SEXTA-FEIRA, 28 DE SETEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5414
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
Efeito do golpe: assassinatos de quilombolas crescem 350% em um ano
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Maduro, na ONU: “crise humanitária” é pretexto para atacar a Venezuela
FRAUDE: STF PROÍBE 3,4 MILHÕES DE ELEITORES DE LULA DE VOTAREM
Causa Operária Ediçao 1023
ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO EDITORIAL
Conforme noticiado na quarta (26), o Supremo Tribunal Federal manteve o cancelamento de 3,4 milhões de títulos de eleitor devido a ausência de cadastramento biométrico. A decisão havia sido informada na segunda (24) pelo Tribunal Superior Eleitoral, após realizar o recadastramento dos eleitores entre 2016 e 2018 em diversos locais do país.
Com o golpe, Brasil perdeu seis universidades em ranking de melhores do mundo O Brasil do golpe, pelo terceiro ano consecutivo, perdeu universidades no ranking das mil melhores do mundo.
Preparando a fraude: imprensa golpista já coloca Alckmin em 3º em pesquisa
#EuSim: Alckmin “adere” a si mesmo, em campanha contra Bolsonaro
Manobra eleitoral: contra Bolsonaro, imprensa tira da cartola um “escândalo” de 2011
FRENTE ANTIFASCISTA COM MIGUEL REALE, ALCKIMIN ETC? HÁ LIMITES PARA A IDIOTICE POLÍTICA? A direita golpista, que já fraudou as eleições condenando sem provas, prendendo ilegalmente e cassando por cima da Constituição e sob ameaça dos chefes militares, a candidatura candidatura da maior liderança popular do País que a maioria da população quer ver na presidência da República, quer consumar a fraude, “elegendo” – como parte de um processo de fraude e manipulação – um carrasco do povo, defensor do golpe de estado, apoiado pelo governo Temer e súdito do imperialismo norte-americano, como se fosse um “mal menor”.
Novo crime de Função de Ciro Gomes na “importunação Ditadura tucana: para eleição: dividir os votos do PT Rui Costa sexual” será quem irão os votos das urnas em favor de Alckmin Pimenta: “o usado para de São Paulo? A polarização política, perceptível desde a consolidação do povo tem ódio ampliar a golpe, com o impeachment da presidenta democraticamente Já está mais do que claro que as eleições deste ano são eleita, Dilma Rousseff, está ainda mais evidente nestas eleições. de Bolsonaro” uma completa fraude, comandada pela burguesia. repressão
2 |EDITORIAL EDITORIAL
Frente antifascista com Miguel Reale, Alckmin etc? Há limites para a idiotice política? A
direita golpista, que já fraudou as eleições condenando sem provas, prendendo ilegalmente e cassando por cima da Constituição e sob ameaça dos chefes militares, a candidatura candidatura da maior liderança popular do País que a maioria da população quer ver na presidência da República, quer consumar a fraude, “elegendo” – como parte de um processo de fraude e manipulação – um carrasco do povo, defensor do golpe de estado, apoiado pelo governo Temer e súdito do imperialismo norte-americano, como se fosse um “mal menor”. Para isso, armou a farsa da campanha contra Jair Bolsonaro, acrescentando-o como o “mal maior” que deveria ser combatido por todos os defensores do “bem” e da “justiça”, chamando a uma frente nacional em torno dessa política. Tal campanha não foi apresentada como uma campanha de um setor da direita, sua ala mais forte poderosa política e economicamente e mais estritamente vinculada aos bancos e ao capital internacional – como de fato é -, contra outra ala, mais débil, igual-
mente reacionária. Ao contrário disso, a direita buscou apresentar essa campanha como uma campanha “apartidária” uma “questão acima dos partidos”, um “interesse comum” de setores distintos e antagônicos etc. Repetiu dessa forma, o truque do qual já havia lançado mão – com algum sucesso – em inúmeras oportunidades, como na campanha de “combate à corrupção” promovida pelos maiores corruptos e ladrões do povo, que tinha como objetivo derrubar o governo Dilma e promover um ataque sem tréguas contra o PT e toda esquerda. O que foi feito, com a colaboração de amplos setores da esquerda pequeno burguesa, inclusive, daqueles setores que acabaram sendo vítimas dessa ofensiva. O novo chamado à “unidade” tem como pretexto a suposta necessidade de realizar campanha contra o “monstro” Bolsonaro. Um verdadeiro “espantalho” diante de outros monstros reais bem mais perigosos, testados e aprovados na política de ataque ao povo e à economia nacional, como os que promoveram trilhões em riquezas nacionais com as
ANÁLISE
Rui Costa Pimenta: “o povo tem ódio de Bolsonaro” R
ui Costa Pimenta usa o caso da facada em Bolsonaro para mostrar que a população em sua maioria não se solidariza com esse tipo de político. ” Na semana passada nós comentamos o caso Bolsonaro (a facada), da lá pra cá constatou-se uma coisa muito interessante, como a burguesia ajuda Bolsonaro, fizeram uma pesquisa e viram que ninguém se solidarizou exceto aqueles que já são seus apoiadores. Quer dizer, o homem é odiado no país. Esse negócio das mulheres é a exploração de uma coisa que já é realidade: as mulheres não gostam dele. E por que iriam gostar? Um cara que chega pra uma deputada e fala: “eu não te estupro porque você não merece.”. Como é que alguém pode gostar desse cidadão? E mais, a população não só não foi solidária com ele como teve uma parte do pessoal que ficou alegre ao saber que ele tinha tomado uma facada. É óbvio, ele passa o tempo todo ameaçando, intimidando, por que alguém vai tolerar isso? E não é só ele que fala, o pessoal dele é agressivo, atacou gente de esquerda e vários lugares. Se nós não tomarmos cuidado e não nos organizarmos, eles acabam criando um monstro.
prevaricações à preço de banana das estatais, do petróleo nacional; que destruiram a CLT com a “reforma” trabalhista, que sustaram o ensino público e a saúde públicas e aprovaram o “congelamento” dos gastos públicos por 20 anos para fazer retroceder como nunca as condições de vida da imensa maioria do povo brasileiro. Tomada por suas ilusões eleitorais, uma parcela da esquerda embarcou de cheio nessa “frente” e ainda procura lhe dar um suposto caráter progressista, apresentando-a como se fosse um “frete antifascista”. Isso sem se dar ao trabalho de explicar como a “frente antifascista” pudesse ser realizada com os maiores inimigos do povo e verdadeiros fascistas que não só falam como também praticam e organizam a repressão e o massacre do povo trabalhador em favor do grande capital. Sem explicar, como que esta “frente” poderia ser feita contra elementos fundamentais do golpe de estado como Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o tucano Geraldo Alckmin, presidente
do PSDB, e outros caciques do partido fundamental do golpe de estado e de toda a ofensiva contra o povo brasileiro nas últimas três décadas, entre outros. Esta conduta, além de reforçar a fracassada política de colaboração de classes e ajudar a burguesia a tentar desamara a reação popular diante da fraude das eleições e da ofensiva golpista contra o. povo – que tende a se intensificar após as eleições (com a “reforma” da Previdência e outras medidas) evidencia a falta de limites nas estupidez política de setores da esquerda que se recusam a aprender da história da luta de classes, em nosso País, e em todo o mundo, destacadamente das derrotas do último período na qual esta “colaboração” com a direita não abriu caminho para nada que servisse aos interesses dos explorados, mas foi fundamental para seguidas derrotas destes diante daqueles com os quais a direita quer agora se “unir”, “contra o fascismo” Com eles não. Contra eles, pela liberdade de Lula e contra o golpe.
Sábado musical
Couvert: R$ 10,00
Programação do mês, sempre às 19h 1º sábado: Aninha Batucada e Renato Dias, samba paulista da velha guarda e da nova geração 1º sábado: Renato Dias, samba paulista autoral e da velha guarda 2º sábado: Samba de Canto a Canto, projeto formado por integrantes da velha guarda e da ala musical da Vai Vai
Essa política da esquerda de se solidarizar com Bolsonaro foi uma das coisas mais horríveis que aconteceu nesses últimos tempos. Em vez do pessoal chamar à luta contra a extrema direita, eles vão lá se solidarizar com a pessoa. Teve gente de bom senso que falou assim: ” se Hitler sofresse um atentado você ia se solidarizar com ele?”
3º sábado: Aninha Batucada, samba autoral e de compositores da nova geração paulista
4º sábado: grupo Sendero, música latino-americana Local: Rua Serranos, 90 - Saúde (próximo ao metrô)
NACIONAL| 3
FRAUDE
STF proíbe 3,4 milhões de eleitores de Lula de votarem C
onforme noticiado na quarta (26), o Supremo Tribunal Federal manteve o cancelamento de 3,4 milhões de títulos de eleitor devido a ausência de cadastramento biométrico. A decisão havia sido informada na segunda (24) pelo Tribunal Superior Eleitoral, após realizar o recadastramento dos eleitores entre 2016 e 2018 em diversos locais do país. Mais da metade dos títulos, cerca de 54%, são de pessoas das regiões Norte e Nordeste: justamente onde a esquerda e Luiz Inácio Lula da Silva possuem maior votação. Aqueles que não recadastraram os títulos são justamente os moradores de regiões remotas, cujo deslocamento à sede dos municípios para realizar a operação burocrática é dificultoso. Trata-se, evidentemente, de mais uma manobra de manipulação eleitoral dos golpistas. Primeiro, Eduardo Cunha realizou em 2015 uma reforma eleitoral cortando em um terço o período de campanha, e proibindo praticamente todos os meios populares de propaganda: faixas, cartazes, carros de som etc. O resultado se viu nas eleições municipais de 2016 e nas pesquisas das eleições gerais de 2018. A direita tem em suas mãos os meios de comunicação, que praticamente prestam assessoria de imprensa aos seus candidatos, invisibilizando e detratando ao máximo a esquerda. A direita tem dinheiro para impulsionar publicações em redes sociais e produzir convincente material de propaganda televisiva. A direita enfim domina amplos setores do poder Judiciário e do Ministério Público, a seu serviço para aplicar da maneira mais restritiva possível a férrea regulamentação eleitoral sobre a esquerda, fazendo
vista grossa para os desvios das campanhas de direita. Enfim: para os amigos, tudo, para os inimigos, a lei. Depois encarceraram Lula, disparado o candidato com maior intenção de voto. O ex-presidente está isolado numa masmorra em Curitiba, impedido de concorrer, impedido de dar entrevistas, impedido de fazer campanha, impedido até mesmo de articular a campanha de Fernando Haddad que, por direito, deveria ser a sua. Em suas análises, o PCO vem desde 2016 que a via eleitoral não seria um caminho viável para derrotar o golpe. Os golpistas têm em suas mãos os Poderes da República e conduzem-no da maneira que mais lhes convém para atingir seus objetivos. Por isso o PCO insistiu na bandeira da anulação do impeachment de Dilma Rousseff enquanto era possível, evitando cair na armadilha das Diretas Já. Da mesma maneira, enquanto setores mais afoitos do PT se saíam com a campanha Lula 2018 ainda em 2016, o PCO lidava com o problema concreto que então já estava colocado: a questão da prisão de Lula. O cancelamento de 2,4% dos 147,3 milhões de títulos de eleitores cadastrados, por isso, não é trivial. É algo que certamente gera consequências sobretudo nas eleições majoritárias. Basta lembrar que a diferença entre Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) no segundo turno em 2014 foi de 3,5 milhões de votos. Há uma contabilidade eleitoral em jogo, que a burguesia controla na ponta do lápis. Em vão o PSB apresentou uma ADPF (arguição de descumprimento de preceito fundamental) – apoiada pelo PT – junto ao STF pedindo a suspensão do cancelamento dos títulos.
A relatoria do processo coube ao assumidamente golpista ministro Luís Roberto Barroso, que manteve a supressão dos direitos dos eleitores, no que foi acompanhado por Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Segundo o voto golpista de Cármen Lúcia, “a dez dias da eleição, decisão dessa natureza seria inviabilizar o processo. Seria desfazer tudo o que foi feito, e foi feito com base na lei”. Apenas Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio divergiram. Não sem uma forte dose de prurido burguês, em seu voto Lewandowski advertiu: “ante a opinião pública internacional, como é que vamos ficar?”. O golpe avança, e demonstra à população que sem uma mudança real da relação de forças políticas não é possível derrotá-lo. Tal mudança só pode ser obtida com a mobilização e a organização da população para lutar por seus direitos. Os golpistas não entregarão o governo de volta a representantes dos trabalhadores de
graça numa eleição completamente fraudulenta. Além de acreditar e investir piamente no processo eleitoral, amplos setores da esquerda ainda cometem a imprudência de aderir a movimentos claramente controlados pela direita – como p #EleNão – que visa a demonizar o que chama de “extremos” (nominadamente o PT de um lado e Jair Bolsonaro do outro). Este movimento visa a, por um lado, redirecionar votos do PT para Ciro Gomes (PDT) e, por outro lado e principalmente, redirecionar o eleitorado de Bolsonaro para Geraldo Alckmin (PSDB) – o candidato preferencial do imperialismo. Tentar fazer “disputa de narrativa” nesse contexto é subestimar a capacidade de manipulação da direita. Seria como ir a um coxinhato de 2015 para defender o PT. Portanto é preciso ter claro nesse momento: nenhuma unidade com a direita! Eleição sem Lula é fraude! Estas as palavras de ordem capazes de fazer avançar resolutamente e sem ilusões a luta contra o golpe de Estado em curso.
PREPARANDO A FRAUDE
Imprensa golpista já coloca Alckmin em 3º em pesquisa A
s engrenagens da fraude eleitoral por parte dos golpistas estão a todo vapor. Pesquisa do instituto Brasilis divulgada nessa quarta (27) pela agência de notícias InfoMoney, vinculada ao Banco Itaú, apontam que o candidato dos “donos do golpe”, Geraldo Alckmin, já se encontra em 3º lugar, com 10% nas intenções de voto. O candidato do PT, Fernando Haddad, está em 2º, com 22% e Bolsonaro em 1º, com 27%. Aparentemente, os dois primeiros colocados estariam em uma situação confortável a apenas 10 dias do primeiro turno, mas é justamente aí que está embutida a grande manipulação eleitoral a ser sacramentada nos próximos dias. Os donos do golpe atacam em duas frentes. Contra Haddad, o STF acaba de cancelar 3,3 milhões de títulos de potenciais eleitores do então candidato Lula. Além disso, acentuou-se os ataques de Ciro Gomes contra
Haddad, um tradicional candidato da burguesia sempre pronto a prestar serviço contra o PT, na perspectiva de dividir o eleitorado de Lula. Tem ainda que se considerar a possibilidade de uma denúncia bomba contra o PT e seu candidato. Em outra frente, os golpistas manobram com a profunda rejeição popular a Bolsonaro. Para impulsionar a queda do candidato espantalho e possibilitar uma transferência de votos para o o
verdadeiro candidato do golpe, a Rede Globo impulsiona o ato do próximo dia 28, “Mulheres unidas contra Bolsonaro”, colocando em ação seus artistas globais e todo uma plêiade de golpistas na campanha para reforçar a demonização do candidato cão raivoso. Há ainda as declarações absolutamente impopulares do vice de Bolsonaro, o general Mourão, um “fogo amigo” sempre disposto a acentuar o caráter direitista de um eventual governo do capitão.
Os próximos dias serão de definição. A burguesia, desde antes das eleições, já preconizava o que seria uma disputa ideal, uma disputa no centro, entre Alckmin e Ciro Gomes, mas o fator Lula “melou” seus objetivos. Os tribunais e o Exército entraram em cena e fizeram cada um a sua parte para excluir o candidato do povo das eleições. Sem Lula as manobras foram facilitadas. As eleições foram transformadas em um verdadeiro circo mambembe, chegando ao ponto da própria esquerda entrar de cabeça no alçapão do dia 29. O dia em que “mortadelas” e “coxinhas” se unirão contra o mal maior, “contra o monstro que ameaça o país com o nazismo”. E assim, os donos do golpe que não conseguiram emplacar o seu candidato contra o cordato Ciro, terão agora uma oportunidade muito mais vantajosa de “unificar” o país em torno do seu candidato contra o diabo em forma de gente.
4| NACIONAL
DITADURA TUCANA
Para quem irão os votos das urnas de São Paulo? J
á está mais do que claro que as eleições deste ano são uma completa fraude, comandada pela burguesia. Esta escolhe quem participa, ou não do pleito e pode tranquilamente fraudar resultados nas urnas, como já faz com as pesquisas que analisam as intenções de votos que cada presidenciável tem, por exemplo. A burguesia tenta, com argumentos sem sentido, provar que é impossível fraudar a criptografia de uma urna eletrônica, por exemplo. Tecnicamente já há evidencias da possibilidade de burlar esse sistema de contagem de votos. Em dezembro de 2017 houve o teste público de segurança dos equipamentos. Especialistas em informática conseguiram decifrar arquivos internos do equipamento, podendo alterar, assim, a contagem de votos. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o golpista Gilmar Mendes, afirmou, na época, que haveriam correções dessas falhas. A verdade, porém, é que a burguesia já possui candidato para vencer a disputa presidencial deste ano: Geraldo
Alckmin, do PSDB. No tempo em que governou São Paulo (entre 2001 e 2006 e 2011 a 2018), atacou diretamente a população. É uma figura totalmente impopular. Como ele, que trouxe tantas mazelas aos paulistas, seguiu vencendo a disputa pelo governo do Estado na época? Seria pela via de urnas burladas? A resposta, que parece óbvia, leva a outro questionamento: se a fraude pode acontecer nas eleições para o governo, o que impede que ocorra também na disputa presidencial? Fato é que a burguesia, que arquitetou e consolidou o golpe que retirou a presidenta escolhida por mais de 54 milhões de brasileiros, Dilma Rousseff, vem implementando uma série de manobras para tornar o processo eleitoral ainda mais fraudulento. O problema não é apenas técnico, da forma de operação das urnas, mas também de um dos maiores absurdos dessas eleições: a perseguição política, amparada pelo monopólio da imprensa golpista, que levou a prisão de Lula, o candidato da classe trabalhadora. O maior líder de massas da América Latina não ape-
#EUSIM
nas seria vitorioso no pleito, caso não tivesse sido impedido pela ditadura da direita de concorrer, mas é o único candidato capaz de barrar a atuação dos golpistas. Todas as evidências deixam claro que as eleições são, em sua totalidade, uma fraude. Nesse sentido é ingenuidade crer que as urnas são a melhor
forma de barrar o curso do golpe. A única forma de derrotar verdadeiramente os golpistas é através da mobilização popular. Esta é a única forma que a classe trabalhadora possui de defender seus interesses e garantir seus direitos, que estão sendo massacrados pela direita que, ilegitimamente, tomou o poder.
MANOBRA ELEITORAL
Alckmin “adere” a si mesmo, em Contra Bolsonaro, imprensa tira da cartola um “escândalo” de 2011 campanha contra Bolsonaro R N ecentemente a imprensa anunciou que Alckmin tinha “aderido” à campanha do #EleNão. Uma coisa realmente muito inusitada, pois a campanha foi criada pelo próprio PSDB, e inflada pela imprensa burguesa que é aliada ao mesmo setor político que controla o PSDB. Supostamente, Alckmin teria se juntado à campanha de forma “espontânea”, junto com o “movimento democrático das mulheres”. De forma que Alckmin seria um grande democrata ao estar defendendo este “grande movimento popular das mulheres contra o fascismo”, que é justamente a campanha que a imprensa está procurando orquestrar para colocar Alckmin no segundo turno. O objetivo desta mobilização obviamente que é de transferir os votos contra o PT, isto é, os votos da direita, de Bolsonaro para Alckmin. Mesmo que não aparece sob a forma de um movimento liderado pelo PSDB, o #EleNão já foi usado pela imprensa burguesa de diversas formas, através de seus artistas, seus porta-vozes (como a ultra-direitista Rachel Sheherazade) e seus políticos, como os dois da chapa presidencial do imperialismo, Geraldo Alckmin e Ana Amélia, que não enganam ninguém em sua demagogia em defesa das mulheres. Para levar Alckmin para o segundo turno, estão fazendo uma série de manobras, como a divulgação de pesquisas fraudulentas, que aos poucos vêm apresentando um crescimento de Alckmin, que já aparece em terceiro lugar, atrás dos “dois extremos” con-
tra quem a burguesia faz uma intensa campanha, o PT e Bolsonaro, apresentando Alckmin como o indivíduo racional e democrático que poderia vencer estes dois elementos “golpistas” contra a democracia. O uso do ato do dia 29 contra Bolsonaro, o possível resultado do inquérito da facada de Bolsonaro e os indícios (muito provavelmente, falsos) de que 41% das mulheres não sabem em quem votar são as cartas que a burguesia está usando para justificar uma inflação da votação Alckmin, nas pesquisas e nas eleições. Não se encontra eleitor de Alckmin em lugar nenhum, só o esforço da direita golpista para fazer acreditar que realmente este é um candidato popular e necessário para combater o fascismo de Bolsonaro. Logo ele, o tucano que bate em professores e estudantes…
a reta final das eleições, mais uma notícia escandalosa assombra a campanha de Bolsonaro. Nesta terça-feira (25), a Folha de S. Paulo revelou que Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro (PSL), teria ido morar na Noruega em função de ter sofrido ameaças de morte. De acordo com a imprensa, o caso foi relatado em 2011 através de um telegrama reservado e subsequentemente arquivado no Itamaraty – ao qual somente a Folha teve acesso. Já na quarta-feira (26), o mesmo jornal publicara que Ana Cristina Valle havia utilizado as redes sociais para negar o fato. A ex-mulher de Bolsonaro afirmou não ter sofrido qualquer tipo de ameaça, respondeu à imprensa, e defendeu a candidatura do troglodita. O jornal divulgou o depoimento de cinco pessoas, todas próximas de Ana Cristina. Dentre elas somente uma decidiu se identificar; enquanto as outras quatro disseram que só falariam sob anonimato. Os depoimentos de Ana Cristina e das pessoas que falaram sobre o caso são contrastantes. Por parte das pessoas que deram entrevista, ouviu-se: “Ela tentou asilo político aqui, o que foi negado pelo departamento de imigração local. Dizia que estava sendo ameaçada pelo ex-marido, o Jair Bolsonaro, que ele havia tirado a guarda do filho dela”. “Todo mundo aqui em Oslo sabe que o discurso dela era: estou aqui por medo do meu ex-marido e, se você quiser, a gente pode fazer uma lis-
ta de pessoas daqui que sabem dessa história”. Todavia, em um vídeo publicado para rebater a reportagem da Folha, Ana Cristina diz: “Venho aqui muito indignada desmentir a suja Folha de S. Paulo, que publica que o Jair me ameaçou de morte. Nunca.” O que nos estranha é: a direita mais tradicional e a imprensa burguesa estavam guardando essa denúncia até agora? Num consórcio liderado pela direita golpista – cujo objetivo final é transferir votos “antipetistas” para Geraldo Alckmin (PSDB) –, todos os esforços estão concentrados para alavancar a campanha #EleNão. Embora Alckmin apareça muito atrás nas pesquisas, a burguesia mantém firme o curso dessa política. Com efeito, todas as manobras serão executadas para levar para o segundo turno Alckmin contra Bolsonaro.
NACIONAL| 5
FUNÇÃO DE CIRO GOMES NA ELEIÇÃO
Dividir os votos do PT em favor de Alckmin A
polarização política, perceptível desde a consolidação do golpe, com o impeachment da presidenta democraticamente eleita, Dilma Rousseff, está ainda mais evidente nestas eleições. No debate promovido, nesta semana, pela Folha de S. Paulo, UOL e SBT, Ciro Gomes atacou diretamente Fernando Haddad e ao PT. O presidenciável apoia o discurso da direita “contra corrupção”, defendendo a prisão de Lula e ainda afirmou que não quer governar junto com o Partido dos Trabalhadores. Para ele, o PT “transformou-se numa estrutura odienta que acabou criando uma figura como Bolsonaro”. Gomes, desde o início, se colocou contra a candidatura de Lula. Ainda neste mês, ao participar de uma atividade de campanha no Paraná, Ciro se
posicionou sobre a prisão política do ex-presidente. Para ele, “em toda tragédia, há o lado bom. Agora, o povo brasileiro poderá olhar para o debate eleitoral com mais clareza. Mais gra-
ve seria isso acontecer muito perto da eleição, criando um tumulto que poderia gravemente deslegitimar o próprio processo, ameaçando a democracia”.
Ciro é um abutre dos votos de Lula e seu papel é confundir setores mais confusos da esquerda. O capacho do imperialismo, porém, não é o escolhido para ganhar as eleições deste ano. O candidato dos golpistas é Geraldo Alckmin. A burguesia está utilizando de todo tipo de manobra para tentar colocá-lo com Jair Bolsonaro no segundo turno. Para isso, dividir os votos da esquerda é fundamental. Nenhum destes candidatos é o escolhido do povo. A classe trabalhadora quer Lula, que atualmente é um preso político sob a ditadura da direita. Sua prisão é parte do golpe. Logo não se pode cair em confusão e acreditar que a solução estará nas urnas. A única forma de derrotar os golpistas e garantir a liberdade do maior líder de massas da América Latina é através de amplas mobilizações populares. Elas são, historicamente, fundamentais para a conquista de diversos direitos dos trabalhadores.
RUI COSTA PIMENTA
“Nos bastidores militares já estão no controle” R
ui Costa Pimenta mostra que os militares já estão controlando o executivo e legislativo e preparam o estrangulamento do congresso. “Quando nós começamos a discutir o problema do golpe de estado,foram apresentados argumentos contrários dizendo que no Brasil era inviável a política do golpe de estado. Várias pessoas falara que o Brasil era uma democracia estabelecida, o golpe de estado era coisa do passado, que no Brasil as instituições eram sólidas etc. Nós argumentamos que tudo isso era fantasia, que no Brasil não havia democracia sólida, inclusive assinalamos que no Brasil na realidade nunca existiu o chamado estado de direito. Que o regime dito democrático burguês é muito mais uma aparência do que uma realidade. O regime que saiu da Ditadura Militar era praticamente igual do da Ditadura, suprimidos alguns aspectos, um regime com verniz democrático.
A maioria das pessoas não levou em consideração isso, embalados pela ilusão da solidez da democracia. Na realidade determinadas facetas do regime vigente estavam parcialmente garantidas pelas mobilizações populares que levaram ao fim do regime militar. A medida que a mobilização começou a refluir, no fim da década de 1980 e início de década de 1990, a burguesia começou a retomar as concessões que havia feito ao povo em momentos que era necessário fazer demagogia. Uma das primeiras vítimas da burguesia foi o direito de greve. Já no governo FHC, com a greve dos petroleiros, o direito de greve foi totalmente varrido do papa, o que já estabelecia um pilar de um regime totalmente antidemocrático. Depois nós vimos que vários outros direitos foram sendo cortados, entre os quais a liberdade de expressão. Quando chegamos nesse ponto nós
temos que entender que o golpe de 2016 foi o coroamento de um processo, não o início. Logicamente ele dá início a um aprofundamento do processo direitista, mas isso já vinha de antes. Isso é um dado importante porque nós vimos mais uma vez a ação dos militares na situação política. O dado mais importante de todos é que o Novo presidente do STF, Dias Toffoli, chamou como conselheiro um General do Exército. Esse fato da maior gravidade mostra o controle dos militares sobre o regime político. Isso aconteceu pelo seguinte: Dias Toffoli foi indicado ao supremo pelo PT. E a pesar de ter votado com a direita várias vezes, ele é visto como um esquerdista no STF. Então para evitar que se coloque o problema da segunda instância e da própria liberdade do Lula, colocaram um cão de guarda no STF. Nós sabemos que o presidente do STF tem muito poder político, por-
que ele num certo sentido controla a pauta. Então, os militares assumiram o controle. É gravíssimo porque isso equivale a , nada mais nada menos, do que a militarização do STF. Mostra a gravidade da crise que estamos vivendo, mas mostra mais ainda como a direita está se apoderando das instituições políticas. O país caminha claramente para um regime ditatorial e já se encontra debaixo da tutela dos militares. Nós aqui já falamos várias vezes que o general Sérgio Etchegoyen é o homem forte na presidência da república, é quem está dando sustentação para um governo totalmente falido. Então, sós já temos um controle militar do executivo e te mesma forma temos um controle praticamente direto dos militares no STF. A próxima etapa e estrangular o congresso nacional, que apesar de ser composto por vigaristas é difícil de controlar.”
6 | MOVIMENTOS
BRASIL DO GOLPE
Com o golpe, Brasil perdeu seis universidades em ranking de melhores do mundo O
Brasil do golpe, pelo terceiro ano consecutivo, perdeu universidades no ranking das mil melhores do mundo. Divulgado anualmente pela publicação britânica Times Higler Education, (THE), que é uma das principais avaliadoras do ensino superior, apenas 15 Universidades brasileiras constatam na lista neste ano, em 2017 foram 21 e 27 em 2016, ano do golpe de Estado. As duas melhores colocadas no país são: a Universidade de São Paulo, (USP) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ambas classificadas no grupo entre 251 a 300 no ranking. Evidentemente, que o desempenho negativo do país no que diz respeito a este tipo de avaliação corresponde a politica de destruição do ensino público, em especial o ensi-
no superior que é parte do plano econômico dos golpistas. A Emenda 95, por exemplo, castigou duramente a rede de Universidades públicas no país. O corte drástico do investimento e a falta de qualquer planejamento educacional voltado ao desenvolvimento da pesquisa e ensino trouxe enorme apreensão, tanto para estudantes, quanto funcionários. Cursos estão sendo cancelados em Universidades federais, obras de ampliação paralisadas, políticas de auxílio à permanência de estudantes, iniciação científica e programas de pós graduação com auxílio de bolsa, extintos, ou seja, uma situação de grande insegurança a todos. A própria retração econômica nacional é outra questão que preocupa o estudante brasileiro que não terá emprego ao fim do curso.
MAIS REPRESSÃO
A política dos golpistas é inimiga da educação, do ensino, da pesquisa, do conhecimento, da ciência, da cultura. O rebaixamento de 12 Universidades
promissoras em um prazo de apenas 3 anos mostra do que é capaz o golpe, e onde podemos chegar se continuar por mais tempo.
NEGROS
Novo crime de “importunação sexual” Racismo: “não quero ser atendido por será usado para ampliar a repressão negros”, diz turista norte-amerciano no Rio
A
lei da importunação sexual, fora sancionada na última terça-feira por Dias Toffoli, e tem como premissa punir casos que envolvam atos libidinosos contra mulheres. Anteriormente era considerado importunação ofensiva ao pudor, com aprovação da lei, se torna crime e equivale a pena de 1 a 5 anos de reclusão. Mas, é preciso questionar no que de fato isso contempla as mulheres como um todo, e de que maneira isso se aplica como uma solução para a opressão que sofrem. É fato que as instituições golpistas em nada representam os interesses da população no geral e muito menos o das mulheres especificamente. Leis como essa, de nada serve senão para aumentar repressão no país, que já é extremamente punitivo e isso diretamente contra a população mais pobre. Quer dizer, são leis que buscam apresentar uma falsa solução para um problema real da mulher. Aumentam-se as leis, mas o que se vê são cada vez mais medidas aprovadas que ata-
cam as mulheres e somente corroboram com a elevação da repressão encabeçada pelo estado. O ataque que é feito contra as mulheres pelas mesmas instituições que sancionam leis como essa, deixam claro que vibrar com o aumento da repressão no país -sendo isso expressado pela lei- é acreditar e se iludir com um estado que somente massacra a população e faz demagogia com a luta das mulheres. O estado burguês quer apenas mais uma motivação pra encarcerar a população que já tanto esmaga. Não há nenhum interesse real em de fato contribuir para o avanço da luta das mulheres pelo fim de sua opressão e por sua emancipação. Todo avanço significativo na luta das mulheres, será conquistado efetivamente por elas mesmas. Travando na prática a luta política e real que garantam direitos fundamentais. Colocando de lado qualquer resquício de crença em uma via institucional que é sua verdadeira inimiga.
U
m turista Norte-americano, identificado como Antony Barrow, foi preso na cidade do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (26), acusado de racismo. O fato aconteceu no Museu de Arte do Rio (MAR). Segundo o relato das vítimas e testemunhas, o homem, foi em busca de informações, junto a recepção do museus, todavia, ao se deparar com funcionários negros, que se puseram prontamente a ajuda-lo, o homem se negou ser atendido por negros, e insultou-os. É uma clara expressão do racismo como elemento ideológico de dominação agravado pela política serviu dos golpistas ao imperialismo Norte-americano. Elian Almeida que trabalha no Museu com educador, que foi uma das vítimas, contou que ao dirigir-se ao homem perguntou em inglês se precisava de ajuda, o mesmo ignorou-o, virou de costas e falou: “Não quero negros”. O educador repetiu a pergunta, é obteve a mesma resposta: “Não negros”. A Polícia foi acionada pelo funcionário do Museus e Antony foi preso nas imediações. Antes do agredir Elian Almeida, o turista já havia feito o mesmo Sanny Lopes, monitoras de artes externas do Museu. Em seus primeiro emprego e menos de um mês exercendo a atividade, Sanny ficou sem reação diante da agressão racista, a mesma negativa, de que não falava com com negros, diante do constrangimento, a funcionária caiu em prantos. Mesmo preso o turista continuou a afirmar não querer falar ou ser abordado por pessoas negras, incluindo os policiais. Antony continua preso e aguarda audiência de custódia. ***
A ideologia racista, que estabelece de maneira irracional uma hierarquia racial, na qual, por exemplo, o negro se encontra abaixo do branco, é um produto da opressão real, de uma determinada população ou nacionalidade, e um elemento necessário para a manutenção e justificação ideológica da mesma dentro de um determinado de um país. No quadro das nações, também os países opressores veem, em geral, a si mesmos como superiores aos povos que oprimem. O grau de racismo contra uma determinada população acompanha o grau de opressão que a mesma sofre. Este fato é sintomático, mostra que a política de subserviência ao imperialismo e o aumento da opressão do povo brasileiro, e em primeiro lugar do povo negro, levada adiante pelos golpistas, contribui sobremaneira para o aumento do racismo, dentro do país e fora dele, contra a população, em particular a população negra, maioria do povo brasileiro. O fato de que um indivíduo de um outro país venha ao Brasil e expresse de maneira clara e distinta seu desprezo pela maioria do povo brasileiro, o povo negro, demonstra isso. Para o negro brasileiro a saída é a organização e a luta por uma amplo programa democrático, o que significa despojar a burguesia do poder, que é quem mantém o povo negro oprimido, e não pode conviver com tais mudanças. Só a luta das amplas massas oprimidas do país por um governo dos trabalhadores da cidade e do campo, sem a burguesia serviu e traidora do povo, o país poderá impor ao mundo o respeito que lhe é devido.
MOVIMENTOS| 7
EFEITO DO GOLPE
Assassinatos de quilombolas crescem 350% em um ano N
esta semana a Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e a ONG Terra de Direitos, elaborou em estudo e divulgou o relatório “Racismo e violência contra quilombos no Brasil”. O relatório aponta que entre os anos de 2016 e 2017 houve um crescimento de 350% de assassinatos de quilombolas no Brasil. O crescimento espantoso foi quatro assassinatos em 2016 para 18 em 2017. O crescimento é ainda maior que os dados de mortes no campo nesse mesmo período, o maior dos últimos dez anos. A Conaq aponta que esses assassinatos estão relacionados a conflitos pela terra, e onde pode ser verificado que existem cerca de 3.200 comunidades quilombolas oficialmente reco-
ARACAJÚ
nhecidas no Brasil, mas menos de 300 está regularizada, o que é uma porta aberta para os latifundiários atacarem os quilombolas.
O período analisado foi o ano posterior ao impeachment de Dilma Roussef, na qual a direita e os latifundiários tomaram de assalto o governo e reali-
zaram uma enorme ofensiva contra a população com ataques a direitos conquistados e no campo com extrema violência. Esse é o saldo do golpe onde a população negra e trabalhadora foram as mais afetadas pela política de terra arrasada colocada em prática pelos golpistas, em que o Estado e o judiciário atuam para atacar os quilombolas e dar cobertura para ação dos latifundiários e seus pistoleiros. As comunidades quilombolas têm que denunciar essa situação, mas também arrumar maneiras para se proteger e garantir seu acesso a terra com a formação de comitês de autodefesa contra os latifundiários, pistoleiros e policiais. A única maneira de reverter essa ofensiva é derrotar os golpistas com a mobilização da população.
ESPORTE
Empresas de Repressão nos estádios: Atlético-MG ônibus cancelam punido por “cantos homofóbicos” linhas e botam N culpa no povo
A
s linhas de ônibus que atendem a população das regiões periféricas de Aracaju, capital do Recife, estão sendo extintas pelas empresas que administram o transporte publico na cidade. O suposto motivo alegado e a suposta violência e o vandalismo da população contra os ônibus da cidade. Nada mais falso. Trata-se da politica de sucateamento dos serviços públicos que vem sendo imposta contra o povo apos o golpe de estado. O controle do transporte publico das grandes cidades pelas empresas privadas visa somente o parasitismo e os lucros dos empresários ligados a mafia do transporte publico. Para tanto, os mafiosos ligados as empresas de transporte botam a culpa no povo pela péssima qualidade dos serviços prestados a população pobre e trabalhadora. Contra o sucateamento desse serviço de fundamental importância para o povo, e preciso mobilizar o a população em defesa da estatização do transporte publico, sob controle dos trabalhadores.
ão pode haver qualquer dúvida que no Brasil de hoje, a censura e a repressão invadiram todos os poros da sociedade. A escalada repressiva está presente em todos os aspectos da vida social do país, onde há uma clara e inequívoca perseguição e sufocamento das liberdades democráticas mais elementares, expressas principalmente no livre pensar e manifestar. A verdadeira ditadura que vem sendo instalada no país contra os direitos democráticos da população é claramente percebida em quase todas as ocasiões onde há grandes concentrações populares, evidenciando que não se trata de um ou outro fato isolado, mas a expressão de uma política consciente da burguesia e da direita, que tem o objetivo claro de impor um regime de repressão, terror e perseguição ao conjunto da população. No rastro desta perseguição reacionária a direita vem ampliando o seu controle sobre as manifestações populares, onde até mesmo se expressar em uma partida de futebol se tornou um ato perigoso e muito arriscado, podendo ter graves consequências, chegando mesmo a processo judicial contra os autores do “terrível delito”. Um exemplo claro desta situação ocorreu por ocasião da partida disputada entre as duas equipes de maior torcida do estado de Minas Gerais, válida pela vigésima quinta rodada do “Brasileirão” 2018. Cruzeiro e Atlético se confrontaram no lendário estádio do Mineirão – atualmente o local onde o Cruzeiro manda os seus jogos – num dos clássicos de maior importância e rivalidade do futebol brasileiro. No decorrer da partida, num determinado momento, a torcida atleticana passou a entoar um cântico que foi considerado pelo Superior Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD) como “cantos homofóbicos”, ofensivos à torcida do rival Cruzeiro, de acordo com a denúncia da Procuradoria. Para a mesma Procuradoria “a torcida é parte indissociável dos clubes, sendo desse a responsabilidade pelas atitudes tipificáveis perpetradas por aquela” (site SUPER.FC, 26/09). Por este “crime hediondo” a justiça desportiva está processando o Clube Atlético Mineiro por descumprimento do “Artigo 13-A do inciso V do Estatuto do Torcedor, que proíbe os torcedores de entoar cânticos discriminatórios, racistas e xenófobos; e o artigo 66 do RGC que versa conteúdo político – o cântico da torcida citou o nome do candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro” (idem, 26/09). Absurdo, ridículo e patético. São essas as palavras encontradas para descrever a decisão da justiça desportiva em processar um clube de futebol pelo fato de sua torcida entoar cânticos, ou seja lá que tipo de manifestação for, num estádio de futebol. A gozação ao adversário sempre foi uma das manifestações mais importantes das torcidas, independente das formas como
é
elas se apresentam ou se expressam. Pela “grave infração” de sua torcida, o Atlético responderá no STJD e corre o risco de ser multado em até 100 mil reais. Os fatos ocorridos no Mineirão e a decisão da justiça desportiva em punir um dos clubes mais tradicionais e de maior torcida do país, evidenciam uma escalada sem precedentes, nos últimos anos, de ofensiva da direita, da burguesia e do imperialismo contra os direitos democráticos mais elementares da população. A tentativa em sufocar o direito à livre expressão e manifestação das massas populares é parte da campanha obscurantista que os golpistas e o conservadorismo social reacionário tentam impor ao conjunto da sociedade. As torcidas dos clubes de futebol de todo o país devem protestar energicamente, exigindo a imediata revogação do processo judicial e das ameaças da justiça contra o Atlético Mineiro e o conjunto das torcidas em todo o país. Faz-se necessário também uma campanha pelo direito de livre manifestação nos estádios, sem qualquer interferência da policia e da justiça.
8 |INTERNACIONAL
MADURO, NA ONU
“Crise humanitária” é pretexto para atacar a Venezuela E
m um de seus discursos mais combativos na Assembleia-Geral da ONU, nesta quarta-feira (26), o presidente Venezuelano comparou o esquema dos EUA de criar uma crise migratória na Venezuela é similar ao que foi usado no Iraque. Em 2003 no governo de George W. Bush os EUA usou como pretexto acusação de armamento de destruição em massa para sua intervenção no país. Maduro acusa o governo do Estados Unidos de criar uma distração para tirar o foco de uma verdadeira crise entre os países do sul e sobre a polí-
tica migratória controlada rigidamente pelo governo norte-americano. Em abril deste ano o presidente Trump separou 3.000 crianças de seus pais por tentarem cruzar a fronteira entre Estados Unidos e México. A repercussão dessa notícia criou indignação mundial. Os EUA são especialistas em criar pretextos para seus ataques sobre os países da América Latina. Essa especialidade também é usada contra o povo de seu próprio país como por exemplo a guerra contra as drogas que foi pretexto para o encarceramento do povo negro e latino.
CUBA DENUNCIA NA ONU
REGIME EUROPEU
Lula está preso “com objetivos políticos”
Cai homem de confiança de Merkel no Parlamento: a crise se aprofunda na Alemanha
E
m seu discurso feito na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na última quarta-feira, Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, denunciou a prisão política do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, pelo regime golpista: “Denunciamos o encarceramento com fins políticos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decisão de impedir o povo de voltar a eleger para a presidência o líder mais popular do Brasil” Assim como ressaltou o presidente cubano, Lula foi preso pelos golpistas com interesses meramente políticos e isso é fato. A prisão em segunda instância, antes do trânsito em julgado denota isso, além da ausência de provas. Portanto, quando há pronunciamentos de líderes políticos como esse, é devidamente a escancarada ação dos golpistas que não usam máscaras. Está cada dia mais difícil pros golpistas a tentativa de esquecerem Lula nas masmorras de Curitiba, e seguir com o curso do golpe. Mas a cada pas-
so dado, a prisão política do ex-presidente é evidenciada, uma das ações arbitrárias dos golpistas foi a de impedir até mesmo que Lula vote, ou seja, querem apaga-lo do cenário político de todo jeito. Em uma clara posição de quem tem a experiência de enfrentar o imperialismo, Canel, denunciou o avanço do imperialismo nos países da América Latina -que por meio de golpes de estado, tem se articulado- assim como a perseguição ao governo Maduro na Venezuela -onde no momento sofre ameaça de intervenção- e também no Nicarágua. Esse é o mecanismo utilizado para dominar os países que não se submetem a serem quintais de países imperialistas como os Estados Unidos e lutam por sua soberania nacional. O presidente cubano também denunciou os embargos feitos pelo governo norte-americano, que tem como único e claro objetivo senão impetrar sua política de terra arrasada no país, o de massacrar a população.
IMAGEM DO DIA
Carteira de trabalho manchada com sangue do garçom que foi assassinado pela PM. Policiais confundiram seu guardachuva com um fuzil no RJ.
A
ssim como a maioria dos governos europeus, o governo alemão de Ângela Merkel está muito fraco, em uma crise que se reflete na desintegração do atual regime. A grande coalizão formada por partidos da esquerda e da direita dos grandes partidos tradicionais da burguesia, como a própria Democracia Cristã, de Merkel, os Social-Cristãos e os Social-Democratas. O governo de Merkel está sendo noticiado pelas grandes intrigas, rompimentos e renúncias que vêm acontecendo. É o resultado da própria crise econômica do regime europeu, que tem seu principal sustento nos bancos alemães. A contradição entre os diversos setores da burguesia, que estão representados nestes partidos que formam a coalisão, vem se acentuando de maneira em que eles não estão conseguindo ter unidade de ação – levando a desintegração progressiva do governo; quase um ano depois das últimas eleições, a Alemanha já se encaminha para novas eleições, já que Merkel perdeu a maioria no parlamento. Segundo o site Deutsche Welle, do imperialismo alemão, “o afastamento por voto de Volker Kauder, o chefe da bancada conservadora e homem de confiança da premiê há tantos anos, é uma revolução palaciana que só pode terminar em um cenário: novas eleições sem Angela Merkel, a qual durante 13 anos marcou de forma decisiva os destinos da Alemanha e da Europa”. Na mesma matéria o DW demonstra toda a preocupação do imperialismo com a crise do atual governo. “Muitos dos deputados do atual Parlamento alemão parecem não ter reconhecido a seriedade da situação. Eles foram eleitos pelas cidadãs e cidadãos para se engajar pelo bem do país, não para atacar o governo semanas a fio, para
brigar por mesquinharias e questões pessoais, e assim seguir fortalecendo ninguém mais do que a populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD)”. O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) é um partido de extrema-direita, de tradição nazista, que vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Não se trata, entretanto, de um fato isolado. Em toda a Europa, os regimes burgueses tradicionais estão tendo de enfrentar o crescimento dos fascistas, de forma que em alguns países, como na Suécia e na Itália, a extrema-direita já é um fato fundamental do desenvolvimento político do país. “Os deputados da União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) não só depuseram Volker Kauder, mas também puxaram publicamente o tapete da chefe de governo, nesta época tão instável. Assim, a questão não é se o fim de Merkel está próximo, mas sim quão rápido ele vai chegar. Isso é muito curioso. Até porque quem está super feliz é a AfD e Donald Trump.” (DW) O fato de a extrema-direita estar crescendo no país, e em toda a Europa, se dá diante da inexistência de um partido revolucionário e operário, quer dizer, um partido que tenha um programa combativo contra a burguesia e que se sustente pela força conjunta dos trabalhadores. A única maneira de fazer um contraponto ao fascismo, que surge na situação política como uma resposta à crise do sistema imperialista mundial, é fazendo um contraponto com uma política revolucionária, que se apoie no povo para colocar o fascismo contra a parede. A tática da esquerda alemã é de usar as velhas e ruinosas instituições “democráticas” burguesas para tentar segurar os cães raivosos do imperialismo.