Diário Causa Operária nº5811

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QUARTA-FEIRA, 30 DE OUTUBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5811

Vitória da mobilização popular depende de esmagar direita golpista

U

ma onda de fúria popular contra as políticas neoliberais começou a se alastrar por toda a América Latina. Haiti, Honduras, Porto Rico, Equador e Chile tiveram grandes manifestações espontâneas contra seus respectivos governo direitistas impostos pelo imperialismo.

É preciso uma política que passe por fora do podre regime político Em coluna para o Brasil 247 do último dia 29 de outubro, o articulista Ricardo Cappelli, que é membro do PCdoB, coloca em questão se há uma “onda vermelha” no Continente americano. Ele contesta a ideia de que a chegada ao Brasil da crise que tomou conta dos países vizinhos seria “iminente”. Cappelli afirma que “qualquer tentativa de conexão Chile-Brasil, ou mesmo Brasil-Argentina, não passa de contorcionismo ilusionista.”

Em fotos: veja como foi a tomada de Curitiba no dia 27 O ato nacional em Curitiba foi um sucesso, reunindo milhares de militantes doa Comitês de Luta, PCO, PT, e outras organizações, pela liberdade de Lula

Todos ao ato contra o bloqueio criminoso dos EUA a Cuba Participe do curso sobre os 70 anos da Revolução A Central Única dos Trabalhadores, CUT-DF, Chinesa o Fórum de Solidariedade Internacional e demais entidades de defesa da revolução cubana estarão realizando, nesta quarta-feira, dia 30 de outubro, um grande ato de solidariedade ao povo cubano, para protestar e exigir a suspensão do hediondo bloqueio econômico que o imperialismo vem impondo, de forma criminosa, à ilha socialista caribenha.

Evo mobiliza apoiadores Povo do Haiti também continua sua insurreição e coxinhatos não ficam sem resposta na Bolívia contra Moïse A população haitiana está entrelaçando protestos e paralisações semana após semana. No último domingo, a oposição de Jovenel Moïse, presidente haitiano, anunciou mais um semana de manifestações pelo país.

Dia 20 de outubro Evo Morales foi reeleito para um quarto mandato. A vontade do povo refletiu-se mais uma vez no resultado eleitoral, apesar da intensa campanha da direita golpista

Com uma história milenar, e séculos de um regime dinástico, a China do Século XXI espanta a muitos no Ocidente, cuja ignorância, deliberadamente alimentada, sobre sua história e importância para o mundo é gigantesca.


2 | POLÊMICA

“ONDA VERMELHA?”

É preciso uma política que passe por fora do podre regime político A conciliação com os golpistas, como propõem os defensores da “frente ampla”, com certeza não levará à derrota da extrema-direita Em coluna para o Brasil 247 do último dia 29 de outubro, o articulista Ricardo Cappelli, que é membro do PCdoB, coloca em questão se há uma “onda vermelha” no Continente americano. Ele contesta a ideia de que a chegada ao Brasil da crise que tomou conta dos países vizinhos seria “iminente”. Cappelli afirma que “qualquer tentativa de conexão Chile-Brasil, ou mesmo Brasil-Argentina, não passa de contorcionismo ilusionista.” Para justificar tal ideia, o articulista explica que é a extrema-direita, no Brasil e no mundo, quem consegue capitalizar melhor um sentimento que ele chama de “anti-sistema”. Segundo ele, Bolsonaro “segura firme em suas mãos a bandeira do ‘anti'”. Portanto, “para o povo, pouco importa o modelo, desde que funcione”. “A questão do momento é que a bandeira do ‘novo’, dos que trabalham para tirar o país do caos lutando contra o sistema corrompido, continua nas mãos do presidente”. A esquerda teria então que retirar das mãos da extrema-direita bolsonarista essa “bandeira”. O grande problema é que Cappelli não explica como seria isso. É preciso levar em conta que a popularidade de Bolsonaro é cada vez menor. Ou seja, no caso brasileiro, existe uma polarização política muito profunda que impede que a extrema-direita consiga se apropriar dessa imagem de anti-sistema. A luta política travada contra o golpe, desde o seu início, agora pela liberdade de Lula e a luta contra o

governo Bolsonaro é o único caminho possível para derrotar a direita. Com certeza a derrota da direita não virá, como defendem setores da esquerda pequeno-burguesa, entre eles o PCdoB de Cappelli, por meio de uma frente ampla parlamentar, eleitoreira e no final das contas oportunista com setores que representam o que há de mais podre na política nacional, que apoiaram o golpe que derrubou Dilma, a criminosa operação lava jato e as condenações fraudulentas e a prisão do ex-presidente Lula. Para que a esquerda se torne a representante do sentimento “anti-sistema” é preciso uma política revolucio-

nária, que mostra o caminho por fora das instituições podres. Para desmascarar Bolsonaro como um demagogo que se aproveita dessa política “anti-sistema”, não é possível se colocar dentro do sistema. Nesse sentido, diferente do que diz Cappelli, o Chile, o Equador e a Argentina são sim um prenúncio do quer pode acontecer no Brasil. O que há nesses países é a revolta generalizada contra o regime político podre, contra a catástrofe social produzida por ele. O povo nesses países mostrou o caminho, ainda que de maneira limitada, de que é preciso partir para o enfrentamento.

CHARGE

É preciso apenas fazer a ressalva sobre a Argentina. A revolta popular foi canalizada na eleição, o que acabou produzindo a derrota de Maurício Macri. Porém, é errado imaginar que o problema no país esteja resolvido. Muito longe disso, a tendência de explosão das massas continua latente. O Brasil já é um Chile, o que falta é uma política correta que coloque como ponto central a luta pelo poder político, ou seja, pela derrubada de Bolsonaro, pela liberdade de Lula, eleições gerais, em suma, a derrota do regime golpista. A “onda vermelha”, para ser uma realidade, depende de uma ação correta.


POLÍTICA | 3

EM TODA A AMÉRICA LATINA

Vitória da mobilização popular depende de esmagar direita golpista Exemplos do Equador e do Chile demonstram a necessidade de impor uma dura derrota à direita para que o povo mobilizado obtenha aquilo que reivindica nas ruas Uma onda de fúria popular contra as políticas neoliberais começou a se alastrar por toda a América Latina. Haiti, Honduras, Porto Rico, Equador e Chile tiveram grandes manifestações espontâneas contra seus respectivos governo direitistas impostos pelo imperialismo. No Brasil também há uma tendência à mobilização contra a direita e o golpe desde antes mesmo de o governo do ilegítimo Jair Bolsonaro começar, fruto de uma longa campanha de resistência que começou ainda na época da campanha da direita pelo impeachment de Dilma Rousseff. As lutas em andamento pelo continente estão demonstrando a necessidade das mobilizações de esmagar a direita golpista. Equador Um exemplo do perigo que as mobilizações correm foi dado, ao menos por enquanto, no caso do Equador. Depois de ser obrigado a mudar a capital de Quito para Guayaquil e colocar o exército nas ruas para reprimir a população civil, Lenín Moreno conseguiu manobrar a situação política, contendo – por hora – a mobilização que ameaçava liquidar seu governo. Com a anulação do decreto que tinha cortado os subsídios para os combustíveis, e diante de uma política revolucionaria, direcionada conscientemente para a derrubada do governo, as manifestações acabaram diminuindo drasticamente até rapidamente acabarem, em acordo com lideranças do movimento indígena, que tinha liderado os protestos. Para a direita, foi uma bem sucedida manobra para contornar a crise e manter o governo neoliberal do traidor Lenín Moreno. De forma alguma

isso encerrará a crise no Equador, a tendência à revolta continuará latente, diante da continuidade dos ataques às condições de vida da população. Mas o golpe de Lenin Moreno funcionou, seu governo voltou a uma situação normal e a partir dessa nova posição a direita organizou uma nova ofensiva repressiva contra a oposição, com o objetivo de desorganizar a população e impedir uma futura resistência às políticas neoliberais. Foi uma derrota para o movimento de luta contra o golpe, que retrocedeu. Chile Logo depois do Equador, foi a vez de o Chile ser sacudido pela avalanche da revolta popular nas ruas. O presidente Sebastián Piñera tentou conter as manifestações, em um primeiro momento, simplesmente reprimindo a população com as forças armadas nas ruas e impondo um toque de recolher. Os protestos, no entanto, desafiando sua política repressiva, só aumentaram. Até o dia em que a capital, Santiago, foi tomada por 1 milhão de pessoas e Piñera viu-se obrigado a suspender o estado de emergência. O presidente do Chile também tinha tentado antes um pacote de medidas econômicas com concessões sociais para tentar conter os protestos, mas a manobra não funcionou. Essa semana, Piñera demitiu todos os seus ministros, em uma tentativa de apresentar seu governo como se fosse um novo governo. Porém ele mesmo, Piñera, continua na presidência. Ou seja, tentou apresentar o seu próprio governo como se fosse outro governo. Até agora, contudo, essa tentativa de enganar o povo chileno também não funcionou. Apesar da brutalidade da

repressão, que já deixou 20 mortos até agora e milhares de presos e feridos, a população continua nas ruas. A crise continua, e a verdadeira exigência do povo, com sua rejeição às políticas de Piñera, é a queda do governo. Nesse sentido, a CUT chilena, ao chamar uma greve nacional na semana passada, já tinha levado às ruas a reivindicação de uma nova Assembleia Nacional Constituinte. Ou seja, uma refundação do regime política. Para impor um desfecho como esse, será necessário esmagar a direita, porque a direita já mostrou que não está disposta a ceder, tanto no Chile quanto no Equador. Brasil No Brasil a revolta da população ainda não explodiu como no Chile ou no

Equador, mas a insatisfação é generalizada e há uma clara evolução da situação política à esquerda, uma polarização que se desenvolve desde antes do golpe de Estado e que tem claros sinais de desenvolvimento representado pela luta dos setores mais conscientes pela liberdade de Lula e pelo “Fora Bolsonaro”. A qualquer momento podem surgir grandes mobilizações contra o governo no País. Bolsonaro seguirá os mesmos passos de Moreno e Piñera: tentar acabar com os protestos pela força e com migalhas. E os dois casos já demonstraram que não é possível parar as mobilizações no meio do caminho. É preciso ir até o fim, derrubar o governo e esmagar a direita golpista. Caso contrário, a direita vai se reorganizar para tentar esmagar os trabalhadores.


4 | POLÍTICA

POVO EM CURITIBA

Em fotos: veja como foi a tomada de Curitiba no dia 27 O ato nacional em Curitiba foi um sucesso, reunindo milhares de militantes doa Comitês de Luta, PCO, PT, e outras organizações, pela liberdade de Lula Neste domingo (27) aconteceu o Ato nacional pela liberdade de Lula e em comemoração de seu aniversário de 74 anos. Ao longo do dia, milhares de manifestantes, militantes do Partido da Causa Operária, do PT e outras organizações se dirigiram até a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde o ex-presidente é mantido como preso político. Logo cedo, a partir das 10h, foi realizada uma grande e combativa passeata, saindo do Parque Bacaheri até a carceragem da Polícia Federal.

No meio do dia ocorreu o ato contou com a participação do vice-presidente da CUT, Wagner Freitas, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, do companheiro Antônio Carlos Silva, representando a direção nacional do PCO, além de representantes de outras organizações nacionais. A atividade também teve bolo, apresentações musicais e a importante realização da Plenária dos Comitês de Luta e muito mais. Acompanhe as fotos deste vitorioso ato:


POLÍTICA E ATIVIDADE DO PCO | 5

HOJE EM BRASÍLIA

Todos ao ato contra o bloqueio criminoso dos EUA a Cuba Defender a Revolução Cubana e se solidarizar e apoiar as mobilizações das massas na América Latina A Central Única dos Trabalhadores, CUT-DF, o Fórum de Solidariedade Internacional e demais entidades de defesa da revolução cubana estarão realizando, nesta quarta-feira, dia 30 de outubro, um grande ato de solidariedade ao povo cubano, para protestar e exigir a suspensão do hediondo bloqueio econômico que o imperialismo vem impondo, de forma criminosa, à ilha socialista caribenha. Há sessenta anos, Cuba vem sofrendo não só sanções econômicas por parte do imperialismo ianque, como um sem número de ameaças de golpe e intervenções militares, em represália ao destino escolhido por seu próprio povo, ou seja, a sua auto-determinação como nação soberana. Mesmo diante de todas as dificuldades e limitações impostas pelo inimigo imperialista, Cuba se afirma no continente como exemplo para os demais povos que lutam contra a submissão e o jugo imposto pelos exploradores belicistas do Norte. O ato acontecerá na zona central de Brasília, às 15h, na Catedral, onde haverá uma concentração já no início da tarde. O ato assume particular importância neste momento, pois toda a região da América Latina encontra-se convulsionada, onde se verifica em vários países do continente latino uma

gigantesca sublevação popular, com os povos rebelados em luta no Equador, Bolívia, Chile, Uruguai e Haiti, na América Central, região do Caribe. O que vem sendo posto em questão com as gigantescas mobilizações de massas que ocorrem neste momento em vários países são as políticas econômicas neoliberais que vem sendo aplicadas pelos governos servis ao imperialismo, que busca descarregar sobre as massas empobrecidas do continente o ônus da crise capitalista aberta em 2008, que nunca foi estancada. Neste contexto, assume importância ainda maior a defesa das con-

quistas sociais das massas diante da ofensiva do imperialismo, que busca intervir em todos os países da região para instalar governos servis e obedientes ao receituário neoliberal do grande capital, em crise profunda em todo o planeta. A exigência do fim do bloqueio e das sanções econômicas a Cuba se combina, neste sentido, com a luta em defesa da sua revolução e das conquistas sociais do Estado cubano. Nesta perspectiva, o ato deve se posicionar claramente não só em defesa da revolução cubana, exigindo a imediata suspensão do bloqueio e das sanções econômicas contra a ilha

socialista, mas também em defesa da revolução bolivariana na Venezuela; contra as ameaças de intervenção militar do imperialismo no país vizinho, como deve ter um posicionamento claro também em defesa dos povos que estão em luta contra os governos fantoches da Casa Branca e de Washington, a favor das mobilizações que ocorrem no Chile, na Bolívia, em defesa da legitimidade de mais um mandato para o presidente eleito Evo Morales, contra as tentativas de golpe da extrema direita da região de Cochabamba e Santa Cruz de La Sierra, redutos da direita boliviana; em defesa e solidariedade ao povo equatoriano e ao povo uruguaio; pela sublevação do povo peruano, que se vê oprimido pelas manobras da direita, que deseja a instalação der uma ditadura no país. O Partido da Causa Operária se soma à iniciativa e dirige um chamando a todos os setores democráticos e progressistas, os partidos de esquerda, as demais entidades de luta dos trabalhadores, os sindicatos, a juventude, para estarem presentes ao ato de repúdio ao boicote do imperialismo e de solidariedade à Cuba e aos demais povos da América Latina que lutam em defesa dos seus direitos e conquistas e contra os governos reacionários e direitistas, fantoches do imperialismo.

LIÇÕES FUNDAMENTAIS

Participe do curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa O curso sobre os ’70 Anos da Revolução Chinesa’ é uma oportunidade para entender a história da luta dos povos por sua autodeterminação e como derrotar o imperialismo e a burguesia. Com uma história milenar, e séculos de um regime dinástico, a China do Século XXI espanta a muitos no Ocidente, cuja ignorância, deliberadamente alimentada, sobre sua história e importância para o mundo é gigantesca. As caricaturas que nos chegam, a quase invisível presença da história oriental, entre elas a da China, entre nós é também parte de um projeto de desqualificação de outras experiências históricas, principalmente se elas nos mostram revoluções populares bem-sucedidas, como se deu no país mais populoso do planeta. Neste ano de 2019, comemora-se os “70 Anos da Revolução Chinesa”, que é o tema do novo curso oferecido pelo Partido da Causa Operária. O propósito do curso é oferecer elementos para compreender os antecedentes e as consequências da Revolução Chinesa de 1949. Poucos entendem os caminhos que a história do gigante do Oriente tomou até desembocar, no século XX, com três momentos revolucionários, que antecederam a revolução proletária de 1949. É necessário seguir o fio até, pelo menos, os desdobramentos que seguem à Guerra do Ópio (1840), das

Guerra Sino-Japonesas no final do século XIX[1], passando pela “Revolução Nacionalista” (Revolução de Xinhai), de 1911 – ano da criação do Kuomintang, pelo Movimento de 4 de maio de 1919, pela guerra civil – e seu momento mais sangrento, entre 1925/1927, até chegarmos à proclamação da República Popular, em 1949. Para ajudar a compreender esses passos e os que se seguem após a Revolução de 1949, o curso “70 anos da Revolução Chinesa”, conduzido pelo companheiro Rui Costa Pimenta, terá lugar entre os dias 4 a 8 de novembro. As aulas ocorrerão das 18h30 às 21h30, a partir da segunda-feira, dia 4 de novembro, no auditório Friedrich Engels do Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), localizado na Rua Serranos, 90, próximo à estação Saúde do Metrô de São Paulo, no Bosque da Saúde, Zona Sul da capital paulista. Lembramos que o curso poderá ser assistido também ao vivo pelo canal da Causa Operária TV no Youtube, que exibirá todas as aulas gratuitamente. Para aqueles que quiserem ter acesso a uma explanação completa sobre a segunda maior revolução do século XX, com uma apostila acompanhada

de textos explicativos, fotos, imagens e muito mais, basta contribuir (fazer a assinatura) com R$ 75,00 – para os membros do canal, a inscrição é de apenas R$ 50,00. Esse investimento é fundamental para ajudar a Causa Operária TV a comprar mais e melhores equipamentos, contratar novos funcionários, aumentar sua grade de programação, aprimorar a qualidade de seus programas, realizar a manutenção de seu estúdio e oferecer um conteúdo melhor para o seu público, ampliando assim a propaganda revolucionária, comunista e anti-imperialista para os trabalhadores. O material do curso também poderá ser acessado pelo sítio da Universidade Marxista, que contará com compilações dos mais variados cursos ministrados pelo PCO e que deverá ser lançado em breve. Não perca tempo! Inscreva-se pelo correio eletrônico pco.sorg@gmail. com ou pelo número de WhatsApp (11) 963886198. NOTAS: [1]Depois da Revolução Xinhai, há uma clara diminuição da interferência

europeia no comércio chinês, momento em que o Japão passa a estender suas garras pela região após 1915. A explicação mais simples é que, com o início da Primeira Guerra Mundial em 1914, os europeus se enfraqueceram e, assim, abriram espaço para os japoneses na influência comercial na China. O Japão chegou a controlar cerca de 45% do território chinês entre as décadas de 1930 e 1940. [2] Como ato formal, pois o importante foi a luta do povo chinês, das guerrilhas, do como as lideranças comunistas conseguiram levar o povo chinês à vitória.


6 | INTERNACIONAL

SEM TRÉGUAS

Povo do Haiti também continua sua insurreição contra Moïse Manifestantes haitianos ocupam as ruas pedindo a sáida do presidente Jovenel Moïse. A população haitiana está entrelaçando protestos e paralisações semana após semana. No último domingo, a oposição de Jovenel Moïse, presidente haitiano, anunciou mais um semana de manifestações pelo país. As mobilizações consecutivas estão acontecendo há quase uma ano. O clima de instabilidade política assola a ilha caribenha desde 2016. Moïse foi eleito através da fraude eleitoral. Seu antecessor, Michel Martelly, também membro do Partido Haitiano Tet Kale (PHTK), apontava Moïse como herdeiro de seu legado eleitoral. O PHTK é o partido da oligarquia agrária do Haiti, e está diretamente ligado com as mineradores dos EUA e Canadá, atuando na venda de terras dos agricultores locais para vendê-las as multinacionais. Ao fim do mandato de Martelly, a

tentativa de emplacar Moïse levou a uma forte instabilidade política do país. O cargo de presidente ficou vacante quase por um ano enquanto duas eleições, nas quais o candidato do PHTK saiu vencedor foram contestadas pelo público sobre alegações de coerção de votos entre outros escândalos. Atualmente, a população se vê impossibilitada de continuar suas atividades econômicas devido à alta exorbitante no preço dos combustíveis, e à ameaça do país inteiro ficar sem energia nos próximos dias, como anunciado publicamente pela Sogener, principal empresa do ramo energético do país. A crise dos combustíveis deu-se com o fim do subsídio no preço do barril de petróleo que fornecia o governo venezuelano através do Petrocaribe. Iniciativa de Hugo Chavez em vender

o petróleo venezuelano mais barato para fortalecer o mercado das ilha caribenhas, contudo, o embargo econômico do imperialismo sobre a Venezuela obrigou Nicolas Maduro a cortar o subsídio. O governo haitiano, por sua vez, também cortou os subsídios cedidos à energia, medida requerida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) afim de conceder um empréstimo de 96 milhões de dólares para a ilha. A crise política é enorme, e diversos escândalos envolvendo o governo estão emergindo. A população haitiana ocupou as ruas a diversas ocasiões desde o início do ano. A condição do país é similar a de quase todos os países da América Latina. Equador, Porto Rico, Uruguai, Chile e Argentina. A população latino-americana está nas ruas enfrentando a polícia dos gover-

nos impostos pelos países imperialistas para extrair as riquezas do continente e afagarem a crise econômica que assola os bancos internacionais.

CONTRA O IMPERIALISMO

PARA MANTER O PODER

Evo mobiliza apoiadores e coxinhatos não ficam sem resposta na Bolívia

Piñera reprime e manobra para conter mobilizações no Chile

País está sendo vítima da mesma onda de golpes patrocinados pelo imperialismo que colocou a direita no poder no Brasil, população, porém, está reagindo

Governo já acumula 20 pessoas assassinadas pelas forças de repressão, 1.132 feridos (38 por bala de fogo) e mais de 1.500 detidos

Dia 20 de outubro Evo Morales foi reeleito para um quarto mandato. A vontade do povo refletiu-se mais uma vez no resultado eleitoral, apesar da intensa campanha da direita golpista, usando quase todos os jornais do país, rádios e canais de TV. Fracassada a tentativa de derrubar Evo por meio de uma campanha golpista durante as eleições, a direita recorre agora ao puro e simples golpe de Estado. O candidato direitista e derrotado Carlos Mesa não reconheceu o veredito dos votos e acusou as eleições de serem fraudulentas. Mesa chamou seus apoiadores às ruas para protestar contra sua derrota nas urnas, e desde então têm ocorrido coxinhatos na Bolívia. Esses coxinhatos estão coordenados com instituições imperialistas. A União Europeia e a Organização dos Estado Americanos juntaram-se à direita boliviana na exigência de um segundo turno, apesar de, pelas regras eleitorais vigentes, Evo Morales ter vencido no primeiro turno. Apoio ao governo O presidente Evo Morales, porém, não ficou assistindo os coxinhas agirem sozinhos. O governo também chamou seus apoiadores a protestarem nas ruas a seu favor. Essa medida é fundamental, pois só a população mobilizada pode derrotar essa tentativa de golpe,l que está seguindo o modelo das tentativas golpistas em curso na Venezuela há quase duas décadas.

Segunda-feira (28), houve confrontos em diversas cidades da Bolívia, entre coxinhas chamados às ruas por Mesa, que não se conformam com a votação, e os apoiadores de Evo Morales, que saíram às ruas para comemorar o resultado e para defendê-lo. Em Santa Cruz, reduto da direita golpista, mas também polarizada, os hospitais ficaram em alerta, esperando a chegada de feridos durante os confrontos. Pelo menos 30 pessoas ficaram feridas no país devido aos confrontos entre os dois grupos. Onda golpista A Bolívia está vítima da mesma onda golpista que trocou o governo de acordo com os interesses do imperialismo em Honduras, Paraguai, Equador e Brasil, entre outros. É a mesma onda golpista que tenta derrubar o governo da Venezuela e agora pode levar a uma vitória da direita no Uruguai. Trata-se de uma política planejada pelo imperialismo para controlar toda a região, obter apoio à sua política externa no mundo, saquear os países atrasados da região, e atacar as condições de vida dos latino-americanos. As mobilizações a favor de Evo Morales são uma reação a essa política do imperialismo, da mesma forma que os protestos no Equador e no Chile contra seus respectivos governos. Trata-se de um embate em larga escala entre o imperialismo e o povo latino-americano, que torna-se cada vez mais explícito.

Em sua maior crise até então, o governo de Sebastian Piñera segue reprimindo os protestos no Chile. Já são 20 pessoas assassinadas pelas forças de repressão (em contagem oficial, o que provavelmente está subestimado), 1.132 feridos (38 por bala de fogo) e mais de 1.500 detidos. Para conter a crise, Piñera demitiu todos os seus ministros e chamou todos os partidos a um acordo nacional para acabar com as mobilizações. Nesta terça (29), relatório da Defensoria da Infância do Chile denunciou que até o último dia 26, policiais ou militares chilenos violaram o direito de mais de 283 crianças, através de prisões (240 crianças) e ferimentos ou maus tratos (a outras 43) durante os protestos no Chile. Crianças e adoles-

centes sob a tutela do Estado, moradores de rua ou em comunidades onde ocorreram as situações mais graves de exercício abusivo de violência criminal, policial e militar. Explosão social mais grave no Chile desde os últimos 30 anos, desde o fim da ditadura de Pinochet (1973-1990), os protestos ocorrem principalmente na capital Santiago, além de Valparaíso e outras 11 regiões onde o governo decretou estado de emergência na última semana. Apesar das tentativas de Piñera em acalmar os ânimos, na última segunda novos protestos e repressão ocorreram. Tal como Lênin Moreno, no Equador, Piñera está tentando entregar alguns anéis para manter os dedos. A demissão dos seus ministros e o chamado a todos os partidos é a expressão desta tentativa de se manter no poder para manter o regime política tal como está. Por isso Piñera precisa dos partidos de oposição, da esquerda, precisa reconstruir o centro política que se desmanchou com a polarização política expressa nos protestos. Para evitar o que ocorreu no Equador, onde o governo conseguiu fazer o acordo e desmobilizar as grandes manifestações, o único caminha é intensificar a mobilização no Chile, rumo à derrubada do governo golpista de Piñera. A medida que a mobilização cresce, o governo tem dificuldade em reprimi-la, a tentativa de acordo é um recuo do governo, logo, um momento oportuno para a esquerda e os trabalhadores avançarem.


INTERNACIONAL E POLÍTICA| 7

AFD

Extrema-direita vence partido de Merkel em eleição local na Alemanha Para a extrema-direita, essa votação significou um crescimento de mais de 50% nas eleições O partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) superou o partido da chanceler Angela Merkel, a União Democrata Cristã (CDU), nas eleições regionais da Turíngia. A eleição foi vencida pelo partido A Esquerda, mas ficou marcada pelo crescimento da extrema-direita. A Esquerda ficou com 31% dos votos, enquanto a AfD conseguiu 23,4%, e a CDU, em terceiro, ficou nos 21,8%. Crescimento da extrema-direita Para a extrema-direita, essa votação significou um crescimento de mais de 50% nas eleições. Em 2014, a AfD tinha ficado com 10,6% dos votos. Com os 23,4% do último domingo a AfD demonstra um crescimento eleitoral vertiginoso, no último país desenvolvido da Europa em que esse crescimento ainda vinha sendo contido com algum sucesso. Crise do regime político Assim como em outros países da Europa, como Itália, França e Inglaterra, o

crescimento da extrema-direita acompanha o colapso de partidos tradicionais do regime político. Enquanto a extrema-direita cresce, os partidos de direita e de esquerda que se alternavam tranquilamente no governo sob o regime político da burguesia imperialista europeia estão derretendo eleitoralmente e passando por crises internas. É no vácuo deixado pelo colapso desse partidos que a extrema-direita vem crescendo persistentemente. Essa situação expressa a desagregação dentro do bloco europeu, em que a burguesia está perdendo controle da situação política. Diante dessa crise político, determinados setores já começam a se deslocar para a direita, de modo que possa preparar uma repressão mais intensa contra a classe trabalhadora. Por outro lado, a omissão da esquerda diante dos capitalistas que controlam o regime político, e o apoio dessa esquerda às instituições, dão à extrema-direita a oportunidade de crescer fazendo muita demagogia eleitoral. Enquanto a esquerda continuar apoiando as instituições de um re-

gime falido, a tendência ao crescimento da extrema-direita vai continuar. Que esse fenômeno já esteja acontecendo na Alemanha, e esteja avançando, mostra a gravidade da situação para a classe trabalhadora.

A Alemanha é o principal país imperialista da Europa e tinha o regime político mais estável, o crescimento da extrema-direita mostra a profundidade da crise e o deslocamento à direita de setores da burguesia.

VOTO DE TOFFOLI

Presidente do STF ameaça com mais um atentado à Constituição Ministro Dias Toffoli votou, em 2016, contra a prisão após condenação em segunda instância. No entanto, deverá mudar seu voto no julgamento que acontecerá em novembro. Na última segunda-feira (28), o presidente do STF Dias Toffoli enviou aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal uma proposta para aumentar ainda mais a repressão do Poder Judiciário sobre a população. Segundo a proposta, que foi bem recebida pelos golpistas Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), a prescrição de crimes ficaria suspensa enquanto não forem julgados recursos especiais ou extraordinários. Na prática, isso faria com que não houvesse prazo para que qualquer pessoa fosse condenada. Alguém que tivesse sido acusado de furto, por exemplo, poderia ser condenado 20 anos depois. A proposta de Toffoli para que o Judiciário triture ainda mais a população, além de ser mais um ataque aos direitos democráticos, faz parte de um acordo que o atual presidente do STF está fazendo em relação ao julgamento da prisão após segunda instância. A questão, que já foi julgada em 2016 e está sendo julgada novamente neste ano, tem tido bastante repercussão na imprensa burguesa. Afinal, a decisão do STF sobre a questão é da mais alta importância para o regime político. Se for mantida a condenação antes do esgotamento dos recursos, a direita poderá continuar enchendo os presídios de milhares de trabalhadores que não tiveram acesso a um julgamento adequado e se livrar de seus

adversários políticos, como no caso do ex-presidente Lula. No entanto, a execução imediata de pena também leva a um problema: como toda a burguesia é corrupta, as contradições do regime político podem acabar levando setores fundamentais da direita para a cadeia, como foi o caso do ex-presidente golpista Michel Temer. Muita coisa está em jogo no julgamento sobre a prisão em segunda instância, e é justamente por isso que a burguesia está tentando garantir que nenhuma decisão tomada vá de encontro aos seus interesses. Por isso, o próprio Dias Toffoli veio a público na última semana para tranquilizar os seus patrões: “Estou ainda pensando meu voto. Estou, como o ministro Marco Aurélio sempre costuma dizer, aberto a ouvir todos os debates. (…) Muitas vezes o voto nosso na presidência não é o mesmo voto, pelo menos eu penso assim, em razão da responsabilidade da cadeira, não é um voto de bancada. É um voto que tem o cargo da representação do tribunal como um todo.” A proposta de Toffoli enviada ao Congresso Nacional faz parte do que ele mesmo chamou de “ouvir todos os detalhes”. O presidente do STF, em 2016, votou contrário à prisão após a condenação em segunda instância, mas tem indicado que irá mudar seu

voto, sob a desculpa esfarrapada de que o voto da presidência seria um voto diferente do voto de um ministro. O que move o STF e Dias Toffoli não são os interesses do povo. Seja como for o resultado do julgamento da questão da segunda instância – com acordo com o Congresso ou não -, está nítido

que a burguesia não vai permitir que seja dado qualquer passo no sentido de melhorar as condições de vida da população. Por isso, é preciso intensificar a mobilização contra o governo Bolsonaro e acabar com a farra dos golpistas! Fora Bolsonaro! Liberdade para Lula!


8 | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA

30/10/2019

Há 40 anos, operário Santo Dias era assassinado pela PM em piquete Metalúrgico recebeu tiro pelas costas de policial, na frente de uma fábrica na capital paulista, virou mártir da luta operária e levou centenas de milhares às ruas contra ditadura No dia de hoje, há 40 anos, em plena vigência da ditadura militar, a Polícia Militar de São Paulo assassinava com um tiro Resultado de imagem para greve metalúrgicos Santos Dias 1979pelas costas, o metalúrgico e grevista Santo Dias da Silva, de apenas 37 anos, durante um piquete na fábrica Sylvânia, na zona sul da Capital, parte de uma greve que reunia milhares de metalúrgicos, em um momento de conturbada crise política do regime militar e quando a classe operaria dava seus primeiros passos no sentido de promover um gigantesco ascenso que vai levar ao fim do regime de arbítrio iniciado em 1964. A notícia de sua morte levou às ruas dezenas de milhares de operários, ampliando a greve da categoria, em uma das manifestações mais combativas contra do regime militar até então. Origem camponesa e inicio da militância Santo Dias, nasceu em Terra Roxa, cidade do Noroeste paulista, em 22 de fevereiro de 1942, filho de camponeses pobres, com sete irmãos. Sua família trabalhava como meeiros em diversas fazendas da região. De família católica, desde sua adolescência, Santo participava das atividades religiosas em sua terra natal, sendo membro da Legião de Maria. Ainda com 18 anos, entre 1960 e 1961, participa com seus familiares e outros empregados da Fazenda Guanabara, de um movimento reivindicando melhores condições de trabalho e salário. Em retaliação, sua família foi expulsa da colônia em que morava e passou a residir na cidade, em uma casa de aluguel. Santo, decide então vir morar em São Paulo, e se muda para o bairro operário de Santo Amaro, e logo passa a trabalhar como ajudante geral na Metal Leve, empresa de auto peças, passando a integrar a categoria metalúrgica que, contava à época com cerca de meio milhão de trabalhadores, na Capital paulista. Na oposição metalúrgica Durante a ditadura militar, a direção do Sindicato de Metalúrgicos de São Paulo, maior sindicato operário do País, é dominado por pelegos, agentes infiltrados e elementos de confiança da ditadura militar e dos patrões (cujos aliados controlam a entidade até os dias de hoje, em estreita relação com a FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Santo Dias, milita na Pastoral Operária da Igreja Católica e integra a Oposição Sindical Metalúrgica, Resultado de imagem para Oposição Metalurgica x Joaquinzãoque organiza as principais mobilizações da categoria contra o arrocho salarial imposto pela ditadura militar, por fora da orientação pelega da diretoria sindical.

com cerca de seis mil trabalhadores, realizada na rua do Carmo, em frente à sede do Sindicato, decide iniciar a greve da categoria. Já no primeiro dia da paralisação, 28 de outubro, as subsedes do sindicato, abertas por pressão da Oposição para abrigar os comandos de greve, são invadidas pela Polícia Militar. Pelo menos 130 metalúrgicos são presos, som apoio da diretoria do Sindicato que atua contra a greve. O covarde assassinato

Estimulados pelas combativas greves do ABC paulista a partir de 1978, iniciadas a partir das organizações de base dos trabalhadores, contra os acordos salariais assinados pela diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a oposição metalúrgica paulista impulsiona a organização nos locais de trabalho e nos bairros (onde muitas vezes se reunem nas igrejas e associações comunitárias) que dão origem a comissões de fábricas e comandos das mobilizações de milhares de trabalhadores, ultrapassando em vários momentos a barreira da burocracia sindical e da intensa repressão patronal e policial, amparadas na legislação repressiva da ditadura. Em 1979, no auge da greve geral, a adesão dos trabalhadores à paralisação vai além do esperado. A assembleia é transferida para o estádio da Vila Euclides, local em São Bernardo com estrutura para receber as 80 mil pessoas ali presentes. A mobilização foi considerada ilegal pela Justiça do Trabalho. Lula propõe aos empresários uma trégua de 45 dias e a volta imediata dos operários, desde que as reivindicações da classe, como reajuste salarial e nenhuma demissão neste período, fossem atendidas. No final, o acordo é parcialmente firmado, com demissões e retaliações em várias fábricas. Inicia-se um ascenso das lutas operárias. Em São Bernardo, no dia 12 de maio de 1978, os metalúrgicos da Scania-Vabis param, reivindicando 21% de aumento salarial. No dia 29 de maio, a Toshiba, em São Paulo, também paralisa a sua produção. Um dos integrantes da comissão da Toshiba era Anísio Batista, que, junto com Santo Dias, vai encabeçar a chapa de oposição, nas eleições sindicais de 1978, amparados em um forte trabalho de base que a Oposição realizava nas fábricas. Às vésperas da eleição, Santo Dias (candidato a vice-presidente) é demitido da Metal Leve, onde era inspetor

de qualidade. Emprega-se na Alfa Fogões, no Brás, na Zona Norte. Participa das eleições sindicais, mas a Oposição Sindical Metalúrgica (OSM) é derrotada, em eleições fraudadas, que serão – incialmente – anuladas, diante da grosseria do esquema fraudulento comandado pelo então presidente do Sindicato, Joaquim Santos Andrade, o “Joaquinzão”, pelego algo da ditadura e depois aliado de políticos da burguesia, chegando a ser suplente de senador do tucano Mário Covas. Diante da determinação da justiça paulista de que sejam realizadas novas eleições, “Joaquinzão” vai a Brasilia, reune com o ministro do Trabalho, da ditadura militar, Arnaldo Prieto, que vem a São Paulo dar posse à delegada. A greve de 79 No ano de 1979, intensifica-se a crise da ditadura, diante doa avanço da crise econômica e da reação popular, liderada pela classe operária. Em meio à campanha pela anistia para os presos políticos, banidos e perseguidos pelo regime militar, o governo edita a Lei de Anistia, que também atinge os torturadores e assassinos das forças armadas e de todo aparato repressivo. Começam a voltar ao país, políticos exilados e intensifica-se o clima de polarização política, puxado pelas lutas operárias. A Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (OSM) realiza, em março, seu primeiro congresso, definindo como princípios de sua atividade a formação de uma frente sindical para lutar pela mudança da estrutura dos sindicatos, que, entendiam, deveriam ser independentes do Estado e organizados a partir das comissões de fábrica. Santo Dias participa desse processo. Em outubro, os metalúrgicos começariam uma nova campanha salarial, reivindicando reajuste de 83% dos salários, totalmente corroídos pela inflação. Os patrões rejeitam e uma assembleia

Na zona sul, os metalúrgicos passaram a se reunir na Capela do Socorro, na Zona Sul, maior concentração de operários da categoria. No dia 30, Santo Dias, como parte do comando de greve, sai da Capela do Socorro, para reforçar um piquete na frente da fábrica Sylvânia e discutir com os operários que entrariam no turno das 14h. Segundo seus companheiros, presentes no piquete, viaturas da PM chegam e Santo Dias tenta dialogar com os policiais para libertar um companheiro preso. Agido com a tradicional brutalidade e covardia da PM, o soldado Herculano Leonel atira pelas costas em Santo Dias. Seguindo o roteiro, de desfazer a cena do crime, a PM leva Santo, já morto, para o Pronto Socorro de Santo Amaro. Relatos dão conta de que seu corpo só não “desapareceu”, como era comum na época, por conta da coragem de Ana Maria, sua esposa, que entra no carro que transportava seu corpo para o Instituto Médico Legal, sem ceder às pressões e ameaças da Policia para que não o fizesse. Resultado de imagem para protesto contra morte Santo DiasA noticia de sua morte corre as fábricas e no seu velório na Igreja da Consolação, com passeata até a Sé, no dia 31 de outubro, participam mais de 30 mil pessoas, em uma grande e combativa manifestação operária saíram às ruas da Capital para acompanhar o enterro e protestar contra a morte do líder operário e contra a ditadura, em uma das mais importantes manifestações contra a ditadura até então. A classe operária vai pra cima da ditadura e ocupa as ruas, anunciando o caminho para liquidar o regime de arbítrio. Assassino inocentado Apenas em 8 de abril de 1982, depois de 20 horas de julgamento, o soldado que assassinou Santo Dias, Herculano Leonel, é condenado a seis anos de prisão pelo Conselho de Sentença da Primeira Auditoria Militar do Estado de São Paulo. A defesa recorre e, em 16 de dezembro de 1983, o Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo decreta a absolvição do policial, em decisão unânime, encerrando o caso, sem possibilidade de recurso.


ATIVIDADES DO PCO | 9

FORMAÇÃO MARXISTA

PCO realiza nova rodada de cursos sobre o Programa de Transição Programa para a Revolução Socialista dos dias de Hoje. Programa atual para o mundo conflagrado em guerra civil, de miséria, violência contra a classe operária GO-Itumbiara BA-eunapolis AL-Palmeira dos Índios PE-Olinda PB-João Pessoa RN-Alexandria

O Partido da Causa Operária (PCO) dá prosseguimento, a partir do próximo dia 09/11 à jornada na qual pretende realizar cerca de 400 cursos em mais de 300 cidades do Brasil, com o tema “O Programa para a Revolução Socialista dos Dias de Hoje”. Os cursos recomeçam os curso do PCO nos próximos dias 9 e 10/11, após breve pausa para a grande e vitoriosa marcha de 27 de Outubro Pela Liberdade de Lula, em Curitiba e vão até o começo de Dezembro. A Escola Marxista do PCO, traz como texto fundamental para o estudo e debate o Programa de Transição, redigido por Leon Trótski, grande revolucionário e líder da Revolução Russa de 1917. O curso constitui-se de uma ferramenta teórica fundamental para a militância intervir politicamente nos acontecimentos hoje, já foi realizado em dezenas de cidades em todo o País. Como participar? Para participar em um dos muitos cursos realizados em todo o Brasil, basta entrar em contato pelo número (11) 96388-6198, ou pelo email pco. sorg@gmail.com. O curso é gratuito e basta comparecer no local em que o curso acontecer

na sua cidade, na hora marcada. Caso sua cidade não esteja entre os locais listados para receber o curso, é possível organizar para que o curso seja realizado. Quais são as próximas cidades em que o curso será realizado? A seguir, veja a lista das cidades em que o curso ainda será realizado. Para mais informações sobre a realização do curso em sua cidade, entre em contato pelo número de telefone divulgado acima. Confira os locais dos próximos cursos: 9/11 RS-Viamão RS-Rio Grande SC-Imbituba SC-Palhoça PR-Maringá SP-Catanduva SP-Carapicuíba SP-Franca SP-S. J. Rio Preto SP-Taquaritinga RJ-Cabo Frio RJ-Itaboraí MG-Uberlândia DF-Paranoá GO-Jataí

10/11 RS-Gravataí RS-Quaraí RS-Santa cruz SC-Sombrio PR-Paranaguá SP-Campo Limpo SP-Guará SP-Santo André SP-Vargem Grande Paulista SP-Votorantim RJ-Nova Iguaçu MG- Uberaba DF-Gama (assentamento FNL) GO-Jaraguá GO-Novo Gama BA-porto seguro BA-teixeira de freitas PE-Camaragibe 23/11 RS-Santa Cruz do Sul RS-Triunfo SC-Balneário Camburiu SC-Joinvile PR-Guaratuba SP-Caieiras SP-Cajamar SP-Jabotical SP-Rio Claro SP-Praia Grande RJ-Itaguai RJ-Piraí MG-Conselheiro Lafaiette MG-Ribeirão das Neves DF-Planaltina MS-Aquidauana GO-Porangatu BA-Coribe BA-porto seguro PE-Gravatá PB-Campina Grande RN-Macaiba 24/11 SC-Tubarão PR-Campo Mourão

PR-Guarapuava PR-Londrina PR-Matinhos SP-Caraguatatuba SP-Cosmópolis SP-Ilhabela SP-Reginopolis SP-Suzano RJ-Campos dos Goytacazes RJ-Rio das Ostras MG-Ponte Nova MG-Ouro Preto DF-Ceilândia MS-Dourados MT-Cuiabá BA-Vitória da Conquista PE-Ocupação PE-Santo Agostinho RN-Parnamirim 30/11 RS-Porto Alegre RS-Santa maria SC-Florianópolis PR-Curitiba PR-Pontal do Paraná SP-Jandira SP-Pindamonhangaba SP-Lençóis Paulista RJ-Capital MG-BH ES-Vitória DF- Brasília (Plano Piloto) MS-Campo Grande GO-Anápolis BA-Salvador AL-Coruripe PE-Recife CE-Fortaleza PI-Teresina 01/12 RS-Novo hamburgo RS-Sapucaia do Sul PR-Paranaguá RJ-Teresopolis MG- Contagem MG-Nova Serrana ES-Linhares GO-Goiânia BA-Feira de Santana AL-Maceió SE-Aracaju MA-São Luís


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