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QUINTA-FEIRA, 9 DE JANEIRO DE 2020 • EDIÇÃO Nº5882
Irã revida e Trump recua
Na madrugada do dia 8 (no horário do Iraque) os militares iranianos revidaram o ataque norte-americano que assassinou o general Qasem Soleimani no dia 3. Foram disparados 22 mísseis, 17 deles atingiram a base de Ain Al-Asad, na província de Al-Anbar, e dois atingiram uma base em Erbil, capital da região curda dentro do Iraque. Os demais não explodiram. Segundo uma TV iraniana, 80 pessoas teriam sido mortas no ataque. O governo norte-americano negou, e afirmou que não haveria baixas.
O Irã tem todo o direito de se defender dos ataques imperialistas
Sakamoto, cinicamente, traça uma igualdade entre EUA e Irã No seu blog para a Folha de S. Paulo, diante do assassinato do líder das Forças Armadas do Irã pelo imperialismo norteamericano, Leonardo Sakamoto se esforça por igualar os Estados Unidos e o Irã. O pretexto para uma política tão absurda é uma suposta defesa do “povo iraquiano”: “Dá para ter lado no conflito EUA e Irã? Sim, o do povo oprimido por ambos”.
A crise do petróleo em 1974 deu início a um período com uma série de revoluções nos chamados países atrasados que se encontravam sendo explorados pelo imperialismo. A burguesia mundial não teve condições para evitar essa situação em uma série de países em todo o mundo.
Direita usa argumentos identitários para defender EUA contra Irã
Já saiu a nova edição do Jornal Causa Operária
No dia 7 de janeiro, o portal UOL, pertencente aos golpistas do grupo que administra a Folha de S. Paulo, publicou um artigo de Diogo Schelp intitulado Por que a esquerda defende o Irã, que enforca gays e oprime mulheres?. No texto, o autor procura demonstrar que a esquerda não deveria defender o governo iraniano, pois esse desrespeitaria determinadas pautas identitárias. Trata-se, portanto, conforme discutiremos aqui, de uma posição de apoio à investida imperialista contra o Oriente Médio.
É essa a manchete da edição nº 1.090 do Jornal Causa Operária (JCO), a primeira edição do ano de 2020 do mais antigo jornal da esquerda brasileira!
Irã: imperialismo e os países atrasados
A Pérsia foi um dos berços da Humanidade e das civilizações. Rota de passagem para riquezas que circulavam entre Extremo Oriente, mares Caspio, Mediterrâneo, Negro e o Golfo Pérsico, a região se consolidou como um dos locais mais ricos e prósperos do Mundo Antigo.
Abaixo o governo de fome e miséria!
Após perder controle do Congresso, Guaidó convoca protestos golpistas
2 | OPINIÃO EDITORIAL
O Irã tem todo o direito de se defender dos ataques imperialistas A crise do petróleo em 1974 deu início a um período com uma série de revoluções nos chamados países atrasados que se encontravam sendo explorados pelo imperialismo. A burguesia mundial não teve condições para evitar essa situação em uma série de países em todo o mundo. Um deles foi o Irã onde a população do país em 1979 derrubou ditadura do Xá Mohammad Reza Pahlavi, um serviçal dos interesses dos EUA, através de uma revolução. A Revolução iraniana se contrapôs aos interesses do imperialismo, principalmente dos EUA, e iniciou-se uma série de ataques contra a soberania do país, a economia e ataques vindo de todos os lados.
Após a revolução, os EUA iniciaram um bloqueio econômico que contou com a participação de dezenas de governos e empresas multinacionais e no ano de 1995, os EUA e os países imperialistas ampliaram o bloqueio e incluiu empresas e países que negociavam com o regime iraniano. Essa foi uma forma de estagnar economicamente o país e desestabilizar o regime. Depois os EUA estimularam a guerra entre o Irã e o Iraque que durou 8 anos e resultou em pelo menos 1 milhão de soldados foram mortos, e meio milhão de civis morreram ou ficaram mutilados. E assim foram até os dias atuais, com provocações e ataques militares diretos ao país e
seus grupos que atuam em países do Oriente Médio, e constantes ameaças de guerra. Mesmo assim o país se desenvolveu e se tornou um dos principais do Oriente Médio e conta com grande força militar e apoio da população, não só do Irã mas de outros países, como Síria e Líbano. Apesar de todos esses ataques e provocações, o Irã não respondeu ou o fez de maneira moderada, e neste momento reagiu a altura aos ataques do imperialismo norte-americano, bombardeando posições militares no Iraque. A resposta do Irã é um direito em virtude dessa situação e do assassinato de uma das figuras mais importan-
tes do Irã e do Oriente Médio e que apoiava diversos países em contraposição a rapina dos recursos naturais da região, como o Petróleo. O bombardeio a posições militares dos EUA dentro do Iraque é um direito do governo iraniano porque não faz mais que a obrigação em defender seu território e seu povo diante das ameaças dos EUA e seus capachos, como Israel e Arábia Saudita. É preciso defender o Irã e seu direito de se defender dos ataques e agressões do imperialismo, não só dos EUA, mas de outras nações que só querem explorar o petróleo no país e deixar o povo iraniano passando fome.
COLUNA
Retrospectiva Paraná 2019, um ano de Ratinho Jr. e Bolsonaro Por Emmanuel Lobo
Dois mil e dezenove completou um ano de Ratinho e Bolsonaro. O que nos impõe um balanço de como foi a luta política no Paraná e os efeitos da política dos golpistas a nível federal e estadual no Paraná. Dois aspectos que destacarei neste primeiro balanço são a greve dos professores e a privatização da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). No fim do ano o governo bolsonarista de Ratinho Jr (PSD) promoveu uma nova ofensiva, enviando a PEC de reforma da previdência aos deputados, que desencadeou no inevitável acirramento da luta contra os servidores públicos (liderados por professores e funcionários). Com os ânimos elevados rapidamente na base dos trabalhadores, a direção da APP Sindicaro, que encerrou a greve de julho em seu momento de pico (sob o risco de enfrentar uma greve selvagem, que passasse por cima de seu controle), imediatamente chamou uma assembleia para o dia 23/11, onde os trabalhadores aprovaram por unanimidade a greve (mostrando sua disposição para a luta). No entanto, ao invés de entrar em estado imediato de mobilização, a direção chamou a greve para iniciar apenas no dia 2/12 e um ato estadual em Curitiba para o dia 3/12, quando seria votada da reforma da Paraná Previdência. Não mobilizou a categoria para se enfrentar com o governo, dar o sangue pela pauta e barrar a ofensiva da direita. Ao marcar o ato para o dia da votação e não organizar caravanas sequer de todos os 29 núcleos sindicais espalhados pelo estado, a direção dava ao ato um caráter de mobilização de baixa intensidade apenas para pressão parlamentar. O caráter de mobilização pela base, desta forma, consequentemente, foi
sistematicamente combatido. Com essa postura a direção chamara um ato fúnebre da previdência, como quando as direções da CUT e das outras “centrais” chamaram atos para o dia da votação da reforma da previdência na Câmara Federal dos Deputados. O circo estava armado, a direção perderia a pauta lutando contra o governo, desgastaria a base do governo e o governo para as eleições do ano que vem, enquanto a direita golpista levaria em troca a previdência de todo o funcionalismo paranaense. Contudo, os trabalhadores, a revelia da política ultra moderada de sua direção reformista, ocuparam a ALEP e impediram a votação de prosseguir, pondo para correr os deputados, que mesmo com proteção da Polícia tiveram que fugir da sessão, que foi encerrada. Esta atitude dos trabalhadores, estando ou não no roteiro de quem planejou o roubo ou o encerramento da greve, foi uma prova acabada de dois aspectos fundamentais da luta política no Paraná: 1. É possível derrotar o governo golpista de Ratinho Jr. Se a ocupação se mantivesse mesmo após a aprovação do roubo, para denunciá-lo e intensificar a greve, como a base teria respondido? O que teria ocorrido se a direção tivesse utilizado todos os recursos do maior sindicato do estado para intensificar a ocupação? Como isso impactaria nas bases das outras categorias do funcionalismo e na população? Mais, porque a direção não mobilizou amplamente as bases em torno da ocupação? Porque não publicou boletins, imagens em redes sociais, chamados de vídeo, texto, fez caravanas de todos os núcleos sindicais no Paraná? A con-
tinuidade da ocupação e da greve, sinalizaria uma disposição ferrenha de luta pelos direitos dos trabalhadores e revelaria todas as debilidades do governo bolsonarista do Paraná. Seria um problema muito grande para o governo desocupar violentamente a “casa do povo”. Ainda mais se a ocupação ganhasse fòlego dentro e fora da categoria. 2. Ao não lutar pela vitória, mas apenas pelo desgaste eleitoral, a direção organiza as derrotas A direção sequer esperou a votação na Ópera de Arame terminar para encerrar a greve e orientar a desocupação da sede do legislativo. Isto porque essa mesma direção, em julho, num momento de acirramento da mobilização e recuo parcial do governo Ratinho, ao invés de impulsionar a decisão dos comandos de greve, que decidiram manter a paralisação, colocou-se contra a continuidade do movimento. Mais que isso, naquele momento, confundindo o movimento grevista, a direção chamou a categoria a lutar pela substituição do Secretário da Educação de Ratinho Jr, Renato Feder, sob a palavra de ordem de “Fora Feder”, dizendo que o problema não era o governo de conjunto, mas sim a relação da SEED (Secretaria de Educação) com a categoria, como se o secretário comandasse uma pasta de si mesmo e não fizesse parte da política do governo como um todo. Isso ocorre porque a direção não acredita na mobilização da sua base e quer educá-la de que é possível obter conquistas sociais ou manutenção dos direitos já conquistados sem luta! Foi assim que a direção desarmou a maior categoria organizada do estado do Paraná e a fez aceitar sua derrota passivamente, ainda sob o
argumento de que “agora a luta é na Justiça”. Essa prática política evidencia as ilusões eleitorais, institucionais e os “acordos de cavalheiros” que a direção reformista mantém com o regime (como se vê nos recuos sistemáticos em momentos de acirramento e na política de reformar o governo Ratinho Jr.). É um dado objetivo de que as derrotas sucessivas da categoria no governo de Ratinho Jr. não são uma fatalidade, mas sim o resultado da política da direção de organizar derrotas. Tudo para tentar convertê-las em ganhos eleitorais. Assim, o quadro da luta de classe no Estado, cada qual agindo na defesa de seus interesses, polariza-se entre o governo e os trabalhadores (neste caso aqui representados pelos trabalhadores em Educação), onde a direção reformista aparece como um entrave ao desenvolvimento da luta. Porém não um entrave qualquer, mas sim um que atua na prática contra os próprios trabalhadores. Por isso, os trabalhadores do Paraná precisam extrair dessa derrota a experiência de que a política de luta apenas por pressão parlamentar e demagogia eleitoral não vai garantir nossos direitos. Não há vitória sem luta, são conclusões que a própria história recente e os acontecimentos na América latina tem mostrado, só a mobilização popular radicalizada pode fazer avançar a luta dos oprimidos. É nestes termos que temos de fazer a discussão com os companheiros professores e funcionários de todo o estado. Se a direção quer a política do “fica Ratinho, eleições 2020 e 2022”, mesmo que isso custe todos os nossos direitos e a nossa aposentadoria, está na hora da base superar a política de sua direção.
INTERNACIONAL | 3
PRONUNCIAMENTO
Irã revida e Trump recua Depois de ataques do Irã a bases norte-americanas, Trump recuou e não haverá uma nova agressão militar dos EUA, apesar das ameaças anteriores Na madrugada do dia 8 (no horário do Iraque) os militares iranianos revidaram o ataque norte-americano que assassinou o general Qasem Soleimani no dia 3. Foram disparados 22 mísseis, 17 deles atingiram a base de Ain Al-Asad, na província de Al-Anbar, e dois atingiram uma base em Erbil, capital da região curda dentro do Iraque. Os demais não explodiram. Segundo uma TV iraniana, 80 pessoas teriam sido mortas no ataque. O governo norte-americano negou, e afirmou que não haveria baixas. Essa foi a aguardada retaliação do Irã, que estava obrigado a dar alguma resposta diante de um ataque vil como o perpetrado pelo imperialismo. Depois que o ataque ocorreu, criou-se expectativa em torno do que o governo dos EUA faria a seguir. As possibilidades incluíam o desencadeamento de uma guerra em larga escala. A resposta veio no começo da tarde da quarta-feira (6), com um pronunciamento oficial de Trump feito da Casa Branca.
Pronunciamento Durante o pronunciamento, Trump recuou de suas ameaças militares feitas anteriormente, adotando uma posição de suspender o conflito. Trump declarou que os militares norte-americanos “estão preparados para tudo”, mas nenhuma medida militar será tomada agora. Trump reafirmou no pronunciamento que os EUA não teriam tido baixas, nenhum militar dos EUA teria sido morto, o que justificaria não continuar com uma nova agressão. O presidente dos EUA procurou apresentar sua posição como uma vitória, ponderando que os EUA já não seria mais tão dependente do petróleo do Oriente Médio.
acordo nuclear com os iranianos. Levando adiante sua política de procurar asfixiar o Irã economicamente, uma política criminosa que não atinge apenas o governo, mas penaliza milhões de pessoas atacando suas condições de vida naquilo que é mais básico.
Sanções
A vingança ainda não aconteceu
O presidente dos EUA também afirmou que ampliará as sanções econômicas contra o Irã. E fez um apelo aos países europeus para que deixem o
Do lado iraniano, as declarações diante do ataque às bases norte-americanas feitas antes do pronunciamento de Trump demonstraram a disposição
para continuar contestando a presença dos EUA no Oriente Médio. O próprio líder do regime político do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, declarou: “Por enquanto, os americanos receberam um tapa, a vingança é uma questão diferente. A presença corrupta dos EUA no Oriente Médio tem que acabar.” Apesar do recuo de Trump no campo militar, e do aumento do cerco econômico, a tensão deve continuar na região, expressando a crise do domínio imperialismo no Oriente Médio que remonta justamente à revolução iraniana de 1979.
IRÃ VERSUS EUA
Irã: imperialismo e os países atrasados O revolucionário deve sempre se alinhar às forças que estão combatendo a parte opressora, mais forte, ou seja, o imperialismo. A Pérsia foi um dos berços da Humanidade e das civilizações. Rota de passagem para riquezas que circulavam entre Extremo Oriente, mares Caspio, Mediterrâneo, Negro e o Golfo Pérsico, a região se consolidou como um dos locais mais ricos e prósperos do Mundo Antigo. Com a modernidade, o capitalismo, a supremacia europeia e o colonialismo, a região passou a ser disputada e dominada por ingleses, franceses entre outros. Os impérios ali existentes foram repartidos entre diversos países imperialistas, e a exploração colonial se manteve, deixando um rastro de atraso e subdesenvolvimento nos povos que ali viviam. Após a II Guerra Mundial, uma onda de lutas por libertação nacional tomou força em todo o mundo. O Irã, empobrecido pela exploração imperialista, mas ainda sendo uma das regiões mais desenvolvidas do Oriente Médio, privilegiado por uma enorme jazida de petróleo, minerais e proximidade da China, Índia e URSS, conseguiu expulsar a burguesia estrangeira, durante a Revolução de 1979. Apesar de tudo, o país ainda é bastante atrasado, e sofre com embargos sucessivos contra seus produtos, por parte dos EUA e União Europeia. Desde a década de 1980 o Irã é colocado como parte de um “eixo do mal”, classificado como país de terroristas, etc. E com o acirramento da crise capitalista mundial, o país se torna uma verda-
deira ameaça aos interesses imperialistas. Sua política autônoma estimula movimentos de libertação em outros países da região, gerando riscos para a dominação dos grandes capitalistas mundiais sobre o recurso energético mais importante da atualidade: o petróleo. O Irã não é um país socialista ou comunista, ou seja, controlado pela classe operária. É um país capitalista,
controlado por uma burguesia nacional e um clero religioso, até certo ponto bastante conservador. Apesar de tudo, o regime é relativamente aceito pela população, por sua resistência ao avanço imperialista, e por conseguir dar um poder de compra e distribuição de renda melhores do que a média do Mundo Árabe. Mas estes fatores não devem confundir a classe operária e a esquerda na de-
fesa deste país, diante dos ataques imperialistas. O grande núcleo de exploração mundial são as elites capitalistas norte-americanas e europeias. Mesmo que o Irã fosse uma ditadura, ou controlado por um clero e uma monarquia ultrarreacionários, ela ainda seria a nação mais fraca, que está sendo invadida, numa tentativa de ser subordinada ao capitalismo central. Uma vitória imperialista só tornaria o país ainda mais desorganizado, portanto, sujeito a maior exploração, pois não interessa, ao capitalismo, “levar democracia”, mas extrair lucros, geralmente se aliando às elites mais reacionárias de cada país, como é o caso de Israel e Arábia Saudita. No conflito que se acirra entre EUA e Irã, uma vitória deste último aumenta a desorganização do primeiro, dificultando sua política de dominação internacional e estimulando movimentos populares de libertação. Uma vitória dos EUA, pelo contrário, fortaleceria a extrema-direita e as elites ligadas a este país. Significaria mais um avanço do imperialismo sobre os países explorados. Facilitaria a repressão aos movimentos de resistência, inclusive suas conexões na África e América Latina. Não deve haver dúvidas: o revolucionário deve se alinhar à parte mais fraca e oprimida, que está em luta contra a parte opressora e mais forte. Toda força ao Irã no combate à dominação imperialista internacional!
4 | INTERNACIONAL
FERRAMENTA DO IMPERIALISMO
Twitter censura contas da Venezuela, do Irã e da Síria Imperialismo utiliza ferramentas da internet como forma de censurar amplamente todos os seus inimigos A propaganda imperialista utilizada de praxe há ao menos um século sempre foi de justificar todas as atrocidades por eles cometidas em nome da “defesa da liberdade”. Muito se viu com o passar do tempo que a defesa desta liberdade nada mais é que a defesa da liberdade de oprimir os povos, saqueando-os e garantindo a sustentação de um regime podre e decadente. Com o desenvolvimento da imprensa, sobretudo com o surgimento da internet, muita das campanhas imperialistas foram aos poucos sendo colocadas em xeque pelo aparecimento em maior grau das chamadas “imprensas independentes”, responsáveis por defender em geral os interesses da população mais pobre, dos países oprimidos, contrapondo-se a imprensa imperialista e toda sua propaganda mentirosa e caluniadora. Sendo assim, como medida de contenção de noticias a censura foi adotada novamente como política primária na hora de lidar com todos os meios de comunicação. Atualmente, vemos no caso das imprensas sírias, venezuelanas e iranianas por exemplo, um reflexo destes ataques. Nos últimos anos, jornais como a Hispan TV do Irã já foram censurados mais de 3 vezes em plataformas como o Youtube, esta pertencente ao Google, uma gigante monopolista do imperialismo que controla todas as informações. E agora, a mesma censura,
que passou com força pelo Facebook e Youtube, chega em definitivo no Twitter, uma das maiores redes sociais responsáveis por rápida propagação de informações, onde contas governamentais da Venezuela, Síria e Irã foram banidas, assim como novamente a Hispan TV, em nome da defesa de “politicas legais da plataforma” que dizem presar em nome da defesa contra os chamados “discurso de ódio”. A censura sempre vem em nome do “bem”, e o genocida imperialismo impede em escala global que seus inimigos, ou seja, os trabalhadores de todo mundo, tenha chance de se expressar. Esta campanha tem como base so-
bretudo a alteração de políticas norte-americanas em relação a internet, ocorrida em 2014, quando este meio de comunicação deixou de ser algo “gratuito e livre” para tornar-se passível de controle. Assim, empresas imperialistas como a Google, ferramentas responsáveis por controlar mais de 2/3 das informações que passam pela internet, tem o poder de boicotar todos os sites que não os agradarem politicamente, desde reduzindo seu alcance a até mesmo derruba-los. Twitter, Youtube, Facebook, etc, são responsáveis por aglomerar a ampla maioria das informações divulgadas na internet, e seu controle monopo-
lista imperialista é responsável por impedir que a internet, que supostamente daria voz a todos, cumpra seu papel social. Isto demonstra o total entrave que os capitalistas geram no próprio desenvolvimento da tecnologia, com o controle de informações de maneira global. Como também, é uma forte demonstração da hipocrisia destes países, que falando em nome da liberdade derrubaram nos últimos anos uma série de canais no Youtube ligados a Coreia do Norte e as grandes imprensas russas, RT e Sputnik, das quais tiveram suas contas restringidas, assim como agora censuram a Venezuela e o Irã. O imperialismo é o maior agente criminoso do mundo, seus ataques contra a liberdade de expressão e o massacre das populações pobres culminam no que hoje são as revoltas populares que tomam conta de todo o globo. A opressão escalada cada vez mais de nível, porém paralelamente a explosão social toma o mesmo rumo. Como garantia de que casos como a derrubada da internet na greve indiana, as censuras aos órgãos independentes, sejam superados, a esquerda precisa organizar-se em torno de uma forte imprensa popular, com jornais digitais mas também impressos, que possam combater a imprensa burguesa e tornarem-se independentes de suas plataformas.
GOLPISTA DEFENESTRADO
Após perder controle do Congresso, Guaidó convoca protestos golpistas Auto-proclamado presidente da Venezuela não aceita derrota. Dá chilique em frente à Assembléia Nacional. Desesperado, tenta auto-proclamar-se presidente da assembléia. Guaidó, auto-proclamado presidente da Venezuela, não aceita derrota. Dá chilique em frente à Assembléia Nacional, informa Madelein Garcial, do canal teleSUR, 07/01/2020. O líder golpista da direita venezuelana, Juan Guaidó, não aceitou a sua derrota na tentativa de controlar a Assembléia Nacional da Venezuela. Depois de perder o cargo de presidente do Legislativo no domingo 5/1, nesta terça-feira 7/1, tentou nova investida para invadir o edifício da Assembleia. Quatro deputados partidários de Guaidó adentraram na assembléia e, ao invés de se dirigirem aos seus assentos, dirigiram-se à cabine de imprensa, Willian Barrientos, com suposta lista em mãos, dá entrevista, sugerindo que eleição de Luis Parra não valia, já que na sessão do pleito de domingo não teria havido quórum. Deputados voltam em seguida ao jardim da Assembleia Nacional, em altos brados gritam para a mídia que não teria havia quórum. Justificam não ter entrado no plenário alegando, inicialmente, que a porta estaria fechada. A seguir, a versão já era outra. Os
seus assentos estariam ocupados por supostos “milicianos”. Chegava Juan Guaidó acompanhado de deputados. Histérica deputada eleitora de Guaidó, continuava seu show. Gesticulava e, aos berros, “eles não deixam os deputados passar”. Com a maior paciência, de forma respeitosa, guarda nacional, explicava que, “um a um”, todos os deputados que acompanhavam Guaidó teriam o acesso garantido, tão logo se identificassem. A ordem do antigo presidente da assembléia nacional, para a entrada da secretária da Câmara, de era presidente, não foi permitida. Daí, os chiliques e a histeria de Guaidó.
De auto proclamado presidente da república, golpista Guaidó, se autoproclama presidente da assembléia nacional venezuelana Em última e desesperada tentativa, Guaidó dirige-se até a redação do jornal golpista El Nacional, e lá, simula eleição, em que cerca de 30 deputados, exilados, reconduziram Guaidó
a presidência da assembléia nacional, votando por skype. Constituição da Venezuela prevê que, em caso de vacância do presidente da república, assume em seu lugar, o presidente da assembléia nacional. O que Guaidó, nem isso, agora é. Jornal golpista folha de S.Paulo cinicamente especula, qual das sessões de eleição do presidente da assembléia nacional vale.
Chororô é livre Guaidó acusa Maduro de ter comprado deputados da oposição. O preço variava de US$ 30 mil dólares para convencer alguns, e ter ofertado até US$ a 500 mil dólares a outros. Golpista, auto-proclamado presidente da Venezuela por vontade de Trump, deve se decidir. Afinal, Luis Parra foi eleito presidente da assembléia nacional, por Maduro ter comprado deputados para derrotar Guaidó, ou Guaidó foi eleito, mas sem o quórum mínimo? Mesmo que os 30 deputados exilados, presentes estivessem, e todos os
demais votos fossem para Guaidó, assim mesmo não se reelegeria. Luis Parra, o novo presidente do parlamento bolivariano da Venezuela, elegeu-se com 85 votos. Ou seja, com 50% dos votos, mais um, do total dos 168 deputados da assembléia nacional venezuelana. A direita nunca reconhece eleição quando perde. Assim foi com vitória de Dilma em 2014 no Brasil; assim foi com Evo Morales na Bolívia em 2019. Assim é agora na Venezuela. Guaidó somente faz isso porque é apoiado pelo imperialismo.
INTERNACIONAL | 5
DITADURA PARAMILITAR
Mais uma líder social é assassinada pela direita na Colômbia O assassinato da dirigente social, Gloria Ocampo, aumenta para mais de 600 ativistas assassinados desde o acordo de paz em 2016. Mais um assassinato de militante social na Colômbia. Desta vez a vítima foi , Gloria Ocampo, 37 anos,defensora dos direitos humanos e secretária do Conselho de Ação Comunitária da aldeia de La Estrella, no departamento de Putumayo, localizado em região amazônica à sudoeste do pais.A execução foi em sua casa , juntamente com um vizinho de 69 anos. Dois homens chegaram à noite, confirmaram a identidade da vítima e dispararam à queima roupa, caracterizando assim a execução. Com esta assassinato sobe para mais de 600 o número de líderes executados na Colômbia desde que foi firmado o acordo de paz com as FARC em 2016. A dirigente participou do acordo o qual tem se mostrado como um grande erro pois o número de mortos não para de aumentar. Os assassinatos ocorrem principalmente nos departamentos de Cauca, Antioquia e Narinõ. Em 2019 250 líderes foram mortos e somente em dezembro 23 execuções ocorreram. O assas-
sinato de Glória Ocampo inaugura o derramamento de sangue opositor na Colômbia em 2020. As organizações sociais estimam que no momento estejam em torno de 600 dirigentes com as vidas ameaçadas pelas milícias. Muitas províncias são controladas por milícias paramilitares mantidas pelo governo ditatorial disfarçado de democracia. Os paramilitares atuam com total apoio encoberto do governo colombiano. Iván Duque, que é de extrema-direita e da ala do ex-presidente Álvaro Uribe, que tinha grandes ligações com os paramilitares. A anunciada democracia na verdade não passa de uma ditadura controlada pelos interesses dos EUA , tornando a Colômbia ponto importante para o controle de todo o continente, em especial a vizinha Venezuela. A tática de assassinar líderes sociais nas comunidades é a mesma usada pelo governo fascista de Bolsonaro. Se não financia diretamente as milícias
assassinas, às estimula com declarações e com a indulgência da polícia, que a princípio deveria no mínimo investigar e posteriormente punir os responsáveis. O objetivo de Ivan Duque e dos demais governos de direita é um só: eliminar as direções , quebrando a
espinha dorsal das organizações populares que possam vir a enfrentar os ataques que os governos de direita tem orquestrado sobre a população da América latina. Que não fiquem dúvidas que a ditadura tomou conta do continente.
ERC AJUDA PSOE A GANHAR
PSOE e Podemos chegam a acordo para formar governo na Espanha Com a abstenção do ERC, foi selado um acordo que levou a coligação PSOE/Podemos aos governo da Espanha. Pedro Sanchez será investido no dia 7 de janeiro para formar um governo de coalizão com o Unidos Podemos (UP), partido liderado por Pablo Iglesias .Sanchez, é líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), e sua vitória marcou uma disputa no Congresso nesta terça-feira, que terminou com 167 votos a favor, 165 contra e 18 abstenções. As votações para a tentativa de investidura tiveram início no sábado, e, como Pedro Sánchez não conseguiu os 176 votos necessários para obter a maioria absoluta, uma nova votação foi marcada para esta terça (7) quando se esperava conseguir o necessário: a maioria simples, que de fato ocorreu com o definitivo auxílio da abstenção da ERC. Sanchez conquista, dessa forma, o apoio do Congresso para ser investido como presidente do governo da Espanha, onde fará o primeiro governo de coalizão formado na história recente da Espanha após a realização de duas eleições gerais e dois debates sobre investidura. Isso só foi possível graças ao apoio do Unidos Podemos (UP), Partido Nacionalista Basco (PNV), Novas Canarias (NC), Bloco Nacionalista Galego (BNG) e Teruel Existe, e também às abstenções do Esquerra Republicana da Catalunha (ERC) e EH Bildu, que se colocaram como independentes, mas que, certamente, por um acordo fechado com o PSOE, decidiram a votação. Nesse acordo, o ERC, como noticiado, exigiu que a questão catalã seja feita
por meio de um diálogo entre o governo espanhol e o governo regional da Catalunha, chamado de Generalidade da Catalunha. Outros grupos separatistas não apoiaram o PSOE e se mantiveram na oposição. São eles o Partido Popular (PP), Vox, Cidadãos, Juntos pela Catalunha, Candidatura à Unidade Popular (CUP), União Popular de Navarro (UPN), Fórum das Astúrias, Partido Regionalista Cantábrico (RPC) ) e Coalisão das Canárias. Não se pode deixar de lado que o PSOE, nos últimos tempos, foi o protagonista na repressão catalã que, inclusive, auxiliou nas prisões de líderes da
ERC, como é o caso de Oriol Junqueras, Vice-presidente da Governação da Generalidade da Catalunha de 2016 até 2017, e titular do Departamento de Economia e Finanças do governo catalão. O acordo do ERC com o PSOE foi criticado por Quim Torra, que em maio de 2018, foi eleito 131º presidente do governo da Generalidade da Catalunha, depois que os tribunais espanhóis bloquearam outros três candidatos. Ele também disse que esse acordo não contemplou as necessidades da Catalunha, cuja pauta essencial traz como pontos principais a anistia aos presos políticos, o fim da repressão, e a mudança da constituição Espanhola,
e que, como nada disso foi considerado o apoio não teve nenhuma contrapartida relevante politicamente. Mas, segundo notícias amplamente divulgadas pela imprensa, o acordo com a ERC que pavimentou o caminho para Pedro Sánchez formar um governo de coligação com o Podemos só foi possível com um parecer jurídico que possibilitou reverter a decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, e que impediu a tomada de posse como deputado europeu do Oriol, sob o argumento de que o Estado Espanhol violou as leis quando assim decidiu. Para o Tribunal Europeu, Junqueras deveria ter assumido o cargo e não ser impedido de o fazer, tendo o seu mandato sido declarado vago pela Comissão Eleitoral Central espanhola que entregou ao Parlamento Europeu uma lista de eleitos da qual não constava o seu nome. Esse parecer veio da Advocacia do Estado, que funciona como os serviços jurídicos da Generalidade da Catalunha, e foi a condição sine qua non imposta pelos independentistas da ERC. De acordo com o acórdão preliminar do Tribunal de Justiça da União Europeia, emitido na última quinta-feira, o dirigente catalão tinha, afinal, direito a imunidade a partir da sua eleição e, para o manter preso, a Justiça espanhola deveria ter requerido o levantamento desta imunidade. Para além disto, ficou estipulado que Junqueras tem “imunidade em relação a viagens”, ou seja dever-lhe-ia ser permitida a deslocação para as reuniões do Parlamento Europeu.
6 | POLÊMICA
NEM UM NEM OUTRO?
Sakamoto, cinicamente, traça uma igualdade entre EUA e Irã Colunista da Folha acaba se aliando com Donald Trump, ao afirmar que o Irã não deve ser defendido diante da agressão imperialista No seu blog para a Folha de S. Paulo, diante do assassinato do líder das Forças Armadas do Irã pelo imperialismo norte-americano, Leonardo Sakamoto se esforça por igualar os Estados Unidos e o Irã. O pretexto para uma política tão absurda é uma suposta defesa do “povo iraquiano”: “Dá para ter lado no conflito EUA e Irã? Sim, o do povo oprimido por ambos”. A posição de Sakamoto pode enganar algum incauto, mas ao igualar o imperialismo norte-americano, esse mesmo cujo País é governado pelo representante da extrema-direita, Donald Trump, ao Irã o colunista da Folha não está nada mais do que se colocando do lado da agressão imperialista. Nesse caso, não importam as desculpas nem os pretextos, por mais morais que possam parecer. Mas o pretexto usado por Sakamoto também não é real. Se ele realmnte está preocupado com a defesa do povo iraquiano, como afirma, em primeiro lugar seria preciso denunciar o imperialismo. Quem levou o Iraque a essa situação foram os norte-americanos e o imperialismo em geral ao invadir e agredir o Iraque. E o imperialismo, com a mesma moralidade de Sakamoto, justificou essa agressão por um la-
do acusando Saddam Hussein de ser ditador e em segundo acusando o País de ter armas químicas que mostrou-se uma acusação falsa. Diga-se de passagem, Sakamoto faz coro com a acusação contra Saddam, segundo ele afirma no texto o povo do Iraque foi “oprimido pela ditadura Saddam Hussein”. O Iraque está sendo destruído pelo imperialismo. Seja lá quais forem as intenções do governo iraniano ao intervir no País, com certeza não chega aos pés do nível de ataque colocado em marcha pelo imperialismo. É um problema que deveria ser simples. O Irã intercede no País vizinho ao seu, inclusive a pedido do governo desse país – independente das considerações que possam ser feitas sobre este governo. Já os Estados Unidos invadiram um país situado em outro continente, sem nenhum motivo real a não ser promover a espoliação do povo iraquiano. A política iraniana não é nada mais do que defensiva perto da presença dos norte-americanos que não destruíram apenas o Iraque. Sakamoto ignora o óbvio e fecha os olhos para o fato de que os EUA são uma potência econômica e militar que ocupa e saqueia o mundo inteiro.
“Se quisessem ajudar Bagdá a se reerguer, criariam um fundo para a reconstrução do país e deixariam a tarefa para os próprios iraquianos, auxiliados por forças sob o comando das Nações Unidas para impedir que o ISIS se beneficie do vácuo de poder. Preferiram afogar um movimento nascente que poderia ajudar a reformar um Estado corrupto, cleptocrata e violento”, e mais uma vez Sakamoto ignora a política e a luta de classes para a cruzada moral.
Mas mesmo se abríssemos alguma concessão para as justificativas de Sakamoto, ainda é preciso dizer mais uma palavra. O assassinato de Suleimani foi uma ação covarde dos Estados Unidos e uma violação dos mínimos direitos diplomáticos tanto do Iraque como do Irã. O Irã, por sua vez, não realizou nada nem parecido com isso. Retirado o disfarce mal feito, a posição “neutra” de Sakamoto é na realidade pró-imperialista.
CINISMO
Direita usa argumentos identitários para defender EUA contra Irã Em artigo publicado pelo portal golpista UOL, o jornalista Diogo Schelp afirma que a esquerda defender o governo iraniano iria de encontro com seus princípios. No dia 7 de janeiro, o portal UOL, pertencente aos golpistas do grupo que administra a Folha de S. Paulo, publicou um artigo de Diogo Schelp intitulado Por que a esquerda defende o Irã, que enforca gays e oprime mulheres?. No texto, o autor procura demonstrar que a esquerda não deveria defender o governo iraniano, pois esse desrespeitaria determinadas pautas identitárias. Trata-se, portanto, conforme discutiremos aqui, de uma posição de apoio à investida imperialista contra o Oriente Médio. Um dos argumentos que Diogo Schelp apresenta para justificar sua tese de que o governo iraniano seria moralmente condenável é o de que sua política interna desrespeitaria tantos direitos quanto a política externa norte-americana: Seria perfeitamente possível ficar só na crítica à decisão de matar Soleimani sem precisar partir para a defesa do Irã. Por alguma razão, porém, parte da esquerda brasileira não consegue ficar dentro desse limite. Por que a esquerda brasileira — ou ao menos uma parte dela — se vê aprisionada na máxima de que “o inimigo do meu inimigo é o meu amigo”, permitindo que o ódio a Trump e ao pre-
sidente Jair Bolsonaro (que se enxerga como discípulo do americano) a deixe cega para o que o regime iraniano representa de pior em relação a algumas das principais bandeiras da própria esquerda, como os direitos LGBT e o feminismo? Para quem critica Bolsonaro por ser homofóbico e misógino, a simples ideia de passar a mão virtual na cabeça de um regime que oprime as mulheres e pune a homossexualidade com a pena de morte por enforcamento deveria provocar repulsa. Mas não provoca. As alegações do jornalista do portal UOL, no entanto, não passam de puro cinismo. A diferença entre a política externa norte-americana, que bombardeia países cuja população já é sabotada historicamente pela burguesia mundial, e a política interna iraniana, que oprime determinados setores da sociedade como parte das contradições do seu próprio regime significa muita coisa. Não se pode colocar, portanto, em uma mesma balança moral, como se as infrações morais de ambos os governos tivessem o mesmo significado para a luta política. A diferença entre a política levada pelo governo norte-americano e a
política levada pelo governo iraniano é que a primeira corresponde aos interesses do imperialismo, isto é, dos setores mais poderosos da burguesia em todo o mundo, que subjuga mais de uma centena de países sob a tutela de algumas poucas dezenas de bancos. O governo iraniano, por sua vez, representa um nacionalismo burguês – isto é, uma política desenvolvimentista que favorece os setores mais nacionalistas em suas contradições com a política neoliberal propagandeada pelo imperialismo. Levando isso em consideração, os conflitos entre os Estados Unidos e o Irã têm um sentido muito claro. De um lado, está o imperialismo, responsável por duas grandes guerras mundiais, por centenas de golpes de estado e por sangrentas ditaduras em todo o mundo, interessado em esmagar todos os governos que se oponham à sua política de terra arrasada, própria para a atual etapa de crise capitalista. De outro, está o Irã, cujos esforços de seu próprio povo para não serem teleguiados pela política nefasta dos banqueiros internacionais empurra a sua própria burguesia para uma postura de relativo enfrentamento ao poderio do imperialismo.
A análise com base na luta de classes – isto é, entre o imperialismo e o nacionalismo dos países atrasados – não fornece qualquer dúvida de que lado a esquerda brasileira deve estar: ao lado do governo iraniano e do povo iraniano, em sua luta para frear a ofensiva imperialista que, inclusive, vem atacando brutalmente o Brasil nos últimos anos. Qualquer consideração sobre determinados aspectos do governo iraniano são, nesse momento, secundários: a melhor política para que a classe operária se veja liberta do que lhe oprime é a política que a coloca em movimento, e, nesse momento, a política que pode levar a mobilização do povo iraniano a um novo patamar é justamente a mobilização contra a ofensiva norte-americana. A insistência da direita em utilizar as pautas identitárias para forçar a esquerda a mudar sua posição em relação ao Irã comprova, mais uma vez, o que este diário vem denunciando repetidamente: o identitarismo, na medida em que coloca a luta de classes como um fator secundário para a luta política, acaba por servir aos interesses do imperialismo.
ATIVIDADES DO PCO | 7
IMPRENSA REVOLUCIONÁRIA
Já saiu a nova edição do Jornal Causa Operária A edição nº 1.090 do JCO, que trata dos ataques do governo Bolsonaro ao povo brasileiro e da crise no Oriente Médio após o ataque ao general Soleimani, já está nas ruas.
"Abaixo o governo de fome e miséria!" É essa a manchete da edição nº 1.090 do Jornal Causa Operária (JCO), a primeira edição do ano de 2020 do mais antigo jornal da esquerda brasileira! O periódico, que surgiu em meio às greves operárias no final da década de 1970, traz nessa semana uma série de denúncias que explicitam o caráter golpista, entreguista e antidemocrático do governo Bolsonaro, imposto pela burguesia para travar uma guerra contra a população. Em seus editoriais, a edição nº 1.090 explica porque o ano de 2020 deve ser utilizado por toda a esquerda para intensificar a luta pelo Fora Bolsonaro e como deve se travar a luta contra o fascismo. Já nas páginas de Política, os leitores que adquirirem seu exemplar do JCO terão acesso a uma retrospectiva detalhada do primeiro ano do governo Bolsonaro. Nas páginas de Internacional, a edição nº 1.090 traz a denúncia da mais nova operação criminosa dos Estados Unidos sobre o Oriente Médio: o assassinato do general Qassem Soleimani, considerado o segundo homem mais importante do
regime político iraniano. O general foi executado no Iraque, em um ataque orquestrado diretamente pelo presidente norte-americano Donald Trump. Para ter acesso a essas e mais notí-
cias relevantes para o movimento operário mundial, adquira já seu exemplar da mais nova edição do Jornal Causa Operária! O jornal pode ser encontrado em todas as regiões do país e são
vendidos nos mutirões organizados pelo Partido da Causa Operária (PCO) e pelos comitê de luta contra o golpe, nos atos e manifestações da esquerda, nas universidades e bairros populares.
TEORIA
Inscreva-se para a 45ª Universidade de Férias Entre os dias 17 e 25 acontece a segunda parte do curso Fascismo: o que é e como combatê-lo Entre os dias 17 e 25 de janeiro será realizada a 45ª Universidade de Férias do PCO, continuando uma atividade de formação política de mais de 20 anos. O tema desta edição será Fascismo: o que é, e como combatê-lo? Parte 2. Será uma continuação do curso de janeiro do ano passado, que abordou o fenômeno histórico do fascismo nos países centrais da Europa, Itália, Alemanha, Inglaterra e França. Agora, o curso dará sequência à análise do fascismo apresentando a história dos movimentos fascistas na Áustria, Portugal, Espanha, Japão e Brasil. As aulas serão ministradas pelo companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO. A atividade reúne militantes de todo o país para um período de estudo do marxismo e da história, em um ambiente propício e familiar. Há também atividades de lazer, em um espaço agradável, em um evento repleto de atividades. O curso sobre o fascismo da Universidade de Férias é apresentado de uma perspectiva prática. De quem luta para construir um partido operário capaz de enfrentar a
extrema-direita. Uma perspectiva prática, militante, revolucionárias, como tem que ser a perspectiva de qualquer análise que se pretenda marxista. Portanto, não se trata apenas de um curso para conhecer o fascismo como se fosse um fóssil histórico, perdido no passado, mas para aprender com esses processos históricos a identificar o desenvolvimento do fascismo hoje, e saber como se preparar para combatê-lo efetivamente. Portanto, se você quer conhecer melhor o fascismo como fenômeno histórico, e também como agir diante do desenvolvimento do fascismo nos dias atuais, não deixe de participar dessa atividade de formação, voltada para os militantes do PCO e também para simpatizantes e interessados no tema em geral. Os interessados em participar podem garantir uma vaga inscrevendo-se agora via Internet. Basta acessar o site da Universidade Marxista: https://www.universidademarxista. com.br. Para entender o fascismo e preparar-se para lutar contra a extrema-direita, inscreva-se já!
17-24 Jan
São Paulo
e Formação d o s r Cu
Fascismo O que é E como CombaTê-lo Parte 2
Curso de formação Marxista com Rui Costa Pimenta
45ª Universidade de Férias
AJR
ALIANÇA DA JUVENTUDE REVOLUCIONÁRIA
ACAMPAMENTO
DE FÉRIAS
8 | POLÍTICA
LULA TEM RAZÃO
Bolsonaro é “lambe botas”. É preciso mobilizar para colocá-lo pra fora Ex-presidente ataca “subserviência” do presidente Jair Bolsonaro e manda recado: “o Brasil não precisa disso…. ser lambe-botas de ninguém”. Em entrevista transmitida na internet ontem (dia 8) pelo Diário do Centro do Mundo, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva atacou a posição do governo ilegítimo de Jair Bolsonaro de apoio ao governo de Donald Trump ante aos criminosos ataques desferidos na última quinta (dia 2), realizados com drone, durante ação em solo iraquiano, não autorizada pelo governo local, que levaram ao assassinato do general iraniano Qassem Soleiman. Segundo Lula, a situação evidencia a “subserviência” do presidente Bolsonaro aos Estados Unidos e pode criar problemas para o Brasil. “A época não é própria, não é adequada para um país como o Brasil se meter em confusão numa briga externa. O Brasil é um país que não tem contencioso. […] O papel de um país como o Brasil era não se meter nisso. O Brasil tem superávit comercial com o Irã. Pode ser
parceiro do Irã e dos Estados Unidos. O Brasil não tinha cair de joelhos nos pés do presidente Trump e logo concordar que o ataque ao general foi um ataque a um terrorista” O ex-presidente assegurou que durante seu mandato presidencial constatou que não havia terrorismo ou armas nucleares no Irã e opinou que a decisão dos Estados Unidos de criar esse conflito no Oriente Médio tem fins eleitoreiros: “O Trump sabe que não está fácil a reeleição com a quantidade de coisa que ele faz lá. Ele sabe que pode perder a eleição. Então, uma guerra sempre ajuda muito. É o que ele está provocando” Diante dessa situação, Lula “disparou” contra o presidente ilegítimo: “Ô, Bolsonaro, o Brasil não precisa disso. O Brasil não precisa ser lambe-botas de ninguém”. Lula acompanhou a posição da
LUTA PELO FORA BOLSONARO
DF: no próximo dia 23 será lançado o Comitê Popular Fora Bolsonaro Movimentos dos DF se articulam para constituir fórum de entidades, com o objetivo de unificar e coordenar a luta pelo “Fora Bolsonaro” Por iniciativa do Comitê Anti-imperialista Abreu e Lima, haverá o lançamento, no dia 23 de janeiro, em Brasília, na sede do Sindsep, do “Comitê Popular Fora Bolsonaro”, articulação de movimentos do campo e da cidade, populares, estudantil, sindical, de negros, mulheres e outros segmentos de luta do Distrito Federal, que terá por propósito unificar todos os setores que estejam dispostos a levar adiante uma luta tenaz e decidida para colocar para fora o ilegítimo e fraudulento presidente Jair Bolsonaro. A iniciativa está em sintonia com o sentimento da maioria da população pobre e explorada do País, que vem sofrendo em seu dia a dia os maiores ataques que um governo burguês direitista já desfechou contra os trabalhadores brasileiros, que por diversas ocasiões manifestaram o seu repúdio ao mandatário representante dos banqueiros e capitalistas, que realiza um governo de conteúdo nitidamente fascista, repressor e assassino. Durante todo o ano de 2019, de forma espontânea e semi-espontânea, ocorreram no Distrito Federal pelo menos uma dezena de atos de protesto e manifestações dos diversos segmentos de luta dos trabalhadores contra Bolsonaro e seu governo, sem no entanto haver uma articulação que unificasse e impulsionasse, do ponto de vista de uma
orientação política correta, a sua continuidade e o enfrentamento para a derrubada do ocupante clandestino do Palácio do Planalto. Não há como não reconhecer que cresce em todo o país um grande sentimento nacional dirigido contra o governo que vem jogando o País, os trabalhadores e as massas populares na mais absoluta condição subumana e de miséria. Para implementar seu projeto de terra arrasada, Bolsonaro faz uso em larga escala da repressão e do ataque sistemático contra a população pobre, submetendo os explorados ao terror policial que age impunemente nas grandes cidades. É nesta perspectiva de luta e enfrentamento ao governo e ao Estado policial que nasce no Distrito Federal o “Comitê Popular Fora Bolsonaro”, para se juntar e fazer impulsionar os demais movimentos da capital e de outras regiões do País, que certamente irão surgir no calor da luta contra Bolsonaro, a burguesia, a extrema direita e o imperialismo. O PCO não só participa do Comitê Anti-imperialista Abreu e Lima como apoia a iniciativa no sentido de organizar e impulsionar a luta pelo “Fora Bolsonaro” no Distrito Federal, confirmando presença no ato de lançamento do “Comitê Popular Fora Bolsonaro”, dia 23 de janeiro, em Brasília.
maioria das organizações de luta dos trabalhadores de todo o mundo e da esquerda que se posicionaram contra o ataque do imperialismo norte-americano. Como em muitos países, as organizações da esquerda e de luta dos explorados brasileiros, precisa convocar uma mobilização de rua para expressar a solidariedade ativa do povo brasileiro e das suas organizações de luta com o povo iraniano e iraquiano contra a intervenção imperialista no Oriente Médio que, da mesma forma que na América Latina, tem como único objetivo defender os interesses dos poderosos monopólios imperialistas, como da indústria bélica e do petróleo e dos bancos, que atacam e oprimem os povos dos países atrasados dessas regiões. A principal arma dos explorados de todo o mundo contra essa ofensiva é levantar uma grande mobilização de
rua contra os Estados Unidos e seus aliados imperialistas e contra os governos capachos, como é o caso de Bolsonaro e a maioria dos governos latino-americanos. A política do governo brasileiro ameaça, inclusive, interesses do povo brasileiro nas ruas relações políticas e comerciais com os povos do Oriente Médio, evidenciando uma vez mais que o governo surgido da fraude que impediu Lula de ser candidato e ser votado pela imensa maioria dos brasileiros, é um governo que precisa ser colocado para fora por meio da mobilização dos trabalhadores e da juventude. Fora o imperialismo do Oriente Médio e da América Latina! Abaixo os governos capachos do imperialismo no Brasil e em todo o Mundo. Ocupar as ruas contra a agressão imperialista e por Fora Bolsonaro!!!
É hoje! Paulistanos vão novamente às ruas contra o aumento da passagem O ano de 2020 já iniciou turbulento no cenário político brasileiro. Com uma crescente polarização que se faz presente no país, o aumento nas tarifas do transporte público que aconteceram em todo território nacional já foram responsáveis por levar nos primeiros dias do ano, em plenas férias, centenas de pessoas às ruas. E agora, com o sucesso do primeiro ato, o movimento tende a crescer, levando com que hoje os paulistanos venham a tomar as ruas novamente. Em São Paulo, onde tradicionalmente o movimento inicia, dado ao maior nível de organização, mais de 500 pessoas ocuparam as ruas da capital, dando inicio este que foi o primeiro ato de 2020, contra o aumento das passagens. Sendo assim, o ato que está programado para ocorrer hoje como forma de dar uma continuidade crescente nas manifestações, tende a ser um passo importante para que o movimento desenvolva-se ainda mais. Especificamente no estado paulista, a passagem chegou a absurdos R$ 4,40, um aumento de 20 centavos ocorridos sem aviso prévio na virada do ano. Tal política de aumento foi repetida nacionalmente pelos direitistas que controlam os estados e municípios, chegando em alguns lugares a ter aumento de quase 1 real, um total ataque aos trabalhadores e a juventude, que tornam-se impedidos de ter seu direito de ir e vir garantidos, devido ao abusivo custo das passagens. Junto ao aumento dos preços vem a redução no número de linhas em São Paulo, representando um aprofundamento na destruição de todos os serviços sociais, hoje vítimas da extrema-direita, ainda mais no caso paulistano, onde tanto o governador quando o prefeito da capital são do PSDB, sendo estes verdadeiros fascistas conhecidos por ataques bru-
tais ao povo pobre, seja nas invasões e massacres na periferia, seja na destruição de todos os direitos, em sintonia com o governo do fascista Jair Bolsonaro. Por isso, a revolta popular aparece de maneira imediata. Após um ano de governo Bolsonaro, o povo brasileiro foi intensamente esmagado pela extrema-direita, e agora, com toda crise que atinge o continente, os brasileiros voltam a tomar a frente nas mobilizações, um claro sintoma do nível de radicalização que aos poucos aumenta no país. Pois, mesmo em um momento do ano onde as direções da esquerda tenham entrado de vez em férias e abandonado as atividades políticas, o povo demonstra querer agir imediatamente contra os golpistas. A luta popular, que tem grandes possibilidades de expandir-se neste ano, exercerá um papel fundamental na continuidade ou não de Bolsonaro no poder. Após o primeiro ato, diversas cidades em todo país brecaram momentaneamente o aumento das passagens, um sinal de medo da burguesia frente a mobilização popular. Sendo assim, com a luta intensificando-se, naturalmente palavras de ordem contra os governos direitistas tomarão, assim como já o fazem em grande medida, proporções extremamente elevadas. O povo não quer mais saber da dinastia tucana em São Paulo, dos fascistas Dória e Covas, por isso, levantar o Fora Dória e Fora Covas em conjunto com o Fora Bolsonaro é uma tarefa essencial e extremamente popular que garante uma destruição da política golpista em toda sua estrutura. Hoje será mais um dia de luta pela redução das passagens, e pelo Fora Dória, Fora Bolsonaro. Uma deixa para toda a esquerda que está em paralisia passar a se mover, e fazer com que a mobilização brasileira seja a maior de todo continente.
CIDADES| 3
POLÍCIA NO CONTROLE
Milícias e PM são a mesma coisa As milícias cariocas são uma espécie de extensão sinistra da Polícia Militar A partir de análise do Ministério Público carioca, que aponta que de 2.959 tiroteios com a presença da Polícia na cidade do Rio de Janeiro, entre 5 de julho de 2016 e 30 de setembro de 2019 se revelam as orientações políticas quanto a ação das forças de repressão do Estado. Na prática há duas polícias: uma que promove incessante e violento confronto contra a população pobre, tendo como nuvem de fumaça, o tráfico de drogas para justificar as milhares de mortes provocadas pela PM e por outro lado a sua quase total leniência com as milícias. Apesar de parte considerável da cidade estar sob o controle das milícias. Em suas áreas ocorreram apenas 88 trocas de tiro com as forças de segurança em mais de três anos —2,97% do total. De acordo com dados do Mi-
nistério Público do Rio, mais de 40% do território da capital já é dominado por esses grupos. Por outro lado, 2.333 tiroteios ocorreram em áreas dominadas pelas três principais facções de traficantes do estado —o equivalente a 78,8% do total de tiroteios envolvendo agentes de segurança em mais de três anos. Assim como demonstrado no importante filme Panteras Negras, que mostra a ação do Estado apoiando a proliferação das drogas nos guetos, para melhor controle dos guetos, no caso aqui denunciado a situação aponta para um cenário em que as milícias, apontadas hoje como a principal ameaça à segurança no Rio, expandem seus domínios sobre territórios até então dominados pelo tráfico, com o consentimento da polícia, que tem entre seus agentes,
a maioria dos milicianos, passando também a controlar o comércio das drogas. É preciso dissolver a polícia, órgão repressão do Estado para esmagar a população pobre. No Rio de Janeiro, particularmente, ela tem sido usada
e estimulada de maneira sistemática pelo governador Wilson Witzel em sua política fascista de genocídio nos bairros operários, ampliada pelas milícias que se formam a partir de elementos de dentro das tropas. Fora Witzel! Dissolução da polícia, já!
APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS
Pouso Alegre: militares se preparam para uma intervenção? Em Pouso Alegre (MG), militares aumentaram suas atividades Moradores de Pouso Alegre (MG) relatam que o Exército da cidade aumentou suas atividades de treinamentos após o Golpe de 2016. Segundo eles, o que mais chama a atenção são os exercícios de tiros e treinamentos noturnos. A intensidade desses tem sido comparada à das décadas de ditadura militar. Durante a década de 80, na cidade pacata de Pouso Alegre, dois agrupamentos do exército entoaram na corneta o toque de recolher de uma ditadura militar que perdurou por décadas. A movimentação nos quartéis era intensa: tiros, marchas dentro e fora do quartel, gritos de guerra durante os exercícios físicos, olimpíadas e muitos helicópteros durante as reuniões de generais dos anos da ditadura. Com FHC na década de 90, as movimentações diminuíram drasticamente, ao mesmo tempo em que os horrores das torturas e assassinatos políticos já eram comentados em público. Pouquíssimos tiros, quase nada de gritos e, praticamente, zero nas demais atividades citadas anteriormente. No subsequente período democrático, o silêncio intencional e a falta de punições quanto aos crimes contra a humanidade e econômicos na ditadura, promoveram o esquecimento de aprendizados sociais valiosos. Em 2017, as atividades militares passaram a ser mais intensas – principalmente após as “aproximações sucessivas” do então general Hamilton Mourão. Câmeras de segurança foram instaladas, mais cercas farpadas, movimentações tensas e questionamentos vindos dos oficiais se alguém ino-
centemente fica admirando as armas de guerra estacionadas no outro lado do portão de entrada. Já em 2018, segundo os relatos, as movimentações superaram as da década de 80. Durante a formação de oficiais, tiros incessantes dia e noite como em uma guerra. Gritos alucinados em coro de madrugada como se gladiadores estivessem se preparando para entrar em cena. Com tantos espetáculos ostensivos, discretos na medida do possível, certamente o toque da corneta ouvido pelos moradores não é mero ensaio. As atividades diminuíram um pouco depois que o atual presidente assumiu. Porém, gradativamente as atividades voltaram a serem ostensivas, mas com uma particularidade: além
dos treinos de guerra, táticas com escudos para conter manifestações, prática voltadas sobretudo para a PM até então. Economistas afirmam que não há clima para golpe militar, Guedes diz para não reclamarmos se houver AI5, enquanto o General Heleno diz que “tem que estudar como fazer” o AI-5. De 2017 para cá, moradores de Pouso Alegre relatam que, devido a intensidade dos treinamentos do exército, estão a espera de alguma intervenção militar que aprofundará ainda mais a ditadura atual. Dizem que a intervenção no Rio de Janeiro foi apenas um treinamento. Alguns cidadãos mais politizados, trabalhadores e/ou aposentados, se dizem perplexos e assustados com
as ações da corporações militares e paramilitares milicianos, mas os relatos de maior espanto são devido aos comportamentos irresponsáveis da esquerda em geral. As comparações dos preparativos militares com os preparativos civis nos traz outros questionamentos: Que dia a esquerda deixará de conciliar com o regime burguês, com esse estado burguês que coordena inclusive as Forças Armadas? As Forças Armadas já estão preparando a reserva para se apresentar na ativa no caso de necessidade. Pelas “aproximações sucessivas” operacionalizadas debaixo do nariz de todos nos últimos anos, com o treinamento da intervenção militar no Rio de Janeiro, com o aumento dos efetivos militares (inclusive as PMs), com as atuações junto ao executivo, legislativo, judiciário, mídia e nas redes sociais, é forçoso admitir que os enormes avanços já obtidos pelos agentes da repressão não são táticas meramente defensivas. E a esquerda? Quando começará as atividades ostensivas? Vai deixar tudo para as eleições totalmente controladas pelos facínoras? Vai continuar ignorando o clamor do povo por “Bolsonaro vai tomar no c*” desde o Carnaval de 2019, mensagem clara de que não querem os Golpistas, tal como o “Vampirão da Tuiuti” do Carnaval de 2018? Vai continuar deixando o terreno livre para o avanço dos nazifascistas? Aparentemente, vai continuar aceitando todos os absurdos do golpe de 2016, e depositar tudo nas eleições fraudulentas de 2020. Chega de conciliar, fora Bolsonaro e todos os Golpistas.
10 | CULTURA
CENSURA
Bolsonaro veta projeto de lei de incentivo à cultura Veto tem como objetivo calar a esquerda e privar o povo de ter acesso a sua própria cultura O presidente fascista Bolsonaro vetou um projeto de lei que aumentava o prazo para utilização do Regime Especial de Tributação para Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine). O prazo havia terminado no último dia de 2019 e seria estendido até 2024. O Recine concede isenções para a instalação de cinemas em cidades menores. Junto com isso, uma vez que estava no mesmo projeto, foi vetada também a prorrogação das isenções fiscais para a Lei Audiovisual, que permite a dedução do Imposto de Renda — tanto para pessoa física quanto para a jurídica — para aqueles que financiarem projetos de produção cinematográfica e audiovisual aprovados pela
Agência Nacional do Cinema (Ancine). O argumento dado pelo governo foi de que o projeto fere a Constituição, a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Esse é claramente mais um ataque dos golpistas à cultura. Como se acabar com o Ministério da Cultura não fosse o suficiente, o boicote, sobretudo do cinema nacional, se estende de tal forma que veta até o acesso dos mais pobres a sua própria cultura, acabando com a criação não só dos cinemas, mas também dos filmes. O veto tem também um outro objetivo: calar a esquerda. O cinema, assim como as várias outras formas da cultura nacional, é um dos porta vozes da esquerda que narra a histó-
ATAQUES CONTRA A ARTE POPULAR
ria do país, dos seus ícones e da sua cultura. O filme Carlos Marighella, de Wagner Moura, é um dos exemplos da tentativa de censura da cultura nacional. Ele estreou em 15 de fevereiro de 2019, e Berlim, mas nunca chegou
a ser exibido no Brasil, assim como também não existe uma data prevista para o seu lançamento. Agora a tentativa não é “apenas” censurar, mas sim acabar de vez com toda a produção do cinema nacional e com toda as outras manifestações da cultura brasileira.
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
Bloco de abertura do Carnaval do Rio Damares quer trocar projetos de foi ameaçado de censura pela PM educação sexual por abstinência PM libera a apresentação do bloco, mas com redução no horário do show
Todo aquele que acredita na tal democracia, tão exaltada pela imprensa burguesa, deveria prestar atenção a este fato: todas as grandes manifestações populares são monitoradas, controladas e coibidas pelos órgãos de repressão do Estado dito democrático. Em português claro: a livre expressão popular não existe na democracia burguesa. E quanto maior são as massas populares nas ruas, maior é o controle e a censura. A história do Carnaval brasileiro é a história dessa repressão. E o Carnaval do Rio, por ter se transformado na maior manifestação popular do país, é rigorosamente controlado pelas instituições ligadas aos interesses da burguesia. Neste ano, a PM tentou vetar a realização do Bloco da Favorita, que faz parte da abertura oficial do carnaval. As alegações são várias e capengas: vai desde o não cumprimento
de procedimentos burocráticos (o pedido deveria ter sido feito com 70 dias de antecedência) até reclamações contra a passagem do cortejo funk por Copacabana. Embora a PM tenha finalmente liberado a apresentação do bloco, houve uma drástica redução do show, que será das 16h às 19h. As livres manifestações populares são um perigo ao governo Bolsonaro. Povo livre na rua significa gigantescos protestos contra sua política de destruição do país. Já vimos este filme nos últimos 4 anos: em qualquer agrupamento de populares ou em qualquer manifestação artística, explodiram espontaneamente palavras de ordem do tipo “fora Temer”, “fora Vampirão”, “ei, Bolsonaro, VTNC”, “fora Bolsonaro”, e “fascistas não passarão”. E o carnaval deste ano promete um nível de politização e protestos inéditos no país.
Em mais um ataque contra o direito das mulheres, a Ministra Damares quer criar programa para que jovens não façam sexo como “medida” para diminuir a gravidez na adolescência O governo Bolsonaro demonstra explicitamente ser contra qualquer tipo de informação sobre educação sexual, atacando a esquerda e pregando o obscurantismo. Já mandou através das redes sociais os pais arrancarem páginas de livros dos filhos que tratam sobre o assunto de métodos anticoncepcionais, mandou recolher caderneta de saúde do adolescente retirando o conteúdo sobre doenças sexualmente transmissíveis, além de determinar que o Ministério da Educação desenvolvesse um projeto de lei que proíba o debate sobre as questões de gênero nas escolas de ensino fundamental. Para esse ano, o ministério da “mulher” e da “família” de Damares quer adotar um programa baseado na campanha “Eu Escolhi Esperar”, idealizado por um pastor evangélico e que tem como seguidores religiosos conservadores da direita pelo Brasil afora. Além de pregar que a solução é simplesmente jovens não fazerem sexo, a pasta afirma que “estuda uma nova visão” e “outros caminhos” alternativos ao uso de preservativos e contraceptivos, já que estes não são “100% eficazes”. O objetivo de toda essa política é claro: diminuir a informação, impedir o debate e aumentar a repressão contra os jovens e adolescentes, principalmente as mulheres. De acordo com último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2018 o Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil meninas de 15 a 19 anos. Esse índice está acima da média latino-americana, que é estimada em 65,5, sendo que a média no mundo é de 46 nascimentos a cada mil. Segundo
dados do Ministério da Saúde, a região com mais filhos de mães adolescentes é o Nordeste (32%), seguido da região Sudeste (31%). A região Norte vem em terceiro lugar com (14%) nascidos vivos de mães entre 10 e 19 anos, seguido da região Sul (11%) e Centro Oeste (8%), o que demonstra que a questão da pobreza e falta de informação estão intimamente ligados com a gravidez na adolescência. Apesar dos números estarrecedores que o Brasil apresenta, essa taxa de adolescentes gravidas diminuiu 17% nos últimos 10 anos (2007-2017). Segundo o próprio Ministério da saúde a queda no número está relacionada a vários fatores como, “expansão do programa Saúde da Família, que aproxima os adolescentes dos profissionais de saúde, mais acesso a métodos contraceptivos e ao programa Saúde na Escola que oferece informação de educação em saúde”. Tudo que o governo Bolsonaro se opõe e tem destruído em seu governo. A OMS indica ainda que a mortalidade materna é uma das principais causas da morte entre adolescentes e jovens de 15 a 24 anos na região das Américas e que o risco de morte materna se duplica entre mães com menos de 15 anos em países de baixa e média renda. Ou seja, uma política que se oponha a impulsionar o acesso a métodos anticoncepcionais e à educação sexual, é mais uma política de extermínio da população, dessa vez de jovens, principalmente meninas adolescentes. A cada dia novos retrocessos são impostos contra a população, e só a luta pelo fora Bolsonaro pode por um fim a essa situação.
MOVIMENTO OPERÁRIO | 11
“REFORMA” DA PREVIDÊNCIA
Servidores da Bahia fizeram ato contra reforma da Previdência Os servidores estaduais da Bahia realizaram um ato contra a “reforma” da Previdência, na assembleia legislativa No dia 7 de janeiro, os servidores estaduais da Bahia realizaram um ato na Assembleia Legislativa, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 158) enviada à casa pelo Governo da Bahia. A PEC muda as regras da aposentadoria dos servidores públicos. A PEC 158 aumenta a idade das mulheres, passa dos atuais 60 para 62 anos. Na aposentadoria compulsória, que pode acontecer aos 70 anos, porém os vencimentos serão proporcionais ao tempo de contribuição.
No texto da proposta, para os docentes, é estabelecido um regime igual ao texto aprovado pelo presidente golpista Jair Bolsonaro. No caso da professoras, a idade mínima é de 57 anos, para os professores é de 60 anos. O governo de Rui Costa (PT-BA) está seguindo a política do governo de extrema direita. Essa política foi colocada em marcha pela ala direita do PT, que está à frente de vários estados do Nordeste, e está em completa oposi-
ção e contradição com os interesses da base do PT e da luta contra o golpe. Rui Costa está aplicando no estado da Bahia uma política que nada tem a ver com a esquerda e muito menos para derrotar a direita golpista que está destruindo o país. O acordo entre o petista e a direita para aprovar a “reforma” da Previdência somente serve para desmoralizar a esquerda e a luta contra o golpe de Estado e o governo Bolsonaro.
A esquerda e a base do PT tem que lutar contra essa politica de alinhamento com ACM Neto e Bolsonaro para atacar os trabalhadores e o patrimônio nacional, com privatizações. É preciso denunciar e reverter essa situação em que a esquerda se coloca a reboque de uma política da direita. Todo apoio aos servidores, que devem ocupar a Assembleia Legislativa é somente sair quando o governador e deputados recuarem da proposta.
AUMENTO NO PLANO DE SAÚDE
Governo prepara destruição dos planos de saúde das empresas estatais O governo golpista de Bolsonaro está decidido a passar todo o ônus do plano de saúde das estatais aos trabalhadores Os golpistas do governo, como o ministro da economia, do fascista Bolsonaro, o banqueiro pinochetista, Paulo Guedes quer impor aos trabalhadores o ônus dos custos com o convênio médico. No dia três de janeiro, o Postal Saúde, plano de saúde dos trabalhadores dos Correios, resolveu alterar a forma de custeio desse plano. A decisão visa onerar ainda mais o bolso dos ecetistas, nome dado aos trabalhadores dessa estatal. Conforme a decisão, baseada na reunião de 26 de janeiro de 2018, da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações societárias da União – (CGPAR), o custeio do plano passará a ser paritário, ou seja, 50% por parte dos trabalhado-
res e 50% por parte da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A manobra espúria do fascista Bolsonaro consiste em inverter uma situação em que, de acordo com o artigo do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, baseado na Fundação Nacional dos Bancários da Caixa, o governo quer inverter, ou seja, as estatais diminuem seus custos com o convênio médico, onde custeavam em 70% e os bancários da Caixa pagavam 30%, além de todos os demais custos, por conta da estatal. No caso da Caixa Econômica, o governo golpista elaborou um plano de propaganda para tentar convencer aos bancários em todo o país de que, essa é a única solução para tornar o
plano viável, ou seja, “para garantir a sustentabilidade do plano, a limitação da contribuição para a assistência à saúde dos empregados a 6,5% da folha de pagamento garantiria sua vida útil. Contrário inclusive ao levantamento realizado pela consultaria da própria Caixa Econômica Federal. Conforme análise de consultoria atuarial contratada pela própria Caixa, projeta que, com o limite de 6.5%, em 2023 os usuários terão que arcar com R$ 2,4 bilhões, representando 67,14% das despesas. Em 2020, quando ainda estará em vigor o modelo atual (70%/30%) pelas projeções, o valor que cabe aos titulares é de R$ 737 milhões. O formato aumenta os custos para os usuários e torna o plano finan-
ceiramente insustentável e excludente em um futuro muito breve. Assim como foi imposto aos trabalhadores a alteração do plano de saúde dos Correios e o governo vem se empenhando realizar o mesmo ataque aos bancários da Caixa Econômica Federal, as outras estatais, muito em breve vão passar pela mesma situação, portanto é de suma importância que os trabalhadores dessas estatais se unam, em uma luta comum contra esses ataques. Nenhuma interferência ao convênio médico dos trabalhadores que,deve ser custeado única e exclusivamente pelas empresas. Nenhuma restrição aos seus dependentes. São reivindicações que devem ser alcançadas na luta pelo fora Bolsonaro.
ENTREGA OS BANCOS ESTATAIS
Governo golpista Bolsonaro abre processo de privatização da Caixa Golpistas da direção da Caixa Econômica abrem processo de entrega das subsidiárias do banco para meia dúzia de banqueiros privados parasitas da economia nacional A direção da Caixa Econômica Federal divulgou no último dia 08 de janeiro 2020, através de Fato Relevante, um comunicado informando “a aprovação, por seu Conselho Diretor, da formação e contratação de Sindicato de Bancos para avaliar potencial oferta pública de ações da Caixa Seguridade”. (site Caixa seguridade 08/01/2020) A determinação do governo golpista, além de entregar parte do patrimônio do povo brasileiro na mãos de meia dúzia de banqueiros privados parasitas, abre o processo de privatização do único banco brasileiro 100% público. A Caixa seguridade é uma companhia controlada pela Caixa Econômica Federal na área de seguridade com uma ampla variedade de apólices de vida e não vida, seguro habitacional, automóveis, planos de previdência pri-
vada, títulos de capitalização e consócios; obteve, somente nos nove meses de 2019, um lucro líquido de mais de R$ 1,5 bilhão e, parte desses recursos são utilizados em políticas sociais, tais como construção de casas populares, financiamento em educação para a população de baixa renda, etc. A transação financeira envolvendo a subsidiária da Caixa é mais uma revelação do que está por trás do golpe de Estado no país, com o envolvimento direto dos grandes banqueiros, capitalistas e o imperialismo. O servilismo do governo ilegítimo Bolsonaro aos banqueiros e, em particular o norte-americano é total. Entregou, sob a liderança do banco de investimento estadunidense, Morgan Stanley, a um consócio de 10 bancos, que coordenará a oferta inicial de ações, denominada IPO (oferta pública inicial em que as ações de uma
empresa são vendidas ao público em geral numa bolsa de valores pela primeira vez, processo pelo qual uma empresa se torna empresa de capital aberto), a venda da Seguridade Caixa. Nesse consócio estão incluídos o Bradesco BBI, Itaú BBA, Banco Plural (lembrando que o atual presidente da Caixa, Pedro Guimarães é sócio do banco de investimento Brasil Plural e já foi funcionário de Paulo Guedes no BTG Pactual e hoje ministro do Ministério da Economia), Banco BTG Pactual, Banco do Brasil, Credit Suisse, Santander Brasil, Bank of America e a Caixa. A venda da subsidiária na área de seguridade da Caixa é parte da política entreguista do patrimônio do povo brasileiro em benefício de meia dúzia de banqueiros que vivem, exclusivamente, em parasitar a economia nacional, além disso, abre o caminho na
política de privatização do governo golpistas. Já por várias vezes o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, declarou a intenção do governo ilegítimo de Bolsonaro de privatizar o único banco público do país. O office boy do Paulo Guedes à frente da Caixa tenta disfarçar ao afirmar que abrir o capital não é privatização. Tal afirmativa é apenas uma cortina de fumaça que a direita golpista tenta jogar nos olhos dos trabalhadores e da população, quando todo mundo sabe que o banco está na mira dos neoliberais, capachos dos capitalistas estrangeiros, principalmente o norte-americano, e a abertura do capital Caixa Seguridade é parte da política de beneficiar meia dúzia de parasitas especuladores nas bolsas de valores de São Paulo e de Nova York, e abre caminha para a privatização da própria Caixa Federal.
12 | MORADIA E TERRA E ESPORTES
PM E CAPANGAS CONTRA OS ÍNDIOS
Indígenas denunciam PM em ataque contra aldeia em Dourados (MS) Jagunços ferem três índios, sendo um no peito e outro no rosto e ainda recebem reforço da PM para reprimir os índios A luta dos indígenas pela terra, teve no último dia 3 de janeiro, mais um episódio de ataque aos direitos e a vida dos índios ocorrido em Dourados (MS), na rodovia Perimetral. Durante manifestação pelo direito à terra os índios foram atacados pelos capangas e pistoleiros dos fazendeiros grileiros da região, com três índios sendo feridos a bala. “A gente está aqui em um movimento de luta, de espaço, isso é histórico, mas infelizmente o estado não muda isso, estamos oprimidos, sendo sufocados, morrendo”, disse Arapoty, indígena da tribo Guarani Kaiowá, explicando em seguida que “Quando eles veem a gente reivindicar nossos direitos, eles dizem que nós estamos invadindo, nós não somos invasores, somos originários daqui”, ressaltou. Já acostumados a situação os índios não arredaram o pé e se defenderam, até o momento em que a polícia veio
para se juntar aos jagunços dos fazendeiros e atacar os índios. “Estou com meu arco e flecha, em nenhum mo-
mento ameacei eles [policiais], que atiram sem motivo nenhum”, confirmou Arapoty.
A posição da PM em defender os capitalistas da terra é tão descarada que o Comandante da PM, tenente Carlos Silva afirmou que: “São vários índios que não fazem parte nem da aldeia Bororó nem da Jaguapiru. Eles mesmos dizem que são de fora da cidade de Dourados, então não deveriam estar aqui provocando esse tipo de situação”. E como aprenderam na escola fascista da PM, o discurso já está decor: “Eles acabaram colocando fogo em alguns locais, tentaram obstruir a via e quando o DOF foi chamado para fazer apoio, também foi atacado, assim como o veículo da imprensa também foi atacado”. Em todas as lutas, também nas indígenas, o apoio fascista aos massacres é norma. Os índios, como os trabalhadores nas cidades precisam organizar amplos comitês de autodefesa e de luta contra os fascistas que deram o golpe no país para impor a vontade dos capitalistas.
ATAQUE AO FUTEBOL NACIONAL
Jovens jogadores brasileiros são alvo dos capitalistas europeus Assim como em outros setores da economia, futebol brasileiro é alvo da rapinagem dos monopólios e clubes internacionais O futebol nacional, de maneira incontestável, é o melhor futebol do mundo. Único campeão do mundo cinco vezes, o Brasil é o país que revela todos os anos inúmeros jovens craques da bola. A qualidade única do futebol nacional, entretanto, é alvo dos interesses empresarias, dos grandes monopólios do ramos esportivo que, a cada ano que passa, pressionam os clubes nacionais com somas milionárias para levar os jovens craques. Nos últimos anos, por exemplo, os interesses estrangeiros, dos capitalistas internacionais sobre o futebol brasileiro, vêm impondo propostas como o do chamado “clube empresa”. Na prática, trata-se da privatização dos times brasileiros. Estes passariam, de maneira completa, para o controle dos grandes monopólios empresarias do ramo esportivo. O que transformaria os clubes em meros instrumentos especulativos nas mãos dos empresários, levando a completa exclusão dos setores mais pobres dos estádios, além do aumento da perseguição às torcidas organizadas. Aqui repete-se a mesma política de outros setores da economia nacional, como a indústria petrolífera, do ramo de energia, aviação, entre outras, nas quais o Brasil é alvo, principalmente após o golpe de estado, da política de rapinagem por parte dos capitalistas estrangeiros. A nossa matéria-prima no futebol, no caso os jogadores, mal começam a jogar pelos clubes de origem e logo
são comprados pelos times europeus. Ou seja, não se desenvolve um vínculo entre os melhores atletas e seus clubes de formação. O caso mais recente foi o que aconteceu no último sábado, dia 4. Com apenas 18 anos de idade e revelado pelo Flamengo no segundo semestre de 2018, o atacante Reinier foi comprado pelo clube espanhol Real Madrid por R$ 136 milhões. Reiner disputou apenas 15 partidas pelo Flamengo no último ano, anotando seis gols e duas assistência. Isso já foi suficiente para chamar a atenção dos espanhóis que vão levar o jogador já neste janela de transferências dos futebol europeu. Reinier irá disputar o torneio pré-olímpico com a seleção sub-23 em fevereiro, seguindo posteriormente para a Espanha. A única forma de defender o futebol nacional dos interesses dos monopólios internacionais é por meio da mobilização dos torcedores, das torcidas organizadas, jogadores, etc. É preciso colocar os clubes nacionais sob controle destes setores, ou seja, os maiores interessados na preservação dos times e de seus atletas.
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