SEXTA-FEIRA, 21 DE SETEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5407
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
IMPERIALISMO AVISA: “NOSSO CANDIDATO NÃO É BOLSONARO”
WWW.PCO.ORG.BR
Causa Operária Ediçao 1022
ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO EDITORIAL
A capa de uma das principais revistas do imperialismo mundial, The Economist, deixa claro que o candidato preferido dos grandes monopólios internacionais não é o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro. A revista, logo em sua capa, taxa Bolsonaro como uma ameaça, um presidente desastroso para o país e a América Latina.
Ditadura: golpistas, os donos Sabotagem interna? Bolsonaro manda Mourão da verdade, decidem que tem Fraude sérios e “fakes” eleitoral de e economista pararem de candidatos O Jornal o Estado de São Paulo, um dos expoentes da imprensa golpista, deu a dica do que pode vir a ser mais um caNorte e a Sul fazer campanha pítulo do TSE na perseguição aos partidos políticos no país.
COLUNA
Por João Silva As eleições no Brasil, em si, são uma fraude, um jogo de cartas marcadas, não há dúvidas.
O sangue e a terra de Hamilton Mourão Por João Pimenta
“Vai, milico”? No Youtube, Anitta é “empoderada”; na urna, Bolsonaro? A cantora Anitta vem sendo pressionada por grupos feministas e LGBT a postar a hashtag #EleNão em suas redes sociais – posicionando-se contra a candidatura à Presidência à chapa de Jair Bolsonaro (PSL) e seu vice, Hamilton Mourão (PRTB). A hashtag ganhou popularidade
nas últimas semanas como parte da campanha empreendida pela burguesia contra o candidato de extrema direita, tendo sido impulsionada sobretudo pelo grupo do Facebook Mulheres Unidas contra Bolsonaro, que teria chegado a contar com 2 milhões de membros.
Burguesia do Nordeste contra Bolsonaro: estão a favor de quem?
Voto útil é parte da fraude eleitoral As últimas pesquisas sinalizam claramente que a direita golpista que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e condenou, sem provas, e mantém preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está preparando um novo golpe nas eleições, depois de ter cassado a candidatura do candidato que o povo queria na presidência, violando para isso a Constituição Federal, mais uma vez.
Contra Bolsonaro: declaração do The Economist aparece em todas as capas dos jornais burgueses
2 | EDITORIAL ANÁLISE POLÍTICA DA SEMANA
A
Voto útil é parte da fraude eleitoral
s últimas pesquisas sinalizam claramente que a direita golpista que derrubou a presidenta Dilma Rousseff e condenou, sem provas, e mantém preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está preparando um novo golpe nas eleições, depois de ter cassado a candidatura do candidato que o povo queria na presidência, violando para isso a Constituição Federal, mais uma vez. Trata-se da velha e conhecida tática do “voto útil”, que consiste em induzir, principalmente por meio da divulgação de pesquisas manipuladas, parte do eleitorado a votar em um candidato sem apoio popular real, para – supostamente – evitar a vitória de um candidato apresentado como o “mal maior”, ou até mesmo como a encarnação do capeta. Esse truque já foi usado um sem número de vezes em eleições nacionais e regionais, nas últimas décadas. No final da ditadura militar, por exemplo, depois de derrotar a mobilização popular em favor das eleições diretas, a direita lançou a campanha que era preciso apoiar a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, no Colégio Eleitoral, para impedir a vitória eleitoral de Paulo Maluf, do PDS, partido oficial da ditadura militar. O resultado é
conhecido: a derrota de Maluf com o apoio de certos setores da esquerda, resultou concretamente no governo do ex-presidente do partido da ditadura, isso mesmo do PDS, José Sarney, dando sequência e aprofundando uma série de ataques do regime militar contra o povo brasileiro. Em várias outras oportunidades, a tática do “voto útil” foi usada para dar a vitória a um candidato do grande capital, capacho do imperialismo e defensor da política “neoliberal” contra o povo, supostamente, para impedir a vitoria de um candidato conservador e direitista, mas que – de fato – representava um perigo menor para o povo. Foi assim, por exemplo, que o PSDB conquistou vários mandatos em São Paulo; lançando mão dessa tática para derrotar o PT. Em algumas oportunidades, inclusive, conquistando o apoio do partido ou de algumas alas de sua direção, em favor de verdadeiros carrascos do povo. Agora, o “espantalho” principal da vez, aquele contra quem, supostamente, deveria ser usado o “voto útil” é o candidato reacionário e defensor da ditadura e do golpe militar, Jair Bolsonaro (PSL). Em torno dele, se montou toda uma operação para aprofundar a fraude da vontade popular, em eleições já compro-
COLUNA
Essa operação, não teria como objetivo final dar a vitoria ao próprio Ciro, mas fazer com que Geraldo Alckmin, candidato ainda mais identificado com o regime golpista, presidente do golpe de estado por excelência, 100% à serviço dos interesses do grande capital norte-americano que patrocinou o golpe de estado e dá as ordens – de fato – no regime que está levando a economia nacional à falência e promovendo o maior retrocesso nas condições de vida do povo brasileiro de todos os tempos. Enquanto os votos da esquerda, que se concentrariam em Lula, seriam divididos entre Haddad, Ciro e uma grande leva de votos nulos e abstenções, os votos da minoria conservadora se deslocariam para o candidato capaz de evitar a vitoria do “mal maior”, Bolsonaro, criando-se condições para uma possível vitória do candidato com experiência em privatizações, cortes nos gastos públicos, repressão à luta dos trabalhadores etc. e tudo mais que interessa aos “donos do golpe”, efetivando-se uma fraude eleitoral na qual possa ganhar as eleições um candidato amplamente rejeitado pela maioria da população e apoiado por uma minoria do eleitorado, tal como se deu com João Dória e outros prefeitos, nas eleições passadas.
ANÁLISE
Fraude eleitoral de Norte e a Sul Por João Silva
A
s eleições no Brasil, em si, são uma fraude, um jogo de cartas marcadas, não há dúvidas. Na época tenebrosa da ditadura militar brasileira onde generais mandavam no País por decreto e na marra haviam eleições que eram pura formalidade para eleger os representantes dos generais no poder. Com o fim da ditadura, o voto direto e universal foi restituído e isso não impossibilitou que as fraudes voltassem a acontecer. A histórica eleição de 1989 em que Lula era o favorito disparado foi vencido por um desconhecido promovido pela Rede Globo, Fernando Collor de Mello. As atuais eleições já são de antemão uma fraude, estamos diante de um golpe de estado em que a última a votação da última eleição não foi respeitada pela direita golpista que invalidou o resultado derrubando a presidenta eleita. De forma alguma os golpistas vão entregar o poder nas mãos da esquerda respeitando o processo eleitoral. Toda a perseguição a Lula, antes e depois de sua impugnação, são uma prova disso. Mas a fraude eleitoral não vai se restringir à disputa federal, mas também estadual. Nos três principais
metidas pelo golpe da retirada da candidatura de Lula. A unidade em torno da campanha contra Bolsonaro (“ele não!”), evolve desde setores da esquerda “radical”(a mesma que apoiou o golpe de estado) como o PSTU e setores do PSOL, até o PSDB, passando pelo PT e o PP de Maluf. A manobra consiste, em primeiro lugar, em convencer uma parte do eleitorado de esquerda a apoiar Ciro Gomes, que teria – supostamente – melhores condições de derrotar o candidato petista, de acordo com vários pesquisas. Isso permitiria que parte dos votos que iriam para Lula, que representava nas eleições a rejeição da imensa maioria do povo brasileiro ao golpe de Estado e à sua ofensiva contra o povo trabalhador, fosse desviada para um candidato apoiado por importantes setores do regime golpista e que até poucas semanas antes do golpe de estado, atuava como executivo do vice-presidente golpista da FIESP e presidente da CSN, Benjamin Steinbruch. Assim, Ciro Gomes, o candidato-abutre que buscou desde o primeiro momento tirar proveito da perseguição e prisão de Lula e defendeu que o Brasil não aguentaria um outro governo de esquerda, ajudaria os golpistas a evitar essa “tragédia”.
estados do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a fraude já está se desenhando. Estes são os três principais locais em que a direita não quer, de forma alguma, que o controle do estado esteja fora de suas mãos. Em São Paulo existe uma falsa polarização entre dois representantes legítimos dos golpistas, João Doria e Paulo Skaf. O primeiro um típico representante da direita mais reacionária de São Paulo e o outro ligado diretamente ao setor empresarial, a FIESP, que financiou e promoveu o golpe de estado.
Rui Costa Pimenta: “a realidade é que os golpistas conseguiram mais uma vitória” Dizer os fatos, se eles não são bons, é ser pessimista? Rui, neste trecho do programa Análise Política da Semana, da Causa Operária TV, explica isso e mais. Veja só. “Várias pessoas falaram que nós somos negativos, pessimistas: Vamos restabelecer a verdade dos fatos. O que aconteceu na terça-feira? Os golpistas conseguiram mais uma vitória, impedir que lula fosse candidato. Como eles conseguiram essa vitória? Através da maior série de arbitrariedades que já aconteceu durante o golpe. Mudaram os prazos, impediram Lula de aparecer na televisão, censuraram a propaganda do PT. Começou uma sequência de chantagens cujo objetivo era muito claro: ” abandonem a candidatura se não nós vamos impedir vocês de aparecer, vai ter multa, vai ter perseguição, vai ter isso , vai ter aquilo”… E o PT cedeu. Cedeu a essa chantagem política, foi isso que aconteceu. Não houve nenhuma vitória popular, uma pessoa que fala isso ou está de má fé ou é doida.
A primeira conclusão que a gente tem que tirar é que da maneira como as coisas estão sendo feitas, os direitos democráticos são apenas uma brincadeira, apenas uma piada. A eleição é uma piada. O que fizerem para impedir que o candidato com maior número de votos participasse das eleições, pisoteando os mais mínimos direitos dele, foi uma coisa inacreditável. Inédita. Porque nós falamos que foi uma derrota? porque os golpistas impuseram sua vontade da maneira como quiseram sem nenhuma reação. Não houve nem denúncia! Com exceção nas nossas publicações toda a esquerda está nesse mundo cor de rosa de ácido lisérgico achando que os problemas estão resolvidos. A gente vê que a ala do PT que defendia a candidatura do Lula foi completamente derrotada e a ala direita assumiu o comando das operações com o Haddad e a ideia de que a eleição tá ganha.”
NACIONAL| 3
CONTRA TODOS OS GOLPISTAS
Imperialismo avisa: “nosso candidato não é Bolsonaro” A
capa de uma das principais revistas do imperialismo mundial, The Economist, deixa claro que o candidato preferido dos grandes monopólios internacionais não é o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro. A revista, logo em sua capa, taxa Bolsonaro como uma ameaça, um presidente desastroso para o país e a América Latina. A orientação da revista ligada diretamente ao mercado financeiro e aos grandes capitalistas é clara: Bolsonaro não é o preferido, o candidato do imperialismo continua sendo o tucano Geraldo Alckimin. Para levar adiante a operação de impulsionar o nome de Alckmin, o qual está desde o começo estagnado nas pesquisas, o imperialismo utiliza de uma série de recursos. Um deles é apresentar Bolsonaro como um monstro terrível para o Brasil, para que Alckmin que é tão monstro quanto Bolsonaro possa parecer mais pa-
latável. Para tanto, o imperialismo também utiliza-se das candidaturas artificiais da direita, como Meirelles, Alvaro Dias, Marina Silva e João Amoedo, os quais podem facilmente transferir votos para Alckmin. Outro mecanismo é utilizar da confusão politica da própria esquerda. A campanha apartidária, horizontal, impulsionada na internet, utilizando-se de uma suposta defesa das mulheres, por meio da palavra de ordem “ele não”, também é uma forma de atacar a ameaça Bolsonaro de uma maneira completamente confusa, o que só pode levar ao fortalecimento das candidaturas preferidas da direita, como é o caso de Geraldo Alckmin. A manobra dessa campanha fica clara na participação de figuras ilustres da direita, que sempre tiveram um discurso fascista contra o povo e, agora, de uma hora para outra, começaram a atacar Bolsonaro, é o caso, por exemplo, da
SABOTAGEM INTRNA?
apresentadora Rachel Scherazade. Fato é que o imperialismo é perito nas manobras políticas envolvendo as eleições, principalmente em uma situação de golpe de estado em que se encontra o Brasil. A única saída é
impulsionar a mobilização popular contra todos os golpistas e defender a liberdade do ex-presidente Lula. A única forma de se derrotar o golpe será por meio da luta nas ruas, da mobilização do povo.
CANDIDATO DO GOLPE
Bolsonaro manda Mourão e economista Para os militares, tanto faz passar por pararem de fazer campanha cima de Alckmin ou de Bolsonaro
L
ogo após a facada dada em Bolsonaro, o general Mourão queimou a largada e praticamente deu um golpe na candidatura do capitão, assumindo a dianteira e pleiteando a participação nos debates eleitorais. A intervenção militar do general Mourão causou uma crise essa semana na campanha do candidato do PSL. O capitão fascista mandou, quebrando a hierarquia militar, o general parar de fazer campanha em seu lugar. Ao mesmo tempo a imprensa imperialista internacional lançou um ataque contra Bolsonaro. A capa da revista The Economist dessa semana, ligada aos grandes bancos e aos monopólios empresarias que comandam a economia capitalista e organizaram o golpe no Brasil, apresentou o retrato de Bolsonaro e logo embaixo uma caracterização da candidatura da extrema-direita, como sendo desastrosa e uma ameaça para o Brasil e a América Latina.
A campanha impulsionada nas redes sociais, de caráter apartidário e com colaboração da esquerda-pequeno Burguesa, com a palavra de ordem “Ele não”, também evidencia a operação do imperialismo contra Bolsonaro para favorecer o seu candidato de preferência, Geraldo Alckimin. O que mostra a farsa da campanha é a participação de elementos da direita, inclusive de setores da extrema-direita contra Bolsonaro, como é o caso da apresentadora Rachel Scherazade. Conforme se aproxima a data do primeiro turno, as manobras do imperialismo vão ficando cada vez mais claras no que diz respeito aos seus verdadeiros interesses políticos. Com a impugnação arbitrária da candidatura da principal liderança popular do país, o ex-presidente Lula, o imperialismo aprofunda a sua operação para garantir que o seu candidato vença as eleições.
A
imprensa golpista leva adiante uma campanha de terror no sentido de demonstrar que Bolsonaro é o candidato dos militares e que, caso seja eleito, os militares poderão dar um golpe no país, um autogolpe, no sentido de controlar a situação. É preciso deixar claro, no entanto, que mesmo antes das eleições os militares já estão virtualmente no comando do país. O general Sergio Etchegoyen, na prática é o atual presidente da república, sendo Temer um de seus ministros. No STF, o atual presidente, Dias Toffoli, que foi nomeado pelo PT, colocou como seu assessor um general do Exército, que coloca sob controle o Judiciário. E, por fim, o general Villas-Boas vem a público todas as vezes que algo coloca em risco os interesses do golpe para ameaçar o país. É preciso deixar claro também que Geraldo Alckmin, o candidato preferencial do imperialismo, também é o candidato do golpe militar. Alckmin é o candidato que está diretamente comprometido com os interesses dos grandes bancos e dos monopólios, os quais organizaram e foram a linha de frente no golpe contra Dilma. Alckmin já anunciou que pretende seguir a risca a política do imperialismo e aplicar de maneira integral e acabada a política de terra arrasada, ou seja, as reformas que irão extinguir todos os direitos dos trabalhadores, o corte de todos os investimentos públicos, além de intensificar a política de repressão contra o povo, aprofundar e ampliar em escala gigantesca o que Temer já tem feito. Para realizar essa política totalmente anti-povo, Alckmin terá apoio das forças armadas, que poderão entrar em cena para sustentar o governo e
reprimir por meio da força a reação popular à devastação neoliberal. A imprensa golpista, no entanto, procura passar a imagem de que o candidato do PSDB seria mais “ameno”, mais “pacífico”, ao contrário do monstruoso Bolsonaro. É preciso ter claro que Alckmin representa uma ameaça igual, ou até pior do que Bolsonaro, uma vez que está diretamente vinculado aos setores centrais do capitalismo nacional e internacional. Sua eleição, como pretende o imperialismo, representaria um aprofundamento do golpe contra o povo, da política de repressão e de destruição de todos os direitos da população. Os militares, que já estão no comando da situação política usando Temer como uma fachada, não terão problemas para agir sob a cobertura de Bolsonaro ou de Alckmin.
4| NACIONAL
DITADURA
COLUNA
O sangue e a terra de Hamilton Mourão Por João Pimenta
B
lut und Boden”, sangue e terra, era este o lema do nazismo alemão, a mais agressiva, reacionária, anti popular e, influente, tendência ideológica da direita mundial. Era uma síntese do motivo do nazismo para vir ao mundo, defender o imperialismo alemão, ou seja, os grandes bancos e industriais, a classe dominante na Alemanha, e a “raça dominante”, o alemão “ariano”, seja lá o que fosse isso, contra o judeu, o slavo, o negro, o latino, todas as outras raças. Na alemanha é possível ser reacionário e nacionalista. Pois a Alemanha não é oprimida por ninguém, a nação alemã, isto é, sua burguesia, é mestra do seu próprio destino. No Brasil, nem este pobre raciocínio sobra para a extrema-direita. O general Hamilton Mourão, candidato a vice na chapa presidencial de Jair Bolsonaro, em declarações recentes, deu uma amostra do que é a extrema-direita alemã, a sua defesa do “sangue e solo”. Ele ao comentar a formação racial do Brasil, pôs a culpa de todos os problemas nacionais na herança cultural ibérica, ou seja portuguesa e espanhola, negra e indígena do Brasil, ou seja o problema do Brasil é o seu povo. Bom seria o “ariano” alemão, ou o protestante americano? Ele não explica. Sobre a terra, ele diz que o Brasil não deve fazer negócios com países atrasados, com a África, que ele chama de “mulambos”, mas com os países do “norte”, os imperialistas, como os EUA, e a Alemanha, governada pelos mesmo que financiaram Hitler. É importante notar que o Brasil negocia com os EUA como uma ovelha negocia com o leão, o que Mourão propõe, na prática, é uma submissão do Brasil ao estrangeiro imperialista. A extrema-direita nunca se deu muito bem em países como o Brasil. Todos eles, como Mourão, se dizem nacionalistas, mas sua ideologia mostra o inverso. A ideia de “sangue e terra” de Mourão não é uma versão nacional do fas-
Golpistas, os donos da verdade, decidem que tem candidatos sérios e “fakes” O
cismo europeu e americano, é uma réplica exata dele. Ele defende a raça dominante no Brasil, que não é o brasileiro, negro, mulato ou índio, mas o branco estrangeiro. Ele não defende as fronteiras nacionais, mas defende o interesse da nação estrangeira, pois no Brasil não são os brasileiros que decidem os rumos da nação, é o opressor imperialista, os Estados Unidos por exemplo, com quem Mourão quer “negociar”. Além de ultra reacionários, a extrema-direita brasileira é profundamente entreguista, como pode isso? Porquê ser nacionalista em um País opressor, só pode significar oprimir. A luta dos trabalhadores alemães não é pela defesa da nação alemã, mas pela defesa da povo alemão contra o imperialismo alemão, nisso o povo belga, chinês, brasileiro, são seus aliados, pois o inimigos também é deles. No Brasil, a história é um pouco diferente. Nossa terra é oprimida, então o nacionalismo aqui é progressista, até certa medida, pois é um enfrentamento contra os donos do Brasil. A defesa da “raça superior” é uma utopia reacionária, sempre foi uma maneira de oprimir os mais fracos, e separar o povo, também não cabe no nosso Brasil. O povo brasileiro, no entanto, é obrigado a ver que na luta contra o opressor, o venezuelano é uma camarada de armas, o mesmo para o russo e o cubano, e até para o povo dos EUA e dos outros países imperialistas, estes trabalhadores todos têm um inimigo comum, a burguesia e o imperialismo. A saída não está na nação, na aliança dos povos de todo mundo, não no nacionalismo, mas no internacionalismo. Como os fascistas alemães, Mourão, representa o uso da violência para fazer a vontade da classe dominante, e no Brasil, a classe dominante é estrangeira. Por isso está fadado a ser um capitão do mato brasileiro, que sonha com ter sangue e ser da terra do estrangeiro imperialista.
Jornal o Estado de São Paulo, um dos expoentes da imprensa golpista, deu a dica do que pode vir a ser mais um capítulo do TSE na perseguição aos partidos políticos no país. Segundo levantamento feito pelo Estadão/Broadcast 35% do candidatos aos diferentes cargos na presente eleição na apresentaram movimentação de contas junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conforme estabelecido pelas regras eleitorais. Diante desse quadro, o advogado e ex-ministro do TSE Henrique Neves aventou a hipótese de que pode se suspeitar que se tratam de “candidaturas laranjas”, que teriam sido lançadas apenas para cumprir cotas, como o caso das mulheres. Obviamente que a declaração do ex-ministro vai muito além dessa simples explicação. Recentemente jorna-
listas da Rede Globo de Santa Catarina acusaram o candidato do PCO ao governo daquele Estado, Ângelo Castro, de “fake” por discutir em sua campanha temas nacionais, em particular o eixo da campanha do PCO em torno da luta contra o golpe, pela liberdade de Lula e naquele momento por Lula presidente e não os temas locais, a velha demagogia de todas as eleições. O TSE, no entanto, não deveria ter o direito de decidir sobre o que é uma candidatura verdadeira ou não. De acordo com a Constituição, os partidos são órgãos da cidadania, ou seja, privados, eles devem escolher os candidatos que quiserem, e o povo eleger os candidatos que quiser, isso é a democracia. Quando um tribunal decide quais o que é sério ou não, na eleição, quando o Estado começa a controlar os partidos e não o inverso, é uma ditadura.
CANDIDATURAS BURGUESAS
Burguesia do Nordeste contra Bolsonaro: estão a favor de quem? A
s contradições no seio das principais candidaturas burguesas às eleições gerais de 2018 expressam, de forma clara, a aguda crise do regime político dominado pelos golpistas. As principais candidaturas do campo burguês-conservador-direitista já naufragaram ou estão muito próximas disto, revelando de forma inequívoca a enorme polarização vivenciada pelo país. Chama a atenção neste momento uma particularidade que vem ocorrendo no Nordeste do país. Nesta região o ex-presidente Lula é disparado o preferido do eleitorado, mesmo após ter sido impedido pelos tribunais golpistas de concorrer como candidato do seu partido, o PT. Em quase todos os estados da região Lula ostenta mais de 60% das intenções de voto, em alguns casos chegando a mais de 70%. Esses números favoráveis ao ex-presidente, somados a outros fatores, vêm causando divisões e fraturas entre os setores burgueses da região, o que tem levado alguns representantes das velhas oligarquias locais a se manifestarem. O direitista ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador e coordenador de campanha do náufrago tucano Geraldo Alckmin na região está neste momento atacando a candidatura de Jair Bolsonaro, candidato representante da extrema-direita que concorre pela legenda do PSL à presidência. O herdeiro do “carlismo” declarou recentemente que “está evi-
dente que Bolsonaro não tem projeto para o País e as coisas ali são feitas na base do improviso” (O Antagonista, 20/9). A campanha de Bolsonaro tem agenda marcada nos próximos dias para o Nordeste, onde irão tentar subtrair votos da candidatura do PT e, obviamente, também do candidato Alckmin, o que por certo despertou a ira do prefeito da capital baiana. Em outro episódio também ocorrido recentemente, o PSB expulsou da legenda a prefeita da cidade de Panelas-PE, Joelma Campos, em retaliação às declarações da chefe do excecutivo municipal de apoio a Jair Bolsonaro e ao candidato do PTB ao governo, Armando Monteiro, adversário de Paulo Câmara (PSB) ao executivo de Pernambuco, que concorre à reeleição com o apoio do PT, num processo que traumatizou a legenda petista no Estado. Fica a pergunta: O que busca exatamente uma fração da burguesia nordestina ao atacar o candidato da extrema-direita? Tentar uma última cartada para fazer crescer, na região, a candidatura do anêmico Alckmin?
NACIONAL| 5
#ELENÃO
“Vai, milico”? No Youtube, Anitta é “empoderada”; na urna, Bolsonaro?
A
cantora Anitta vem sendo pressionada por grupos feministas e LGBT a postar a hashtag #EleNão em suas redes sociais – posicionando-se contra a candidatura à Presidência à chapa de Jair Bolsonaro (PSL) e seu vice, Hamilton Mourão (PRTB). A hashtag ganhou popularidade nas últimas semanas como parte da campanha empreendida pela burguesia contra o candidato de extrema direita, tendo sido impulsionada sobretudo pelo grupo do Facebook Mulheres Unidas contra Bolsonaro, que teria chegado a contar com 2 milhões de membros. Desde então, a imprensa burguesa amplificou a campanha em todos os seus meios. A revista inglesa The Economist estampou uma foto de Bolsonaro em sua capa com a manchete: “Bolsonaro presidente: a mais recente ameaça da América Latina”. A manobra, anunciada em alto e bom som pela direita, é clara: como Bolsonaro lidera as pesquisas após a retirada de Lula, a campanha visa a puxar mais votos da direita para um candidato mais alinhado ao establishment, e tirar Fernando Haddad (PT) do segundo turno – já que Ciro Gomes (PDT) não apoiará o petista e manterá a diluição dos votos da esquerda. Com isso, o segundo turno das eleições seria completamente golpista. Em todo caso, o silêncio de Anitta vem sendo interpretado pelos bolsonaristas como um apoio tácito ao militar. A revista Sociedade Militar, por exemplo, chegou a fazer um paralelo entre o caso de Anitta e a proscrição de Wilson Simonal do meio artístico na década de 1970, devido a sua colaboração com a ditadura.
Em seu perfil no Twitter, a cantora afirmou: “É um direito meu não querer opinar sobre política e eu só estou exercendo esse direito”. O perfil de fãs @Siteinfoanitta respondeu: “Aí more eu te amo tanto, te defendo de tudo, mas era só postar um #EleNão e tava tudo bem, mas agora você complicou tudo”. De fato. Os homossexuais e as mulheres são alvos preferenciais da campanha homofóbica e machista da chapa do golpe militar, e a cantora vinha ganhando admiradores nos movimentos LGBT e do feminismo burguês por supostamente desafiar o status quo pelas letras erotizadas de suas canções e por gravar clipes como o de Vai malandra, lançado no final de 2017, em que aparece trajando um biquíni de fita isolante. Houve uma polêmica na esquerda pequeno-burguesa sobre o direito de Anitta de mostrar seu corpo como bem desejasse sem ser desqualificada por isso. A seminudez de Anitta foi então defendida por grupos feministas como “empoderamento” da mulher de periferia. Seria uma expressão da palavra de ordem “meu corpo, minhas regras”. Muito se teorizou sobre o tema então. Houve quem afirmasse que: Desconstruir o pensamento machista é uma atividade que devemos fazer diariamente. […] O que seria uma “normal social”? É simples: nada mais que uma regra socialmente reforçada, que pode afetar o comportamento humano de determinada sociedade. […] O quanto que ela não foi xingada por trabalhar fazendo funk? E para nós (isso eu também incluo a Anitta) desconstruirmos essa regra, precisamos prestar mais atenção e não repetir o machismo. A Anitta fez
isso e agora está muito mais empoderada. E jamais subordinada! Na realidade, o suposto “empoderamento” de Anitta não a tornou – nem a seus fãs – progressista ou responsável do ponto de vista político. Deu de ombros a seus fãs olimpicamente, fechando-se no individualismo. Isso ocorre porque justamente discurso do “empoderamento” individual é de pouca ou nenhuma repercussão política. É apenas um placebo destinado a aplacar as dores de consciência da esquerda pequeno-burguesa em sua capitulação diante do feminismo burguês, segundo o qual a questão da mulher estaria completamente dissociada da luta de classes. A opressão da mulher, e de todas as ditas minorias, é parte constituinte da dominação de classes, e dela não pode ser dissociada. Os negros são discriminados por serem pobres e
para se manterem assim; a mulher é discriminada para ser escravizada no lar, reduzindo o valor geral de sua remuneração; os homossexuais são discriminados por representarem para a classe dominante uma dissolução do núcleo familiar tradicional como ferramenta de dominação – por meio do trabalho doméstico forçado. A emancipação dos mais oprimidos na classe oprimida só pode ser efetivamente revertida por meio de uma mudança material nas formas de produção que condicionam tal opressão. Até lá, as lutas mais concretas não estão no campo dos costumes, mas do atendimento a direitos fundamentais que condicionam concretamente a vida desses grupos, como o direito de todos à opção sexual, o direito das mulheres ao aborto e a creche para seus filhos, que só podem ser atingidos por meio da luta política.
CONTRA BOLSONARO
Declaração do The Economist aparece em todas as capas dos jornais burgueses O periódico imperialista inglês The Economist, um dos principais porta vozes dos especuladores internacionais, dedicou a capa da edição desta semana à situação política brasileira, mais especificamente a atacar o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro. Toda imprensa capitalista nacional reverberou intensamente os alertas do periódico, que é um dos principais missionários do neoliberalismo no mundo. Segundo a revista Britânica, que traz na capa, junto a foto do presidenciável, o seguinte título: “A mais recente ameaça da América Latina”, um possível governo de Jair Bolsonaro seria desastroso ao Brasil e a América Latina. O mote principal para a crítica é o afã ditatorial do candidato de extrema direita, a revista fala, mesmo, em avanço do “populismo”. Bolsonaro teria sabido manipular os
sentimentos nacionais, com sua pregação direitista, diante da crise política, econômica e social prometendo uma salvação, quando na realidade é uma ameaça, que tende a aprofundar essa mesma crise. Ainda que tenha uma orientação neoliberal para a política econômica, a eleição de Bolsonaro tem um forte apreço pela ditadura. Para o The Economist o povo brasileiro estaria tentado pela “saída Pinochet”, ditadura para impor o “livre-mercado”, o que os supostos defensores da democracia não podem aceitar. Evidentemente, que não passa de cinismo, não se trata de defesa da democracia o que move o periódico imperialista a manifestar-se sobre as eleições nacionais. Basta lembrar que foram os mesmo liberais que apoiaram a ditadura de Pinochet, e não apoiaram como implementa-
ram a política econômica que destruiu a economia chilena, isso sob o comando direto do apóstolo Milton Friedman e seus garotos. O próprio The Economist e diversos outros jornais imperialista, como New York Times e Washington Post, etc, saudaram entusiasticamente os resultados do experimento Chile. Além disso apoiaram ditaduras no mundo inteiro, cujo objetivo era abrir os mercados destes países, compararam governos de muitos outros para fazer o mesmo. O que os move é justamente o desenvolvimento do golpe de Estado e os interesses dos especuladores internacionais (o famoso “mercado”). É parte do jogo da burguesia imperialista, seu principal setor vem a público para revelar que não é favorável, nesse momento, a um governo de Bolsonaro, devido a desestabilização
e desmoralização do regime que pode provocar ao mesmo tempo é uma estratagema para impor o seu candidato ao país. A imprensa capitalista nacional e o imperialismo querem erigir Bolsonaro como um candidato “espantalho”, uma chantagem contra o eleitor brasileiro para levá-lo a eleger um candidato que ninguém quer votar, um candidato que será algoz do povo e serviçal do imperialismo, e caso contrário o país cairá nas mãos do ditador Bolsonaro. A eleição é uma farsa completa montada pela burguesia golpista para garantir os interesses dos setores mais poderosos do golpe, o imperialismo mundial, os alertas de The Economist são mais uma tentativa de manipulação e interferência das forças do mercado nos rumos políticos do país.
6 | MOVIMENTOS NEGROS
Nem o negro da campanha de Bolsonaro é brasileiro P
or mais que tente disfarçar, o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro, deixa claro que ao contrário do que apresenta, suas campanhas em nada representam o país e muito menos os brasileiros. Verdadeiramente, representa tudo aquilo que vai contra a população e a massacra. Fato é, que após o suspeito ataque ao fantoche da direita, diferentemente da comoção geral esperada pelo candidato, sua rejeição ficou ainda mais acentuada. Recentemente, vem sendo divulgado um vídeo atribuído como campa-
nha do candidato. No suposto vídeo, em cena, está uma mulher negra e por meio de narração no vídeo, declara-se “Sim, sou mulher negra e vinda de família pobre. Mas não passei procuração para que ninguém fale em meu nome. Há muitos anos me libertei do vitimismo que ainda insistem em me colocar nos ombros”. Esta seria a tentativa, de demonstrar que existe apoio da população negra ao candidato fascista, e principalmente das mulheres. Mas, como tudo na figura de Bolsonaro, o candidato
MORADIA E TERRA
patriota, foi constatado, que o vídeo é de um diretor canadense, assim como a atriz que aparece na filmagem, e que ao contrário do que se apresentou, é uma executiva de uma multinacional. Essa é a verdadeira face do candidato “defensor” do Brasil acima de tudo. Bolsonaro está ao lado do imperialismo norte-americano, a favor do massacre do povo brasileiro, totalmente contrário à soberania nacional. Sua campanha é tão falsa quanto sua defesa do país, portanto cada vez fica mais claro a quem serve o representante da
extrema direita, e que certamente não é o Brasil. Em sua defesa, a advogada de seu filho alegou que não houve nenhum crime eleitoral ou qualquer coisa que comprometesse a campanha do candidato, uma vez que não é um vídeo oficial. Também afirmou que não se tem a obrigação das personagens retratadas vivenciaram na realidade o que estão representando. Resumindo, a defesa de Bolsonaro é: “Não é ilegal mentir ao povo, e nem é ilegal fazer demagogia com a população negra, mesmo sendo racista.”
MULHERES
“Fascismo ecológico”: Mulher que defende a prisão das mulheres: Marina disse que Justiça golpista usa ambientalismo para expulsar vetaria aborto famílias sem-terra N
o município de Limeira, interior do Estado de São Paulo, a justiça expediu reintegração de posse para as centenas de famílias sem-terra que estão ocupando a área do Horto Florestal do Estado. A decisão do juiz da Vara da Fazenda Pública, Rudi Hiroshi Shinen, e a polícia militar do Estado já garantiu que irá cumprir a decisão da justiça. A ação foi movida pelo Ministério Público do Meio Ambiente, que aponta risco de dano ambiental na região. A motivação do ministério público é extremamente cínica, pois todo o Horto Florestal é coberto de vegetação de eucalipto. A decisão é para atacar as famílias do MST que ocupam o local e não para defesa do meio ambiente, que cada vez mais vem sendo utilizada para atacar os movimentos sociais de luta pela terra. Os procuradores não movem um dedo diante dos crimes ambientais cometidos pelo governo do Estado comandado pelos tucanos na
despoluição do rio Tietê, nas obras do Rodoanel e da destruição e contaminação ambiental dos latifundiários do setor de cana-de-açúcar e da laranja. Quando empresas enormes do agronegócio, como a Monsanto, causam desastres ambientais, ou quando empresas como a Samarco causam o desastre de Mariana, juízes ecologicamente corretos e bons samaritanos como este nunca são encontrados. Nesse ultimo período vem crescendo os ataques contra quem luta pela reforma agrária e a desculpa da “defesa” do meio ambiente está sendo utilizada como cobertura de mais repressão e defesa do latifúndio. Contra esses ataques da justiça golpista e a iminência de mais violência realizada pela policia militar é necessário o apoio de setores progressistas, sindicais e de partidos de esquerda para denunciar e defender as famílias que estão prestes a serem jogadas na beira da estrada.
A
ex-ministra e atual candidata a presidência pelo Partido Rede Sustentabilidade, Marina Silva, participou, na última quarta (19), do Fórum “Amarelas ao Vivo”, organizado pela Veja. Lá ela afirmou ser contrária à legalização do aborto, o que representa um ataque direto a todas as mulheres. Quando questionada sobre o tema, disse que, caso a medida fosse aprovada pelo congresso, ela vetaria. O posicionamento de Marina não surpreende. A direitista representa os interesses da burguesia. A política da direita é caracterizada pela prática constante de opressão as mulheres, reforçando a condição de escravização social das mesmas. Para a evangélica, o direito de uma mulher decidir o que julga mais conveniente a sua vida e seu corpo, não vale nada. O que importa é que elas repro-
duzam nova mão de obra ao sistema e que cuidem do lar. Quando questionada sobre outros posicionamentos polêmicos, como conceder indulto ao ex-presidente Lula, Marina afirma que jamais faria isso. Para ela, os candidatos utilizam esse discurso exclusivamente para ganhar votos. Em sua visão, Lula não é um preso político. A candidata também apoia a operação Lava Jato e o “combate à corrupção”. Melhor dizendo, Marina apoia a direita e a criminalização de todos os que não representam os interesses da burguesia. É importante que se tenha a clareza de que a única forma de derrotar o golpe e conceder direitos fundamentais das mulheres é através da mobilização popular. As grandes conquistas obtidas por elas, e por toda classe trabalhadora, de forma geral, foi através das ruas e não das urnas.
MOVIMENTOS| 7 ESPORTES
Cruzeiro é roubado na Libertadores por CBF ter votado contra EUA para sediar a Copa de 2026 E
m partida realizada na quarta-feira entre o time brasileiro do Cruzeiro-MG e os argentinos do Boca Juniors, válida pelas quartas de final da Taça Libertadores, a equipe da capital mineira foi derrotada pelo placar de 2 x 0. O confronto aconteceu no estádio do time argentino, em Buenos Aires, conhecido como “caldeirão” de La Bombonera, onde a pressão da torcida local sempre influencia decisivamente o resultado dos jogos. Vários times brasileiros, em diversas ocasiões, já foram prejudicados pela arbitragem em partidas contra o anfitrião Boca Juniors. O resultado em si da partida pode ser considerado normal, pois é tradicionalmente difícil bater o time argentino em seus domínios, mesmo sem a ajuda da arbitragem. O Cruzeiro, inclusive, tem um time mais qualificado tecnicamente do que o time argentino e é perfeitamente possível a reversão da vantagem do adversário na partida de volta, a se realizar em Belo Horizonte, no Mineirão, casa do time azul celeste. Dentro das quatro linhas a partida foi equilibrada, com o Cruzeiro tendo começado melhor e criado as melhores jogadas de gol. o Boca Juniors, no entanto, foi equilibrando as ações e passou também a ameaçar o gol de Fábio. Os donos da casa chegaram ao primeiro gol ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa o pano-
rama quase não se alterou, com as duas equipes buscando o gol, sendo o Cruzeiro mais incisivo, pois precisava descontar a desvantagem no placar. VAR-GONHA O lance capital e decisivo da partida, contudo, não foi decidido dentro de campo. Aos 24 minutos do segundo tempo, depois da cobrança de um escanteio a favor do time brasileiro, o zagueiro cruzeirense Dedé, na tentativa de cabecear a bola chocou-se de forma acidental com o goleiro argentino Andrada, batendo cabeça com cabeça, sem que houvesse qualquer intenção maldosa no lance. O árbitro paraguaio Eber Aquino foi ao VAR para rever a jogada, viu várias vezes e, para a surpresa de todos, voltou a campo para mostrar cartão vermelho para Dedé. Um verdadeiro escândalo, um absurdo total. Nem mesmo os jogadores do Boca protestaram no lance, entendendo se tratar de uma jogada normal, no máximo um contato mais brusco, o que faz parte do futebol, um esporte de contato. A expulsão do zagueiro do Cruzeiro e também da seleção brasileira gerou protestos veementes de todo o time e também da comissão técnica presente no banco de reservas. O fato é que a expulsão
desestabilizou o time nacional e os argentinos chegaram ao segundo gol aos 36 minutos, dando números finais à partida. A roubalheira escandalosa contra o time brasileiro em Buenos Aires vem confirmar a série de denúncias que fizemos nas páginas da nossa imprensa (digital e impressa) durante a Copa do Mundo da Rússia, onde o árbitro de vídeo (o famigerado VAR) foi usado largamente não para dirimir lances supostamente duvidosos das partidas, mas para exercer o papel de polícia contra as seleções que já estavam antecipadamente marcadas pelos “donos da bola e do mercado” para não ganharem a Copa. Não por acaso o Brasil foi o mais prejudicado pelo VAR no evento mundial, seja por omissão ou por ação do “olho eletrônico”. Não nos esqueçamos que um dia antes – 13 de junho – do início da Copa do Mundo, ocorreu em Moscou o evento que definiria a sede da Copa do Mundo de 2026, com as candidaturas de México, Estados Unidos e Canadá e o Marrocos, país africano, como a outra candidatura para sediar o mundial. Segundo a imprensa esportiva mundial, haveria um acordo entre as confederações dos países membros da Conmebol (entidade que representa o futebol no continente sul-americano) para que todos apoiassem a
candidatura tripla de México, EUA e Canadá como sede em 2026. O Brasil – aparentemente contrariando o “acordo” – votou contra, apoiando a realização do evento no Marrocos, o que teria gerado uma indisposição dos cartolas da entidade sul-americana com os dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na partida de ontem onde o time brasileiro foi “garfado”, uma “coincidência” que não pode deixar de ser registrada. O árbitro que apitou o jogo era paraguaio, portanto, originário do país onde fica a sede da Conmebol. Resumo da ópera: como estamos muito longe de sermos criancinhas inocentes que se divertem alegremente em um jardim de infância, está mais do que claro que o futebol brasileiro está sendo perseguido e retaliado pela máfia que controla o esporte mais popular do mundo. Isso vem ocorrendo bem antes da Copa do Mundo, tendo se intensificado durante o mundial da Rússia, conforme denunciamos de maneira contundente em nossa imprensa. Os times brasileiros e a CBF devem protestar energicamente contra esta verdadeira conspiração e assalto ao melhor futebol do mundo, exigindo o imediato afastamento dos dirigentes da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Roubos a times brasileiros).
É hoje: Análise Internacional debate a Síria, Rússia e Turquia no Oriente Médio
V
ai ao ar na tarde de hoje, às 14h, mais uma edição ao vivo da Análise Internacional com o companheiro Rui Costa Pimenta. O presidente do PCO analisará os últimos acontecimentos envolvendo o Oriente Médio, com destaque para a tensão política que tem como palco a Síria, mas que desnuda a luta da Rússia contra o imperialismo mundial. A situação foi agravada na última semana, quando jatos israelense provo-
caram situação na qual uma aeronave militar russa foi abatida por engano pela artilharia síria. Quinze militares morreram. O ministério da defesa russo denunciou o ocorrido, o que criou um alerta na relação entre os dois países. Em resposta, um ministro de Israel disse que tudo não passou de uma fatalidade. O sionismo é sustentado pelo imperialismo americano, servindo de braço armado deste no Oriente Médio. Assim, seus ataques foram e ainda
são marcantes no conflito sírio. Outra questão a ser analisada pelo companheiro Rui é o efeito do estrangulamento econômico promovido pelos grandes capitalistas contra a Turquia, que vem sendo fator determinante na aproximação deste país com a Rússia. Erdogan, presidente turco, chamou de lobos famintos os norte-americanos e já vem tomando medidas para diminuir a importância da moeda estadunidense no país – instrumento
bastante utilizado para manter todos os países do mundo sob o julgo do imperialismo. A importância das análises de Rui Costa Pimenta – feitas às sextas e aos sábados – se justifica pelo acerto de suas previsões, pela sólida coerência e pela lucidez. O programa voltado aos conflitos internacionais já conta com dezoito edições, explanando, por exemplo, a situação da Venezuela, Israel, Russia e muitas outras.
8| INTERNACIONAL
PERSEGUIÇÃO DO IMPERIALISMO
Le Pen forçada pela Justiça a fazer teste psiquiátrico A
líder do fascismo francês, Marine Le Pen, candidata nas últimas eleições francesas pela Frente Nacional (FN), está sofrendo uma dura perseguição do imperialismo. Diante do crescimento da extrema-direita francesa, totalmente prejudicial para a estabilidade do regime imperialista, o judiciário golpista francês entrou em uma ofensiva contra Le Pen. Um juíz recentemente ordenou que Marine se submeta a um exame psiquiátrico por ter postado em 2015, em sua conta twitter, imagens grotescas do grupo do Estado Islâmico decapitando um indivíduo. A medida desmoralizante nada tem a ver com o conteúdo das imagens reproduzidas pela liderança de extrema-direita. É uma mostra do controle que a burguesia imperialista, e seu setor majoritário que governa o país por meio de Marcon, tem sobre a situação. Trata-se, no entanto, de uma ofensiva que desrespeita totalmente os
direitos de liberdade de expressão do indivíduo. Marine Le Pen tem total direito de compartilhar o que bem lhe entender em sua conta no Twitter, sem por isso ser obrigada a se submeter às ordens de um juiz que não concorda com sua opinião. Inclusive, o ataque à liberdade de expressão foi cinicamente denunciado pela líder fascista, que aproveitou a bola levantada para chutar pro gol. Obviamente, Le Pen não é nenhuma defensora da liberdade de expressão. Sua política é uma política da violência contra a população trabalhadora, os imigrantes, de fortalecimento da polícia, da censura e assim por diante. Entretanto, é preciso dizer que esses ataques que são feitos contra determinado princípio democrático atingem, no final das contas, a classe operária e os setores populares. Com base na mesma alegação – “de divulgação de imagens violentas” – a justiça francesa poderia ordenar a submissão de um líder operário a um
teste psiquiátrico. É preciso denunciar a atitude tomada pela justiça francesa como um
aprofundamento do estado de exceção criado pela burguesia imperialista francesa.
Assista o Jornal das 3, todos os dias na Causa Operária Tv: no site: causaoperariatv.com.br ou no youtube: causaoperariatv