SEXTA-FEIRA, 24 DE AGOSTO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5379
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Crise do imperialismo: guerra comercial de Trump contra a China contraria interesses dos maiores especuladores
SEM LULA É FRAUDE:
Causa Operária Ediçao 1018
TEM QUE SER CANDIDATO PORQUE ELE REPRESENTA A LUTA CONTRA O GOLPE ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO EDITORIAL
A JUSTIÇA NÃO É CEGA, MAS PRESIDENTA DO STF DIZ VER A DEMOCRACIA FUNCIONANDO
COLUNA
Para a Globo, São Paulo só tem dois candidatos a governador: Doria e Skaf
Participando da abertura do “Talk show sobre os 30 anos da Constituição: o Ministério Público na Constituinte”, em Brasília, a presidenta do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, declarou que “as instituições democráticas do Brasil estão funcionando“.
Mudou: Agora a imprensa Esquerda suicida: Boulos burguesa acha que a ONU corre para o TSE pedindo não serve para nada censura a YouTuber Lava Jato Não é raro que setores da esquerda recorram a expedientes direitistas como forma de luta política, fazendo retornar pela janela aquilo que pretendem expulsar pela porta.
Por João Silva As eleições no Brasil são um jogo de cartas marcadas. Há muitos aspectos que podem ser destacados para comprovar essa tese desde o reduzido tempo de campanha eleitoral, pouco mais de 40 dias até o uso totalmente suspeito da Urna Eletrônica. Mas entre esses vários aspectos há um que é parte fundamental para a farsa política que são as eleições. A imprensa golpista.
A recente resolução do Comitê de Direitos Humanos da ONU recomendando que o governo brasileiro garanta os direitos eleitorais e Lula de participar das próximas elei-
ções como candidato, gerou uma avalanche de críticas por parte do “Partido da Imprensa Golpista” – PIG, sobre a obrigatoriedade ou não do governo acatar a decisão.
É notadamente o caso dos “crimes de linguagem”, quando se reivindica severa punição para os fofoqueiros virtuais, produtores de fakenews, que mentem ou escrevem impropriedades na internet.
se entrega: estão mesmo perseguindo Lula, até nas eleições
O golpe de Estado de 2016, embora tenha sido concretizado nas sessões da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, não teria conseguido se sustentar até agora se não fossem as ajudas do Poder Judiciário e do Ministério Público.
2 | EDITORIAL EDITORIAL
CHARGE
A Justiça não é cega, mas presidenta do STF diz ver a democracia funcionando
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articipando da abertura do “Talk show sobre os 30 anos da Constituição: o Ministério Público na Constituinte”, em Brasília, a presidenta do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, declarou que “as instituições democráticas do Brasil estão funcionando“. Cinicamente a ministra acrescentou que elas “estão funcionando com deficiências”e que “sempre haverá deficiências. Talvez as nossas, neste momento, sejam muito maiores e a sociedade brasileira esperasse que cada um de nós, especialmente nós, servidores públicos, já tivéssemos sido capazes de superar e oferecer um Brasil muito melhor”. Na “avaliação”, ou autoelogio, de Carmem Lúcia o judiciário seria um dos exemplos do bom funcionamento do suposto regime democrático brasileiro. Segundo ela, não há motivos para críticas ao judiciário, uma vez que “o sistema de Justiça brasileiro está funcionando e tem dado respostas à sociedade”: “Estamos fazendo isso. Com problemas, sim. Com a morosidade da Justiça ainda muito longe do que é a razoável duração do processo, sim. Mas estamos fazendo. Por mais que se critique o Poder Judiciário e o Ministério Público, talvez grande partes das críticas é porque estamos fazendo.” As declarações da presidenta do STF foram feitas no momento em que o judiciário, depois de ser um dos pilares da primeira etapa do golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma Rouseff e de promover a condenação e prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um processo fraudulento, sem quaisquer provas e inúmeros atos de arbitrariedade, está – agora – metido “até o pescoço” em uma nova operação de aberta violação da Constituição Federal, justamente no ano em que ela completa seu 30º aniversário: impedir que Lula, sem ter esgotado seus recursos legais junto ao próprio judiciário, tenha sua candidatura validada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Uma situação tão absurda que mereceu a condenação da Comissão de Direitos Humanos da Organizações das Nações Unidas (ONU), que o judiciário brasileiro também pretende ignorar, como parte do seu “funcionamento democrático”. Uma situação que evidencia o profundo cinismo das declarações da ministra, em meio à intensificação da crise do próprio poder judiciário dividido – principalmente – entre duas alas reacionárias: a majoritária, totalmente rendida para o imperialismo, verdadeiros donos do golpe, e outra, ligada à setores da burguesia nacional, que também apoiaram o golpe de estado, mas que vêm parte dos interesses que representam serem afetados pelo predomínio do imperialismo, mas se mostra impotente diante da situação. No começo dessa semana, o País teve a infelicidade de assistir a presidenta do País cantando “não deixe o samba morrer”, ao lado da cantora Alcione. Ainda bem que a vida ou morte do samba, não depende de suas iniciativas e de suas parceiras de empreitadas contra o povo brasileiro. Da mesma forma, o povo explorado e suas organizações não pode se colocar na espera de que o cumprimento da Constituição, a sua vigência, no que diz respeito ao respeito dos direitos democráticos de Lula e de toda a população dependam da ministra e dos seus parceiros. Por aí, não há vida, nada prospera a não ser os interesses do grande capital e das máfias que lhe servem. O judiciário e, particularmente, sua cúpula, constituem um centro de violação da Constituição, de arbítrio, de ilegalidade. Para fazer valer qualquer aspecto fundamental da vigência de um regime supostamente democrático, como é o caso do respeito à soberania popular, o respeito ao voto da maioria etc. é preciso uma ampla mobilização, revolucionária, que desenvolva as tendências expressas no combativo ato do último dia 15, em Brasília, no TSE.
COLUNA
Para a Globo, São Paulo só tem dois candidatos a governador: Doria e Skaf Por João Silva
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s eleições no Brasil são um jogo de cartas marcadas. Há muitos aspectos que podem ser destacados para comprovar essa tese desde o reduzido tempo de campanha eleitoral, pouco mais de 40 dias até o uso totalmente suspeito da Urna Eletrônica. Mas entre esses vários aspectos há um que é parte fundamental para a farsa política que são as eleições. A imprensa golpista. A imprensa tem papel fundamental para manipular as eleições por meio da falsificação sistemática de informações. Do uso das pesquisas da maneira oportuna e da cobertura completamente antidemocrática dos candidatos que concorrem a um cargo público. A vanguarda na manipulações de informações no período eleitoral não poderia deixar de ser a Rede Globo, a fábrica de mentiras. O canal de televisão que surgiu um ano depois do golpe militar de 1964 que passou a mandar no país, elegeu e derrubou presidentes. A cobertura eleitoral sempre foi extremamente irregular. Os telejornais da emissora sempre deram destaque para os ditos “principais candidatos” mais bem posicionados nas pesquisas. Em diversas eleições a cobertura sempre era constante, diária entre 4 a 5 candidatos e a maioria, os demais apareciam esporadicamente. Este ano, devido ao critério completamente antidemocrático estabelecido pela emissora, na eleição para o governo de São Paulo, o mais importante estado do País, a Globo só vai cobrir 2 dos 14 candidatos que se inscreveram ao cargo. O critério completamente seletivo e golpista baseia-se no seguinte. A co-
bertura diária, será feita apenas com os candidatos que atingirem 6% ou mais nas pesquisas do Ibope e Datafolha. Essa cobertura diária é a cobertura que conta. É a cobertura real da eleição. Sob este critério, apenas João Doria (PSDB) e Paulo Skaf (MDB) terão essa cobertura de candidato. Ambos conseguiram 25% e 20% na última pesquisa. Apareceram diariamente em três telejornais da Rede Globo, Bom Dia SP, SPTV 1ª e SPTV 2ª. Estar acima dos 6% ainda da o “direito” a estes iluminados, de uma entrevista, ao vivo, de 15 minutos em um destes telejornais. Em segundo plano vem os candidatos que ficam entre 3% e 5% na pesquisa. Na última pesquisa estavam neste patamar, Márcio França (PSB) e Luiz Marinho (PT). Estes apareceram na tela da Rede Globo, 2 vezes por semana, em dias aleatórios. E ainda poderão se expressar em uma entrevista de 50 segundos, isso mesmo, menos de um minuto, pré gravada. Já os outros 10 candidatos que ficaram abaixo dos 3% terão a honra de aparecer na Rede Globo nada mais, nada menos que 30 segundos, a cada 15 dias, aos sábados, dia de menor audiência na televisão. E a “entrevista” por direito também será pré-gravada de nada menos que 30 segundos. Estes critérios sempre foram utilizados pela Rede Globo em eleições anteriores, nesta, em particular, a situação fica ainda mais escandalosa. Em meio ao golpe, à prisão de Lula e o desespero dos golpistas para manter tudo como está, é muito conveniente que aparecera para a população apenas dois candidatos que são uma continuidade da política golpista.
NACIONAL| 3
SEM LULA É FRAUDE
Tem que ser candidato porque ele representa a luta contra o golpe B
rigar até o fim”. Essas foram as palavras do candidato petista a presidência da república nas eleições gerais de 2018, em sua Carta, no dia do registro de sua candidatura, 15 de agosto. Luis Inácio Lula da Silva, Lula, que lídera isolado a pesquisa eleitoral e, indubitavelmente, um dos personagens políticos mais conhecidos e influente em todo o mundo, tem razão: é preciso levar a luta contra o golpe, contra a fraude nas eleições até o fim. Lula encontra-se neste momento na condição de preso político do imperialismo e do regime golpista brasileiro, encarcerado na sede da Polícia Federal em Curitiba. São quase 140 dias de cárcere em cumprimento a uma sentença escandalosamente arbitrária, fraudulenta e inconstitucional, contestada em seus aspectos essenciais pelos mais conceituados juristas nacionais e também internacionais. O candidato petista aparece neste momento como o elemento central na crise do regime político burguês golpista, que busca nas eleições a legitimação do golpe de estado contra o governo eleito em 2014 e deposto de forma totalmente ilegal e fraudulenta em 2016. A última pesquisa eleitoral de três institutos divulgada
esta semana coloca o ex-presidente como o franco favorito ao pleito presidencial que se avizinha, onde figura em primeiro lugar, com percentuais de intenção de voto que chegam aos 40% do eleitorado nacional, números que o colocam como vencedor ao cargo máximo do país ainda no primeiro turno. No último dia 15, Lula teve sua candidatura registrada no Tribunal Superior Eleitoral, embora a homologação do seu direito a figurar na urna eleitoral esteja sendo contestada pelos elementos mais direitistas e pelas instituições golpistas (PGR) do regime. O imperialismo, os golpistas e a direita nacional em seu conjunto estão amedrontados com o crescimento vertiginoso, em todo o país, da candidatura da liderança operária e popular, buscando, de todas as formas, excluir Lula da eleição. No entanto, não é somente no campo oposto que Lula enfrenta uma cerrada oposição à sua candidatura. No interior do seu próprio partido, o PT, os porta-vozes do “Plano B” vociferam contra a sua candidatura. Defendem abertamente o abandono do ex-presidente, apostando em um suposto “pragmatismo” político eleitoral. Ou seja, mesmo ainda não tendo sido
MUDOU
esgotadas todas as possibilidades de defesa jurídica e do posicionamento definitivo da justiça eleitoral em relação à candidatura do ex-presidente, as vozes antilulistas do PT estão exercendo uma enorme pressão para o partido assumir imediatamente o “Plano B”, expresso hoje na candidatura do ex-prefeito paulistano Fernando Haddad e descartar a candidatura do ex-presidente. O golpe não será derrotado por eleições fraudulentas que a direita que realizar em outubro. As eleições estão se dando num quadro não só de profunda crise do regime, mas
diante de uma das mais evidentes e grotescas manipulações levadas adiante pela da burguesia e o conjunto das forças políticas reacionárias que controlam o regime político (sistema financeiro, imprensa golpista, grandes grupos econômicos, etc). A única possibilidade real e concreta de enfrentar os golpistas, suas candidaturas e seus partidos é através da mais ampla mobilização das massas populares, afirmando a candidatura daquele que representa hoje o anseio de milhões de brasileiros que desejam varrer o regime golpista de opressão e miséria.
ESQUERDA SUICIDA
Agora a imprensa burguesa acha Boulos corre para o TSE pedindo que a ONU não serve para nada censura a YouTuber A N
recente resolução do Comitê de Direitos Humanos da ONU recomendando que o governo brasileiro garanta os direitos eleitorais e Lula de participar das próximas eleições como candidato, gerou uma avalanche de críticas por parte do “Partido da Imprensa Golpista” – PIG, sobre a obrigatoriedade ou não do governo acatar a decisão. Como bem sabemos, a ONU é um instrumento do imperialismo para garantir a sua política de dominação mundial. É a partir dessa organização que os “donos do mundo” aprovam todo tipo de guerras e massacres contra os diferentes países do globo. Um dos exemplos mais patentes da política pró-imperialista da das Organizações das Nações Unidas é justamente e o da absoluta conivência com o cotidiano massacre do povo palestino pelo Estado de tipo fascista israelense. O posicionamento do Comitê de Direitos Humanos sobre a garantia dos direitos elementares da candidatura do principal líder popular do Brasil, poderia, à primeira vista, parecer como uma contradição na política
desse organismo. E de fato o é, mas não podemos esquecer que a ONU tem apoiado sistematicamente a política de golpes do imperialismo para a América Latina. A condenação da Venezuela e da Bolívia como estados ditatoriais em contraposição ao Brasil e o Equador, por exemplo, países com golpes de Estado em curso, como democracias. Mas então, por que uma resolução que favorece Lula? Porque existe uma divisão no interior do imperialismo diante do receio do aprofundamento da polarização política, colocando cada vez mais o país na rota de uma explosão popular. Pelo resultado alcançado pela resolução, fica claro que se trata de um setor marginal dentro do próprio imperialismo, como bem foi demostrado pelos golpistas brasileiros. A política da ONU pode muito bem ser considerada como “letra morta”, quando ela se coloca em oposição, por menor que seja, aos elementos que verdadeiramente mandam no Brasil, o imperialismo norte-americano e o grande capital nacional a ele atrelado.
ão é raro que setores da esquerda recorram a expedientes direitistas como forma de luta política, fazendo retornar pela janela aquilo que pretendem expulsar pela porta. É notadamente o caso dos “crimes de linguagem”, quando se reivindica severa punição para os fofoqueiros virtuais, produtores de fakenews, que mentem ou escrevem impropriedades na internet. O candidato a presidente do PSOL, Guilherme Boulos, que pretende se posicionar à esquerda de Lula e do PT, recorreu ao mesmo TSE que está perseguindo a esquerda para processar o youtuber Diego Rox. Em seu comentário sobre o debate do dia 17 na Rede TV, Diego afirmara que Boulos “é um terrorista que invade terra de gente honesta e trava BR queimando pneus”, tendo acrescentado ainda que o presidenciável do PSOL, “apoia um ditador genocida como Nicolás Maduro na Venezuela”. Diante do disparate proferido acerca de sua pessoa, Boulos resolveu contestar, e entrar na justiça eleitoral. Segundo o seu advogado, André Maimoni, a página do youtuber deve-
rá ser retirado do ar em até 48 horas, juntamente com o vídeo postado no Facebook, conforme decisão proferida nesta quarta-feira (22). Ainda que Boulos tenha sofrido uma calúnia, o simples fato de se dirigir ao TSE reivindicando justiça fortalece a autoridade de um órgão notavelmente antidemocrático. Para comprová-lo, basta examinar as leis eleitorais, que dificultam enormemente as campanhas eleitorais populares, prejudicando sobretudo os partidos menores e de esquerda. Ou seja: se reivindicações como a de Boulos podem ter algum efeito eleitoral imediato ao vitimizá-lo, elas confundem em última instância o cidadão comum, levando-o a crer que experimentamos no Brasil um efetivo estado de direito, quando isso não é verdade. Trata-se, portanto, de uma armadilha ficar incentivando a censura da parte de regime de justiça eleitoral, já que cedo ou tarde, de uma forma ou de outra, essa mesma justiça injusta se voltará contra a esquerda, com toda a legitimação e autoridade oferecidas por um dirigente suposto “libertário”.
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LAVA JATO SE ENTREGA
Estão mesmo perseguindo Lula, até nas eleições O
golpe de Estado de 2016, embora tenha sido concretizado nas sessões da Câmara dos Deputados e do Congresso Nacional, não teria conseguido se sustentar até agora se não fossem as ajudas do Poder Judiciário e do Ministério Público. Obstinadas em prender o ex-presidente Lula e “limpar o terreno” para o imperialismo destruir o Brasil, os membros da chamada “Operação Lava Jato” vêm escancarando cada vez mais os interesses políticos por trás de suas ações. Na última segunda-feira, o procurador regional da República Maurício Gotardo Gerum declarou, em resposta à recomendação da ONU para que Lula tivesse o direito de se candidatar, que “a clareza da situação fática e do texto legal não enseja dúvida que pre-
cise ser dirimida pelo Poder Judiciário”. Ou seja, o Ministério Público, em mais uma arbitrariedade, determinou que a candidatura de Lula fosse impugnada e que isso sequer fosse julgado. O Ministério Público não tem nada a ver com as eleições – para isso, existe o TRE e suas instâncias subalternas. Assim, o interesse do procurador em determinar a inelegibilidade de Lula mesmo sem ter a competência para isso demonstra claramente que a Lava Jato está sedenta pela impugnação do ex-presidente. A Lava Jato foi criada para prender o ex-presidente Lula e demais inimigos do imperialismo. Por isso, é necessário que os trabalhadores se mobilizem contra o golpe e exijam o fim da Operação Lava Jato,
24 DE AGOSTO DE 1954
Pressionado por golpistas e pelo imperialismo, Getúlio Vargas comete suicídio H
oje completam 64 anos que o presidente, nacionalista, Getúlio Vargas cometeu suicídio. Ele, que foi eleito em 03 de outubro de 1950, teve seu governo marcado por períodos de intensos conflitos com a direita e o imperialismo. As razões são diversas, mas se destacam seus feitos a classe trabalhadora, a exemplo da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o limite de 8% da remessa dos lucros ao exterior pelas empresas estrangeiras, que em nada agradava aos golpistas. Como forma de atacar o governo de Vargas, a direita lançou contra ele diversas acusações, como esquemas de corrupção envolvendo ele e seus familiares e o estopim: o atentado na Rua Tonelero. Acusaram o presidente de tentar matar o direitista Carlos Lacerda, que tinha sua segurança feita pelos militares da Aeronáutica. No evento Lacerda não foi atingido por nenhum disparo, mas os militares passaram a exigir a saída de Getúlio do governo. Na madrugada do dia 23 para o dia 24 de agosto de 1954, no Palácio do Catete, Getúlio Vargas cometeu suicídio. Próximo ao seu corpo foi encontrada uma carta, descrita abaixo, na qual ele retrata ter triunfado sobre o golpe, que foi consolidado 10 anos após sua morte. “Mais uma vez as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o tra-
balho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras,
mal começa esta a funcionar a onda de agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o povo seja independente. Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal pro-
duto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia a ponto de sermos obrigados a ceder. Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”
INTERNACIONAL| 3
CRISE DO IMPERIALISMO
Guerra comercial de Trump contra a China contraria interesses dos maiores especuladores A
crise do imperialismo se aprofunda. As duas maiores economias do mundo, a China e os Estados-Unidos, entraram em uma profunda guerra econômica, impondo uma à outra uma tarifa de bilhões de dólares em produtos de cada um. As tarifas americanas sobre bens chineses, incluindo aí automóveis, maquinaria e metais, têm um valor de 16 bilhões de dólares. A China contra-atacou e indicou que iria começar uma “guerra jurídica” na Organização Mundial do Comércio contra o aumento norte-americano. Em Julho, os EUA já tinha imposto uma tarifa sobre produtos com valor total
de 34 bilhões de dólares, incitando a China a contra-atacar. Agora, já atingiu importações chinesas com valor de 50 bilhões de dólares. Ameaçando subir para 200 e até 500 bilhões de dólares. Essa política fez com que Trump entrasse em uma profunda crise com os especuladores norte-americanos, o setor mais forte do imperialismo que financiou a campanha de HIllary Clinton e está financiando o golpe contra o presidente republicano. A crise do imperialismo se aprofunda cada vez mais junto com as contradições do sistema político.
ABORTO
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Mesmo em pesquisas da imprensa burguesa aumenta o apoio à legalização
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om o assunto em pauta nas últimas semanas, a imprensa burguesa seguiu seu afã contra a legalização do aborto no país. Em pesquisa realizada pela Datafolha, que tem como principal “parceira’ nas pesquisas a Folha de S. Paulo – uma das grandes representas da imprensa golpista- os dados obtidos com relação ao aborto no país e como a população está se colocando diante disso, foi o tema da última pesquisa realizada pelo órgão. É feita a tentativa de passar a imagem de que a população está contra a legalização do aborto e que, portanto, pedem pela criminalização das mulheres. Em determinado ponto onde os índices demonstram um número maior de brasileiros favoráveis a legalização, deixa claro que a população não é a favor do encarceramento de mulheres ou a favor de que muitas delas morram em clínicas clandestinas, fruto das leis restritivas e do desamparo estatal. É possível afirmar isso, sabendo que a legalização do aborto passa por outros campos que dizem respeito não só a saúde da mulher, assim como da população de conjunto. Uma vez que, em informações anteriores acerca dos resultados da legalização do aborto em alguns países, se mostrou propriamente pela implementação de recursos médicos antes não oferecidos e de que maneira isso contribuiu para o avanço da emancipação da mulher e
para os índices de saúde daquele país. Em todos os cenários colocados pela pesquisa fraudulenta, seria a de que mais da metade da população se coloca contra a legalização do aborto. Os dados aponta que passam de 67% para 59% aqueles que desejam manter a lei como está, ou seja, permitindo o aborto somente em casos de estupro, se a gravidez oferecer para a vida mulher e em caso de anencefalia. A afirmação com relação a isso, seria que não necessariamente essas pessoas estariam a favor da legalização aborto, mas por mais que se tente mostrar essa unanimidade contrária a descriminalização da prática, o apoio a causa é muito maior do que o apresentado, a população está inclinada a legalização. As audiências públicas que aconteceram no STF (Supremo Tribunal Federal), contaram com diversas intervenções e que foram registradas para um futuro julgamento que fora impetrado pela legalização do aborto, podendo interromper a gravidez até a 12ª semana de gravidez. Não se deve esperar que a garantia deste direito virá por meio desta via, somente o movimento de mulheres organizado e com uma verdadeira pressão popular – que já vem se construindo- será possível que as mulheres avancem na sua luta por direitos fundamentais para se libertar da opressão.
GROSSO MODO - POR MUNA