Diário Causa Operária nº5812

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QUINTA-FEIRA, 31 DE OUTUBRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº5812

Toda a América Latina grita: fora Piñera, Moreno, Macri e Bolsonaro

E

is uma base fundamental para a crise que está atingindo vários países da América Latina, como o Equador, Chile, Haiti, Honduras, Uruguai e Argentina: a crise capitalista mundial. O pano de fundo de todas essas crises sociais é a economia mundial. No Equador, as massas se levantaram contra o governo golpista de Lenín Moreno. Colocaram o governo na parede, obrigando-o a mudar a sede do governo. Foi preciso uma manobra, com a participação de um setor político atrasado dos movimentos indígenas para acalmar a situação depois de muito esforço. Fato é que o governo não foi derrubado graças a isso, o que não significa que uma nova mobiliação pode estourar em breve. O problema central que está colocado no Equador é a derrubado do governo golpista. Sem essa perspectiva política, mas massas continuarão sofrendo com os ataques da política neoliberal.

Por que a esquerda tem medo da mobilização das massas? Todo o continente está se levantando contra a política neoliberal imposta pelo imperialismo aos países da região. No Brasil essa revolta está contida por enquanto, mas é nítido que pode explodir a qualquer momento. Um elemento fundamental de contenção dessa revolta até agora é a política das direções da esquerda. Há uma recusa deliberada de mobilizar a população contra o governo. A política desses setores da esquerda contra o governo ilegítimo de Bolsonaro consiste em levar adiante a chamada “resistência”, que não significa muito mais do que fazer discursos contra as medidas de Jair Bolsonaro e desgastá-lo até as eleições de 2022.

Em movimento: veja os vídeos do ato de 27/10 pela liberdade de Lula O ato do dia 27 de outubro em Curitiba foi um marco na mobilização por uma grande campanha nacional em defesa da liberdade do ex-presidente Lula. A questão da liberdade de Lula é central na luta contra a direita golpista, e por isso é necessário impulsionar a mobilização em torno dessa pauta.

Saiu o folder dos 70 anos da Revolução Chinesa, veja só! O PCO, em conjunto com a Causa Operária TV, irá organizar a partir do dia 4 de novembro, próxima segunda-feira, o curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa. Serão cinco aulas ministradas pelo c ompanheiro Rui Costa Pimenta. O curso se estende até a sexta-feira, dia 8.

Um dia de protesto Por João Pimenta Aconteceu no dia 27 de outubro, uma das mais importantes manifestações políticas do ano, o ato nacional pela Liberdade de Lula em Curitiba.

12/12: Eleições na Inglaterra são novo Diretório nacional do PSOL referendo sobre o Brexit vota pelo fica Bolsonaro

Como já mostramos anteriormente, a União Europeia caminha-se para a maior crise de sua história. O bloco dos países imperiais europeus está em crise, com o elo mais fraco desta união vindo abaixo com as crises econômicas e sociais, com ascensão da extrema-direita por todo continente

Nos dias 26 e 27, o setor mais combativo da luta contra o golpe estava se organizando para participar da maior manifestação pela liberdade do Lula dos últimos meses – o ato nacional em Curitiba, realizado no dia do aniversário do ex-presidente.


2 | OPINIÃO EDITORIAL

COLUNA

Por que a esquerda tem medo da mobilização das massas? Todo o continente está se levantando contra a política neoliberal imposta pelo imperialismo aos países da região. No Brasil essa revolta está contida por enquanto, mas é nítido que pode explodir a qualquer momento. Um elemento fundamental de contenção dessa revolta até agora é a política das direções da esquerda. Há uma recusa deliberada de mobilizar a população contra o governo. A política desses setores da esquerda contra o governo ilegítimo de Bolsonaro consiste em levar adiante a chamada “resistência”, que não significa muito mais do que fazer discursos contra as medidas de Jair Bolsonaro e desgastá-lo até as eleições de 2022. Um exemplo desse problema foi dado pela mobilização pela liberdade de Lula no dia 27 de outubro em Curitiba. A situação nacional coloca a necessidade de uma grande campanha permanente pela liberdade de Lula, e esse era o sentido da convocação para o ato em Curitiba e de sua realização. No entanto, grande parte da esquerda se recusa a participar dessa campanha, preferindo ser conivente com a prisão política de uma liderança de esquerda e com as arbitrariedades de um Estado tomado por agentes do imperialismo. O que leva parte da esquerda a agir assim é o medo do povo mobilizado. É uma esquerda que tem medo de mobilizar os trabalhadores e de perder o controle das massas. Para esses setores, os trabalhadores nas ruas são um perigo porque eles poderiam atropelar as atuais direções políticas. De modo que preferem tentar se adaptar à situação sob o governo Bolsonaro, em vez de combatê-lo colocando a força dos operários mobilizados nas ruas contra o governo. Em vez de lutarem para derrubar o governo, estão em uma luta bem mais mesquinha: preservar cargos políticos mesmo que para isso tenham que ignorar a catástrofe política que está em curso. O medo desses setores da esquerda que preferem evitar a mobilização

segue um instinto de classe. E uma esquerda pequeno-burguesa que teme a classe operária. Consideram que o povo é perigoso e incontrolável, uns bárbaros que podem devastar tudo de maneira selvagem e deveriam ser mantidos quietos. A classe ordeira e civilizada seria a burguesia, que resolveria seus conflitos por meio de instituições democráticas. Portanto, o movimento que lutou contra o golpe até agora deveria, para conformar-se às necessidades desses setores, apostar todas as suas fichas em votações no STF, por exemplo. Essa é uma política para preservar determinadas posições conquistadas no Estado burguês, como cargos no Parlamento, por exemplo. E nesse momento é uma política perigosa para os trabalhadores, pois a convivência com o governo Bolsonaro em um momento em que a direita está em uma situação difícil só serve para que essa direita se reorganize para atacar de forma ainda mais dura os trabalhadores. É preciso dar vazão ao clamor das ruas e chamar o Fora Bolsonaro! Além disso, é preciso exigir a liberdade de Lula, que canaliza a enorme rejeição a esse governo. E para isso é preciso mobilizar as massas e colocar um grande movimento nas ruas, para esmagar a direita golpista.

Um dia de protesto Por João Pimenta

Aconteceu no dia 27 de outubro, uma das mais importantes manifestações políticas do ano, o ato nacional pela Liberdade de Lula em Curitiba. Caravanas de todo o País se mobilizaram para este ato, militantes da luta contra o golpe, por Lula livre e pelo Fora Bolsonaro viajaram penosas horas, alguns penosos dias, para participar deste importante evento. Esta própria coluna foi escrita em um desses ônibus. A mobilização, que teve como principal impulsionador o Partido da Causa Operária (PCO), foi uma demonstração que é possível, sem grandes máquinas partidárias ou sindicais, realizar grandes e importantes lutas. A esmagadora maioria dos sindicatos brasileiros, salvo honrosas exceções, como os rodoviários de Sorocaba, ou os professores do Estado de São Paulo, os metalúrgicos do ABC e os Bancários de Brasília, se recusou a mobilizar as bases para este ato. Pois bem. As bases foram mesmo assim. Metalúrgicos estiveram presentes, de Volta Redonda e outros locais, bancários, professores, petroleiros, estudantes da importante Universidade de São Paulo (USP) e ainda mais, companheiros de base do Partido dos Trabalhadores (PT), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), que junto com os destemidos companheiros do PCO formam a espinha dorsal de um amplo movimente que pulsa vermelho e luta contra os desmandos originados no golpe de 2016. O ato foi um grito contra o imobilismo das direções, tanto figurativo, quanto literal. Ao marchar pelas ruas de Curitiba, exigindo liberdade para Lula, a militância gritou: “Não esperaremos o STF, nem 2022, queremos Lula livre já!”. É um sinal de um profundo deslocamento à esquerda de um grande setor da militância mais ativa das principais entidades brasileiras. Durante a plenária dos comitês, que ocorreu depois da passeata, os

militantes expressaram, cada um à sua forma, sua profunda indignação contra os vacilos das direções em mobilizar pela liberdade de Lula, pela total recusa de levantar o fora Bolsonaro! e ainda mais, por querer esperar até 2022. Lá companheiros do movimento negro, de mulheres, LGBT, estudantil, e outros, foram aos microfones para falar sobre a situação do movimento Lula Livre. Eles denunciaram ações erradas ou a mera a falta de ação, mas como todo movimento vivo, também fizeram ousadas e importantes proposições. Em primeiro lugar, proposta pela direção do PCO, foi o lançamento da 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o golpe, contra o fascismo e pela liberdade de Lula. Foi proposto, por companheiros sindicalistas, lançar uma iniciativa de mutirões de propaganda nas portas de fábrica, e ainda mais, lançar uma campanha nacional, a ser discutida na conferência, pela jornada de trabalho de 35h, sem redução salarial. Nesta mesma plenária, aquela militância que em geral não fala, teve o direito de falar, de contar suas experiências, alguns com a ditadura de 64, outros com a esquerda, outros na campanha Lula Livre, toda sorte. Contando com mais de 5000 pessoas, o ato foi um importante exito da mobilização, agora devemos avançar, levar estes ativistas todos ao debate de ideias, de propostas, unificá-los para que possamos, com 5000 pessoas convocando um novo ato, ser 50 mil na porta da Polícia Federal em Curitiba. Ao trabalho companheiros, a plenária definiu nossas próximas tarefas. Por uma Conferência de militantes contra o golpe! Por atos estaduais Lula Livre! Por um reveillon vermelho, onde quer que Lula esteja! Fora Bolsonaro! Lula Livre!


POLÍTICA | 3

A CRISE SE INTENSIFICA

Toda a América Latina grita: fora Piñera, Moreno, Macri e Bolsonaro A solução para esses países só virá de um enfrentamento entre a burguesia e as massas, não através de uma normalização democrática Eis uma base fundamental para a crise que está atingindo vários países da América Latina, como o Equador, Chile, Haiti, Honduras, Uruguai e Argentina: a crise capitalista mundial. O pano de fundo de todas essas crises sociais é a economia mundial. No Equador, as massas se levantaram contra o governo golpista de Lenín Moreno. Colocaram o governo na parede, obrigando-o a mudar a sede do governo. Foi preciso uma manobra, com a participação de um setor político atrasado dos movimentos indígenas para acalmar a situação depois de muito esforço. Fato é que o governo não foi derrubado graças a isso, o que não significa que uma nova mobiliação pode estourar em breve. O problema central que está colocado no Equador é a derrubado do governo golpista. Sem essa perspectiva política, mas massas continuarão sofrendo com os ataques da política neoliberal. Caso semelhante, mas mais profundo, é o que ocorre no Chile. As massas chilenas se recusam a aceitar as manobras do direitista Piñera. Mesmo com troca de ministérios, um pacote de propostas para a crise e muita repressão, a população não deia as ruas. O enfrenta,mento é cada vez maior. O que está colocado para os chilenos também é a derrubada de Piñera. Fica claro que essa é a vontade das massas, assim como no Equador. O caso argentino pode parecer diferente, mas não é. O resultado das eleições, com a vitória de Alberto Fernández e a derrota de Maurício Macri, deu margem a muita confusão política por parte da esquerda pequeno-burguesa. Muitos entenderam o resultado como uma virada na situação política que significaria que a direita golpista iria deixar o poder em todos os países, inclusive no Brasil, pela via eleitoral normal.

Tal interpretação não poderia ser mais errada. A eleição na Argentina deve ser analisada no marco das revoltas sociais que estão acontecendo nos países vizinhos. O país está a um triz da explosão social. Essa tendência, no entanto, foi canalizada pela eleição. A própria burguesia, notando que não teria condições de manter Macri e sua política no governo, fez uma concessão eleitoral. É uma tentativa de controlar a situação social e econômica do País. Seria um erro, no entanto, dizer que a vitória de Fernández representa a normalização da situação política do país. A burguesia não está disposta a recuar em sua política, como mostrou no Equador e está mostrando no Chile, onde mesmo diante de enormes protestos, o governo não cai. É correto dizer que a derrota de Macri expressa a luta do povo argentino contra a direita e nesse sentido é a vitória do “fora Macri”. O que não se

pode afirmar é que o resultado eleitoral deve ser o eemplo para os outros países derrotarem a direita, incluindo o Brasil, como se a direita estivesse disposta a ceder terreno. Analisar que a eleição seria um marco da mudança de rumo no continente é uma ingenuidade. O problema em todos esses países será resolvido através de um enfrentamento profundo entre as massas e o imperialismo. O continente se encontra diante de um agravamento da crise, sem muitas perspectivas de solução porque a crise capitalista continua se aprofundando. Os conflitos sociais devem se agravar, mesmo que a burguesia, eventualmente possa manobrar com essa situação. A direita não está fora do jogo político. Pelo contrário, a resistência dos governos no Chile e no Equador, e a reação da direita na Bolívia mostram isso, que os golpistas não estão dis-

postos a ceder o poder com tanta facilidade. Por isso, o único caminho é uma política que coloque em perspectiva a luta das massas pelo poder político. O regime político está falido, é preciso uma política que o coloque abaixo esse regime e dê uma orientação consciente para aquilo que as massas estão pedindo em todos esses países: fora Bolsonaro, fora Macri, fora Piñera, fora Moreno. No Brasil, não é diferente. Só uma política revolucionária é capaz de colocar-se como uma real alternativa ao regime político golpista. Daí a importância da mobilização nas ruas pela liberdade de Lula e pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas, essa é a política capaz de colocar em xeque o o governo Bolsonaro e todo o golpe de Estado. O que vemos nesses países em ebulição anuncia o fore Bolsonaro no Brasil e é nesse sentido que deve ser orientada a mobilização.

CURITIBA

Em movimento: veja os vídeos do ato de 27/10 pela liberdade de Lula Imagens do dia 27 em Curitiba mostram a vitória da mobilização rumo a uma grande campanha em defesa do ex-presidente O ato do dia 27 de outubro em Curitiba foi um marco na mobilização por uma grande campanha nacional em defesa da liberdade do ex-presidente Lula. A questão da liberdade de Lula é central na luta contra a direita golpista, e por isso é necessário impulsionar a mobilização em torno dessa pauta. Nesse sentido, o ato do dia 27 foi mais uma vitória da mobilização para avançar rumo a uma grande campanha nacional. O PCO concentrou grandes esforços para convocar e realizar essa atividade, por considerar que não é possível mais que a prisão política de Lula continue sem uma resposta.

Por isso, durante todo o dia 27, a Causa Operária TV realizou uma cobertura do ato, para mostrar que é possível mobilizar em torno dessa questão e para estimular novos atos com essa mesma pauta. A transmissão, feita ao vivo no dia do ato, durou mais de oito horas e está disponível no YouTube, mostrando momentos da manifestação, entrevistas, marchas etc. A Causa Operária TV também divulgou outros vídeos, mais concentrados, mostrando o clima durante a mobilização ao longo do dia de protestos em Curitiba. Confira no Diário,


4 | POLÊMICA

POLÍTICA DA DIREITA

Diretório nacional do PSOL vota pelo fica Bolsonaro Em reunião ocorrida no último fim de semana (26 e 27), a direção do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) decidiu continuar na política desastrosa de “resistência”. Nos dias 26 e 27, o setor mais combativo da luta contra o golpe estava se organizando para participar da maior manifestação pela liberdade do Lula dos últimos meses – o ato nacional em Curitiba, realizado no dia do aniversário do ex-presidente. Ao mesmo tempo, a direção do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), por outro lado, que não compareceu o ato, se reunia para decidir que o “Fora Bolsonaro” continuaria fora de seu eixo de atuação. O resultado da reunião foi divulgado em uma resolução com onze pontos, que já foi criticada por este diário na edição de ontem (30). Por sua vez, o objetivo do artigo da edição de hoje (31) é denunciar a atuação da ala mais direitista do Diretório Nacional do PSOL, que procurou impedir que o “Fora Bolsonaro” aparecesse na resolução final da reunião. O agrupamento Esquerda Marxista, que saiu do PT em 2015 e ingressou no PSOL, publicou, em seu sítio eletrônico, no dia 28 de outubro, um artigo intitulado Diretório Nacional do PSOL fica dividido sobre “Fora Bolsonaro”. No artigo, o agrupamento narra alguns acontecimentos que ajudam a entender porque o PSOL continua imerso em uma política paralisante. Onda conservadora ou revolução? Segundo o artigo da Esquerda Marxista, o campo majoritário do PSOL, ligado a Guilherme Boulos e Ivan Valente teria afirmado que há uma “onda conservadora” no mundo, de modo tal que a derrubada do governo Bolsonaro seria inviável: "No início da discussão internacional, vários dirigentes do partido, principalmente ligados ao campo majoritário “Aliança” (que conta com Boulos, alguns parlamentares, como Ivan Valente, e algumas correntes do partido, como Primavera, Fortalecer, Insurgência, Resistência, LSR) tentaram relativizar o que está acontecendo no Chile e outros lugares, combatendo a tese de que o Brasil pode ser afetado por esses processos. Essas correntes de pensamento dentro do PSOL se unem em torno da tese de que há uma “onda conservadora” que varre o Brasil e o mundo. Para eles, vivemos uma época onde as ideias progressistas não têm espaço e é necessário resistir ao conservadorismo defendendo a democracia burguesa, buscando pontos de apoio onde quer que haja um resquício de progressismo, mesmo que isso signifique submeter-se a alianças não somente com PT e PCdoB, mas até mesmo partidos burgueses e figuras notáveis da direita brasileira. Vale tudo “em defesa da democracia”. Esse tipo de concepção aparece na resolução da reunião do Diretório Nacional do PSOL. No oitavo ponto da resolução, o PSOL afirma que a “saída” para deter o governo Bolsonaro poderia ser “mais ampla”. No sétimo ponto,

o PSOL propõe se aliar com setores “bem além da esquerda”. Ou seja, a política proposta pela resolução do Diretório Nacional do PSOL – que seria, segundo o artigo da Esquerda Marxista, defendida pela “Aliança” – é uma política de colaboração com o regime político golpista, e não de ruptura. Esse tipo de política, que tem como centro formar alianças com partidos e organizações do próprio regime, é uma política criminosa para a esquerda e o conjunto da população. Os partidos tradicionais da burguesia – isto é, o chamado “centrão”, que hoje engloba partidos considerados de “centro-esquerda”, como o PSB e o PDT – são partidos que representam os interesses da classe dominante. Os interesses dos trabalhadores e da burguesia não coincidem em nenhum aspecto: nem a democracia, nem o meio ambiente nem qualquer outra bandeira é capaz de unificar a população e a direita. Se em algum momento a direita propõe uma aliança com setores da esquerda, isso releva tão somente um interesse em controlar o movimento de massas e impedir um levante contra o regime político, ao mesmo tempo que impede que figuras já completamente falidas pela aplicação da política neoliberal sejam “recicladas”. É o caso, por exemplo, de Marta Suplicy, que, ao apoiar o golpe de 2016, acabou com sua carreira política e agora procura se apresentar como “arrependida”. Aos trabalhadores, não cabe estender a mão para os golpistas “arrependidos”: é preciso seguir, por meio de um movimento independente, com uma mobilização que acabe de vez com a farra dos capitalistas. O argumento que a Esquerda Marxista utiliza para contrapor a tese defendida pela “Aliança”, no entanto, não é preciso. Segundo o agrupamento, não existe uma “onda conservadora”, mas sim uma revolução em marcha: "Quando a realidade mostra processos como o do Equador, Haiti, Honduras, Sudão, Argélia, Hong Kong, Líbano, Catalunha, Chile e não pode ser explicada pela concepção de mundo que eles criaram, tendem a negar a realidade. Representando a Esquerda Marxista, como pode ser conferido no vídeo abaixo, fizemos uma intervenção deixando claro que o que está acontecendo no Chile e em outros países são revoluções. Que a revolução no Chile ainda não está com o seu destino selado. Tudo pode acontecer! Não só é possível derrubar Piñera, como é possível que o povo trabalhador chileno assuma o poder em suas mãos." Não há elementos suficientes para dizer que existe uma revolução no Chile. O que precisa ser dito é que a política neoliberal, que vem sendo implantada há décadas pelos capitalistas em todo o mundo, está sendo rejeitada por todos os povos – o que leva, por um lado, a revoltas e levantes e,

de outro, o aumento da repressão, os golpes de Estado e um incentivo, por parte da burguesia, ao crescimento da extrema-direita. “Fora Bolsonaro”, motivo de disputa na reunião do Diretório Nacional do PSOL Segundo o relato da Esquerda Marxista, a reunião do Diretório Nacional do PSOL teria ficado praticamente dividida entre a questão do “Fora Bolsonaro” – a palavra de ordem só teria sido rejeitada como oficial por causa de uma manobra do campo majoritário e pela capitulação de outros setores: "Quando a discussão terminou, fizemos uma sondagem e contamos que se fosse a voto naquele momento, dos 60 membros presentes do DN, havia 30 que votariam contra o “Fora Bolsonaro”, 29 que votariam a favor e 1 que não havia se definido (Nildo Ouriques, da “Revolução Brasileira”). Com o Diretório Nacional literalmente dividido, a votação só ocorreria no final do dia. Muitas conversações tomaram lugar e aparentemente, alguns membros do “Fortalecer” foram persuadidos pelos membros da “Aliança”. Um deles decidiu mudar de posição e outros 3 decidiram se abster na votação. Na hora da votação, a proposta de resolução apresentada pela “Aliança” que se negava a levantar a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”, obteve 31 votos. A proposta que colocava o “Fora Bolsonaro” como consigna a ser agitada pelo PSOL, defendida e apoiada pela Esquerda Marxista, obteve 21 votos (MES, TLS, Comuna, 1º de Maio e 3 votos do “Fortalecer”, encabeçados pela Berna Menezes). As correntes CST, LS e LC, apoiadas pelo Plínio de Arruda Sampaio Jr. e pelo Renato Cinco, só teriam votado na proposta “Fora Bolsonaro” se esta tivesse chance de ganhar. Quando viram que a Aliança havia garantido uma maioria de 31 membros, recuaram e apresentaram uma outra proposta à esquerda da proposta de texto da “Aliança”, mas que não propunha a consigna “Fora Bolsonaro”. Esta proposta obteve 4 votos. Ainda houve 3 abstenções de membros ligados ao “Fortalecer” e o representante da “Revolução Brasileira”, Nildo Ouriques, se ausentou do plenário no momento da votação, não se posicionando." Independentemente do que realmente aconteceu na reunião, a resolução mostra que o “Fora Bolsonaro” foi, sim, motivo de discussão entre os dirigentes do PSOL. Em seu nono ponto, a resolução estabelece que: “A consigna ‘Fora Bolsonaro’ deve ser parte das conclusões a que o movimento de massas deve chegar com nosso apoio, mas jamais como uma imposição de um partido que se entende a própria vanguarda”. Em outras palavras, o PSOL decidiu que não poderia se colocar contra a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”, mas que não faria uma

agitação em torno dessa palavra de ordem. O motivo de essa discussão ter aparecido na reunião é bastante óbvio: o “Fora Bolsonaro” já tomou conta das ruas e não pode mais ser ignorado. Recentemente, na GloboNews, um rapaz que estava na praia durante uma reportagem sobre o vazamento de óleo no Nordeste, surpreendeu a repórter que ia lhe entrevistar ao falar, em rede nacional, “Fora Bolsonaro”. No Rock in Rio, que é frequentado por camadas mais privilegiadas da sociedade, milhares de pessoas expressaram sua revolta contra o presidente ilegítimo, refletindo que a crise do governo é muito grande. Até mesmo Alexandre Frota, que é um elemento da extrema-direita e foi um dos principais cabos eleitorais de Bolsonaro nas eleições de 2018, está fazendo campanha pelo “Fora Bolsonaro”. Por fim, o recente Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores deliberou uma campanha pelo fim do governo Bolsonaro. Qual o preço do “Fica Bolsonaro”? Diante de toda a onda de revoltas que acontece, simultaneamente, no Chile, no Haiti, na Catalunha e em vários países do mundo, bem como de tantas demonstrações de insatisfação com o governo Bolsonaro e de tendência à mobilização, permanecer em uma política de “resistência” – isto é, uma política que não exija a derrubada do governo – é um erro intolerável. Não se trata mais, nesse momento, de um erro de avaliação da capacidade do movimento de luta contra o golpe ter sucesso, mais sim uma opção por uma política de adaptação ao bolsonarismo. A política de adaptação, por sua vez, tem como base uma concepção burguesa da política – uma concepção segundo a qual seria necessário manter, a todo custo, as instituições burguesas, como o Congresso, o Poder Executivo, os picaretas do STF etc., mesmo que isso cause um massacre do povo brasileiro. Ao que parece, para os dirigentes do PSOL, antes manter seus cargos no regime político burguês do que permitir que os trabalhadores resolvam por conta própria os seus problemas.


POLÍTICA E ATIVIDADE DO PCO | 5

DO DIA 4 A 8 DE NOVEMBRO

Saiu o folder dos 70 anos da Revolução Chinesa, veja só! Companheiro Rui Costa Pimenta vai ministra as aulas, veja o folder com o programa e o cronograma do curso O PCO, em conjunto com a Causa Operária TV, irá organizar a partir do dia 4 de novembro, próxima segunda-feira, o curso sobre os 70 anos da Revolução Chinesa. Serão cinco aulas ministradas pelo companheiro Rui Costa Pimenta. O curso se estende até a sexta-feira, dia 8. O tema é de essencial importância para todos aqueles que têm interesse em estudar o marismo e ahistória da luta revolucionária internacional. Depois da Revolução Russa, a tomada do poder pelos trabalhadores chineses em 1949 é a revolução mais influen-

te do século xx. Não só a revolução influenciou todo o movimento revolucionário depois dela, como a China hoje é produto de muitas análise e interpretações falsas sobre seu papel na economia mundial. As aulas terão duração de três horas por dia, das 18h30 às 21h30. Serão ministradas no Auditório Friedrich Engels do Centro Cultural Benjamin Péret (CCBP), localizado na Rua Serranos, 90, próximo ao Metrô Saúde, em São Paulo e são abertas para todos que querem participar. Terão transmissão aberta, ao vivo, pela Causa operária TV.

No entanto, como forma de financiar as atividades do PCO e contribuir para as melhorias na estrutura da COTV, serão vendidas assinaturas para todos os companheiros que queiram colaborar. Os membros do canal terão descontos. Para ter acesso a um material completo (com apostilas, textos, imagens, verbetes etc.) o valor é R$ 75,00 e os membros da COTV recebem um desconto e pagam apenas um valor de R$ 50,00. O folder de divulgação do curso será distribuído em breve, com o programa e o cronograma de aulas.

CURSO DE FORMAÇÃO POLÍTICA

70 ANOS DA REVOLUCÃO CHINESA

por Rui Costa Pimenta

de 4 a 9 de novembro de 2019

COMO PARTICIPAR DO CURSO 70 ANOS DA REVOLUÇÃO CHINESA O curso será realizado no CCBP em São Paulo. Para participar, basta inscrever-se (veja todo os meios de contato no verso. Ao mesmo tempo, o curso será transmitido ao vivo, com o sinal aberto pela Causa Operária TV. Para assistir não é necessário inscrever-se, basta acessar o canal da COTV no Youtube. ASSINE O CURSO PARA TER ACESSO A TODO O MATERIAL DO CURSO A Universidade Marxista, projeto elaborado pelo Partido da Causa Operária e a Fundação João Jorge Costa Pimenta, tornará disponível a todos os que assinarem o curso, o que é uma contribuição para sustentar o projeto, toda uma quantidade materiais de apoio para o curso como dezenas de textos marxistas sobre a china traduzidos para o português, fotos, vídeos, verbetes sobre os principais personagens e acontecimentos, mapas e infográficos, materiais didáticos, tais como testes de conhecimento etc. Os assinantes terão, também, exclusividade, na formulação de perguntas do curso, sendo considerados como inscritos regularmente. A taxa de inscrição básica será de R$ 50,00 para os assinantes do canal e 70,00 para os demais, podendo os interessados em sustentar este projeto, contribuir com valores maiores.


6 | INTERNACIONAL

CHILE EM CHAMAS

Chile não é resistência, é fora Piñera Chile convulsionado toma conta do país há mais de uma semana. Povo não deixa as ruas. Revogação de aumentos de tarifas, melhores aposentadorias, fim da repressão e constituinte

Mais de um Milhão nas ruas. Apesar do pedido de desculpas de Piñera Mais de 1,2 milhão de chilenos foram às ruas, na sexta-feira, 25/10/2019, como noticiado pelo PODER360. É o maior protesto em termos de quantidade de pessoas desde o final da ditadura de Pinochet em 1990, relato o jornal local El Mercurio. Estudantes, aposentados, professores, funcionários públicos e membros dos serviços de saúde pública acolheram o chamado da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) e outras vinte organizações sociais, em meio ao estado de emergência e o toque de recolher, na pior revolta social no Chile em 30 anos.

As organizações sociais querem mais. Querem que o governo suspenda o estado de emergência e “devolva os militares a seus quartéis”, junto com históricos pedidos por melhorias nas aposentadorias, mais recursos para a saúde e a educação pública. O aumento da tarifa do metrô, 3,75% foi a fagulha que incendiou o Chile. Mesmo após o cancelamento do aumento da passagem de metrô, Chilenos conflagrados não mais acreditam no seu presidente. “Achei uma piada. Ele acha que com isso vai acalmar o povo? Não, não vai acalmar, isso vai continuar, porque não vamos continuar calados”, disse à AFP, Ximena Gutiérrez. “Ele (Piñera) sempre foi mentiroso para dizer as coisas, e agora que tem um problema, está pedindo perdão”, afirma Carlos Morales, de 23 anos. Um estudo divulgado pela empresa Ipsos, indica que 67% dos entrevistados “se cansaram de suas condições de vida em matéria econômica, de saúde e aposentadorias”.

Da guerra ao perdão

Brutal repressão

Em meio à indignação popular que parece longe de ser aplacada, Piñera pediu “perdão” na noite de 22/10/2019, e reconheceu sua “falta de visão”. Dois dias antes, Piñera sobressaltado, proclamava que o país estaria “em guerra”. Agora em grande reviravolta, humilde, o presidente pede perdão. Para mostrar que agora mudou, um pacote de melhorias para os chilenos o presidente acena, melhores aposentadorias para os mais pobres, cancelamento do aumento de 9,2% das contas de luz. Revogação do aumento de 3,75% das passagens do metrô. Governo ainda, passaria a complementar o salário mínimo.

Além de reivindicar uma nova constituinte, as organizações que integram o Unidad Social exigem o fim das incursões militares nas ruas do país, que já culminaram em uma série de violações dos direitos humanos. Entidades de defesa dos direitos humanos do país estimam que o número de mortos nos protestos é bem maior do que as divulgações oficiais, assim como o número de desaparecidos, que ultrapassa 100 casos. Organização de grande credibilidade no país andino, o Colégio Médico, que corresponde ao Conselho Federal de Medicina no Brasil, informou que mais de 100 pessoas teriam perdido um olho durante os conflitos sob dis-

paros de balas de borrachas desferidos pelos Carabineiros e militares. “Nossa ação continuará até que uma profunda transformação do sistema atual seja alcançada”, diz o documento aprovado na ocasião da organização do ato que culminou em frente a La Moneda. As organizações que assinam o manifesto ainda questionam o “modelo neoliberal abusivo que transforma nossos direitos sociais em oportunidades para negócios lucrativos”. Nem após a reformulação do seu ministério, diante da convulsão social que toma conta de seu país há mais de uma semana, o povo chileno não está deixando as ruas. Fora Bolsonaro no Brasil. Fora Piñera no Chile Os sindicalistas exigem que se instaure uma agenda social desenvolvida junto às organizações de base. “Que haja uma mudança radical de nossa institucionalidade política, que está sendo questionada, Constituinte passa a ser outra reivindicação que se impôe. Ato realizado no parque O’Higgins, dia 29 convocou greve nacional para esta quarta, 30. Manifestantes passaram a exigir Assembleia Constituinte, reporta Marcelo Menna Barreto, jornal EXTRA. “Nos cansamos, nos juntamos”, foi a palavra de ordem da convocação para esse 29 de outubro. “Isso não acabou”. “O Chile não desiste”, foram outras expressões usadas pelos milhares de manifestantes. Política colocada pelas massas nas ruas é derrubar o governo imediatamente. Esse é o caminho, e qualquer coisa menos do que isso seria uma derrota para o movimento. Tal como no Brasil, palavra de ordem que se impõe é Fora Bolsonaro aqui, Fora Piñeda lá.

MAIS UM GOLPE NO CONTINENTE

Bolívia, golpe de estado em marcha Assim como na Venezuela, direita golpista não aceita resultado das eleições e junto com o imperialismo iniciam campanha para dar um golpe de estado na Bolívia. Assim como o governo venezuelano, comandado no início do século por Hugo Chaves e agora por Maduro, o governo nacionalista boliviano também nasce de uma gigantesca mobilização popular que tomou conta do continente latino-americano em resposta aos ataques neoliberais promovidos pelo imperialismo e seus governos subservientes. Dessa forma, sobe na Bolívia Evo Morales, liderança do movimento indígena, peça fundamental nas mobilizações das camadas populares no países e representação de um dos setores mais oprimidos em toda história continental. Graças a isso, o governo nacionalista boliviano fortaleceu-se e resistiu durante uma década contra as investidas da direita imperialista e da campanha internacional que passou a atingir países como Venezuela.

No entanto, até então a Bolívia conseguia se manter levemente fora da linha de foco imperialista. Com um governo relativamente estável e sem nenhuma grande tentativa de golpe, como ocorreu em outros países, o governo de Morales conseguiu de forma conciliadora segurar por um breve momento a tendência assassina da burguesia. Contudo, como era de se esperar, assim como no Brasil, Venezuela, etc, isso só serviu para adiar o confronto para as próximas eleições, onde a burguesia nacional e o imperialismo já não estariam mais dispostos a manter um governo de tipo nacionalista como de Evo Morales, e tentariam a todo custo assumir o poder e enfim promover a política de massacre da população pobre e destruição da economia nacio-

nal, entregando tudo ao imperialismo. Dessa forma, estas eleições bolivianas tornaram-se um ponto de concentração de toda crise política e social que estava prestes a explodir. A burguesia iniciou sua típica campanha golpistas desde o início, junto a organismos imperialistas internacionais, como a OEA, declarando que a eleição em progresso feria o que eles chamam de “democracia”. E quando Evo foi finalmente reeleito para seu quarto mandato consecutivo, refletindo a vontade das camadas populares em avançar contra a direita, a burguesia passou a declarar fraudulentas toda a eleição, e exigir que o imperialismo “averiguasse” se realmente houve fraude. Assim como denúncia Morales, esta é uma campanha golpista do imperialismo que visa derrubar um

dos últimos governos nacionalistas remanescentes após a onda de golpes de estado que assolou todo continente latino-americano. O processo encontrado na Bolívia é muito semelhante ao venezuelano, denotando novamente a política geral do imperialismo. Durante toda essa semana, dezenas de milhares saíram as ruas em defesa do governo Evo Morales e contra os manifestantes financiados pelo imperialismo que buscaram tumultuar o país na tentativa de criar uma situação em que a burguesia possa definitivamente intervir para o golpe. Assim inicia-se mais um golpe em marcha na América-Latina, sob as ordens do imperialismo que vê todos os países em estado de sublevação contra seu domínio.


INTERNACIONAL | 7

ELEIÇÕES GERAIS ANTECIPADAS

12/12: Eleições na Inglaterra são novo referendo sobre o Brexit Como já dito antes pelo primeiro-ministro Boris Johnson, a não aprovação do Brexit fez com que o conservador chama-se por novas eleições, uma nova etapa na luta política imperial. Como já mostramos anteriormente, a União Europeia caminha-se para a maior crise de sua história. O bloco dos países imperiais europeus está em crise, com o elo mais fraco desta união vindo abaixo com as crises econômicas e sociais, com ascensão da extrema-direita por todo continente e o avanço dos movimentos separatistas, que a cada dia racham os antigos países imperialistas, formados pela opressão de povos sob o comando de ferro de monarquias e da democracia burguesa. Se antes Boris Johnson lidava com seu cargo na corda bamba, ameaçado pela crise política gerada pelo Brexit, agora o primeiro ministro britânico busca contornar a situação numa campanha em que pretender retomar a maioria no parlamento e aprovar de vez a saída de um dos principais países imperialistas do mundo da União Europeia. Boris Johnson havia ameaçado anteriormente que se o parlamento britânico não decidisse até o dia 31 de outubro, o mesmo iria chamar por novas eleições gerais, buscando alterar todo o parlamento que duraria até 2022, em uma tentativa de impor sua política. No entanto, mesmo que inicialmente rejeitada, as até então inesperadas novas eleições passaram a ser uma realidade no Reino Unido, sendo aprovada por ampla maioria

pela Câmara dos Comuns, em uma votação de 438 votos a favor e apenas 20 contrários. A facilidade com que foi aprovada as novas eleições remete ao fato de que o Partido Trabalhista, uma das poucas possíveis resistências dentro do parlamento, também estava favorável a chamada de novas eleições, encabeçado por Jeremy Corbyn, candidato a primeiro-ministro e líder da ala esquerda do partido. Além disso, a crise política que atinge hoje o Estado britânico é de alta magnitude, sendo responsável pela derrubada de outros do cargo de primeiro-ministro e com uma intensa polarização na sociedade. A razão de ter chamado novas eleições deve-se ao fato de que Boris Johnson pretende por meio dela recriar algo que seria como um novo plebiscito pela saída da UE. Ao contrário dos vacilantes trabalhistas, que assumiram uma posição centrista quanto a saída ou não do bloco, os conservadores e toda extrema-direita fazem intensiva campanha a respeito do assunto, assumindo uma postura mais aberta e firme, o que atrai as camadas mais populares na ausência de uma política séria por parte da esquerda. Tal questão foi expressa na frase de Johnson, onde ele diz preferir estar morto em uma vala do que adiar o Brexit novamente.

Com base nisso é que a extrema-direita britânica aposta, pois, enquanto os trabalhistas não intensificarem sua campanha de forma clara e ligada aos desejos do povo, que ao mesmo que não deseja permanecer sob o controle dos grandes capitalistas e banqueiros espanhóis e alemães, também não quer lutar simplesmente para continuar a ser explorado pela burguesia inglesa. Por causa disso, os trabalhistas não assumem de uma vez por todas uma postura clara nesta situação, convocando para si o desejo das

massas e não permitindo, da mesma forma com que o resto da esquerda europeia, deixar a demagógica extrema-direita se criar em cima. Jeremy Corbyn já é uma figura fora da curva de ascensão da extrema-direita no continente, devido a sua política mais à esquerda. No entanto por pressão interna de setores direitistas do partido, os trabalhistas ainda não evoluíram para uma política concisa, algo que necessita ser feito caso não planejem perder terreno político para a extrema-direita

LIBERDADE DE EXPRESSÃO?

Jornalista é preso por denunciar corrupção da oposição venezuelana Golpistas perseguem jornalista que desmascarou a campanha do imperialismo contra Maduro. Para a direita golpista e o imperialismo, quando se trata de liberdade de expressão, todos os artifícios são válidos – desde que seja contra seus opositores, a esquerda. Na medida em que seus rastros e falcatruas são identificados e, portanto, denunciados, cai por terra toda a demagogia e entram em cena seus representantes na superestrutura do Estado. Nesse caso como nos outros, o judiciário cumpre um papel fundamental para assegurar o domínio dos golpistas. Em meio às diversas investidas do imperialismo contra o governo de Maduro, na Venezuela, os sicofantas da “democracia estadunidense”, prenderam, no dia 25 de outubro, Max Bluementhal, editor da mídia americana independente The Grayzone, Através de seus agentes de repressão, a Polícia de Washington DC encarcerou o editor por sua suposta participação na captura da embaixada da Venezuela na capital dos EUA. Com ameaças de derrubar a porta, por volta das 9 horas, “vários policiais assumiram posições na casa como se estivessem preparados para um ataque no estilo da SWAT”, afirmou o editor.

“Essa acusação é uma mentira 100% falsa, fabricada e maliciosa”, afirmou Blumenthal sobre a suposta agressão cometida contra um membro da oposição venezuelana. Ben Norton, também, jornalista da mídia, relatara o que aconteceu depois de entrevistar Blumenthal, denunciando que a prisão de seu parceiro foi feita “de uma maneira infundada” de simples agressão contra um membro da oposição venezuelana, capitaneada pelo governo dos Estados Unidos. A acusação, com efeito, é uma clara resposta à atividade de um grupo de ativistas políticos americanos que

mantiveram-se do dia 19 de março a meados de maio, agrupados no ‘Coletivo de Proteção à Embaixada’, cujo prédio fica em Washington, com a permissão do governo venezuelano, no intuito de impedir que ele fosse ocupado pelos funcionários nomeados pelo deputado – golpista – da oposição, Juan Guaidó, o qual, com total apoio do governo estadunidense, se proclamou “presidente interino” em 23 de janeiro deste ano. Desde que Guaidó tentara um golpe contra Maduro, a situação dos grupos que permaneceram dentro do edifício foi ficando cada vez mais insustentável. Neste ínterim,

momentos de tensão caracterizados por agressões verbais e físicas de oponentes, prisões, cortes de energia e água ocorreram em diversos momentos. Até a restrição da passagem de alimentos e medicamentos, fora colocada em prática. Blumenthal já vinha se destacando contra os golpistas onde, em fevereiro, fizera um vídeo na Venezuela, tornando-se viral. As imagens, por sua vez, denunciavam a falácia e sabotagem da mídia burguesa. O editor mostrara, porém, vários mercados nos arredores de Caracas, onde alimentos e mercadorias estavam disponíveis ao povo venezuelano, mas, segundo os propagandistas da oposição, dos EUA, estes não estavam disponíveis ao público na capital venezuelana. Este caso revela a completa farsa acerca da liberdade de expressão nos países ditos democráticos. Após uma intensa propaganda sobre liberdade de imprensa na Venezuela e sobre corrupção, eis que a direita golpista – afunda na lama da hipocrisia e do cinismo, colocando em prática o verdadeiro arsenal antidemocrático de que dispõe.


8 | DIA DE HOJE NA HISTÓRIA

MOMENTO HISTÓRICO DO EGITO

31/10/1956: França e Inglaterra bombardeiam o Canal de Suez Resistência egípcia marcou o enfraquecimento do imperialismo sobre a região naquela década. Ao final de 1956, o imperialismo desencadeou uma violenta agressão contra o Egito. Inglaterra, França e Israel bombardearam o Canal de Suez. A canal fora construído no Século XIX, por capitalistas franceses e autoridades egípcias, para encurtar significativamente a distância entre os mares do norte e do sudeste asiático. Pouco depois, o Egito foi ocupado militarmente pela França e Inglaterra, que mantiveram o controle sobre o canal por mais de meio século. Com os movimentos de libertação nacional que inflamaram os países subalternos a partir da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, os egípcios também organizaram a luta contra a dominação imperialista. Um dos marcos importantes foi o Movimento dos Oficiais Livres, que teve protagonismo na Revolução de 1952, e levou Gamal Abdel Nasser ao poder, no Egito. Foi o fim de 70 anos de ocupação militar imperialista, e 30 anos de uma monar-

quia fantoche, subordinada e colonizada. Em 1956, França e Inglaterra tentaram boicotar a construção da represa de Assuan, que tornaria cultivável boa parte do território egípcio. Em resposta a isso, Nasser estatizou o Canal de Suez, tomando para o Governo Egípcio o controle que pertencia a capitalistas ingleses e franceses. Em retaliação, esses dois países, aliados a Israel – que também tinha interesses expansionistas na região – organizaram um bombardeio a instalações do canal e outros pontos estratégicos. Os EUA não participaram do ataque, e a URSS interviu junto à ONU, pressionando pela retirada das tropas estrangeiras do Egito. Este episódio acabou por fortalecer Nasser e enfraquecer o imperialismo europeu. Iniciou-se um período de governo nacionalista egípcio que só voltaria a sofrer com as intervenções israelenses e norte-americanas ao final da década de 1960.

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MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

MAS ATAQUES AOS TRABALHADORES

Mais ataques da direção do BB através das transferências compulsórias Direção do Banco do Brasil transfere, compulsoriamente, para 50 km de sua casa, funcionária que está amamentando O famigerado Plano de Adequações de Quadro (PAQ) implantado pela direção golpista do Banco do Brasil a cada dia faz novas dívidas. Este Diário vem, sistematicamente, denunciando os ataques dos prepostos, à frente da instituição Banco do Brasil, do governo ilegítimo/fascista, Bolsonaro, em relação ao processo de reestruturação que está ocorrendo dentro da empresa. Dentro dessa reestruturação, com a implantação do PAQ, esses verdadeiros carniceiros, que estão a frente do banco, desenvolvem uma política que é um verdadeiro desastre para a classe trabalhadora. O plano, que em linhas gerais consiste em “reorganizar” as unidades onde houve alteração de dotações em relação à movimentação de pessoal depois do fechamento de centenas de agências e dependências bancárias, a direção do banco deixou de cumprir o foi acordado com as representações dos trabalhadores em relação às remoções de funcionários, que seriam removidos para localidades de até 30 km do local de origem. Passando por

cima do que foi acordado, o banco tem mandado trabalhadores, compulsoriamente, para outras agências, em locais muito acima do acordado. É o caso de uma funcionária lotada no estado do Paraná, que está sendo removida, compulsoriamente, para uma outra localidade mais de 50 km do seu local de origem, ou seja, longe

da sua moradia. O grau de sadismo desse governo fascista, e seus representantes, é tamanha que não levam em conta que a funcionária foi mãe recentemente e precisa amamentar o seu filho recém-nascido. Um verdadeiro absurdo. É uma política típica da direita reacionária fascista, o que mostra até que pon-

to os banqueiros e seus governos podem chegar para terem os seus lucros garantidos. Essa medida, da direção golpista do Banco do Brasil, é mais uma dentre tantas outras de ataques aos direitos e conquistas dos trabalhadores. A reestruturação no banco é parte da política do governo neoliberal do golpista/ilegítimo, Bolsonaro, em transformar os bancos públicos, que tem uma função social, em interesses de banqueiros privados e o tal (PAQ) vai justamente no sentido de pavimentar esse caminho. Com o golpe de Estado a direita reacionária que se instalou na direção da empresa vem, a cada dia, aumentado os ataques aos trabalhadores. Somente a lula unitária de toda a categoria conjuntamente com os demais trabalhadores poderá derrotar a ofensiva dos golpistas e o golpe. Neste sentido é necessário organizar uma gigantesca mobilização em torno da palavra de ordem que está na boca do povo: Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Liberdade para Lula, Eleições Gerais.

PROJETO APROVA PRIVATIZAÇÃO

Em Sergipe, professores protestam contra privatização No Estado do Sergipe, foi aprovado um projeto de lei que indiretamente abre caminho à privatização do ensino através de dois projeto de avaliação dos docentes. Após dez meses do governo golpista e fraudulento Jair Bolsonaro, a educação é um dos setores mais atingidos pela liquidação promovida pelos fascistas de plantão. Os educadores da rede estadual de ensino, de Aracajú (SE), fizeram um protesto em frente a Assembleia Legislativa para evitar a votação de dois projetos: um institui o sistema de avaliação da educação básica (PL 208/2019) e outro o programa Alfabetizar pra Valer (PL 212/2019). Os professores protestaram, pois os projetos foram aprovados à toque de caixa, não houve nenhum debate entre a comunidade escolar e o Estado. São os professores que sabem que a intenção do governador é destruir o ensino público, por isso, perceberam que esses projetos

visam introduzir a iniciativa privada nas escolas. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Sergipe (Sintese), professora Ivonete Cruz, esteve presente com dezenas de professores em frente à Assembleia Legislativa, porém os professores foram barrados de forma truculenta pela polícia. Esses projetos visam privatizar e punir os professores, pois serão avaliados de forma sistemática, reclamam que faltam de tudo nas escolas, porém querem resultados. Sergipe reflete um desmonte generalizado dos golpistas, com a educação pública já tão abandonada pela direita que na maioria sempre esteve no poder, mas esses desmonte com o golpe representa o fim do ensino pú-

blico, por isso, a greve dos professores é fundamental na atual etapa para impulsionar uma mobilização nacional dos educadores e impulsionar neces-

sária greve geral, único caminho real para derrotar a reforma e demais ataques do governo e colocar abaixo o próprio regime golpista.

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10 | CIDADES

FORA GOLPISTAS

17 mortos: PM organiza banho de sangue em Manaus: dissolver já a PM! Na madrugada de ontem (30), a PM assassinou 17 pessoas na Zona Sul de Manaus Na madrugada de ontem (30), 17 pessoas foram assassinadas em uma operação comandada pela Policia Militar na Zona Sul de Manaus, no estado do Amazonas. Segundo a imprensa burguesa, teria acontecido uma “troca de tiros” entre a polícia e membros de uma facção que planejava homicídios contra um grupo rival. Nenhum policial militar, no entanto, ficou ferido. Para tentar justificar a chacina que aconteceu no norte do país, a polícia afirmou que teria recebido uma denúncia de que 50 pessoas armadas estariam em um caminhão baú e que várias armas foram apreendidas. Segundo o comandante geral da PM, coronel Ayrton Norte: Ao todo foram 17 armas apreendidas, armas de grosso calibre, inclusive tem uma uma sub-metralhadora, várias pistolas e revólveres, o grupo estava bem armado. As armas serão levadas para a Delegacia de Homicídios, onde serão apresentadas.

Nenhuma das informações apresentadas, no entanto, é capaz de justificar o que de fato aconteceu: o Estado, por meio de seu braço armado, levou 17 pessoas à morte em uma noite. E, o que é ainda mais alarmante: embora se alegue uma “troca de tiros”, nenhum PM foi morto na operação. O que o acontecimento demonstra é que, na verdade, a Polícia Militar é extremamente eficiente em assassinar o povo que diz defender. Sob a justificativa de “combater o crime”, os policias não hesitam em matar quase duas dezenas de pessoas em uma única madrugada em uma única operação – quantas operações aconteceram, em todo o país, no mesmo momento? No fim das contas, a PM se mostra muito mais carniceira que qualquer organização que diz combater – raros são os casos de uma chacina que tenha 17 mortos em que a PM não esteja envolvida. Com a extrema-direita no poder, a tendência é que a Polícia Militar au-

mente ainda mais a repressão sobre o povo pobre e negro do país. Mesmo que a polícia esteja provocando a morte de milhares de pessoas por ano, a direita pretende criar condições para que a matança se intensifique. O caso do governo Witzel, que condecora policias assassinos, bem como o caso do ministro Moro, que quer dar plena licença para que os policiais matem du-

rante as operações, mostra isso. Diante disso, é preciso lutar pela dissolução completa da Polícia Militar e pela criação de milícia populares, controladas diretamente pelos trabalhadores. Ao mesmo tempo, é preciso tirar do poder a extrema-direita e toda a burguesia fascista que a sustenta. Fora Bolsonaro, Witzel e todos os golpistas!

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CIDADES | 11

SINPEEM

Tirar as lições do 30° congresso do Sinpeem – parte II Congresso organizado para impedir o aumento e a organização da luta dos profissionais em educação. Congresso do Sinpeem – Parte II O 30° Congresso do Sinpeem foi organizado pela burocracia sindical para impedir o aumento e a organização da luta dos profissionais em educação, que durante os últimos três anos, deu grandes demonstrações de força contra os ataques da direita, como na luta contra a reforma da previdência. Aproveitando a grande derrota imposta aos servidores da educação com a reforma da previdência em 26 de dezembro de 2018, com a complacência da direção sindical encabeçada pelo vereador Cláudio Fonseca presidente da entidade, assim como a subida ao poder de Jair Bolsonaro, eleito através da maior fraude eleitoral da história, o governo municipal de Bruno Covas, o sucessor fascista de João Dória continua a impor inúmeros ataques aos professores, alguns deles como o projeto que facilitará a terceirização dos Centros de Educação Infantil(creches), de autoria do próprio presidente do Sinpeem entre outros e que era reivindicação de dezenas de professoras das Ceis que o tema fosse discutido e encaminhada a luta pela derrota do projeto já aprovado em primeiro turno. Com o avanço da direita, o presidente do sindicato que se elegeu ao cargo de vereador na chapa de João Dória, procurou organizar mais um congresso da categoria de maneira a calar a voz da categoria, de maneira dissimulada. Para isso, repetindo o que vem ocorrendo há cerca de dez anos, proibiu a inscrição de teses políticas a serem debatidas pelas plenárias e permitiu apenas a introdução de emendas à tese guia (Tese da diretoria do Sinpeem), ou seja, o máximo que as correntes políticas no interior do sindicato poderiam fazer seria remendar o texto elaborado pela burocracia. Além disso, outro ponto vital para cercear a voz dos servidores em educação foi a divisão das trinta e seis horas de congresso entre palestras, apresentações culturais e artísticas e plenárias, sendo que estas últimas, as mais importantes de qualquer congresso de trabalhadores, tiveram apenas 5 horas de discussões. Tendo inclusive no penúltimo dia, quando ocorreu a plenária final e onde era esperança de parte da categoria o debate e encaminhamento dos interesses dos servidores da educação, a apresentação do grande sambista brasileiro Jorge Aragão contratado a peso de ouro pela direção sindical, que pela beleza da melodia de seu samba entusiasmou os professores que caíram no samba. Com isso o último dia de debates sobre os rumos da categoria foi ainda mais curto, com o show que estava previsto para se encerrar às 14h20m, terminando apenas as 15h, mais uma das manobras bem calculadas para acabar com o debate político e a luta. Educadores em Luta defende Liberdade para Lula e é o mais ovacionado de todo o Congresso

No segundo dia de Congresso, em seu período da tarde, já que o período matutino ficou tomado por várias palestras inócuas para defender os interesses de emprego, salário e trabalho dos professores, foi realizada a apresentação dos 15 grupos políticos da situação à oposição que inscreveram emendas ao texto referência, apresentando as linhas gerais das propostas em forma de emendas para a categoria. As emendas apresentadas por todos os grupos deviam propor emendas aditivas, supressivas ou modificativas, divididos em oito temas, que eram: • Conjuntura Internacional • Conjuntura Nacional • Política Municipal • Política educacional • Questão funcional • Questão Salarial • Políticas permanentes • Plano de Lutas 2019/2020 Apenas Conjuntura Nacional, Política educacional e Plano de Lutas foram discutidas parcialmente, ou seja, uma total sabotagem do congresso síndico-educacional. Durante a apresentação das emendas a diretoria do sindicato, do grupo Compromisso e Luta, através do Vereador Cláudio Fonseca fez a apresentação da sua “tese-guia”, apontou a vitória da nossa última greve e a continuidade das lutas seguindo o calendário da CUT, Inclusive chamando para o ato do dia 30 em Brasilia, no entanto, sua política é participação dentro da política de frente ampla, com a direita. Fez a defesa do projeto PL 68/2017 enfatizando a proposta de sua autoria, do vereador presidente, de transformação dos cargos das educadoras de CEIs, atual J30 para Jeif, alegando que tal medida oferecerá garantias aos servidores. No entanto, o que procura se esconder por trás de tal benesse é que na realidade os servidores das Ceis não podem ser demitidas, em virtude de aprovação em concurso, então com a transformação do cargo se viabiliza a transferência destes professores para as escolas municipais e assim se abre a possibilidade de entrega das Ceis municipais para a iniciativa privada, terceirizando-as, ou até mesmo fechando-as. Além do que, o direito que

os professores das CEIs possuem hoje de salário com suas jornadas de 30 horas, que correspondem ao mesmo salário dos professores da rede em Jeif, com a transformação passam a ser concorrentes e a quantidade de Jeif na rede que hoje já não atende a toda a categoria será ainda menor com o ingresso de mais professores. Toda essa situação abriu uma grave crise para a direção do sindicato que precisava durante o congresso minimizar a crise na base da categoria que começa a perceber que tal projeto afetará a toda categoria e abrirá os ataques para a privatização das Ceis e num futuro breve, a terceirização/privatização dos demais níveis de ensino. Outro agrupamento político a apresentar suas propostas foi o golpista PSTU, o partido tucano de bico vermelho, que entre outras questões, levantou a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”. Ora, o partido que há meses atrás, foi o viés de esquerda que a burguesia precisava, lançou mão da palavra de ordem de “Fora Todos!”, ou seja, colocou todos no mesmo ”balde podre” da burguesia e naquele momento o país era dirigido por Dilma Rousseff do PT. O “Fora todos!”, na prática atingia ao PT, ou seja, o PSTU se unia a direita para derrubar o PT e o resultado desta política de derrubar Dilma, prender Lula e eleger Bolsonaro pode ser creditado também ao PSTU. No entanto quatro anos depois do “Fora Todos”, eles agora, levantam nos sindicatos, após quase um ano de destruição dos direitos dos trabalhadores no país, o “Fora Bolsonaro!”, já cantado em verso e prosa pelo povo brasileiro desde fevereiro deste ano, durante o carnaval. Além do que, tal palavra de ordem foi levantada primeiramente pelo Partido da Causa Operária, já no dia 29 de outubro, quando Jair Bolsonaro foi anunciado presidente e o PCO foi o único a caracterizar acertadamente que o futuro governo era resultado da maior fraude eleitoral de todos os tempos ocorrida no Brasil e, portanto, desde aquela data, deveríamos lutar para por para fora os golpistas. Ou seja, ao anunciar agora tal palavra de ordem, é apenas uma tentativa de redenção para procurar redimir o PSTU golpista, da sua política direitista e sua

crise falimentar. Os companheiros de Educadores em Luta denunciaram esta farsa em sua intervenção durante o congresso. Outros satélites do PSTU e da Central Sindical de mentirinha, a Conlutas, estiveram presentes, como a corrente proletária na educação, que durante suas falas fizeram questão de deixar claro que não são a favor de derrubar Bolsonaro, pois, segundo os mesmos, a palavra de ordem que o povo canta pelas ruas, “ei Bolsonaro vai tomar no cú!” e o “Fora Bolsonaro!” são palavras de ordem “eleitoreiras”, mostrando toda a sua falta de bússola. Outros agrupamentos ligados ao PSOL, confirmaram a política majoritária de seus partidos que sonham com as eleições de 2020 e apoiam o “Fica Bolsonaro!”, não apresentando nenhuma proposta de conjunto que possa derrubar a política golpista de Bolsonaro-Dória e Covas, reproduzindo suas pautas de lutas parciais, que ao longo dos últimos dois anos levou a classe trabalhadora a ser derrotada nos principais ataques da burguesia até então, como a reforma trabalhista, a reforma da previdência, entre inúmeros outros ataques. Em geral, não empolgando os mais de quatro mil delegados presentes. Contra toda essa política de colaboração, os militantes da corrente educadores em Luta e do PCO, interveio no congresso, com o intuito de mobilizar a categoria contra os golpistas no país, distribuindo mais de 6 mil panfletos próprios, conversando com os professores e servidores sobre a necessidade da luta geral para derrotar os golpistas, defendendo a liberdade para Lula, novas eleições gerais com Lula candidato e o Fora Bolsonaro, além, dentro desta luta, da venda de Jornais Causa Operária e da própria intervenção no único momento de fala, dentro do congresso, antes da direção do sindicato procurar desviar o assunto e não polemizar com as propostas de Educadores em luta vista a primeira intervenção da corrente, a mais aplaudida do congresso, vide vídeo a seguir: Com Cláudio Fonseca, quando não tendo como fugir do debate, preferiu aprovar emenda de Educadores em luta, sem direito a exposição dos companheiros para evitar a polarização com as concepções capituladoras da direção e da oposição no congresso. O Congresso, no entanto termina, sem nenhum plano de lutas efetivo contra os ataques das direita aos servidores e a classe trabalhadora, mas ao mesmo tempo mostra no apoio da base da categoria a luta contra os golpistas pela liberdade de Lula e pelo Fora Bolsonaro que sua vontade está na contra mão, da intenção da burocracia sindical que procura um acordo com a direita. O Caminho é esse o da mobilização nas escolas e a construção de uma forte e massiva corrente de Educadores em luta, contra o golpe de Estado, pelo fora Bolsonaro.


12 | ECONOMIA E COTV

POLÍTICA DE ENTREGA DO PAÍS

Governo golpista quer entregar quatro refinarias da Petrobras até 2020 Entrega das refinarias aprofunda o caráter colonial e dependente do Brasil O governo golpista anunciou que irá entregar para o capital privado quatro das mais importantes refinarias da Petrobrás. Trata-se das refinarias de Abreu e Lima-PE, Landulpho Alves-BA, Repar-PR e Refap-RS. A venda das empresas é mais um ataque ao patrimônio nacional, à soberania do país e a todo o povo brasileiro. A política de privatizações levada adiante pelo governo golpista de Bolsonaro visa somente atender ao interesse predatório pelo lucro dos grandes capitalistas e dos banqueiros. Primeira refinaria construída com tecnologia totalmente nacional, a Abreu e Lima situada na cidade de Ipojuca, região metropolitana da Recife, se tronou a primeira refinaria a processar petróleo sem impacto ambiental. A empresa opera com o refino de 100 mil barris de petróleo por dia. Segunda maior refinaria em capacidade instalada no país, a Landulph

Alves situada no município de São Francisco do Conde na Bahia, tem a capacidade de refino de 323 mil barris de petróleo por dia. Já a Repar, localizada em Araucária no Paraná, é a principal empresa do setor petroquímico da região sul do país, com a capacidade de produção de 207 mil barris de petróleo por dia. A Refap localizada em Canoas, no Rio Grande do Sul, possui a capacidade de refino de 32 mil barris por dia. A elevada produtividade das refinarias poderia levar o país a autossuficiência na produção de combustíveis, um passo importante na independência dos monopólios e países estrangeiros. A política de privatização e entrega das empresas nacionais visa somente aprofundar o caráter colonial do país, tornando o povo refém dos interesses externos, dos monopólios empresarias e dos grandes capitalistas.

CAUSA OPERÁRIA TV

Hoje é dia de cultura na COTV, veja a programação Confira aqui a programação desta quinta-feira

A GLOBO

A grade de programação da Causa Operária TV está recheada de atrações nesta quinta-feira (31). Além dos tradicionais programas de notícias e comentários políticos, o canal exibirá também programas voltados a discutir a questão cultural (o samba, em especial), a questão da juventude e a questão esportiva. Confira a nossa programação do dia: Reunião de Pauta – Para começar o dia informado, trazemos as últimas informações e acontecimentos do Brasil e do mundo neste programa de uma maneira mais descontraída. Vai ao ar às 09h30. Panorama Brasil – Apresentamos notícias específicas de algumas regiões e estados do Brasil, com debates e comentários políticos. Cada dia um estado diferente. Vai ao ar às 12h15.

Juventude Revolucionária – Organizado pela Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), coletivo de juventude do PCO, o programa traz informações e temas que dizem respeito à juventude, com destaque para o universo estudantil. Vai ao ar às 14h. Samba Nzinga – Programa dedicada ao mundo do samba, contando toda semana com a participação de alguma personalidade desse gênero musical. Vai ao ar às 16h. Na Zona do Agrião – Os companheiros trazem à mesa um debate sobre futebol e esportes, com as polêmicas da semana, e abordam os assuntos sempre pelo viés político. Vai ao ar às 19h. Resumo do Dia – Para terminar, logo à noite, temos as principais notícias do dia para manter o nosso espectador bem informado. Vai ao ar às 20h30.

MENTE O DIÁRIO

DESMENTE CONTRIBUA COM O


NEGROS E MULHERES | 13

MAIS UMA BARREIRA AO NEGRO

UFRJ instaura tribunal racial Universidade Federal do Rio adotará tribunal racial para dizer quem é negro ou não, barrando o acesso à matrícula na universidade, que é pública! Mais grave caso de ataque do Estado à população negra do Rio de Janeiro. Na última sexta-feira (25/10) a reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) anunciou que instituirá uma comissão especial para analisar os pedidos de matrícula de candidatos aprovados no vestibular por meio de cotas raciais, à partir do próximo ano (2020). Segundo a entidade será criada a chamada comissão de heteroidentificação, uma nova etapa avaliativa com o objetivo de combater fraudes na adesão às cotas raciais, o que estaria atendendo a uma demanda de mais de 200 denúncias em “investigação”. Uma comissão similar já existe na universidade, porém avalia casos de denúncias de estudantes já matriculados. A nova comissão teria a função de evitar o ingresso de alunos, que em tese, estariam fraudando o regulamento das cotas raciais. Na verdade, de forma clara, o que está sendo criado é um tribunal racial, no qual os alunos serão julgados de forma subjetiva, se entrarão ou não numa universidade pública. É preciso analisar os aspectos deste problema com cuidado. Primeiro: a inscrição no programa de cotas raciais por pessoas que não teriam esse direito, de fato acontece e, é de certa forma, algo previsível, uma vez que não há va-

gas nas universidades públicas para todos os estudantes. Assim, considerando que é um problema conhecido e plenamente planejável, é possível buscar outras formas de dar maior legitimidade ao acesso às cotas, sem que haja a instituição de um tribunal inquisitor. Segundo, ao estabelecer uma comissão, ainda que esta possa ter como membros alunos e funcionários, ela será controlada pela força política dominante no ambiente da universidade, que no caso, é a reitoria, representante do governo federal, sendo que os critérios de seleção serão sempre subjetivos e darão ampla margem de manipulação para que haja uma exclusão regular de alunos negros e pobres. Terceiro, o tema em si é altamente subjetivo dentro de uma sociedade altamente miscigenada como a brasileira, ou seja, não é possível dizer que simplesmente pela cor da pele, cabelo ou tipo do nariz, se a pessoa é negra ou não, pois há toda uma herança genética e cultural intrinssicamente presente na grande maioria da população. Quarto, é uma ferramenta reacionária e arcaica que estimula o clima de denuncismo entre a comunidade da universidade, fomentando o clima de repressão emanado pelos governos de extrema direita federal (J. Bolsonaro), estadual (W. Witzel) e municipal (M. Crivella),

Esses são apenas alguns dos pontos, mas é essencial denunciar que ações como essa que, não por acaso, ganham força no momento de maior ataque da burguesia reacionária ao povo brasileiro, à escola pública e às expressões culturais do nosso povo, deixa claro que não se trata de melhorar nenhum aspecto da educação superior, mas simplesmente criar mais uma barreira ao acesso da população pobre, que via de regra, é negra e marginalizada, à ponta do sistema educacional. A UFRJ não é a primeira, a USP também anunciou a criação de referida comissão, a UFMG já a pôs em prática este ano. A repressão também está

presente no acesso ao serviço público. Na convocação do último concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF), realizada este ano, os aprovados também foram convocados para a “etapa de hetero-identificação”. Os estudantes, os trabalhadores, toda a população não devem aceitar este tipo de controle social, uma ferramenta arcaica, que abre a porta para verdadeiros tribunais inquisicionais. Se não houver enfrentamento direto e nas ruas contra o governo Bolsonaro e toda sua política de esmagamento da população, caminharemos para tribunais abertos sobre todos os aspectos, ideológicos, raciais, sobre orientação sexual etc.

ASCENSÃO DA EXTREMA DIREITA

Extrema-direita organiza assédio contra as mulheres vítimas de estupro Grupo pró-aborto enfrenta conservadores anti-aborto em frente ao Hospital Pérola Byington O grupo católico pró-vida que se autodenomina “40 dias dias pela vida” é pequeno, mas causa grande constrangimento em mulheres que visam realizar aborto legal. O grupo montou uma barraca em frente ao Hospital Pérola Byington, em São Paulo, o principal centro de atendimento para mulheres e meninas vitimas de estupro, no Brasil. A estátua da santa Gianna Molla fica junto à barraca do grupo, a santa que teria sacrificado a própria vida ao não fazer um aborto. Muitas das vitimas sofrem abuso de homens que participam de sua rede familiar e de afeto. Sentem vergonha, medo e sentem-se desamparadas. Os dados do estudo “Serviços de Aborto legal no Brasil: um estudo nacional”, mostram que 94% dos casos de atendimento para o aborto legal (que inclui anencefalia e risco de vida) trata-se de estupro. 15% dessas vítimas são meninas entre 11 e 14 anos. A ação desse grupo segue o mesmo formato de grupos católicos e evangélicos antiaborto dos EUA. Após desistir do aborto devido à intervenção do grupo, as mulheres são levadas a espaços on-

de permanecem até o parto. Essas são as casas de “gravidez em crise” (“crisis pregnancy centers”). Não se sabe muito sobre o funcionamento desses espaços e quem os financia, mas trata-se da importação de um modelo de assédio a mulheres vitimas de estupro. A campanha “40 dias pela vida” foi criada por católicos conservadores do Texas e já foi reproduzida no Canadá e na Inglaterra. Após reportagem publicada pelo Universa (UOL) sobre a vigília religiosa contra o aborto em frente ao hospital Pérola Byington, ativistas pró-aborto legal montaram uma tenda no sábado (26/10) de manhã, na mesma mesma praça onde se encontra o grupo anti-aborto. A escritora e roteirista Daniela (@_dani_erra, no Twitter) levou cartazes para o local e convida mais pessoas para se unirem a ela em frente ao hospital. “Precisamos de gente para fazer turnos. É importante que fiquemos aqui até o dia 3”, afirma. A vigília religiosa chamou a Polícia Militar para que retirassem o grupo pró-aborto da praça, mas os policiais apenas acompanham a manifestação dos dois grupos, por enquanto. Os ati-

vistas religiosos estariam se negando a voltar para a vigília por estarem com medo e teriam afirmado que voltariam a montar tendas acompanhados por seguranças particulares. Constranger mulheres que sofreram abuso sexual a agirem de acordo com as crenças de outras pessoas é um absurdo total. O que estamos vendo é um crescimento da ousadia da extrema direita e isso deve ser combatido diretamente. Não devemos ceder espaço para que essas pessoas se sintam

à vontade para impor os seus valores sobre quem quer que seja. As pessoas que agem dessa forma, se não confrontadas, sentem-se à vontade para continuar agindo assim. A atitude da Daniela é importante e poderia ser até mais enérgica. Não devemos subestimar a ascensão do fascismo, devemos combate-lo. Essas pessoas devem ter medo mesmo de aparecer em frente do Hospital Pérola Byington e encontrar um grupo grande de mulheres dispostas a lutar pelos seus direitos.


14 | JUVENTUDE

COMO NO CHILE

Juventude deve se organizar pelo fora Bolsonaro Setor é, historicamente, linha de frente contra os ataques da direita A juventude sempre teve um papel fundamental nas lutas políticas, sendo um dos primeiros setores a se revoltar. No Brasil, foi vanguarda na luta contra a ditadura, o que impulsionou as grandes mobilizações operárias que, finalmente, derrubaram os militares do governo. Vivemos hoje mais uma época de enfrentamento com a burguesia, que toma cada vez mais medidas austeras contra a população. Este fenômeno se dá mundialmente, mas, no último período, temos o visto mais latente na América Latina, com reações populares ao neoliberalismo no Equador, Haiti, Honduras e no Chile. Todas estas revoltas não se dão isoladamente, mas são sintomáticas de uma crise generalizada cujos governos alinhados

ao imperialismo na América Latina têm causado, cuja única saída favorável ao povo é a revolta e derrubada dos serviçais do imperialismo. O Brasil não escapa destes sintomas: com a crise no País e os ataques cada vez mais agressivos do governo Bolsonaro, além da prisão de Lula e a própria mobilização que tem se dado pela liberdade do ex-presidente e contra o golpe, tudo indica que o maior País da América Latina será o próximo a explodir. Historicamente, a juventude é o setor que toma a frente das mobilizações, sendo o setor mais revoltado e mobilizado. Este ímpeto não se dá num vazio: a juventude é o setor que mais morre nas mãos da PM, principalmente a negra, tendo este número

aumentado em 18% no ano passado; o peso da crise econômica e do desemprego cai também, em sua maioria, sobre a juventude; ademais, os ataques à educação pública, superior e regular, terminam de deixar o jovem brasileiro sem escolha que não seja a luta contra esta situação. No Chile, temos visto uma juventude que se radicaliza cada vez mais contra o neoliberalismo e tem sido um dos principais responsáveis por, literalmente, incendiar o País em retaliação ao governo de Sebastián Piñera. A juventude brasileira deve tomar isto como um modelo, visto que a situação dos dois países e dos dois setores não se difere. Por isso, a mobilização nas universidades, escolas, bairros etc. é fundamental para a luta contra o gover-

no Bolsonaro e a investida neoliberal sobre a população. Já passou da hora da juventude incendiar, às vezes literalmente, o País contra os ataques do imperialismo às condições de vida da população.

MAIS UM ATAQUE DA DIREITA

Governo quer comissão para cancelar matrícula de cotistas na USP Direita se organiza para perseguir e caçar matriculas de estudantes negros na USP Nesta semana a direita golpista se articulou para cassar matriculas de estudantes cotistas na USP. Sob a recomendação das Defensorias Públicas do Estado de São Paulo, estado cuja dominação tucana é uma das mais evidentes, a criação de mecanismos de combate a supostas fraudes de autodeterminação racial, isto é, de cancelamento de matriculas já efetivadas. Num claro processo de perseguição aos estudantes negros da USP e um ataque a esse direito conquistado pelo movimento negro. A recomendação, que é o último recurso para judicialização e aplicação desse processo racista, foi apresentado por estudantes com supostas fraudes nos últimos dois anos. O que mostra dois pontos, a articulação da direita dentro da USP e a fonte das fraudes não serem demonstras pelo jornal burguês que publicou a matéria a fragilidade e a pretensão da acusação. Até porque mesmo se houvesse fraude, não é motivo algum a cancelar todos as matriculas nem tampouco perseguir os estudantes negros de forma humilhante como essa. O Estadão inclusive já demonstrou em outras matérias a sua repulsa às cotas na USP e se coloca efetivamente na campanha de acabar com esse recurso inclusivo, mesmo que limitado. Como na matéria de 24 de outubro de 2019, o jornal mesmo se encapuzado de um cinismo grosseiro de que esta ou aquela norma está equivocada, se coloca amplamente a favor da derrubada da reforma e contra toda população negra que queira

ingressar na universidade, apresentando diversos links de outras matérias, demonstrando que a campanha se estende, e os “argumentos” (aspas pois seria um elogio grotesco a esse jornal transparentemente reacionário) para a direita. O jornal apresenta dois pontos que faz questão de chamar de “erros graves” da Universidade, se pudesse O Estadão faria a própria gestão, já que a comunidade faz erros tão graves assim. Os dois erros absurdos seriam: “ausência de mecanismos de prevenção” e “não ter instâncias para apuração de denúncias”. Isto é, além da Polícia Militar o Estado quer também que a própria universidade recrudesça e criem instâncias de repressão aos estudantes negros! Além de pressionar a universidade à reprimir seus alunos, o jornal burguês divulga um determinado comitê extraoficial para denunciar essas supostas fraudes, com números aberrantes que provavelmente nem batam com o número de cotistas no campus. A tendência do tabloide é clara: impulsiona uma campanha e uma organização claramente fascista para perseguição e humilhação dos estudantes negros. É preciso lutar contra essa ofensiva reacionária e fascista na USP, organizar e chamar a uma ampla mobilização do movimento negro e dos setores progressistas e democráticos para barrar essa aberração! Não é a imprensa burguesa que vai ditar o que deve ou não deve ser feito na Universidade, e sim a própria comunidade acadêmica. Fora Doria! Fora Bolsonaro e todos os golpistas!

A direita prospera na ignorância. Ajude-nos a trazer informação de verdade


JUVENTUDE E MORADIA E TERRA| 15

DIREITA CÍNICA

“Aparelhamento” é pretexto para direita controlar as universidades Direita, especialista em saquear o estado, acusa de “aparelhamento” a comunidade estudantil Ninguém duvida, a direita é perita em acusar a esquerda dos crimes que ela mesma comete e cuja prática, domina. Isso aliado a uma completa falta de escrúpulos, produz fenômenos que um dia, quando a ameaça do fascismo não for mais do que a lembrança de uma estrutura política superada pela marcha da história, serão alvo de gargalhadas pela completa falta de senso de ridículo. Contudo, nesse momento, a escatologia intelectual da direita deve ser vista não como uma piada mas como ela realmente é: o prenúncio de ataques que visam destruir o pouco de democracia operária que a classe trabalhadora brasileira conquistou com muita luta, sangue, mortes, desaparecimentos, torturas e toda sorte de sacrifícios e sofrimentos que marcam a saga histórica da classe trabalhadora brasileira. É exatamente assim que devemos encarar a mais recente onda de idiotices ditas do ministro da educação Weintraub, que indicam mais ataques contra os trabalhadores e estudantes do sistema público de ensino. A ladainha é a mesma de sempre: aparelhamento, doutrinação, dogmatismo e daí por diante. No entanto, a demagogia esconde o fato de que, numa sociedade feita à imagem e semelhança de sua classe dominante, a burguesia, o sistema educacional inevitavelmente será um reflexo dessa dominação. Portanto, burguês. Nesse sentido, é verdade que existe uma

doutrinação no sistema educacional brasileiro (e no mundo), porém, ela é de direita e não de esquerda. As próprias pautas identitárias, vendidas como de Esquerda e levantadas pelo ministro como exemplo dessa doutrinação, são, na realidade, criações do seleto conjunto de universidades americanas estreitamente ligadas ao imperialismo com objetivo claro de silenciar a luta de classes, trocá-la por uma luta cultural, de caráter teológico onde as disputas não ocorrem pela via dos interesses de cada classe em choque mas pelo difuso bem geral. Contudo, a essência das falas de Weintraub (e quanto a isso precisamos ter clareza) não está numa disputa epistemológica que se realiza no

abstrato campo das ideias. São, isto sim, uma cobertura para ataques organizados com dois objetivos principais definidos: incluir a rede federal de ensino superior nos tentáculos privatizadores do regime de Bolsonaro, negócio bilionário que desperta a cobiça da burguesia nacional, caso do Kroton, e de tubarões imperialistas como o Laureate. O outro é destruir a capacidade de mobilização dos estudantes brasileiros da rede federal de ensino superior, uma das mais importantes categorias da pequeno burguesia, com uma atuação histórica destacada na luta contra os assédios do fascismo no Brasil. Weintraub acaba por reforçar essa perspectiva ao afirmar que crianças de creche não fazem ma-

nifestações. Garantir que a população sofra toda sorte de ataques calada e sem reagir é exatamente o motivo que leva a burguesia a descambar para o fascismo. Importante lembrar que um dos primeiros ataques do golpe, logo após a derrubada da presidenta Dilma, foi a tentativa de recriar a CPI da UNE, a exemplo da última ditadura militar, que, dessa forma, conseguiu jogar a entidade na clandestinidade e desarticular o movimento estudantil. Posteriormente, estes seriam uma das principais forças atuando na Guerrilha do Araguaia e anos depois, em 1977, dariam o pontapé inicial para a retomada das manifestações de rua contra a ditadura militar, um ano antes da greve histórica dos metalúrgicos do ABC dirigida pelo então líder sindical Lula, hoje preso político de uma nova ditadura que aos poucos vai buscando o caminho para se equilibrar politicamente e poder desferir ataques ainda mais violentos contra a população de conjunto. Por tudo isso, é importante os estudantes se mobilizarem para somar forças junto aos trabalhadores e amplos movimentos sociais que se encontram igualmente na mira do fascismo, para enfrentar o regime de Bolsonaro e lutar até a derrubada do governo que não trará nada além de ataques contra a imensa maioria da população, para favorecer as burguesias decadentes do Brasil e das nações imperialistas.

CONSEQUÊNCIA DA PRIVATIZAÇÃO

Brumadinho: um milhão de pessoas com metal no sangue Além dos 250 mortos, outras milhares de pessoas poderão ter suas vidas prejudicadas pela irresponsabilidade dos capitalistas De acordo com levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 1,3 milhão de pessoas que vivem próximas do rio Paraopeba, em Brumadinho no estado de Minas Gerais, podem estar contaminadas com metais pesados, como o manganês. A contaminação é consequência direta do rompimento da barragem de Brumadinho, em janeiro deste ano levando a morte de 250 pessoas. A contaminação pode trazer consequências graves para estas pessoas, como problemas neurológicos, fraquezas musculares, ou até mesmo câncer. O rompimento da barragem e a possível contaminação de milhares de pessoas são os impactos criminosos provocados pelos capitalistas donos da Vale. Entregue a preço de banana durante o governo FHC, na década de 1990, para banqueiros e acionistas internacionais, a Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, foi literalmente destruída pelos empresários, tudo em nome do lucro bilionário da empresa.

O sucateamento da mineradora, a falta de qualquer manutenção das estruturas, levou as tragédias de Mariana e Brumadinho. Ao todo, 269 pessoas perderam a vida, sem contar as outras milhares de pessoas que ficaram desabrigadas por conta da irresponsabilidade de um punhado de capitalistas. Agora, mais de um milhão de pessoas poderão ter suas vidas prejudicadas em consequência do rompimento. Tal fato é mais uma demonstração de que a política de privatização, levada adiante pelo atual governo golpista de Bolsonaro, além de ser uma política de entrega do patrimônio nacional para as mãos do capital privado e estrangeiro, é também uma verdadeira violência contra a população que acaba pagando o preço pela sanha pelo lucro de uma minoria de empresários. É preciso mobilizar a população contra as privatizações e contra o governo golpista de Bolsonaro. Defender a estatização das empresas nacionais como a Vale e colocá-las sob controle dos próprios trabalhadores.


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