seus direitos cassados, não podendo ele intervir na política de forma normal e não podendo se candidatar. Isso diminuiria o ímpeto pela campanha de liberdade de Lula. O petista respondeu a isso mobilizando seu círculo mais íntimo, a presidenta do PT (Partido dos Trabalhadores), Gleisi Hoffmann, sua namorada, seu irmão, e alguns outros petistas para protestar contra o pedido do MPF (Ministério Público Federal) para realizar a progressão de pena, todos eles reafirmam a posição de Lula: liberdade só com cancelamento dos processos, nada de meias medidas.

A mobilização da direita ativou os mais conservadores membros do PT, como o ex-prefeito de Maricá, e presidente do diretório estadual do PT-RJ, Washington Quaquá, e o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro. Ambos apresentaram concordância

COLUNA

A juventude e a liberdade de Lula Por João Pimenta

Uma vez ouvi de um dirigente da esquerda durante o Encontro Lula Livre, que a única maneira de levar a juventude para a campanha Lula Livre era através dos movimentos de cultura, como os Festivais Lula Livre, ele disse: “a juventude vai a nossos festivais, mesmo que não vá a nossas reuniões”. Eles atribuem isso a uma suposta apatia e despolitização dos estudantes e da juventude brasileira, como sempre, é mais fácil culpar a vítima. A verdade é bem distante disso: não foram os artistas que chamaram a juventude para ouvir o grito de “Lula Livre”, ou melhor dizendo, não foram os artistas que chamaram os setores que gritavam Lula Livre nos festivais, foi o próprio grito de “Lula Livre” que chamava os jovens, foi a manifestação contra o golpe, contra o sistema político, contra as amarras da sociedade burguesa, que se manifestam na luta pela liberdade deste preso político. No 1º de maio deste ano, convocado sob as bandeiras erradas e em conjunto com centrais de direita, gastou-se milhões em artistas famosos, num show gratuito, e a juventude não foi. Foi um showmício esvaziado. O festival Lula Livre de São Paulo foi muito mais modesto em termos

de artistas, reunindo mais pessoas, isso apenas ilustra o ponto acima, eles queriam a política acertada e não apenas música. A juventude, apesar do que disse o dirigente, responde à política, ao combate, à política polarizante. O PCO tem atraído cada vez mais setores da juventude, muitos de seus melhores quadros recentes têm menos de 25 anos, são jovens revolucionários, que viram no partido a verdadeira oposição à extrema-direita e a tudo que aí está. Na Inglaterra, fileiras cada vez mais amplas da juventude aliam-se a um velho militante, Jeremy Corbyn, pois vêem nele uma luta contra o sistema político inglês, pois consideram-no uma pessoa de fora do regime, mesmo que isso não seja precisamente uma verdade. Nos EUA a juventude do partido democrata, seu setor mais ativo e combativo, alia-se a extrema esquerda do Partido, pois novamente, vêem nela uma saída contra o regime. Aqui o nome da polarização é Lula da Silva, se algum setor da juventude não vai às reuniões citadas acima, é simplesmente pois essa esquerda não conseguiu mostrar que está disposta a travar o combate desesperado por Lula Livre.

com Dallagnol e disseram: Lula na rua é passo para Lula Livre, estão errados. Vendo a mobilização de seus adversários internos, Lula deu uma outra cartada e através das redes sociais se pronunciou dizendo: “Não quero progressão de pena”.

O problema reside no seguinte: enquanto permanecer como preso político em Curitiba, a crise em torno de sua prisão aumenta, a Lava Jato se enfraquece, a mobilização aumenta, a correlação de forças pende para o lado de Lula. Se aceitar a medida de progressão estará, em primeiro lugar, aceitando a sentença e em segundo lugar dispersando a luta pela sua liberdade, que teria um caráter mais difuso e confuso, diminuiria a pressão sobre a Lava Jato, etc… A liberdade seria nos termos de Moro, Bolsonaro e Dallagnol, ou seja, sem os direitos políticos. Existe uma ampla campanha de intriga em torno da questão, para confundir a esquerda, a revista Veja chegou a propagar a notícia falsa de que a namorada de Lula seria a favor da progressão. A direita é favorável à progressão, a direita do PT também, pois ambos querem se livrar da campanha pela liberdade de Lula. Lula contra-ataca dizendo ao MPF e ao povo brasileiro é: sou um preso político e daqui não sairei até ter a minha plena liberdade restaurada.

RACHAS NO PARTIDO

Crise do governo: PSL pode perder um terço da bancada em 2020 Disputas internas dentro do PSL fazem com que uma parte se aproxime de outros partidos visando melhor posicionamento nas eleições do ano que vem O Partido Social Liberal (PSL), legeda impulsionada pela burguesia para compor a base de apoio bolsonarista no Congresso e nos Estados, tornou-se a “surpresa” destas eleições, obtendo a segunda maior bancada da Câmara, com 53 deputados. Entretanto, com pouco mais de 8 meses no governo, esta base tem dado vários sinais de ruptura. Dentre os parlamentares que saíram da legenda, temos Alexandre Frota e Selma Arruda, que foram para o PSDB e Podemos, respectivamente. Com o crescimento da crise na base governista, algo com 15 ou 20 congressistas ameaçam sair do partido. Dentre eles, estão o Senador Major Olímpio e o Deputado Bibo Nunes. Uma das principais motivações são as dificuldades de levar em frente a “CPI da Lava Toga” – instrumento que a extrema-direita no congresso tenta aprovar para ter mais controle sobre o Judiciário. Entretanto, os próprios filhos do Presidente têm trabalhado contra a CPI – acredita-se que num acordo com o Judiciário para evitar a continuidade das investigações do COAF contra Flávio Bolsonaro. Este atrito divide uma parte do PSL, que é a favor da CPI. Outros conflitos são na composição das chapas para disputar as eleições de prefeituras no ano que vem. O

exemplo mais grave é no próprio PSL de São Paulo. Joice Hasselmann, deputada mais votada do Brasil segundo as fraudulentas urnas de 2018, está pleiteando se lançar candidata. Para se opor a isso, Eduardo Bolsonaro está se articulando com Edson Salomão no diretório municipal. Em resposta, Joice ameaça ir para outros partidos que queiram abraçar sua candidatura. O PSL também está descontente com a distribuição de cargos feita pelo governo Bolsonaro. Em resposta a isso, o Podemos está tentando atrair estes parlamentares para sua legenda oferecendo funções de direção partidária nos Estados, o que lhes daria um bom acesso às verbas eleitorais. Ou então a oferta de cargos na máquina pública dos municípios. O medo destes parlamentares é serem cassados por infidelidade partidária. Segundo o jornal El País, os assessores mais diretos a Jair Bolsonaro não descartam mesmo a possibilidade de o próprio presidente trocar de partido, ou fundar o seu próprio. Estas divisões são reflexos da própria crise da burguesia, que não conseguia emplacar seus candidatos favoritos nas urnas, precisando impulsionar um grupo improvisado e de última hora. Naturalmente, um grupo heterogêneo, de segundo escalão, desarticulado, sem projeto definido.


POLÍTICA | 3

EM CURITIBA PELO “LULA LIVRE”

Regime semiaberto não! Anular todos os processos contra Lula! Com medo da polarização política, direita golpista está procurando esvaziar a campanha pela liberdade de Lula

A Lava Jato está tramando um golpe para tentar se preservar. O Ministério Público Federal (MPF) fez um pedido para que o ex-presidente Lula, preso político há 541 dias, vá para o regime semiaberto. Assim, Lula passaria o dia fora da prisão. Como tudo no processo de Lula, o pedido do MPF é extremamente raro: em 99% dos casos em que um preso teria direito ao regime semiaberto, o MPF jamais aparece com um pedido desses. Quem espera exercer o direito ao semiaberto, em geral não pode contar com a benevolência do MPF. O que move essa ação tão incomum no caso do ex-presidente é o interesse político da direita golpista em torno do caso. Antes mesmo de o pedido do MPF aparecer, Lula já se pronunciava contra o semiaberto no seu caso. E reiterou essa posição por meio de suas redes sociais, destacando um trecho de sua recente entrevista ao sítio GGN, gravada dia 25: “Não vou pedir progressão. Estou ciente do papel que estou cumprindo aqui e da canalhice que fizeram comigo. Quero sair daqui inocente, 100%, como eu entrei. Eu durmo tran-

quilo, eles não. Estou aqui por responsabilidade deles e não minha”. Ou seja, Lula não aceita meias medidas em relação ao seu processo fraudulento. Como este jornal sempre defendeu, os processos de Lula devem ser anulados, pois ficou demonstrado que são uma farsa completa, tramada para prendê-lo arbitrariamente. É isso que Lula reivindica ao dizer: “Quero sair daqui inocente, 100%, como eu entrei.”

da Bastilha de Curitiba pode representar a queda do próprio regime político tal como a direita está tentando estabelecer e estabilizar, sobre novas bases após o golpe de 2016. O regime semiaberto nesse caso consiste, portanto, em uma tentativa de evitar essa polarização e esvaziar a campanha pela liberdade Lula. Dia 14 de setembro o ato pela liberdade de Lula colocou na rua a campanha pela liberdade de Lula, uma campanha específica em torno desse problema, com a palavra de ordem: Liberdade para Lula! Um novo ato pela liberdade de Lula, e pela anulação de todos os processos, já está marcado para o próximo dia 27, aniversário de Lula. Um ato que pode ter grandes proporções, polarizando contra a Lava Jato e a direita golpista com uma grande campanha nas ruas. É esse cenário político novo que a direita tenta, desesperadamente, impedir.

Lava Jato tenta se salvar

Apoiadores próximos a Lula rejeitam o golpe do MPF

É nisso que consiste a campanha pela liberdade de Lula. Não se trata de pedir favores aos golpistas, mas de derrotar a direita e impor a liberdade de Lula junto com a anulação dos processos fraudulentos armados contra o líder petista. Justamente a campanha pela liberdade de Lula é a preocupação da direita. Lula polariza a situação política, e a direita teme uma virada completa na correlação de forças, em um momento de intensa crise do governo da direita golpista. A campanha pela liberdade de Lula pode colocar tudo a perder do ponto de vista da direita golpista e do imperialismo. A queda

Rejeitando a manobra da direita, Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, uma espécie de porta-voz de Lula hoje, criticou imediatamente o pedido do MPF, ainda na sexta-feira (27). Em uma rede social, Hoffmann afirmou que: “Lula tem direito à liberdade plena, seu processo foi viciado, fraudado, c/ foco político, conforme revelações da #VazaJato. O STF deve julgar suspeição de Moro e anular o processo soltando Lula imediatamente, sem regime de prisão. Isso é golpe do Dallagnol“. O irmão de Lula também se pronunciou contra o regime semiaberto: “Ele ir para casa nessa condição é, para mim, ir

como um bandido. Não é correto. Tem que ficar em casa, sim, mas livre e solto. Absolvido! E agora que o Supremo (STF) está perto de julgar. Na minha opinião, deve continuar enfrentando. Se precisar, que fique mais dois ou três anos. É a história dele em jogo. Não é qualquer coisinha, não!” Reafirmando, assim, a posição do ex-presidente sobre o problema, e exigindo também a anulação dos processos. A namorada de Lula, Rosângela Silva, também reafirmou essa posição em uma rede social, afirmando que: “A Liberdade irá nos alcançar mas não virá assinada por aqueles que fraudaram a Justiça!” A ex-presidenta Dilma Rousseff, derrubada no golpe de 2016, durante um ato político em Madri, na Espanha, também defendeu a rejeição do semiaberto, dizendo que Lula “não pode sair com um controle eletrônico amarrado na perna”. E completando: “Ele quer sair como um inocente. Só sai da prisão com a cabeça em pé, não se sair curvado”. Ou seja, também defendendo a anulação dos processos fraudulentos contra Lula. Campanha deve continuar A campanha pela liberdade de Lula deve continuar, contra a manobra da direita de tentar esvaziá-la. Independentemente dos desdobramentos do caso daqui em em diante, a reivindicação de liberdade para Lula inclui a defesa da anulação dos processos políticos e fraudulentos contra ele. Portanto, dia 27 o ato por sua liberdade deve ser mantido. Pela liberdade de Lula e pela anulação dos processos. Para derrotar a direita golpista, dia 27 é dia de novamente tomar as ruas. Liberdade para Lula!

EM CURITIBA PELO “LULA LIVRE”

Pelo “amor”, Detonautas impedem o Fora Bolsonaro no Rock in Rio Em mais um dia de Rock in Rio, a palavra de ordem mais popular do povo brasileiro voltou a ser entoada, agora no show dos Detonautas, que buscaram impedi-la em nome do “amor”. Em mais um dia de Rock in Rio, após ser entoado por centenas de milhares no show do DJ Alok, a palavra de ordem mais popular do povo brasileiro voltou a ser entoada, agora no show dos Detonautas. “Ei Bolsonaro vai tomar no c*”, explodia a massa de espectadores, um reflexo cada vez mais comum da situação brasileira. O povo quer por um fim ao governo Bolsonaro, e assim vemos o “Fora Bolsonaro” em todos os lugares, independente da situação. Como já muito foi dito, basta você concentrar algumas pessoas em um lugar que verás o desejo de se derrubar o governo golpista. Dessa forma, o Rock in Rio, festival que conta com a presença de milhares de pessoas em seus dias de duração, serve como exemplo, igual ao carnaval, do real desejo da população.

Porém, ainda a esquerda pequeno-burguesa tenta frear a todo custo a vontade do povo, adotando uma política meramente eleitoral. Com a cabeça em 2022, e nas eleições regionais de 2020, muitos setores da esquerda, excluindo suas bases, fazem mil e um contornos nas reais necessidades políticas. Seja nos atos públicos ou até mesmo no Rock in Rio, esses setores buscam impedir que povo, que é completamente favorável ao “Fora Bolsonaro”, expresse sua política, abrindo terreno para a direita e para a conciliação com os golpistas. Nesse último caso envolvendo o show dos Detonautas, chama a atenção a posição tomada por Tico Santa Cruz, que ao ver a multidão xingando o presidente fascista, resolveu por panos quentes na situação, chegando ao

cumulo de citar até mesmo Jesus Cristo e a moral religiosa como forma de conter os presentes. Tico pediu a audiência “mais amor e menos ódio”, que “o amor é a única revolução verdadeira” e “não vamos evocar nenhuma energia negativa”, uma tentava tosca de um dos músicos mais conhecidos da esquerda para evitar confrontar Bolsonaro. Tal política usada por Tico Santa Cruz nada mais é que a política geral adotada pela esquerda pequeno-burguesa, “mais amor e menos ódio” é apenas uma forma de impedir que povo, massacrado pelo golpe, levante-se para lutar contra a direita, abrindo terreno para a burguesia avançar, que não tem nenhum “amor” pelo povo. Como demonstrado por todos presentes no Rock in Rio, a política do po-

vo, é de derrubar o governo Bolsonaro. Sendo assim, “Fora Bolsonaro” não é faz tempo uma palavra de ordem apenas do PCO, mas sim de toda a população brasileira.


4 | POLÍTICA

SALLES E AS MINERADORAS

Ministro Salles adulterou mapa ambiental para beneficiar mineradoras Corre no ministério público de São Paulo uma das principais acusações contra o atual ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, homem das mineradoras, responsável por fraudar mapas Já faz algum tempo, corre no ministério público de São Paulo uma das principais acusações contra o atual ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, homem do agronegócio, das mineradoras e que em sua campanha eleitoral no partido Novo te como proposta usar a bala como meio de lidar com a esquerda. O ministro é acusado de fraudar um mapa ambiental em beneficio das mineradoras. O mapa em questão se refere ao plano de manejo da várzea do rio Tietê, preparado por pesquisadores da USP e que abrangia toda uma área em torno do rio. Salles foi acusado por Victor Costa, ex-funcionário da Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo, após pedir demissão por se pressionado pelo ministro e pela FIESP para fazer alterações no mapa condizentes com os interesses empresariais. No mapa seria revisto o zoneamento de duas regiões da grande São Paulo às margens do Tietê, sendo uma dela entre as cidades de São Paulo e Suzano, e a outra entre Santana e Barueri. Nessa alteração, Victor fora coagido a não apresentar dados sobre a ação,

ou seja, o mapa, baseado em pesquisas de meses, iria ser alterado sem sequer apresentar fatos para tal. As regiões citadas seriam modificadas, sem a existência de fontes, referências e nem mesmo informações que de este não é o mapa original. Basicamente, como mesmo denunciou o funcionário, o agora ministro Ricardo Salles estava buscando fraudar o mapa ambiental em benefício das mineradoras, interessadas nessas áreas que seriam usadas como formas de preservar o curso do rio e enchentes. A alteração causaria uma mudança nos pontos, permitindo que ali, sem o aval do restante da sociedade que não seria consultada, fosse realizada obras voltadas a mineração. Salles disse na época que estava pulando etapas para evitar “burocratização”, uma desculpa que não colou para ninguém e gerou uma suspensão de seus direitos políticos por três anos. Mesmo assim, pouquíssimo tempo depois, Ricardo Salles fora nomeado ministro pelo fascista Jair Bolsonaro, levando sua política em prol dos grandes capitalistas para nível nacional.

O agora ministro do meio ambiente é um dos principais responsáveis pela destruição tanto do meio ambiente quanto do esmagamento da população pobre, que está sofrendo durante o governo de

Jair Bolsonaro uma série de ataques, como por exemplo a invasão de áreas habitadas por mineradoras e outras tantas empresas que com o aval do governo passam por cima do povo brasileiro.

MAIS UMA EXECUÇÃO DA PM

Polícia mata 4 em Curitiba e atira contra manifestantes Uma mãe chora a morte de um filho de 14 anos pela PM do Paraná Mais uma da Polícia Militar, desta vez a do Paraná, bem lá em Curitiba: policiais executaram quatro jovens, sendo dois deles menores de 14 e 16 anos, ajoelhados, de mãos para cima – e foram filmados. E depois atiraram com balas de borracha contra moradores e familiares dos garotos que protestavam no bairro do Parolin. Na noite de sábado, (28/09), quatro jovens moradores do Parolin foram executados a tiros pela polícia, sem nenhuma abordagem anterior. A polícia alega que houve perseguição e troca de tiros, pois o carro em que estavam os rapazes era roubado. Já os moradores dizem que os jovens não estavam armados e que foram executados ajoelhados. Os moradores do Parolin, perto das 20h, fecharam ruas em protesto contra o que consideraram execução a tiros pela polícia. Uma das moradoras à

frente do protesto disse que os jovens não reagiram, que não houve confronto e somente perseguição policial. “Existem vídeos que mostram duas crianças, um deles de 14 anos, ajoelhado com as mãos para cima e foram executados assim pela polícia,” disse a moradora que não quis se identificar. A mãe de um dos jovens que morreu disse que a execução foi a sangue frio e pediu justiça. “Eu tenho vídeo gravado eles executando meus filhos. Estavam num carro que era roubado, mas não sabiam. Eles pegaram o emprestado. Fazia 4 dias que esse carro estava roubado e não sabiam. A policia nem abordou, fizeram perseguição. Meu filho tem 14 anos e outro tem 16 anos. Quero justiça.” Em uma postagem na internet, amigos dos meninos fizeram uma homenagem citando os nomes de Eduardo Augusto, Felipe Bueno de Almeida, Gustavo Bueno e Lele.

Polícia fere moradores que estavam protestando Ao longo da noite, quando os moradores faziam um protesto pacífico, a polícia chegou atirando bala de borracha e feriu várias pessoas. Uma jovem que não quis se identificar falou com a redação do Brasil de Fato Paraná e relatou que foi ferida no braço e nas costas com bala de borracha e disse que o local virou uma praça de guerra. “Neste momento a polícia está entrando e atirando dentro da vila,” disse. Imagens chegaram também com ferimentos de outros moradores que foram atingidos por balas de borracha. Baseado em texto publicado originalmente no Brasil de Fato. Assim como no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, onde a PM chega atirando à esmo do alto de um helicóptero contra a população indefesa de comu-

nidades pobres, e da PM de São Paulo, que mata mais em um ano do que as polícias dos 50 estados dos EUA, a PM do Paraná mostra que não é diferente. Em todo lugar, a Polícia Militar é uma polícia assassina que foi criada para dar combate ao povo, é uma polícia contra o povo, especialmente pobre e preto. É preciso que a PM seja extinta em todo o País e substituída por uma organização de autodefesa do próprio povo.

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INTERNACIONAL | 5

TRUMP E O IMPERIALISMO

Impeachment de Trump: uma manobra do capital financeiro Embora as denúncias contra Trump sejam graves, o fato é que o novo processo de impeachment é uma manobra do imperialismo contra o atual presidente direitista dos EUA. Como consequência da crise econômica de 2008, a polarização política tem se intensificado em diversos países do mundo. Um dos países onde a crise tem maior importância é, obviamente, os Estados Unidos, país mais rico e o mais poderoso das potências imperialistas. Desde as últimas eleições nacionais que a crise nos EUA tem se desenvolvido bastante, afinal, quem ganhou as eleições foi Donald Trump, um representante de um setor imperialista secundário. Depois de uma longa tentativa de processos de impeachment contra Trump, a burguesia imperialista finalmente chegou a um acordo com ele, resultado que foi obtido através de uma intensa campanha de “colocar Trump na linha”, algo muito parecido com o que temos visto no Brasil com relação à Bolsonaro. No entanto, não está nos planos deste setor fundamental do imperialismo permitir que Trump siga à frente da presidência norte-americana. Embora tenham chegado a um acordo, o fato é que Trump nunca foi um representante direto deste setor, que não deseja que ele aprofunde ainda mais a sua política. É neste quadro que se insere o novo pedido de impeachment de Donald Trump, dessa vez baseado em vazamentos que comprovam que Trump utilizou seu poder presidencial para perseguir Joe Biden, democrata direitista que aparece como o candidato preferencial do imperialismo.

No entanto, a situação da burguesia imperialista é muito delicada. Ambos os partidos fundamentais do regime político norte-americano encontram-se profundamente divididos, resultado da polarização política e da crise econômica. O fortalecimento da ala de extrema-direita dentro do Partido Republicano fez com que Trump conseguisse ter um maior controle sobre o partido, afinal o homem está na cadeira presidencial, o que lhe dá uma série de recursos. Tudo indica que o candidato preferencial da burguesia hoje é, como já

discutimos, Joe Biden, da ala direita do Partido Democrata. No entanto, como uma classe consciente politicamente, a burguesia não costuma jogar o jogo político com uma única carta na manga. Pelo contrário, eles costumam trabalhar com um amplo cardápio de opções. Por isso, a tentativa de impeachment de Trump tem o papel de enfraquece-lo dentro do Partido Republicano, e assim quem sabe viabilizar um candidato da ala tradicional do Partido, mais ao agrado do capital financeiro imperialista.

Não se trata aqui de uma análise de caráter ideológico. O mesmo debate foi travado nas últimas eleições, quando o PCO apontou o fato de que embora fosse muito direitista, Trump não era o candidato do imperialismo, que na época era Hillary Clinton. Por isso, devemos denunciar que o processo de impeachment de Trump não se deve às denúncias que foram feitas, que de fato tem gravidade, mas sim uma manobra essencialmente política, montada pelo capital financeiro, setor fundamental do imperialismo norte-americano.

LIBERDADE PARA ASSANGE!

Saúde de Assange está se deteriorando na prisão: liberdade! O responsável pela Wikileaks, que divulgou as sujeiras dos governos imperialistas contra países do mundo inteiro, corre risco de vida. O advogado de Julian Assange, Carlos Poveda, denunciou à Sputnik que o fundador da Wikileaks enfrenta sérios problemas de saúde na prisão solitária em que se encontra, no Reino Unido. Assange passa 23 horas por dia impedido de qualquer contato pessoal. Ele perdeu peso e está com a saúde cada vez mais debilitada. Assange estava refugiado na Embaixada do Equador em Londres, quando foi entregue à polícia inglesa, em abril deste ano. Ele foi sentenciado a 50 semanas de prisão e pode ser extraditado para os EUA. A audiência está agendada para 25 de fevereiro de 2020. Os “democráticos” EUA querem a prisão perpétua de Assange. O fundador do Wikileaks, responsável pela divulgação das maiores trapaças cometidas pelo imperialismo contra países do mundo inteiro, está sendo perseguido e corre o risco de ser levado aos EUA. É preciso lutar pela liberdade de Julian Assange.


6 | INTERNACIONAL

WARREN QUER DIVIDIR A ESQUERDA

EUA: candidatura de Elizabeth Warren é para impedir Bernie Sanders Conforme discutimos aqui, o principal objetivo da pré-candidatura de Elizabeth Warren é dividir os votos da esquerda e impor Joe Biden, e não Sanders, como candidato democrata. O regime político norte americano, assim como em diversos países do mundo, encontra-se em uma profunda crise. Conforme discutido na última Análise Internacional, apresentada pelo companheiro Rui Costa Pimenta, é de fundamental importância o desenvolvimento da crise política e econômica nos Estados Unidos, afinal, trata-se do país capitalista mais importante, líder do bloco imperialista. Podemos observar a profundidade da crise pela situação em que se encontram os dois maiores partidos dos Estados Unidos, pilares do tradicional regime bipartidário estadunidense. De um lado, no Partido Republicano, temos visto o fortalecimento de uma ala extrema-direita, movimento que vem se desenvolvendo desde a criação do Tea Party, e que vem corroendo a ala tradicional dos republicanos, que em situações normais ditaria a política partidária geral. Já no Partido Democrata, temos visto uma ala esquerda levantando a cabeça, a ponto de que, nas últimas eleições, a ala direitista dos democratas precisou implementar uma série de manobras para viabilizar a candidatura de Hillary Clinton sobre Bernie Sanders, uma das principais lideranças desta ala esquerda democrata. Embora Sanders seja um esquerdista pequeno-burguês, muito longe de ser revolucionário, o fato é que a sua candidatura revela uma profunda polarização no regime político norte americano, afinal, Sanders se declara como socialista abertamente nos Estados Unidos, berço da política macarthista. Embora o setor mais importante do imperialismo, que apoiava a candidatura de Hillary, tenha conseguido suprimir Sanders nas últimas eleições, finalmente o imperialismo não con-

seguiu eleger Hillary, e Trump acabou sendo eleito. Desde então, a política do setor fundamental do imperialismo tem sido a de colocar Trump na linha. Este resultado foi parcialmente atingido; no entanto, este setor não está disposto a permitir que Trump continue levando àdiante a sua política, caso consiga se reeleger. No caso específico do Partido Democrata, a ação política da burguesia imperialista é clara: a ideia é lançar diversos candidatos de esquerda, esvaziando assim a pré-candidatura de Bernie Sanders, o que poderia abrir caminho para o candidato da direita democrata, Joe Biden. Ao que parece, são cerca de 20 pré candidaturas esquerdistas no interior do partido democrata, o que certamente vai pul-

verizar o apoio de Sanders. Na cabeça deste movimento divisionista aparece Elizabeth Warren, que está desempenhando um papel muito similar ao que Ciro Gomes se prestou a fazer nas eleições do ano passado, o de dividir os votos do candidato majoritário da esquerda. Ao total, além dos três principais candidatos aparecem ainda Não se trata aqui de uma análise ideológica, como se estivéssemos realizando uma espécie de debate entre candidatos esquerdistas, de um lado Warren, e de outro Sanders. Não, à despeito do que pensam ou declarem acerca de qualquer tema político, Elizabeth está efetivamente desempenhando um papel de pulverização da esquerda, enfraquecendo Sanders e favorecendo Biden. Caso Warren esti-

vesse apoiada em algum movimento popular real ou tivesse relações mais profundas com a classe operária norte-americana, a candidata estaria representando um setor ainda mais esquerdista que o de Bernie. No entanto, não é o que se vê. Warren é uma professora universitária de direito e não possui maiores relações com sindicatos e movimentos populares nos Estados Unidos. É preciso denunciar a manobra do imperialismo para evitar a campanha de Sanders. Mesmo não sendo um revolucionário, a candidatura de Sanders contribuiria enormemente com a polarização política nos Estados Unidos, e portanto, com o desenvolvimento de uma crise no seio do imperialismo internacional.

EUA FAZ GUERRA CIBERNÉTICA

Irã se prepara contra possíveis ataques dos EUA ao setor petrolífero Alerta máximo para que as empresas iranianas se preparem para ataques cibernéticos vindos dos EUA. O Ministro do Petróleo iraniano, Bijan Namdar Zanganeh, alertou a indústria petroleira nacional para um alerta total contra ameaças físicas e cibernéticas. Ele destacou a necessidade de precauções devido à política norte-americana de “guerra econômica em grande escala”. Os governos imperialistas e sua aliada Arábia Saudita vêm culpando o Irã pelos ataques às refinarias sauditas, forçando-a a reduzir drasticamente sua produção. Os ataques foram negados pelo Irã e reivindicados pelos Houthis do Iêmen – país que vem sendo destruído pela coalisão formada entre EUA, Inglaterra e países árabes. O chanceler iraniano Mohammed Javad Zarif também afirmou, em en-

trevista à BBC, que o país identificou um ataque cibernético às instalações nucleares proveniente dos EUA. O ataque foi classificado como irresponsável, colocando em risco a vida de milhões de pessoas. Em 2018, e o bloqueio virtual dos serviços de inteligência iranianos conseguiram neutralizar 33 milhões de ataques cibernéticos em seus servidores. Zarif provocou, dizendo que os ataques cibernéticos ao Irã têm sido um fracasso. O ministro criticou o envio de tropas norte-americanas para a Arábia Saudita e acrescentou que os EUA nunca conseguem acabar com os conflitos que desencadeiam. Terminou a entrevista exigindo que Trump não tentasse resolver os conflitos do Oriente Médio na base da força.


As denúncias e polêmicas que não saem nos outros jornais

SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA O jornal Causa Operária é o mais tradicional jornal da esquerda nacional, um semanário operário, socialista que contém notícias e análise de interesse para as lutas operárias, populares e democráticas. Adquira o seu com um militante do partido por apenas R$2,00 ou entre em contato pelo número 11 96388-6198 e peça já o seu exemplar


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