Diário Causa Operária nº5810

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TERÇA-FEIRA, 29 DE OUTUBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5810

Dia 27: uma grande vitória da mobilização pela Liberdade de Lula

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o início da noite desse último domingo milhares de companheiros de todas as regiões do País iniciaram seus retornos para suas respectivas cidades com um único e firme propósito de intensificar a campanha pela “Liberdade de Lula” por todo o Brasil. Motivo para isso não faltou.

Próximos passos depois do vitorioso ato de Curitiba Com mais de 5 mil pessoas presentes e atividades da maior importância politica, o 27 de Outubro expressou uma significativa evolução à esquerda na situação política, em um quadro geral de crise política do regime golpista e de uma guinada da situação em toda a América Latina.

Psol propõe “derrotar” Bolsonaro… mas como?

“Sou a favor, mas voto contra” O atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, veio a público na última semana para dizer que seu voto sobre a possibilidade de prisão antes do esgotamento de todos os recursos ainda não estava decidido. A declaração, no entanto, veio de um modo bem característico: "Eu estou ainda pensando meu voto. Muitas vezes, o voto nosso na Presidência não é o mesmo voto de bancada. Eu penso assim em razão da responsabilidade da cadeira presidencial. É um voto que também tem o cargo da representação do tribunal como um todo."

A luta pela liberdade de Lula pode iniciar Situação eleitoral da Frente uma revolta popular geral Ampla no Uruguai é difícil Setores da esquerda brasileira têm relacionado muito os acontecimentos recentes na América Latina, em particular as mobilizações de massa no Equador e no Chile, com o cenário brasileiro, em que haveria uma certa apatia da população em relação às questões sociais e políticas.

Domingo (27), enquanto ocorriam eleições na Argentina e o ato pela liberdade de Lula em Curitiba, no Uruguai, os eleitores também iam às urnas para escolher seu próximo presidente. Dessa vez, a Frente Ampla corre um sério risco de sair derrotada, depois de um longo período no governo, desde 2005.

Participe dos cursos do PCO sobre o Programa de Transição

PCO promove atos fora do Brasil Militantes do PCO participaram e organizaram atos pela liberdade do ex-presidente Lula na Europa, enquanto o Partido da Causa Operária e os comitês de luta contra o golpe realizavam o ato pela liberdade de Lula.

Até o começo de dezembro o PCO estará realizando mais uma Escola Marxista, dessa vez com um curso sobre o Programa de Transição, Leon Trótski, que consiste no programa para a revolução socialista nos dias de hoje. A aula inaugural do curso foi ministrada por Natália Pimenta


2 | OPINIÃO E POLÊMICA EDITORIAL

COLUNA

Próximos passos depois do vitorioso ato de Curitiba Com mais de 5 mil pessoas presentes e atividades da maior importância politica, o 27 de Outubro expressou uma significativa evolução à esquerda na situação política, em um quadro geral de crise política do regime golpista e de uma guinada da situação em toda a América Latina. No aniversário do ex-presidente Lula, de 74 anos, um conjunto de atividades na Capital paranaense, se opuseram à tendência de dispersão da esquerda burguesa e pequeno burguesa contrária à realização de uma atividade nacional e a qualquer mobilização real, disfarçando-se com a divulgação de inúmeros atos locais e até mesmo a realização de festas familiares. A partir da iniciativa do PCO e dos Comitês de Luta Contra o Golpe, com adesão concreta das alas petistas mais próximas do ex-presidenete do ativismo de base desse partido e dos Comitês Lula Livre que, de fato, se empenham na campanha pela liberdade de Lula, e do apoio – em diferentes níveis – de importantes setores do movimento sindical, como a APEOESP (professores/SP), Metalúrgicos do ABC, Bancários do DF, Servidores Federais/ DF, APP (Educação/PR), Sinpro-DF (Professores), Rodoviários de Sorocaba (SP), entre outros, além de outras entidades de luta dos explorados do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MST) e a Frente Nacional de Lutas (FNL), e da cidade, como inúmeros movimentos ligados à Central de Movimentos Populares (CMP). Diferentemente do dia 14/09, quando a atividade ficou restrita à presença organizada do PCO e dos Comitês de Luta, desta feita houve uma sensível ampliação, inclusive, com a presença no ato central de importantes lideranças nacionais do PT, como a presidenta do Partido, deputada federal Gleisi Hoffmann e o também deputado, Vicentinho; o vice-presidente nacional da CUT, Vagner Freitas, entre outros. Na tarde do dia 27, realizou-se uma muito importante Plenária dos Comitês, com a participação de mais de 300 ativistas, de cerca de 100 Comitês de todo o País que debateram não só um balanço da própria mobilização para o ato, como sobre conjunto da situação política e deliberaram propostas para impulsionar a mobilização pela liberdade de Lula e contra o regime golpista, conforme destacamos abaixo. Nada de esperar pelas eleições, o caminho é o povo nas ruas • Fora Bolsonaro e todos os golpistas • Eleições gerais, com Lula livre e Lula candidato • Anulação da Lava Jato • Abaixo o golpe militar. Milicos na caserna • Nada de frente ampla, frente de luta dos trabalhadores e da esquerda

Ampliação da mobilização • Realizar atos pela liberdade de Lula e pela anulação da lava jato nas capitais • Mobilização permanente nas ruas, com mutirões, atos e outras iniciativas • levar a campanha para as fábricas, locais de trabalho e moradia; intensificar a campanha nas universidades • levar a campanha para as escolas, para os estudantes secundaristas novo ato nacional contra o julgamento-marmelada, em Brasília, com a ocupação de Brasilia Organizar desde já o Reveillon com Lula, onde ele estiver • Organizar a rebelião e a luta dos comitês • Convocar a II Conferência Nacional dos Comitês, pela liberdade de Lula e contra o fascismo • reivindicar da Frente Brasil Popular a convocação do Congresso do Povo, com milhares de delegados de base Apoiar as reivindicações centrais dos explorados e dos estudantes e a greve geral como arma • Redução da jornada de trabalho para 35h semanais • Luta contra as privatizações da estatais • Abaixo a Escola sem Partido e a militarização das escolas • Abaixo o future-se e a destruição do ensino público • Abaixo os ataques dos governos fascistas contra o povo negro, as mulheres e os LGTB • Fora Witzel e todos os governos fascistas Para cumprir o deliberado e impulsionar as perspectivas de luta expressas na mobilização do dia 27, a direção nacional do PCO e a coordenação dos Comitês de Luta Contra o Golpe, deliberaram convocar a II Conferência Nacional dos Comitês, pela liberdade de Lula e contra o fascismo para os dias 14 e 15 de dezembro.

“Sou a favor, mas voto contra” Por Victor Assis

O atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, veio a público na última semana para dizer que seu voto sobre a possibilidade de prisão antes do esgotamento de todos os recursos ainda não estava decidido. A declaração, no entanto, veio de um modo bem característico: Eu estou ainda pensando meu voto. Muitas vezes, o voto nosso na Presidência não é o mesmo voto de bancada. Eu penso assim em razão da responsabilidade da cadeira presidencial. É um voto que também tem o cargo da representação do tribunal como um todo. Por trás de toda a enrolação, o que Toffoli falou foi: “sou contra a prisão após condenação em segunda instância, mas deverei votar a favor”. O ministro votou contra a execução de pena após condenação em segunda instância em 2016, o que levaria qualquer um a crer que repetiria sua posição no novo julgamento da questão, que está previsto para novembro deste ano. Mas ninguém pode crer em nada quando o assunto é a posição dos ministros do STF… De 2016 para cá, muita coisa aconteceu. O golpe de Estado se aprofundou e, com isso, a direita avançou no regime político. A pressão sobre o STF cresceu ainda mais e, quando Toffoli se tornou presidente da Corte, as Forças Armadas lhe impuseram um general da reserva como “assessor”. Desde então, Toffoli tem assessorado de maneira muito eficiente as Forças Armadas, atendendo a todas as suas demandas, especialmente àquelas relacionadas ao ex-presidente Lula. E é justamente o caso do general presidente, digo, assessor da presidência do STF que levou Toffoli a mudar sua “opinião”. Pressionado pela direita – ainda mais em um momento em que Gilmar Mendes foi levado a mudar seu voto sobre a questão da prisão após segunda instância -, Toffoli deverá seguir o voto da direita fascista, assim como já fizeram os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luis Roberto Barroso. O que chama a atenção nesse caso não é propriamente a incoerência dos ministros – qualquer um que acompanhe minimamente a política nacional já deve estar acostumado com isso -, mas sim a desculpa esfarrapada que Toffoli deu para, aparen-

temente, mudar seu voto. Por que diabos, afinal, Dias Toffoli assessor do STF, digo, presidente, teria de ter uma posição contrária a Dias Toffoli ministro? Não faz qualquer sentido, como a maioria das baboseiras que os ministros do STF falam. O caso de Toffoli, no entanto, não é isolado. Periodicamente, os ministros do STF são protagonistas de declarações escandalosas, sendo que boa parte delas são justamente para “justificar” o injustificável: uma mudança abrupta de posição. Ao que parece, na verdade, essa é uma “habilidade” adquirida por todos os que são convocados para caducar na Suprema Corte: a de criar as mais estapafúrdias desculpas para continuar escrachando com a cara de toda a população. Quem não lembra do caso de Rosa Weber, que permitiu que o então juiz Sérgio Moro ordenasse a prisão de Lula? Pressionada também pelas Forças Armadas – coincidência? -, a ministra afirmou que era contra a execução de pena antes do esgotamento de recursos, mas que rejeitaria o habeas corpus solicitado pela defesa de Lula para preservar a jurisprudência do STF… Tanto cuidado para preservar a instituição do STF – sua presidência, sua jurisprudência -, todo esse sacrifício em nome de um “propósito maior” poderia me forçar a concordar com Fernando Haddad, que em sua coluna do último dia 26, afirmou que a Corte seria a “pedra angular da República”. Embora tanto sacrifício seja comovente, a realidade não nos permite cair nesse conto da carochinha: quisesse o STF ser a pedra angular da República, não teria sido uma peça-chave do golpe de Estado de 2016 tal qual o foi. Até hoje, por sinal, o tribunal nunca se dispôs a julgar a anulação do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, mesmo após o próprio Temer reconhecer o golpe. Nenhum país que procure respeitar os direitos democráticos de seu povo deve ter como base um tribunal superior, que sequer é eleito e é facilmente corrompido pelo imperialismo. Por isso, é preciso abandonar qualquer esperança no STF e intensificar a mobilização popular pela derrubada do governo Bolsonaro e pela liberdade de Lula!


POLÍTICA | 3

LULA, 74 ANOS!

Dia 27: uma grande vitória da mobilização pela Liberdade de Lula Ato em Curitiba aponta que só a mobilização popular, nas ruas, será capaz de derrotar o golpe e impor a liberdade do ex-presidente No início da noite desse último domingo milhares de companheiros de todas as regiões do País iniciaram seus retornos para suas respectivas cidades com um único e firme propósito de intensificar a campanha pela “Liberdade de Lula” por todo o Brasil. Motivo para isso não faltou. Ainda no início da manhã, eram dezenas de caravanas que chegavam a Curitiba e se concentravam no Parque Bacacheri, a cerca de três quilômetros do prédio da Polícia Federal onde Lula está encarcerado, uma outra parte da militância já estava na porta da PF saudando Lula com o tradicional “Bom dia, presidente Lula”. Por volta das 9h30 da manhã a passeata saiu do parque Bacacheri com centenas de faixas e bandeiras do PCO, do PT, de movimentos sociais como o MST e a FNL. Ao longo do percurso mais caravanas e se somaram à passeata concentrando um público de cerca de 2 mil pessoas por volta das 10h30 da manhã. Entre intervenções no carro de som e palavras de ordem gritadas pela militância, realçavam os chamados pela liberdade do ex-presidente, o Fora Bolsonaro, inclusive o grito de guerra que se popularizou desde o carnaval “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c.”. Ao contrário do que muito se fala sobre um clima hostil da população curitibana contra a esquerda, contra Lula, o que se viu ao longo da passea-

ta foi um apoio quase que absoluto à passeata. Eram populares, motoristas de ônibus, transeuntes absolutamente solidários à manifestação. Depois de cerca de 2 horas, a passeata foi encerrada a um quarteirão do prédio da PF, com a militância se integrando ao ato político que já estava em andamento. Uma questão fundamental a ser salientada no que diz respeito à atividade do dia 27 é que, embora numa escala ainda muito limitada, ela aponta, no Brasil, às tendências às grandes explosões sociais que estão ocorrendo em vários países da América Latina, contra os golpes de estado e a política de destruição desses países pelo imperialismo. Chile, Equador, Honduras, Argentina, em menor medida, Colômbia, Peru, são situações emblemáticas do que está para ocorrer no Brasil. Apenas que , aqui, o papel da esquerda na contenção do movimento é de muito maior envergadura. O ato do dia 27 foi um exemplo disso. Os cinco mil militantes que compareceram ao ato poderiam com muita facilidade serem multiplicados por 2, 3 ou 4. Do estado de São Paulo foram aproximadamente 20 ônibus, da região Sul uma quantidade semelhante, do DF, 9. Esse é um dado que aponta uma falta de vontade política para impulsionar uma verdadeira mobilização em torno de Lula, que é, independentemente de quaisquer considerações que possa se fazer sobre a sua trajetó-

ria política, a maior expressão da luta contra o golpe no Brasil. Os golpistas sabem disso e é por isso que ele está preso. Essa contradição se expressou justamente na principal atividade que ocorreu durante todo o dia, a plenária nacional chamada pelo PCO e que contou com ativistas de mais de 100 comitês de todo o País. Durante duas horas a militância discutiu a importância do dia 27 e quais os próximos passos que devem ser dados pelo movimento de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula Entre críticas feitas por militantes do PT ao pouco empenho da direção do Partido em construir o ato em Curitiba – outros partidos da esquerda, nem falar, pois foram nulos – em levar milhares de caravaneiros para esse que foi,

sem dúvida nenhuma o principal ato pela liberdade do ex-presidente desde a sua prisão, até a necessidade de se construir a greve geral foram a tônica da participação ativa da militância no debate amplamente democrático realizado. Ao final da plenária, foi aprovado por unanimidade, por proposta dos militantes do PCO, a imediata realização da II Conferência Nacional Aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe, com uma pauta centrada em torno das campanhas pela Liberdade de Lula, pelo Fora Bolsonaro, por eleições gerais com Lula candidato e por uma constituinte popular livre e soberana, em uma campanha que só pode se dar nas ruas, que não há nenhum termo de conciliação com o regime golpista. Mãos à obra!

DIA 27 EM CURITIBA MOSTROU

A luta pela liberdade de Lula pode iniciar uma revolta popular geral O povo já mostrou que tem disposição de ir até as últimas consequências para libertar Lula, resta à esquerda organizar esse movimento Setores da esquerda brasileira têm relacionado muito os acontecimentos recentes na América Latina, em particular as mobilizações de massa no Equador e no Chile, com o cenário brasileiro, em que haveria uma certa apatia da população em relação às questões sociais e políticas. Essa posição é desmentida quando vemos os atos que têm ocorrido desde o início do ano contra o governo Bolsonaro, nos quais o povo claramente tem exigido a queda do regime golpista. O exemplo mais recente disso foi justamente o ato desse domingo (27) pela liberdade do ex-presidente Lula, em Curitiba. Milhares de pessoas viajaram de diversas localidades do País para a capital paranaense para demonstrar a total indignação popular com a prisão ilegal do líder petista, bem como, inevitavelmente, seu repúdio por Bolsonaro. Curiosamente, aqueles setores da esquerda que dizem que o povo não se mexe, são os mesmos que não movem uma palha para organizar a luta pela queda de Bolsonaro. E mais: parte desses setores sequer defende

realmente a liberdade de Lula, ainda mais como eixo central da luta contra Bolsonaro. Sim, a liberdade de Lula é um eixo central, não só da luta contra o governo Bolsonaro, mas como um catalisador da insatisfação popular contra os golpistas. As próprias eleições fraudulentas do ano passado mostraram isso: Lula estava bem à frente de qualquer candidato nas próprias pesquisas eleitorais da burguesia, o que mostra que o povo enxerga em Lula

uma antítese do regime golpista. Se o povo quer a queda do regime golpista, ele vai (como já comprovou) lutar por Lula. E a luta por Lula, por sua vez, movimenta a luta geral da população. Quando de sua entrega para os golpistas, no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no ano passado, isso ficou evidente: o clima de polarização atingiu o seu ápice naquele momento, em que a classe operária esboçou um levante contra a direita para impedir a prisão daquele que ela vê como seu repre-

sentante, por ser justamente um filho dessa mesma classe. Pode não ser tão claro, mas naquele momento, quando a classe operária brasileira iniciou um movimento contra a direita, ela estava influenciando a classe operária dos outros países da América Latina, até porque ela é a maior da região e o Brasil é o país mais influente. Com a onda de mobilizações generalizada que os povos do continente estão impondo contra os regimes fantoches do imperialismo, a classe operária brasileira também é empurrada para um movimento ainda maior do que tem feito até agora. Entretanto, para que esse movimento prossiga, se desenvolva e tenha êxito, é preciso que as direções políticas da esquerda organizem essa revolta no sentido de um enfrentamento direto e radical contra os golpistas, tomando como mote o eixo da liberdade de Lula e o que é sua antítese, o Fora Bolsonaro. Então, as mobilizações de massa no Brasil têm o mais completo potencial de serem as maiores de todo o continente e desencadear uma insurreição dos povos de toda a região contra a direita e o imperialismo.


4 | POLÊMICA

ESQUERDA PEQUENO-BURGUESA

Psol propõe “derrotar” Bolsonaro… mas como? Em nota oficial, a Direção Nacional do PSOL caracteriza o governo Bolsonaro como “a mais grave ameaça aos direitos do povo brasileiro em décadas”, mas não propõe sua derrubada No último sábado (26), às vésperas do grande ato nacional pela liberdade de Lula, a Direção Nacional do Psol publicou uma resolução sobre a situação política nacional. Seccionada em 11 pontos, a resolução tem como título “Derrotar Bolsonaro e o programa neoliberal”. No texto, a direção do Psol defende a chamada “frente ampla” e um novo julgamento para Lula, além de afirmar que não vai levantar a palavra de ordem de “fora Bolsonaro”. De onde vem a ameaça do governo Bolsonaro? No primeiro ponto da resolução, o PSOL caracteriza o governo Bolsonaro como “a mais grave ameaça do povo brasileiro em décadas”: "1. O governo Bolsonaro representa a mais grave ameaça aos direitos do povo brasileiro em décadas. Seu projeto aprofunda a agenda ultraliberal do governo de Temer, enquanto radicaliza os ataques à soberania nacional e às liberdades democráticas. Seu propósito é jogar o Brasil à barbárie, destruindo a legislação trabalhista e previdenciária, as leis ambientais, os mecanismos de proteção às minorias, reprimindo e criminalizando os movimentos sociais e a esquerda em geral. Se dependesse apenas do desejo da família Bolsonaro, o Brasil já estaria às portas de uma nova ruptura institucional e da instauração de um regime de exceção." De fato, o governo Bolsonaro representa uma grande ameaça aos direitos democráticos dos trabalhadores. No entanto, Bolsonaro não assumiu o poder sozinho: Bolsonaro só se tornou presidente porque a direita operou uma escancarada fraude eleitoral, que consistiu fundamentalmente em cassar os direitos eleitorais do maior líder popular do Brasil, o ex-presidente Lula. O Psol não menciona a fraude eleitoral em sua nota – inclusive, o PSOL, nas eleições de 2018, ao invés de lutar pela candidatura de Lula, que era o único com condições de enfrentar o regime golpista, lançou uma candidatura própria. A caracterização do governo Bolsonaro feita pela Direção do PSOL também falha em não explicar o motivo que leva Bolsonaro a estar destruindo o país: Bolsonaro é um capacho do imperialismo, representante dos interesses dos bancos. O fechamento do regime, consequentemente, não é uma questão somente de “desejo” da família Bolsonaro, mas sim uma necessidade da própria burguesia para continuar sua ofensiva sobre os direitos da população. Qual a popularidade real do governo Bolsonaro? Em seu segundo ponto, a resolução afirma que a popularidade do governo Bolsonaro está despencando: "2. Mas, felizmente, o destino do Brasil não é definido apenas por Bol-

sonaro. O desgaste inicial do governo, cuja aprovação caiu para cerca de 30% em menos de um ano, mostra que a experiência concreta de uma administração incapaz de enfrentar os problemas que afligem a maioria do povo brasileiro se reflete no aumento da rejeição popular ao projeto de Bolsonaro. Embora o governo mantenha uma parcela significativa de apoio, sobretudo nas camadas de mais alta renda, a tendência é de ampliação do desgaste. A estagnação econômica, as altas taxas de desemprego e informalidade, o aprofundamento da crise social e da insegurança, mostram na prática que a extrema direita não tem condições de tirar o país da crise em que se encontra. Os incêndios na Amazônia e, agora, os vazamentos de milhões de litros de petróleo no litoral do Nordeste, degradando ainda mais os modos de vida de comunidades tradicionais, recebidos com respostas cínicas por parte do governo, são demonstrações de que a natureza e seus povos estão entre os mais atacados." A avaliação que a resolução faz da popularidade do governo é mais uma demonstração da incompreensão do problema da fraude eleitoral. As eleições foram fraudadas justamente porque o governo Bolsonaro não tem popularidade – a extrema-direita possui uma base social maior do que os partidos tradicionais da burguesia, que foram à falência por causa da aplicação da política neoliberal, mas muito inferior à base dos movimentos populares organizados. Se considerados os votos anulados, os votos brancos e os votos cassados por várias manobras do TSE, Bolsonaro obteve pouco mais de 30% dos votos nas eleições de 2018 – isso, obviamente, se considerarmos que não houve qualquer tipo de fraude nas urnas. Afirmar que Bolsonaro hoje possui cerca de 30% de aprovação é fazer coro à tentativa da burguesia de disfarçar a imensa impopularidade do governo. Se mais de um milhão de pessoas foram às ruas protestar contra o governo em maio, é óbvio que se trata de um governo sem apoio no movimento popular – e, portanto, um governo sustentado por uma base bastante restrita da extrema-direita e pelos capitalistas. A extrema-direita no mundo No quarto ponto da resolução, o PSOL avalia que a extrema-direita está em uma crise mundial: "4. Acontece que esse eixo começa a dar sinais de crise. As derrotas de seus aliados em Israel, Hungria, Áustria e Polônia, mostram que as políticas de extrema-direita contra os imigrantes estão enfrentando maior resistência social e política. As crises políticas no Equador, Chile e Peru e as possíveis vitórias de partidos de centro-esquerda na Argentina, Uruguai e Bolívia, mos-

tram que o risco de um isolamento do governo Brasileiro é real. A crise social e política promovida pelas políticas de austeridade na Argentina, Chile e Equador mostram que se apertar mais o cinto dos trabalhadores e trabalhadoras, Bolsonaro pode se deparar, cedo ou tarde, com um levante popular." As derrotas nos países apontados pela resolução, no entanto, devem ser cuidadosamente analisadas. Em todo o mundo, o capitalismo enfrenta uma gravíssima crise econômica, de modo que a burguesia se vê obrigada a intensificar a exploração sobre os trabalhadores em todo o mundo. Isso, por sua vez, torna inevitável que a própria burguesia impulsione os governos de extrema-direita em todo mundo, pois a política neoliberal é tão impopular que precisa ser imposta pela força. Eventuais derrotas da extrema-direita no mundo, nesse momento, em que não há uma ofensiva dos trabalhadores, são apenas um movimento de zigue-zague dos capitalistas para evitar perder o controle da situação política. A avaliação das eleições na Bolívia, no Uruguai e na Argentina é um outro erro grave por parte da Direção do PSOL. Primeiramente, as eleições uruguaias não apontam claramente para uma vitória da esquerda – muito pelo contrário, a própria imprensa burguesa vem repetindo que a Frente Ampla pode perder as eleições. Em segundo lugar, a vitória de Alberto Fernández apenas aponta que a política econômica do governo Macri é muito impopular. O mero retorno do peronismo ao poder não implica em uma mudança fundamental na política do governo argentino – o próprio Fernández já se mostrou disposto a seguir a “cartilha” do FMI. Na Bolívia, por fim, o governo de Evo Morales, que é um líder do movimento popular, pode sofrer um golpe a qualquer momento. Liberdade para Lula ou julgamento para Lula? Em um trecho do sexto ponto da resolução, a Direção Nacional do PSOL discute as consequências dos vazamentos divulgados pelo portal The Intercept Brasil: As revelações fizeram diminuir a popularidade do mais importante minis-

tro do governo Bolsonaro e fortaleceu os argumentos daqueles que defendem um julgamento justo para Lula. Aliás, cabe ressaltar que neste momento o STF discute a constitucionalidade da prisão em segunda instância e o pedido de suspeição de Sérgio Moro, abrindo novamente a possibilidade de liberdade de Lula. De acordo com a resolução, portanto, os vazamentos divulgados contra a Operação Lava Jato devem ser utilizados para que se levante a palavra de ordem de “julgamento justo para Lula”. Essa posição, que já foi defendida publicamente por figuras como o governador maranhense Flávio Dino, vai de encontro ao interesse de todo o movimento de luta contra o golpe. O processo contra Lula é uma fraude – que acarretou, inclusive, na ascensão da extrema-direita ao poder – e ele próprio é um polo de mobilização para milhões de trabalhadores. A política de qualquer organização minimamente democrática deve ser a de, portanto, exigir a anulação de todos os processos contra o ex-presidente, e não a de exigir um novo julgamento para Lula. Defesa da “frente ampla” No sétimo e no oitavo ponto da resolução, a Direção do PSOL faz uma defesa desavergonhada da chamada “frente ampla” – isto é, uma frente que submeta as organizações populares e a esquerda aos interesses da direita golpista: "7. A continuidade dos ataques aos direitos sociais e às liberdades democráticas, que vêm desde o golpe parlamentar de 2016, exige da oposição a capacidade de formar frentes unitárias entre distintos setores para derrotar o governo Bolsonaro e seus ataques. Mas essa frente terá formatos diferentes a depender do tema. Por exemplo, para enfrentar a censura e o cerceamento das liberdades democráticas, essa frente poderá contar com amplos setores sociais, indo bem além da esquerda, como demonstrou o episódio de censura por parte de Marcelo Crivella a uma publicação na Feira do Livro do Rio de Janeiro. Em outros temas, como a reforma da previdência, a frente será mais restrita, resumindo-


INTERNACIONAL | 5 -se quase sempre aos partidos e movimentos mais identificados com a esquerda e a classe trabalhadora. Devemos ter sabedoria e flexibilidade para agir em cada momento de acordo com as necessidades de cada batalha. 8. Isso, no entanto, não deve servir para ignorar as diferentes táticas que convivem no âmbito da oposição. Enquanto alguns insistem numa disputa do “centro” (a partir da hipótese da divisão da sociedade em três partes), acreditamos que o papel do PSOL é fortalecer um polo de esquerda na sociedade para derrotar Bolsonaro. Isso significa que nossa saída para deter o governo pode até ser mais ampla, mas que a alternativa para a crise precisa ser dada por um projeto de esquerda, orientado aos interesses do povo trabalhador e oprimido." É óbvio que para qualquer partido derrubar o governo Bolsonaro, será preciso fazer uma aliança com outros setores da sociedade. O governo Bolsonaro é sustentado pela burguesia, que detém a cúpula das Forças Armadas, o Judiciário, o Congresso e toda uma série de dispositivos para impor sua vontade. Por isso, é necessário organizar um movimento popular bastante numeroso para colocar a direita contra a parede. O problema das alianças propostas pela resolução do PSOL é que elas são “bem além da esquerda”. Sem entrar em uma grande discussão de até onde vai o “bem além da esquerda”, podemos facilmente concluir que aquilo que vai “além” da esquerda não é de esquerda. E aquilo que não é de esquerda é, inevitavelmente, de direita. Uma saída “mais ampla” também é um termo que esclarece o caráter da aliança proposto pela resolução. A aliança com setores da direita golpista é uma política completamente desastrosa para a esquerda e os trabalhadores em geral. A direita não tem interesse algum em comum com o restante da população – seu interesse é manter seus privilégios, que só são possíveis através da exploração incessante do povo brasileiro e trabalhador. Se tais setores se oferecem para se aliar com a esquerda, só há um objetivo por trás: confundir o movimento popular, de modo a impedir um levante efetivo contra o regime político, e criar condições para endurecer os ataques contra os trabalhadores. Muita conversa mole e nada de “Fora Bolsonaro” Nos pontos 9 e 10, a resolução procura explicar o que seria, de acordo com o PSOL, “derrotar” o governo Bolsonaro: "9. O PSOL tem dado a batalha pela unidade da oposição, preservando sempre sua identidade e suas posições políticas. Mas entendemos como positiva a formação de espaços de articulação capazes de incidir sobre o processo de mobilização social. Os rumos do Brasil se decidem nas ruas, não no parlamento. Por isso a proposta de impeachment ou cassação da chapa só pode se materializar como parte de um amplo rechaço social

aos crimes cometidos por Bolsonaro desde a campanha eleitoral. A consigna “Fora Bolsonaro” deve ser parte das conclusões a que o movimento de massas deve chegar com nosso apoio, mas jamais como uma imposição de um partido que se entende a própria vanguarda. Dessa forma, devemos estar inseridos nas mobilizações e lutas para demonstrar que cada dia de Bolsonaro no poder nos deixa mais próximos da terra arrasada, o que significa que a estratégia de “sangrá-lo” aos poucos esperando o próximo confronto eleitoral pode significar a consolidação de uma imensa derrota para a classe trabalhadora e as forças de esquerda. 10. Por isso, entre nossas tarefas políticas imediatas, está a constituição de um amplo movimento político e de rechaço e oposição nas ruas ao governo Bolsonaro. Um forte movimento capaz de unir todas as forças e lutas dos movimentos sociais e da classe trabalhadora, da juventude, das mulheres, da negritude, dos ambientalistas, dos indígenas, dos LGBT, unindo suas ferramentas e representações num mesmo espaço, buscando aglutinar a energia militante também pelas bases, categorias, territórios, universidades para derrotar Bolsonaro e sua agenda liberal. É preciso alterar a correlação de forças na sociedade, para a partir disso, alterar a correlação de forças da disputa política mais geral, colocando na mesa uma saída global para a superação de Bolsonaro." Conforme fica explícito pelo próprio texto da resolução, o PSOL não pretende organizar nenhum movimento em torno da palavra de ordem e “Fora Bolsonaro”. Trata-se, obviamente, de um equívoco gigantesco, uma vez que as condições para a derrubada imediata do governo Bolsonaro estão dadas. Desde o carnaval desse ano, em março, todas as manifestações populares acabam levantando palavras de ordem contra o governo. Até mesmo no Rock in Rio, que é um festival frequentado por camadas mais privilegiadas da sociedade, milhares de pessoas expressaram acordo pelo fim do governo. Ao mesmo tempo que as palavras de ordem contra o governo Bolsonaro estão na boca do povo, a crise da direita se intensifica a cada dia que passa. O próprio partido ao qual Bolsonaro é filiado, o PSL, está afundado em uma crise profunda, o que mostra que a burguesia não tem, nesse momento, a unidade necessária para reprimir um levante popular contra a farra dos golpistas. As alegações de que seria necessário criar um movimento de rechaço ao governo para, aí sim, mudar a correlação de forças em favor do povo, são, além de ridículas, fraudulentas. O movimento de rechaço não precisa ser criado – ele já existe e os exemplos citados acima são prova disso. O único elemento que está dificultando para que a população consiga derrubar o governo Bolsonaro é a decisão das direções da esquerda nacional, entre elas a própria Direção Nacional do PSOL, em organizar uma ofensiva do movimento popular pelo “Fora Bolsonaro”.

Reunião do Coletivo de Mulheres Rosa Luxemburgo Todos os sábados às 16h

Local: Centro Cultural Benjamin Perét Rua Serranos nº 90, próximo ao metrô Saúde - São Paulo - SP Entre em contato conosco: • telefone/whatsapp: (11) 98192-9317 • facebook: @coletivorosaluxemburgo • Se você não for da cidade de São Paulo, participe a distância via Skype. Contato no Skype: mulheres_8


6 | ATIVIDADES DO PCO

ATOS ACONTECERAM NA EUROPA

PCO promove atos fora do Brasil Militantes do PCO organizam e participam de atos pela liberdade do companheiro Lula na Europa Militantes do PCO participaram e organizaram atos pela liberdade do ex-presidente Lula na Europa, enquanto o Partido da Causa Operária e os comitês de luta contra o golpe realizavam o ato pela liberdade de Lula. Em Frankfurt, os militantes do PCO participaram do ato “Lula Livre já!” que procurou esclarecer a população sobre a prisão política do maior líder da

América Latina. Em Coimbra, Portugal, os manifestantes procuraram elucidar a população local e turistas que passavam pela Praça 8 de Maio, em frente à Igreja Santa Cruz. Foi Cortado um bolo e também foi cantado um parabéns para o ex-presidente, que completou 74 anos na data. Também foram realizadas intervenções artísticas no local.

O PROGRAMA PARA A REVOLUÇÃO

Participe dos cursos do PCO sobre o Programa de Transição Curso chegará a 300 locais até o começo de dezembro, veja as próximas cidades que receberão essa atividade revolucionárias. DF-Paranoá GO-Jataí GO-Itumbiara BA-eunapolis AL-Palmeira dos Índios PE-Olinda PB-João Pessoa RN-Alexandria

Até o começo de dezembro o PCO estará realizando mais uma Escola Marxista, dessa vez com um curso sobre o Programa de Transição, Leon Trótski, que consiste no programa para a revolução socialista nos dias de hoje. A aula inaugural do curso foi ministrada por Natália Pimenta no Centro Cultural Benjamin Péret, no dia 29 de setembro, em São Paulo, e está disponível no canal Causa Operária TV no YouTube. Depois dessa aula inaugural, o curso, que oferece uma ferramenta teórica fundamental para a militância intervir politicamente nos acontecimentos hoje, foi levado para dezenas de cidades em todo o país e já foi realizado em mais de 60 locais. Até o começo de dezembro, a Escola Marxista com o tema do Programa de Transição já terá sido realizada em mais de 300 locais. Como participar? Para participar em um dos muitos cursos que ainda serão realizados em todo o Brasil, basta entrar em contato pelo número (11) 96388-6198, ou pelo email pco.sorg@gmail.com. O curso é gratuito e basta comparecer no local

em que o curso acontecer na sua cidade, na hora marcada. Caso sua cidade não esteja entre os locais listados para receber o curso, é possível organizar para que o curso seja realizado. Quais são as próximas cidades em que o curso será realizado? A seguir, veja a lista das cidades em que o curso ainda será realizado. Para mais informações sobre a realização do curso em sua cidade, entre em contato pelo número de telefone divulgado acima. Confira os locais dos próximos cursos: 9/11 RS-Viamão RS-Rio Grande SC-Imbituba SC-Palhoça PR-Maringá SP-Catanduva SP-Carapicuíba SP-Franca SP-S. J. Rio Preto SP-Taquaritinga RJ-Cabo Frio RJ-Itaboraí MG-Uberlândia

10/11 RS-Gravataí RS-Quaraí RS-Santa cruz SC-Sombrio PR-Paranaguá SP-Campo Limpo SP-Guará SP-Santo André SP-Vargem Grande Paulista SP-Votorantim RJ-Nova Iguaçu MG- Uberaba DF-Gama (assentamento FNL) GO-Jaraguá GO-Novo Gama BA-porto seguro BA-teixeira de freitas PE-Camaragibe 23/11 RS-Santa Cruz do Sul RS-Triunfo SC-Balneário Camburiu SC-Joinvile PR-Guaratuba SP-Caieiras SP-Cajamar SP-Jabotical SP-Rio Claro SP-Praia Grande RJ-Itaguai RJ-Piraí MG-Conselheiro Lafaiette MG-Ribeirão das Neves DF-Planaltina MS-Aquidauana GO-Porangatu BA-Coribe BA-porto seguro PE-Gravatá PB-Campina Grande RN-Macaiba 24/11 SC-Tubarão

PR-Campo Mourão PR-Guarapuava PR-Londrina PR-Matinhos SP-Caraguatatuba SP-Cosmópolis SP-Ilhabela SP-Reginopolis SP-Suzano RJ-Campos dos Goytacazes RJ-Rio das Ostras MG-Ponte Nova MG-Ouro Preto DF-Ceilândia MS-Dourados MT-Cuiabá BA-Vitória da Conquista PE-Ocupação PE-Santo Agostinho RN-Parnamirim 30/11 RS-Porto Alegre RS-Santa maria SC-Florianópolis PR-Curitiba PR-Pontal do Paraná SP-Jandira SP-Pindamonhangaba SP-Lençóis Paulista RJ-Capital MG-BH ES-Vitória DF- Brasília (Plano Piloto) MS-Campo Grande GO-Anápolis BA-Salvador AL-Coruripe PE-Recife CE-Fortaleza PI-Teresina 01/12 RS-Novo hamburgo RS-Sapucaia do Sul PR-Paranaguá RJ-Teresopolis MG- Contagem MG-Nova Serrana ES-Linhares GO-Goiânia BA-Feira de Santana AL-Maceió SE-Aracaju MA-São Luís


ATIVIDADES DO PCO | 7

FORMAÇÃO MARXISTA

Curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa começa na próxima segunda Aulas ocorrerão de 4 a 8 de novembro no CCBP e serão transmitidas pela COTV. Os companheiros poderão fazer uma contribuição de R$ 75,00 para obter o material completo do curso Vai começar na próxima segunda-feira (4) o curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa, mais uma iniciativa de formação teórica e política promovida pelo Partido da Causa Operária (PCO) para educar os seus militantes, simpatizantes e as classes populares em geral. O curso será ministrado pelo presidente do Partido, o companheiro Rui Costa Pimenta, que já deu palestras a respeito do tema e tem preparado um material abundante de análise sobre o processo chinês, especialmente para este curso. Serão cinco dias de aulas – de segunda (4) até sexta-feira (8), começando às 18h30 e com término previsto para às 21h30 em todos esses dias. Elas ocorrerão no Auditório Friedrich Engels do Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), localizado na Rua Serranos, 90, próximo ao Metrô Saúde, em São Paulo. O curso é gratuito. Aqueles que quiserem ter acesso a um material completo (com apostilas, textos, imagens, verbetes etc.) podem pagar um valor simbólico de R$ 75,00, para custear esse material que será produzido para as aulas e a infraestrutura do local. O material restrito estará disponível no sítio da Universidade Marxista, que

será lançado em breve. A Causa Operária TV transmitirá todas as aulas na íntegra e os membros do canal (cuja adesão custa apenas R$ 7,99 por mês) recebem um desconto para se inscreverem no curso completo com acesso a todo o material, saindo por um valor de R$ 50,00. Esta semana deverá ser disponibilizado um formulário online no Diário Causa Operária, para que os interessados se inscrevam no curso. Quem já quiser se inscrever e não perder mais nenhum tempo, pode também enviar um correio eletrônico para o seguinte endereço: pco.sorg@gmail.com ou entrar em contato no número de WhatsApp (11) 96388-6198. A China comemorou 70 de sua revolução no último dia 1 de outubro. Esta foi a segunda maior revolução do século XX, atrás apenas da Revolução Russa. Mas foi a revolução com a maior participação popular, uma vez que a nação asiática é o país mais populoso do mundo, atualmente com cerca de 1,4 bilhão de habitantes. O processo chinês tem inúmeras peculiaridades e contradições, mas logicamente não foge da análise científica que é o marxismo. Como um país que estava no atraso total, cuja sociedade tinha fortes

COMITÊ CENTRAL NACIONAL

Direção do PCO aprova 2ª Conferência Nacional de Luta contra o golpe Mobilização permanente contra o golpe de Estado, pela liberdade de Lula e por fora Bolsonaro Nessa segunda-feira, dia 28, um dia após o grande ato em Curitiba pela liberdade de Lula, o Comitê Central Nacional do PCO se reuniu para um balanço das últimas atividades e debater os próximos passos da mobilização. Sobre o ato em Curitiba, os companheiros avaliaram ter sido uma vitória e um importante passo para a mobilização contra o golpe, pela liberdade de Lula e pelo “Fora Bolsonaro”. Cerca de 5 mil pessoas estiveram presentes em Curitiba. Muitos companheiros atenderam ao chamado do PCO e organizaram de maneira independente as caravanas que vieram de todas as regiões do País. Durante o ato, os comitês de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula realizaram uma plenária que contou com a presença de cerca de 300 pessoas. A combativa plenária já havia indicado o empenho em organizar a 2ª Conferência Nacional de Luta Contra o Golpe para organizar as próximas atividades de mobilização. A proposta foi discutida e aprovada pelo CCN e ficou estabelecido uma mobilização desde já para a Confe-

rência, que foi marcada para os dias 14 e 15 de dezembro em São Paulo. A Conferência, assim como aconteceu com a primeiro, realizada em julho de 2018, serve como um instrumento de organização dos comitês de luta e de mobilização real contra o golpe de Estado no País. Portanto, a tarefa central dos militantes do PCO para o próximo período é intensificar os mutirões que acontecem em todo o País, mobilizar e organizar a Conferência.

resquícios feudais, praticamente sem nenhum desenvolvimento industrial, e submetido ao domínio de uma potência estrangeira (o Japão) conseguiu realizar uma revolução social e erguer um Estado controlado pela classe operária? A revolução na China foi realmente feita pelos camponeses, ou na verdade a vanguarda da revolução foi a classe trabalhadora? O que levou às tensões e posterior quebra de laços entre a China e a União Soviética? O que foi o maoísmo? Como o capitalismo conseguiu ser restaurado naquele país? Por que a China não é um país

socialista? O que significou a entrada da nação mais populosa do planeta no mercado mundial? A China é hoje uma potência? Como ela conseguiu se tornar um dos protagonistas da economia e da geopolítica global? Essas e outras questões serão analisadas e respondidas por Rui Costa Pimenta no curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa. Não perca, anote já em sua agenda, invista financeiramente no material do curso e participe dessa importante atividade de formação política! A partir do próximo dia 4 de novembro, no CCBP e na COTV!


8 | INTERNACIONAL

OFENSIVA DA DIREITA

Situação eleitoral da Frente Ampla no Uruguai é difícil Somadas, chapas da direita tiveram mais votos do que Daniel Martínez, representante da Frente Ampla nas eleições. Domingo (27), enquanto ocorriam eleições na Argentina e o ato pela liberdade de Lula em Curitiba, no Uruguai, os eleitores também iam às urnas para escolher seu próximo presidente. Dessa vez, a Frente Ampla corre um sério risco de sair derrotada, depois de um longo período no governo, desde 2005. O candidato da Frente Ampla, Daniel Martínez, ficou com 39,2% dos votos no primeiro turno, e precisará ir ao segundo turno. Apesar de ter sido o mais votado, ele terá que vencer um candidato, Luis Lacalle Pou, que ficou com 28,6% dos votos e que tem apoio dos outros dois partidos com votações expressivas: o Partido Colorado, que chegou aos 12,3%, e o Cabildo Abierto, que foi aos 10,9%. Somando-se a votação dos candidatos de direita, os direitistas já estariam à frente de Martínez, que tenta continuar os governos da Frente Ampla, que atualmente tem Tabaré Vázquez na presidência, que por sua vez sucedeu Pepe Mujica, que já foi guerrilheiro e chegou à presidência liderando um dos governos nacionalistas burgueses mais moderados da região. Embora tenha apresentado algumas políticas que afrontaram os conservadores, no fundamental a Frente Ampla

foi extremamente conciliadora e deslocou-se cada vez mais à direita. Toda essa conciliação, no entanto, acabou fortalecendo as posições da direita, que agora está prestes a tomar o governo por meio das próprias eleições, sem que sequer tenha que expor seu caráter golpista. Referendo Paralelamente à votação para presidente, os uruguaios votaram em um referendo em que a direita propunha, embora sem o apoio explícito de nenhum candidato, uma reforma constitucional profundamente reacionária. Proposta pelo senador Jorge Larrañaga, do Partido Nacional, o referendo “Viver sem medo” apresentava quatro mudanças na Constituição: formação de uma Guarda Nacional formada por militares para atuarem como policiais; fim da progressão de regime para penas por determinados tipos de crimes; prisão perpétua para determinados tipos de crimes, como homicídio; autorização para operações de busca e apreensão de madrugada. Essa proposta provocou um grande protesto em Montevidéu na semana

passada, com milhares de uruguaios protestando pelas ruas da capital, e acabou derrotada nas urnas no domingo. Para entrarem em vigor, as propostas deveriam ter tido apoio de pelo menos 50% dos votantes. Direita golpista e neoliberal Como em toda a América Latina, a direita no Uruguai é golpista e neoliberal, e sequer esperou chegar ao

governo para já apresentar a possibilidade de uma intervenção militar, por meio do referendo “Viver sem medo”, uma indicação de que se prepara uma grande repressão contra os trabalhadores no futuro, para impor um programa de ataques às condições de vida de amplos setores da população do país. É preciso, portanto, intensificar a mobilização dos trabalhadores em todos os países para barrar, na marra a ofensiva golpista.

CRISE NA AMÉRICA LATINA

Protestos no Chile seguem e expõem tendência à luta em toda a região População latino americana reage ao neoliberalismo e dá demonstrações de que não o aceitará mais. Por décadas, a população chilena teve que viver um dos mais ferrenhos governos neoliberais, chefiado pelo general Augusto Pinochet, e, posteriormente, as consequências desta política. Hoje, a burguesia chilena e o imperialismo sentem os resultados desta política; o povo saiu às ruas e não dá demonstrações de que voltará ao ganhar qualquer migalha. No último dia 17, o quinto aumento das passagens em menos de dois anos pelo governo chileno foi o estopim para que se iniciasse uma das maiores rebeliões no País. Rapidamente, os protestos desenvolveram-se a ponto de, uma semana depois, nos dias 23 e 24, a CUT chilena realizar uma greve geral parar o País reivindicando uma Assembleia Nacional Constituinte. No dia seguinte, viu-se um setor de manifestantes tentando invadir a Câmara dos Deputados, localizado em Valparaíso, o que levou o governo a fechar o parlamento com medo da revolta. O governo neoliberal de Sebastián Piñera tem lançado mão de todos os artifícios na esperança de retroceder a luta sem perder o substancial de sua política – a austeridade –, mas nenhuma tem se mostrado efetiva; nestas quase duas semanas, o governo investiu em repressão à população, prendendo mais de 3.162

civis e matando cerca de 18, tentou anunciar medidas “positivas” para a população, as quais não mudam em nada a situação de vida dos chilenos, e até pedir desculpas pela postura do governo. A situação no Chile não se trata de uma revolta isolada, principalmente na América Latina. Nos últimos anos, vimos o desabrolho de vários golpes de Estado que levaram políticos que

trabalham para o imperialismo norte-americano ao poder e os quais levam uma política de misérias para o povo. Estes governos tornaram ainda mais agudas as contradições econômicas nos países. Em resposta a isso, temos visto revoltas cada vez mais radicais, como no Haiti, Porto Rico, Honduras e Equador. As revoltas devem chegar a cada vez mais países latinos, onde a situação

não é diferente dos lugares onde as revoltas já explodiram. Os governos direitistas da região, por sua vez, que são a grande maioria, dão demonstrações de que não renunciarão de suas políticas, ao passo em que a população mostra que não aceitará os ataques neoliberais. É preciso, portanto, intensificar a mobilização contra a ofensiva da direita golpista. Fora imperialismo da América Latina.


INTERNACIONAL | 9

ALBERTO FERNÁNDEZ ELEITO

Direita perdeu a eleição na Argentina, mas ainda é preciso mobilização Para derrotar a direita não vai adiantar apenas uma determinada votação nas ruas, em toda a região a direita é golpista e precisa ser derrotada nas ruas O candidato apoiado pela ex-presidente Cristina Kirchner, Alberto Fernández, venceu as eleições presidenciais na Argentina em primeiro turno no último domingo (27). Com 48,1% dos votos, Fernández derrotou Mauricio Macri, que conseguiu 40,4% dos votos. O candidato da direita reconheceu a derrota ainda no domingo, quando as pesquisas de boca de urna confirmavam a vitória de Fernández, teoricamente esperada desde a realização das eleições primárias argentinas, quando Fernández teve mais de 15 pontos de vantagem sobre Macri. Deslocamento à direita Por ocasião das eleições primárias em agosto, houve uma queda vertiginosa do peso argentino diante do dólar e uma queda nas bolsas. Um movimento especulativo em grande medida voluntário da parte de grandes capitalistas, que mandaram assim seu recado para o possível novo governo. Fernández, de sua parte, correu para a imprensa para fazer declarações que pudessem tranquilizar o chamado “mercado” – isto é, os capitalistas -, como, por exemplo, prometer que a Argentina não dará um calote na dívida pública. Ontem (28) Fernández já

se reuniu com Macri para iniciar uma transição até o dia 10 de dezembro, quando toma posse. Dentro do peronismo, Alberto Fernández já representava, antes dos acenos que fez à direita nos últimos meses, uma ala mais direitista do que o de sua ilustre candidata à vice-presidente, Cristina Kirchner, que puxou boa parte dos votos para o vencedor. Sob pressão da direita, houve um deslocamento ainda maior, o que leva a comparações com o equatoriano Lenín Moreno. Ainda é preciso observar o que acontecerá, mas em qualquer caso a direita não está disposta a entregar facilmente os rumos da política nas mãos de governos nacionalistas burgueses ao estilo dos governos Kirchner. A votação de Macri Mesmo controlando as eleições e um aparato gigantesco de comunicações, a direita não conseguiu vencer as eleições. Mas votação de Macri demonstra que a direita ficou longe de simplesmente entregar os pontos. A diferença diminuiu de 15% para menos de 8% em relação às primárias. Na Argentina, mais de 45% dos votos bastam para vencer no primeiro turno,

como a votação de Fernández já tinha sido muito alta, a direita não conseguiu reverter a tempo essa tendência. Mas o resultado eleitoral mostra que mesmo por meio das eleições houve um esforço grande para derrotar a esquerda. A direita não vai abandonar o poder Esse esforço, no entanto, não é o único e sequer é o principal. Em todo o continente, a direita é golpista. Estimulada e guiada pelo imperialismo os direitistas adotam a mesma política em toda a América Latina. De modo que, na Argentina há muitas possibilidades da volta da direita ao

poder muito antes da próxima eleição. Uma delas é que Fernández seja de fato um Lenín Moreno. Outra possibilidade é pura e simplesmente um golpe aberto, possibilidade que assoma cada vez mais acintosamente na América Latina. Portanto, seja na Argentina ou no Brasil, as eleições não vão contornar a necessidade de mobilização popular para derrotar a direita. Para derrotar o imperialismo e a política neoliberal, a única possibilidade é mobilizar os trabalhadores em torno desse problema, mobilizar a população contra o imperialismo e os golpistas.

e verdadeira ação política democrática, colocando como reivindicação não somente o fim dos regimes de opressão, miséria e fome, mas o desmantelamento de toda a estrutura apodrecida que sustenta a exploração capitalista na América Latina. Os diversos governos fantoches, títeres do imperialismo não representam, nem minimamente, qualquer ideia de democracia, pois estão voltados para atacar as condições de vida das massas, de atuarem como verdugos do seu próprio povo, que se utilizam das Forças Armadas, do Exército e da polícia para reprimir a luta das massas.

A tarefa mais imediata que se apresenta para a esquerda latino-americana, neste momento, é oferecer às massas populares uma ação consciente para as lutas que estão em curso, em movimento e não, como defendem alguns setores, evitar a convulsão social ali nos países onde a população se levantou contra os governos reacionários, de direita, serviçais do imperialismo. Esta luta deve ser guiada por um programa claro, classista; por um conjunto de reivindicações que faça avançar as mobilizações e o enfrentamento da população e dos demais setores oprimidos contra a burguesia, a extrema direita e o imperialismo.

AMÉRICA LATINA CONVULSIONADA

A situação latino-americana As mobilizações de massas no continente expressam o esgotamento dos regimes apoiados pelo imperialismo Na América Latina, em todas as regiões, o movimento de luta das massas populares vem se impondo como um fenômeno de extraordinária importância social e política para todos os povos do continente. A situação na quase totalidade dos países indica claramente que a luta dos explorados ingressou em um patamar de enfrentamento direto com os governos, o regime político da burguesia e, por conseguinte, com o inimigo maior de todos os povos, o imperialismo norte-americano. O emergir da luta social na América Latina, atingindo a maioria dos povos, expressa o esgotamento dos regimes pseudo-democráticos da região, que nunca foram, verdadeiramente, regimes democráticos representativos plenos, mas soluções artificiais, por cima, a frio, encontradas pelo imperialismo em substituição às ditaduras que marcaram os governos diretamente financiados e apoiados por Washington e pela Casa Branca nas décadas de sessenta e setenta do século passado. As “democracias” de fachada que sucederam os governos militares mantiveram, em sua essência, todos os aspectos principais das ditaduras,

especialmente o aparato repressivo que hoje se coloca para reprimir as mobilizações. A característica fundamental das mobilizações que ocorrem em vários países está marcada não por reivindicações limitadas, parciais, de tipo sindical ou econômicas por exemplo, ou mesmo a substituição de ministros do governo, mas pelo fim do regime de exploração da burguesia, contra as medidas de ataque à população, contra o neoliberalismo. No Haiti, no Equador e no Chile, o movimento protagonizado pelas massas está claramente dirigido contra o regime político em seu conjunto, contra as instituições que legitimam a política da burguesia e do imperialismo contra o povo trabalhador. Mais recentemente, a população uruguaia saiu às ruas da das cidades para protestar contra um projeto de lei que prevê o retorno dos militares à vida política do país. Em oposição à ideia advogada pelos democratas vulgares, de que as mobilizações nos países latinos ameaçam a “democracia” no continente, o fato é que o movimento das massas populares que irrompeu em diversos países da região se apresentam como a única


10 | INTERNACIONAL

NOVAMENTE POSTERGADO

Crise profunda no Reino Unido: Brexit é adiado para janeiro Representando a crise no regime britânico e na União Europeia, a decisão envolvendo a saída do Reino Unido da UE é adiada para 31 de janeiro. A crise na União Europeia assume características cada vez mais profundas. Anteriormente, o Reino Unido já havia retornado a discutir com intensidade as propostas relacionadas à da saída com país do bloco europeu, representando um racha político e econômico com setores do imperialismo, uma forma encontrada do imperialismo inglês sobreviver e ganhar novo gás frente a crise econômica mundial. Boris Johnson, primeiro ministro britânico era, sem sombra de dúvidas, a figura de maior destaque nessa negociação. Com um histórico de renúncias promovidas pelos fracassados acordos entre o partido conservador e a União Europei, a saída do Brexit tornou-se um ponto crucial na política do países, desde que fora aprovado em plebiscito esta saída. Por isso, o primeiro ministro vê-se em uma corda bamba, entre duas situações em que pelo andar da carruagem, levam necessariamente a um novo nível de crise no imperialismo. Recentemente em discussão no parlamento, Johnson havia declarado extrema necessidade em que a aprovação do acordo com a UE fosse realizada até dia 31 deste mês de outubro,

pressionando os parlamentares britânicos e sua própria base partidária a ser contrária a tendência mostrada em postergar a decisão. Com base nisso, Boris Johnson anunciou que caso não ocorresse a decisão até a data desejada, o mesmo iria abrir votação sobre a convocação de uma nova eleição geral, modificando assim todo parlamento ainda neste ano, mais especificamente, em dezembro, uma tentativa desesperada

de alterar a situação em que o acordo encontra-se. A expectativa do conservador é que em adiantar as eleições ele possa ter uma oportunidade para modificar toda base do parlamento e coloca-la sob maioria do seu partido, por enquanto, a única forma encontrada pelo primeiro ministro para contornar a situação de crise política no país. Porém, com isso temos outros problemas para Johnson, pois, nestas

eleições não há reais garantias de um sucesso conservador. Enquanto seu partido desesperadamente tenta tomar a maioria na casa, o Partido Trabalhista, sobretudo envolvendo seu líder, Jeremy Corbyn, é colocado como um dos grandes favoritos nas próximas eleições, um beneficiado da crise política no regime britânico e pelas posições firmemente à esquerda de Corbyn, que ganharam a atenção das camadas populares e tornaram-se uma alternativa ao atual estado da política britânica. Ao colocar-se dessa forma, notamos o grande grau de crise presente na política imperialista da União Europeia. Enquanto alguns dos principais países do mundo racham seu território, como a Espanha, o Reino Unido, um dos maiores países imperialistas de todos os tempos encontra-se em uma crise histórica, e sua saída do Reino Unido não é uma medida com fim em si mesmo, esta decisão pode muito bem aprofundar esta situação crítica, porém ainda é vista por parte dos capitalistas inglesas como forma de dar um alivio econômico e político, algo que não mostra-se real frente a tudo que já ocorreu após o inicio das discussões.

FINANCIADO PELA BURGUESIA

29/10/1922: Mussolini é indicado como primeiro-ministro O imperialismo tenta propagandear ser defensor da democracia, no entanto, a história prova que foi o responsável pela ascensão do fascismo ao poder, colocando-o diretamente. Benito Mussolini é caracterizado como o principal nome e pai fundador do que é chamado de fascismo. Suas origens dentro do movimento popular, suas atitudes demagogas e oportunistas que o levaram a ser comprados pelo dinheiro dos grandes capitalistas são capítulos importantes na história política mundial e pessoal desta figura. Mussolini é um dos reis da demagogia moderna, principal característica dos fascistas junto a alto repressão e massacre do movimento popular. Inicialmente fora comprado pela burguesia imperialista Italiana, o levando a assumir uma política abertamente a favor do seu país na guerra, atacando assim as camadas populares que eram levadas, como massa de carne, para o combate, sendo massacrados aos milhões em nome de interesses imperiais. Tal postura foi responsável pela quebra definitiva com as organizações mais à esquerda, evidenciando seu grande oportunismo e jogo de interesses responsável por defender a burguesia frente ao muito explosivo movimento operário da época. Além disso, Mussolini viria a ser conhecido por sua brutalidade contra o próprio povo, pela política de extermínio e por uma ditadura até então nun-

ca vista em toda história. Não apenas atacando os direitos democráticos do povo, mas sim diretamente suas próprias organizações, as destruindo de cima a baixo e assassinando seus líderes. Com todo este desenvolvimento, o imperialismo nos dias atuais busca propagandear de forma mentirosa

que Mussolini nada mais seria que um louco do qual tomou conta do regime político contra os interesses supostamente democráticos da burguesia italiana. Todavia, ao analisarmos a história e vermos quem de fato o financiou, notamos que toda esta propaganda representa simplesmente o inverso da realidade.

Como forma de combater a crise econômica e social levada pela crise mundial do capitalismo, a burguesia italiana adotou uma política drástica de brutal repressão da população, quando as ditaduras tradicionais não se viam mais suficientes para conter a situação e a rebelião do movimento operário, já responsável por derrubar o capitalismo em inúmeros países. Dessa forma, Mussolini e suas milícias dos chamados “camisas negras” contaram com grande apoio do Estado burguês e pela presença massiva dos aparatos de repressão do governo em seus núcleos políticos. Os fascistas, como ficaram conhecidos pela história, adotaram já antes de assumir o poder toda uma política geral de repressão contra o povo, ao ponto em que quando dado o momento, a burguesia italiana movimentou-se e decidiu por fim em declarar Benito Mussolini como primeiro-ministro italiano. Tal indicação não veio do nada, e sim fora fruto da nomeação do então rei da Itália, Vitor Manuel III, expondo a todos o grande apoio dado pela burguesia aos fascistas, e maneira simples e fácil com que o golpe foi dado, independente sequer das eleições tradicionais da burguesia, colocando de forma direta e ilegal, os fascistas no poder.


CIDADES E CULTURA | 11

ESCASSEZ DE ÁGUA

População só está tendo água a cada quatro dias no interior do Ceará Depois do golpe de Estado, até beber água é uma luta Os golpistas entregam tudo ao capital estrangeiro, através da política neoliberal, de vendas de nossas riquezas, o Pré Sal, a base de Alcantra, o petróleo, o Nióbio, além de uma reforma de Previdência que tornará o povo cada vez mais escravo do trabalho, beneficiando os capitalistas. Por estes motivos, Bolsonaro não representa o povo brasileiro , ele é um capacho do governo americano, a serviço dos Americano pra tornar o Brasil uma colônia Americana. A população já vem sentido o resultado da política de extermínio do golpista ilegítimo Bolsonaro. O estado do Ceará, nordeste brasileiro, sofre com a seca que assola sua região geograficamente, e se não bastasse, o governo não tem interesse de resolver esse sério problema. A população de Quixeramobim e Boa Viagem, no interior do Ceará, voltou a enfrentar escassez e raciona-

mento de água no segundo semestre deste ano. Os moradores têm água a cada quatro dias, distribuída pelos Serviços Autônomos de Água e Esgoto (Saae). Em Quixeramobim 35 mil moradores consomem água tratada e fornecida pelos Saae. O rodízio é feito nos cinco bairros da cidade. A água só chega às torneiras de quatro em quatro dias. Os açudes locais secaram, e a alternativa foi trazer água do açude Pedras Brancas, em Banabuiú (que também abastece a sede urbana de Quixadá), por meio de uma Adutora de Montagem Rápida, distante 60 km. Os moradores acordam cedo e vão retirar água dos chafarizes. Outros compram água de caminhões particulares. O povo muito pobre, ainda é obrigado a pagar para poder ter um pouco de água, conclusão, o dinheiro que recebem é menos de um salário mínimo, outros são aposentados que vêem seu

pouco dinheiro sendo consumido pelos caminhões pipa particulares. Isso porque o caminho que a prefeitura manda não supre todas as necessidades. Com isso, o povo gasta seu dinheiro todo pa-

ra obter água para sobreviver. É preciso derrubar o regime dos golpistas, colocar para fora Bolsonaro, lutar pela liberdade de Lula, chamar eleições gerais com Lula candidato.

SEGURANÇAS FASCISTAS

A CULTURA SOB ATAQUE

Seguranças da CPTM espancam jovem de 16 anos na Corinthians-Itaquera

RJ: golpistas desviam dinheiro da Cultura para repressão

Em uma “sala” da estação Corinthians-Itaquera, sete funcionários da CPTM espancaram adolescente que pulou catraca

Atacar a cultura do povo é uma das principais políticas dos golpistas

Na última sexta-feira (25), seguranças da CPTM espancaram um adolescente de 16 anos. A agressão aconteceu em uma “sala” da estação Corinthians-Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Segundo relato do adolescente, ele tentou pular a catraca e foi impedido pelos seguranças. Em seguida, ele comprou o bilhete e após passar pela catraca e se dirigir ao local de embarque, foi novamente abordado pelos seguranças, que o expulsaram da estação. Após a expulsão, os seguranças voltaram ao local em que ele estava, e o levaram para uma sala fechada, onde ele foi espancado.

O adolescente registrou um boletim de ocorrência e nas fotos é possível ver que o rapaz teve ferimentos no rosto, nas costas, braços, peito e no pescoço. O ocorrido é mais um caso em que as forças de repressão que trabalham a serviço do Estado utilizam de sua autoridade para impor arbitrariamente a sua vontade e, caso não sejam obedecidos (o que nem aconteceu no caso), disferem um ataque brutal contra qualquer um que se oponha a sua vontade. Qualquer que tenha sido a motivação do incidente, nada justifica um ataque com tamanha violência.

O Brasil e toda a América Latina estão sob ataque do imperialismo mundial. No Brasil, isso acontece mais ferozmente desde o golpe que retirou Dilma Rousseff, uma presidenta eleita democraticamente, e a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem provas, tornando-o um preso político, a fim de destruir a soberania nacional brasileira. Por conseguinte, através de fraude, colocaram Bolsonaro presidente ilegítimo que está transformando o Brasil em terra arrasada e tem como projeto o extermínio da população. Em torno de 18,6 milhões não são usados para Cultura o que levará, grupos tradicionais, como folia de reis, acabarem. Manifestações culturais do Rio de Janeiro, por exemplo, correm o risco de “entrar em extinção” por causa da falta de fomento do estado. A falta de investimento não acontece por falta de verba. Pelo contrário, segundo o presidente da Comissão de Cultura da Alerj, o Fundo de Cultura do estado do Rio de Janeiro tem mais de R$ 18,6 milhões em caixa. Grupos tradicionais como Folias de Reis, Jongo, Boi Pintadinho, Boi Malhadinho, o próprio carnaval do interior, o Fado de Quissamã, os afoxés, as quadrilhas juninas, enfim, todos estão sob ameaça. Há anos o estado não lança nenhum edital que possa ajudar esses grupos, que muitas vezes precisam de apenas dois, três mil reais para se manterem.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), está matando a população e fortalecendo a polícia, enquanto a cultura agoniza. Mantendo, dessa forma, a sua política fascista, truculenta e reacionária contra o povo fluminense. É preciso organizar o povo em comitês de luta contra o golpe, em associações, organizações e irem para as ruas com suas faixas, bandeiras e cartazes com a palavra de ordem fora Bolsonaro, fora Witzel e todos os golpistas. Liberdade para Lula, chamar as eleições gerais com Lula candidato.


12 | JUVENTUDE

MEC TEM SUA PRÓPRIA ID

Sabotagem contra a UNE: carteira estudantil a ser lançada pelo MEC Mais um ataque à principal organização estudantil do países, pondo fim ao monopólio das IDs estudantis e entregando ao governo golpista a possibilidade de lucrar em cima. O governo golpista, ainda mais com o fascista Jair Bolsonaro no poder, sempre levou a frente uma política de devastação nacional e entrega do mercado brasileiro ao exterior. Dentre dessas características muito se encontra as inúmeras decisões responsáveis por quebrar financeiramente tanto as empresas nacionais, quanto a política de ataque as organizações populares, sindicatos, etc, atingindo na coluna vertebral destas organizações quando o assunto remete-se a questão financeira. No caso das organizações populares, a questão econômica é um peso muito importante para suas atividades. Por muito tempo setores da esquerda classificavam coisas como a contribuição obrigatória aos sindicatos como uma forma de sustentar burocracias. Contudo, fica visível com a atual situação em que o pais se encontra, que esta política de cortes nas finanças de nada beneficiam o trabalhador, muito pelo contrário, são responsáveis pela destruição destas organizações, por leva-las a um ponto de falência e estagna-las ainda mais na luta política.

De uma forma mais evidente possível a respeito dos ataques a estas organizações, temos o caso da União Nacional dos Estudantes, a UNE, que por muito tempo dominava o monopólio das carteiras estudantis, uma situação em que possibilitava uma alta rentabilidade para a principal organização estudantil do país, principalmente no momento de crise político e econômica presente. No entanto, o ministério da educação, MEC, havia já anunciado o fim deste monopólio. É claro que dominada por uma burocracia da ala direitista destas organizações, temos sérias críticas a toda forma em que esta organização monopolizava as carteirinhas de estudantes sem dar reais retornos políticos com todo este dinheiro arrecadado, além de não favorecer financeiramente as camadas populares, com a ausência de preços mais acessíveis. Contudo, uma coisa é saber os problemas encontrados na UNE, que há tempos é controlada pela UJS, do PCdoB, situação que levou a uma paralisia geral do movimento estudantil nacional

e que gera inúmeros problemas para levar-se dentro das instituições de ensino uma política à esquerda do regime política, outra coisa no entanto, é ver que com o fim do monopólio estudantil a respeito das carteirinhas, temos primeiramente o fim do controle autônomo em que o movimento estudantil tinha em relação a questões que o envolvia diretamente, e ainda por cima um baque econômico gigantesco,

pois as carteiras correspondem a um lucro gigantesco para a organização. Agora, o governo golpista terá seu próprio controle sobre as IDs estudantis, e a UNE novamente sofre um grande ataque à sua independência e controle financeiro. Nesta situação, o movimento popular irá entrar cada vez mais em um período de enormes dificuldades, dependendo unicamente da mobilização do povo para retira-lo desta situação.

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