TERÇA-FEIRA, 22 DE OUTUBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5803
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Reta final da convocação: toda força ao ato do dia 27!
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entenas de ativistas de todo o País estão empenhados com todas as energias concentradas nesta semana para um único e só objetivo: envidar todos os esforços para fazer do dia 27 de outubro um marco na luta nacional em defesa da liberdade do ex-presidente Lula, que se encontra preso pelos algozes golpistas que encenaram uma farsa jurídica grotesca para impedir Lula de se candidatar ao cargo máximo do país, nas eleições de 2018, operação que garantiu, de forma fraudulenta, a eleição de um governo fantoche do imperialismo, de extrema direita, que vem aplicando no País uma política de terra arrasada contra os trabalhadores e o conjunto da população explorada do pais.
Convulsão social geral na América Latina e no mundo O último final de semana ficou marcado pela explosão de protestos violentos no Chile, desencadeado pelo aumento da passagem de metrô. O saldo desses dias até agora foi a morte de 11 pessoas e a detenção de quase 1.500.
Comitê Nacional Lula Livre, PT, CUT se unem ao PCO e Comitês no dia 27 Nesta segunda, dia 21, o Comitê Nacional Lula Livre, realizou reunião nacional, em São Paulo, contando com a presença da maioria das principais entidades que compõe a entidade e participam regulamente de suas atividades como partidos de esquerda, como PT, PCdoB, PCO e PSOL; entidades do movimento sindical, como a Central Única dos Trabalhadores, e do movimento de luta dos trabalhadores da cidade e do campo, como o MST
27 de outubro: mais de 10 mil pessoas já são esperadas em Curitiba O ato do próximo domingo, em defesa da liberdade de Lula e pela anulação de todos os processos contra ele, já mobiliza milhares de militantes por todo o País
Povo chileno quer o Fora Piñera Os protestos que se iniciaram no final da semana passada no Chile não são apenas contra o aumento das tarifas do transporte público. O governo reacionário do presidente Sebastián Piñera anunciou uma alta de 3,75% nas passagens do metrô, levando ao estopim de uma indignação popular que já dura muito mais tempo.
Piñera está em guerra contra a população do Chile
Fora Piñera! Fora Bolsonaro! Fora Moreno!
2 | OPINIÃO E POLÊMICA EDITORIAL
COLUNA
Convulsão social geral na América Latina e no mundo
Povo negro deve ir a Curitiba: liberdade de Lula e de todos os presos Por Juliano Lopes
O último final de semana ficou marcado pela explosão de protestos violentos no Chile, desencadeado pelo aumento da passagem de metrô. O saldo desses dias até agora foi a morte de 11 pessoas e a detenção de quase 1.500. Foi a primeira vez, desde a ditadura sanguinária de Augusto Pinochet, que as Forças Armadas foram colocadas nas ruas para reprimir o povo. O Estado de Emergência foi decretado. Tudo isso foi feito pelo presidente direitista, Sebastián Piñera, que diferente do que se pode pensar, não é um elemento da extrema-direita como Bolsonaro, mas um elemento da direita tradicional como o PSDB no Brasil, mostrando que a política repressiva, anti-povo e de ataques econômicos pertence em primeiro lugar à própria direita tradicional, pró-imperialista. Os episódios no Chile vêm se juntar ao que aconteceu em outros países latino-americanos. No Equador, uma revolta popular desencadeada pelo aumento no preço dos combustíveis levou multidões às ruas contra o golpistas Lenín Moreno. Embora a mobilização tenha sido gigantesca, obrigando inclusive em determinado momento a mudança da sede do governo da capital para outra cidade, a reação da direita também foi repressão. O governo não cedeu e conseguiu controlar a revolta através de um acordo com um setor mais direitista do movimento indígena e voltando atrás no aumento do combustível. Há revolta popular também no Haiti, a crise no Peru com o fechamento do Parlamento, a situação delicada na Venezuela com o assédio imperialista, as eleições na Bolívia que foram para o segundo turno e a crise nas eleições na Argentina. Haveria ainda outros exemplos ou sintomas, mas apenas pelos casos mais graves é possível ter um panorama geral da situação. É preciso ainda uma palavra sobre o Brasil, de longe o País mais importante e desenvolvido da América Latina, e por isso mesmo, mais complexo. A tendência da situação política brasileira é evoluir no sentido do que estamos assistindo nos demais países do continente. A crise econômica e social é cada vez mais profunda e a crise política se desenvolve numa velocidade
enorme. As dimensões continentais do Brasil dificultam a explosão de uma revolta generalizada como nos outros países. No entanto, justamente por ser o país mais rico da região, a burguesia tem maiores recursos para tentar conter o desenvolvimento da crise. Por outro lado, o imperialismo sabe que uma revolta no Brasil seria fator de desestabilização geral no continente. A burguesia sabe disso e por isso tende a controlar a situação no Brasil com muito mais atenção do que nos outros países. Por isso, diante do avanço da crise, os militares aparecem como um fator político sempre que a situação começa a ficar mais tensa. São os generais que seguram a situação política, como na ameaça velada de Villas-Boas sempre que surge a oportunidade, mesmo que muito remota, de libertar Lula. A esta situação cada vez mais quente na América Latina soma-se a mobilização gigantesca na Catalunha. O povo reagiu com enormes protestos diante da prisão dos líderes separatistas e a repressão do governo espanhol. A situação de completa instabilidade em um País central do imperialismo mostra o nível da crise mundial. Tudo indica que a situação política caminha para um enfrentamento de gigantescas proporções entre a classe operária mundial e a burguesia imperialista. Esse conflito só poderá ser resolvido pela ação revolucionária das massas exploradas em todo o mundo, em particular a classe operária organizada. Ao mesmo tempo em que a situação se radicaliza, a burguesia parece não estar disposta a ceder. A própria crise capitalista profunda empurra os capitalistas para o enfrentamento, para tentar conter as crises com repressão. Por isso, não há espaços para uma política parcial: a resposta do governo do Equador e em alguma medida do governo Chileno, bem como a presença dos generais brasileiros interferindo na política das instituições mostram que a burguesia não pretende abrir mão do terreno conquistado. Só a mobilização política das massas, com uma orientação correta diante do poder político, poderá solucionar esse enfrentamento.
Lula, ex-presidente da república, líder máximo do PT, está enfrentando a perseguição do Poder Judiciário, que, sob comando dos golpistas, levou adiante um processo-farsa que culminou em sua prisão, completamente ilegal, o deixando nas masmorras de Sérgio Moro, em Curitiba (PR). Não bastasse isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) está cozinhando Lula e outros presos políticos do regime, sob o argumento de se “debater” a prisão em segunda instância, quando, todos sabem, é inconstitucional a prisão sem que tenha esgotado todos os recursos possíveis, em todas as instâncias. É garantia democrática do cidadão contra o poder arbitrário do Estado. É essa rede podre do judiciário, que “debate” garantias fundamentais, que levou para a prisão as 800 mil almas do sistema penal, que, em quase sua totalidade, passou pelo mesmo que está passando o ex-presidente. Isso sem falar dos que, simplesmente, foram esquecidos nas cadeias, sem assistência, sem um processo legal, sem direito a defesa, enfim. A prisão de Lula escancarou a porta para que o sistema penal, sempre controlado pela direita, ficasse ainda mais fora de controle, e, na verdade, nem é possível saber exatamente a quantidade de presos no Brasil, nem os mandados de prisão expedidos, nem os mortos dentro das carceragens, enfim, a repressão tem carta branca dos golpistas para aprofundar os ata-
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ques contra o povo negro e trabalhador. A repressão é fundamental, especialmente para casos como o do Rio de Janeiro. É arma dos golpistas, da burguesia, para controlar o povo revoltado contra o regime. É por isso que Wilson Witzel dispara de cima de um helicóptero contra o povo, é por isso que a polícia mata crianças toda semana no estado. É o mesmo aparato organizado contra Lula. Por seu peso social e político, sua liberdade é fator fundamental se se quer libertar as centenas de milhares de presos brasileiros. A liberdade de Lula, com a anulação de seus processos, é componente fundamental da luta do povo negro contra o sistema repressivo. Ou seja, libertar Lula é componente crucial na luta contra a repressão do Poder Judiciário, poder que não foi eleito por ninguém e que, a mando do imperialismo, está levando adiante todos os interesses da direita golpista. Conseguir sua liberdade e a anulação de seus processos é impor uma derrota os golpistas do judiciário, é abrir caminho para a libertação do povo negro encarcerado. Assim, todos os militantes e organizações do povo negro interessadas nessa questão, na libertação dos presos brasileiros, no fim da era escravocrata do regime penal, devem comparecer em Curitiba, no próximo dia 27, em mais uma manifestação contra a direita golpista. A mesma direita que não gosta do pobre, do negro, do trabalhador brasileiro. Essa direita precisa ser esmagada.
OPINIÃO E ATIVIDADES DO PCO | 3
TODOS À CURITIBA
COLUNA
Reta final da convocação: toda força ao ato do dia 27! Semana decisiva para ocupar a cidade de Curitiba em defesa do ex-presidente Lula
Centenas de ativistas de todo o País estão empenhados com todas as energias concentradas nesta semana para um único e só objetivo: envidar todos os esforços para fazer do di a 27 de outubro um marco na luta nacional em defesa da liberdade do ex-presidente Lula, que se encontra preso pelos algozes golpistas que encenaram uma farsa jurídica grotesca para impedir Lula de se candidatar ao cargo máximo do país, nas eleições de 2018, operação que garantiu, de forma fraudulenta, a eleição de um governo fantoche do imperialismo, de extrema direita, que vem aplicando no País uma política de terra arrasada contra os trabalhadores e o conjunto da população explorada do pais. Toda a farsa que foi engendrada pelas forças mais retrógradas e reacionárias do país tinha um só objetivo: fraudar a vontade da maioria da população, que vinha se manifestando no sentido de sufragar mais um mandato para o ex-presidente. Toda a ação da justiça em suas diversas instâncias, desde Curitiba onde o ex-juiz Sérgio Moro comandava as ações de perseguição a Lula, passando pelas demais instâncias do judiciário, todas elas atuaram à margem da legislação em vigor no país, pisoteando princípios os maios elementares de garantia dos direitos individuais previstos na constituição, como a prisão em segunda instância, antes da conclusão do processo, numa flagrante violação do texto constitucional. Dessa forma, não há nada que se possa esperar da Justiça e das demais instituições políticas e jurídicas do país, pois todas, rigorosamente todas, estão comprometidas com o golpismo e com o “estado de exceção” que a burguesia, o imperialismo, a extrema direita e os militares querem implantar no país, e que, de certa forma, já está em curso. Portanto, a única resposta possível para arrancar Lula da cadeia de Curitiba não são as ações e as petições junto aos tribunais, mas a luta e as iniciativas em torno às mobilizações de massas, essas as únicas formas de pressão que podem conduzir a uma vitória dos trabalhadores e das massas populares contra o regime de fome e miséria, contra o regime que está atacando as conquistas e os direitos dos trabalhadores; contra
o regime que está entregando todo o patrimônio nacional aos capitalistas estrangeiros, sufocando a soberania nacional. Esta é a semana decisiva na mobilização e no trabalho de toda a militância que se dedica à luta para ver o ex-presidente Lula em liberdade. Diversos ativistas em todo o país estão trabalhando para que este seja o maior e mais impactante ato em defesa de Lula, em defesa da liberdade do ex-presidente. De Norte e Sul do país estão sendo organizadas caravanas de trabalhadores, estudantes, jovens, gente do campo e das cidades, todos empenhados e com energia para fazer do dia 27 de outubro um divisor de águas na luta pela liberdade de Lula e pela derrota dos golpistas, da burguesia e da extrema direita. Várias atrações já estão confirmadas para o ato do dia 27, que começará com uma programação cultural diversificada, com bandas de música como a Revolução Permanente – composta por militantes do PCO, e a banda Partigianos – banda curitibana com repertório de músicas e hinos políticos -, artistas, que farão o “esquenta” para o momento do grande ato no prédio da Polícia Federal, onde se encontra o preso político Luís Inácio Lula da Silva. É o dia do seu aniversário e será devidamente comemorado com um grande ato de solidariedade e também protesto pela condição arbitrária e ilegal de sua prisão, desde os processos fraudulentos até a sua condenação. Fazemos um chamado, neste momento decisivo da luta contra o golpe de Estado de 2016, a todas as organizações, ao conjunto de todas as forças democráticas e progressistas do país; aos ativistas de esquerda, dos movimentos sindical, popular, operário e estudantil, das entidades de defesa das mulheres, dos negros e da juventude a cerrarem fileiras com o Partido da Causa Operária e com os “Comitês de Luta contra o Golpe” para fazermos deste dia um marco na luta em defesa da maior liderança operária e popular do país, fazendo de Curitiba, no dia 27 de outubro, uma grande trincheira de luta e combate pela derrota dos golpistas e do governo Bolsonaro, títere do imperialismo e algoz dos trabalhadores e da população pobre do país.
“Tomem banho, mas não pisem na areia!” Por Victor Assis
Mais de um mês depois, o vazamento de óleo que atingiu as praias de todos os estados do Nordeste continua sem qualquer solução. Ao que tudo indica, o vazamento ocorreu por parte da empresa petrolífera Shell, que foi uma das principais financiadoras do golpe de Estado de 2016. O governo Bolsonaro, por sua vez, que é um capacho do imperialismo norte-americano, não tomou nenhuma medida para impedir que o vazamento se espalhasse, tampouco se mostra interessado em retirar as manchas que permanecem nas praias nordestinas. A imprensa burguesa também não está interessada em resolver o problema do vazamento de óleo. Representando os interesses do imperialismo, isto é, a franca liberdade para que os monopólios da exploração e da exportação do petróleo ajam impunemente no sentido de aumentar ainda mais o seu lucro, mesmo que ao custo da devastação do patrimônio nacional, a imprensa capitalista tem dado voz a uma série de “especialistas” que tentam justificar a omissão do governo Bolsonaro. Em um esforço para tentar minimizar os danos causados pelo vazamento de óleo, o portal golpista G1, das Organizações Globo, publicou um artigo explicando que as praias atingidas estariam próprias para banho. No entanto, de maneira bizarra, os especialistas ouvidos pelo portal afirmaram que, embora o banho estivesse liberado, as pessoas não deveriam se aproximar da areia. A orientação do governo é que, para banho, não está tendo problema. Agora, existe uma orientação para que os banhistas não cheguem à areia porque ela está contaminada com manchas de óleo que pode criar uma alergia. (Administração Estadual do Meio Ambiente – Adema-SE) As explicações promovidas pelo portal G1 são nada mais que um golpe, uma vigarice típica da imprensa
capitalista. “Tomem banho, mas não pisem na areia”! Seria necessário, então, uma lancha para, em alto mar, mergulhar nas águas das praias nordestinas? Não seria tão absurdo pensar assim, já que, no que depender da direita, as praias devem ser utilizadas apenas para quem tem muito dinheiro… Mas também não é bem assim… Para ser justo, a direita não quer excluir a população da praia. Agora, que as praias estão cheias de blocos de óleo, os governos estaduais estão convocando a população para fazer o trabalho que a direita deveria fazer: o de livrar as praias do óleo da Shell. No último fim de semana, 550 pessoas retiraram cerca de trinta toneladas de óleo das praias pernambucanas, sendo que apenas 200 eram funcionários do governo – 350 eram “voluntários”. Por voluntários entendamos o povo pernambucano, que depende da praia para seu sustento e lazer e se viu obrigado a agir diante da inércia da direita. A Praia de Carneiros, considerada um dos cartões postais de Pernambuco, era até um dia desses uma praia quase que privatizada. Não há ônibus de linha para o local. Para chegar à praia, é preciso ir de carro ou pegar um ônibus para o centro de Tamandaré e ir andando. Segundo já me foi relatado, nem mesmo um ônibus fretado pôde chegar perto da praia – para a burguesia, os trabalhadores devem ficar longe de Carneiros. No entanto, diante do vazamento de óleo, a direita logo convocou a população para que ajudasse a limpar a praia. Limpar praia não é obrigação dos trabalhadores, que estão sendo saqueados pela direita golpista e nada tiveram a ver com o derramamento de óleo. A política para que as praias do Nordeste se vejam livres dos blocos de óleo é uma só: a mobilização popular pela derrubada imediata do governo Bolsonaro e de todo o regime político golpista.
4 | POLÍTICA
EM CURITIBA, POR LULA LIVRE JÁ
Comitê Nacional Lula Livre, PT, CUT se unem ao PCO e Comitês no dia 27 Reunião Nacional aponta adesão das maiores organizações da esquerda e dos trabalhadores às atividades centrais no dia do aniversários de 74 anos do ex-presidente Nesta segunda, dia 21, o Comitê Nacional Lula Livre, realizou reunião nacional, em São Paulo, contando com a presença da maioria das principais entidades que compõe a entidade e participam regulamente de suas atividades como partidos de esquerda, como PT, PCdoB, PCO e PSOL; entidades do movimento sindical, como a Central Única dos Trabalhadores, e do movimento de luta dos trabalhadores da cidade e do campo, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra). Na reunião, representante da defesa do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, expuseram a situação às vésperas do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da Ações Diretas de Constitucionalidade (ADC’s) que tratam do cumprimento da Constituição e do Código Penal, no que diz respeito à ilegal prisão sem que antes cessem todos os recursos dos acusados e que ocorra o trânsito em julgado (condenação definitiva), que deve ter prosseguimento na próxima quarta-feira, em meio a uma acentuada crise naquela corte e em todo o regime político. Apesar da situação de expectativa e da paralisia que muitos setores da esquerda se colocam diante da situação (o que não é de hoje), os debates destacaram que não se deve tem a menor confiança de que o ex-presidente possa ser colocado em liberdade e ter seus direitos políticos restituídos por esse julgamento e que, no máximo, poderá ocorrer novas manobras e ar-
madilhas para que se dê a aparência e legalidade na ação do STF e para que se mantenham restrições aos direitos políticos de Lula, em aberta violação da Constituição, como o judiciário golpista vem fazendo desde os primeiro momentos do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e que mantém Lula como preso político. A liberdade de Lula e todas as questões decisivas do golpe nunca foram questões que pudesse ser resolvidas apenas por medidas judiciais e são parte de um enfrentamento político contra o golpe e seus donos, como o imperialismo, que só podem ser resolvidas, do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores, com o povo nas ruas para libertar Lula, não devendo se alimentar qualquer esperanças no STF. No debate, que refletiu uma clara vacilação de setores do Comitê Lula Livre, como acontece em toda a esquerda pequeno burguesa, em impulsionar uma ampla mobilização, nas ruas, pela liberdade de Lula, estarreceu-se um amplo acordo em torno da necessidade da mobilização e foram adotadas importantes medidas práticas em torno da mobilização no dia 27 de outubro próximo, dia de aniversário de 74 anos do ex-presidente. Representando o Partido da Causa Operária (PCO), o companheiro Antônio Carlos Silva, da sua direção nacional, cobrou um posicionamento a favor do Ato em Curitiba, que o PCO
e os Comitês de Luta Contra o Golpe, Comitês Lula Livre de várias regiões do País, justamente com Sindicatos outras entidades, já vinham convocando, conforme havia sido, inclusive, deliberado pela II Plenária Nacional Lula Livre, no mês passado (mas que não constava do informe apresentado e da divulgação que tinha sendo feita pela coordenação nacional). O PCO defendeu a necessidade de dar um resposta às manobras do STF e apontar uma perspectiva de mobilização e luta, único caminho para libertar Lula, o que se torna ainda mais importante diante da situação de crise de conjunto do governo Bolsonaro e de todo o regime golpista, be como do conjunto da política neoliberal e reacionária do imperialismo que se enfrenta com mobilizações em diversos países de nosso continente e em todo o mundo. Apresentou alguns dos materiais que os Comitês e o PCO produziram para convocar o Encontro (panfletos, cartazes) e reforço que o movimento não podia se manter em uma posição de expectativa mas tinha a tarefa de impulsionar a mobilização e, particularmente, a fundamental atividade do dia 27, em Curitiba. Falando em nome da Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), o companheiro Renato Simões, anunciou a decisão do PT de aderir ao Ato, participando ativamente da mobilização pelo seu sucesso, compreendendo a importância dessa e de
outras iniciativas de mobilização nesse momento. Na sequência forma apresentados e debatidos informes sobre a organização e convocação do ato, sendo estimado que – pelo menos – 10 mil pessoas devem comparecer à Curitiba no dia do aniversário de Lula, para celebrar a data e, principalmente, impulsionar a luta por sua liberdade. Foi anunciado que estão confirmadas as presenças da presidente do PT, deputada Gleise Hoffmann, do presidente da CUT, Sérgio Nobre, dentre outros dirigentes da esquerda e organizações de luta dos trabalhadores. A programação no dia 27, se iniciará com o tradicional “bom dia presente Lula”, organizado pela Vigília Marisa Letícia, constará de shows artísticos e culturais, ato político, bolo gigante de aniversário (100 kg). O PCO propôs a realização de uma grande passeata e os detalhes da programação ficaram de ser acertados, em reunião a ser realizada, na próxima quarta, em Curitiba. A reunião refletiu a enorme pressão que vem dos Comitês e da base dos movimentos de luta dos trabalhadores e da juventude por uma combativa mobilização e apontou a evolução nessa direção, no sentido da realização de um grande e combativo ato pela liberdade imediata de Lula, pela anulação de todas as condenações da criminosa operação lava jato, no dia do 74º aniversário da maior liderança popular do País.
CURITIBA VERMELHA
27 de outubro: mais de 10 mil pessoas já são esperadas em Curitiba O ato do próximo domingo, em defesa da liberdade de Lula e pela anulação de todos os processos contra ele, já mobiliza milhares de militantes por todo o País A menos de uma semana do ato em que serão comemorados os 74 anos do ex-presidente Lula, já são esperados mais de 10 mil pessoas em Curitiba. Até o momento, cerca de 70 caravanas estão programados para saírem de estados de todos as regiões do País. Sem sombra de dúvida, esse já é o maior ato desde que Lula foi encarcerado pelo golpe. Duas questões fundamentais se sobressaem dessa constatação. A primeira é que o ato em si reflete o crescimento da polarização política no País. É absolutamente visível o aumento do apoio popular à campanha em torno da liberdade de Lula. Esse fenômeno ainda não se manifestou concretamente em grandes mobilizações, por conta da política da maior parte da esquerda, particularmente do próprio PT, em impulsionar, de fato, uma campanha em torno do problema. Mesmo os setores que consideram Lula como um fator determinante da luta política no País, são muito pressionados por setores direitistas
da esquerda que defendem uma política de conciliação com os golpistas. É por isso que a todo momento reaparece as ilusões reacionárias de que o STF vai dar uma solução positiva para a liberdade de Lula, uma tentativa de impedir as crescentes tendência à mobilização popular. A segunda questão fundamental é a de que o ato tem tudo para impulsionar a mobilização nacionalmente. Assim como o ato do dia 14 de setembro, chamado pelo PCO, que contou com a participação de cerca de 2.500 manifestantes, permitiu ampliar a campanha e impulsionar esse novo ato, o resultado do 27 de outubro terá, inevitavelmente, uma amplitude muito maior, inclusive no sentido de ser um forte catalisador na luta para quebrar a barreira de contenção imposta até agora pela política defensiva, miúda, de reivindicações parciais, que no final das contas, é uma política que só leva a derrotas e uma verdadeira barreira para a evolução de uma luta contra o governo fascista de Bolsonaro.
A luta pela liberdade de Lula e pela anulação de todos os processos contra ele é tão importante, como a luta pelo Fora Bolsonaro. As duas palavras de ordem se complementam e são a expressão central da luta contra o golpe de Estado no Brasil. Na última reunião do nacional do Comitê Lula Livre foi passado o informe que vários dirigentes nacionais do PT, inclusive a presidenta do partido, deputada Gleisi Hofman e o presidente da CUT, Sérgio Nobre, estarão presentes no ato. A decisão da direção do PT de se incorporar ao ato é muito significativa e sem dúvida impulsionará mais ainda a atividade. Já é grande a mobilização na base do PT em diversos locais. Em Brasília, por exemplo, os comitês Lula Livre, já estão com sete ônibus confirmados. Considerando os ônibus impulsionados pelo PCO e pelos comitês de Luta Contra o Golpe, são reais as possibilidades de se atingir a meta inicial que é o de uma caravana com treze ônibus.
As atividades ocorrerão durante todo o domingo, 27, começando com o tradicional “bom dia presidente Lula”, logo no início da manhã. Ainda no período da manhã terá início o ato político, seguido de atividades culturais, como a apresentação de bandas, uma delas será a da juventude do PCO, Revolução Permanente, e a orquestra e coral de Brasília, com uma música em homenagem a Lula. Está previsto, ainda, uma passeata, finalizando com os parabéns e um bolo para Lula. Nessa reta final, nesses poucos dias que antecedem o ato, os militantes do PCO, do PT, dos comitês devem se somar em torno de um campanha para atrair mais companheiros para as caravanas, fazendo campanha financeira para garantir a ida de todos que não tenham os recursos necessários, mas que estão dispostos a se somarem nessa luta. O fundamental é transformar Curitiba em um palco da luta pela Liberdade de Lula e pela anulação de todos os processos contra ele.
INTERNACIONAL | 5
PROTESTOS NO CHILE
Povo chileno quer o Fora Piñera Mesmo após a revogação do aumento das tarifas de metrô, população continua nas ruas e com greve geral, em um enfrentamento direto com o governo neoliberal Os protestos que se iniciaram no final da semana passada no Chile não são apenas contra o aumento das tarifas do transporte público. O governo reacionário do presidente Sebastián Piñera anunciou uma alta de 3,75% nas passagens do metrô, levando ao estopim de uma indignação popular que já dura muito mais tempo. Isso tem sido comprovado com a continuação dos protestos que se seguiram ao anúncio. Foram tão intensos que Piñera teve de decretar o Estado de Emergência e o toque de recolher em Santiago, algo jamais visto desde a ditadura fascista de Augusto Pinochet (1973-1990). Mesmo com os militares na rua, com tanques e uma repressão colossal que deixou até agora 11 mortos, o governo não conseguiu conter os protestos e teve de voltar atrás no aumento das tarifas. A população confrontou o governo e os militares, permanecendo nas ruas e de maneira ainda mais radical, com saques de comércios e incendiando carros, prédios e estações de transporte. Ontem (21), foi convocada uma greve geral por parte de sindicatos como os dos portuários e dos mineiros (um dos setores mais importantes da clas-
se operária chilena), bem como de organizações estudantis e movimentos sociais. Os manifestantes gritavam “que saiam os milicos”. Novamente, houve mais repressão, e mais resistência da população. De acordo com os números governamentais, além das 11 mortes, mais de 2.100 pessoas já foram detidas desde o dia 17, quando se iniciaram os protestos. O fato de as manifestações terem continuado e se radicalizado mesmo depois do recuo do governo em aumentar as tarifas de metrô revela que a população chilena não tem a intenção de lutar apenas contra uma medida específica de Piñera. Até porque o governo como um todo é um ataque frontal ao povo, com inúmeras medidas que destroem direitos fundamentais: o aumento das contas de luz em 10%, o fim da aposentadoria, aluguéis caríssimos, a gigantesca desigualdade social (o 1% é dono de um terço da riqueza e o 0,1% mais rico abocanha um quinto de tudo o que o país produz), educação privatizada, baixos salários comparados ao custo de vida, etc. O que o povo chileno quer, no fundo, é a derrubada de Piñera, presidente neoliberal com características fascistas – expostas com a imposição
dos militares nas ruas, no apoio a Bolsonaro no Brasil e em declarações que sugerem o apoio à ditadura pinochetista, por exemplo. A palavra de ordem de Fora Piñera foi expressada por artistas e músicos em um vídeo nas redes sociais, destacadamente pela cantora Camila Moreno. O que ocorre no Chile é a expressão clara da convulsão social que abala a América Latina. Menos de uma semana após a jornada radical de protestos no Equador, que quase derrubaram Lenín Moreno, o povo chileno também ameaça derrubar o seu presidente ile-
gítimo, fruto de um golpe de Estado branco que foi sua vitória nas últimas eleições, promovida pelo imperialismo para entregar o país aos grandes monopólios. Peru, Haiti, Honduras, Brasil, e outros países da região vivem situações parecidas, em maior ou menor grau. A esquerda nesses países deve entender as aspirações populares e levantar a questão do poder, uma vez que é preciso retirar a direita golpista do governo por meio dessas mobilizações, colocando na ordem do dia a queda desses governos.
DITADURA NA AMÉRICA LATINA
Piñera está em guerra contra a população do Chile O presidente do Chile, Sebastián Piñera, afirmou estar em guerra contra “um inimigo poderoso”, referindo-se a população chilena que está nas ruas contra o encarecimento do metrô. A prefeita de Santiago, capital do Chile, Karla Rubilar, informou que o número de mortos nos protestos que estão ocorrendo no país subiu para onze. Além disso, são mais de 1.400 pessoas detidas pela polícia. Um verdadeiro clima de guerra estabelecido pelo presidente Sebastián Piñera e os militares chilenos. Um novo toque de recolher que pelo segundo dia consecutivo foi decretado na região de Valparaíso. O toque de recolher começou a partir das 20h locais (mesmo horário de Brasília) e foi até às 6h desta terça-feira (22). A medida foi tomada pelo contra-almirante da Marinha Juan Andrés De La Maza, que é encarregado pela região. O contra-almirante reforçou a presença militar nas cidades de Catemu e Olmué, que foram um dos focos da revolta popular de domingo para segunda-feira. GUERRA CONTRA O POVO Assim como afirmou o presidente chileno, o governo está em guerra contra a população. “Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita nada nem ninguém, que está
disposto a usar a violência e a delinquência sem qualquer limite” Uma verdadeira declaração fascista que revela que a direita não irá recuar diante das manifestações que ocorrem no país. A declaração ressaltou ainda o papel das Forças Armadas contra a população, principalmente do chefe da Defesa Nacional, Javier Iturriaga. Piñera assinalou: “É uma batalha que não podemos perder, (por isso) o general Javier Iturriaga, Chefe da Defesa Nacional, pode dispor de 9.500 homens (das Forças
Armadas) para garantir a paz, a tranquilidade, seus direitos e sua liberdade”, afirmou cinicamente o homem que assassinou 11 pessoas e deteve milhares. AS MANIFESTAÇÕES Os protestos iniciaram na sexta-feira contra o encarecimento do metrô de Santiago. Além disso, os manifestantes lutam contra a política neoliberal de conjunto do presidente Piñera, que aumenta o custo de vida, a miséria e a desigualdade social.
O presidente tentou recuar, informando no sábado, que não ocorreria aumento, mas mesmo assim os protestos continuaram e se estenderam para outras cidades. A revolta produziu barricadas, saques e incêndios em diversos locais nas cidades, expressando uma radicalização política ainda mais intensa. O estado de emergência, decretado pelo governo, junto ao toque de recolher, foi profundamente combatido pelos manifestantes. Vôos foram cancelados para o Chile, aulas em mais de 40 cidades também. Além disso, apenas parte do metrô de Santiago (capital) está funcionando. Os fatos revelam uma profunda tendência de luta do povo chileno contra a direita. É preciso intensificar as mobilizações para derrotar a política direitista em todos os países. Recentemente, no Equador, a direita conseguiu impor um recuo para o movimento contra Lenín Moreno. Mas existe uma tendência continental de luta contra os capachos do imperialismo norte-americano. Por isso, no Brasil, é hora de chamar o Fora Bolsonaro e se juntar aos irmãos chilenos e equatorianos em torno do Fora Moreno e do Fora Piñera.
6 | INTERNACIONAL
AMÉRICA LATINA EM EBULIÇÃO
Fora Piñera! Fora Bolsonaro! Fora Moreno! Intensos protestos tomam conta da América Latina e exigem a derrubada dos fantoches do imperialismo. A América Latina se transformou num barril de pólvora. Com a implantação da política neoliberal imposta pelo imperialismo através de seus capachos, uma intensa mobilização tem se instaurado em diversos países. Os golpes contra o povo revelam a natureza do regime “democrático” burguês, seja através das eleições – como é o caso do Brasil, ou através da cooptação de arrivistas como Lenín Moreno, no Equador. Esse quadro, naturalmente, impõe sobre os países atrasados toda a fatura de uma crise aguda do capitalismo; uma crise que tem revelado o caráter ditatorial das classes dominantes sobre a população; onde o Estado – aparelhado pela burguesia e seus fantoches – constitui um comitê de guerra contra o povo. Diante da escalada de conflitos e da patente
crise institucional que esses regimes se encontram, o que fazer? Os protestos no Equador e no Chile nos últimos dias têm colocado os governos lacaios do imperialismo contra a parede. Lenín Moreno, no Equador, aproveitara a onda nacionalista de Rafael Correa; porém, assim que assumiu o cargo de mandatário, tratou de se submeter aos capitalistas internacionais e obedecer a velha e conhecida cartilha de destruição socioeconômica do FMI. Moreno, todavia, não contava com um levante popular que o levaria a trocar a sede do governo para Guaiaquil. Após os dez dias que abalaram o Equador, Lenín Moreno conseguiu cooptar boa parte da direção dos insurgentes e, por fim, segurou a revolta que poderia ter evoluído para a sua própria derrubada. No Chile, assim como no Equador,
foi decretado Estado de Emergência – uma espécie de golpe militar temporário. Sebastían Piñera, por sua vez, tem lançado as forças armadas contra o povo para defender os interesses do imperialismo e manter o podre sistema neoliberal imposto aos chilenos, ainda que por aparelhos, funcionando. A situação no Brasil, no entanto, encaminha-se para uma embate contra o governo golpista de Jair Bolsonaro (PSL). A desmoralização da operação Lava Jato, o reconhecimento por parte dos próprios golpistas, como Temer, Aloísio Nunes etc; que a derrubada da presidenta Dilma Rousseff, em 2016, foi um golpe; a crise institucional e do próprio bloco golpista, dão sinais de que o regime está em vias de putrefação. A crise em que se encontram os países da América Latina é fruto da
crise internacional do capitalismo, resultado da implementação da política neoliberal que Bolsonaro, Moreno, Piñhera e seus asseclas tem colocado em prática através do controle do aparato repressivo e das instituições burguesas. Não há, portanto, outro caminho senão as ruas. Somente uma grande mobilização popular será capaz de derrubar esses governos fantoches do imperialismo e colocar na ordem do dia os interesses da classe trabalhadora. É preciso dar uma saída que coloque em xeque a questão do poder político, que nesse momento está dominado pela direita golpista em todos esses países. Por isso, há uma palavra de ordem que unifica as massas que é a derrubada dos governos da direita de Moreno, no Equador, de Piñera no Chile e de Bolsonaro no Brasil.
ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
Golpe em curso? Imperialismo tenta impor segundo turno na Bolívia Evo Morales busca maioria absoluta ou margem de 10 pontos percentuais, enquanto contagem é paralisada para beneficiar a manipulação a favor da direita A Bolívia realizou eleições gerais no último domingo (20). O atual presidente, Evo Morales, alcançou com 46,86% dos votos válidos, contra 36,72%% do segundo colocado, Carlos Mesa, com 95,3% dos votos apurados. A contagem, realizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ficou paralisada entre a noite de domingo e a de segunda-feira. Segundo informe do órgão, no último sábado, ela deverá terminar apenas na próxima quarta-feira (23), quatro dias antes do prazo legal. Caso o resultado final seja um pouco mais apertado que o atual, Morales não obteria vantagem suficiente para conseguir maioria absoluta ou para ter dez pontos à frente de Mesa, o que lhe daria vitória em primeiro turno. Seria, assim, a primeira vez que ele teria que disputar um segundo turno com seu rival desde que foi eleito pela primeira vez. Nas eleições anteriores (2005, 2009 e 2014), ele venceu no primeiro turno, com votações que oscilaram entre 54% e 64%. A paralisação da contagem tem sido utilizada pela direita para desestabilizar os comícios e tachar as eleições como manipuladas – uma vez que, se for levado realmente em conta o que pensa a população, Morales venceria facilmente no primeiro turno. É uma velha tática da direita: quando vai perder, está perdendo ou perdeu, afirma que foi uma fraude. Mesa chamou os seu eleitorado coxinha a protestar em frente aos locais de apuração, para fazer pressão aos órgãos eleitorais. Por sua vez, a Organização dos Estados Americanos (OEA) também pressiona o TSE a explicar o porquê da demora, logicamente com
o intuito de atacar o governo de Evo Morales, como o “Ministério das Colônias” vem fazendo com Nicolás Maduro, Miguel Díaz-Canel e Daniel Ortega, aliados do presidente boliviano. Entretanto, os 4,7% restantes da apuração correspondem às áreas rurais, onde Morales tem grande apoio, tanto dos camponeses como dos indígenas, e é franco favorito. Além disso, faltam ser apurados os votos de bolivianos residentes no exterior, que, segundo pesquisas preliminares, também veem o atual mandatário como melhor candidato. Portanto, ao contrário do que a direita propaga, é muito mais provável que os votos que faltam ser apurados sejam, em sua maioria, do candidato do Movimento ao Socialismo (MAS). Outro dado que reforça essa tese é o fato de, em todas as pesquisas anteriores, Morales ter estado à frente de Mesa com cerca de 20 pontos de vantagem. Para completar, é fundamental lembrar que Carlos Mesa já foi presidente do país (2003-2005), mas isso, ao invés de lhe dar alguma popularidade, lhe tira. Isso porque ele adotou uma política neoliberal que levou o povo boliviano a se insurgir, no que ficou conhecido como a “Guerra do Gás”, um levante popular com características revolucionárias que obrigou Mesa a abdicar da presidência da República. Tal fato continua presente na memória dos bolivianos, o que praticamente impede qualquer tipo de vitória de Mesa ou de qualquer candidato neoliberal, ao menos sem a interferência do imperialismo. É aí que entra o possível golpe. Assim como já ocorreu diversas vezes
na história da América Latina, a direita pode paralisar a contagem para colocar seu candidato na frente, ou, pelo menos, grudado com o primeiro colocado. Isso já foi visto no Chile de Pinochet, no Rio de Janeiro em 1982 para que a ditadura vencesse Brizola, ou em Honduras em 2016, para que o regime golpista continuasse no poder. As pesquisas eleitorais indicavam uma média por volta de 20% a 25% de intenções de voto em Carlos Mesa. De repente, ele aparece estranhamente com 36% dos votos. Um indício de que, mesmo os partidários de Evo Morales controlando parte da máquina do Estado, a burguesia está disposta a utilizar o seu poder para rifar a esquerda boliviana do poder. O próprio Morales já havia denunciado, na semana passada, que políticos e militares teriam planos para aplicar um golpe caso ele se reeleja para um quarto mandato. E que a embaixada dos EUA estaria comprando votos de cidadãos contra Morales. É possível que o golpe se dê durante a própria
eleição, como se vê a partir desses indícios. O que é certo é que o imperialismo não está interessado em manter no poder nenhum governo de esquerda, nacionalista, progressista, ou qualquer um que, de alguma forma, contrarie os seus interesses. Nem mesmo governos moderados, como é o caso do boliviano, porque são um empecilho para o domínio dos grandes monopólios. O imperialismo já depôs a maioria dos governos de esquerda na região, fazendo uso de manobras ilegais e golpes de Estado, impondo governos de extrema-direita que, como vemos nos casos de Brasil, Equador e Chile, reprimem ferozmente a população para garantir a entrega de seus países aos grandes monopólios internacionais. Na Bolívia, não há por que ser diferente. O imperialismo tem a seguinte política atualmente: impedir a esquerda de chegar ao poder, impedi-la de governar e derrubar seu governo, caso chegue ao poder.
INTERNACIONAL | 7
EUA AGEM CONTRA CUBA
Cerco imperialista: EUA impõem mais sanções a Cuba Mais um ataque do imperialismo dos EUA contra o povo cubano. É preciso dar apoio incondicional a Cuba Como prova de seu caráter ditatorial e antidemocrático, os Estados Unidos, através do Departamento de Comércio norte-americano, na última sexta-feira (18), decidiram impor novas sanções a Cuba. Segundo alegações dos norte-americanos, por “violações a direitos humanos e por dar apoio ao governo da Venezuela”. A ação visa, naturalmente, sufocar o regime cubano para isolá-lo – ainda mais – do mundo e, sobretudo, da Venezuela, a qual Cuba tem dado apoio contra a sequência de golpes dos EUA. Em comunicado, o órgão informou que vai restringir o acesso de Cuba a aviões comerciais e revogará licenças de leasing dadas a companhias aéreas estatais cubanas, além de negar novos pedidos. O cerco, todavia, não para por aí, os EUA também vão ampliar as sanções comer-
ciais para incluir mais bens estrangeiros com conteúdo norte-americano, além de impor mais restrições às exportações do governo cubano. Essa perseguição ao governo cubano revela o caráter golpista e antidemocrático dos EUA, assim como de todos os países imperialistas. Para os donos do mundo, quem não se submete à sua política, é visto como inimigo. Nesse sentido, os embargos contra Cuba denotam a ditadura do imperialismo – capitaneada pelos norte-americanos – contra os países mais atrasados e que não seguem sua cartilha. Por isso, a luta dos povos oprimidos contra o imperialismo é vital para a emancipação da classe trabalhadora. É preciso, portanto, defender incondicionalmente Cuba desses ataques dos EUA e seus grupo seleto imperialista.
PELO DIREITO DE INDEPENDÊNCIA!
Ditadura espanhola já prendeu mais de 100 em protestos na Catalunha O PCO defende a liberdade dos presos políticos catalães e apoia incondicionalmente a luta do povo catalão por sua independência política Um total de 104 pessoas foram presas desde a semana passada na Catalunha, incluindo nessa conta 28 presos provisórios e 76 pessoas em liberdade com medidas cautelares. Os dados foram informados pelo Tribunal Supremo de Justiça da província espanhola. As acusações são, em sua maioria, de alteração da ordem pública e atentado, danos e lesões contra autoridades, durante os grandes protestos de massa que têm sido realizados pela independência da região, desde a última semana. Além dos presos, pelo menos 124 cidadãos catalães foram feridos pela repressão brutal protagonizada pelos Mossos D’Esquadra, a polícia que está subordinada ao governo da Catalunha (que é favorável à independência, mas, quando se trata de repressão, percebe-se que a polícia continua sendo um agente fascista a serviço do imperialismo). Segundo o Departamento de Saúde da Catalunha, nessa contabilidade há seis pessoas que estão sendo atendidas no Hospital Sant Pau – uma com
grande gravidade, três com lesões oculares graves, uma em menor gravidade e outra com uma evolução favorável. Além disso, uma pessoa ferida foi enviada para a Fundação Puigvert, dois estão reclusos no centro assisten-
cial Vall d’Hebron em condição grave e outro estável. Os protestos foram gerados devido ao anúncio da sentença contra nove líderes independentistas catalães na segunda-feira da semana passada
(14): 13 anos para Oriol Junqueras (ex-vice-presidente do governo catalão); 12 anos para Raül Romeva, Jordi Turull e Dolors Bassa; 11 anos e seis meses para Carme Forcadell (ex-presidenta do parlamento catalão); 10 anos e seis meses para Josep Rull e Joaquim Forn; nove anos para Jordi Sànchez (líder da ANC) e Jordi Cuixart (líder da Òmnium Cultural). O ex-presidente catalão, Carles Puigdemont, recebeu uma nova ordem de prisão internacional. Ele está exilado na Bélgica desde que o governo espanhol iniciou a caçada contra os líderes do referendo de 2017, que deu vitória à vontade independentista e que foi sufocado a ferro e fogo pela ditadura espanhola, inclusive com graves ameaças de intervenção militar das tropas de Madri. Como um partido revolucionário e internacionalista, o PCO defende a liberdade dos presos políticos catalães e apoia incondicionalmente a luta do povo catalão por sua independência política – tal como foi destacado na nota oficial do partido.
8 | TEORIA E HISTÓRIA
COLONIALISMO EUROPEU
As atrocidades no Congo e o holocausto africano Como o imperialismo faz hoje, rei Leopoldo II alegava que levaria a civilização e assistência humanitária para a população local Durante duas décadas, entre o final do século XIX e o começo do século XX, o Estado Livre do Congo constituiu um reino privado sob o comando do rei da Bélgica, Leopoldo II. Sob a administração privada de Leopoldo II, a população do Congo sofreu uma drástica diminuição. Sem estatísticas oficiais da época, o que se tem hoje para dar a dimensão do massacre em massa cometido no Congo são as estimativas, que variam de 2 milhões a 13 milhões o declínio populacional durante o controle do rei Leopoldo II sobre o país. Como no caso de tantas políticas genocidas levadas adiante no terceiro mundo, a brutalidade da exploração do Congo poderia ser comparada aos horrores provocados pelos nazistas na Europa. No entanto, justamente por não ter acontecido na Europa, a comoção é muito menor. Cinicamente, Leopoldo II conseguiu a concessão de um vasto território em torno da Bacia do Congo alegando razões de “caridade”. Trata-se de um retrato contundente do colonialismo europeu e do cinismo dos impérios da época, e de hoje. Conferência de Berlim Mesmo antes de assumir o trono, em 1865, Leopoldo II da Bélgica já tinha ambições de expansão colonial, levando adiante uma atividade lobista para tentar obter a concessão de algum território fora da Europa. Em 1885, o rei belga conseguiu a concessão do território que procurava. Durante a Conferência de Berlim, organizada por Otto von Bismarck para que as potências imperialistas europeias organizassem a repartição da África, um território de 2,600,000 km², oito vezes o tamanho da própria Bélgica, foi dado a uma instituição de “caridade” controlada por Leopoldo II. O rei belga dizia querer levar a “civilização” e assistência humanitária para o coração da África. E assim, em nome da filantropia, Leopoldo II organizou um esquema de exploração dos recursos naturais e da mão de obra que levou à brutalidade e a atrocidades sistemáticas contra a população do Congo. Matanças e mutilações na exploração da borracha Até o começo da década de 1890, a colônia privada de Leopoldo II não
dava o lucro esperado, levando a fortuna pessoal do rei à beira da ruína. No entanto, naquele momento houve um drástico aumento de demanda por borracha, produto que existia em abundância no Estado Livre do Congo dominado privadamente pelo rei da Bélgica. Foi nesse momento em que a exploração se intensificou por meio dos métodos mais cruéis e desumanos. Antes, Leopoldo II tinha determinado o domínio do Estado sobre todas as terras “desocupadas” do Congo. Depois, por meio de um decreto, estabeleceu que todos os congoleses deveriam pagar impostos ao Estado, sem que sequer houvesse uma moeda local, de modo que os congoleses eram obrigados a pagar esses “impostos” por meio de trabalhos forçados. As terras “vazias” tomadas pelo Estado para terem seus recursos naturais, marfim e, principalmente, a borracha, explorados, eram concedidas pelo Estado para que determinadas companhias as explorassem. A maioria dessas companhias eram ligadas ao próprio rei Leopoldo II, que dessa forma explorava um país oito vezes maior do que o seu e com milhões de pessoas como se fosse uma fazenda particular. Para aumentar a produtividade, eram estabelecidos prêmios para os
responsáveis por cada território, que eram encarregados de explorar a população local sem nenhum tipo de regra ou legislação para regular essa atividade. Assim, o fuzilamento e a mutilação passaram a ser usados em larga escala para punir os trabalhadores escravizados que tivessem baixa produtividade. Milhões de pessoas foram assassinadas e mutiladas, incluindo crianças pequenas forçadas a trabalhar. Particularmente as imagens de pessoas mutiladas provocaram um escândalo internacional na época, que levaram a uma grande campanha de denúncias na Europa, inclusive na Bélgica, contra o empreendimento do rei.
de não ser confiável, dada sua participação na luta pela independência da Irlanda e sua consequente condenação por traição em 1916. Seus relatos, no entanto, coincidiam com outros informes, em geral produzidos por missionários religiosos, incluindo católicos belgas, e os próprios relatório encomendados por Leopoldo II, que deixavam escapar pelas entrelinhas as atrocidades que se cometiam na região. Além de todos esses informes, um relato ficcional também apontava o horror do domínio de Leopoldo II no livro Coração das Trevas, de Joseph Conrad, hoje um grande clássico da literatura inglesa.
Relatório e denúncias
Fim do Estado Livre do Congo
Na época, muitos relatórios e testemunhos surgiram narrando as atrocidades cometidas pelas autoridades no Estado Livre do Congo e por tropas nativas comandadas pelos europeus. Publicado em 1904, o Informe Casement ganhou particular notoriedade, com o relatório de Roger Casement, Cônsul Britânico no Estado Livre do Congo, denunciando a natureza das atrocidades cometidas na região. Posteriormente, defensores do colonialismo tentaram negar as informações do relatório acusando seu autor
Diante do escândalo internacional provocado em torno da questão, em 1908 o Estado Livre do Congo chegaria ao fim, e seria anexado pela Bélgica, tornando-se o Congo Belga, até se tornar independente em 1960. Um ano depois da independência, o presidente da recém fundada República Democrática do Congo, que tinha lutado pela independência, Patrice Lumumba, foi assassinado pela CIA. Derrotado o colonialismo belga no país, outra potência imperialista já estendia seu domínio sobre o Congo.
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TEORIA | 9
A RELIGIÃO NA LUTA DE CLASSES
O Socialismo e a Religião Neste texto, Lenin explica porque “não declaramos nem devemos declarar o nosso ateísmo no nosso programa”. A grande maioria dos militantes revolucionários são ateus, e a religião é um assunto relevante para a revolução operária. No entanto, o ateísmo não faz parte do programa do Partido Revolucionário. Neste texto, Lenin explica o por quê. A sociedade contemporânea assenta toda na exploração das amplas massas da classe operária por uma minoria insignificante da população, pertencente às classes dos proprietários agrários e dos capitalistas. Esta sociedade é escravista, pois os operários «livres», que trabalham toda a vida para o capital, só «têm direito» aos meios de subsistência que são necessários para manter os escravos que produzem o lucro, para assegurar e perpetuar a escravidão capitalista. A exploração econômica dos operários causa e gera inevitavelmente todos os tipos de opressão política, de humilhação social, de embrutecimento e obscurecimento da vida espiritual e moral das massas. Os operários podem alcançar uma maior ou menor liberdade política para lutarem pela sua libertação econômica, mas nenhuma liberdade os livrará da miséria, do desemprego e da opressão enquanto não for derrubado o poder do capital. A religião é uma das formas de opressão espiritual que pesa em toda a parte sobre as massas populares, esmagadas pelo seu perpétuo trabalho para outros, pela miséria e pelo isolamento. A impotência das classes exploradas na luta contra os exploradores gera tão inevitavelmente a fé numa vida melhor além-túmulo como a impotência dos selvagens na luta contra a natureza gera a fé em deuses, diabos, milagres, etc. Àquele que toda a vida trabalha e passa miséria a religião ensina a humildade e a paciência na vida terrena, consolando-o com a esperança da recompensa celeste. E àqueles que vivem do trabalho alheio a religião ensina a beneficência na vida terrena, propondo-lhes uma justificação muito barata para toda a sua existência de exploradores e vendendo-lhes a preço módico bilhetes para a felicidade celestial. A religião é o ópio do povo. A religião é uma espécie de má aguardente espiritual na qual os escravos do capital afogam a sua imagem humana, as suas reivindicações de uma vida minimamente digna do homem. Mas o escravo que tem consciência da sua escravidão e se ergueu para a luta pela sua libertação, em certo aspecto já deixou de ser escravo. O operário consciente moderno, formado pela grande indústria fabril, educado pela vida urbana, afasta de si com desprezo os preconceitos religiosos, deixa o céu à disposição dos padres e dos beatos burgueses, conquistando para si uma vida melhor aqui, na terra. O proletariado moderno coloca-se ao lado do socialismo, que integra a ciência na luta contra o nevoeiro religioso e liberta os operários da fé na vida de
além-túmulo por meio da sua união para uma verdadeira luta por uma melhor vida terrena. A religião deve ser declarada um assunto privado — com estas palavras exprime-se habitualmente a atitude dos socialistas em relação à religião. Mas é preciso definir com precisão o significado destas palavras para que elas não possam causar nenhuns mal-entendidos. Exigimos que a religião seja um assunto privado em relação ao Estado, mas não podemos de modo nenhum considerar a religião um assunto privado em relação ao nosso próprio partido. O Estado não deve ter nada que ver com a religião, as sociedades religiosas não devem estar ligadas ao poder de Estado. Cada um deve ser absolutamente livre de professar qualquer religião que queira ou de não aceitar nenhuma religião, isto é, de ser ateu, coisa que todo o socialista geralmente é. São absolutamente inadmissíveis quaisquer diferenças entre os cidadãos quanto aos seus direitos de acordo com as crenças religiosas. Deve mesmo ser abolida qualquer referência a uma ou outra religião dos cidadãos em documentos oficiais. Não deve haver quaisquer donativos a uma igreja de Estado, quaisquer donativos de somas do Estado a sociedades eclesiásticas e religiosas, que devem tornar-se associações absolutamente livres e independentes do poder de cidadãos que pensam da mesma maneira. Só a satisfação até ao fim destas reivindicações pode acabar com o passado vergonhoso e maldito em que a igreja se encontrava numa dependência servil em relação ao Estado e em que os cidadãos russos se encontravam numa dependência servil em relação à igreja de Estado, em que existiam e eram aplicadas leis medievais e inquisitoriais (que ainda hoje permanecem nos nossos códigos e regulamentos penais) que perseguiam pessoas pela sua crença ou descrença, que violentavam a consciência do homem, que ligavam lugarzinhos oficiais e rendimentos oficiais à distribuição de uma ou de outra droga pela igreja de Estado. Completa separação da igreja e do Estado — tal é a reivindicação que o proletariado socialista apresenta ao Estado atual e à igreja atual. A revolução russa deve realizar esta reivindicação como parte integrante necessária da liberdade política. Neste aspecto a revolução russa está colocada numa posição particularmente vantajosa, porque a abominável burocracia da autocracia policial-feudal causou o descontentamento, a agitação e a indignação mesmo entre o clero. Por mais embrutecido, por mais ignorante que fosse o clero ortodoxo russo, até ele foi agora acordado pelo estrondo da queda da velha ordem medieval na Rússia. Até ele adere à reivindicação de liberdade, protesta contra a burocracia e o arbítrio dos funcionários, contra a fiscalização policial imposta aos «servidores de Deus». Nós, socialistas, devemos apoiar
este movimento, levando até ao fim as reivindicações dos membros honestos e sinceros do clero, agarrando-lhes na palavra sobre a liberdade, exigindo deles que rompam decididamente todos os laços entre a religião e a polícia. Ou sois sinceros, e então deveis ser favoráveis à completa separação da igreja e do Estado e da escola e da igreja, a que a religião seja completa e incondicionalmente declarada um assunto privado. Ou não aceitais estas reivindicações consequentes de liberdade, e então quer dizer que sois ainda prisioneiros das tradições da Inquisição, então quer dizer que ainda vos agarrais aos lugarzinhos oficiais e aos rendimentos oficiais, então quer dizer que não acreditais na força espiritual da vossa arma, continuais a receber subornos do poder de Estado, então os operários conscientes de toda a Rússia declarar-vos-ão uma guerra implacável. Em relação ao partido do proletariado socialista a religião não é um assunto privado. O nosso partido é uma associação de combatentes conscientes e de vanguarda pela libertação da classe operária. Essa associação não pode e não deve ter uma atitude indiferente em relação à inconsciência, à ignorância ou ao obscurantismo sob a forma de crenças religiosas. Reivindicamos a completa separação da igreja e do Estado para lutar contra o nevoeiro religioso com armas puramente ideológicas e só ideológicas, com a nossa imprensa, com a nossa palavra. Mas nós fundamos a nossa associação, o POSDR, entre outras coisas precisamente para essa luta contra qualquer entontecimento religioso dos operários. E para nós a luta ideológica não é um assunto privado mas um assunto de todo o partido, de todo o proletariado. Se assim é, por que é que não declaramos no nosso programa que somos ateus? Por que é que não proibimos os cristãos e os que acreditam em Deus de entrar para o nosso partido? A resposta a esta questão deve esclarecer a importantíssima diferença na maneira burguesa-democrática e social-democrata de colocar a questão da religião. O nosso programa assenta todo numa concepção do mundo científica, a saber, a concepção do mundo materialista. A explicação do nosso programa inclui por isso necessariamente também a explicação das verdadeiras raízes históricas e econômicas do nevoeiro religioso. A nossa propaganda inclui também necessariamente a propaganda do ateísmo; a edição da correspondente literatura científica, que o poder de Estado autocrático-feudal rigorosamente proibia e perseguia até agora, deve agora constituir um dos ramos do nosso trabalho partidário. Teremos agora, provavelmente, de seguir o conselho que Engels uma vez deu aos socialistas alemães: traduzir e difundir maciçamente a literatura iluminista e ateísta francesa do século XVIII. Mas ao fazê-lo não devemos em caso nenhum cair num modo abstrato
e idealista de colocar a questão religiosa «a partir da razão», fora da luta de classes, como não poucas vezes é feito pelos democratas radicais pertencentes à burguesia. Seria um absurdo pensar que, numa sociedade baseada na opressão e embrutecimento infindáveis das massas operárias, se pode, puramente por meio da propaganda, dissipar os preconceitos religiosos. Seria estreiteza burguesa esquecer que o jugo da religião sobre a humanidade é apenas produto e reflexo do jugo econômico que existe dentro da sociedade. Não é com nenhuns livros nem com nenhuma propaganda que se pode esclarecer o proletariado se não o esclarecer a sua própria luta contra as forças negras do capitalismo. A unidade desta luta realmente revolucionária da classe oprimida pela criação do paraíso na terra é mais importante para nós do que a unidade de opiniões dos proletários sobre o paraíso no céu. É por isso que não declaramos nem devemos declarar o nosso ateísmo no nosso programa; é por isso que não proibimos nem devemos proibir aos proletários que conservaram estes ou aqueles vestígios dos velhos preconceitos que se aproximem do nosso partido. Sempre defenderemos a concepção do mundo científica, é-nos necessário lutar contra a inconsequência de quaisquer «cristãos», mas isto não significa de modo nenhum que se deva avançar a questão religiosa para primeiro lugar, que de maneira nenhuma lhe pertence, que se deva admitir a dispersão das forças da luta realmente revolucionária, econômica e política, por causa de opiniões ou delírios de terceira ordem que perdem rapidamente todo o significado político e são rapidamente deitados para a arrecadação dos trastes velhos pelo próprio curso do desenvolvimento econômico. A burguesia reacionária preocupou-se em toda a parte e começa agora também a preocupar-se no nosso país em atiçar a hostilidade religiosa, para desviar para esse lado a atenção das massas das questões econômicas e políticas realmente importantes e fundamentais, que o proletariado de toda a Rússia, que se une na sua luta revolucionária, está agora a resolver na prática. Esta política reacionária de dispersão das forças proletárias, que hoje se exprime principalmente nos pogromes das centúrias negras, talvez pense amanhã em quaisquer formas mais subtis. Nós, em qualquer caso, iremos nos opor a ela com uma propaganda, tranquila, consequente e paciente, isenta de todo o avivamento de divergências de segunda ordem, da solidariedade proletária e da concepção do mundo científica. O proletariado revolucionário conseguirá que a religião se torne realmente um assunto privado para o Estado. E neste regime político, depurado do bolor medieval, o proletariado travará uma luta ampla e aberta pela eliminação da escravidão econômica, verdadeira fonte do entontecimento religioso da humanidade.
10 | MOVIMENTO OPERÁRIO
ATO DE ANIVERSÁRIO DO LULA
Trabalhadores em frigoríficos de SP chamam para ato em Curitiba Trabalhadores em frigoríficos do estado de São Paulo estão se organizando para ida ao ato de aniversário de Lula em Curitiba, parte da luta por sua liberdade Os operários em frigoríficos do estado de São Paulo estão se organizando para participar das atividades que ocorrerão no dia 27 de outubro, em Curitiba (PR), dando continuidade à campanha pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), nesta data é comemorada o seu aniversário. Lula foi preso sem que houvesse qualquer prova, para que os golpistas de plantão pudessem fraudar o processo eleitoral e colocar o ilegítimo e fascista Jair Bolsonaro no poder. Esse governo golpista está despencando ladeira abaixo e, cada vez mais, fica evidente toda a farsa que montaram para manter Lula preso através da Lava Jato. Denúncias provando todas as manobras para mantê-lo preso circulam pela internet, principalmente com o Intercept, em vazamentos de manobras que vão desde o Deltan Dallagnol, Sérgio Moro (Mussolini de Maringá), todas as instâncias do Judiciário, incluindo o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso, etc..
No dia 14 de setembro, os trabalhadores em frigoríficos, juntamente com o Partido da Causa Operária (PCO), bem como, outras organizações que fazem parte dos Comitês de Luta Contra o Golpe em todo o país deram um pontapé na retomada pela luta contra o golpe e da retirada de Lula das masmorras da “República de Curitiba”, Superintendência da Polícia Federal de lá. No dia 27, o objetivo é que o Ato seja muito mais representativo, ultrapassando em pelo menos cinco vezes o de setembro, que passou de dois mil participantes. Estão sendo organizadas caravanas em várias cidades do país, conforme plenária Lula Livre, no final de setembro decidiu e, aqui em São Paulo, os trabalhadores nas indústrias de carne, derivados e do frio também estão se organizando para irem a mais esse ato, principalmente porque esta categoria de trabalhadores é uma das mais atingidas com o golpe de Estado, com a extinção de normas regulamentado-
ras sobre segurança e saúde, extinção de fiscalizações contra os patrões desse setor, etc. Para que isso ocorra é necessária a retirada de Lula das garras desses golpistas que querem destruir o país e impor regime de escravidão, aos moldes e/ou pior que no perío-
do colonial. As atividades em Curitiba na data de seu aniversário são mais um passo para esse que é o principal objetivo da luta contra o golpe nesse momento. Todos a Curitiba, no aniversário de Lula. Liberdade para Lula. Fora Bolsonaro e Eleições Gerais.
TERCEIRIZAÇÃO NOS BANCOS
MOBILIZAÇÃO CONTRA O GOLPE
Banco Itaú apresenta projeto de terceirização das agências
SP: professores vão participar massivamente do ato em Curitiba
Projeto piloto do Banco Itaú aumenta a terceirização bancária
O maior sindicato da América Latina vai participar ativamente mandando diversas caravanas para o Ato pela liberdade de Lula no dia do seu aniversário
Os banqueiros golpistas do Itaú apresentaram um Projeto Piloto, que será testado em 16 agências do Estado de São Paulo, com a contratação de terceirizados. Com a justificativa esfarrapada de projeto de longevidade com a contratação de trabalhadores com mais de 50 anos com carga horária de 20h de trabalho, na verdade o que está por trás do projeto é aumentar o número de terceirizados para que não haja novas contratações de bancários. Logo em seguida ao golpe que derrubou, através do processo farsa, do impeachment da presidenta Dilma Rousseff no reacionário Congresso Nacional, o parlamento aprovou o projeto da terceirização que reduziu o contrato de trabalho a um mero acordo entre patrão e empregado, sem a garantia da lei trabalhista passando o trabalhador a fazer serviços temporá-
rios, um prestador de serviço de uma empresa terceirizada. O projeto do Itaú vai nesse sentido, o trabalhador não terá mais a garantia de um trabalho fixo, se tornando um contratado que tem como objetivo atender a necessidade transitória dos banqueiros. Não foi por acaso que o Banco Itaú implantou recentemente um Plano de Demissão “Voluntária” (PDV) o que ocasionou mais de sete mil bancários demitidos. Jogam os bancários no olho da rua para aumentar a terceirização o que significa transformar o trabalhador em um escravo. Os banqueiros estão aproveitando a oportunidade dada pelo golpe de Estado, por Bolsonaro, para inaugurar um dos maiores ataques contra os trabalhadores do ramo financeiro. É preciso lutar pelo fora Bolsonaro, pela liberdade de Lula e eleições gerais já.
A categoria dos professores está sendo duramente atingida pela política neoliberal adotada pelo governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, que só chegou ao poder fruto de um golpe de Estado. Para isso, a direita golpista armou um processo farsa (está aí para todo mundo ver as revelações do Intercept) para prender o ex-presidente Lula, que segundo as pesquisas, ganharia as eleições já em primeiro turno. Os banqueiros nacionais e internacionais foram fundamentais no quesito financiamento do golpe, e agora estão à vontade para desfechar um duro golpe contra toda a população. Dia 27 de outubro será realizado um grande ato em Curitiba para exigir a anulação de todas as condenações da operação Lava Jato e liberdade do ex-presidente Lula e de todos os presos políticos do regime golpista. O maior sindicato dos professores, a Apeoesp, aprovou no seu último Conselho de Representantes (CR), a participação ativa do sindicato e dos professores no ato pela liberdade de Lula. Lula é mantido na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 7 de abril do ano passado. O problema da sua prisão arbitrária é uma questão central na política brasileira atualmente.
Estão sendo organizadas diversas caravanas para levar milhares de professores para a manifestação, com a intenção de pressionar uma mobilização contra todo esse aparato golpista, que é um importante mecanismo da direita. O próprio esforço da direita dentro das instituições para manter essa prisão é uma demonstração de que essa pauta é central. A liberdade de Lula é um fator determinante na luta política em curso. As instituições controladas pelos golpistas estão organizadas para manter Lula preso a qualquer custo, apesar de todas as evidências que surgem a cada dia de que sua prisão é uma completa arbitrariedade, baseada em uma condenação sem provas. Por isso, dia 27, é preciso lotar a cidade de Curitiba em uma grande mobilização contra a prisão de Lula. Em um grande ato unitário da esquerda em torno dessa reivindicação central. Todos a Curitiba! Liberdade para Lula!
CIDADES E ESPORTES | 11
ROUBO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
Bahia: direita quer privatizar a água em Eunápolis Prefeito abriu edital para entregar a água da cidade para os capitalistas O prefeito de Eunápolis, Robério Oliveira (PSD), município do estado da Bahia, publicou na última semana um edital de abertura de licitação para privatização da água da cidade. Robério Oliveira é esposo de Cláudia Oliveira, também do PSD, atual prefeita de Porto Seguro. Assim como seu marido, Cláudia Oliveira também deu início ao processo de privatização da água de Porto Seguro. Por meio de manobras, como o impedimento da participação popular e suas organizações nas audiências públicas sobre o assunto, a atual prefeita de Porto Seguro prosseguiu com a entrega do serviço de água da cidade. Recentemente, o Tribunal de Contas dos Município entrou com uma ação contra a privatização da água em Porto Seguro, concedendo 20 dias para que a prefeitura esclareça as irregularidades.
Ainda mais curioso, ou não, é que o irmão de Cláudia Oliveira, Ângelo Santos, atual prefeito de Santa Cruz de Cabrália também na Bahia, tentou privatizar a água do município. Neste caso a mobilização da população conseguiu fazer com que o prefeito recuasse. Temos, portanto, uma verdadeira quadrilha de prefeitos golpistas, os quais se aproveitam do atual momento do país, de ofensiva da política da direita (privatizações, fim dos direitos, etc) para impor os interesses dos capitalistas sobre a população. A política de privatização visa somente atender a sanha por lucro dos empresários do setor e nada mais, é um ataque aos interesses do povo. É preciso que a população se mobilize contra esse roubo do recurso e de patrimônio público.
REVOLTA CONTRA O ROUBO
Exemplo: população arranca placas da Zona Azul em Porto Seguro Prefeitura impõe cobrança de R$4,00 na Zona Azul, população de Porto Seguro (BA) se revolta A população de Porto Seguro (BA), cansada da política vampiresca da prefeitura, a qual estabeleceu uma taxa de R$ 4,00 para poder estacionar nas ruas da cidade, a chamada “Zona Azul”, passou a arrancar as placas destinadas a este serviço. No caso mais recente, a placa foi jogada no mar. Apesar do discurso demagógico da direita de que tal ação seria vandalismo por parte do povo, trata-se de uma ação correta, tendo em vista que o verdadeiro vandalismo, são as cobranças impostas à população, como a absurda taxa de R$ 4,00 para simplesmente poder estacionar um automóvel. Além do que a chamada Zona Azul é na prática uma política de privatiza-
ção das ruas da cidade. Quem acaba sofrendo mais com essas taxas e imposições é a população mais pobre, que é obrigada a pagar por mais este serviço. É legítima toda revolta da população, por menor que seja, contra a política de rapinagem imposta pelos governos aliados dos grandes empresários e banqueiros. No caso de Porto Seguro, a prefeita Cláudia Oliveira, do PSD, recentemente, por meio de um processo golpista e fraudulento, privatizou a água do município, uma verdadeira ação criminosa contra o povo. É preciso apoiar a revolta do povo contra os governos golpistas, lacaios da burguesia.
12 | JUVENTUDE E MULHERES
JUVENTUDE, UM PILAR DA REVOLTA
Assim como no Chile e Equador, juventude brasileira deve sair às ruas! É de imediato dever convocarmos atos por todo país pelo Fora Bolsonaro e todo os golpistas, gerando uma verdadeira luta contra os fascistas e o imperialismo. O final da década de noventa e o inicio do século XXI foram conhecidos na América Latina como um período de grande revolta popular contra a política neoliberal imposta pelo imperialismo por todo continente, algo que levara grande parte da população a um estado de miséria nunca antes visto. Em decorrência da mobilização histórica que tomou o continente, governos nacionalistas passaram a aparecer por todos os lugares, uma mistura da derrota da direita e do imperialismo frente as massas e uma tentativa desesperada de conter o anseio popular que havia posto diversos países em um estágio pré-revolucionário, como na Venezuela, Bolívia, etc. Vimos esse fenômeno se alongar por toda a primeira década do século, até que, com uma demonstração que o capitalismo não pode mais sequer sustentar míseras reformas sociais, a burguesia de toda América Latina, impulsionada pelo imperialismo iniciou uma campanha de golpes que devastou todo o continente. Em decorrência disso, todos aqueles países que um dia tiveram um governo mais ligados as camadas populares passaram a sofrer duros ataques pelos golpistas, ataques esses que causam até hoje a destruição econômica destes países, o aprofundamento da miséria e uma entrega, total e irrestrita, das riquezas nacionais para o imperialismo, impondo uma ditadura e entregando seu povo a um estágio semi-colonial, com governos que cor-
respondem apenas os ditames dos grandes capitalistas mundiais. Porém, como era de se esperar, não tardou para a população latino-americana, já muito esmagada pelo massacre promovido pela ascensão da extrema-direita, promover uma verdadeira rebelião que tomasse conta de todo continente, liderado pelas camadas mais pobres com participação de destaque da juventude, alvo de inúmeros ataques. Este processo ainda encontra-se em desenvolvimento, porém já é notável que esta não será apenas uma etapa rotineira na luta política destes países, e sim, uma mobilização diretamente ligada à luta contra o imperialismo e a opressão sofrida pelos países atrasados. Além disso, percebemos que nelas, mesmo tendo começadas recentemente, já estão presentes com forte intensidade reivindicações sérias pela derrubada dos respectivos governos. No Equador as grandes massas saíram as ruas pelo Fora Moreno, um traidor do povo que promoveu um verdadeiro golpe nas eleições e entregou de bandeja todo o país à política de destruição geral promovida pelo imperialismo. Como também, vemos a juventude no Chile literalmente pondo fogo em tudo, exigindo a derrubada do direitista Sebastián Piñera que está colocando o país em uma ditadura aberta. O imperialismo sabe muito bem que estes não são eventos isolados, e sim, denotam uma tendência continental, tendo o Brasil, principal país da Amé-
rica Latina, um forte indicado a ser um dos próximos a explodir de vez, como já comprovado pela revolta contra o golpe, a prisão de Lula e o fascista Bolsonaro. Devido a este desenvolvimento, o imperialismo norte-americano já indicou um experiente embaixador, ligado ao golpe de estado chileno, para assumir o posto no Brasil, uma representação clara de que o país está a ponto de pegar fogo. Porém, temos que ver que a única postura política correta frente a está situação é a já declarada pela população, ou seja, a derrubada destes governos. A realidade e o desejo popular, impõem como necessidade a chamada as ruas sob a direção de luta direta contra o golpe e o imperialismo. Se no Equador chamamos por fora Moreno,
no Chile temos o fora Piñera, o Brasil, como já demonstrado pelos grandes atos, devemos levantar os trabalhadores pelo Fora Bolsonaro! Para isso, a juventude exerce um importante papel, é ela o setor mais revoltado e mobilizado, sendo assim, as universidades são um fundamental ponto de partida para toda a mobilização, levando dessa forma todo o restante da população às ruas. É de imediato dever convocarmos atos por todo país pelo Fora Bolsonaro e todo os golpistas, gerando uma verdadeira luta contra os fascistas e o imperialismo. O povo já avisou, não podemos esperar as eleições controladas pelas ditaduras, precisamos mobilizar agora, e a data está marcada: 27 de outubro, em Curitiba (PR), pela liberdade de Lula e fora Bolsonaro!
A QUESTÃO É DE CLASSE
Demagogia: nova chefe do FMI quer “defender” as mulheres A nova comandante do Fundo Monetário Internacional, como representante do imperialismo mundial, discursa não para as mulheres trabalhadoras, mas para as mulheres da burguesia Volta e meia surgem figuras da direita, representantes do imperialismo, que tentar surfar na onda das pautas identitárias, na “defesa” dos grupos oprimidos, para tentar ganhar visibilidade como capitalistas mais “humanos”. A demagogia presente no discurso desses demagogos profissionais é recheada de premissas falsas, por exemplo, mulheres da burguesia que discursam em “defesa” das mulheres no geral, quando, na verdade, as reivindicações delas não contemplam a realidade das mulheres da classe trabalhadora. Isso é, basicamente, o que fez a nova chefe do FMI. Recentemente, Kristalina Georgieva, que ingressou há pouco tempo no comando do Fundo Monetário Internacional (FMI), discursou no primeiro encontro anual do FMI sobre um tema específico, a desigualdade de gênero. Às mulheres da plateia, disse: “nunca aceitem receber menos que seu co-
lega homem para o mesmo trabalho. Nunca”. Ao falar isso, Georgieva ignora completamente a situação das mulheres trabalhadoras e das mulheres pobres que, na maioria das vezes, não possuem independência financeira suficiente para impor suas reivindicações. Contudo, o discurso perfumado dela, por mais que pareça certo a luta pelo fim da desigualdade de gênero, esconde, sorrateiramente, o objetivo da nova chefe do FMI. Quando disse o por quê de estar falando sobre esse tema, disse: “porque não é só uma coisa boa a se fazer, é também fantástico para se obter melhores resultados”. Mais a frente, continuou: “eu trabalhei mais duro do que qualquer homem só para ser igual. Por trabalhar mais e trabalhar mais duro, eu fui mais longe do que eles. E aqui estou, estou comandando o FMI”. Seu discurso gira em torno da meritocracia e da eleva-
ção dos lucros através da armadilha, mascarada de incentivo, que, se a mulheres se esforçarem e trabalharem cada vez mais, ganharão tanto quanto os homens. A nova comandante do FMI, um órgão que representa genuinamente o imperialismo, que é conhecido por afundar países pobres em eternas dívidas, fala em nome de uma classe privilegiada de mulheres ricas que não precisam passar por duplas jornadas de trabalho, cuidar dos afazeres domésticos, passar pelas explorações e opressões que a sociedade capitalista impõe à mulher. O órgão que ela representa é nada menos do que o responsável pela miséria na vida de milhares de mulheres pelo mundo todo, como pode ela, então, ousar falar que as mulheres devem se impor em seus trabalhos? São realidades distintas que não serão mudadas enquanto não hou-
ver união das mulheres trabalhadoras em torno da luta contra os golpistas que tomaram conta do Brasil, contra os ataques aos direitos das mulheres, contra o imperialismo e pela derrubada do capitalismo. Mulheres como Georgieva devem ser combatidas tanto quanto qualquer outro homem que represente o capitalismo, pois o que realmente conta na luta pela emancipação das mulheres é a questão de classe, não de gênero. Não é mulher por mulher, mas, sim, mulheres trabalhadoras pelas mulheres trabalhadoras, do mundo todo.