Edição Causa Operária nº5400

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SEXTA-FEIRA, 14 DE SETEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5400

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DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

Não podemos nos render aos golpistas: Haddad não é Lula!

Causa Operária Ediçao 1021 SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 1979 • REVOLUÇÃO, GOVERNO OPERÁRIO E COMUNISMO • Nº 1021 • 8 DE SETEMBRO DE 2018 • PREÇO: R$ 2,00 • SP: R$1,00 www.causaoperaria.org.br

Ano 39 • Distribuição nacional

CONTRA A VIOLAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO

IR COM LULA ATÉ O FIM

Um desastre nacional, um atentado contra todo o povo e sua cultura Leia mais na pág.2

Só a mobilização pode impedir a fraude

MP tucano, em campanha eleitoral, denuncia Haddad: não há acordo possível com a direita

Leia mais na pág.2

Leia mais na pág.2

JUÍZA FASCISTA DEFENDE “DIREITOS HUMANOS” DE POLICIAIS E ABSOLVE PMS QUE MATARAM CRIANÇA DE 10 ANOS

“FACADA” EM BOLSONARO:

O “11 DE SETEMBRO” DOS GOLPISTAS Página 3

NÃO BASTA AUMENTO DE 16,38%, JUÍZES QUEREM MANTER AUXÍLIO MORADIA Página 3

Protesto gigante na Cinelândia por Museu Nacional expressa rejeição popular aos golpistas Página 5

Bando dos Quatro nos Correios assinam definitivamente o ataque ao plano de saúde Página 6 Mães encarceradas: só 3,5% de presas que poderiam receber indulto foram soltas Página 7 Fracasso neoliberal: sob Macri, Argentina vive destruição da moeda nacional e saques a supermercados Página 8 Herança perdida: 13 artefatos dos 18 milhões Por dentro da NED, perdidos no incêndio do organização que dá golpes em eleições em Museu Nacional Página 5 todo o mundo Página 8

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CONTRA O DELÍRIO ELEITORAL: CONCENTRAR ESFORÇOS NA LUTA CONTRA O GOLPE E PELA Haddad não é Lula! E pra que serve esta afirmação? Justamente para que os militantes que estão lutando contra LIBERDADE DE o golpe de Estado no Brasil, desde 2015, não se iludam que a substituição do candidato do PT a presidente da ReLULA pública, trocando Lula por Haddad terá o mesmo significado na luta contra os golpistas.

Judiciário na ponta da Não será pelas baioneta: generais tiraram Lula das eleições e agora eleições que o povo voltará ocupam o STF

Contra o delírio eleitoral: concentrar esforços na luta contra o golpe e pela liberdade de Lula

Por João Silva

“No meu governo”, diz Boulos: capitalistas não serão machistas

COLUNA

a “ser feliz de novo”

O anúncio do PT de que Lula não será mais o candidato do partido ao cargo de presidente da República foi recebido por muitos dentro e fora do PT como uma festa. A substituição de Lula por Haddad foi comemorada por petistas favoráveis ao “Plano B” e por golpistas de todos os matizes, da imprensa capacho do imperialismo, Rede Globo, Estadão, pelo judiciário e militares.

Já não é mais possível ocultar que os militares ocupam cada vez mais espaços importantes na vida política nacional. Constitucionalmente, os representantes da caserna estão im-

pedidos de falar e emitir opiniões sobre política. No entanto, como é do conhecimento ostensivo do conjunto da sociedade, o que menos importa neste caso é a legalidade.

Bolsonaro bate continência para bandeira dos EUA: emocionado, Trump liga para saber da saúde de seu capacho

Em poucas horas, o que já se dava de forma mais discreta, veio à tona sem pudores. O anuncio de desistência da candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, a maior liderança popular do País, por parte da direção do PT, realizado na última terça (dia 11), deu lugar a uma onda de baixaria e vale tudo eleitoral, por um lado, e de um eleitoralismo explícito e dominado por profundas ilusões, por outro.

Mesmo sob ataque da direita, Venezuela não vai cortar energia das pessoas pobres e trabalhadoras de Roraima


2 | EDITORIAL EDITORIAL

Contra o delírio eleitoral: concentrar esforços na luta contra o golpe e pela liberdade de Lula

E

m poucas horas, o que já se dava de forma mais discreta, veio à tona sem pudores. O anuncio de desistência da candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, a maior liderança popular do País, por parte da direção do PT, realizado na última terça (dia 11), deu lugar a uma onda de baixaria e vale tudo eleitoral, por um lado, e de um eleitoralismo explícito e dominado por profundas ilusões, por outro. Da direita, como era previsível veio uma nova onda de ataques, contra o PT, Lula, o PT e seu substituto. Como de costume, além de seus veículos próprios os golpistas se valeram do “fogo amigo”, de estelionatários políticos, como o presidenciável Ciro Gomes que, depois de tentar – sem sucesso – se colocar como o “candidato da esquerda” (inclusive com público apoio de golpista. da TV Globo como Merval Pereira e Miríam Leitão, que o anunciaram como a “melhor opção da esquerda”) e de encontrar dificuldades (ao menos por hora) na busca de se consolidar como o candidato preferencial da direita, com entendimentos com o DEM, militares e outros golpistas, resolveu voltar à carga contra Lula e seus companheiros.

Ciro, que elogiou o TRF-4 pela “celeridade”com que julgou e condenou Lula, em um processo fraudulento, sem provas; que disse que Lula não era preso político etc. agora, declarou que Lula “está fora da realidade”, só faltando anunciar a sua decrepitude. Justamente, por ser Lula – assim como todo o povo trabalhador brasileiro – vitima do regime golpista do qual Ciro quer ser o continuador da obra de Temer e quadrilha consorciada. De outra parte, ainda que citando Lula para colher dividendos eleitorais, setores da esquerda fora tomados de uma verdadeira febre eleitoral, buscando anunciar que as eleições estaria “no papo”, que “Haddad vai ganhar no primeiro turno”etc. De tal forma que apresentam a situação como se o afastamento de Lula, ao invés de um problema, teria sido uma solução. Ao contrário do povo, que reconhecem em Lula uma liderança na luta contra o golpe e contra a ofensiva do atual regime, para alguns outrora declarados apoiadores de Lula, a situação teria aberto uma janela de oportunidades, para uma vitória da esquerda, para uma “nova liderança”, depois de um operário, de uma mulher, agora….

Tal conduta de alguns setores da esquerda, desconsidera a realidade, na qual a direita se fortaleceu com a cassação de Lula e a capitulação da maioria da esquerda. Ignora ou oculta o fato de que assim como não foi possível derrotar a primeira fase do golpe, o impeachment comprado da presidenta Dilma Rousseff, como não se deteve a condenação, prisão e cassação de Lula, feitas por cima da Constituição Federal e da declarada vontade da maioria do povo brasileiro, tudo isso porque não houve vontade política das direções de ultrapassar os estreitos limites das instituições golpistas (como o Congresso e o judiciário), também não é possível imaginar seriamente que a direita assistirá impassível à vitória de um candidato da esquerda que, nem de longe, possui a liderança política sobre as organizações dos explorados que tem Lula. Esse delirio, além de mostrar uma adaptação à pressão da direita golpista, que vê com bons olhos que suas vítimas em todos esses últimos episódios acreditem que vão se dar bem em eleições por ela controladas, mostra o predomínio da politica dos defensores do “plano B” que estavam contidos em sua política de sair à caça do voto a qualquer custo

para garantir seus cargos e interesses que não serviram para barrar a ofensiva da direita nos últimos anos. Como assinalou o companheiro, Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, em sua conta no Twitter, no dia 12: “Se diante do golpe contra Dilma e condenação e prisão de Lula tivéssemos 10% da campanha eleitoral de Fernando Haddad que está apenas hoje na rede, com certeza teria havido algum resultado. Sem falar na agressividade e tentativa de calar todos que denunciam o golpe ocorrido ontem”. A febre eleitoral está acima dos 40 graus. A tarefa do ativismo classista é manter os pés no chão, a serenidade diante da realidade e não perder o foco na luta fundamental na etapa atual, a luta contra o golpe e pela liberdade de Lula, que não pode ser vencida por meio de uma mera campanha eleitoral. Para esse setor as eleições devem servir como uma tribuna de luta para fortalecer a denuncia do golpe, a fraude das eleições sem Lula e para organizar a partir dos comitês de luta, das organizações dos explorados a devida reação, nas ruas, por meio da mobilização popular, que passe por cima das ilusões e dos delírios.

COLUNA

Não será pelas eleições que o povo voltará a “ser feliz de novo” Por João Silva

O

anúncio do PT de que Lula não será mais o candidato do partido ao cargo de presidente da República foi recebido por muitos dentro e fora do PT como uma festa. A substituição de Lula por Haddad foi comemorada por petistas favoráveis ao “Plano B” e por golpistas de todos os matizes, da imprensa capacho do imperialismo, Rede Globo, Estadão, pelo judiciário e militares. Para quem enxerga de fora desse clima festivo parece que o anúncio do “Plano B” do PT acabou com todos os problemas anteriores. A euforia com que Haddad foi recebido como, finalmente, o candidato a presidente pelo PT elevou o grau de ilusão com as eleições que a esquerda pequeno burguesa já tem normalmente. A questão é que não é porque estamos em período eleitoral que o golpe não existe mais, que as arbitrariedades do judiciário cessaram, que as manipulações da imprensa golpista acabaram e, principalmente, a amea-

ça constante e violenta por parte das Forças Armadas se transformaram em paz e amor. A eleição nao é a solução. O mundo não começou agora. A eleição não vai fazer o “Brasil Feliz de Novo” como os petistas entorpecidos pela “magia das eleições”. É Preciso lembrar que há quatro anos a presidenta deposta Dilma Rousseff foi eleita com a maioria dos votos, 54,5 milhões de votos. E estes votos do povo trabalhador brasileiro não foram respeitados. Os militares não aceitam a eleição, o TSE não respeita a eleição, a Rede Globo não respeita a eleição, etc. Aceitar o “Plano B” imposto pelos golpistas, deixar Lula de lado, e entrar no jogo das eleições é entorpecer a luta contra o golpe, é minar a resistência. Os trabalhadores precisam estar conscientes do que está de fato acontecendo, quanto mais consciente, mobilizado e preparado para lutar o povo pode reagir e derrotar a direita. Não vai ser por meio das eleições.

FRASE DO DIA

“A substituição do Lula pelo Haddad é uma derrota. E é difícil acreditar que de derrota em derrota caminhamos para a vitória” Rui Costa Pimenta


NACIONAL| 3

PLANO B

Não podemos nos render aos golpistas: Haddad não é Lula! H

addad não é Lula! E pra que serve esta afirmação? Justamente para que os militantes que estão lutando contra o golpe de Estado no Brasil, desde 2015, não se iludam que a substituição do candidato do PT a presidente da República, trocando Lula por Haddad terá o mesmo significado na luta contra os golpistas. Em primeiro Lugar, Lula está preso há mais de 160 dias justamente porque é a única pessoa que pode colocar o controle dos golpistas sob as eleições a perigo. Em segundo lugar, Lula é uma representação legítima da classe operária, nasceu na seca do Nordeste brasileiro, na cidade de Garanhuns, Pernambuco, e veio cedo para São Paulo, onde também começou a trabalhar cedo nas fábricas automobilísticas de São Bernardo dos Campos, região próximo a capital do Estado de São Paulo. Já Fernando Haddad é professor universitário, não tem relação com o movimento operário, no máximo com o movimento estudantil. Lula é um líder operário, reconhecido mundialmente, por mais de 40 anos, enquanto Haddad só surgiu na política nos últimos anos, e pelas mãos do próprio Lula.

Outra questão importante é que os votos de Lula não vão ser transmitidos automaticamente para Haddad, ainda mais porque estamos em um golpe de Estado, onde a imprensa cartelizada é usada para atacar os inimigos dos golpistas. Foi assim que se deu as eleições da prefeitura de 2016, onde Haddad, mesmo com o apoio de Lula e com o controle da prefeitura de São Paulo, não conseguiu sua reeleição, nem mesmo conseguiu ir para o segundo turno.

Mas, mesmo que na hipótese muito remota de Haddad ganhar as eleições (uma vez que os golpistas não fizeram todo tipo de irregularidade jurídica para impedir Lula de concorrer para deixar Haddad ganhar), Lula não terá controle sob os atos de Haddad. Em entrevista aos jornalistas golpistas da Globo News, Haddad sequer afirmou que irá tirar Lula da cadeia. Quando perguntado se ganhando as eleições, iria libertar Lula, Haddad não

respondeu a pergunta e afirmou que o próprio Lula disse não querer sair da cadeia pelas mãos do presidente eleito, mas através da comprovação de sua inocência. Ou seja, a resposta de Haddad assemelha-se muito as afirmações feitas pelo “candidato abutre” Ciro Gomes do PDT que para ser aceito pelos golpistas como um futuro presidente do país, começou a dizer que a prisão de Lula é um problema do poder judiciário brasileiro. A luta contra o golpe tem que continuar e agora muito mais, pois o golpe mostrou que com a impugnação da candidatura de Lula sendo feita pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob a ameaça dos militares, só poderá ser derrotado pela mobilização popular nas ruas. A substituição da candidatura de Lula por Haddad é frágil e só servirá para facilitar a manipulação eleitoral dos golpistas, a fim de apresentar um presidente eleito com uma suposta autoridade política vindo das urnas, a fim de que possa aprovar medidas golpistas que foram paralisadas no governo golpista de Michel Temer, justamente pela falta de sua legitimidade no cargo.

JUDICIÁRIO NA PONTA DA BAIONETA

Generais tiraram Lula das eleições e agora ocupam o STF J

á não é mais possível ocultar que os militares ocupam cada vez mais espaços importantes na vida política nacional. Constitucionalmente, os representantes da caserna estão impedidos de falar e emitir opiniões sobre política. No entanto, como é do conhecimento ostensivo do conjunto da sociedade, o que menos importa neste caso é a legalidade. Afinal o regime político civil constitucional pós ditadura nunca foi além de um pálido verniz passado por cima das instituições erguidas sob a batuta dos militares. A “democracia” brasileira nunca foi além de uma tênue folha de parreira que mal dá para encobrir o verdadeiro domínio que os quartéis sempre exerceram sobre o regime político e o conjunto das instituições civis nacionais. A história recente da vida política do país atesta que os militares e as forças armadas sempre foram o fiel da balança nos momentos mais decisivos e importantes do Brasil. Os militares, na verdade, nunca saíram de cena, sejam como protagonistas diretos ou na condição de tutores do poder civil. Mais recentemente, esta situação alcança o seu ponto de ebulição máxima a partir do golpe de estado de 2016, desde quando os militares fizeram a “transição” para os civis em 1985, com o advento da Nova República. Por uma ironia qualquer do destino o primeiro presidente civil pós era dos homens de farda foi exatamente um serviçal da ditadura,

presidente do partido (PDS) que dava sustentação ao regime dos generais, ninguém menos do que a figura patética do senhor José Sarney. Passando por cima de toda e qualquer legalidade constitucional, a verdade é que os militares estão se tornando cada vez mais protagonistas da cena política nacional, ocupando funções de alta relevância dentro do aparelho de estado. Isso fica patente não só nas declarações que vem sendo dadas por oficiais de alta patente da principal arma das FFAA, o Exército, mas principalmente pela presença no desempenho de funções que, em tese, deveriam ser de competência exclusiva do poder civil. Em fevereiro deste ano as forças Armadas foram chamadas a intervir militarmente no segundo estado mais importante da federação, o Rio de Janeiro, supostamente para combate ao tráfico e realizar a segurança da população. O que se viu nesses sete meses, contudo, foi não só a mais completa ausência de controle sobre o tráfico, como o aumento exponencial da violência contra a população pobre e explorada das comunidades ocupadas pelos militares. Netas eleições, a presença de vários militares concorrendo a cargos eletivos é um indicador seguro da militarização cada vez maior da sociedade. O caso que ilustra de forma mais clara a tentativa dos representantes dos quartéis em se impor na vida nacional diz respeito ao General Hamilton Mou-

rão, que concorre ao cago de vice-presidente na chapa do presidenciável de extrema direita Jair Bolsonaro, que é neste momento o segundo colocado nas pesquisas de opinião para ser o vitorioso nas eleições de outubro. Mourão é o mesmo general que ameaçou o país em setembro do ano passado, quando disse que as forças armadas poderiam intervir para “evitar o caos e restabelecer a normalidade das instituições, ameaçadas pela radicalização”. Ou seja, uma declaração sem meias palavras de que estaria em curso um golpe militar no país. Os episódios que se sucederam ao longo dos últimos 3 anos, em que se concretizou o golpe de estado no país, com a deposição do governo eleito em 2014, chefiado pela candidata do partido dos trabalhadores, dão a exata medida da interferência direta dos militares nos acontecimentos, pois foram os quartéis que avalizaram a escalada do golpe contra a presidente Dilma Rousseff. No que diz respeito ao processo igualmente fraudulento contra o ex-presidente Lula, que culminou com o seu encarceramento em abril deste ano, as forças Armadas endossaram todas as medidas arbitrárias e ilegais contra Lula e o PT. No episódio mais escandaloso, o comandante das forças armadas, general Villas Boas, colocou as baionetas diretamente sobre o Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento de um pedido de habeas corpus em

favor do ex-presidente. Os ministros do STF negaram o pedido da defesa de Lula, pressionados diretamente pelas declarações e ameaçadoras de Villas Boas na noite do dia anterior à apreciação da matéria pela Suprema Corte. Neste momento agora o mesmo Supremo Tribunal Federal irá ter como novo presidente o ministro Dias Toffoli, que sucederá a desprezível Carmen Lúcia no comando da Suprema Corte. Toffoli já anunciou que convidará o general da reserva Fernando Azevedo, ex-chefe do Estado-Maior do Exército, para assessorá-lo na presidência do STF. É a confirmação, de forma explícita, direita e sem reservas de que as instituições da “democracia civil” já não respiram mais por aparelhos constitucionais, legais, mas pelas baionetas dos generais. A instituição que deveria, em tese, zelar e preservar pela garantia da ordem constitucional e da legalidade no país, terá um representante de alta patente das FFAA em suas fileiras, sabe-se lá fazendo o que. Na verdade, sabemos bem o que um general estará fazendo no STF. Exatamente a mesma coisa que todos os outros generais vem fazendo país afora: ameaçando e dando ultimatos ao país, sempre contra a esquerda e seus representantes, colocando a faca no pescoço do país e expandindo cada vez mais a ditadura dos quartéis, que é o que vem sendo imposto ao país.


4| NACIONAL

CONTRA O DELÍRIO ELEITORAL

Concentrar esforços na luta contra o golpe e pela liberdade de Lula E

m poucas horas, o que já se dava de forma mais discreta, veio à tona sem pudores. O anuncio de desistência da candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, a maior liderança popular do País, por parte da direção do PT, realizado na última terça (dia 11), deu lugar a uma onda de baixaria e vale tudo eleitoral, por um lado, e de um eleitoralismo explícito e dominado por profundas ilusões, por outro. Da direita, como era previsível veio uma nova onda de ataques, contra o PT, Lula, o PT e seu substituto. Como de costume, além de seus veículos próprios os golpistas se valeram do “fogo amigo”, de estelionatários políticos, como o presidenciável Ciro Gomes que, depois de tentar – sem sucesso – se colocar como o “candidato da esquerda” (inclusive com público apoio de golpista. da TV Globo como Merval Pereira e Miríam Leitão, que o anunciaram como a “melhor opção da esquerda”) e de encontrar dificuldades (ao menos por hora) na busca de se consolidar como o candidato preferencial da direita, com entendimentos com o DEM, militares e outros golpistas,

resolveu voltar à carga contra Lula e seus companheiros. Ciro, que elogiou o TRF-4 pela “celeridade”com que julgou e condenou Lula, em um processo fraudulento, sem provas; que disse que Lula não era preso político etc. agora, declarou que Lula “está fora da realidade”, só faltando anunciar a sua decrepitude. Justamente, por ser Lula – assim como todo o povo trabalhador brasileiro – vitima do regime golpista do qual Ciro quer ser o continuador da obra de Temer e quadrilha consorciada. De outra parte, ainda que citando Lula para colher dividendos eleitorais, setores da esquerda fora tomados de uma verdadeira febre eleitoral, buscando anunciar que as eleições estaria “no papo”, que “Haddad vai ganhar no primeiro turno”etc. De tal forma que apresentam a situação como se o afastamento de Lula, ao invés de um problema, teria sido uma solução. Ao contrário do povo, que reconhecem em Lula uma liderança na luta contra o golpe e contra a ofensiva do atual regime, para alguns outrora declarados apoiadores de Lula, a situação teria aberto uma janela de oportunidades, para uma vitória da

esquerda, para uma “nova liderança”, depois de um operário, de uma mulher, agora…. Tal conduta de alguns setores da esquerda, desconsidera a realidade, na qual a direita se fortaleceu com a cassação de Lula e a capitulação da maioria da esquerda. Ignora ou oculta o fato de que assim como não foi possível derrotar a primeira fase do golpe, o impeachment comprado da presidenta Dilma Rousseff, como não se deteve a condenação, prisão e cassação de Lula, feitas por cima da Constituição Federal e da declarada vontade da maioria do povo brasileiro, tudo isso porque não houve vontade política das direções de ultrapassar os estreitos limites das instituições golpistas (como o Congresso e o judiciário), também não é possível imaginar seriamente que a direita assistirá impassível à vitória de um candidato da esquerda que, nem de longe, possui a liderança política sobre as organizações dos explorados que tem Lula. Esse delirio, além de mostrar uma adaptação à pressão da direita golpista, que vê com bons olhos que suas vítimas em todos esses últimos episódios acreditem que vão se dar

bem em eleições por ela controladas, mostra o predomínio da politica dos defensores do “plano B” que estavam contidos em sua política de sair à caça do voto a qualquer custo para garantir seus cargos e interesses que não serviram para barrar a ofensiva da direita nos últimos anos. Como assinalou o companheiro, Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, em sua conta no Twitter, no dia 12: “Se diante do golpe contra Dilma e condenação e prisão de Lula tivéssemos 10% da campanha eleitoral de Fernando Haddad que está apenas hoje na rede, com certeza teria havido algum resultado. Sem falar na agressividade e tentativa de calar todos que denunciam o golpe ocorrido ontem”. A febre eleitoral está acima dos 40 graus. A do ativismo classista é manter os pés no chão, a serenidade diante da realidade e não perder o foco na luta fundamental na etapa atual, a luta contra o golpe e pela liberdade de Lula, que não pode ser vencida por meio de uma mera campanha eleitoral. Para esse setor as eleições devem servir como uma tribuna de luta para fortalecer a denuncia do golpe, a fraude das eleições sem Lula e para organizar a partir dos comitês de luta, das organizações dos explorados a devida reação, nas ruas, por meio da mobilização popular, que passe por cima das ilusões e dos delírios.

“SEM NOÇÃO”

NACIONALISMO FALSO

“No meu governo”, diz Boulos: capitalistas não serão machistas C

Bolsonaro bate continência para bandeira dos EUA: emocionado, Trump liga para saber da saúde de seu capacho T

omo verdadeiro “sem noção”, Guilherme Boulos, que participa como candidato do PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade) à presidente da República de uma eleição que os candidatos são escolhidos pelo TSE e pelos militares, já que Lula que é o verdadeiro candidato que o povo quer votar foi barrado por essa gente, participa de todos os debates dizendo que vai ganhar as eleições. Além do ridículo, pois sua candidatura não consegue passar do 1% nas pesquisas, Boulos ainda diz nesses debates e entrevistas que ao ser eleito, irá acabar com o preconceito, a discriminação e a opressão à mulher brasileira através de uma medida burocrática, uma simples canetada. No debate entre candidatos a presidente República da TV Gazeta, o presidenciável Guilherme Boulos, retirou da manga de seu colete uma nova proposta, a sua proposta inovadora para impedir o machismo no tratamento salarial das trabalhadoras mulheres. Segundo Boulos, em seu governo, as empresas privadas que pagarem salários rebaixados às mulheres, que exercem as mesmas funções que os homens, não puderam participar de licitações públicas. Ou seja, terão fechados os acessos ao dinheiro público aos grandes capitalistas machistas.

Boulos só liberará verba pública para capitalistas que respeitem a igualdade entre as mulheres e homens. Depois da proposta eleitoral de Ciro Gomes de perdoar todos os cidadãos que estão inadimplentes, com nome “sujo” no Serasa ou no SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), a proposta de Boulos de impedir que os capitalistas sejam machistas é a que causa mais risada. Guilherme Boulos, é o candidato da esquerda que serve como uma luva para as pretensões golpistas de apresentarem a eleição como democrática, onde todos podem concorrer e vencer a eleição, e nesse clima, Boulos como coadjuvante das eleições, brinca de candidato que tem propostas, sem levantar em nenhum momento em sua campanha que o Brasil está em meio a um golpe e o principal candidato, Luiz Inácio Lula da Silva foi barrado arbitrariamente nas eleições.

em que ser muito desavisado para acreditar no discurso “nacionalista” da direita. Enquanto nossos juízes e a polícia federal trabalham sob a orientação das agências de segurança dos EUA, Jair Bolsonaro, do Partido Socialista Liberal (sic), de extrema direita, bate continência para a bandeira norte-americana, num gesto que não foi sem contrapartida. Nesta segunda-feira, dia 10, uma porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, relatou que um membro de governo do presidente Donald Trump teria contatado a família do candidato à Presidência pelo PSL, após o atentado sofrido na quinta-feira (6) da semana passada em Juiz de Fora, Minas Gerais. Mas como justificar tal interesse americano pelo estado de saúde do controvertido candidato, apologeta da violência redentora ? Apesar de se dizer, de forma demagógica, protetor da família e da pátria, sob os olhos de Deus, Bolsonaro, que tinha um apartamento só para “comer gente” e já se casou 3 vezes, não vê nenhum problema em fazer concessões à exploração

da Amazônia pelo capital externo. A “Amazônia não é nossa”, já disse publicamente, tendo proposto a abertura da região para exploração. “Aquilo é vital para o mundo”, disse, segundo o jornal “El país” de 18 de maio deste ano. E afirmou: “A Amazônia não é nossa e é com muita tristeza que eu digo isso, mas é uma realidade e temos como explorar em parcerias essa região”. O “nacionalismo falso” de Bolsonaro, como se pode facilmente perceber, é pois legítimo herdeiro do “nacionalismo” igualmente fajuto da ditadura militar de 1964. Ou seja, só um efeito de retórica, que mal dissimula o entreguismo real. O candidato fascista, que há 3 anos ameaça a população pobre com seu lema de que “bandido bom é bandido morto”, e que convalesce hoje de uma facada, extraiu seu capital político com base na intimidação e na demagogia barata. No entanto, mostra-se passivo como um cordeirinho sob o olhar do Tio Sam. Bolsonaro, com toda sua arrogância e brutalidade aparente, na verdade, não passa de um capacho dos Estados Unidos.


NACIONAL| 5

VENEZUELA

Mesmo sob ataque da direita, Venezuela não vai cortar energia das pessoas pobres e trabalhadoras de Roraima A

pós reunião com o governo venezuelano nesta terça-feira, dia 11, o ministro golpista da defesa Joaquim Silva e Luna, afirmou que o governo de Nícolas Maduro não irá cortar o fornecimento de energia elétrica ao estado de Roraima. Atualmente, 85% da energia consumida por Roraima é importada da Venezuela pelo fato do estado não estar interligado ao Sistema Integrado Nacional, o SIN. Com a violência dos grupos fascistas contra os imigrantes venezuelanos nas cidades de fronteira, de acordo com a imprensa golpista, o governo venezuelano teria ameaçado cortar o fornecimento de energia elétrica ao estado. Tal fato não irá ocorrer. Ou seja,

mesmo sob ataque da direita, com sabotagem econômica, ameaça de intervenção militar norte-americana no país, violência fascista contra os imigrantes venezuelanos, o governo de Nícolas Maduro, taxado de ditador, sanguinário e contra a população pelos órgãos de imprensa da burguesia, irá manter o fornecimento de energia elétrica ao estado de Roraima, garantindo o acesso a luz elétrica para milhares de pessoas. Isso é mais uma demonstração de que a campanha da direita contra o governo de Maduro não passa de uma farsa em nome dos interesses imperialistas, dos EUA, do golpe de estado em mais um país da América Latina.

“CAFÉ DA MANHÃ OFENSIVO”

ESPORTE

O futebol que seria exemplo para o mundo: sete jogadores alemães fazem saudação nazista para foto do time

O

futebol alemão, que se apresenta para o mundo como modelo de organização e eficiência, já pode também se apresentar como representante legítimo e propagandeador do nazismo. Sete integrantes de um clube, o SC 1920 Myhl, que não disputa a bundesliga (divisão principal), fizeram pose para uma foto fazendo a conhecida e odiada saudação nazista. Embora os responsáveis pelo clube sustentem a ideia de ter se tratado de uma “brincadeira”, o fato é que a Alemanha vem se tornando palco de várias manifestações organizadas e lideradas pela extrema direita, todas com exaltação ao nazismo, com demonstração de ódio e intolerância aos imigrantes, sobretudo aqueles oriundos do continente africano. A repercussão do fato – extremamente negativa – acabou fazendo com que os dirigentes do clube recuassem. Os sete jogadores que fizeram a saudação nazista foram expulsos do time. Tudo começou quando o proprietário da loja (Kebab) que patrocina o clube, Engin

Arslan pediu aos jogadores para fazerem “algo engraçado” no momento da foto, o que resultou no gesto de levantar a mao direita. A foto foi parar no Facebook e logo depois retirada, em função do imediato repúdio. Tentando dar uma “ajeitadinha” na situação para minimizar o estrago feito, o presidente do clube Marc Winkens, declarou que “de acordo com as regras do clube, só poderíamos chegar à conclusão de expulsar os membros”. O proprietário da loja que patrocina o clube também foi removido. Engin Arslan dirigiu um pedido de desculpas a todos os ofendidos pelo gesto, assumindo que cometeu um grave erro. A extrema direita vem ganhando cada vez mais espaço em vários países europeus, não só como resultado da gigantesca crise que assola o velho continente, mas fundamentalmente pela incapacidade histórica do capitalismo em oferecer uma perspectiva de superação progressista das enormes contradições do sistema fundado na propriedade privada dos meios de produção.

Arábia Saudita prende egípcio por comer na mesma mesa que uma mulher N

a Arábia Saudita, recentemente um homem foi preso por estar em tomando café da manhã com uma mulher. Na ditadura religiosa, altamente reacionária, da Arábia Saudita, o egípcio foi acusado de estar tomando um “café da manhã ofensivo” com a mulher, pois apareceu em um vídeo sorrindo e contando piadas com sua amiga, com quem estava comendo pão. O egípcio foi acusado de não estar de acordo com as regras do governo saudita que estabelecem uma segregação de gênero para os locais de trabalho. Não bastasse isso, o homem ainda foi acusado de assédio sexual e pode pegar até 5 anos de prisão. No país, homens e mulheres que não são

casados devem se sentar em na mesma mesa, isso sem falar que a convivência em locais públicos, locais de trabalho e restaurante. No Reino da Arábia Saudita, o homem foi preso, ao mesmo tempo em que o príncipe saudita vive na farra, com mulheres, fazendo tudo aquilo que é duramente reprimido em seu país. Esse é o regime reacionário defendido pelo imperialismo, em particular o norte-americano, que propaga a ideia de que seriam defensores da democracia e das mulheres oprimidas. Mas percebe-se que não passam de falácias usadas para invadir os países inimigos, enquanto que os seus serviçais podem fazer qualquer tipo de arbitrariedade.


Sábado musical

Couvert: R$ 10,00

Programação do mês, sempre às 19h 1º sábado: Aninha Batucada e Renato Dias, samba paulista da velha guarda e da nova geração 1º sábado: Renato Dias, samba paulista autoral e da velha guarda 2º sábado: Samba de Canto a Canto, projeto formado por integrantes da velha guarda e da ala musical da Vai Vai

3º sábado: Aninha Batucada, samba autoral e de compositores da nova geração paulista

4º sábado: grupo Sendero, música latino-americana Local: Rua Serranos, 90 - Saúde (próximo ao metrô)


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