Edição Diário Causa Operária nº5412

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QUARTA-FEIRA, 26 DE SETEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5412

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

Desemprego depois do golpe, mais de 90% dos estudantes não conseguem estágio

WWW.PCO.ORG.BR

A cada sete acidentes de trabalho, apenas um é notificado

ATO DO DIA 29 É MANOBRA ELEITORAL DE ALCKMIN

Causa Operária Ediçao 1023

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COM ELES NÃO O ato do dia 29 #elenão pode ter vários sentidos semânticos. Pode ser #elesnão podendo querer dizer que não queremos votar em nenhum deles no dia das eleições. Helenão pode ser a negativa do general Heleno, o milico que deseja dar as ordens no planalto central. Elenão também pode ser uma fala de uma feminista que só quer votar em mulheres e rechaçam qualquer candidatura masculina no próximo pleito.

Por que o PCO não vai ao Golpe destruiu ato contra Bolsonaro? Para o dia 29 de setembro, um movimento denominado o SUS: foram convocados atos Mulheres Unidas contra Bolcidades no ‘contra Bolsonaro’ em di- sonaro, por sua vez com lugares como conse- origem em um grupo no FaBrasil inteiro versos quência de uma campanha cebook de mesmo nome e denominada #EleNão, su- que recebeu bastante desestão sem postamente organizada por taque da imprensa golpista. remédios há quatro meses Imprensa faz campanha de terror para alavancar Alckmin Fazenda é desapropriada em Minas Gerais, conquista da mobilização do MST

#AlckminSim: Manifesto contra Bolsonaro faz parte da fraude eleitoral

Nesta semana, foi publicado um abaixo-assinado em defesa da “democracia e contra Bolsonaro”, assinado por incontáveis pessoas do meio artístico, inclusive da Rede Globo, como o ator Wagner Moura, e Caetano Veloso. Apoiado pelo PT, por apoiadores de Ciro, como Patrícia Pillar e por tucanos históricos, como Miguel Reale Jr., um dos responsáveis pelo pedido de impeachment, e o ex-ministro do presidente FHC, Celso Lafer, além de outros ministros tucanos.

Lava Jato quer acabar com o PT: direita golpista cria nova NACIONAL Preparando acusação contra Vaccari para privatizar: do Brasil 247 e Vox Populi Banco Brasil (DF) divulgarão pesquisa submete na véspera da eleição clientes a O portal Brasil 247 anunciou nessa última segunda (24/09) longas filas que, em parceria com o Instituto de Pesquisa Vox Populi, renos caixas alizará pesquisa sobre as eleições presidenciais no dia 06/10, véspera do pleito. eletrônicos


2 |EDITORIAL EDITORIAL

N

esta semana, foi publicado um abaixo-assinado em defesa da “democracia e contra Bolsonaro”, assinado por incontáveis pessoas do meio artístico, inclusive da Rede Globo, como o ator Wagner Moura, e Caetano Veloso. Apoiado pelo PT, por apoiadores de Ciro, como Patrícia Pillar e por tucanos históricos, como Miguel Reale Jr., um dos responsáveis pelo pedido de impeachment, e o ex-ministro do presidente FHC, Celso Lafer, além de outros ministros tucanos. O manifesto em primeiro lugar visa criar uma unidade nacional artificial, o seu texto diz que todos seriam contra Bolsonaro por serem a favor da democracia e contra a xenofobia e noções “intolerantes”, no entanto no manifesto estão presentes os tu-

Com eles não canos e os golpistas em geral, os coveiros da débil democracia brasileira e da “tolerância”. Os golpistas, e o PSDB em primeiro lugar, foram os principais articuladores do golpe que derrubou Dilma Rousseff, foram eles que incentivaram as agressões e espancamentos de petistas, e foram eles que organizaram todas as ofensas baixas contra a primeira mulher presidenta da república, não Bolsonaro, mas o PSDB, a Globo e o imperialismo. O bolsonarismo apenas se desenvolveu neste clima fascistóide criado pela direita conservadora para atacar o PT e a esquerda. Os golpistas são os pais de Bolsonaro, isso fica evidente quando se olha a campanha de João Doria ao Governo de São Paulo, é quase impossível diferenciá-lo de Bolsonaro.

#ELENÃO

A direita conservadora quer fazer o mesmo que Bolsonaro, eles só não falam isso em voz alta, e têm mais condições de executar o brutal ataque contra os direitos do povo do que o candidato do PSL. Esta frente única, de caráter puramente eleitoral, não pode para Bolsonaro e o crescimento da extrema direita, pois a extrema-direita não é fenômeno eleitoral. A extrema-direita cresce com uso de truculência nas ruas. Eles crescem na violência contra manifestações, greves, ocupações, e em atentados como foi visto contra a campanha do candidato do PT no estado do Paraná e contra as caravanas de Lula. Esta violência só pode ser parada nas ruas, com a força organizada do povo, não com uma aliança com aqueles que deram o golpe, com eles não.

CHARGE

Por que o PCO não vai ao ato contra Bolsonaro? P ara o dia 29 de setembro, foram convocados atos ‘contra Bolsonaro’ em diversos lugares como consequência de uma campanha denominada #EleNão, supostamente organizada por um movimento denominado Mulheres Unidas contra Bolsonaro, por sua vez com origem em um grupo no Facebook de mesmo nome e que recebeu bastante destaque da imprensa golpista. O movimento, embora não pareça unificado, iniciou como apartidário e posteriormente como pluripartidário, ou pelo menos assim denominado por alguns de seus membros. A campanha bancada pelo movimento, com a hashtag #EleNão, recebeu grande adesão de pessoas de diversos matizes, inclusive de alguns dos porta-vozes da direita, como o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso e a jornalista Raquel Sheherazade. Até a liberal The Economist replicou a campanha, além de diversas personalidades do meio artístico internacional que assumiram posição ativa nela. No entanto, é bom deixar claro que essa campanha anti-Bolsonaro apresenta-se basicamente como uma campanha “antiextremismo”, ou seja, não aponta apenas para Bolsonaro mas para uma suposta polarização na sociedade que clamaria por um retorno ao “centro”. Não se deve deixar enganar, o outro extremo, que também deve ser combatido, é aquele representado pelo PT. Vejam que as vozes mais ativas no nascimento do movimento aproximam-se mais do PSOL de Boulos e do PDT de Ciro Gomes, embora o PSDB de Alckmin já esteja tirando sua casquinha. É muito fácil ser contra Bolsonaro que, repetimos, é uma invenção dos

Participar de um abaixo-assinado “em defesa da democracia” com pessoas como estas é um engano na melhor da hipóteses e um cinismo sem fim na pior das hipóteses. A direita que lançou Bolsonaro na arena nacional toma a iniciativa de atacá-lo como uma forma de manipulação eleitoral. Eles querem canalizar a repulsa à extrema-direita, que é uma repulsa também a direita tradicional e todos os golpistas, para eleger o candidato escolhido deles. Querem criar um clima político onde consigam fazer o povo votar em qualquer um para que “ele” não vire presidente. Ou seja querem fazer com que o povo vote no candidato do PSDB para que Bolsonaro não vire presidente. É preciso denunciar esta tentativa de manipular o povo brasileiro.

golpistas, inflado pela imprensa, para ser o monstro a ser derrotado, na esperança que tinham de o PT chegar às eleições sem capacidade real de concorrer, derrotado que estaria. O fato mesmo de hoje a imprensa estar embarcando na campanha, de forma dissimulada, é indicação de que há algo de perigoso que deve ser devidamente observado e combatido. O Partido da Causa Operária não participará dos atos contra Bolsonaro porque vê neles essa tentativa de promover “qualquer um” que não seja o fascista do PSL, mas especificamente, Alckmin. Acontece que está claro que o eleitor do Bolsonaro, a maior parte de seu eleitorado, jamais votaria no PT, no Haddad. Ora, se o ato visa esvaziar o campo de apoio ao representante da extrema direita e os que estão nesse campo não votariam na ‘extrema esquerda’, que é como a imprensa e os adversários do PT o caracterizam, então a chamada será para votar em quem? É um convite a anular voto? O que Ciro ganharia com isso? provavelmente nada ou muito pouco, tampouco Boulos, então quem seria o maior interessado? Alckmin é, sem dúvida, aquele que provavelmente herdaria mais votos de Bolsonaro, ou quem vai, de fato, lucrar com a campanha #EleNão.

“Discurso na ONU”, por Vitor Teixeira

FRASE DO DIA

“Seria uma tragédia uma intervenção na Venezuela. Mas nossa Força Armada Nacional Bolivariana, nosso povo e nossas milícias saberiam como resistir, saberiam como se defender. E o exemplo do Vietnã talvez ficasse pequeno, diante do que é capaz o povo da Venezuela quando se decide a ser livre” Jorge Arreaza, ministro de Relações Exteriores da Venezuela


NACIONAL| 3

#ELENÃO

Ato do dia 29 é manobra eleitoral de Alckmin O

ato do dia 29 #elenão pode ter vários sentidos semânticos. Pode ser #elesnão podendo querer dizer que não queremos votar em nenhum deles no dia das eleições. Helenão pode ser a negativa do general Heleno, o milico que deseja dar as ordens no planalto central. Elenão também pode ser uma fala de uma feminista que só quer votar em mulheres e rechaçam qualquer candidatura masculina no próximo pleito. Porém, é um ato eleitoral. Muitos candidatos estão chamando militância para estar na avenida paulista no dia 29, e que calculam que será uma grande atividade de campanha eleitoral, um grande comício há apenas sete dias do dia do voto. E com isso chamam o voto em “qualquer um” que não seja Bolsonaro. Ou naquele que pode subir da lanterna

das pesquisas eleitorais e conseguir emplacar um segundo turno. O eleitor do Bolsonaro não vai votar em Haddad. A campanha do “elenão” tem ganhado audiência nas redes sociais e quase todos os candidatos estão chamando para o grande ato “elenão” e principalmente tucanos estão empenhados em chamar a campanha #Elenão é impulsionado pela direita e isso é negativo. Estaria promovendo uma pseudo unificação entre esquerda e direita, podendo ir desde o MBL, grupos da esquerda do PT, e da esquerda como um todo. Isso portanto é falso, não se reúne um grupo tão heterogêneo para derrotar o “coiso” se não existe um objetivo de crescimento de um outro candidato. Afinal, ninguém vai derrotar o fascismo nas urnas, esse não é o caminho, é uma ilusão.

IMPRENSA GOLPISTA

LAVA JATO QUER ACABAR COM O PT

Imprensa faz campanha de terror para alavancar Alckmin E

Direita golpista cria nova acusação contra Vaccari A

m meio a uma intensa campanha contra o candidato fascista e aloprado da direita, Jair Bolsonaro, visando apresentá-lo, agora, como um espantalho que todos devam temer, a direita busca criar uma frente única, com a participação de amplas parcelas das direções da esquerda pequeno burguesa (do PSOL, PSTU, PCdoB e PT), sob a ilusória miragem de que derrotar o capitão do Exército, seria derrotar o “mal maior”. Busca-se assim criar uma pseudo unificação do País, que vai do grupo fascista MBL, que apóia a candidatura de Geraldo Alckmin até os defensores da “rebelião” e da prisão de Lula, do PSTU. Chegando-se a um absurdo de propor atos unificados em torno da política “#elenão” A manipulação é clara até mesmo nos resultados apresentado pelas pesquisas. Bolsonaro teria até 30% das intenções de votos, da parcela do eleitorado que supostamente teria decidido seu voto, ou seja, teria 30% de 65% dos eleitores. Isto equivale, a cerca de 19,5% de apoio. Deste total, as pesquisa indicam que, algo em torno de 60% seria de eleitores fiéis, que não estariam disponíveis para alterarem seu voto. Dando crédito a esses dados manipulados por grupos capitalistas com interesses bem definidos nas eleições, o suposto líder nas pesquisas teria o apoio “definitivo”de cerca de 12% dos eleitores, o que precisaria se confirmar no dia da eleição e que não garante nenhuma maioria ou sequer a presença no segundo turno. Nestas condições, a eleição esta muito longe de estar minimamente definida. Em tais condições, em torno da campanha anti-Bolsonaro, está cada dia mais evidente que a imprensa gol-

pista a serviço de uma manobra que visa transferir o resultado de toda essa campanha contra Bolsonaro em favor do candidato preferencial dos bancos, do grande capital internacional e da maioria golpista: o tucano Geraldo Alckmin. Desde a imprensa internacional, até os mais raivosos jornais da imprensa golpista realizam um esforço concentrado para manter a ilusão na esquerda e nos explorados em geral de que a questão central é derrotar Bolsonaro, enquanto se articula uma segunda etapa da fraude eleitoral, depois da prisão e cassações da candidatura do único candidato com real apoio popular, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva. Há pouco menos de duas semanas para as eleições, a direita está colocando em marcha sua operação fraudulenta para buscar referendar em um processo eleitoral viciado um “novo” carrasco que dê continuidade aos planos de fome, miséria e entrega da economia nacional implementados parcialmente pelo governo Temer, com o apoio de quase toda a corja reacionária que, agora, finge lutar contra o “mal maior”, que não é Bolsonaro, mas o próprio golpe de estado que só pode ser derrotado por meio de uma ampla participação popular.

través de mais um estratagema jurídico, ex-tesoureiro do PT é alvo da chicana política conhecida como operação Lava Jato. Desta vez, João Vaccari Neto é acusado por corrupção passiva envolvendo “supostos” esquemas de desvios de contratos para o afretamento de navios sondas do grupo Jurong com a Petrobras. Ainda segundo a acusação, Vaccari teria utilizado a Sete Brasil para tal fim. A máquina de perseguição política intitulada de Lava Jato acomete o petista novamente. Vaccari Neto fora absolvido duas vezes e condenado uma vez em segunda instância. Ainda descontentes com o arbítrio, na ação condenatória, os desembargadores aumentaram de 10 para 24 anos a pena do tesoureiro do PT. O petista ainda coleciona outras despóticas condenações: em setembro de 2016 a 6 anos e 8 meses, em fevereiro de 2017 a 10 anos, e em junho de 2017 a 4 anos e 6 meses; todas pelo juiz federal Sérgio Moro, mais conhecido por Mussolini de Maringá. Segundo as investigações, Vaccari “teve atuação significativa na implementação da Sete Brasil, bem como possuía, dentro da organização criminosa, elevado e preponderante poder de decisão sobre a forma como seria pactuada e destinada a propina recebida”. “Além de arrecadar os recursos ilícitos destinados ao partido, exercia papel relevante na manutenção política dos funcionários corruptos em seus postos estratégicos”. Ainda segundo a denúncia, o suposto caso repete a exposição de um cenário já acusado pela Lava Jato, ou seja, 2/3 da propina eram destinados ao Partido dos Trabalhadores e 1/3 para os funcionários da Petrobras e da Sete

Brasil. Utilizando-se de uma das normas mais elementares do direito, o advogado do ex-tesoureiro do PT, Luiz Flávio Borges D’Urso, afirmou que o suposto vício revelado na denúncia não se restringe apenas à falta de comprovação da materialidade delitiva, pois se estende também à própria indicação de elementos de autoria, também inexistentes. Por conseguinte Luiz Flávio reiterara que “a fonte reveladora de suposta participação do acusado em conduta ilícita, por sua própria natureza, requer comprovação mínima, por elementos alheios a essa fonte. No presente caso, sequer existe depoimento de delator a corroborar a tese acusatória, nem mesmo isso (informação de delator) existe e caso existisse ainda haveria necessidade da obtenção de prova a corroborá-las” Diante de todos os fatos, fica evidente o caráter seletivo e perseguidor da operação Lava Jato – que tem como objetivo a destruição do Partido dos Trabalhadores, bem como a entrega de empresas nacionais estratégicas; tudo isso para possibilitar a restauração do projeto neoliberal encabeçado pelos lacaios tucanos e seus asseclas golpistas. O rolo compressor seletivo – dirigido pela direita golpista, já não carece de motivos para reavivar quaisquer dissimulações acerca dos petistas, – sobretudo em época de eleição – onde o PT lançara seu candidato. Toda essa patifaria dirigida pelos golpistas não teria por finalidade atacar o partido como um todo? Já não lhes faltam acusações nesse sentido. Na reta final das eleições, não nos surpreenderia se ocorresse uma série de prisões; todas para desmoralizar o candidato do PT.


4| NACIONAL

#ALCKMINSIM

Manifesto contra Bolsonaro faz parte da fraude eleitoral N

o último domingo (23) foi lançado um manifesto intitulado Pela Democracia, pelo Brasil (ou DemocraciaSim), assinado por “artistas, advogados, ativistas e empresários”, contra a candidatura à Presidência da República de Jair Bolsonaro (PSL) e Hamilton Mourão (PRTB). O movimento surgiu na esteira daquele iniciado pelas Mulheres unidas contra Bolsonaro no Facebook, com 3 milhões de participantes – o responsável pelas as hashtags #EleNão / #EleNunca, que foi amplamente alavancado pela imprensa golpista brasileira e internacional. Principal órgão de divulgação do pensamento neoliberal, a revista inglesa The Economist chegou a lançar uma edição em que estampava em sua capa uma foto de Bolsonaro com a manchete: Bolsonaro presidente: a última ameaça da América Latina. Personalidades como a apresentadora direitista Raquel Sheherazade, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton também se manifestaram contra a candidatura dos militares. A defesa é da “Democracia”, como se esta fosse um valor abstrato, como se não fosse fruto de uma contínua luta dos trabalhadores por direitos mínimos frente ao poder do imperialismo e das burguesias nacionais. Tal premissa, cultivada tanto pela classe dominante quanto por amplos campos da própria esquerda, nada mais faz que escamotear a luta diária de vida ou morte entre as classes sociais pelo poder. Numa fantasia idealista, acreditam que as eleições burguesas equivaleriam a participação popular. O voto na urna, forjado por campanhas publicitárias milionárias e por currais eleitorais que concedem favores paroquiais, se sobreporia como valor à organização da classe trabalhadora e à elevação de sua consciência. Cinicamente, apoiadores do golpe de Estado que financiaram e promo-

veram o impeachment ilegal de Dilma Rousseff em 2016 e a prisão de Lula em 2018 se dizem a favor da suposta “democracia”. Não é diferente no caso do movimento DemocraciaSim. Seus organizadores são justamente os barões do rentismo, os financiadores do golpe em curso no Brasil, como a banqueira Neca Setúbal – da família dona do Banco Itaú – ou José Marcelo Zacchi, Secretário-Geral do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (Gife), e parceiro da Fundação Lemann (do banqueiro Jorge Paulo Lemann). Após afundarem o país no governo de Michel Temer (MDB), após alimentarem o crescimento do fascismo no Brasil por meio de grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e congêneres, agora se voltam contra uma de seus cães de guarda afirmando prezar “a democracia. A democracia que provê abertura, inclusão e prosperidade aos povos que a cultivam com solidez no mundo. Que nos trouxe nos últimos 30 anos a estabilidade econômica, o início da superação de desigualdades históricas e a expansão sem precedentes da cidadania entre nós”. Evidentemente, não se pode atribuir a esse movimento senão um propósito golpista. No caso específico, pela intensidade e pelo momento eleitoral em que ocorreu, parece claro que o objetivo é alavancar as candidaturas dos verdadeiros direitistas, das candidaturas de confiança do imperialismo, como a de Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) – ainda por serem devidamente apoiados pelos minoritários Álvaro Dias (Podemos), João Amoedo (Novo/Itaú) ou mesmo Henrique Meirelles (MDB). O movimento é claramente DireitaSim e, mais ainda, AlckminSim. O eleitorado de Bolsonaro é composto pelos grupos mais acentuadamente antipetistas, a um nível quase macartista. Eles jamais votarão em Fernando Haddad (PT) e sua vice Manuela D’Ávila

(PCdoB). O que se objetiva é capturar os votos de indecisos e nulos por um lado (18%), e os votos de bolsonaristas (28%), pelo “voto útil” contra o Partido dos Trabalhadores, e não contra o fascismo. O discurso “pela Democracia” é na verdade contra a polarização entre Haddad e Bolsonaro no segundo turno, servindo ainda à alavancagem da candidatura de Ciro Gomes, que ganharia mais potencial para dividir os votos do PT. Os golpistas tiraram uma presidenta legitimamente eleita do poder; prenderam Luiz Inácio Lula da Silva; lançaram o mais feroz ataque à classe trabalhadora em décadas, com extinção de direitos trabalhistas; entregam irrestritamente o patrimônio nacional ao estrangeiro; destroem os programas sociais, a saúde e a educação públicas; desmontam a máquina estatal. Mas isso é apenas o início do plano de terra arrasada do imperialismo para toda América Latina. Eles só conseguirão aprofundar esses ataques por meio de uma eleição fraudulenta que legitime o governo golpista.

Os golpistas têm controle dos Três Poderes da República – com direito a generais tutelando as autoridades –, dominam a imprensa, as rádios e a televisão. A burguesia domina plenamente o jogo eleitoral, e qualquer movimento com sua franca participação é movido pela luta de classes, e não por valores abstratos como “a Democracia”. Qualquer movimento comandado pela burguesia serve exclusivamente a esses propósitos – assim como a chamada “luta contra a corrupção”. O fascismo – tanto o de Bolsonaro quanto do MBL – é um movimento de ação, e deve ser combatido pela ação concreta de autodefesa dos trabalhadores. O golpe se combate mobilizando e organizando a população, pela mudança real na relação de forças, e não por acordos eleitorais. Não cabe portanto apoiar nesse momento a campanha publicitária “antibolsonarista”: ela é falsa, eleitoreira e direitista. Nenhuma unidade com a direita. Eleição sem Lula é fraude.

Uma outra característica da pesquisa é que ela é interativa, com os eleitores ajudando com sugestões a elaborar as perguntas. Ao todo serão entrevistadas 2 mil pessoas ao longo do dia 6, no sábado anterior às eleições, com o resultado sendo di-

vulgado no mesmo dia, às 20 horas. O grau de confiança estimado é de 95% e a margem de erro máxima estimada é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra.

Brasil 247 e Vox Populi divulgarão pesquisa na véspera da eleição O

portal Brasil 247 anunciou nessa última segunda (24/09) que, em parceria com o Instituto de Pesquisa Vox Populi, realizará pesquisa sobre as eleições presidenciais no dia 06/10, véspera do pleito. De acordo com o editor do 247, Leonardo Attuch, “A pesquisa visa apresentar resultados confiáveis, livres de qualquer influência econômica ou política”. Corroborando com Attuch, Marcos Coimbra, sócio-proprietário de diretor do Vox Populi declarou que “Será um passo para acabar com essa tradição

de grandes grupos econômicos, midiáticos ou não, patrocinarem pesquisas”. Para levar à frente o projeto, o Brasil 247 trabalha com a colaboração financeira dos eleitores, particularmente os inscritos no canal. Segundo divulgado pelo pelo próprio Attuch durante a entrevista com o companheiro e presidente do PCO Rui Costa Pimenta no programa Análise Política da Semana, que ocorre todas as terças, a campanha financeira com os eleitores já atingiu 56% de sua meta em apenas um dia.


NACIONAL| 5

PREPARANDO PARA PRIVATIZAR

Banco do Brasil (DF) submete clientes a longas filas nos caixas eletrônicos O

s ataques da direita golpista, com a redução drástica de trabalhadores do quadro funcional, e o fechamento de centenas de agências no País inteiro, piora exponencialmente o atendimento aos clientes e agrava o índice de adoecimento dos funcionários bancários do Banco do Brasil na Capital Federal. Brasília é um dos Estados mais atingidos pelo maior número de agências fechadas no processo de reestruturação, em andamento, no Banco do Brasil. Além disso, houve uma redução significativa do número de trabalhadores no quadro funcional da empresa, o que levou ao aumento de serviços para os da ativa, que agora, passaram a realizar o trabalho de dois ou mais funcionários. A falta de pessoal e a diminuição do número de agências vêm ocasionan-

do, na maioria das agências, a demora no atendimento, longas filas, etc., não só nos caixas eletrônicos, mas principalmente nos atendimentos personalizados, onde os clientes são obrigados a ficar mais de uma hora de esperando para serem atendidos. Nos caixas eletrônicos o sofrimento não deixa de ser pior, nas salas de autoatendimento são vários os termi-

nais que não funcionam, sem abastecimento de numerários, falta de bobina para impressão, isso sem falar das filas gigantescas, que são uma constante nas agências. Em mais um exemplo da consequência da política de sucateamento do Banco do Brasil pelo governo golpistas de Michel Temer e seus prepostos na diretoria do banco, a agência de

São Sebastião, os clientes reclamam da demora no atendimento. Nos dias de pico, principalmente quando os trabalhadores recebem os seus salários, geralmente no começo do mês os clientes enfrentam longas filas. Conforme declaração de uma aposentada, conta que ao ir sacar a sua aposentadoria encontrou a agência superlotada, e reclama: “o banco estava muito cheio, esperei mais de uma hora pelo atendimento nos caixas eletrônicos, todos lotados. Pensei em até ligar para o Procon e denunciar a demora”. O que está por trás da política de sucateamento das agências do BB é parte da estratégia da direita golpista de privatização das empresas estatais para entregar o patrimônio do povo brasileiro, que é o Banco do Brasil, nas mãos dos capitalistas e banqueiros nacionais e internacionais. É necessário organizar, imediatamente, uma ampla mobilização contra todos os ataques desferidos pelos golpistas que tentam a qualquer custo atacar os trabalhadores e as empresas nacionais para beneficiar meia dúzia de parasitas.

GOLPE DESTRUIU O SUS

PROGRAMA ECONÔMICO DO GOLPE

Cidades no Brasil inteiro estão sem remédios há quatro meses

Desemprego depois do golpe, mais de 90% dos estudantes não conseguem estágio

A

política do golpe de Estado é de completa destruição das condições de vida da população. Isso fica evidente na situação de extrema crise que está sendo levada a parcela mais pobre do povo. De acordo com um levantamento feito Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde, cerca de quatro mil municípios do pais estão sem abastecimento de medicamentos por parte do governo a cerca de quatro meses. O secretário do Conselho Nacional afirmou que essa e a pior crise de abastecimento dos últimos anos. Entre os medicamentos que em falta, estão, por exemplo, o remédio

para Hepatite C, para pacientes transplantados, e aqueles para tratamento de Azheimer. O secretario afirmou também que em uma reunião em maio com o Ministério da Saúde, o problema da distribuição seria sanado, todavia, o problema se mantém e se aprofunda. Esse e um exemplo claro do caráter predatório da política dos golpistas, organizada pelo imperialismo contra o povo brasileiro. Estes mesmos setores agora manobram para garantir que seu candidato predileto, Geraldo Alckmin, ganhe as eleições e imponha essa política de terra arrasada contra a população.

Fazenda é desapropriada em Minas Gerais, conquista da mobilização do MST

M

ais uma fazenda tem bandeira vermelha cravada na terra. A antiga fazenda Santo Antônio das Lages em Minas Gerais hoje é local de moradia para mais de 50 famílias. É uma história de luta e conquista do movimento Sem Terra. Fazer da terra fonte de renda e de produção de alimentos é a estratégia do movimento de moradia organizado. Na quinta-feira (13) a conquista se consolidou quando o decreto de desapropriação da área foi assinado pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. A área agora se transformará em mais um assentamento de Reforma Agraria, fruto de uma intermediação da Mesa Estadual de Diálogo e Nego-

ciação permanente com Ocupações Urbanas e Rurais, criada no início do governo de Pimentel. O acampamento recebeu o nome de “Quilombo Dandara” e com isso homenageia as mulheres na luta, ela, Dandara, que foi uma guerreira negra do período colonial que lutou bravamente ao lado de seu companheiro e líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi. A dirigente Fernanda Evangelista da Silva, da direção estadual do MST, afirmou, em entrevista, que os próximos passos são: “seguimos em luta contra o golpe, pela Reforma Agrária, pela igualdade em toda a sociedade, pelo direito de plantar e colher seu próprio pão, pelo direito a uma alimentação saudável e uma vida digna”.

H

á hoje, no Brasil, cerca de 17, 6 milhões de estudantes com possibilidades de estagiar, seja no ensino médio, técnico ou nível superior. Com a crise econômica, a retração do mercado interno, recessão, etc., causados pelo programa econômico do golpe, apenas 1 milhão daqueles estão trabalhando como estagiários hoje. Ou seja, mais de 90% dos estudante ficam de fora de um programa importante, tanto para o estudante, que as sob condições corretas, permite conciliar experiência profissional, renda, ainda que pouca, e estudo, quanto para o país, com a entrada de enorme contingente de força de trabalho e com grande quantidade de renda a mais circulando, que aquece o mercado interno. No entanto, no Brasil do golpe, economia nacional; o mercado de trabalho, não consegue absorver, por meio do estágio, porta de entrada mais adequada ao referido mercado, nem mesmo 10% dos jovens brasileiros, como aliás também tem dificuldade de absorver por qualquer outro meio. Pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra 40,1% dos brasileiros entre 14 e 24 anos não trabalham, estão fora do mercado de trabalho e em grande medida do mercado consumidor. O caso do ensino superior é um exemplo, tradicionalmente este nicho da política de estágios atrai mais as empresas na busca de novos funcionários, por se tratar de profissionais em vias de formação e maiores de idade, porém, dos 8 milhões de estudantes universitários do país, somente 740.000 estão em programas de estágio, menos de 10%.

Há 10 anos da aprovação da lei de Estágio, que regula esta relação trabalhista, este mercado vem diminuindo, as empresas encolheram drasticamente seus programas e de outro lado tendem a retroceder as relações trabalhistas para as anteriores a aprovação da lei, quer dizer, eliminar os direitos e as garantias que os estagiários conquistaram. Como, por exemplo, a remuneração, a quantidade de horas (06 horas) e o período de contrato, que hoje é de até dois anos, sem renovação. Logicamente, que com a destruição da CLT, com a terceirização etc., a política de estágios não serve à burguesia golpista, a não ser sob condições extremamente penosas para os jovens. A tendência da política golpista é restringir este mercado ao estritamente necessário, levando em consideração o novo patamar, mais baixo, da atividade econômica interna e ao mesmo tempo transformar esta relação empregatícia novamente em uma autorização para a superexploração de jovens em busca do, muitas vezes, primeiro emprego.


2 |MOVIMENTOS

PATRÕES GOLPISTAS

A cada sete acidentes de trabalho, apenas um é notificado O

s patrões, em praticamente todos os setores, escondem o tamanho do estrago que fazem com seus trabalhadores, seja no campo ou na cidade. As estatísticas não dão conta do ataque aos milhares de trabalhadores que são acidentados, mutilados com perdas de membros como dedos, braços, pernas, colunas cervicais, ombros, etc. Os trabalhadores ficam paraplégicos, e morrem por falta de equipamentos de proteção, bem como, manutenção e proteção nas máquinas e equipamentos. Esta é uma das formas que os patrões utilizam para aumentar o lucro de suas empresas. O Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) relata que, de 2012 a 2016 foram registrados no órgão 750 mil acidentes de trabalho e doenças ocupacionais; a Fundação Jorge Duprat Figueiredo (Fundacentro) da conta de que este número é sete vezes maior, ou seja, mais de cinco milhões devido à subnotificação.

No ano de 2017, apesar da redução de acidentes, o numero é enganoso, pois houve um corte enorme nos postos de trabalho. Conforme Remígio Todeschini, pesquisador da Universidade Federal de Brasília, “não foi o número de acidentes que diminuiu, mas sim o de empregados com carteira assinada”, na crise, houve aumento da informalidade.” Os patrões golpistas estão destruindo a indústria brasileira e os trabalhadores, além de não conseguirem mais emprego, uma parcela enorme, mesmo que quisessem, não poderia voltar ao mercado de trabalho porque se tornou inválida. É necessário que os trabalhadores ativos, os desempregados, bem como o conjunto da população explorada se organize para derrotar o golpe através de comitês de luta contra o golpe em todo o país, em cada bairro, em cada fábrica, nos estados e municípios.

MULHERES

CHARGE

Lei da importunação sexual usa mulheres como pretexto para ampliar repressão

N

a última segunda-feira, Dias Toffoli, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) que era o presidente em exercício, sancionou a lei da importunação sexual. A lei tipifica o assédio como crime e também fora ampliada a lei com relação ao estupro coletivo e demais casos que se englobam no que tange a nova lei e as já existentes. É fato que o assédio acontece e é um problema real na vida das mulheres, mas também é fato que nenhum desses casos diminuem ou deixam de acontecer com a existências de leis repressivas como essa. Ao contrário disso, a direita faz uso de um dos mecanismo de opressão das mulheres para apresentar soluções falsas para um problema de verdade. E isso se demonstra de maneira clara, que por meio da criação de mais leis repressivas, como a recém sancionada, de nada servem para acabar com a opressão das mulheres senão reprimir ainda mais uma população duramente massacrada.

Como tudo articulado pelas instituições golpistas, nenhuma lei com esse caráter tem por objetivo de fato contemplar aqueles cujo são os principais atingidos. Mais do que isso, acreditar que as mesmas instituições que são responsáveis por leis que massacram as mulheres -como a proibição do aborto- vão de alguma forma defende-las, é pura ilusão. Portanto, a criação de leis como essas, tem um único e direto objetivo: encarcerar ainda mais a população pobre. Além de promover o aumento da repressão, a situação social se torna ainda mais violenta e a situação de opressão das mulheres se acentua com os ataques dos golpistas. Isso também revela que, mais uma vez a emancipação das mulheres da opressão do estado burguês não será possível por meio da via institucional que as massacram, mas sim por sua própria organização baseada na luta prática, com uma política verdadeiramente voltada para as reivindicações das mulheres e da população como um todo.

Assista o Jornal das 3, todos os dias na Causa Operária Tv no site: causaoperariatv.com.br ou no youtube: causaoperariatv


MOVIMENTOS| 3 NEGRO

Polícia racista: jovem negro, jornalista do The Intercept, não tem o direito de ir e vir Jovem negro estudante na Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e jornalista pelo The Intercept Brasil, Bruno Sousa, foi recentemente abordado e humilhado por membros das Forças Armadas Brasileiras e da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Em uma postagem feita em sua linha do tempo no Facebook, o jornalista demonstra como é o dia à dia da juventude negra no Brasil. A população do Rio de Janeiro está sofrendo um dos piores momentos de repressão da última década. Se antes do golpe de estado, a situação já era difícil para os moradores da periferia, e particularmente para a juventude negra, depois da Intervenção Militar no Estado carioca no início desse ano, a situação piorou ainda mais. A cidade vive um clima de terror gerado pelas FAB, que invadem os bairros populares com tanques, helicópteros, caminhões etc. Este diário, junto com o Jornal imprenso Causa Operária, e a Causa Operária TV tem denunciando semanalmente as brutalidades cometidas pelas instituições assassinas da polícia militar e guarda armada dos golpistas, o exército – armado até os dentes. Reproduziremos, nesta matéria a íntegra do texto publicado por Bruno Sousa. Vale ressaltar, antes, de que o texto, assim como o ocorrido, aconteceu no dia da operação militar no Jacarezinho, bairro pobre da zona norte do Rio de Janeiro, onde o jornalista mora. Bruno Sousa “Vou contar pra vocês como o racismo me fez chorar hoje com 2 duras em menos de 10 minutos! Ta rolando operação no Jaca, Exército e BOPE lá dentro, até ai tudo normal (não to naturalizando uma violência que ja é natural, só falando que esse não é o ponto). Um tanque de guerra parado logo na entrada, depois da linha do trem. Os caras do exército que estavam perto do tanque eram todos jovens, no máximo 25, e negros. Quando eles me abordaram e começaram a me revistar eu o tempo todo chamava eles de “mano”, foi muito involuntário, os mano que estavam me revistando parceria com um amigo meu, um moleque que eu trombo na favela, no baile… fiquei pensando nisso enquanto seguia pro metrô, os mano pareciam estar constrangidão de estarem me parando, segui matutando com isso. Quando tava em frente ao Super Market de Maria da Graça, vi um carro da PM vindo na minha direção, eu tava na calçada do mercado então eles não conseguiram vir ate a mim, pensei que ia ficar por isso, ai vi o carro dando meia volta e subindo uma ruazinha que tem em frente a uma pracinha pra chegar de metrô, os fdp pegaram outra rua só pra me pegar de frente, quando eu vi eles subindo ja sabia que iam vir pela outra rua pra me parar. A PM é uma piada tão grande que eles montam uma operação pra parar um

mlk indo pegar o metrô. Eram 4 PM’s na viatura. Os 4 desceram. Já desceram daquele jeito, um bico (fuzil) apontado pra mim, pistola também, e pra deixar tudo mais irônico o que dirigia foi o mesmo que me parou essa semana. Ja chegou me mandando encostar na parede, abrir as pernas e a minha mochila. Me perguntou 40 vezes pra onde eu ia, se ja tinha sido preso e riu todas as vezes que eu respondia que era universitário. Eu tava puto, esse cuzao ja tinha me parado essa semana e me parou denovo de sacanagem, eu tava respondendo todo bolado e eles me ironizando p crl. Falei que eles estavam de sacanagem e eles mais uma vez ironicamente falaram que era tudo pra minha segurança. Debati com os fdp pra crl, mas o pior foi quando eu disse que era jornalista, ai fudeu. Os caras literalmente riram na minha cara. “Tu ainda ta na faculdade, seu merda, tu não é nada” Eu fiquei retrucando, falava o tempo todo que não era bandido e eles rindo pra caralho de tudo que eu falava, como se eu fosse um nada, 4 policiais militares. “Se tu fosse bandido ja tava com a cara no chão” Quando finalmente me liberaram pra ir, largaram minha mochila no chão e mandaram eu seguir, mas nisso ficaram gritando de longe e debochando de mim. “Vai la jornalista kkkkkkk vai escrever uma matéria sobre nós hoje” “Adoraria um jornalista dando uma volta de carro com a gente, quer ir não jornalista?” E varias outros bag que eu não ouvi pq botei o fone. Eu me senti na necessidade de desabafar isso só hoje, mas isso acontece todos os dias, TODOS OS DIAS, eu sou abordado e esculachado, independente do bairro, independente da roupa que eu esteja usando, posso ta de smoking. Essa porra obriga

os mano a me abordar. Bota preto pra esculachar preto. (Os do exercito, a PM era td branco). O QUE MAIS ME DOI É QUE NÃO VALE DE NADA ESTUDAR NA MAIOR FACULDADE DE COMUNICAÇÃO DA AMÉRICA LATINA, NAO VALE NADA TER UM TRAMPO FODA NO THE INTERCEPT BRASIL, NAO ADIANTA NADA ESTAR EM UM PROJETO PIKA NO OBSERVATÓRIO DE FAVELA, NEM SER CASADO, TER FAMÍLIA, NEM PORRA NENHUMA, EU VOU SER SEMPRE BANDIDO PRA ELES, EU VOU SER SEMPRE SUSPEITO. EU TO CANSADO, A CADA DIA MAIS ODEIO O RIO DE JANEIRO, E O PIOR É NAO PODER FAZER NADA E SABER QUE AMANHA ESSE FDP VAI ME PARAR DNV E ALEM DE ME HUMILHAR VAI ME FAZER DESACREDITAR DE TUDO QUE EU TO CONSTRUINDO E TA SENDO DIFÍCIL PRA CARALHO! To agoar sentado no banheiro do Intercept, escrevendo isso e chorando um pouco. Fé pra nois pq são tempos difíceis, somos a carne mais barata, pega a visão!” O texto revela a situação de terror que vive a classe trabalhadora brasileira. O negro não tem nem o direito de ir e vir, para as forças repressivas do estado capitalista. Já foram diversos assassinatos, casos de tortura e outras barbaridades cometidas desde a intervenção militar no Estado. É um clima de ditadura, e de fato é isso que deve ser denunciado. O que já ficou claro desde os primeiros anos, é que, com o golpe, a repressão e a opressão dos setores populares da sociedade se acentuou. Isso se adiciona às quebras dos direitos democráticos realizadas pelo regime golpista, por meio da polícia e do judiciário. É importante ressaltar que, neste exato momento, os militares estão se

tornando cada vez mais elementos importantes da situação política. E nesse sentido, a experiência do Rio de Janeiro é um laboratório para o resto do país. Os militares já controlam o executivo por meio do General de descendência golpista, Sérgio Etchegoyen, e o Supremo Tribunal Federal (STF), o órgão máximo do judiciário, já que o assessor do presidente da instituição, Dias Toffoli, é o General Fernando Azevedo. Isso sem contar das diversas ameaças realizadas pelo comandante do Exército, o General Villas Bôas; o vice de Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão; e diversos outros militares, como os generais Paulo Chagas, Augusto Heleno e assim por diante. O que aconteceu com o jovem carioca é uma realidade para a maioria dos brasileiros, sobretudo no Rio de Janeiro, onde a repressão aumentou exponencialmente. É diante disso que um partido operário, assim como o coletivo de negros João Cândido, defende o fim da polícia e o armamento da população e a formação de milícias populares de bairro, revogáveis pelo povo e totalmente controladas pela população local. Ao estilo do que os Panteras Negras defendiam, a própria comunidade faz a sua segurança, e não um órgão controlado por uma burocracia ligada às classes capitalistas. Esse é um programa operário, e não da extrema-direita que na verdade defende o armamento dos capachos de latifundiários e das milícias fascistas, contra a população, criando uma série de mecanismos para impedir o direito democrático ao armamento, conquistado pelas revoluções burguesas. Lembrando de que isso só será conquistado por meio da mobilização popular, e não por meio de eleições fraudadas, como as que estão ocorrendo.


2 | INTERNACIONAL

CHINA DENUNCIA EUA

“Faca em seu pescoço” A

principal autoridade chinesa (sênior) afirmou nesta terça-feira (25) que os EUA estão ameaçando frontalmente a economia do país, que, possivelmente pensava em manter negociações comerciais, mas que, com as medidas protecionistas de Trump, com a típica guerra econômica imperialista, colocam “uma faca no pescoço da China”, com “ameaças e pressão”. A declaração veio um dia depois de

ambos os lados adotarem novas tarifas sobre os produtos um do outro. Pequim não vê como manter relações dessa forma. As tarifas dos EUA foram feitas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, bem como nas taxas retaliatórias de Pequim sobre US$ 60 bilhões em produtos norte-americanos e entraram em vigência nesta segunda-feira (24), causando grande tensão de guerra econômica.

GREVE GERAL NA ARGENTINA

CRISE DO IMPERIALISMO

Trabalhadores param o país contra Macri O

União Europeia e Irã decidem ignorar sanções econômicas de Trump

segundo país mais importante da América do Sul, literalmente parou nesta terça-feira, dia 25 de setembro. A Argentina amanheceu com uma vigorosa greve geral onde a quase totalidade de seus serviços, bancos, repartições públicas, comércios, postos de gasolina, escolas, universidades, trens, metrôs, portos e aeroportos não funcionaram. É a quarta greve geral contra a política econômica do governo burguês-neoliberal e entreguista do presidente Mauricio Macri, convocada pela principal central sindical do país, a CGT. A greve geral desta terça-feira e todos os grandes protestos anteriores levados adiante pelos trabalhadores é o resultado da reação dos explorados portenhos ao profundo ataque do grande capital e do imperialismo às condições de vida das massas, que praticamente recolonizou a Argentina depois do golpe “democrático-eleitoral” que derrotou o governo da ex-presidente Cristina Kirchner, neste momento acusada e perseguida pelos tribunais golpistas do país vizinho. O receituário neoliberal imposto ao pais pela banca internacional esfacelou a economia do país, impondo um enorme retrocesso na produção, com aumento da inflação e disparada do dólar. As medidas de destruição da economia argentina afetaram não só a produção do país, mas atingiram em cheio quase todos os segmentos sociais da nação, particularmente os setores mais vulneráveis, as massas

exploradas e pauperizadas do país vizinho. Vale recordar que no início do século, entre os anos 2000 e 2001, a Argentina foi sacudida por violentos protestos contra as mesmas medidas que neste momento estão sendo implementadas pelo governo Macri. Naquela ocasião – também a soldo do Fundo Monetário Internacional (FMI) – o governo de Fernando de la Rúa impôs um conjunto de medidas que atacavam frontalmente os trabalhadores. A reação das massas foi imediata e enérgica e os gigantescos protestos acabaram precipitando a queda do presidente, que renunciou em dezembro de 2001. A burguesia continental e o imperialismo têm perfeita consciência que as duras medidas de ataque à economia dos países sul-americanos e às condições de vida das massas irá desencadear uma forte reação dos explorados. É inevitável que isso ocorra, daí a movimentação da burguesia no sentido de impedir a luta dos explorados. Os golpistas em, todo o continente, trabalham para destruir e esmagar as organizações de luta das massas, perseguindo sindicatos, centrais de luta dos trabalhadores, partidos de esquerda e movimentos populares. O imperialismo, a direita e os golpistas somente poderão ser derrotados através de grandes mobilizações e da ação direta das massas em defesa das suas condições de vida.

U

ma das razões pela qual o governo de Donald Trump entrou em crise é que sua política não é a política preferencial do imperialismo. Isso é visto em diversas políticas por ele exercidas, como é no caso das sanções econômicas contra o Irã, que, apesar da principal ala do imperialismo defender a derrubada do governo de Hassan Rohani, vendo que o Irã não estava cedendo às pressões, preferiram optar por uma posição centrista de continuar atacando, porém cedendo em determinadas coisas. É nesse sentido que o imperialismo está se colocando contra as sanções levantadas por Donald Trump. Os interesses do imperialismo no petróleo iraniano são muito grandes. Por isso, o Irã e a União Européia arrumaram uma maneira de burlar o esquema elaborado pelas sanções dos Estados-Unidos. Os europeus vão criar uma câmara de compensação, que os permitirão de serem pagos diretamente

com petróleo sem precisar passar pelo dólar. A União Européia está tentando salvar o acordo nuclear iraniano de 2015. E por isso estão criando essa entidade legal para facilitar as transições. Esse sistema permitirá as trocas com o Irã e poderá ser aberta para outros países, obviamente que com o controle de imperialismo. Seis países ainda são membros do acordo de 2015. São eles o Irã, a França, o Reino-Unido, a China, a Rússia e a Alemanha. O fato demonstra a total crise do imperialismo. O centro do poder político capitalista mundial, os Estados Unidos, não estão conseguindo manter seu controle econômico sobre os outros países, e o fato de os principais países imperialistas da Europa burlarem as sanções norte-americanas demonstra que existe uma profunda divisão dentro do imperialismo mundial, sobretudo em relação aos norte-americanos.


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