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SEXTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5785
Um balanço dos atos “pela Educação”
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anifestações não tiveram a amplitude que a situação política exige. É preciso corrigir o rumo da mobilização lutando pelo “Fora Bolsonaro” e pela liberdade do ex-presidente Lula Os atos convocados pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e outras organizações nos últimos dias 2 e 3 de outubro revelaram a falta de orientação geral das direções do movimento de luta contra a direita. Dezenas de atos em todo o país foram realizados contra o governo Bolsonaro, diante da dos ataques do governo contra a Educação. Os atos foram pequenos, ao contrário das recentes manifestações contra o governo. Isso porque foram muito mal convocados, revelando uma verdadeira paralisia e vacilação das organizações políticas da Dia 27 será realizado um grande ato nacional pela liberdade do ex-presidente Lula em Curitiba. Deve-se fazer um esforço para que manifestantes de esquerda pequeno-burguesa todo o país compareçam ao ato para protestar em defesa de Lula, em um ato que representa uma vontade popular que se estende por todo o Brasil. Com diante dos ataques do governo uma convocação nacional do ato e a organização de caravanas para levar gente de toda parte à capital paranaense. direitista.
A necessidade de fazer uma manifestação onde Lula está A ditadura sem ditadura? Aldo Fornazieri, professor de Escola de Sociologia de São Paulo, publicou recentemente um texto que faz algumas afirmações muito curiosas.
Bacurau coloca em xeque a ideologia pacifista da esquerda Muito se discutiu sobre o ótimo filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. É natural que um filme marcadamente político, lançado num momento de aguda polarização política no País, levantasse tantas críticas e polêmicas. À esquerda e à direita muitas opiniões foram lançadas sobre o filme.
Bolsas afundam com medo da crise global capitalista Todos a Curitiba neste dia 27/10 pela liberdade de Lula Boris Johnson vai para o tudo ou nada no Brexit
Lava Jato demoliu regime político Na última quarta (dia 2), o governo peruano anunciou que considera que não tem validade a renúncia apresentada pela vice-presidente Mercedes Aráoz, na véspera, em meio à crise institucional que toma conta daquele país. Segundo declaração à imprensa local do primeiro-ministro peruano,
Vicente Zeballos, a desconsideração se deveria ao fato de que Aráoz apresentou sua demissão para o Parlamento que a nomeou “presidente interina” e que, na véspera, havia sido dissolvido pelo presidente da República e chefe de Estado, Martín Vizcarra
2 | OPINIÃO EDITORIAL
A necessidade de fazer uma manifestação onde Lula está Dia 27 será realizado um grande ato nacional pela liberdade do ex-presidente Lula em Curitiba. Deve-se fazer um esforço para que manifestantes de todo o país compareçam ao ato para protestar em defesa de Lula, em um ato que representa uma vontade popular que se estende por todo o Brasil. Com uma convocação nacional do ato e a organização de caravanas para levar gente de toda parte à capital paranaense. Diante disso, levanta-se a pergunta: se o ato é nacional, por que realizá-lo em Curitiba, e não em todo o País? O problema consiste em fazer um grande protesto no lugar em que Lula está. Há 545 dias, o líder do PT está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Refém da direita golpista, sequestrado por um aparato de perseguição política e sob custódia da PF. É esse mecanismo armado contra Lula que precisa ser confrontado politicamente como um todo. E esse aparato está montado em Curitiba.
Pressionar a direita Portanto, para pressionar politicamente a direita golpista, seu aparato de perseguição política e o regime político que resultou do golpe de 2016, é fundamental realizar grandes atos em Curitiba contra a prisão de Lula. No local onde ele está, para que uma grande massa pressione a direita. Atos locais podem e devem ser realizados, mas como uma preparação para o ato nacional, como um instrumento para ampliar a mobilização. A campanha pela liberdade de Lula tornou-se um fator fundamental na luta para derrotar a direita golpista e seu programa neoliberal. A própria direita está demonstrando isso ao tentar fazer manobras para esvaziar essa campanha, como o pedido do Ministério Público Federal para colocar Lula no regime semiaberto. De modo que é necessário concentrar esforços para levar essa campanha adiante e para ampliá-la. O potencial da campanha por Lula
A liberdade de Lula é um potencial fator de crise para o regime político da direita golpista, que já se encontra em uma profunda crise. Mesmo preso, Lula já é um fator de polarização, em um momento em que a burguesia procura apaziguar os ânimos, conter a polarização e estabilizar o regime, abalado pelo próprio golpe de 2016 e pela eleição fajuta do ano passado.
E é justamente por isso que os trabalhadores devem se mobilizar em torno dessa campanha. Ao lado do Fora Bolsonaro!, essa campanha pela liberdade de Lula pode colocar o regime em xeque, dar a iniciativa aos trabalhadores e levar a uma derrota da direita golpista. Por isso dia 27, todos a Curitiba! É hora de exigir nas ruas: Liberdade para Lula!
COLUNA
Bacurau coloca em xeque a ideologia pacifista da esquerda Por Henrique Áreas de Araújo
Muito se discutiu sobre o ótimo filme Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. É natural que um filme marcadamente político, lançado num momento de aguda polarização política no País, levantasse tantas críticas e polêmicas. À esquerda e à direita muitas opiniões foram lançadas sobre o filme. Em primeiro lugar é preciso dizer que Bacurau é antes de qualquer coisa um belo filme. Uma trama bem construída, boa fotografia, enredo com conteúdo. Nesse aspecto, é desprezível qualquer tentativa da direita de “acusar” o filme de “panfletário”. Na falta de argumentos, a burguesia gosta de utilizar adjetivos que para ela podem parecer depreciativos, mas que na realidade só mostra que a arte está cumprindo seu papel político e melhor ainda, incomodando a direita. A esquerda também se dividiu sobre a obra, e é aí que gostaria de levantar dois aspectos centrais do filme que vão contra o senso comum que se estabeleceu na esquerda brasileira – e mundial – influenciada por uma ideologia imperialista. A construção do filme, uma mistura de elementos que passam pelas vinganças à la Quentin Tarantino, com uma narrativa que remete aos filmes de Faroeste e o ambiente do sertão nordestino, com direito a trilha de Geraldo Vandré e cabeças expostas em praça pública, leva o expectador a uma identificação incondicional pelos habitantes do vilarejo chamado Bacurau.
A violência covarde a que os invasores, muito bem armados, melhor posicionados, e economicamente superiores, submetem os habitantes de Bacurau leva necessariamente o expectador a uma espécie de sublimação diante da reação. Independente das considerações políticas dos próprios diretores do filme, do ponto de vista puramente cinematográfico, o expectador fica em primeiro lugar extasiado e depois aliviado com a reação dos habitantes. Esse sentimento incontrolável entrou em contradição com os preconceitos ideológicos que vêm a algum tempo dominante a esquerda brasileira. O filme não dá espaço para pacifismo. O mais pacífico dos seres humanos se vê impelido a reagir, a aniquilar
o inimigo que está te aniquilando. Talvez por isso o filme tenha gerado opiniões como a de Fernando Haddad que, envolto a uma política de conciliação, não percebe que os bárbaros são os invasores. Apenas os invasores. Nossa capacidade de reagir aos bárbaros, como reagiram os habitantes de Bacurau, é nossa humanidade vindo à tona, não nossa barbárie. Talvez por isso o menino responda à forasteira que quem nasce em Bacurau é “gente”. A esquerda que passou anos reproduzindo uma ideologia pacifista difundida pelos invasores, que querem assassinar sem que haja reação, se viu confrontada por Bacurau. A esquerda que defende o desarmamento do povo, se viu desmen-
tida por Bacurau. E talvez por isso li colunas de pessoas da esquerda que “confessavam” ter vibrado com a reação dos habitantes mas que questionava que tipo de reação estamos falando. Como se o oprimido devesse sentir culpa ao reagir ao opressor. Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles podem apenas ter feito um filme sobre vingança. Podem apenas ter se preocupado em denunciar o atual momento político do País com metáforas muito bem feitas. Mas talvez eles não esperavam mexer com os preconceitos pacifistas da esquerda pequeno-burguesa. Fato é que, conscientemente ou não, os dois mostraram qual é o único caminho para derrotar um invasor violento e covarde.
POLÍTICA | POLÊMICA | 3
DIAS 2 E 3 DE OUTUBRO
Um balanço dos atos “pela Educação” Manifestações não tiveram a amplitude que a situação política exige. É preciso corrigir o rumo da mobilização lutando pelo “Fora Bolsonaro” e pela liberdade do ex-presidente Lula. Manifestações não tiveram a amplitude que a situação política exige. É preciso corrigir o rumo da mobilização lutando pelo “Fora Bolsonaro” e pela liberdade do ex-presidente Lula Os atos convocados pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e outras organizações nos últimos dias 2 e 3 de outubro revelaram a falta de orientação geral das direções do movimento de luta contra a direita. Dezenas de atos em todo o país foram realizados contra o governo Bolsonaro, diante da dos ataques do governo contra a Educação. Os atos foram pequenos, ao contrário das recentes manifestações contra o governo. Isso porque foram muito mal convocados, revelando uma verdadeira paralisia e vacilação das organizações políticas da esquerda pequeno-burguesa diante dos ataques do governo direitista. No geral, entretanto, o problema político é melhor compreendido pelo método equivocado adotado na mobilização. As pautas parciais revelaram-se um verdadeiro fator de divisão dentro do movimento contra o golpe. A pauta em defesa da Educação não mobiliza sozinha. Tanto é que, em várias cidades, não foi a educação o fator predominante,
mas a luta contra as privatizações. Em outras, a Previdência. Cada organização levantou sua bandeira de luta parcial, a que considera mais importante, tirando o caráter unitário das manifestações e, portanto, enfraquecendo-as. Nesse sentido, o único fator que unificou todas as organizações foi a luta contra o governo Bolsonaro, não por conta de determinadas medidas, mas por causa de todos os ataques que o governo tem realizado contra a população. Fica claro que nesse momento a única palavra-de-ordem para unificar todos os movimentos de luta contra o governo é o “Fora Bolsonaro”. Com esta, unificam-se aqueles que lutam pela Reforma Agrária e aqueles que querem aumento salarial; aqueles que são contra as privatizações e aqueles que querem derrotar a reforma da Previdência; aqueles que são contra os cortes na Educação e aqueles que querem o fim da repressão policial; assim por diante. Nas mobilizações do primeiro semestre ficou evidente que enquanto a maioria dos trabalhadores e estudantes buscavam dirigir o protesto em torno de duas questões centrais, capazes de impor uma derrota profun-
da ao governo, a luta pela liberdade de Lula (“Lula Livre”) e pelo “Fora Bolsonaro”, as direções buscaram – sem êxito, mas com apoio da imprensa golpista – limitar as manifestações às reivindicações em torno da “defesa da Educação”. Essa politica assumiu, até mesmo, a forma reacionária de defender a inútil substituição do ministro da Educação, sem defender a queda do presidente golpista. Um “remédio” já usado sem qualquer resultado, uma vez que a queda do primeiro escolhido por Bolsonaro, o reacionário Velez Rodriguesz, deu lugar à posse de outro ministro ainda mais reacionário, Abraham Weintraub, que impôs pesados cortes no Orçamento do setor, lanço o “Future-se”e outros planos de ataque contra o ensino público. Toda a luta deve estar focada em
derrotar a ofensiva geral da direita. Por isso, os pequenos atos dos dias 2 e 3 comprovam que a tese da luta por medidas parciais está errada. É preciso unificar todos em torno de uma só política contra o golpe É preciso tomar as ruas com uma política de enfrentamento com o governo, a favor de sua derrubada, único caminho para barrar a ofensiva destrutiva contra a Educação e contra tudo o que diga respeito aos interesses nacionais, dos trabalhadores e da juventude. Parar escolas e universidades, tomar as ruas e realizar uma grande mobilização pela liberdade de Lula, pela anulação da criminosa operação lava jato, pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, com novas eleições gerais, com Lula candidato.
Mas o maior erro na análise de Fornazieri está no fato de que, para o intelectual, não haveria nenhuma evidência que comprovasse o perigo de uma ditadura militar aberta. Não se sabe onde o intelectual esteve nos últimos anos, mas em uma lista muito resumida nós vimos: intervenção militar em diversos estados, como o Rio de Janeiro e outros; generais controlando o STF, com a indicação do “conselheiro” Ajax para o presidente Dias Toffoli; muitos generais e outros militares de alta patente ocupando postos chave no governo; generais mandando mensagens no Twitter que fizeram todo o país de refém, como no caso de Villas Boas quando se discutiu o problema da liberdade do Lula no STF. Ainda poderíamos acrescentar muitos outros casos, mas fica evidente que já no governo Temer, e agora ainda mais com Bolsonaro que a “presença” dos militares sobre o regime político de conjunto tem aumentado sistematicamente. Em seu artigo, Fornazieri afirma que a análise política deve ser feita de forma precisa, afinal, um erro na avaliação leva a ações políticas equivocadas, o que é um desastre. Nisso, o intelectual está certo. O problema é que, se fôssemos assumir que a análise de Fornazieri está correta, a conclusão é que a esquerda poderia dormir tranquila, afinal, se não há nenhum risco de
golpe militar e nem de um movimento fascista no Brasil, o que precisaríamos fazer? Apenas nos preocuparmos com as eleições de 2022. Na realidade, é justamente esta a posição do intelectual, já que, conforme já discutimos anteriormente em várias polêmicas deste Diário, Fornazieri é um dos ideólogos da Frente Ampla, quer dizer, de uma aliança da esquerda com os partidos da burguesia, com uma finalidade puramente eleitoral. No entanto, esse menosprezo da grande ameaça que Bolsonaro e a direita representam para o povo brasileiro é muito perigoso, como discutimos aqui. O governo Bolsonaro está debilitado, em uma grande crise, que em grande medida é criada por ele próprio, e portanto não tem sido capaz de realizar todo o seu programa de ataques contra o povo. No entanto, ainda é um governo muito perigoso, que não pode ser menosprezado. Muito menos ainda a possibilidade do desenvolvimento de um movimento fascista organizado no país ou que o regime evolua para uma ditadura militar. Por isto, a esquerda não pode ficar paralisada por um só segundo. É preciso mobilizar pelo “Fora Bolsonaro” e pela liberdade de Lula, quer dizer, mostrar claramente para a direita que o povo não vai aceitar a ditadura que se desenvolve à luz do dia, embora Aldo Fornazieri não veja.
BOLSONARO NÃO É FASCISTA?
A ditadura sem ditadura? Em artigo, o intelectual Aldo Fornazieri afirma que o governo Bolsonaro não é fascista e que não há risco de golpe militar. Veja aqui em detalhes o quão absurdas são essas teses. Aldo Fornazieri, professor de Escola de Sociologia de São Paulo, publicou recentemente um texto que faz algumas afirmações muito curiosas. No artigo, intitulado “Bolsonaro e o despotismo da democracia”, o intelectual afirma que, embora o governo Bolsonaro seja um perigo, não haveria um movimento fascista organizado no país. Não satisfeito, ele vai ainda mais longe, quando afirma que o governo Bolsonaro não se encaminha para uma ditadura militar. Para Fornazieri, “Não há nenhuma evidência, nenhum fato, nenhum movimento que respalde tais avaliações. Nem há disposição ou inclinação no alto comando das Forças Armadas no sentido de avalizar tal aventura.”. Em ambas as afirmações, Fornazieri está categoricamente errado. Com relação ao problema do fascismo, trata-se de uma incompreensão do fenômeno. Para ele, sequer poderíamos afirmar que Bolsonaro, enquanto indivíduo, seja um fascista. Na verdade é o contrário, Bolsonaro é evidentemente um fascista, dado o conjunto de suas obras e declarações. Já o seu
governo ainda não se tornou, de fato, um governo fascista. O argumento do intelectual é que afinal, o bolsonarismo não teria milícias fascistas armadas. No entanto, isso não é verdade. Afinal, as milícias no Rio de Janeiro são compostas por elementos bolsonaristas, que tem relações com a própria família Bolsonaro, o que já é de domínio público. Há também as forças policiais que formam a base social do bolsonariso e que podem, em um momento de agravamento da crise serem utilizadas como verdadeiras milícias fascistas do bolsonarismo. Mas, embora o bolsonarismo ainda não tenha colocado em marcha uma ampla formação e organização de milícias com características fascistas, que tem como objetivo esmagar a classe operária e as suas organizações, isso não significa que estejamos livres desse perigo. Afinal, basta a burguesia tomar esta decisão política e financiar um movimento deste tipo, a base bolsonarista já está aí, se aquecendo no banco de reservas, apenas esperando a convocação do “professor”.
4 | POLÍTICA
A SITUAÇÃO ESTÁ FEIA
Bolsas afundam com medo da crise global capitalista As reservas cambiais conseguidas por Lula e Dilma seguraram a marolinha de 2008 e ainda atenuam hoje Em 2008, Lula, então presidente, disse que a crise que assolou o mundo capitalista não chegaria como uma onda ao Brasil, mas como uma marolinha. Realmente, o Brasil estava preparado e resistiu naquela ocasião. Acontece que aquela crise não fechou, os mecanismos de contenção fracassaram e a onda agora está vindo maior. A queda das bolsas mostra que a burguesia está tirando o dinheiro do investimento de risco e colocando o dinheiro no bolso. Isso mostra que a crise vai explodir mesmo e o cenário é especialmente ameaçador para o Brasil, que enfrenta um difícil ajuste de suas contas, e caem as vendas ao exterior, especialmente porque Bolsonaro se esforçou para brigar com árabes, com chineses, com o Mercosul, com a França, com o Irã, com a Alemanha, com países africanos e fez murchar o mercado importador de produtos brasileiros intencionalmente para nos prostrar como dependentes e colonizados do imperialismo norte-americano. A Organização Mundial do Comércio (OMC) acusou a piora da situação por culpa da guerra comercial entre EUA e China, tensões geopolíticas e indecisões, como o chamado Brexit e as crises internas italiana e espanhola, apresentando risco de nova recessão, travando o intercâmbio e paralisando
investimentos. O crescimento do comércio perdeu vigor em todo o mundo este ano. De acordo com a OMC, o volume de trocas internacionais que era estimado em abril em um crescimento de 2,6%, despencou: as novas projeções apontam um aumento de apenas 1,2% em 2019, e as estimativas para 2020 ainda dependem de um retorno a relações de comércio mais normais para haver alguma chance da realidade se mostrar próxima do previsto, de otimistas 2,7% em substituição aos 3% estimados previamente. Já o crescimento mundial que era estimado em 2,6 tanto para 2019 quanto para 2020, foi rebaixado para 2,3% em ambos. Os países desenvolvidos devem crescer 1,7% e um pouco menos, 1,4%, no ano que vem. Os países atrasados podem ter taxas 3,4% este ano e 3,8% no próximo. Mas o Brasil não passa de 1% este ano, talvez menos, 0,8%, e menos de 2% em 2020. Todo o continente sul americano está deprimido, um pouco como consequência do embargo imperialista criminoso à Venezuela. O continente asiático vai continuar puxando o comércio internacional. As exportações devem crescer 1,8% em 2019 e 3,8% no próximo ano, segundo a OMC. A América do Norte prevê 1,5%
e 3,6%. Os demais países da América devem aumentar suas vendas externas em 1,3% e 0,7% neste ano e no outro. O Brasil ainda se segura com um superávit comercial de US$ 33,79 bilhões, embora seja um resultado 19% inferior ao dos mesmos nove meses de 2018. A receita, entre janeiro e setembro, foi de US$ 167,38 bilhões, 6% menor que a de um ano antes. Além de vender menos, caíram os preços de alguns produtos básicos. As vendas de manufaturados também foram menores do que no mes-
mo período de 2018: 8% menos, afetadas pela menor demanda resultante da recessão argentina. Entretanto, o País ainda tem as reservas cambiais em torno de US$ 380 bilhões, condição privilegiada conquistada pelos governos Lula e Dilma, um verdadeiro colchão de segurança, caso contrário, o solavanco seria impensável, com Bolsonaro confrontando gratuitamente a comunidade internacional, assustando investidores e criando atritos com importadores de produtos brasileiros.
ENTREGUISMO
Atacando a soberania, Bolsonaro corta fundos do programa Antártico Ao cortar os recursos das pesquisas na Antártida, Bolsonaro coloca em risco o poder de veto do País na exploração da Antártida, deixando o caminho livre para o imperialismo Prevista para inaugurar em 2018, a Estação Antártica Comandante Ferraz, corre o risco de não ser inaugurada nem em 2020. Isto porque o governo Bolsonaro aprofundou os cortes aprovados no governo Temer, diminuindo os recursos de 18 milhões para 12 milhões em 4 anos. A medida coloca em xeque as pesquisas das universidades e da Marinha brasileira, que completarão este ano sua 38ª expedição. As denúncias dos pesquisadores permitem entender o porque deste ataque. Segundo Luiz Henrique Rosa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), coordenador do projeto MycoAntar do Proantar (Programa Antártico Brasileiro), que estuda fungos com possíveis propriedades medicinais, comprometer as atividades científicas pode gerar prejuízos imensuráveis sobre a participação do País no Tratado Antártico, único fórum mundial onde o Brasil tem poder de voto de mesmo peso dos EUA, Rússia e China. Outro pesquisador, o professor Paulo Câmara, da Universidade de Brasília (UnB), explica que apenas 29 países tem poder de decisão sobre a Antártida, o continente que representa 10%
do território mundial e 70% da água doce do globo, tendo ainda gás, minérios e petróleo. Câmara denuncia que devido às bolsas terem acabado, como resultados dos cortes,precisou dispensar dois pesquisadores com pós-doutorado, que trabalharam na Antártida, conheciam a logística e a ciência. O professor continuar que é a ciência que mantém
o Brasil com poder de decisão na Antártida e que sem é preciso assegurar investimentos para manter esta participação. Os pesquisadores e os integrantes da Marinha (que administra a logística e a estrutura física) concordam que o problema não é apenas a ausência de base física (ainda não reinaugurada), mas sim a instabilidade de financia-
mento e de pesquisadores que estudam o Proantar. Fica claro que é mais um ataque à soberania do Brasil, que terá sua participação no Tratado Antártico reduzida, deixando mais controle na mão do imperialismo. Ou seja, seja na Antártida, na Amazônia, na base de Alcântara, a política dos golpistas é de entreguismo total ao imperialismo.
POLÍTICA | 5
O FIM DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA
Para não beneficiar Lula Supremo adia decisão sobre Lava Jato O presidente do STF, Dias Toffoli, decidiu adiar o julgamento do alcance da anulação de processos da Lava Jato. Somente a mobilização popular poderá libertar o ex-presidente Lula. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que está sob a tutela direta das Forças Armadas, decidiu adiar a continuidade do julgamento que poderia resultar na anulação do processo de Lula sobre o sítio em Atibaia. Lula foi condenado a doze anos e onze meses de prisão em primeira instância nesse processo. A justificativa de Toffoli para o adiamento foi a de que não haveria quórum suficiente para fazer a discussão no dia de ontem (3). No entanto, segundo a própria imprensa burguesa, o motivo do adiamento teria sido o fato de que os ministros não conseguiram chegar a um acordo sobre a questão. Seja como for, trata-se de mais uma manobra da burguesia para manter Lula na prisão. Na sessão do STF ocorrida no dia 2 de outubro, a maioria dos ministros concordou com uma tese que anularia
uma série de processos da Lava Jato – a de que os delatados teriam o direito a falar por último dos processos. Com isso, o processo de Lula sobre Atibaia deveria ser automaticamente anulada. Contudo, com a justificativa de que seria necessário julgar o “alcance” da decisão, a decisão sobre o processo de Atibaia permanece suspensa. A sessão do dia 2 de outubro que discutiu a possibilidade de anulação de alguns processos da Lava Jato ocorreu em meio a uma profunda crise política em que o governo Bolsonaro se encontra imerso. Na sessão, o ministro Gilmar Mendes afirmou que “não parece haver dúvidas de que o juiz Moro era o verdadeiro chefe da força-tarefa de Curitiba, indicando testemunhas e sugerindo provas documentais. Quem acha que isso é normal certamente não está lendo a Constituição”. Tal declaração, ainda mais advinda de
um representante tradicional da burguesia brasileira, mostra a crise em que se encontra a Operação Lava Jato, que é um dos pilares fundamentais do golpe. Ao mesmo tempo em que está sendo discutida a anulação do processo sobre o sítio de Atibaia, o procurador Deltan Dallagnol, que chegou a fazer greve de fome para que Lula fosse preso, decidiu pedir que Lula tivesse sua pena alterada para o regime semi-aberto. Esse é mais um sinal da crise do governo Bolsonaro, que viu no semi-aberto uma possiblidade de esfriar o movimento pela liberdade de Lula, que se torna cada vez mais amplo. Com a manobra do STF para impedir que Lula seja liberto, fica comprovado mais uma vez que a única forma de restituir todos os direitos políticos do maior líder popular do país é atra-
vés da mobilização popular. O STF, bem como o Congresso e o Ministério Público, estão extremamente comprometidos com o golpe e não irão reverter a prisão de Lula a menos qie seja sob muita pressão. Diante disso, é preciso organizar um grande ato em Curitiba pela liberdade de Lula no dia 27 de outubro. Para essa data, que tambem marca o aniversário de registro nascimento, está sendo convocado um ato nacional, que foi aprovado na Plenária Lula Livre, ocorrida em São Paulo no dia 21 de setembro. Para que o ato cumpra sua função de pressionar o STF e as instituições pela liberdade de Lula, é preciso organizar, desde já, caravanas em todos os estados do país e realizar uma campanha nacional pela liberdade de Lula. Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Liberdade para Lula já!
PARA MATAR GENTE IGUAL BARATAS
10 milhões de reais para transformar o Brasil num grande presídio Bolsonaro e Moro gastam milhões para fazer propaganda da enorme arbitrariedade sobre o pacote anticrime de Moro. O governo de Jair Bolsonaro gastou R$ 10 milhões, de acordo com o jornal O Globo, para produzir uma campanha publicitária enaltecendo o pacote anticrime do fragilizado e ainda ministro da Justiça, Sérgio Moro. Os filmes têm 30 segundos de duração e serão exibidos na TV e na internet. A campanha, que será lançada nesta quarta-feira (2), chegou a ser suspensa algumas vezes, porque a relação de Bolsonaro e Moro estava desgastada. O objetivo da campanha é tentar espalhar a sensação de insegurança no país, promovendo medo, ódio, intolerância. Tentar vender a idéia de que insegurança não seja algo provocado pelo desemprego, baixos salários, precários ou inexistentes serviços de Educação, Saúde, falta de moradia, saneamento.
Crimes seriam os atos ilegais, na incessante corrida por qualquer atividade, algumas ilegais, pela luta diária pela própria sobrevivência. Um dos pontos do liberou geral para matança do pacote de Moro é a proposta de isentar de punição o policial que assassinar durante ação. “Excludente de ilicitude” é a nova designação para os crimes pela polícia dioturnamente cometidos, agravando a matança da população pobre. Se matança pela polícia já é de mais de 6 mil ao ano, genocídio generalizado inevitavelmente acontecerá com a carta branca para matar dadas aos policiais atráves do pacote Moro/Bolsonaro. Números apresentados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública atesta que a matança pela polícia no Brasil
em 2018 aumentou em 20,1%. O número é estarrecedor: 6.220 casos, o equivalente a 17 assassinatos por dia. O pacote anticrime é uma ditadura contra os trabalhadores e ataca os direitos da população, e principalemnte a presunção de inicência. Prisão antecipada logo após a decisão em 2a. instância para o suposto trabalhador condenado por suposto crime praticado. Nada de direito à recursos que hoje o suposto criminoso tem. Excludente de ilicitude, uma licença para matar, é outra novidade da lei, esta para o policiar que matar alguém, seja ou não criminoso. Aprovada a norma, trará como inexorável consequência, o dito por Bolsonaro em 06/0/2019, à jornalista Leda Nagle, “os caras vão morrer na rua igual barata”. Em uma das peças da campanha,
um homem relata que o pai foi assassinado e o criminoso estava livre. Ágatha a menina de 8 de anos, brutalmente assassinada, no último dia 20, durante operação policial no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro, por exemplo, não terá punição alguma do policial assassino, se policial foi o responsável por alvejar a garota. Policiar como se sabe, estará excluído dessa ilicitude, conforme novo passar de mão na cabeça do assassino por Moro, atual ministro da justiça do governo ilegítimo Bolsonaro. É uma campanha demagógica da extrema-direita. Nada a ver com combate à criminalidade. Querem transformar o país em uma ditadura e a campanha serve para aglutinar o setor da classe média de direita que é a base social e de apoio ao governo Bolsonaro.
6 | POlÍTICA
BOEING 737 MAX, 346 MORTOS
Economia fatal: para economizar Boeing construiu avião mais inseguro Para obter maiores lucros, a empresa Boing (que recentemente adquiriu a estatal Embraer) economizou em questões de segurança que levaram a morte milhares de pessoas. Sistema no Boeing 737 MAX poderia ter evitado quedas na Etiópia e Indonésia. Equipamento de segurança teria sido rejeitado para minimizar custos e evitar treinamento de pilotos, denuncia engenheiro, em reportagem da folha. Por um lado a Boeing em comunicado do porta-voz, Gordon Johndroe, assegura que “Segurança, qualidade e integridade são a base dos valores da Boeing”, de outro lado, Engenheiro sênior da Boeing, Curtis Ewbank, em queixa interna diz o contrário, “gerentes da Boeing rejeitaram as recomendações dos engenheiros ou simplesmente priorizaram os lucros”. Ewbank, que trabalhou no desenvolvimento do jato 737 MAX, categoricamente, afirma que “a empresa rejeitou um sistema de segurança para minimizar custos”. O equipamento, segundo ele, poderia ter reduzido os riscos que contribuíram para dois acidentes fatais: um na Etiópia, em março deste ano, e outro na Indonésia, em outubro de 2018. Ewbank trabalhou nos sistemas de cabine de pilotagem que os pilotos usam para monitorar e controlar o
avião. Em sua queixa à Boeing, ele disse que os gerentes foram solicitados a estudar um sistema de backup para calcular a velocidade do avião. O sistema, conhecido como velocidade do ar sintética, utiliza várias fontes de dados para medir a rapidez com que uma aeronave está voando. O engenheiro disse que esse equipamento pode detectar quando os sensores de ângulo de ataque, que medem a posição do avião no céu, estão com defeito e impedem que outros sistemas confiem nessas informações errôneas. Uma versão do sistema é usada no 787 Dreamliner da Boeing, um novo modelo de avião. Nos dois acidentes do Jato 737 MAX, acredita-se que um sensor de ângulo de ataque tenha falhado, enviando dados errados para um software automatizado projetado para ajudar a evitar a perda de sustentação da aeronave. O software MCAS teria sido ativado indevidamente, fazendo com que os aviões sofressem quedas abruptas sem volta. “Não é possível afirmar com certeza que implementação real da velocidade do ar sintética no 737 MAX teria evitado os acidentes” na Etiópia
e na Indonésia, mas uma certeza Curtis Ewbank tem, “as ações da Boeing sobre o assunto apontam para uma cultura que enfatiza o lucro, à custa da segurança”. “Eu estava disposto a defender a segurança e a qualidade, mas não consegui exercer de fato nenhum efeito sobre essas áreas” “A administração da Boeing estava mais preocupada com custo e cronograma do que com segurança ou qualidade”. Curtis Ewbank, relata que Ray Craig, um dos principais pilotos de teste do 737, e outros engenheiros queriam estudar a possibilidade de acrescentar o sistema de velocidade do ar sintético ao MAX, mas o executivo da Boering decidiu não averiguar. O sistema custaria dezenas de milhões de dólares durante a vida útil de uma aeronave. Mudanças no MAX poderiam exigir a aprovação mais onerosa para um novo avião. Treinamento pra pilotos nesse novo sistema provocaria custo adicional a essa nova aeronave. O executivo-chefe da Boeing deturpou publicamente a segurança do avião, aponta Curtis Ewbank.
Outro ex-funcionário sênior da Boeing envolvido nas discussões, sob condição de anonimato, respaldou a denúncia de Ewbank. Disse dos benefícios do sistema instalados no 787 Dreamliner. Confirmou que executivos da Boeing chegaram a discutir o sistema. Alegaramno entanto, que tentar instalar essa nova tecnologia no 737 MAX, um avião baseado em um design da década de 1960, seria muito complicado e arriscado. Boeing instalou o sistema apenas nos 787 Dreamliners. Não se lembra de os executivos da Boeing, ao não incluir o sistema, levar em conta o possível impacto no treinamento de pilotos. O capital não se importa com nada além do lucro. Por isso a produção tem que ser submetida a uma supervisão social, sob o controle dos trabalhadores. Na mão dos capitalistas é como deixar na mão de bandidos e resultaram em 346 mortos no espaço de cinco meses atestam a cruel realidade, 157 mortos na queda do Boeing 737 MAX, na Etiópia em março de 2019, mais 189 na indonésia em Outubro de 2018.
LUTA PELA LIBERDADE DE LULA
Nenhuma confiança no Judiciário, apenas a mobilização liberta Lula Judiciário golpista não irá se posicionar em defesa da liberdade do ex-presidente Os últimos fatos que ocorreram na instância maior do judiciário (golpista) nacional, o Supremo Tribunal Federal, vem despertando, mais uma vez, na opinião política de determinados setores da esquerda nacional, todo um volume de ilusões, particularmente quanto a possibilidade do STF se posicionar pela suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça do fraudulento governo Bolsonaro, que foi o responsável pela condenação do ex-presidente Lula, encarcerando a maior liderança operária e popular do país, fazendo de Lula o preso político mais importante e também o mais perseguido e caluniado da história do Brasil e um dos maiores do mundo. Sérgio Moro, ainda quando juiz, conduziu de forma totalmente inconstitucional, arbitrária e inquisitorial os processos (todos fraudulentos e forjados sob a tortura e a pressão psicológica das delações premiadas) que acabaram por condenar Lula à masmorra da Polícia Federal, em Curitiba, onde se encontra detido desde o dia 07 de abril de 2018, numa operação que o país inteiro agora já sabe que tudo não passou de uma grotesca e vil armação político-jurídica, com o propósito de alijar o ex-presidente das últimas eleições presidenciais. Os que acenam neste momento com a atenuação da pena (regime se-
miaberto e possibilidade de anulação dos processos da Lava-Jato) arbitrária e ilegal que foi imposta ao ex-presidente, o fazem por temor ao crescimento das mobilizações que se agigantam em todo o país em defesa da liberdade de Lula e pela anulação de todos os processos que foram e estão ainda sendo movidos contra o ex-presidente. A tentativa que vem sendo feita neste momento por um setor do judiciário é, na verdade, um meio para poder livrar a própria cara, diante não só das flagrantes e escandalosas ilegalidades cometidas ao longo destes cinco anos que marcam o início da conspiração golpista contra o governo eleito em 2014, mas principalmente em função do aprofundamento da crise de conjunto do regime burguês-golpista, que ameaça despedaçar toda a operação engendrada pela burguesia e o imperialismo, que culminou com a eleição do natimorto e impopular governo Bolsonaro. Não é minimamente aceitável que depois de todos os acontecimentos que marcaram a atuação do judiciário brasileiro (STF, MPF, STJ, TRF’s), que sancionou todas as maiores vilanias e arbitrariedades contra o ordenamento jurídico nacional e a constituição, apoiando e convalidando o golpe de Estado de 2016, ainda haja setores, particularmente no interior
da própria esquerda, que sigam confiando nas instituições jurídicas do país, acreditando que esta poderá ter uma postura de defesa da legalidade constitucional. As gritantes violações dos dispositivos mais comezinhos do ordenamento jurídico do país e a postura cínica dos ministros do STF indicam que a instituição está comprometida não com a legalidade, não com a defesa dos direitos e das garantias individuais da cidadania, mas única e tão somente com os múltiplos interesses aos quais estão vinculados, que não são outros senão aqueles dos diversos grupos de pressão que atuam para fazer valer seus interesses e que cada um dos onze ministros, de uma forma ou de outra, ali representam. Queremos deixar mais uma vez aqui registrado que a luta pela liberdade plena do ex-presidente Lula não passa pela pressão junto às instituições golpistas do regime, particularmente o execrável judiciário nacional, que atuou para legitimar a deposição do governo eleito em 2014, sendo responsável também pela ascensão dos golpistas e pela eleição (fraudulenta) do governo neofascista de extrema direita no país. Lula não alcançará a liberdade plena e menos ainda os processos que são movidos contra ele serão anula,dos por algum expediente
jurídico vindo dos tribunais ou qualquer outra instância do judiciário. Somente o fortalecimento e a ampliação da luta popular, das manifestações, dos atos e das ocupações de ruas e praças do país poderá oferecer uma perspectiva progressista para um desfecho favorável da luta em torno à liberdade do ex-presidente. As ilusões que vem sendo alimentadas nas instituições somente podem cumprir o papel de semear a confusão, o desânimo e a desmobilização nas camadas da população que querem lutar, que desejam o fim do governo Bolsonaro e a derrota do regime de opressão e miséria social no país.
ATIVIDADE DO PCO | 7
LAVA JATO É CORRUPTA
Extorsão: auditores da Lava Jato cobravam propina de delatores A Lava Jato nunca objetivou combater a corrupção, mas destruir a economia e a política brasileira. Depois, seus membros a usaram para ganhar dinheiro, muito dinheiro. “Tudo que não seja estabelecer um “Grossraumwirtschaft” – o grande espaço vital – que incorpore todo o continente com base a uma economia planificada, com produção controlada e direção centralizada do comércio internacional, não poderá sobreviver (…) Nenhum dos estados latino-americanos aceitará voluntariamente as modificações necessárias para a criação dessa economia regional (…). Somente a conquista do hemisfério por parte dos Estados Unidos e a implacável destruição das economias nacionais agora existentes poderão concretizar a integração necessária” (SPYKMAN, Nicholas John) [1] A operação Lava Jato pode ser vista como um aprimoramento de ações anteriores, financiadas e/ou apoiadas pela burguesia nacional e internacional, para impedir, uma vez mais que um governo popular, ou de base popular, tivesse sucesso no país. Ao imperialismo interessa, desde sempre, manter o controle sobre os governos latino-americanos, o que promoveu e promove por meio do endividamento, da cooptação da burguesia local, pela militarização da região e apoio aos golpes de estado, pelo financiamento de grupos de interesse, formadores de opinião e candidatos a cargos burocráticos importantes, políticos e ‘intelectuais’, artistas etc. Depois do golpe militar de 1964, e seu fracasso em termos econômicos e sua incapacidade de conter a mobilização popular, a ditadura militar deu lugar a uma longa abertura política que visava garantir que o poder político continuasse nas mãos da burguesia e sob o controle externo. Quando o Partido dos Trabalhadores vence as eleições de 2002, com Lula alçado à condição de Presidente da República, na impossibilidade prática de mais um golpe de estado, imediato, tentaram controlar o PT e seu presidente. Mal passados 2 anos de governo, explode um escândalo que ficou conhecido, como parte do marketing negativo contra o partido, de “Mensalão”, objeto da Ação Penal nº 470 [2] que foi julgada pelo Supremo Tribunal Federal e que posteriormente vai derrubar José Dirceu da Casa Civil, e condenar dirigentes históricos do PT, como José Genoíno e Delubio Santos, além do próprio José Dirceu. A ação do Ministério Público e do Poder Judiciário, junto com a imprensa burguesa, em particular da Rede Globo, foi violenta e pensada para exterminar o PT da vida política nacional. O Sistema de Justiça foi usado para produzir ódio ao Partido dos Trabalhadores e desconfiança em relação ao seu líder maior, Luiz Inácio Lula da Silva. Como o partido não foi derrotado e Lula fez sua sucessora, após fazer o país alcançar um crescimento do PIB de 7,5% em 2010, uma nova investida
contra o PT precisará ser feita, com muito mais violência. Não por acaso, uma investigação de lavagem de dinheiro pelo ex-deputado federal José Janene (PP), de Londrina/ PR, ligado ao Mensalão vai dar origem à Lava Jato[3]. Tudo que acontece no país a partir daí, com efeitos na economia e na política, vai se vincular à Operação Lava Jato. Com a crise internacional de 2008 finalmente batendo à porta do Brasil, já com a presidenta Dilma Rousseff, a Lava Jato vai praticamente destruir duas cadeias produtivas fortes, em crescimento e fundamentais para os saltos que o Brasil vinha dando ou estava em vias de dar, ambas totalmente: a cadeia de petróleo e gás e a de construção civil. Embora não se tenha uma conta precisa do impacto na economia, há cálculos que apontam para 2 a 2,5% de contribuição da Lava Jato nas retrações do PIB de 2015 e 2016. Teriam sido afetados os setores metalomecânico, naval, da construção civil e de engenharia pesada, com perdas em torno R$ 142 bilhões. A construção civil demitiu, entre 2014 e 2017, 991.734 empregados, considerando apenas vagas formais, tendo sido mais afetada a região Sudeste. A perda total de postos chega a quase 1,2 milhões. O faturamento das empresas da área caiu absurdamente entre 2015 e 2017, quando a operação Lava Jato realizou suas maiores investidas contra o setor. Só a Odebrecht, que registrou um faturamento bruto de R$ 107 bilhões em 2014, e um contingente de 168 mil funcionários – com operações em 27 países, em 2017 reduziu seu faturamento para R$ 82 bilhões, e já contava apenas com 58 mil funcionários, enquanto suas atividades no exterior reduziu seu escopo para apenas 14 países. As outras empreiteiras além de verem derreter os ativos financeiros, acabaram por vender parte de suas ações para empresas estrangeiras. A própria Petrobrás teve seus resultados financeiros diretamente afetados. O volume de investimentos foi de aproximadamente US$ 48,8 bilhões em 2013 e caiu para US$ 15,1 bilhões em 2017. Entre 2013 e 2017, a cadeia
produtiva direta da empresa sofreu uma perda de quase 260 mil postos de trabalho formais e informais. Apesar do esforço gigantesco feito pela imprensa burguesa para ocultar as ilegalidades e os abusos dos membros do Ministério Público e do Poder Judiciário na condução da infindável Operação Lava Jato, assim como para ocultar os efeitos perversos sobre a economia e sobre a política brasileira, não tem sido mais possível manter sob controle a narrativa da ‘cruzada contra a corrupção’ e a manutenção dos cruzados em um altar. Além de tudo que já se teve comprovado a partir de diálogos publicados pelo site The Intercept e outros veículos de comunicação, testemunhamos agora denúncias de tentativas de Policiais Federais que atuam na Lava Jato em destruir provas, chegamos à prisão de auditores e servidores da Receita Federal suspeitos de compor uma organização que cobrava propinas para aliviar multas de investigados da Lava Jato. No dia 02 de outubro, foram presas 14 pessoas e emitidos 41 mandados de busca e apreensão. Após a Lava Jato ter usado as delações premiadas como instrumento de barganha, após tortura dos delatores com longas prisões preventivas e/ou temporárias, esta sofreu um revés exatamente com a delação de empresários, que entregaram o esquema de cobrança de propina para evitar multas. Um dos auditores fiscais presos era figurinha carimbada na GloboNews, onde sempre aparecia como especialista na área fiscal, Lêonidas Quaresma. Alémd ele, Marco Aurélio Silva Canal, tido como chefe do esquema foi Esse mesmo auditor, além de incensado pela Globo, foi responsável, talvez por isso mesmo, de promover uma defasa fiscal no Instituto Lula. Também é suspeito de ter sido o responsável por montar um dossiê sobre Gilmar Mendes e a esposa. Agora a própria força tarefa da Lava Jato tenta se desvincular do grupo e do auditor Marco Aurélio Canal, negando que fizessem parte em algum momento da Lava Jato. Muito dinheiro em espécie foi apreendido. O esquema mostra que
usavam de informações privilegiadas e o poder de intervir em processos administrativos para lucrar. A operação Lava Jato, além, portanto, de promover a perseguição política, interferindo na arena eleitoral e partidária, de ter sido responsável pela quebra da economia nacional, propicia aos participantes da operação, de forma direta ou a partir dela, de, abusando do seu poder, extorquir réus, delatores ou não. Cada dia mais, portanto, fica claro que a operação Lava Jato já cumpriu seu principal papel, na desestruturação econômica e institucional do país, e os seus membros passaram a cuidar de seus interesses pessoais, enriquecendo com palestras, vendendo sua expertise para empresas, garantindo cargos, e se preparando para ocupar mandatos. Destruíram o país e, por meio de lawfare, condenaram sem provas o ex-presidente Lula, retirando-o da disputa eleitoral e, assim, elegendo Jair Bolsonaro. O ex-juiz Sérgio Moro recebeu sua recompensa por isso. No final, sempre foi por causa de dinheiro e poder. NOTAS: [1] em “Estados Unidos frente ao mundo”. apud SCHILLING, Paulo. O expansionismo brasileiro: a geopolítica do general Golbery e a diplomacia do Itamarati. São Paulo: Global, 1981, p. 21) [2] Nesse momento, vemos uma investida pesada da imprensa burguesa para transformar as sessões do STF em verdadeiros shows, nos quais a figura do ministro Joaquim Barbosa aparecia como um paladino que enfrentava o mal da corrupção, como um cruzado, um cavaleiro medieval. É aí que se fixa de forma mais marcante a politização do sistema de justiça com vistas a deter o inimigo da nação, o político corrupto, nesse caso reduzido aos integrantes do Partido dos Trabalhadores e alguns personagens marginais de outros partidos menos importantes. Há um aprofundamento da mobilização política do direito. Ficará marcada a aplicação esdrúxula que se fez da teoria de domínio de fato, de Claus Roxin, para penalizar atores políticos, considerando uma certa ‘graduação hierárquica’. A mesma lógica que perpassa a tal “cruzada contra a corrupção” na AP 470, com a figura quase messiânica de Joaquim Barbosa, estará presente e será aprofundada na Lava Jato. O novo messias será o juiz Sérgio Moro. [3] Embora tenha sido formalizada apenas em 2014, a Lava Jato tem origem, na narrativa oficial, em uma investigação de 2008. Resta o desafio de conhecer quando e como a operação pode ter tido origem real nos Estados Unidos da América, suspeita que constantemente é reforçada.
8 | INTERNACIONAL
LIBERDADE PARA LULA
Todos a Curitiba neste dia 27/10 pela liberdade de Lula No próximo dia 27, haverá um grande ato em Curitiba pela liberdade de Lula, na mesma data em que se comemora seu aniversário. No dia 27 de outubro, será o aniversário de 74 anos do registro de nascimento do maior líder popular do país, Luiz Inácio Lula da Silva. Principal preso político do regime golpista, Lula se encontra, até o momento, encarcerado no prédio da Polícia Federal, em Curitiba. Por isso, a Plenária Lula Livre, que reuniu dezenas de organizações, incluindo representantes da CUT, do PT e do MST, decidiu convocar um grande ato em Curitiba pela liberdade de Lula no dia de seu aniversário. A prisão de Lula é um dos aspectos centrais do golpe dado em 2016. Se Lula não e estivesse com seus direitos ilegalmente suspensos, certamente teria sido eleito presidente da República em 2018 e teria condições de liderar diretamente a luta da população contra os ataques da direita. Lutar pela liberdade de Lula é, portanto, uma tarefa fundamental da esquerda e dos
setores democráticos que estão sendo diariamente esmagados pelo governo Bolsonaro. Embora esteja atacando ferozmente os trabalhadores, o governo Bolsonaro se encontra em uma crise imensa. Produto de um arranjo eleitoral improvisado diante da falência dos partidos tradicionais do regime político, Bolsonaro não tem conseguido implementar a agenda neoliberal com a eficiência que o imperialismo demanda. Ao mesmo tempo, Bolsonaro é contestado incessantemente nas ruas, o que deixa o governo na corda bamba. A crise do governo Bolsonaro é tanta que a burguesia, temendo a revolta popular, decidiu fazer toda uma campanha para que Lula aceitasse a progressão de sua pena para o regime semi-aberto. Com isso, a campanha pela sua liberdade poderia arrefecer e tornar sua liberdade mais distante.
É preciso aproveitar o momento de crise da direita para ir para cima da burguesia e colocar os golpistas contra a parede. Nada de meia liberdade para Lula: é preciso anular todos os
processos e exigir sua liberdade incondicional. Para que isso aconteça, é preciso organizar já, em todo o país, uma campanha para a realização do ato em Curitiba no próximo dia 27.
DESIGUALDADE SOCIAL EXTREMA
Quase 4 milhões entram na pobreza desde o golpe de 2016 Se você não tem 1,90 dólar para gastar por dia, você é pobre.
A pobreza estabelecida no mundo é o crime do capitalismo contra a humanidade. A crise se aprofunda à beira de um colapso, encontrando consciência nas massas, particularmente entre os jovens, que, em muitas partes do mundo, estão enfrentando mais desemprego, rendas mais baixas e condições de vida e trabalho mais precários do que os seus pais. Desde 1981, o Banco Mundial preenche dados de todo o mundo “em desenvolvimento” para informar o número de pessoas vivendo na pobreza “extrema” ou “absoluta”, classificadas abaixo da linha Internacional de Pobreza (IPL). Atualmente a IPL é de 1,90 dólar ao dia, em termos de poder de compra.
Essa informação do banco mundial é, na verdade,uma enganação. O IPL é calculado com relação ao consumo, não à renda, mas é tão baixo que, na maioria dos países, não seria suficiente para alimentar nenhuma família. Esse método defeituoso produz resultados absurdos. Por conseguinte, esses dados apoiados em conceitos de “extremos” e “absoluto” não funcionam, sendo uma das maiores mentiras produzidas no mundo. Como vimos, as estatísticas de diminuição de pobreza são tudo uma falácia, mecanismos que o capitalismo cria como cortina de fumaça para enganar os incautos defensores da política mercantilista. Enquanto isso, milhares de pessoas morrem em torno do mundo.
No Brasil, a pobreza se tornou uma das principais questões para todo e qualquer governo. Existente neste país desde da época do descobrimento e, na conjuntura atual, os golpistas impõe à população essas consequências, que é parte do programa do golpe. A desigualdade é inerente ao modo de produção capitalista, em que os detentores do poder têm interesse em manter a desigualdade social. A verdadeira luta não pode só estar focada nas políticas que se ocupam somente dos sintomas da desigualdade, sem atacar as suas forças geradoras básicas. É preciso fazer uma revolução e derrotar o capitalismo, a fim de estabelecer uma organização socialista
com princípios de igualdade e justiça social. Para Marx, “os salários não só devem cobrir o sustento básico para a manutenção do corpo, mas também algumas necessidades determinadas socialmente, que mantenham o trabalhador relativamente contente e aumentem o crescimento econômico”. Os programas de transferência de renda e assistência social do governo Lula e Dilma ajudaram a atenuar essa situação (principalmente com a saída do Brasil do Mapa da Fome, em 2014). Desde 2016, com o golpe, a pobreza aumentou. Dados revelam que, quase 4 milhões de pessoas entraram na pobreza, fato que se justifica com a política neoliberal, entreguista que o governo Bolsonaro realiza, servindo apenas ao capital estrangeiro, em detrimento do povo brasileiro, mostrando o seu anti nacionalismo. O cenário de pobreza traz uma série de consequências para os indivíduos e para o país onde vivem. Situações de fome, doenças epidêmicas, desemprego, carência de saneamento básico, emigração, violência, discriminação, aumento de pessoas sem abrigo e baixa esperança de vida são apenas alguns dos efeitos gerados pelo contexto da pobreza. Se faz necessário uma política de esquerda progressista e de ação a chamar o povo para as ruas, com suas faixas, cartazes, gritando o Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Liberdade para Lula, chamar eleições gerais com Lula candidato.
INTERNACIONAL | 9
PERU
Lava Jato demoliu regime político País enfrenta crise do fracasso de todas as alas da frágil burguesia peruana diante da pressão do imperialismo sobre todo o Continente e da ausência de uma alternativa de esquerda Na última quarta (dia 2), o governo peruano anunciou que considera que não tem validade a renúncia apresentada pela vice-presidente Mercedes Aráoz, na véspera, em meio à crise institucional que toma conta daquele país. Segundo declaração à imprensa local do primeiro-ministro peruano, Vicente Zeballos, a desconsideração se deveria ao fato de que Aráoz apresentou sua demissão para o Parlamento que a nomeou “presidente interina” e que, na véspera, havia sido dissolvido pelo presidente da República e chefe de Estado, Martín Vizcarra (ao centro, na foto). Para Zeballos, ela continua sendo vice-presidente do Peru. Há 27 anos, o Congresso não era dissolvido no País. Durante algumas horas, o Peru chegou a ter dois presidentes da República. Uma situação que levou à OEA (Organização dos Estados Americanos), a se pronunciar no sentido de que a Suprema Corte do País deveria resolver o impasse, tornando evidente a divisão não apenas da burguesia peruana, mas de todo o continente e do imperialismo norte-americano diante da crise. No documento de sua renuncia – encaminhado ao presidente do Parlamento, Pedro Olaechea -, Aráoz, se pronunciou pela antecipação das eleições no País e destacou o “rompimento da ordem constitucional no Peru”. A crise no país visível a todo mundo com os acontecimentos dessa sema-
na, Resultado de imagem para crise no peruexpõe o enfrentamento entre burguesas lideradas pelo presidente Martín Vizcarra e a oposição dominado pelos fujimoristas, eclodiu em torno da disputa sobre a nomeação de juízes do Tribunal Constitucional. Com apoio do Exército e da Policia, o governo, depois de fechar o Parlamento, convocou eleições legislativas para o próximo dia 26 de janeiro e tenta colocar em funcionamento uma Comissão Permanente do Parlamento, para dar a aparência de normalidade ao funcionamento ditatorial adotado. As contradições no interior da burguesia e da direita, levaram a um confronto as instituições do Estado burguês, aprofundando a instabilidade do regime, que avança no caminho da sua desintegração. A crise atual é a continuidade da ação “lava jatista” levada adiante no Pe-
ru que, em 2016, provocou a renúncia do presidente eleito Pedro Kuczynski, diante de acusações de corrupção, e à posse do seu vice, o atual presidente. Em outras palavras, a crise no Peru, é um produto direto dos golpes de Estado impulsionados pelo imperialismo mundial, principalmente o norte-americano, em nosso Continente. Particularmente, é um subproduto do golpe no Brasil, uma vez que a operação golpista Lava Jato – comandada pelo Departamento de Estado dos EUA -, estendeu seus tentáculos por vários países da região. Governado pela direita e com uma economia frágil, o Peru foi um alvo fácil dessa operação. No país vizinho, formou-se uma “Lava Jato peruana”, uma máquina de perseguição a determinados setores sem vínculos mais profundos com o imperialismo norte-americano – neste momento – sobre o velho pretexto
do “combate à corrupção”, o que vem causando uma demolição em todo o regime político peruano, atingindo praticamente todos os partidos e políticos tradicionais do país. Dentre outros foram alvos dos conhecidos processos jurídicos “lavajatistas” contra a corrupção, Ollanta Humula, do Partido Nacionalista Peruano, que o governou o país de 2011 a 2016, Alan García, do APRA, que cumpriu dois mandatos na presidência (1985-1990 e 2006-2011), e Pedro Pablo Kuczynski, do Peruanos por el Kambio (PPK), que ficou no cargo de 2016 a 2018 — todos e terminaram ou presos (Humula e Kuczynski), ou cometendo suicídio (García), ou renunciando à presidência ( Kuczynski). Keiko Fujimori, filha ex-presidente “neoliberal” Alberto Fujimori (o FHC do Peru) e líder do partido Força Popular, também foi atingida pela operação e terminou presa. O pivô dessa crise foram as denuncias do pagamento de propina a esses e outros políticos pela, então, maior empreiteira brasileira, a Odebrecht que admitiu, em 2016, subornos de US$ 29 milhões, cerca de R$ 120 milhões, às autoridades peruanas entre 2005 e 2014. O que se destaca no Peru é a ausência, por hora, de uma alternativa política própria dos trabalhadores diante da crise que precisa ser construída com independência das duas alas da burguesias, totalmente impotentes diante do imperialismo golpista.
FORA IMPERIALISMO
Sanções contra a Venezuela são política genocida do imperialismo Imperialismo “humanitário” quer causar verdadeiro genocidio do povo venezuelano, com o objetivo de derrubar o governo Maduro A política criminosa do imperialismo norte-americano, em conluio com a União Européia, de impor sanções comerciciais à Venezuela, abre caminho para um verdadeiro genocídio contra o país latino-americano. Desde 2015, ainda sob o governo de Barack Obama, do Partido Democrata, os EUA , vem implementando uma série de políticas de restrições comerciais contra o povo venezuelano. A proibição de entrada de medicamentos no país é um verdadeiro crime causado pelos norte-americanos e pelos europeus. Estima-se que 300 mil pessoas estejam em uma situação de risco de vida devida à falta de acesso aos remédios, destinados contra doenças graves como HIV, câncer, entre outras. O governo Trump deu seguimento à política de sanções e confiscou cerca de US$ 5,5 bilhões do governo venezuelano, os quais estavam depositados em contas internacionais, em pelo menos 50 bancos e agências financei-
ras. Na última sexta-feira, a União Européia impôs mais uma sanção contra o país, tendo como desculpa de que o governo venezuelano teria supostamente assassinado um oficial em junho. As sanções implicam em proibi-
ções para viajar para os países membros do bloco europeu, além do congelamento de contas. Trata-se de uma verdadeira política de guerra do imperialismo, daqueles que se dizem “humanitários”, que se
preocupam com os “direitos humanos”, mas que na prática não pensam duas vezes na hora de impor uma política genocida contra toda uma população somente para ter os seus interesses políticos e econômicos atendidos. É preciso ter claro que essa política é parte da ofensiva golpista contra o governo de Nícolas Maduro. Nos últimos anos o imperialismo vem de todas as formas tentando derrubar o governo chavista, seja por meio de manifestações direitistas nas ruas, seja pela “eleição” de um fantoche vendido, como é o caso de Juan Guaidó, ou até mesmo por tentativas frustradas de golpe militar. É preciso denunciar essa política de guerra e sanções contra o povo venezuelano, a mesma que é imposta contra Cuba. É necessário defender o fim de todos os bloqueios e sanções, além de apoair de maneira incondicional a luta a luta do povo venezuelano e de seu governo contra o imperialismo. Fora Imperialismo da Venezuela!
10 | INTERNACIONAL
BREXIT
Boris Johnson vai para o tudo ou nada no Brexit Premier britânico decide que não abrirá novas negociações caso sua última rodada de negociações falhe O primeiro ministro britânico, Boris Johnson, definiu que deu sua última cartada em relação a saída da Grã-Bretanha da União Europeia. Sua proposta final era de não criar uma barreira física entre Irlanda (que permanecerá na UE) e Irlanda do Norte. A proposta seria, a princípio, para evitar que se retomem antigos conflitos armados na região. No entanto, tudo tem a ver com a questão das práticas comerciais que privilegiem as áreas de livre circulação de mercadorias. Nesse sentido, a discussão se apresenta como uma crise interna das frações da burguesia europeias e inglesas. Aqui os interesses são entre privilegiar o sistema financeiro e fiscal de um ou de outro. Aqui surge uma questão importante. Aonde está a esquerda em toda essa discussão? Desde o plebiscito manipulado há quase três anos, a esquerda tem se eximido da discussão sistematicamente. Devido ao fato de que os setores mais jovens e os trabalhadores terem opiniões diferentes sobre o Brexit, o Partido Trabalhista Inglês (Workers Party) não se
posicionou a respeito da fraude no plebiscito e nem se posiciona agora a respeito da tentativa de se implantar um neoliberalismo inglês. Essa ausência do posicionamento da esquerda é o que possibilita o espaço para o crescimento da extrema direita se desenvolver. Se eximir da posição política democrática é uma posição de ilusão, esperando alguma migalha do sistema financeiro. Nesse sentido é uma posição confusa da pequena burguesia que não dispõe de confiança política suficiente nas massas. A posição política correta seria de se colocar a favor de uma democracia proletária, defendendo a defesa dos direitos trabalhistas a todo custo e se opondo às exigências do mercado inglês ou europeu. Em suma, só assim é possível que a esquerda não fique mais a reboque dos bancos, fazendo o embate sistemático aos interesses das burguesia. Portanto, defender os trabalhadores através das pautas que estes levantem é ir ao encontro das massas e permitir que estas se organizem para a tomada do poder.
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MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
PRIVATIZAÇÕES DAS ESTATAIS
Caixa: presidente do banco reafirma intenção de privatizar banco Presidente da Caixa afirma de que há discussões para a abertura do capital do banco Nessa terça-feira (01) o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, em audiência pública na Comissão do Trabalho, Administração e Serviços Públicos (CTASP) da Câmara dos Deputados, reafirmou a intenção do governo ilegítimo de Bolsonaro de privatizar o único banco público do país, conforme já declarou em várias oportunidades o ministro da economia, Paulo Guedes, ao afirmar que, “se é para dar lucro, privatiza logo”. Na audiência pública, Guimarães admitiu que há discussão sobre a abertura de capital da Caixa. Não é por acaso que a direção golpista da Caixa vem realizando um processo de reestruturação na empresa, com o enxugamento do quadro funcional com a demissão, através dos famigerados PDV’s, de milhares de trabalhadores, fechamento de agências, se desfazen-
do das subsidiárias do banco (Lotex, o setor de seguridade), arrocho salarial, descomissionamento etc., ou seja, estão preparando o terreno para privatizar o único banco 100% público, que utiliza grande parte dos seus recursos para programas sociais. O office boy do Paulo Guedes à frente da Caixa tenta disfarçar ao afirmar que abrir o capital não é privatização. Tal afirmativa é apenas uma cortina de fumaça que a direita golpista tenta jogar nos olhos dos trabalhadores e da população, quando todo mundo sabe que o banco está na mira dos neoliberais, capachos dos capitalistas estrangeiros, principalmente o norte-americano, e a abertura do capital da empresa é parte da política de beneficiar meia dúzia de parasitas especuladores nas bolsas de valores de São Paulo e de Nova York.
“BOMBA” DE FINAL DE ANO
Secretaria de educação de SP muda regras de atribuição para 2020 Todo final de ano são publicadas as regras para a atribuição de aulas do próximo ano, a cada ano vem piorando. Com o final de ano, são publicadas as regras para a atribuição de aulas do ano seguinte, porém as regras sempre são uma “bomba” na cabeça dos professores efetivos e temporários. Esse ano não foi diferente, após todas as medidas arbitrárias e bárbaras do governador golpista e fascista João Doria, vem dificultar ainda mais a vida dos professores com novas regras de atribuição de aulas. Uma das mudanças é forçar os professores a pegarem o número máximo de aulas, pois serão mais bem pontuados, totalmente diferente da regra antiga em que os pontos eram contados por dias trabalhados. Essa mudança é um absurdo, pois professores mais novos terão mais pontos que os mais antigos. Isso fere os princípios do magistério, em que a experiência contava pontos e era requisito de classificação. Os pontos em caso de títulos, quando os professores passam em concurso, não serão mais computados. No caso de mestrado e doutorado, esses títulos valerão menos da metade do que valiam: mestrado, de 5 para 2 pontos e doutorado, de 10 para 4 pontos. Agora o que vai valer mesmo é o professor ficar em sala de aula, um absurdo, pois deveríamos reduzir o tempo com alunos e aumentar o estudo e o tempo livre dos docentes. Com a redução da jornada, diversos problemas na escola seriam resolvidos, como o número excessivo de licenças e aumento do número de au-
las, com isso, aumento de postos de trabalho, exclusividade em uma só escola, esse e outros problemas, como professores sem aula e horário coincidindo, pois isso ocorre devido ao número excessivo de aulas e ATPCs. A política de desmonte e sucateamento do magistério, continua criando dificuldades para o trabalho dos professores, além dos salários miseráveis e de condições inadequadas que provocam doenças em milhares de professores da rede estadual de ensino. Somente a mobilização da categoria em escala nacional, com ocupação de escolas vai reverter essas e outras arbitrariedades promovidas pelos golpistas de plantão.
A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade
12 | MOVIMENTO OPERÁRIO
CAMPANHA SALARIAL DOS CORREIOS
TST dá golpe: trabalhador grevista dos correios fica sem aumento O TST retirou direitos dos trabalhadores dos Correios Na tarde de quarta-feira (02-10) o golpista TST (Tribunal Superior do Trabalho) julgou o dissídio coletivo de trabalho da categoria dos Correios. O tribunal golpista, com seus juízes biônicos, decidiram a campanha salarial da categoria ecetista após atacar a greve, de 7 dias, que foi realizada pelos trabalhadores dos Correios. A audiência começou com o tradicional cinismo dos ministros do TST que decidiram que a greve da categoria era legal, no entanto, os ministros golpistas autorizaram a direção dos Correios a cobrar os dias de greve da categoria em três parcelas, mostrando que, na verdade, os ministros do TST são os inimigos do direito de greve no país. Na sequência, foi julgada a questão do acordo coletivo de trabalho, em
que os ministros atacaram definitivamente o plano de saúde da categoria, oficializando que os pais e mães dos funcionários dos Correios não podem mais utilizar os serviços do plano. Os ministros golpistas ainda continuaram indicando apenas 3% de reajuste nos salários e demais benefícios da categoria, sequer repondo o índice inflacionário (expurgado) do governo. Por fim, mantiveram o acordo atual, mostrando que no TST os trabalhadores nunca ganham nada, só perdem seus direitos. É preciso organizar a categoria em comitês de luta contra a privatização dos Correios e levar, junto a isso, a campanha pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, eleições gerais e liberdade para Lula.
ACIDENTES DE TRABALHO
Frigorífico Aurora completa 50 anos de péssimas condições de trabalho Os trabalhadores em frigoríficos sofrem com as péssimas condições de trabalho, os patrões fazem acordo, não cumprem e são multados Em 2019, a Cooperativa Central Aurora completa 50 anos, este conglomerado, que tem hoje mais de 28 mil trabalhadores, sendo a maior parte instalada nas cidades de Santa Catarina, porém, existem várias unidades espalhadas pelo país, inclusive com centros de distribuição. O conglomerado industrial da Cooperativa Central Aurora tem um dos maiores parques industriais do setor de carnes do Brasil e, também, um dos maiores responsáveis pelos graves acidentes e doenças aos seus funcionários e, assim como nos demais frigoríficos, os patrões procuram sempre esconder tamanha tragédia, ou seja, gastar com proteção e segurança não são importantes, o lucro, sim. No mês de maio, um dos frigoríficos da Cooperativa Aurora, o de Sarandi, localizado nesse município do Paraná, foi interditado devido a várias irregularidades constatadas pelo Ministério Público do trabalho (MPT). O tratamento escravo é permanente A investigação se deu com o propósito de verificar se as exigências de uma investigação realizada anteriormente tinham sido solucionadas e, o que os fiscais notaram, foi o aumento das irregularidades. Foram anotadas 21 irregularidades. São elas:
1 – Atividades de insensibilização (atordoamento) 2 – sangria 3 – corte no setor de espostejamento 4 – arquear paleta 5 – serrar a ponta do carré (bisteca) – arremesso de peça de cinco quilos para chute do outro lado da esteira – 6 – serrar a ponta da costela especial (arremesso para a linha do meio) 7 – preparar/limpar sobrepaleta 8 – desossar o pernil 9 – atividades de movimentação de
cargas nos diversos setores 10 – movimentação manual de cargas com praleteiras manual nos diversos setores 11 – empurrar cargas nos diversos setores 12 – máquina de montagem de caixas de papelão 13 – quatro máquinas de serra-fita do setor de espostejamento 14 – máquina de beneficiamento de tripas 15 – desbobinadeira de tripas 16 – centrífuga de estomago na sala
de cozimento 17 – misturadeira na sala de preparação de massas 18 – abertura chute para descarte de produtos com alterações sanitárias 19 – Túnel de escaldagem 20 – atividade de serrar carcaça no abate limpo 21 – atividade de retirar cabeça e pé no abate limpo No frigorífico sequer tinha chuveiro para os funcionários tomarem banho e tinham que cumprir horários muito acima dos que são estipulados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), ou seja, de oito horas diárias. No mês de setembro, apesar dos donos da Cooperativa Central Aurora terem se comprometido a solucionar os problemas através de um acordo de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), o que houve foi o completo desprezo quanto à sua regularização, tendo sido multados em cerca de um milhão e cem mil reais. Para os patrões do Aurora, não importam as péssimas condições de trabalho de seus funcionários, desde que o lucro aumente e o volume de suas contas bancárias aumente cada vez mais.
CIDADES | CULTURA | 13
FORA BOZO, LIBERDADE PARA LULA
Embu das Artes: Fora Bolsonaro toma conta de manifestação na Câmara A melhor aula prática do ano: jovens subverteram as monótonas e inodoras sessões da Câmara Municipal que homenageava a GCM local, que sempre reprime jovens Fora Witzel!…, Fora Bolsonaro: a melhor aula prática do ano na Câmara Municipal de Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo. Era pra ser protocolar a presença de uma centena de jovens das escolas da periferia de Embu das Artes, EE Ede Wilson Gonzaga, do Jardim São Luiz, e EE Odete Maria de Freitas na Câmara Municipal de Embu das Artes, na manha de 4ª feira (02/10). Era para conhecer na prática a rotina, o dia a dia, de um dos 3 poderes, no caso, o Poder Legislativo Municipal. Desenvolvia-se a regular reunião ordinária semanal dos 17 vereadores da cidade.
Não contavam os 12 vereadores bolsonaristas da cidade com a entrada em cena dos jovens integrantes do Comitê de Luta Contra o Golpe da cidade. A venda de jornais Causa Operária, com garrafais manchetes de Fora Witzel, Fora Bolsonaro, distribuição de panfletos, adesivos de Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula, e ainda suplemento local do jornal Causa Operária, denunciando Sequestro de Autos e Motos por PMs. Os panfletos escoaram como água. O estoque de adesivos Fora Bolsonaro e Liberdade se esvaiu em instantes. Os adesivos foram prontamente colados na lapela ou orgulhosamente exibidos pelos jovens.
O incômodo provocado à bancada bolsonarista foi tamanho, que vereador Bobilel, subiu às pressas à tribuna para denunciar a Pátio Master, verdadeira indústria de extorsão de proprietários de motos ou carros apreendidos pela Polícia Militar e Guarda Civil Municipal para, em seguida, serem liberados mediante pagamento de resgate de R$ 500, R$ 800, R$ 1.500, 3 ou 4 mil. Os edis de Embu das Artes tiveram oportunidade presenciar o mundo real graças à oportuna intervenção do Comitê de Luta Contra o Golpe. Manifestação espontânea e surpreendente dos jovens A melhor aula prática do ano. Subver-
teu as monótonas e inodoras sessões da Câmara Municipal que homenageava a GCM local, por parar o trânsito e deixar que um idosa pudesse atravessar a rua em segurança, que fora do filmete de propaganda ninguém jamais viu. Ao contrário, jovens sentem na pele a cotidiana repressão por parte da GCM. Qualquer que seja a aglomeração de população de forma espontânea, uma explosão popular que toma conta do ambiente, seja no carnaval, no Rock in Rio, ou em uma burocrática e sonolenta sessão da Câmara Municipal, a pauta que toma conta sempre é Fora Bolsonaro, Liberdade para Lula!
PRÊMIO DA MPB FOI CANCELADO
CINEMA NACIONAL
“Clima instável”: golpistas e empresários esvaziam verbas da cultura
Sucesso de Bacurau é um sintoma da evolução à esquerda no País
O Prêmio da Música Brasileira, mais importante do gênero no Brasil, com 32 anos de tradição, foi cancelado por falta de verbas. Pela primeira vez em 32 anos, o Prêmio da Música Brasileira – criado por José Maurício Machline – foi cancelado. O evento contava com o patrocínio de empresas, dentre as quais a Petrobras era a principal. Entretanto, com o regime obscurantista de Bolsonaro, a Petrobras anunciou em abril que não participaria das próximas edições. Machline vinha buscando discretamente outras fontes de patrocínio até agora, mas acabou declarando o cancelamento da atividade, devido ao “clima instável”. O artista, que havia se tornado uma espécie de curador da Música Popular Brasileira, confessou que as empresas privadas não quiseram investir. O prêmio já promoveu trabalhos de artistas como Ari Barroso, Baden Powell, Zé Keti, Clara Nunes, Noel Rosa, Tom Jobim, Dona Ivone Lara, Maria
Bethânia, Angela Maria, Elis Regina, Gilberto Gil, João Bosco. Mas não se tratava de uma competição que concentrava apenas a elite da música brasileira, sendo também um espaço importante para artistas novatos. Mais um importante patrimônio cultural que vai se perdendo, reflexo da hostilidade do regime golpista contra a cultura. Uma hostilidade que além de ideológica, também é financeira. Desde os ataques da extrema-direita aos artistas, à censura de exposições de arte e ao cinema, à militarização das escolas, temos um governo que ataca a capacidade de expressão de seu povo. No ano passado, os artistas homenagearam o ex-presidente Lula e pediram sua liberdade na noite de premiação. A música popular também é um elemento de politização – tudo o que o regime golpista não quer.
Na última semana, o filme Bacurau, escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho em parceria com Juliano Dornelles, superou a marca de meio milhão de pessoas que foram aos cinemas do Brasil inteiro assistir à obra. Em linhas gerais, o longa trata de uma pequena cidade do sertão brasileiro que, ao perder a matriarca do local, precisam enfrentar ameaças estrangeiras, obrigando a população de Bacurau a assumir uma postura de luta e resistência contra os ataques do imperialismo. O filme parece ser fruto da atual conjuntura política, que vem cada vez mais acentuando uma polarização deveras necessárias para que não só a classe trabalhadora se movimente contra os ataques do governo golpista, mas para que a esquerda em geral saia da inércia e pare de esperar que a justiça burguesa resolva as crises sociais, políticas e econômicas que se desenvolvem na sociedade capitalista. Escritores, atores, diretores, músicos e artistas em geral vêm se sentindo mais à vontade para expor suas posições políticas à esquerda, pois, aos poucos, percebem as contradições de classe. Esse sucesso de Bacurau se dá, principalmente, porque o filme é reconhecidamente de esquerda, pois retrata a luta de um povo pobre do nordeste em defender suas terras dos ataques dos estrangeiros, que, pela lógica, pode-se atribuir ao imperialismo, que é mundialmente conhecido por tentar explorar as riquezas dos países pobres. O próprio diretor da obra, Kleber Mendonça, chegou a afirmar que a direita só começou a falar de Bacurau depois que a esquerda começou a divulgar e discutir a obra. O sucesso do filme, então, mostra não só a polarização, mas que a polarização está pendendo muito claramente à esquerda. Se fosse o contrário, se a direita estivesse dominando
o panorama político, o filme seria boicotado ou algo assim. Claro que o governo golpista de Bolsonaro, que ameaça todo tipo de cultural, tentou prejudicar de alguma forma a divulgação do filme, durante as gravações de Bacurau, o governo federal exigiu que Kleber Mendonça devolvesse cerca de 2,2 milhões de reais, que era parte do auxílio recebido para Aquarius, outro filme de sucesso de Mendonça que repercutiu muito por ser uma crítica à direita, além do próprio Mendonça usar a divulgação do filme para denunciar o golpe de 2016. Sobre essa exigência do governo, Mendonça disse que: “E justo quando se anunciou que estávamos vindo para Cannes voltaram a levantar o assunto na imprensa. Não é uma coincidência”. Antes da estréia de Bacurau, Mendonça foi questionado se, assim como Aquarius, essa obra também teria protestos em Cannes, ao que ele responde: “A diferença é que, em 2016, quisemos informar ao mundo que o rito democrático não estava sendo cumprido no Brasil. Hoje, por outro lado, o mundo tem pleno conhecimento (do que está acontecendo no país) . Nosso protesto é apresentar um filme foda sobre o Brasil e exibi-lo em Cannes. Digo apenas que é um filme sobre o Brasil e o mundo de hoje.” Não há dúvidas que a direita se sente incomodada com essas obras que denunciam a situação caótica em que se encontra o Brasil, com cortes em diversas áreas importantes, como lembra o próprio Mendonça, como saúde e educação, além de estar destruindo toda a estrutura cultural do País. E, o principal, como retratado no filme, a mão dos estrangeiros, do imperialismo, está sempre por trás desses ataques que aviltam populações inteiras a fim de transformá-las em colônias de exploração.
14 | MULHERES | JUVENTUDE
SAÚDE DA MULHER
Direita golpista tenta barrar aumento da licença-maternidade Por isso, a luta das mulheres deve se dar entorno da derrubada do capitalismo, pois só assim poderão ser plenamente emancipadas dos grilhões da exploração e opressão Em recente entrevista à Folha e UOL, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humano, Damares Alves, defendeu o aumento da licença-maternidade. No caso das mulheres o aumento seria de 6 meses para um ano, e dos homens para dois ou três meses, em vez dos poucos dias que têm direito. De forma acertada, por incrível que pareça, Damares traz essa pauta de suma importância para as mulheres que terão filhos, mas objetivando outros resultados que vão divergir totalmente da esquerda, por exemplo. Fica subentendido que, para ela, os pais devem passar mais tempo em casa para que consigam controlar o que os filhos aprenderão ou não, já que os conservadores consideram tudo “esquerdista” demais para seus filhos, além de tentar esconder deles conversas sobre sexualidade, drogas, homossexualidade etc. Contudo, esse não é o ponto alto da questão. Janaína Pascoal, autora do impeachment de Dilma Rousseff, vítima de um golpe da direita que se infiltrou no poder, afirma que aumentar a licença-maternidade
é uma medida que pode prejudicar a mulher no mercado de trabalho. Janaína, conhecida também como “Jana” entre seus amigos mais íntimos, como Marcelo Freixo, afirma que concorda com a lógica de Damares, mas “que tal modificação findaria por prejudicar as próprias mulheres, que deixariam de ser contratadas. Fatalmente, o prejuízo à carreira das mulheres implicaria prejuízo às próprias crianças, pois muitos lares são sustentados, exclusivamente, por mulheres. Podemos até pensar em estímulos para que mulheres com filhos pequenos possam trabalhar meio período” Ou seja, a autora do impeachment prefere que as mulheres continuem com um período muito curto de licença-maternidade, do que lutar para que as empresas sejam totalmente responsáveis pelas trabalhadoras e que garantam que não serão demitidas ou simplesmente não contratadas por serem mulheres. É o pensamento genuinamente burguês e conservador, que não tira os olhos da produção, da mão-de-obra barata, que pouco se
importa com a saúde da mulher trabalhadora, pois sabe que alguém sempre aceitará o mesmo emprego por um salário menor. A situação de uma pessoa que tem um filho é sempre complicada em relação ao trabalho, principalmente no primeiro ano, quando a criança é mais vulnerável, depende mais da mãe e da amamentação, é uma crueldade grande fazer com que as mulheres voltem ao trabalho após somente seis meses, principalmente porque, em geral, são empregos desgastantes, com trajetos cansativos e longos, fora o serviço doméstico, que acaba sempre ficando na conta da mulher. Como os filhos não são feitos sozinhos, é óbvio que os homens devem assumir seu papel de pai e, por isso, receber o mesmo tempo de licença-maternidade, algo que também evitaria o diagnóstico de Janaína, que mulheres começariam a arranjar menos emprego do que homens, algo que, na verdade, já acontece. As mulheres já possuem muitos obstáculos na sociedade capitalista, a
maternidade é uma delas, ao mesmo tempo que a sociedade conservadora nega o direito ao aborto legal e seguro, quando a mulher acaba tendo o filho a sociedade capitalista e conservadora também lhe nega o direito de passar mais tempo com a criança, tendo que colocá-la rapidamente numa creche para poder trabalhar, contudo, o número de creches é insuficiente, sendo que muitas estão sendo fechadas ou possuem filas de espera enormes. A mulher pode recorrer a uma creche particular, mas em todo esse percurso ela já perdeu o emprego, e esse ciclo se perpetua pela vida da mulher trabalhadora. Por isso, a luta das mulheres deve se dar entorno da derrubada do capitalismo, pois só assim poderão ser plenamente emancipadas dos grilhões da exploração e opressão que tanto sofrem, no caminho, a luta é pela conquista de uma licença-maternidade justa, pelo direito ao aborto legal, por creches públicas suficientes e empregos estáveis que não as discriminem pelo simples fato de serem mulheres.
FORA BOLSONARO
EXTERMÍNIO DA JUVENTUDE
Estudantes se mobilizam em todo o país contra Bolsonaro
Governo fascista: seguem os assassinatos de jovens no RJ
Manifestantes foram às ruas nos dias 2 e 3 de outubro pedindo a derrubada do governo fascista, inimigo da educação de Jair Bolsonaro.
A política que o governador Witzel, conhecido por suas táticas fascistas, vem implantando no RJ só tende a aumentar o número de mortes dos filhos da classe trabalhadora
Diante da série de ataques que a educação vem sofrendo por parte do governo golpista de Jair Bolsonaro, estudantes, professores e trabalhadores da educação saíram as ruas nos dias 2 e 3 de outubro para denunciar a destruição provocada pelo governo e seus projetos de privatizações. Os atos estão sendo realizados desde ontem (dia 2) em todas as capitais do país. Convocados pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e UNE (União Nacional dos Estudantes), serão dois dias de paralisação. Apesar dos atos serem menores do que os primeiros do mês de
No último fim de semana, foram encontrado os corpos de três jovens mortos nos fundos de uma garagem de ônibus, em Nova Iguaçu, no Rio Janeiro. Dois dos jovens eram irmão e o terceiro era primo deles. Ambos foram encontrados com marcas de tiro e agressão física pelo corpo. Os garotos haviam saído à noite, porém não voltaram na manhã seguinte e a moto está desaparecida até agora. Ainda na mesma região de Nova Iguaçu, outros corpos foram encontrados vítimas de mortes violentas, incluindo um senhor que era catador e teve sua casa invadida. Os crimes ainda estão sendo investigados, mas dificilmente terão alguma resposta, assim como a maioria dos homicídios de pessoas pobres do País. Essa realidade de violência está sendo recrudescida pelo governador fascista do Rio, Wilson Witzel, que dá carta branca para a polícia agir, e não alterou de nenhuma forma para melhor a questão dos homicídios. Segundo o Centro de Pesquisas do Ministério Público do Rio de Janeiro, a realidade é bem ao contrário. Uma pesquisa desse Centro mostra que a letalidade policial não reduz o número de crimes no estado, além de afirmar que o número de mortes que ocorrem
maio, agora as manifestações estão claramente pedindo a derrubada do governo fascista e não só a luta por reivindicações parciais, como a “luta pelos cortes da educação”. Palavras de ordem como: FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS estão sendo gritadas em todo canto do país por todo o povo e trabalhadores, que já entenderam que o caminho para derrotar todos os golpistas inimigos do povo é acabar com o regime político golpista de conjunto. Esse é o único caminho que pode levar a uma verdadeira vitória da juventude, dos trabalhadores e toda população.
em ações policiais não tem relação com a redução da criminalidade. Isso significa, basicamente, que a política ostensiva de Witzel contra a população pobre só faz aumentar o número de mortes, principalmente a de jovens como os três meninos que foram encontrados mortos em Nova Iguaçu. Isso quando não são “confundidos” com bandidos pela polícia racista e vítimas de bala “perdida” que, incrivelmente, só encontra a classe trabalhadora e seus filhos. É uma clara política de extermínio da juventude no País e no Rio de Janeiro, pois dificilmente o Estado se mobiliza a resolver esses homicídios quando se trata da juventude pobre e negra, afinal, não servem de nada para a burguesia. Quando esses jovens não são mortos pelas mãos do principal aparato de repressão do Estado, a polícia, que age de forma atroz nos bairros pobres, acabam morrendo pela criminalidade que só tende a crescer, enquanto o Brasil se afunda na crise econômica. De qualquer forma, esses jovens não possuem nenhum tipo de segurança que os garanta sair de casa e ter a certeza que voltarão, principalmente quando se trata das favelas onde há intervenção militar.
JUVENTUDE | 15
JUVENTUDE
Conselheiros tutelares serão eleitos neste domingo Em tempos de diversos ataques à juventude, praticados pelo governo golpista e conservador, os eleitores devem pesquisar muito bem em quais Conselheiros irão votar Neste próximo domingo (6), acontece a eleição que irá escolher os novos Conselheiros Tutelares no Rio de Janeiro. A votação, que acontecerá das 9h às 17h, conta com a participação de todos os eleitores do estado e visa escolher os representantes da população carioca que irão lutar pelos direitos da criança e do adolescente. O Tribunal Regional Eleitoral do RJ estabelece que a urna eletrônica pode ser utilizada somente nos municípios com mais de 200 mil eleitores, como é o caso do Rio, Belford Roxo, Campo dos Goytacazes, Duque de Caxias, Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis, além de São Gonçalo, São João do Meriti, Volta Redonda e Cabo frio. Nos 81 municípios restantes, a votação será feita manualmente, com urnas de lona. O eleitor deverá apresentar o título eleitoral e documento de identidade para poder votar e, de preferência, levar também o comprovante de voto da última eleição, a fim de encontrar com mais agilidade sua seção eleitoral e zona. O eleitor só poderá votar nos candidatos de seu domicílio eleitoral, além disso, as escolas onde irão ocorrer as votações serão indicadas pelo CDCA-Rio. Em tempos de ataque à juventude, principalmente negra e pobre, é de extrema importância que esses conselheiros sejam escolhidos com a maior responsabilidade possível, pois, de muitas formas, terão responsabilidades que afetarão a vida de centenas de jovens que passam algum tipo de agrura, os julgamentos moralistas devem estar longe da ótica dos conselheiros. Competências do Conselhos Tutelares • O Conselho Tutelar foi criado conjuntamente ao ECA, instituído pela Lei 8.069 no dia 13 de julho de 1990. Órgão municipal responsável por zelar
pelos direitos da criança e do adolescente, deve ser estabelecido por lei municipal que determine seu funcionamento tendo em vista os artigos 131 a 140 do ECA. • Formado por membros eleitos pela comunidade para mandato de três anos, o Conselho Tutelar é um órgão permanente (uma vez criado não pode ser extinto), possui autonomia funcional, ou seja, não é subordinado a qualquer outro órgão estatal. • A quantidade de conselhos varia de acordo com a necessidade de cada município, mas é obrigatória a existência de, pelo menos, um Conselho Tutelar por cidade, constituído por cinco membros. • Segundo consta no artigo 136 do ECA, são atribuições do Conselho Tutelar e, consequentemente, do conselheiro tutelar, atender não só as crianças e adolescentes, como também atender e aconselhar pais ou responsáveis. • O Conselho Tutelar deve ser acionado sempre que se perceba abuso ou situações de risco contra a criança
ou o adolescente, como por exemplo, em casos de violência física ou emocional. Cabe ao Conselho Tutelar aplicar medidas que zelem pela proteção dos direitos da criança e do adolescente. Para informações completas das atribuições do Conselho Tutelar. • Apesar de muitas pessoas acharem o contrário, o Conselho Tutelar não tem competência para aplicar medidas judiciais, ou seja, ele não é jurisdicional e não pode julgar nenhum caso. Exemplificando: quando um adolescente (12 à 18 anos) comete um ato infracional (crime), quem deve ser acionado para o atendimento é a Polícia Militar, e não o conselho tutelar. Este sim deve ser chamado quando o mesmo ato infracional for cometido por uma criança (com até 12 anos de idade incompletos). • Por se tratar de um órgão, parte do aparato de segurança pública municipal, não pode agir como órgão correcional. Em resumo, é um órgão ‘zelador’ dos direitos da criança e do adolescente. Não é função do Conselho Tutelar fazer busca e apreensão de
crianças e/ou adolescentes, expedir autorização para viagens ou desfiles, determinar a guarda legal da criança. • O conselheiro tutelar deve sempre ouvir e entender as situações que lhe são apresentadas por aquele que procura o Conselho Tutelar. Somente após a análise das situações específicas de cada caso é que o conselheiro deve aplicar as medidas necessárias à proteção dos direitos da criança e/ou adolescente. Cabe ressaltar que, assim como o juiz, o conselheiro aplica medidas, ele não as executa. Portanto, o interessado deve buscar os poderes necessários para execução dessas medidas, ou seja, poder público, famílias e sociedade. • O processo de escolha dos conselheiros tutelares deve ser conduzido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (órgão que deve ser criado e estar funcionando antes do Conselho Tutelar). • Para ser conselheiro tutelar é necessário ter 21 anos completos ou mais, morar na cidade onde se localiza o Conselho Tutelar e ser de reconhecida idoneidade moral. Outros requisitos podem e devem ser elaborados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. É indispensável que o processo de escolha do conselheiro tutelar busque pessoas com um perfil adequado ao desenvolvimento da função, ou seja, alguém com disposição para o trabalho, aptidão para a causa pública, e que já tenha trabalhado com crianças e adolescentes. • É imprescindível que o conselheiro tutelar seja capaz de manter diálogo com pais ou responsáveis legais, comunidade, poder judiciário e executivo e com as crianças e adolescentes. Para isso é de extrema importância que os eleitos para a função de conselheiro tutelar sejam pessoas comunicativas, competentes e com capacidade para mediar conflitos.
16 | MORADIA E TERRA | ESPORTES
ATAQUE AO MST
PE: defender o Centro Paulo Freire do Incra bolsonarista A política de Bolsonaro de avançar sobre assentamentos, privatizar terras, dar títulos individualmente e passar área coletiva para o Estado. O INCRA fez pedido de reintegração, autorizado pelo Juiz Tiago Antunes Aguiar, da 24ª Vara Federal, do terreno onde está localizado o maior centro de formação do MST (movimento dos trabalhadores Rurais Sem Terra) no Nordeste, que está à beira do despejo, em Pernambuco. O local foi acertado com o próprio INCRA desde de 2008 , para destinar a cursos e capacitações de agricultores. O centro de formação Paulo Freire tem 52 alojamentos e um auditório. Entre as especialidades estão 38 turmas do curso técnico de Práticas em Agroecologia, conhecido como – pé no chão- e mais de 1.500 agricultores especializados em produção de alimen-
tos saudáveis e fornece merendas para escolas dos municípios do agreste, Zona da Mata e para o Recife O INCRA Bolsonarista, que deseja exterminar todo o povo brasileiro, agora ataca o MST, e em resposta a essa ofensiva, o dirigente do MST, Jaime Amorim, afirma que o movimento não vai se retirar voluntariamente. “Nós vamos organizar os assentados que estejam dispostos e faremos de Normandia um processo de luta importante. A partir do sábado, montaremos um acampamento permanente”, disse Amorim. O movimento planeja realizar atividades políticas e culturais na entrada do assentamento, às margens da BR-232, em Caruaru.
O que está por traz dessa decisão é a política de Bolsonaro de atacar todas os centros políticos das organizações. Jaime, também denuncia que o governo Bolsonaro já traçou um caminho para atacar o MST através da burocracia estatal. “Como eles podem enfraquecer o movimento? Acabando com nossas conquistas reais. Então pararam o processo de reforma agrária. E agora tentam avançar sobre nossos assentamentos, privatizando as terras, dando títulos individualmente e passando a área coletiva para o Estado”. Instituições consolidadas, que beneficiam a milhares de pessoas, não po-
dem ser atacadas por esta política autoritária e personalista de Bolsonaro, que entende que o estado é sua propriedade e que ele pode destruir, desmontar, atacar a seu “bel prazer”, com alegações infundadas, que tem como objetivo verdadeiro destruir todas as organizações de esquerda que exitem no Brasil, organizações estas, que pretendem defender melhores condições de vida para todos e todas. É urgente a necessidade de nos organizarmos e tomarmos as ruas com nossas bandeiras, cartazes, faixas e gritarmos Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Liberdade para Lula e chamar eleições gerais com Lula candidato.
UM ATAQUE À CULTURA NACIONAL
Por que direita faz propaganda de que Brasil não é o País do futebol? O imperialismo precisa destruir, desmoralizar para conquistar. Este jornal e as publicações de esporte da Causa Operária TV e da imprensa do PCO vêm denunciando, há muito tempo, a campanha contra o futebol brasileiro colocada em marcha pelo imperialismo, como forma de desmoralizar o povo brasileiro naquilo que é uma das manifestações culturais genuínas da população. Acumulam-se ataques contra a Seleção Brasileira, contra os jogadores, contra os clubes – que agora querem transformar em empresas -, fazem propaganda de que os campeonatos e times europeus são melhores que os brasileiros e por aí vai. A campanha é muito intensa e tem um objetivo econômico: ao convencer que o futebol brasileiro não tem qualidade, mais facilmente os monopólios imperialistas conseguem se apoderar do mercado de jogadores e torcedores
brasileiros. Além disso, atacar um aspecto importante da formação da cultura nacional é uma condição para a dominação do povo brasileiro. É uma propaganda ideológica que serve para desmoralizar um sentimento nacional, que é o orgulho do brasileiro pelo seu futebol. É sempre bom destacar que nos países oprimidos, como é o caso do Brasil, o sentimento nacional tem um sentido progressista e muitas vezes até revolucionário. No último período, vem ganhando destaque na imprensa golpista, sucursal da imprensa imperialista no País, a ideia de que o “Brasil não é mais o País do futebol”. A primeira a se manifestar nesse sentido foi a revista Veja, que publicou matéria distorcendo completamente o resultado e uma pesquisa feita pelo DataFolha sobre o tamanho das torcidas de cada time. Veja usou
o índice de 22% dos entrevistados dizerem que não torcem para nenhum time para questionar se o Brasil era mesmo o País do futebol. Uma distorção completa, já que não precisa ser nenhum especialista para saber que 78% dos entrevistados torcem para algum time e, mais ainda, os que dizem não ter um time não necessariamente são avessos ao futebol. O único objetivo dessa conclusão forçada é fazer propaganda ideológica contra o futebol brasileiro. Esta semana, a imprensa golpista deu destaque a outras manifestações sobre o Brasil não ser mais o país do futebol. Uma foi a entrevista do ex-jogador da seleção, Zé Carlos, para o Globo Esporte. O jogador fez algumas críticas, naturalmente confusas, sobre a estrutura atual do futebol brasileiro. Mas o destaque que a imprensa deci-
diu dar foi justamente para a afirmação do jogador dizendo que “ainda dizem que é o país do futebol. Não é mais”. O destaque a essa frase é parte da campanha a que nos referimos. Outro que decidiu atacar foi o bolsonarista Décio Brasil, secretário especial de Esporte do Ministério da Cidadania. Segundo ele, em entrevista para a TV Brasil “o futebol brasileiro está na UTI, só esperando alguém tirar o tubo para ele morrer.” A imprensa fez questão de apresentar a declaração enfatizando a desmoralização do futebol, ainda que a própria fala do secretário não seja uma crítica ao futebol em si. Tudo isso é parte de uma campanha articulada contra o futebol brasileiro. Não há coincidências. Há uma política clara para a conquista do mercado brasileiro, principalmente no momento de crise dos monopólios europeus.
FORA VAR
Agora, na Libertadores, VAR é novamente o principal jogador em campo Na semi-final da Libertadores, VAR tem atuação destacada Na partida de ida da semi-final da Copa Libertadores da América, ocorrida nesta quarta-feira em Porto Alegre, o principal jogador não foi nenhum dos 22 que entraram em campo, mas, mais uma vez, o arbitro de vídeo, o VAR. O jogo disputado entre os clubes brasileiros, Grêmio e Flamengo, terminou no empate, 1 a 1. Todavia, o árbitro de vídeo interferiu no resultado, anulando três gols do clube carioca. Os atacantes Everton Ribeiro e Gabigol tiveram seus gols anulados pelo juiz argentino Nestor Pitana, com auxilio do VAR.
Independente dos erros e acertos, a atuação do árbitro de vídeo, denominado corretamente de “vídeo para arrumar resultado”, é um verdadeiro instrumento de manipulação dos resultados, pois o mesmo é controlado externamente pelos cartolas, empresários e a própria imprensa golpista que detém o controle das imagens. Ou seja, o VAR possibilita a manipulação aberta dos jogos a favor dos interesses daqueles que comandam economicamente o esporte. Isto pode ser visto claramente na Copa do Mundo, onde o VAR foi o jogador decisivo para a vitória da sele-
ção francesa. Em outros jogos, como em uma partida entre Atlético Paranaense e Flamengo, pelo campeonato brasileiro, o VAR causou uma situação grotesca, parecida com a da última quarta-feira, anulando nada mais, nada menos, do que quatro gols do clube paranaense. Em nome de impor um “código de ética” no futebol, por meio do árbitro de vídeo, aqueles que detém o monopólio econômico deste esporte, que lucram valores bilionários todos anos, têm caminho aberto para estabelecer quais resultados poderão lhes favorecer. Em resumo, é a morte do futebol.
É preciso fazer uma campanha entre jogadores e torcedores contra o VAR. Exigir o fim desse instrumento fajuto de manipulação dos jogos.
As denúncias e polêmicas que não saem nos outros jornais
SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA O jornal Causa Operária é o mais tradicional jornal da esquerda nacional, um semanário operário, socialista que contém notícias e análise de interesse para as lutas operárias, populares e democráticas. Adquira o seu com um militante do partido por apenas R$2,00 ou entre em contato pelo número 11 96388-6198 e peça já o seu exemplar