QUARTA-FEIRA, 29 DE AGOSTO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5384
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
WWW.PCO.ORG.BR
Fuga dos milionários: 2 mil ricos fugiram do Brasil em 2017
Barroso, ministro criativo, a favor da ilegal prisão em 2ª instância, diz que “não há espaço para criatividade judicial”
ADMIRÁVEL GOLPE NOVO: JULGAMENTO DE HABEAS CORPUS DE LULA NO STF SERÁ PELA INTERNET
Causa Operária Ediçao 1019
O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, liberou para votação em plenário virtual o recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Lula relativo a um novo pedido de habeas corpus, que foi negado pela mesma corte em abril deste ano.
ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO Na edição de hoje do DCO, as “lições” da primeira entrevista eleitoral no Jornal Nacional, com Ciro Gomes. O tratamento a Ciro mostra como será tratado o PT durante as eleições. Veja também a coluna sobre a participação da esquerda pequeno-burguesa nas eleições, brincando de candidato. Conselho Editorial
EDITORIAL
Caso de racismo: Brincando derrotar Bolsonaro nas de candidato ruas, não nos tribunais
COLUNA
Por Rafael Dantas Os debates eleitorais mostraram um show de horrores. Se assemelham, pela impressão que causam, à votação do impeachment na Câmara e no Senado.
Pistoleiros ameaçam família de liderança indígena Maraguá no Amazonas
O Supremo Tribunal Federal (STF) julgou, nesta terça-feira (28), a denúncia pelo crime de racismo contra o reacionário depu-
tado federal e candidato à presidente Jair Bolsonaro, um dos principais representantes da extrema-direita brasileira.
As eleições no bolso da burguesia: 97% das grandes doações de campanha foram feitas por empresários Em 2013, setores da esquerda pequeno-burguesa, em particular o PSOL, passaram a ecoar o discurso da imprensa burguesa de que o País necessitaria de uma “reforma polí-
tica”. Alguns anos depois, teve início a tão falada “reforma política”, comandada por elementos como Eduardo Cunha e às vésperas de um golpe de Estado.
Temer tira votos: Romero Jucá abandona o governo para tentar reeleição “Tem que mudar o governo para estancar essa sangria”. A frase, dita por Romero Jucá em uma conversa gravada ilegalmente
pela Lava Jato, se tornou uma espécie de prova cabal do caráter criminoso do impeachment de Dilma Rousseff.
CUT: AOS 35 ANOS, O DESAFIO É, MAIS UMA VEZ, LEVANTAR A CLASSE OPERÁRIA CONTRA A DITADURA A maior organização dos explorados do Brasil e de toda a América Latina, e uma das maiores do Mundo, a Central Única dos Trabalhadores, completou nessa terça, 35 anos de sua fundação, ocorrida, em 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, palco das gloriosas lutas dos metalúrgicos que impulsionaram a ascenso da classe operária brasileira de todos os tempos e levaram à derrota da ditadura militar.
2 | EDITORIAL EDITORIAL
CHARGE
CUT: aos 35 anos, o desafio é, Insetos incautos, por Vitor Teixeira mais uma vez, levantar a classe operária contra a ditadura
A
maior organização dos explorados do Brasil e de toda a América Latina, e uma das maiores do Mundo, a Central Única dos Trabalhadores, completou nessa terça, 35 anos de sua fundação, ocorrida, em 28 de agosto de 1983, em São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista, palco das gloriosas lutas dos metalúrgicos que impulsionaram a ascenso da classe operária brasileira de todos os tempos e levaram à derrota da ditadura militar. Ao contrário do que se apregoa, a CUT não nasceu da unidade de todos os setores da classe trabalhadora e suas direções, mas da ruptura da unidade dos que buscavam construir uma central comum com os pelegos do movimento sindical, traidores da luta dos trabalhadores, apoiadores da ditadura militar e dos seus partidos. A ruptura da ala mais combativa com esse setor, a unidade da imensa maioria das oposições sindicais (milhares delas), das verdadeiras organizações de luta dos trabalhadores do campo e da cidade deu lugar, sob a liderança da classe operária, ao gigante em que se constituiu a CUT. A CUT foi o mais expressivo resultado do maior ascenso operário da história do País. Uma organização fundamental para a luta dos trabalhadores brasileiros contra a opressão capitalista, na defesa de suas reivindicações contra os patrões e seus governos e contra o imperialismo que domina, de fato, nosso País, submetendo – inclusive – a fraca e covarde burguesia nacional; incapaz de enfrentar e derrotar a ofensiva do grande capital internacional que, se alia com este, para impor um regime de fome e miséria ao povo brasileiro e conter o desenvolvimento da economia nacional. Celebrando a data, o Portal da CUT, publicou matéria em que, acertadamente, destaca que “CUT completa 35 anos em meio à maior luta da sua história“. Lembra-se aí que, no momento de sua fundação, o Brasil estava dominado pela ditadura militar e que “o país estava mergulhado numa crise econômica e política. A inflação batia 150% ao ano, a dívida externa chegava a US$ 100 bilhões, o desemprego e a fome cresciam e os salários ficavam cada vez mais arrochados”. Para rememorar que os mais de 5 mil delegados reunidos no no 1º Conclat – Congresso Nacional da Classe Trabalhadora – (em sua maioria, da base dos sindicatos, das oposições sindicais, é bom lembrar) aprovaram um plano de lutas que “exigia o fim da Lei de Segurança Nacional e do Regime Militar, o combate à política econômica do governo, o fim do desemprego, a defesa da reforma agrá-
ria construída pelos trabalhadores, reajustes trimestrais dos salários e liberdade e autonomia sindical”, entre outros pontos. Passados 35 anos, a CUT, reconhece que “enfrenta mais uma vez, desde 2016, um período de Estado de Exceção e luta contra um golpe que retirou do governo uma presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff, e mantém há mais de quatro meses como preso político a maior liderança popular do país, Luiz Inácio Lula da Silva”. Diante disso, o presidente CUT, companheiro Vagner Freitas, destacou: “nascemos do enfrentamento que ajudou a derrubar a ditadura militar e deu início à redemocratização deste país. Construímos tanto, que o atual golpe, em vez de destruir, fortaleceu ainda mais a Central Única dos Trabalhadores, que está à frente de todos os enfrentamentos contra os ataques aos direitos sociais e trabalhistas”. A CUT conta hoje com 3.980 entidades filiadas, 7,9 milhões de trabalhadores e trabalhadoras associados e 25,8 milhões em toda a base. Uma organização poderosa, única capaz de convocar e realizar a greve geral, arma imprescindível na luta da classe trabalhadora. Por isso mesmo, a CUT e seus sindicatos são um dos maiores alvos do regime golpista que busca avançar e destruir as conquistas de décadas de luta da classe operária e demais explorados. Acertadamente, a CUT decidiu em suas instâncias apoiar a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. Como assinalou o próprio Vagner, em diversas oportunidades, “apoiar Lula e exclusivamente Lula, pelo que ele representa para a luta da classe trabalhadora”. A mesma posição foi seguida por outras organizações importantes para a luta dos trabalhadores, como a Central de Movimentos Populares (CMP), o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), dentre outros. O Partido da Causa Operária (PCO), adotou posição de apoio incondicional à Lula. A tarefa central da CUT e de todas as organizações de luta dos trabalhadores e demais explorados do País, é impulsionar junto aos trabalhadores uma luta sem tréguas para derrotar o golpe de estado, o que nesse momento significa levar adiante a luta pela liberdade de Lula, contra a fraude que a burguesia prepara, com a realização das eleições sem Lula. Como no começo da década de 80, nos momentos da fundação da CUT, era preciso a “greve general para derrotar o general”, nesse momento é preciso tomar as ruas e chamar. a classe operária a se levantar, com seus próprios métodos de luta, para libertar Lula e defende Lula presidente.
COLUNA
Brincando de candidato Por Rafael Dantas
O
s debates eleitorais mostraram um show de horrores. Se assemelham, pela impressão que causam, à votação do impeachment na Câmara e no Senado. Da direita à esquerda, os que estão disputando a presidência fazem-no à margem da política e do próprio eleitorado. Fornecem um espetáculo grotesco de propostas impossíveis, demagogia e declarações absurdas. A questão central da situação política é evitada por todos. O principal adversário, Lula, que pontua 45% das intenções de voto nas pesquisas, não é mencionado. O problema político central de todo o último período, desde a última eleição, é o golpe de Estado, o impeachment e a prisão de Lula. Nenhuma palavra sobre isso. A luta entre o imperialismo e o nacionalismo burguês, a luta entre a burguesia, os banqueiros internacionais e a maioria da nação, a classe trabalhadora e os demais explorados, está oculta detrás da luta pelo cargo, apesar de que os que competem pela faixa presidencial estejam longe de alcançar o primeiro colocado. Não atacam Lula porque estão esperando a intervenção de uma força superior, a força do golpe de Estado que teve no poder Judiciário a sua principal arma, e que está levando adiante uma operação para canalizar a vontade da maioria da população para candidatos que ela rejeita. O prazo para impugnar a candidatura do ex-presidente está se aproximando. Com ele, Lula e o PT serão forçados a tomar uma decisão: substituir Lula por Haddad e Manuela D’Ávila ou levar sua candidatura até o fim. Seus adversários e, particularmente, um suposto aliado, contam com o primeiro desfecho para avançar. A operação montada pela direita visa dividir o voto de Lula no primeiro turno entre Bolsonaro, Alckmin,
Marina e Ciro. Abrirá o caminho para a vitória do candidato “seguro” da burguesia, o tucano, em uma possível disputa com o segundo colocado no segundo turno. A fraude eleitoral deixará, no entanto, algumas migalhas para Boulos e ele age como se fosse o principal herdeiro dos votos de Lula. Não está fazendo muito para se colocar à altura do espólio que pretende receber. Sua intervenção não se dirige à luta contra o golpe, ao atendimento da vontade do povo que enxerga na candidatura do ex-presidente a única alternativa real ao golpe de Estado. Dar “boa noite ao ex-presidente Lula” é apenas firula. Sem enfrentar o golpe, não há propostas e programa possíveis para remendar o Brasil quebrado pela conspiração internacional do imperialismo com o que há de mais reacionário na burguesia brasileira. Brincar de candidato nestas eleições é fazer o jogo dos golpistas que precisam, mais do que nunca, de toda a cobertura que a esquerda pequeno-burguesa possa lhes emprestar para que tenham sucesso nos seus planos de “legalizar” e aprofundar o golpe. Co-participante na fraude, o candidato-abutre menor deve ser denunciado e combatido como tal. Está vendendo a ilusão que servirá sob medida para a direita avançar. O único caminho para derrotar o golpe é a mobilização popular, massiva, nas ruas. É dessa maneira que a impugnação de Lula deve ser enfrentada no TSE. A tarefa dos comitês de luta contra o golpe é mobilizar para realizar um grande ato em Brasília. A tarefa de todos os que lutam contra o golpe é denunciar e combater a fraude eleitoral. A palavra de ordem “Lula ou nada” é a resposta para a situação em que estamos colocados: eleição sem Lula é fraude.
NACIONAL| 3
ADMIRÁVEL GOLPE NOVO
Julgamento de habeas corpus de Lula no STF será pela internet O
Ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, liberou para votação em plenário virtual o recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Lula relativo a um novo pedido de habeas corpus, que foi negado pela mesma corte em abril deste ano. A defesa argumenta que na decisão anterior não deixou claro se a prisão após condenação em segunda instância deve ser automática ou se deve ser decidida caso a caso. Caso o supremo decida por definir a prisão como automática, centenas de réus que hoje recorrem em liberdade deveram
aguardar o trânsito em julgado de seus processos atrás das grades. A não exigência de reunião presencial dos ministro se deve, segundo alega Fachin, ao fato de que já há jurisprudência sobre o caso. Entretanto, é flagrante que o uso do recurso do plenário virtual visa evitar um novo debate público sobre o tema, escancarando uma vez mais a violação da Constituição Federal pelos ministros do STF. Busca também dar celeridade anormal ao processo de Lula para remover o impasse que sua presença nas eleições pode impor ao regime golpista.
CASO DE RACISMO
Derrotar Bolsonaro nas ruas, não nos tribunais O
Supremo Tribunal Federal (STF) julgou, nesta terça-feira (28), a denúncia pelo crime de racismo contra o reacionário deputado federal e candidato à presidente Jair Bolsonaro, um dos principais representantes da extrema-direita brasileira. A primeira turma do STF decidiu sobre aceitar ou não a denúncia da Procuradoria-Geral da República e abrir um processo contra o candidato, transformndo-o em réu. O reacionário direitista está sendo julgado por sua fala contra os quilombolas, em 2017, no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma manobra do principal setor da burguesia para fortalecer a campanha contra Bolsonaro, tirar votos de sua candidatura, que não é a favorita dos golpistas, em favor de outros candidatos, too ou mais reacionários que ele. Parte da esquerda comemora este acontecimento, por pura ingenuidade. É preciso ressaltar o caráter de classe do estado capitalista, um estado que serve de balcão de negócios da burguesia. A denúncia contra Bolsonaro é uma total afronta à liberdade de expressão, e fortalece a censura, que está se tornando um instrumento importante dos golpistas, como pode ser visto com a campanha contra as fake news, o fechamento de páginas e os ataques a algumas obras de arte. Vale dizer que esta mesma lei poderia ser usada, e será (obviamente que com muito mais força e perseguição), contra a esquerda. Por exemplo, Lula e outras lideranças populares, da cidade e do campo, poderiam ser enquadrados por supostamente estimularem o “ódio de classe”. Isso, porque a a burguesia os explorados devem aceitar todo tipo de opressão sem reagirem, sem lutar contra os que lhe oprimem e exploram.
É preciso defender a liberdade de expressão custe o que custar. Senão, abriremos brechas para processos como o que foi aberto contra o Presidente Nacional do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, que foi acusado de estar ameaçando a paz pública por ter dito que seria preciso ir à Curitiba defender Lula. Esse método, de usar o Estado burguês para atacar a extrema-direita é extremamente ineficiente para atacar os fascistas, e muito eficiente para perseguir a esquerda. Sobre isso, vale relembrar Trotsky, líder da revolução russa ao lado de Lenin, que em 1935 comentou o posicionamento dos partidos de esquerda burgueses e pequeno-burgueses da época que para “conter” o avanço
das Ligas Fascistas armadas, que controlavam a situação política desde a crise do 6 Fevereiro de 1934, quando a extrema-direita derrubou o segundo governo de Daladier, pedindo ao Estado burguês o desarmamento e o impedimento de manifestações das Ligas. Trotsky, na época, para contrapor o argumento dos intelectuais pequeno-burgueses stalinistas, socialistas e radicais usa o exemplo das S.A. (exército de Hitler) que foram “desarmadas” e “proibidas” em 1932, mas que, como disse Röhm (militar nazista), “apenas os uniformes e os símbolos tinham desaparecido”. Sobre isso, Trotsky comenta: “Este episódio político cheio de significações ilumina à fundo a idiotice desesperada desta reivindicação: desarmar
os fascistas. As interdições das ligas paramilitares […] significaria simplesmente que os fascistas seriam forçados à recorrer a uma certa camuflagem superficial, enquanto que os operários seriam, de fato, proibidos da mínima possibilidade legal de preparar sua defesa“. Ou seja, apenas os operário seriam impedido de se armarem. Pode-se usar a mesma lógica sobre a liberdade de expressão. Se fortalecermos o Estado burguês, que sustenta a extrema-direita, contra a liberdade de expressão, os fascistas em si não serão calados, mas será um método eficiente para atacar toda a esquerda, e calar seus dirigentes e militantes. É preciso entender que não só este método é ineficiente para combater o fascismo, como é extremamente perigoso para as organizações operárias e populares. Na verdade, no caso do Bolsonaro, é apenas o dono puxando a coleira de seu cachorro, atacando-o durante as eleições para favorecer o candidato do imperialismo. Percebe-se que não passa de demagogia quando se vê que Ana Amélia, candidata a vice-presidente na chapa de Alckimin, que defendeu os ataques de grupos fascistas armados contra a caravana de Lula no Rio Grande do Sul não foi em nenhuma medida atacada pelos capitalistas e sua imprensa. O único método efetivo contra a ofensiva fascista, é a ofensiva organizada da classe operária junto com os outros setores oprimidos da sociedade, como os negros, as mulheres, a juventude etc. É preciso constituir comitês de autodefesa para conter o avanço do fascismo. Constitui-los nos bairros, nos sindicatos, nos locais de trabalho e de estudo e assim usar um método efetivo, comprovado pela história, para derrotar os fascistas, sem defender a censura.
4| NACIONAL
AS ELEIÇÕES NO BOLSO DA BURGUESIA
97% das grandes doações de campanha foram feitas por empresários E
m 2013, setores da esquerda pequeno-burguesa, em particular o PSOL, passaram a ecoar o discurso da imprensa burguesa de que o País necessitaria de uma “reforma política”. Alguns anos depois, teve início a tão falada “reforma política”, comandada por elementos como Eduardo Cunha e às vésperas de um golpe de Estado. A “reforma política”, embora pequena, serviu apenas para dificultar ainda mais a ação dos partidos de esquerda dentro do regime político. No
entanto, vários setores apontaram como sendo muito positivo o fato de as doações de empresas terem sido “proibidas” durante as eleições. Como tudo mais na “reforma política”, essa medida não afetou a direita. Pelo menos não os setores mais fortes da burguesia. Afinal, as doações de empresas continuam acontecendo, pois essa é a essência de qualquer eleição no capitalismo. A diferença é que as doações são feitas nos nomes de empresários e “laranjas”.
Segundo levantamento recente, 93% das doações feitas até agora nas eleições de 2018 saíram dos cofres de políticos de alto patrimônio ou de grandes empresários, ou seja, nada mudou. Quem continua dando as cartas, e ain-
da mais, no processo eleitoral são os grandes capitalistas que, inclusive, se submetem aos interesses do imperialismo e apoiam a cassação do candidato apoiado pela maioria dos trabalhadores e suas organizações.
TEMER TIRA VOTOS
AMAZONAS
Romero Jucá abandona o governo para tentar reeleição T
Pistoleiros ameaçam família de liderança indígena Maraguá no Amazonas
em que mudar o governo para estancar essa sangria”. A frase, dita por Romero Jucá em uma conversa gravada ilegalmente pela Lava Jato, se tornou uma espécie de prova cabal do caráter criminoso do impeachment de Dilma Rousseff. Os carreiristas do PMDB, PP, PR e tantos outros não estavam minimamente preocupados com o País – deram o golpe apenas para manter seus cargos a salvo diante da ofensiva do imperialismo. Um dos principais articulador es do golpe foi o senador Romero Jucá. No início do governo golpista, Jucá chegou a ocupar o posto de ministro do Planejamento, mas teve de renunciar após ter sido pressionado pelos donos do golpe. Mesmo após seu retorno ao Congresso, Jucá permaneceu como um dos maiores defensores do governo golpista e foi nomeado presidente nacional do PMDB (agora MDB). Todo esse apego de Jucá ao governo golpista, no entanto; chegou ao fim. A pouco mais de um mês das eleições, Jucá se encontra em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto para o Senado em Roraima – resultado insatisfatório para quem planeja ser reeleito. Para tentar conseguir mais votos e conquistar uma das vagas no Con-
gresso, Jucá decidiu encenar uma ruptura com o governo de Temer. Afinal, aparecer junto ao presidente mais impopular do país tem feito Jucá perder muito voto. O marco desse suposto rompimento de Jucá foi o anúncio, feito nessa semana, de que sairia da liderança do governo no Senado. A desculpa dada por Jucá foi a de que discordava da forma como o governo de Michel Temer estaria agindo em relação aos imigrantes venezuelanos no Estado de Roraima. Obviamente, não passa de uma desculpa esfarrapada para que Jucá encenasse uma briga com o governo, buscando obter alguns dividendos eleitorais, da mesma maneira que outros candidatos golpistas, como Alckmin e outros, que não querem se apresentar como candidatos do governo golpistas que tem o apoio de apenas 2,7% da população, segundo as pesquisas contratadas e realizadas pela própria burguesia. O governo golpista se encontra enfraquecido, sem apoio popular e sem a confiança dos donos do golpe. Por isso, é preciso ir para as ruas, exigir a liberdade de Lula e Lula presidente presidente, e pôr abaixo o regime golpistas por meio de uma mobilização revolucionária.
O
s indígenas Maraguá que vivem na comunidade Terra Preta, município de Nova Olinda do Norte, estado do Amazonas, estão sofrendo com as constantes ameaças de pistoleiros contratados por latifundiários e mineradoras que estão invadindo as terras indígenas. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI) está denunciando que no dia 16 de agosto, pistoleiros foram até a casa do cacique-geral do povo indígena Maraguá e encontraram os filhos mais novos do cacique e deixaram a ameaça de “ou ele para de fazer o que está fazendo ou vai ver o que é bom”. As ameaças de morte deixam claro que estão dispostos, inclusive, de atacar seus familiares para impedir a defesa dos indígenas contra as invasões dos latifundiários e mineradoras. A situação é extremamente grave, pois há uma enorme campanha dos latifundiários contra os indígenas, que estão se aproveitando da ação de grupos fascistas, como o que ocorreu na fronteira com a Venezuela no município de Pacaraima (RR), para atacar os indígenas Maraguá.
A imprensa ligada aos latifundiários está tentando colocar a população contra os indígenas, enquanto latifundiários e mineradoras invadem as terras indígenas e cometem as maiores atrocidades contra a população Maraguá. Os indígenas estão recebendo dezenas de ameaças de morte e são impedidos de se movimentar em suas terras, caçar e pescar para sobreviver, pois estão sendo ameaçados por esses grupos fascistas e de pistoleiros contratados pelos latifundiários. A direita golpista está se aproveitando do agravamento da crise política para estimular grupos fascistas e a imprensa golpista para atacar estrangeiros, indígenas sem-terra e a esquerda em geral para agrupar essa direita e reprimir a população. Com isso, fica cada vez mais clara a necessidade de formação de comitês de autodefesa contra a formação de grupos fascistas, grupos de pistoleiros e da ofensiva de latifundiários contra os movimentos de luta pela terra
INTERNACIONAL| 3
STF
Barroso, ministro criativo, a favor da ilegal prisão em 2ª instância, diz que “não há espaço para criatividade judicial” O
ministro Luis Carlos Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na noite dessa última segunda-feira, 27, que não pode haver espaço para a “criatividade” nas decisões envolvendo o judiciário. Cinicamente, disse também que todo o julgamento tem que estar livre de posições ideológicas, devem ser isentas e não devem se pautar pelo que definiu como “clamor popular das ruas”. Barroso é relator do processo envolvendo a candidatura do ex-presidente Lula e irá julgar se Lula poderá ou não ser candidato. E no último dia 24, foi agraciado pela mais alta comenda do Exército Brasileiro, que também condecorou, no mesmo dia, outro ministro do STF, Edison Fachin, relator do processo que indeferiu o habeas corpus solicitado pela defesa ado ex-presidente Lula. Mostrando sua total isonomia, da mesma forma que o judiciário golpista, o Exército, já havia condecorado, há dois anos, o juiz fascista, Sérgio Moro, que em processo fraudulento condenou Lula há
mais de 9 anos de prisão. A declaração do ministro revela o cinismo dos golpistas em relação a questões que podem levar claramente a uma derrota do golpe e da política que tais setores vem levando a cabo. Barroso, que diz não haver espaço para criatividade no judiciário, junto com seus colegas de corte, aprovaram uma das aberrações jurídicas mais criativas dos últimos anos, que a foi a possibilidade de prisão em segunda instância. Sem qualquer base legal e passando por cima da Constituição, o Ministro Barroso, em um ápice de “criatividade” golpista, inventou que uma pessoa que é ré em determinado processo pode ser presa em segunda instancia, mesmo que o caso não tenha ainda transitado em julgado, como estabelece claramente a Lei maior do País. Barroso, em outra declaração criativa, afirmou que há muitos habeas corpus no país, defendendo a retirada desse direito básico de qualquer cidadão perante a crescente arbitra-
riedade do estado no país. O ministro diz ainda que os julgamentos não devem levar em conta questões políticas e ideológicas, mas até o momento, todas as posições de Barroso e do STF foram no sentido de favorecer os interesses dos golpistas, passando por cima de qualquer legalidade e das garantias dos cidadãos. A declaração do minisitro golpista
do STF é uma verdadeira piada, de mal gosto, frente aos inúmeros abusos e violações que a justiça golpista vem fazendo contra os direitos democráticos de Lula e de todo o povo brasileiro. Para os golpistas, no entanto, a “criatividade” só vale quando é para destruir todos os direitos da população, rasgando Constituição e todas as sua leis.
FUGA DOS MILIONÁRIOS
2 mil ricos fugiram do Brasil em 2017 M
atéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, no ultimo dia 27, afirma com base em um levantamento feito por uma instituição internacional, que cerca de 2 mil milionários, ou seja, pessoas com renda e ativos na casa de US$ 1 milhão ou mais, deixaram o País no último ano. Um fenômeno que ficou caracterizado como a “fuga dos milionários”. De acordo com a pesquisa, o Brasil ocupa o 7° lugar no ranking de países onde houve uma das maiores fugas de pessoas com rendas milionárias. A matéria aponta a “fuga” como sendo um péssimo sinal para o País, sendo que representaria uma perda de investimentos para o Brasil. Sobre esse aspecto, em primeiro lugar é pre-
ciso afirmar que se trata de mais uma forma de chantagem da imprensa golpista, tendo em vista o cenário de crescente polarização política, ou seja, evolução da população à esquerda que vive o Brasil. Com crescimento continuo e ininterrupto da candidatura de Lula e da consequente rejeição popular ao golpe de estado, a burguesia, por meio de sua imprensa, inicia uma campanha de chantagem contra o país. O centro dessa chantagem é saída dos “investimentos”. Na realidade a transferência de recursos da jogatina financeiras das Bolsas de Valores, para outras áreas de especulação, como a compra de dólares, transferência de recursos para paraísos fiscais etc.. Isso ficou claro nas última semanas com a
alta do dólar, superando a casa dos R$ 4. Os jornais golpistas sob ameaça de uma possível vitória da esquerda, de Lula nas eleições e a derrota do golpe, começam a ameaçar o povo afirmando que o país irá quebrar caso isso aconteça, com a retirada massiva dos investimentos no país. A “fuga dos milionários” é apenas uma vertente dessa política, a qual revela o desespero da burguesia diante de um crescimento ainda maior da rejeição popular contra o golpe. Os jornais golpistas tratam de afirmar que esses especuladores estão buscando outros países para “investir” e que o Brasil não seria mais vantajoso, uma clara chantagem. Por outro lado, a propaganda da imprensa golpista sobre a “fuga dos
milionários” revela também os efeitos do golpe sobre um setor da própria burguesia brasileira. É preciso destacar que a totalidade desses milionário que estão deixando o País fizeram campanha aberta pela derrubada da presidenta Dilma Rousseff, apontando seu governo como responsável por todos os males do País e apontando o golpe como solução para a crise. Agora, com a crise política elevada exponencialmente, abandonam o barco. São os coxinhas que se vestiam de verde amarelo, afirmavam amar o Brasil, mas que, como se pode verificar na prática, não gostam nem um pouco do País e, na primeira oportunidade, fogem às pressas junto com suas fortunas. Só pensam em si mesmo, em defender seus mesquinhos interesses contra o povo brasileiro.
8 | INTERNACIONAL
DENÚNCIA
ONU denuncia crimes de guerra da coalizão liderada pelos sauditas no Iêmen, os responsáveis são os EUA O
s ataques aéreos da Arábia Saudita e da coalizão militar liderada pelos Emirados Árabes Unidos causaram as baixas civis mais diretas na guerra do Iêmen, e um bloqueio dos portos e do espaço aéreo iemenita pode ter violado o direito internacional humanitário. A aliança, que está em guerra com os rebeldes Houthi desde março de 2015, nega repetidas vezes as alegações de crimes de guerra e alega que seus ataques não são direcionados a civis. Um porta-voz do Exército saudita disse que o relatório da ONU foi encaminhado a uma equipe jurídica para análise e anunciará suas conclusões depois que ela for completada. O ministro de Estado dos Negócios Estrangeiros dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash, disse que o relatório merece uma resposta. “Devemos rever e responder ao relatório dos especialistas da ONU publicado hoje”, disse Gargash em um tweet. “A coalizão está cumprindo seu papel na recuperação do Estado iemenita e assegurando o futuro da região da interferência iraniana.” Dados coletados pela Al Jazeera e pelo Projeto de Dados do Iêmen descobriram que quase um terço dos 16 mil ataques aéreos realizados no país atingiram locais não militares. Os ataques têm como alvo casamentos e
hospitais, bem como usinas de água e eletricidade, matando e ferindo milhares de pessoas. A organização Save the Children estimou que uma média de 130 crianças morrem todos os dias de fome extrema e doenças – uma crise provocada pelo conflito. E de acordo com a ONU, pelo menos 10 mil pessoas foram mortas desde o início do conflito. No entanto, analistas dizem que o número de mortos provavelmente será maior. A ONU descreveu a situação no Iêmen como a pior crise humanitária do mundo. Violações continuam “O grupo de especialistas tem razões para acreditar que o governo do Iêmen, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos é responsável pelas violações dos direitos humanos”, disse Kamel Jendoubi, líder das Nações Unidas. “Violações e crimes foram perpetrados e continuam a ser perpetrados no Iêmen pelas partes envolvidas no conflito.” “Membros do governo do Iêmen e da coalizão [saudita-EAU] podem ter realizado ataques desproporcionais e podem constituir crimes de guerra”, acrescentou Jendoubi. Os especialistas também acusaram os Houthis de bombardear indiscriminadamente em áreas civis, e franco-atirado-
res contra os não-combatentes. Eles conclamaram a comunidade internacional a “abster-se de fornecer armas que possam ser usadas no conflito” – uma aparente referência a países como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, que as fornecem para a aliança saudita-UAE. O Irã também foi acusado de fornecer armas para os Houthis, alegações que Teerã nega. Apoio americano Apesar das repetidas petições de grupos de defesa dos direitos humanos, os EUA ajudam a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos na “realização de bombardeios aéreos no Iêmen” e fornecem “serviços de reabastecimento aéreo” para seus aviões de guerra. Entre 2010 e 2015, Washington também vendeu mais de US$ 90 bilhões em equipamentos militares para Riad. Mas após um recente ataque aéreo em um ônibus escolar que matou 40 crianças, alguns membros do Congresso pediram que os militares dos EUA esclarecessem seu papel na guerra e investigassem se o apoio aos ataques aéreos poderia responsabilizar militares americanos sob os crimes de guerra.” Questionado sobre o relatório da ONU, o chefe da defesa dos EUA, Ja-
mes Mattis, disse na terça-feira que o apoio à coalizão saudita-EAU está sendo constantemente revisado e não é incondicional. “Em nenhum momento nos sentimos rejeitados ou ignorados quando trazemos preocupações a eles. O treinamento que lhes demos sabemos que valeu a pena”, disse ele em entrevista coletiva. “Nossa conduta é tentar manter o custo humano de inocentes sendo mortos acidentalmente no mínimo absoluto. Esse é o nosso objetivo quando nos envolvemos com a coalizão. Nosso objetivo é reduzir essa tragédia e levá-la para a mesa de negociação da ONU o mais rápido possível”, disse Mattis. Os investigadores da ONU disseram que quase uma dúzia de ataques aéreos mortais que investigaram no ano passado “levantam sérias dúvidas sobre o processo de seleção aplicado pela coalizão”. “Apesar da gravidade da situação, continuamos assistindo a um completo desrespeito pelas pessoas no Iêmen”, disse Charles Garraway, um dos autores do relatório. “Este conflito atingiu o seu pico sem nenhuma visão aparente da luz no fim do túnel. É, de fato, uma crise esquecida.” Tradução: Al Jazera news
ATIVIDADES
BELO HORIZONTE
PCO faz campanha de rua pela liberdade de Lula e Lula presidente O
Partido da Causa Operária iniciou suas atividades de campanha eleitoral por Lula presidente e pelas candidaturas do partido em Minas esta semana. Na segunda-feira (27), iniciou a abertura diária da sede (loja 67, edifício Maletta), cujo horário de funcionamento é de 16h às 20h. Nessa terça (28), foi montada a barraca de campanha na Praça 7, onde estará todos os dias, de 11h às 15h. Nesses locais, está sendo realizada a distribuição de panfletos “Lula presidente” e PCO 29, com os respectivos candidatos estaduais. Em Minas Gerais, o Partido lançou candidatos a governador (Alexandre Flach), senadora (Ana Saliba), deputada federal (Marilia Garcia) e deputado estadual (Jonathan Marques). Essa primeira montagem da barraca causou um impacto muito positivo na população ali presente. Muitos jornais Causa Operária foram vendidos e foram panfletos distribuídos “Lula
Livre” fornecido pelo PT-MG. As pessoas não só apoiaram as palavras de ordem “Lula ou nada”, “Lula Livre” e “Lula presidente”, como também pediam mais material para distribuírem. A rede Globo fez a cobertura de
parte da panfletagem, questionando o companheiro Alexandre Flach sobre “sua proposta de governo para minas”. Este respondeu com firmeza que o centro da campanha do Partido é a Luta contra o golpe, a luta pela Li-
berdade de Lula e por Lula Presidente. Nesse mesmo dia (28), o companheiro Alexandre, candidato a governador pelo PCO, compareceu a uma entrevista no estúdio da TV Assembleia às 16h. Logo após, as 18h, os companheiros seguiram para apoiar o Comício de Lula aqui em Belo Horizonte.