Edição Diário Causa Operária 5343

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QUINTA-FEIRA, 19 DE JULHO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5343

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

Perseguição: direita inventa novo processo contra Dirceu

WWW.PCO.ORG.BR

História de Adoniran Barbosa é contada em acervo com sua obra

GILBERTO CARVALHO: SÓ LEVANTE POPULAR TIRA LULA DA CADEIA

Causa Operária Ediçao 1013

O ex-Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República nos governos petistas, e também ex-assessor e conselheiro de Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto de Carvalho, cedeu entrevista ao sítio Brasil de Fato e afirmou que Lula só será liberto pelo povo nas ruas.

ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO Leia na edição de hoje do DCO, a mobilização de todo o País e várias categorias para a Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe. Leia a declaração do ex-ministro Gilberto de Carvalho que afirmou que Lula só será solto com um “levante popular”. Além disso, a perseguição do Judiciário contra José Dirceu e Lindbergh Farias.

Conselho Editorial

Destruição da EBC: em defesa Vagner Freitas (Presidente da CUT) Estará na O caminho para dos monopólios, imprensa burguesa ataca TV estatal libertar Lula e Conferência Nacional Aberta derrotar o golpe de Luta Contra o Golpe COLUNA

passa pela Conferência Nacional Aberta

Caminhos do PCdoB: o que impede o partido de decidir o que fazer com Manuela D’Ávila?

Por João Silva Não é mais possível alimentar ilusões de que as instituições que apoiaram e atuaram em favor do golpe passem da noite para o dia a funcionarem democraticamente. Acreditar nessa possibilidade inexistente é uma enorme fonte de paralisia para o movimento de luta contra o golpe.

O ruim e o pior: vice da chapa de Bolsonaro será um industrial ou um general

Sentido! Manuela D’Ávila vai até general Villa Bôas apresentar seu programa Na tarde da última terça (17), a deputada estadual e pré-candidata à Presidência da República esteve no gabinete do comandante

geral do Exército, General Villas Boas que, segundo ela, “está recebendo os candidatos à presidência da República”.

EDITORIAL PT, PCO, CUT, METALÚRGICOS, BANCÁRIOS, PROFESSORES, SEM-TERRA…. TODOS NA CONFERÊNCIA NACIONAL CONTRA O GOLPE

Dentro de dois dias reune-se, em São Paulo, o maior fórum de luta contra o golpe de Estado, pela liberdade de Lula e de apoio à candidatura presidencial da maior liderança popular do País, a Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe.


2 | EDITORIAL EDITORIAL

PT, PCO, CUT, metalúrgicos, bancários, professores, sem-terra…. todos na Conferência Nacional Contra o Golpe

D

entro de dois dias reune-se, em São Paulo, o maior fórum de luta contra o golpe de Estado, pela liberdade de Lula e de apoio à candidatura presidencial da maior liderança popular do País, a Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe. O evento ocorre nos dias 21 e 22 e será realizado em dois espaços repletos de historia na luta dos trabalhadores e, mais recentemente, na luta contra o golpe de Estado. No sábado, dia 21, desde as 10h, com o ato de abertura, com dirigentes políticos e sindicais, e no dia 22, pela manhã, será realizada na Quadra dos Bancários, próximo da Praça da Sé. No domingo (22), a partir do horário do almoço, o evento transfere suas atividades para outro ponto central da luta dos trabalhadores, desde o final da década de 70, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, local em que há pouco mais de 100 dias, o ex-presidente Lula foi cercado por milhares de manifestantes contrários à sua prisão criminosa. Nesse mesmo local, será realizada a plenária final da Conferência e um ato pela liberdade de Lula. Para a Conferência já está confirmada a presença de mais de mil pessoas de todas as regiões do País. Nesta quinta, por exemplo, já estão partindo caravanas de regiões mais longínquas do Nordeste brasileiro. No dia seguinte outras caravanas parte de todo o País. A iniciativa do Partido da Causa Operária e dos Comitês de Luta Contra o Golpe e pela Anulação do

Impeachment, ganhou força entre o ativismo que luta contra o golpe conquistou o apoio de milhares de ativistas de comitês Lula Livre e de dirigentes e organizações fundamentais para a luta contar o golpe e pela liberdade de Lula como é Partido dos Trabalhadores, da Central Única dos Trabalhadores, de Comitês de Luta, criados pela Frente Brasil Popular; da Central de Movimentos Populares, de sindicatos centrais da luta dos trabalhadores como os dos Metalúrgicos do ABC, dos Bancários de São Paulo e Região, da APEOESP (dos professores estaduais paulistas), da APP (trabalhadores da Educação do Paraná), diversos dos petroleiros, dos Servidores Públicos Federais do DF, entre tantos outros. Na reta final de preparação e mobilização para a Conferência é hora de reforçar a participação do ativismo de toda a esquerda, dos comitês, das organizações de luta dos trabalhadores, da juventude e de todos os setores dos explorados, para confirmar o papel do encontro como um centro de unificação e mobilização da esquerda que luta contra o golpe e que se opõe à política de capitulação diante dos golpistas, que lutam – verdadeiramente – pela liberdade de Lula, que defendem a derrota do golpe de estado, com a anulação do impeachment, a revogação de todas as medidas do regime golpista e a luta por eleger Lula presidente como parte da derrota da fraude que a direita quer fazer nas eleições, contra a esquerda e contra todo o povo.

FRASE DO DIA

Só há uma forma de tirá-lo da cadeia: um levante popular, uma mobilização muito forte, uma radicalização do processo, seja de que forma for, que faça com que eles sintam que está ameaçada a estabilidade do país Gilberto de Carvalho

O FIM DO IMPÉRIO, POR JOTA CAMELO

COLUNA

O caminho para libertar Lula e derrotar o golpe passa pela Conferência Nacional Aberta Por João Silva

N

ão é mais possível alimentar ilusões de que as instituições que apoiaram e atuaram em favor do golpe passem da noite para o dia a funcionarem democraticamente. Acreditar nessa possibilidade inexistente é uma enorme fonte de paralisia para o movimento de luta contra o golpe. A prisão de Lula foi o resultado de uma crença de que o STF iria em algum momento liberta-lo pelos meios legais. Para lutar efetivamente contra o golpe e pela liberdade de Lula foram criados centenas de comitês em todo o país. É preciso agora criar um instrumento de unificação desses comitês, de organização desses comitês que permita tornar esses pequenos órgãos de luta que reúnem milhares

de ativistas numa ferramenta, numa alavanca para criar e impulsionar o movimento de massas no país. Esta alavanca pode e deve ser a Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe, que será realizada nos dias 21 e 22 de julho. É importantíssimo que os comitês de Norte a Sul do país mandem representantes para a conferência. E que ativistas que não fazem parte de nenhum comitê também participem para se organizarem e montarem comitês em suas cidades. É preciso desenvolver uma grande mobilização a partir da unificação deste setor combativo que é dos comitês de luta contra o golpe. Todos à Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe.


NACIONAL| 3

GILBERTO CARVALHO

Só levante popular tira Lula da cadeia O

ex-Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República nos governos petistas, e também ex-assessor e conselheiro de Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto de Carvalho, cedeu entrevista ao sítio Brasil de Fato e afirmou que Lula só será liberto pelo povo nas ruas. O paranaense foi um dos mais próximos ao ex-presidente e hoje está envolvido nas ações solidárias às mobilizações em torno da prisão do petista em Curitiba, desde o dia 7 de abril. Algumas das afirmações importantes da entrevista foram: “Eu acho que os tempos de crise são tempos de grande aprendizado, são pedagógicos. Houve um tempo em

DESTRUIÇÃO DA EBC Em defesa dos monopólios, imprensa burguesa ataca TV estatal

que, para deter o avanço dos movimentos sociais e sobretudo de políticas progressistas, de governos progressistas, foi necessário que o capitalismo usasse a farda. Foi assim em 64 e sempre casado com uma forte atuação ideológica da mídia. […] Só há uma forma de tirá-lo da cadeia: um levante popular, uma mobilização muito forte, uma radicalização do processo, seja de que forma for, que faça com que eles sintam que está ameaçada a estabilidade do país, e aí, por uma razão de força maior, libertem o Lula. Por isso que nós estamos apostando num processo de mobilização muito forte, daqui até o dia 15 de agosto.

No dia 15 nós vamos à Brasília, e estamos convidando todo o povo brasileiro para que assuma esta tarefa: eu vou registrar Lula. E nós temos que colocar dezenas de milhares de pessoas lá, ao lado das outras mobilizações, da marcha que será feita pelos

O RUIM E O PIOR

Vice da chapa de Bolsonaro será um industrial ou um general

U

m dos principais papéis da imprensa burguesa é atacar o patrimônio nacional, em especial, as empresas estatais. Depois do golpe de Estado, os jornais da burguesia, o jornalismo burguês, estão todos dedicados a atacar o patrimônio do povo. Desta vez, o jornal Estadão, faz uma “denúncia” de que estaria havendo, na Empresa Brasil de Comunicação (EBC) uma farra de atestados médicos entre os funcionários, além disso ataca os direitos dos trabalhadores, dizendo que o “acordo coletivo permite aos funcionários até mesmo faltarem cinco vezes ao trabalho para acompanhar parentes em consultas ao médico ou ao dentista”. A imprensa ataca uma estatal, com o claro objetivo de vender tudo que restou da empresa, e, com isso, conseguir, de vez, o monopólio da comunicação brasileira. Esse “ataque”, na verdade, é pura campanha contra o direito do trabalhador. Se um trabalhador, ou seu familiar, ficar doente, é um direito o atestado médico, é um direito acompanhar parentes doentes. Isso não é crime, como quer apresentar a imprensa burguesa. A estatal, na verdade, deveria ser controlada pelos trabalhadores, para que organizações do povo possam ter seus programas. Além disso, é preciso lutar contra o monopólio da imprensa, acabar com essas concessões, e liberar canais, faixas, jornais para uso do povo, sua cultura e sua luta.

movimentos da Via Campesina, do dia 10, que esperamos que seja um dia de paralisação nacional, da greve de fome que começa agora no dia 31, na linha da radicalidade que nós queremos dar para essa luta. Só assim nós vamos tirar o Lula da cadeia.”

A

s especulações em torno à escolha do vice que irá compor a chapa do candidato da extrema direita fascista Jair Bolsonaro (PSL-RJ), ganhou destaque nos órgãos da imprensa burguesa esta semana. Bolsonaro e seu raquítico partido (uma típica legenda de aluguel) movimentam-se no sentido da definição do nome que irá, junto com o ex-capitão do Exército, levar adiante – como vem sendo anunciado por sua assessoria econômica – um agressivo programa de privatizações; a entrega das riquezas e do patrimônio nacional, assim como o aprofundamento do ataque às condições de vida da população pobre e explorada do país, iniciado com o golpe de estado em 2016, do qual o candidato direitista foi um dos mais entusiasmados defensores. Reticentes num primeiro momento em apoiar a candidatura de um arrivista, os representantes do chamado “mercado” (leia-se capitalistas exploradores) já admitem abertamente o apoio ao candidato reacionário e fascista. Foi o que se viu num evento ocorrido recentemente promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com a presença dos presidenciáveis. A CNI nada mais é do que um

covil de industriais mafiosos golpistas que não só apoiaram como financiaram o impeachment fraudulento contra o governo eleito, pressionando e subornando parlamentares a votarem a favor do golpe contra a presidente Dilma Rousseff. Na ocasião, Bolsonaro foi o mais ovacionado entre os presidenciáveis que se apresentaram no evento, sendo interrompido várias vezes entre aplausos e palavras de ordem em apoio ao seu programa direitista de governo. À frente da entidade à época do impeachment, Robson Braga Andrade, em entrevista, declarou: “Não estamos preocupados com a direita. Queremos um presidente que tenha consciência da situação do Brasil e que possa colocar o Brasil no rumo do crescimento”, acrescentou. Para ele, “o Brasil precisa discutir outros assuntos e não voltar a temas que foram resolvidos (…)” (Portal 247, 17/07). Fora do “mercado”, indo em direção à caserna e aos porões da ditadura, especula-se também como um provável nome para estar ao lado de Jair Bolsonaro, o general da reserva Augusto Heleno, notório reacionário direitista, elogiador da ditadura e dos torturadores – assim como Bolsonaro – que

ostenta em seu gabinete parlamentar posters dos generais torturadores que ocuparam a presidência da república nos anos de chumbo da ditadura. O general Heleno foi o primeiro comandante das tropas brasileiras no Haiti, permanecendo por quinze meses à frente da missão, oprimindo a população pobre e explorada de um dos países mais miseráveis do planeta. O general direitista declarou estar preparado para a “missão” (de ser o vice de Bolsonaro). “Estou preparado para cumprir a missão, caso ela aconteça, mas não estou pleiteando isso, nem almejando”. Em meio à informações antecipadas pela imprensa, Heleno ainda declarou: “eu ainda não fui informado. Isso está para ser decidido, mas sem prazo. Não sei se as coisas se precipitaram” (Portal 247, 18/07). Aqui, fica difícil saber o que seria pior, pois tanto um representante do empresariado industrial quanto um nome oriundo dos quartéis e da ditadura, expressam o que há de mais retrogrado, direitista e reacionário na política e na vida social do país. Ambos representam o golpismo, o ataque à economia e à soberania nacional, as privatizações, o ataque às minorias e aos direitos democráticos da população e a perseguição à esquerda. As candidaturas direitistas somente serão derrotadas se houver uma ampla mobilização operária, popular, estudantil, dos negros, das mulheres, da juventude. As eleições são um terreno fértil para o crescimento e a vitória da direita e seus candidatos, pois são controladas pela burguesia, pela imprensa golpista e por todo o aparato jurídico-policial do Estado. Os trabalhadores e o conjunto da população pobre e explorada do país deve intervir nas eleições com seu próprio programa e métodos de luta, sem alimentar qualquer ilusão na possibilidade de ver suas reivindicações atendidas pelo regime burguês golpista e seus representantes.


4| NACIONAL

FORTALECER A LUTA CONTRA O GOLPE

Vagner Freitas (Presidente da CUT) estará na Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe N

o próximo final de semana, dias 21 e 22 de julho, em São Paulo, realiza-se a Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe, convocada pelos comitês de Luta Contra o Golpe, o Partido da Causa Operária e outras organizações, reunirá militantes de todo país para analisar a situação nacional e internacional, a ofensiva golpista, incluindo a prisão do ex-presidente Lula e a tentativa desesperada da direita para evitar sua participação no pleito eleitoral de 2018. Essa Conferência deve ser uma das mais importantes realizações deste ano de 2018, pois trata-se de mobilização da militância, insatisfeita com os rumos que, até aqui, algumas li-

deranças de esquerda têm dado ao combate ao Golpe – em alguns casos, simplesmente não fazendo nada e desestimulando a mobilização. O sentimento crescente de que ter apostado em alguma saída institucional foi um erro e que os golpistas não vão recuar de seu plano de sucatear e vender o país atinge muitas lideranças e, por esse motivo, a participação de grandes nomes do Partido dos Trabalhadores e da Central Única dos Trabalhadores em eventos dos Comitês de Luta Contra O Golpe têm aumentado. Nesse sentido é muito importante a participação do Presidente da Central Única dos Trabalhadores na Confe-

rência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe, Vagner Freitas. Os trabalhadores são uma peça fundamental na luta contra o Golpe, tanto por serem tão duramente atingidos como por sua força quando organizados e determinados a lutar. As mostras da força da classe trabalhadora no Brasil são muitas, inclusive tendo sido fundamental para a abertura política no país, pondo fim à Ditadura militar. Que o exemplo da CUT e de Vagner Freitas seja seguido por outros, a Conferência é aberta e nela pretendemos aprovar, conjuntamente, um plano de ação. Todos à Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe.

PERSEGUIÇÃO

CAMINHOS DO PCdoB

Direita inventa novo processo contra Dirceu

O que impede o partido de decidir o que fazer com Manuela D’Ávila?

O

ex-dirigente do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu, perseguido politico pelos golpistas, e alvo de mais um ataque da direita. A Policia Federal abriu um novo processo contra Dirceu, a denuncia trata de supostos desvios feitos pela construtora Engevix ao ex-ministro. Trata se de um terceiro processo contra Dirceu, o qual já foi condenado duas vezes pela golpista Operação Lava Jato. A denuncia refere se a um pagamento de R$900 mil feito pela empresa Engevix a Entrelinha Comunicação, empresa que prestava serviços a JD Consultoria, de Dirceu, entre 2011

e 2012. O pagamento seria feito para obter influencia na direção da Petrobras. O processo e mais uma parte do capitulo de perseguição contra Dirceu. Condenado e preso sem provas pelos golpistas, somente com base nas delações e nas especulações do judiciário. E preciso denunciar e se opor a mais esse ataque contra o ex dirigente petista. A perseguição contra Dirceu, e parte da perseguição contra toda a esquerda e suas principais lideranças, como o ex-presidente Lula, que esta ha mais de 100 dias preso na masmorra da policia federal em Curitiba.

CONTRA ACM NETO

Professores municipais de Salvador em greve E

m assembleia nesta terça-feira, 17, os Trabalhadores em Educação da rede Municipal de Salvador, decidiram manter greve iniciada no dia 11 de Julho. Após a assembleia os Trabalhadores seguiram em caminhada pela avenida Sete de Setembro até a Prefeitura, na Praça Municipal de Salvador. Foi entregue ao prefeito golpista ACM Neto uma contraproposta para iniciação de nova negociação. A categoria reivindica principalmente reajuste salarial e no auxílio-alimentação, convocação para eleição de diretores de escola, além de melhoria nas precárias condições de trabalho dos profissionais de educação do município.

O coronelzinho e prefeito golpista ACM Neto, do DEM (partido da ditadura), mantém-se inflexível em relação a negociação com os profissionais de educação, afirmando, inclusive, que haverá corte de ponto para os grevistas. Esse é o tratamento que a direita golpista despende a educadores e a educação pública. São notórios inimigos do povo que alinhando-se aos governo golpista não só irão sucatear a educação pública, mas privatizá-la, no momento mais oportuno. Só a mobilização dos trabalhadores, como começa a ocorrer em Salvador, pode barrar esta investida da direita em todo o país contra a educação pública e demais setores fundamentais para o desenvolvimento do país.

A

crise do golpe que corrói o regime político do país faz vítimas à direita e à esquerda. Para além do desastre da economia que é o resultado da crise mundial e do desmantelamento consciente da economia nacional feito pelos “donos do golpe”, com vistas a inviabilizar o governo de Dilma Rousseff, um fator determinante do impasse que assola as instituições golpistas tem o nome de Luiz Inácio Lula da Silva. Os golpistas acreditavam que toda a campanha de difamação contra o PT e seus dirigentes, que teve seu ponto alto com a prisão do maior líder político da história do país em uma operação absolutamente farsesca, seria a culminação da liquidação do Partido e do próprio Lula. Doce ilusão. Mal a cortina foi aberta para o ato seguinte, o que se assistiu foi a potencialização do repúdio popular ao golpe e a tudo que ele implicou, agora canalizado para a figura do ex-presidente isolado em uma cela da Polícia Federal em Curitiba há mais de 100 dias. Diante desse quadro, os partidos politicos não se entendem. Todos, com a única exceção do PCO, que, diga-se de passagem, foi o primeiro a denunciar que havia uma operação golpista no país, estão absolutamente desorientados. No campo da esquerda, talvez que melhor personifique a confusão seja o PCdoB. O partido, aliado e apoiador histórico do PT desde 1989, tamanha era a desorientação política adicionada a uma boa dose de oportunismo, ainda em 2017, declarou a intenção de lançar candidatura própria. Quer dizer, no auge da perseguição da quadrilha do judiciário contra o PT, capitaneada pelo “Mussolini de Maringá”, o juizeco Sérgio Moro, com

o apoio massivo de toda a imprensa golpista, abandonou o navio, sob a justificativa de apresentar um “programa de desenvolvimento para o país”. Que pavorosa traição. Passados poucos meses, o que se viu foi o Partido atrelar o seu “fantástico” programa ao direitista candidato do PDT, Ciro Gomes. Moral da história: o PCdoB realmente defendia era a política do “plano B”, que consiste no fundamental em buscar um “lugarzinho ao sol” no novo regime político saído das entranhas do golpe, apoiando uma candidatura que legitimasse o novo status quo, a ser estabelecido pelos golpistas. Para sorte ou azar do PCdoB, o partido não saiu incólume ao fator Lula e se dividiu entre uma ala que defende o apoio ao PT e a candidatura de Lula e uma ala cirista. E agora, o que fazer com a Manuela D’Ávila? Manter uma candidatura que é uma nulidade política e que expressará o vazio político diante da própria divisão do partido? Voltar para casa como o “filho pródigo”? Defender a “Frente Ampla”com o PDT e possivelmente com o DEM? Esse é o dilema do PCdoB.


NACIONAL 5

POLÊMICA

Sentido! Manuela D’Ávila vai até general Villa Bôas apresentar seu programa N

a tarde da última terça (17), a deputada estadual e pré-candidata à Presidência da República esteve no gabinete do comandante geral do Exército, General Villas Boas que, segundo ela, “está recebendo os candidatos à presidência da República”. Em sua página no Facebook, Manuela acrescentou, candidamente: “Foi uma ótima conversa, na qual reafirmei a convicção do PCdoB de que as eleições debatam um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, democracia e defesa da soberania nacional.” Naturalmente, o episódio despertou polêmica. Por que o chefe das Forças Armadas está recebendo os (pré) candidatos à presidência da República, com que finalidade? Por que Manuela D’Ávila e o PCdoB – supostamente de esquerda – aceitaram o convite para um encontro a portas fechadas com um dos setores mais reacionários do país e ainda divulgaram-no como algo trivial, como se fosse um encontro entre aliados políticos? Convém primeiramente lembrar que não há golpe de Estado sem o apoio militar. Se Dilma Rousseff foi forçada a sair do poder, isso ocorreu sem resistência também porque as Forças Armadas se colocaram ao lado dos golpistas, e porque nelas não havia um setor organizado de defesa dos direitos democráticos da população. Em setembro do ano passado, o general Hamilton Mourão, do alto comando do Exército, anunciou publicamente numa palestra na maçonaria que as Forças Armadas estariam trabalhando com “aproximações sucessivas” rumo a um golpe militar no Brasil. Villas Boas, que deu entrevistas nos dias seguintes, nem desmentiu Mourão nem o puniu. Mourão – admirador assumido do torturador Carlos Brilhante Ustra – se aposentaria em fevereiro no mesmo cargo em que estava anteriormente, na Secretaria de Economia e Finanças do Exército. Na verdade, os militares vêm seguindo à risca o plano de “aproximações sucessivas” rumo ao golpe. Realizaram manobras em conjunto com os exércitos do Peru, Colômbia, Bolívia e Estados Unidos na Amazônia em novembro. Colocaram sob intervenção militar os estados do Rio Grande do Norte em dezembro e Rio de Janeiro em fevereiro. Cada vez mais, o general Sérgio Etchegoyen – ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional – tem participado da definição dos rumos da política nacional, em que Michel Temer figura como eterno coadjuvante. O general indicou, por exemplo, o chefe da Polícia Federal – Rogério Galloro – e o ministro da Defesa – Joaquim Silva e Luna. Villas Boas evidentemente participou de todas essas decisões nos

bastidores, embora mantendo a pose “moderada” que sua idade e permanência no cargo enseja. O comandante geral do Exército porém revelaria sua verdadeira face às vésperas do julgamento do habeas corpus preventivo de Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 3 de abril. A Rede Globo anunciaria em tom solene ao final do Jornal Nacional uma mensagem que o general acabara de disparar no Twitter: “Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.” Era uma clara ameaça de golpe militar endereçada aos ministros do STF caso garantissem a liberdade de Luiz Inácio Lula da Silva. O Supremo cedeu à pressão militar, negou o habeas corpus e, por decreto de Sérgio Moro – o Mazzaropi da Odebrecht – Lula seria encarcerado numa masmorra em Curitiba na noite do dia 7 de abril, onde permanece até hoje. Depois dessa ação, o general Villas Boas passou a convocar os pré-candidatos à Presidência da República a seu gabinete. Segundo o site do Ministério da Defesa, o comandante teria recebido Jair Bolsonaro (PSL), Álvaro Dias (Podemos), Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (PT), Ciro Steinbutre Gomes

(PDT). Não se tem notícia do encontro com Haddad, que teria sido escalado via Fernando Henrique Cardoso, mas o site divulga fotos de Villas Boas com Alckmin, Bolsonaro, Ciro e Marina. O general alega que a pauta das conversas seria centrada em torno a quatro aspectos: “uma definição dos rumos e do papel que nós queremos que nosso país desempenhe no contexto regional e no contexto mundial”; ressaltar o papel da defesa nacional frente à ausência de percepção de “ameaças, nem à soberania nem à integridade nacional”; afirmar a importância da segurança pública; e reivindicar orçamento para as Forças Armadas. Sabe-se porém que o nacionalismo dos militares é mera fachada. A ditadura militar foi financiada e apoiada pelo governo dos Estados Unidos e levou o país a um dos períodos de maior entreguismo de nossa economia, em que a estatização – supostamente nacionalista – era na verdade uma maneira de assegurar o monopólio imperialista em diversos setores. É claro que, além de sabatinar os candidatos, os militares têm em Bolsonaro um virtual representante das Forças Armadas na corrida presidencial. Há porém o desconforto dos generais em subordinar-se a um mero capitão do exército (sabidamente um mau soldado), e cogita-se que ninguém menos que o próprio general Mourão concorra à Vice-Presidência ou à própria Presidência na chapa do ultradireitista Levy Fidélix (PRTB).

No âmbito de seu partido, a visita de Manu ao general não poderia ter vindo em hora mais crítica. Inicialmente lançada como ponte capaz de ligar o sempre fisiologista PCdoB à candidatura de Ciro Gomes, a pré-candidata vem sendo o pivô de uma crise interna no Partido quanto ao abandono da candidatura de Lula à presidência. Acendendo uma vela para cada santo, ela ora sobe nos palanques de atos contra a prisão de Lula, ora dá as mãos ao golpista Paulinho da Força (Solidariedade) em busca de apoio na Força Sindical. De Força em Força, natural ter atendido a um convite das Forças Armadas. Seu partido, diz-se, trava boas relações com a caserna desde que Aldo Rebelo (Solidariedade), então nos quadros do PCdoB, foi ministro da defesa no governo Dilma – justamente o último, antes do impeachment. Ironicamente, o achaque das Forças Armadas pode ter entornado o caldo na fervura dos adeptos do Plano B à candidatura de Lula dentro do PCdoB. Na quarta, viriam à tona os rumores de que Manuela poderia dar um sentido a sua campanha, anunciando na quinta sua candidatura à Vice-Presidência numa eventual chapa com o PT. Assim como a base popular do PT, a base do PCdoB parece esperar de suas lideranças uma postura real de combate ao golpe de Estado em curso, que vá além do palavrório de palanque eleitoral. É necessário mobilizar a população e ir às ruas para exigir dos golpistas a liberdade para Lula e sua candidatura à Presidência da República. Sem uma mudança real na correlação de forças políticas abrem-se as portas para uma ditadura das Forças Armadas.


6 | MOVIMENTOS

CULTURA

História de Adoniran Barbosa é contada em acervo com sua obra F

igura central do samba paulista, Adoniran Barbosa entrou no mundo artístico como ator mas logo enveredou pelo campo da música fazendo uma obra com altas doses de humor e brasilidade. Sua memória após décadas de relativo abandono entra novamente em exposição . O acervo de Adoniran foi em grande parte organizado pela sua família e contém elementos que remontam

UFSC

Diretor é processado por não cesurar protesto

A

mesma delegada da Polícia Federal, Érika Marena, que estava à frente das acusações contra o Reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, tendo este cometido suicídio em razão das falsas acusações de corrupção, abriu investigação contra o atual Reitor da UFSC, Áureo Mafra de Moraes, devido a uma manifestação de alunos durante um evento em favor da UFSC cujo tema era “Universidade Já – UFSC 57 anos”. O evento destinava-se a celebrar os 57 anos da instituição, entretanto, houve protestos não organizados pela universidade, mas sim pelos usuários do estabelecimento. O acontecimento foi gravado e disponibilizado na internet como qualquer outro. Aconteceu que, durante as manifestações dos manifestantes, algumas faixas continham imagens da delegada Érika Marena. Insatisfeita, achando que a culpa pelo protesto era do atual Reitor, a

delegada iniciou investigação, tendo a delegacia encaminhado intimação para ele prestar depoimento. Enfim, o desejo da delegada era que o Reitor tivesse censurado as manifestações dentro do espaço democrático da Universidade. Pior do que isso: ela tenta colocar a culpa na atual gestão por terem cometido crimes contra a honra. Essa nova investigação, iniciada pela referida delegada, que também fez parte da criminosa operação lava jato, demonstra como os golpistas estão se sentindo a vontade para perseguirem e punirem quaisquer pessoas que eles quiserem, ainda que não tenham cometido crime algum. É preciso ter consciência de que apenas uma mobilização de massas contra os fascistas poderá reverter esse quadro geral de perseguição dos movimentos progressistas e de esquerda que se espalhou no país.

CIRCO, POR RALFO

CORREIOS Golpistas dos Correios apresentam reajuste miserável para pagar só a inflação

A

direção golpista da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) apresentou nas negociações salariais desse ano (2018) 1,58 % de reajuste salarial para os salários rebaixados dos trabalhadores dos Correios. Essa proposta não alcança nem mesmo a expurgada inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que apresentam 2,64% de inflação, apesar dos combustíveis no país já terem tido reajustes de mais de 20% nesse período. Em toda campanha salarial os patrões dos Correios sempre apresentam uma primeira proposta salarial para ser reprovada, afim de apresentar a verdadeira proposta patronal na segunda vez, que nesse caso será a miserável inflação do período que é de 2,64%.

No entanto, mesmo que os trabalhadores dos Correios recebem 3% de reajuste salarial, em quase nada acresceria nos salários da categoria que na média recebem em torno R$ 1.500,00, recebendo R$ 45,00 a mais nos seus salários. Diante da manobra patronal, é preciso que os trabalhadores se oponha a miséria patronal que está a serviço de rebaixar ao máximo o salário dos trabalhadores dos Correios, a fim de facilitar a privatização da ECT.

sua carreira desde o início em 1930. Uma imersão de grande valor para os amantes do samba e da cultura brasileira. A exposição “Trem das 11, Uma Viagem pelo Mundo de Adoniran” começa nesta terça-feira (24/07) e ocupará dois andares dom Farol Santander com partituras, novelas, fotos, discos e peças de vestuário do artista.


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