Edição Diário Causa Operária 5397

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TERÇA-FEIRA, 11 DE SETEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5397

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DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

“Nunca fiz mal a ninguém”: Bolsonaro “esquece” que defendeu “metralhar todos petistas”

Causa Operária Ediçao 1021 SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 1979 • REVOLUÇÃO, GOVERNO OPERÁRIO E COMUNISMO • Nº 1021 • 8 DE SETEMBRO DE 2018 • PREÇO: R$ 2,00 • SP: R$1,00 www.causaoperaria.org.br

Ano 39 • Distribuição nacional

CONTRA A VIOLAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

IR COM LULA ATÉ O FIM

Um desastre nacional, um atentado contra todo o povo e sua cultura Leia mais na pág.2

Só a mobilização pode impedir a fraude

MP tucano, em campanha eleitoral, denuncia Haddad: não há acordo possível com a direita

Leia mais na pág.2

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JUÍZA FASCISTA DEFENDE “DIREITOS HUMANOS” DE POLICIAIS E ABSOLVE PMS QUE MATARAM CRIANÇA DE 10 ANOS

“FACADA” EM BOLSONARO:

O “11 DE SETEMBRO” DOS GOLPISTAS Página 3

NÃO BASTA AUMENTO DE 16,38%, JUÍZES QUEREM MANTER AUXÍLIO MORADIA Página 3

Protesto gigante na Cinelândia por Museu Nacional expressa rejeição popular aos golpistas Página 5

Bando dos Quatro nos Correios assinam definitivamente o ataque ao plano de saúde Página 6 Mães encarceradas: só 3,5% de presas que poderiam receber indulto foram soltas Página 7 Fracasso neoliberal: sob Macri, Argentina vive destruição da moeda nacional e saques a supermercados Página 8 Herança perdida: 13 artefatos dos 18 milhões Por dentro da NED, perdidos no incêndio do organização que dá golpes em eleições em Museu Nacional Página 5 todo o mundo Página 8

ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO Na edição de hoje do DCO, as declarações de Villas Boas contra o povo. Mais uma vez, o comandante do Exército ameaça com um golpe militar. Veja também o desenvolvimento do processo contra Lula: TSE e STF preparam novo golpe contra o PT. Conselho editorial

EDITORIAL

A direita reagiu ao ataque a facada contra Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo insólito “PSL”, como se fosse um atentado orquestrado pelos “comunistas” do PT e do PSOL contra seu líder maior.

Para tirar Lula das eleições, General Mourão, vice comandante do Exército de Bolsonaro, ameaça o STF… de novo promete invadir a Venezuela em caso de vitória da extremadireita Assim como o governo golpista de Michel Temer, o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, demonstrou sua total submissão ao imperialismo, prometendo invadir a Venezuela caso seja eleito. Quais são os interesses do Brasil em uma intervenção na Venezuela? Nenhum!

O alto comandante do Exército, o general Eduardo Villas-Bôas mais uma vez veio a público ameaçar todo o país com um golpe militar, caso o ex-presidente Lula tenha garantida a sua candidatura à presidência.

Quem vai “questionar”? General Villas Bôas avisa desde já que próximo governo pode ter “legitimidade questionada” A pedido de Villas-Bôas? Weber nega pedido de Lula para adiar prazo de substituição da candidatura Generais só lembram da soberania nacional quando precisam de argumentos para impedir candidatura de Lula

NÃO É PELO VOTO QUE VAMOS DERROTAR OS MILITARES, OS GOLPISTAS E O FASCISMO Poucas horas depois das novas ameaças do ministro do Exército, general Villas Boas, serem publicadas na edição de domingo (dia 9), a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, negou ainda na noite do mesmo dia, mais um pedido dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prorrogar o prazo para o PT substituir o candidato à Presidência da República, estabelecido de forma arbitrária e ilegal para este dia 11.


2 | EDITORIAL EDITORIAL

Não é pelo voto que vamos derrotar os militares, os golpistas e o fascismo P

oucas horas depois das novas ameaças do ministro do Exército, general Villas Boas, serem publicadas na edição de domingo (dia 9), a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, negou ainda na noite do mesmo dia, mais um pedido dos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prorrogar o prazo para o PT substituir o candidato à Presidência da República, estabelecido de forma arbitrária e ilegal para este dia 11. O prazo desconsidera os possíveis e devidos recursos que podem e estão sendo apresentados pela defesa do ex-presidente conforme decisão da direção do PT e do próprio candidato que disse que vai “lutar até o fim”, em sua carta lida no dia do registro de sua candidatura, diante de dezenas de milhares de pessoas, na frente do TSE, em Brasília. A defesa de Lula solicitou estender o prazo até o dia 17 de setembro, com o devido argumento de que está recorrendo da decisão diante do Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, de forma totalmente arbitrária, a ministra quer cassar o direito

de Lula e do PT de recorrerem a uma instância superior, tal como estabelece a própria Constituição. Neste momento, a defesa de Lula tem ainda quatro ações junto ao TSE e STF visando recorrer da decisão que cassou sua candidatura e até mesmo colocá-lo em liberdade (por meio de habeas corpus), exigindo que se cumpra a Constituição Federal. Também nessa segunda (dia 10), a defesa de Lula tornou público documento da Comissão de Direitos Humanos da ONU, reiterando decisão anterior a favor dos direitos políticos do ex-presidente. Ao mesmo tempo em que o PT recorre, aumenta a campanha da direita golpista e da sua venal imprensa burguesa para que o partido aceite o prazo estabelecido ditatorialmente pelo TSE e substitua Lula, inclusive, com a divulgação de “pesquisas” sem a inclusão do nome de Lula (que tem a preferência da esmagadora maioria do eleitorado). Nestas sondagens patrocinadas, realizadas e divulgadas por órgãos da imprensa golpista apresentam um suposto crescimen-

CHARGE

to da candidatura, ainda inexistente, do vice da chapa de Lula, Fernando Haddad, como forma de estimular a divisão entre os petistas e forçarem a direção do PT a uma capitulação diante do processo fraudulento que a direita procura organizar, sem a participação de Lula. Ante o agravamento da crise, cresce a revolta popular contra os golpistas e, na mesma proporção, o apoio à candidatura de Lula, único candidato capaz de unificar a quase totalidade das organizações de luta dos explorados da cidade e do campo, para enfrentar a direita nas eleições e fora delas; para se opor à brutal ofensiva contra os trabalhadores e a juventude que os golpistas querem intensificar após o processo eleitoral. Nessas condições, aceitar essa exigência desses violadores da Constituição e inimigos do povo é referendar o avanço do golpe que eles querem impor. Não é apenas uma questão eleitoral, como buscam fazer crer os setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa ansiosos por capitular

diante da direita. Não se trata apenas de lutar pelos direitos democráticos de Lula. O que está em questão são os direitos democráticos e a defesa das próprias condições de vida da maioria do povo brasileiro que não podem ser negociadas com os golpistas. Não é pelo voto que vamos derrotar os militares, os golpistas e o fascismo. As Iniciativas no judiciário não são capazes de resolver a situação em favor dos interesses populares. À exemplo do dia 15 de agosto, por ocasião do registro da candidatura de Lula, é preciso convocar uma grande mobilização para desencadear uma reação dos explorados. Reafirmar a manutenção da candidatura Lula e que eleição sem Lula é fraude, é golpe que, agora, aparece ainda mais claramente tutelado pelos militares. Dia 17, ocupar Brasília, parar o País, pela liberdade de Lula, pela aprovação de sua candidatura em cumprimento ao que determina a Constituição Federal. Que seja o povo quem decida, não os militares e o judiciário golpistas.

ANTI-NACIONALISMO

Para tirar Lula das eleições, comandante do Exército ameaça o STF… de novo O

IMAGEM DO DIA

Seguidores de Bolsonaro revelam seu patriotismo: amor aos EUA

alto comandante do Exército, o general Eduardo Villas-Bôas mais uma vez veio a público ameaçar todo o país com um golpe militar, caso o ex-presidente Lula tenha garantida a sua candidatura à presidência. Em uma declaração para o jornal golpista O Estado de S. Paulo, o general afirmou “o pi​or ce​ná​rio é ter​mos al​guém sub ju​di​ce, afron​tan​do tan​to a Constituição quanto a Lei da ficha limpa, tiran​do a le​gi​ti​mi​da​de, di​fi​cul​tan​ do a es​ta​bi​li​da​de e a governa​bi​li​da​de do fu​tu​ro go​ver​no e di​vi​din​do ain​da mais a so​ci​e​da​de bra​si​lei​ra”. O general, que já havia se pronunciado em tom de ameaça no início do ano, quando o Supremo Tribunal Federal ia julgar o pedido de habeas corpus do ex-presidente, mais uma vez vem a público chantagear o STF e o povo caso o candidato com mais apoio popular possa concorrer e ser eleito. Sobre o prazo para que o STF decida em relação à candidatura de Lula, Villas-Bôas afirmou ainda que esta deve ser “de​ci​di​da com opor​tu​ ni​da​de pa​ra que o pro​ces​so elei​to​ral trans​cor​ra nor​mal​men​te e natu​ral​ men​te”.politico do pais. Com base no que foi dito pelo general Villas-Boas, podemos afirmar que

cada vez mais uma ditadura aberta se impõe sobre o país. Os tribunais perseguem a principal candidatura de esquerda, censuram as manifestações em defesa de Lula, nas ruas ativistas e militantes sofrem com violência da polícia e da corja fascista. É necessário contrapor a ofensiva da direita golpista com a força da mobilização popular. A única maneira de derrotar definitivamente o golpe e a ameaça de uma ditadura é a luta do povo nas ruas contra a direita golpista.


NACIONAL| 3

CANDIDATO FASCISTA

“Nunca fiz mal a ninguém”: Bolsonaro “esquece” que defendeu “metralhar todos petistas” A

direita reagiu ao ataque a facada contra Jair Bolsonaro, candidato à presidência pelo insólito “PSL”, como se fosse um atentado orquestrado pelos “comunistas” do PT e do PSOL contra seu líder maior. Os partidos de esquerda, não só os supracitados como PC do B, PCB e PSTU, lamentaram o ocorrido de forma educada e convencional, evocando a necessidade de se fazer política através do “debate democrático” isento de violência. Afinal, bater ou machucar o adversário nessas questões não leva a nada, e nos remete à barbárie. Um analista como Vladimir Saflate disse que a facada “despolitizava o debate”, por desviar a tematização da crise política para novelesco do “drama”, forjado ou não, transcorrido em Juiz de Fora. Ao contrário de todas essas perspectivas, fato é que a facada pôs em

relevo uma contradição concreta, real, entre os interesses da direita e os do povo, que há 3 anos tem sido intimidado covardemente pelo discurso bolsonarista. Pode-se discordar do assassinato de indivíduos como método, afinal, eliminar um direitista não irá extinguir a direita como forma deformada de percepção da realidade, que naturaliza a hierarquia entre dominadores (os auto-denominados “homens de bem”) e os dominados, tidos como “inferiores”. Do mesmo modo, diga-se de passagem, o assassinato de Lula não eliminaria o socialismo como ideia eterna de emancipação da humanidade. O mais plausível, conforme disse em interrogatório Adélio Bispo de Oliveira, o esfaqueador, é que ele não aguentava ouvir reiteradamente que os negros eram inferiores. Sentia que

QUEM VAI “QUESTIONAR”?

pessoas “como ele” estavam sempre ameaçadas e humilhadas pelos discursos inflamados e demagógicos de Bolsonaro. Com seus parcos recursos, a sua maneira, ele pretendeu em contrapartida assustar aquele que era ao mesmo e a seus olhos sua vítima e virtual algoz, impondo-lhe medo como reação defensiva. Seria um grave erro “despolitizar” a facada, como se ela fosse consequência do desencadeamento de um surto psicótico, ou algo assim, realizado por uma pessoa mentalmente desequilibrada. A facada foi uma espécie de resposta aos insultos descabidos de Bolsonaro, dirigidos principalmente à massa da população brasileira, negra e pobre. Ao invés de reagir de forma hipocritamente cordial e bom-mocista, os partidos de esquerda deveriam portanto nessa hora, isso sim, se empe-

nhar em relacionar a violência do ato cometido contra o presidenciável fascista com aquela preconizada e estimulada pela própria direita.

A PEDIDO DE VILLAS-BÔAS?

General Villas Bôas avisa desde Weber nega pedido de Lula já que próximo governo pode ter para adiar prazo de substituição “legitimidade questionada” da candidatura É

mais do que preocupante quando as forças armadas, de forma inconstitucional, se intrometem na política, e ainda como maneira de intimidação geral. Em sua entrevista recente ao “Estadão”, o General Villas Boas deu a entender que a eleição de Lula, não citado pelo nome mas inequivocamente aludido, acarretaria uma indesejável instabilidade à democracia no Brasil. Segundo a argumentação do militar, que se coloca como paladino da moralidade institucional, “o pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira”. Pouco importa portanto o impeachment sem crime de responsabilidade impetrado contra uma presidenta legitimamente eleita, Dilma Rousseff. Pouco importa o fato de que o candidato atual à presidência, inocentado pela ONU, esteja preso politicamente, sem que nenhuma prova material tenha sido apresentada. Pouco importa os atentados a tiros à caravana de Lula, ou o assassinato de Marielle Franco, ainda não elucidado. O que ameaça nossa democracia, segundo a “lógica” paradoxal do general, é que o candidato com o maior número de intenções de voto, disparado, seja eleito. Estranha concepção, de fato. O general alegou que respeitar a ONU seria comprometer a sobera-

A

nia nacional. Ou seja: Amazônia, Embraer, Petrobrás, Bancos Nacionais, Correios, o aquífero Guarani, a base de Alcântara, grampear a conversa entre governantes brasileiros, receber instruções do chefe de segurança americano, intervenção na Venezuela, etc tudo bem, está liberado. Agora, Lula, Lula não, esse não pode, e sua eleição representa uma ameaça à democracia. Lamentavelmente, tais falácias do general, é claro, só são sustentáveis e consideradas publicamente pela ameaça tácita das armas, único fator a lhes conferir o mínimo de “credibilidade” e eficácia. No limite, a violência iminente e intimidadora são a sua razão última.

ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Rosa Weber foi a protagonista do episódio mais ridículo da votação do habeas corpus de Lula, ocorrida em abril deste ano. Na ocasião, Weber votou contra si mesma, dizendo que embora discordasse da prisão em segunda instância, Lula deveria ir para a cadeia para preservar a jurisprudência do STF. A atuação de Rosa Weber, por mais ridícula que pareça, teve um motivo bem concreto: a ministra foi ameaçada, na véspera da votação, pelo comandante do Exército Eduardo Villas-Bôas. Utilizando as redes sociais, o general deixou claro que as Forças Armadas interviriam caso Lula obtivesse o habeas corpus.

Nessa semana, mais uma vez, os destinos de Villas Bôas e Rosa Weber se encontraram em um episódio envolvendo chantagens e o ex-presidente Lula. Entrevistado pela imprensa burguesa, ele declarou que, caso Lula fosse candidato, as Forças Armadas iriam intervir. Pouco depois, na noite do último domingo, Rosa Weber, que é a presidente do TSE, negou o pedido da defesa de Lula para que o prazo de substituição do candidato do PT fosse prorrogado. O Judiciário, corrompido, pressionado e chantageado pelo imperialismo, está decidido em impedir a candidatura de Lula. Por isso, a única forma de garantir que Lula participe das eleições é através da mobilização revolucionária dos trabalhadores. Se não for na lei, será na marra! Liberdade para Lula, Lula presidente!


4| NACIONAL

GOLPISTAS

Generais só lembram da soberania nacional quando precisam de argumentos para impedir candidatura de Lula E

m entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na última semana, o alto comandante do Exército, o general Eduardo Villas-Bôas, afirmou que a decisão da Organização das Nações Unidas, a ONU, favorável à candidatura do ex-presidente Lula, é uma tentativa de invasão da soberania nacional. O general declarou ainda que “o pi​or ce​ná​rio é ter​mos al​guém sub ju​di​ce, afron​tan​do tan​to a Constituição quanto a Lei da ficha limpa, tiran​do a le​gi​ ti​mi​da​de, di​fi​cul​tan​do a es​ta​bi​li​da​de e a governa​bi​li​da​de do fu​tu​ro go​ver​no e di​vi​din​do ain​da mais a so​ci​e​da​de bra​si​ lei​ra. Um claro ataque do general golpista a Lula, uma defesa das arbitrariedades do judiciario contra o candidato petista, principal liderança popular do pais. Villas-Bôas também demonstrou apoio a Bolsonaro, o candidato da extrema-direita, repudiando o suposto atentado ocorrido contra o candidato fascista. Apesar de falar de defesa da soberania nacional quando se trata de Lula, Villas-Bôas não diz uma palavra sobre a política de entrega total e

completa do patrimônio nacional realizada pelo governo golpista. Ha dois anos os golpistas vêm entregando de bandeja para o imperialismo a indústria nacional e as riquezas do país. A lista é enorme, Petrobrás, pré-sal, Embraer, Eletrobrás, Aquífero Guarani, Correios, isso sem falar nas operações militares norte-americanas na Amazônia. Não seriam esses fatos uma clara violação da soberania nacional? Sobre isso, no entanto, o general Villa-Bôas se cala. Não diz nada também em defesa de seu colega de farda, o almirante Othon Luiz, o pai do programa nuclear brasileiro, preso de maneira completamente arbitrária a mando do imperialismo. Sobre esses ataques ao país, Villas-Bôas e o demais generais se calam revelando a completa subserviência do Exército, de seu alto-comando, aos interesses estrangeiros, dos bancos, dos grandes monopólios, do próprio imperialismo. Villas-Bôas somente se pronuncia para fazer ameaças ao povo brasileiro. Quando fala em violação da so-

berania nacional, na realidade está falando em violação dos interesses golpistas, da direita, da burguesia. O Exército, assim como o Judiciário e as demais instituições agem a favor do golpe. Diante da crescente polarização política, do apoio cada vez maior da população a candidatura de Lula, os militares ameaçam com um golpe militar para calar, censurar, perseguir e torturar o povo, como já fizeram an-

tes na história . Querem impedir por meio da força que o povo se mobilize e derrote o golpe e a destruição de seus direitos. É preciso não se curvar diante da chantagem dos militares golpistas e lutar até as últimas consequências em defesa da candidatura de Lula, de sua liberdade. O único caminho para a derrota da direita é a mobilização revolucionária das massas.

EXTREMA-DIREITA

INTERNACIONAL

General Mourão, vice de Bolsonaro, promete invadir a Venezuela em caso de vitória da extrema-direita

EUA estão por trás das tentativas de derrubar Maduro na Venezuela E

A

ssim como o governo golpista de Michel Temer, o general Hamilton Mourão, vice de Jair Bolsonaro, demonstrou sua total submissão ao imperialismo, prometendo invadir a Venezuela caso seja eleito. Quais são os interesses do Brasil em uma intervenção na Venezuela? Nenhum! A intervenção militar serviria somente para usar os militares brasileiros como bucha de canhão para favorecer o lucro de empresas capitalistas que detém o monopólio do mercado mundial e querem sugar as riquezas (o petróleo!) do povo venezuelano. Isso acaba totalmente com a farsa dos supostos nacionalismo e patriotismo de Jair Bolsonaro e dos militares brasileiros, que no caso de Mourão já demonstrou seu desprezo total pela

cultura nacional e latino-americana, taxando-nos de povo atrasado por conta da mestiçagem entre índios, africanos e europeus portugueses e espanhóis. A ameaça de Mourão acontece ao mesmo tempo que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, quase foi assassinado por meio de um atentado explosivo, e também em que os militares golpistas da Venezuela se reuniram secretamente com representantes dos Estados-Unidos para armar o golpe contra o presidente nacionalista. Desta forma, o Brasil dos golpistas, de Temer, passando por Alckmin, Ciro, Marina até Bolsonaro e os militares não passa de uma sub-sede militar dos norte-americanos, servindo a seus donos quando for necessário. Esse é o patriotismo da extrema-direita.

sta semana, um dos principais órgãos de imprensa do imperialismo norte-americano, o diário The New York Times anunciou uma reunião secreta entre funcionários do governo dos EUA e dissidentes golpistas do Exército venezuelano. Um fato que demonstra que estamos cada vez mais perto de uma invasão militar do imperialismo na Venezuela para atacar o governo nacionalista de Nicolás Maduro, visto que até agora a direita golpista, financiada pelo imperialismo, tem perdido todas as guerras tramadas pelas vias institucionais. Por meio de seu twitter, o chanceler venezuelano Jorge Arreaza denunciou a reunião: “é absolutamente inaceitável e injustificável que funcionários do governo de Donald Trump participem de reuniões para encorajar e promover ações violentas de setores extremistas a fim de atentar contra a democracia venezuelana.” “A Venezuela reitera sua denúncia e condena as contínuas agressões promovidas diretamente pelo governo dos EUA contra o presidente constitucional Nicolás Maduro, democraticamente eleito e reeleito por ampla margem eleitoral em maio deste mesmo ano”, disse ainda. Vale lembrar que, há quase um mês, um atentado à bomba foi promovido

contra Madurohá, no qual o presidente venezuelano saiu ileso, mas que demonstra o clima de terrorismo do imperialismo contra o líder nacionalista. Isso sem mencionar todas as ofensivas terroristas de grupos paramilitares colombianos e a sabotagem econômica exercida pela burguesia para criar um clima de crise no país, por meio de lock-outs e boicote na distribuição de produtos essenciais. Até agora, Maduro tem reagido e vencido as ameaças imperialistas. A expropriação de fábricas paradas, o armamento de milícias populares e as políticas de reação tem sido bem sucedidas para deter o avanço dos golpistas. Entretanto, o aprofundamento da crise do imperialismo está levando à concretização de uma invasão militar estrangeira na Venezuela, ao estilo do que aconteceu no Iraque e na Líbia.


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