TERÇA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5425
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
NÃO EXISTE “ONDA BOLSONARISTA”, EXISTE ONDA DE ABSTENÇÕES, NULOS E BRANCOS: 40 MILHÕES NÃO VOTARAM
WWW.PCO.ORG.BR
Causa Operária Ediçao 1025
ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO EDITORIAL
Depois do resultado do primeiro turno eleitoral, muitos têm afirmado acerca de uma suposta “onda bolsonarista” que teria contaminado a população, mas a verdade é que não existe tal onda no mundo real.
COLUNA
Judiciário, instrumento essencial para o golpismo
Rui Costa Pimenta: “a manipulação eleitoral vai da pesquisa às urnas”
O povo sabe que sem Lula é fraude: quase um terço dos brasileiros não votou em nenhum candidato Estas eleições não foram feitas para a esquerda vencer
FRAUDE: NÃO FOI A VONTADE DOS ELEITORES QUE PREVALECEU, MAS A “VONTADE” DAS URNAS Os resultados apresentados pela justiça eleitoral para as eleições do último domingo, se contrapuseram, e muito, até mesmo às pesquisas fraudulentas apresentadas poucas horas antes do pleito que, mesmo com toda a manipulação costumeira do processo eleitoral, chegar a mostrar variações de até 70% de diferença em relação ao que foi divulgado nas pesquisas apresentadas na véspera, pelos órgão que são vinculados aos principais monopólios da imprensa golpista como o Ibope/Globo-Estadão e o Datafolha/Folha de S. Paulo.
Por Juliano Lopes Desde o início da luta contra o golpe de Estado, ou seja, desde as condenações e prisões decorrentes do processo do Mensalão, a luta contra os golpistas e contra a direita em grande medida foi uma luta contra o Judiciário e suas decisões arbitrárias.
Fracasso total da candidatura do PT-DF: faltou luta contra o golpe
Hoje, as 16h Análise Política com Rui Costa Pimenta, na TV 247
2 |EDITORIAL EDITORIAL
Fraude: não foi a vontade dos eleitores que prevaleceu, mas a “vontade” das urnas
O
s resultados apresentados pela justiça eleitoral para as eleições do último domingo, se contrapuseram, e muito, até mesmo às pesquisas fraudulentas apresentadas poucas horas antes do pleito que, mesmo com toda a manipulação costumeira do processo eleitoral, chegar a mostrar variações de até 70% de diferença em relação ao que foi divulgado nas pesquisas apresentadas na véspera, pelos órgão que são vinculados aos principais monopólios da imprensa golpista como o Ibope/Globo-Estadão e o Datafolha/Folha de S. Paulo. Com mil piruetas os “analistas”procuram explicar na TV tamanha “margem de erro”, alegando mudanças bruscas no estado de ânimo do eleitor, diante de uma campanha que – praticamente – não existia ou ainda atribuindo o resultado a um suposto apoio do candidato direitista Jair Bolsonaro, que praticamente não fez campanha nem para si mesmo, mas teria sido decisivo na eleição de supostos aliados.
Como mágica, elementos sem qualquer popularidade, sem campanha colossais, sem nada, saltaram da quarta ou quinta colocação para a liderança nas urnas. Assim, elementos reacionários e que tinha dificuldade até para se elegerem deputados em eleições anteriores (não eram portanto “novos”ou elementos “de fora da politica” etc.) tornaram-se recordistas de votos como o ultra reacionário major Olímpio, senador eleito com mais de 9 milhões de votos, em São Paulo. Não faltaram a ultrapassagem, sem qualquer motivação excepcional, de candidatos da esquerda que haviam se oposto ao golpe de estado, como a presidenta Dilma Rousseff, em Minas Gerais, do vereador Eduardo Suplicy, em São Paulo, e do senador Roberto Requião, no Paraná, todos com derrotas acachapante e na reta final, nas eleições para o Senado. No Rio de Janeiro, mesmo com o apoio do ex-governador que figurou no segundo lugar das pesquisas, por
COLUNA
mais tempo, e que se encontrava 48 h antes do pleito na segunda colocação na disputa para o governo, o senador Romário (Pode), foi ultrapassado por dois candidatos que ocupavam a terceira e quarta colocações, sendo que um deles, Wilson Witzel, de forma inesperada, assumiu a dianteira no dia da eleição, obtendo mais de 40% das eleições; o dobro do percentual de votos do segundo colocado, Eduardo Paes (DEM), que liderou as pesquisas até a noite anterior. Fenômeno semelhante se deus em Minas Gerais, onde o candidato do Novo, Romeu Zema, ultrapassou o governador petista, Fernando Pimentel e, até mesmo o tucano Anastasia, chegando na frente com cerca de 43%. Um crescimento mágico de cerca de 30 pontos percentuais, em pouco mais de 24 horas. Uma “mágica” sem igual. Nesses e muitos outras casos, a “vontade das urnas”, se impôs à suposta vontade das ruas expressa pelas pesquisas e a tudo que se pode-
ria supor. Sem explicações reais, que nua sejam a mais deslavada fraude. O silêncio da esquerda diante desse processo fraudulento evidencia a enorme capitulação política que se teve como ato principal a aceitação da cassação de Lula, aprovada pelo TSE golpista e clamada pelos militares, contra a qual a direção do PT não se insurgiu, aceitando a politica dos setores mais direitistas que defenderam por meses a fio – contra a vontade das bases do partido e da militância das organizações de luta dos explorados – a substituição de Lula por um “plano B”. A crença cega no regime democrático, que nunca existiu de fato no País, e cujo arremedo existente desde o fim do regime militar, virou pó com o golpe de Estado de 2016, fez a esquerda fica calada e, ainda agora, manter a ilusão que é possível derrotar os golpistas nesse campo minado, em que a “vontade das urnas” reflete os interesses – ainda que conflitantes – das principais alas da burguesia golpista.
CHARGE
Judiciário, instrumento essencial para o golpismo Por Juliano Lopes
D
esde o início da luta contra o golpe de Estado, ou seja, desde as condenações e prisões decorrentes do processo do Mensalão, a luta contra os golpistas e contra a direita em grande medida foi uma luta contra o Judiciário e suas decisões arbitrárias. O Poder Judiciário foi um instrumento essencial para que a direita impusesse sua vontade, para que os interesses dos golpistas fossem legitimados por algumas instituições do regime, especialmente os juízes e ministros. Não por acaso, o Judiciário foi o responsável pelo impeachment, ao ratificar a decisão de um Congresso Nacional dominado por golpistas, e, por outro lado, é o Judiciário que mantém presa a principal liderança popular do Brasil, capaz de colocar em marcha uma luta contra o golpe e suas medidas, Lula. Como não poderia deixar de ser diferente, é o Poder Judiciário (eleitoral) que controlou todo o processo das eleições de 2018, da urna, juízes, aos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) todos estavam mancomunados a favor da direita, no que resultou em uma das eleições mais farsescas de todos os tempos, com a direita avançando quando, na realidade, não possui apoio popular.
Não esquecer de todos os presos da operação golpista Lava Jato, nem esquecer que as vendas do patrimônio nacional foram todas abençoadas pelo Judiciário, que deve receber algum benefício para tamanho serviço prestado ao golpismo. Nem todo poder emana do povo. O Judiciário não é eleito, não presta contas a ninguém, atua de maneira arbitrária. E como não precisa de voto, é o poder mais incontrolável que existe, o mais corruptível, em último caso. A luta contra o golpe coloca em marcha um programa democrático de luta contra o Poder Judiciário. Por exemplo, desobedecer decisões injustas da Justiça é um direito elementar. Nestas condições a luta pela liberdade de Lula, pela derrota do golpe e contra as “reformas” golpistas não podem ficar subordinadas aos ditames da justiça golpista.
FRASE DO DIA
Lula está há mais de 100 dias preso, ele é um preso político. Não tem nenhuma prova contra o presidente Lula, [quero] dizer que é uma ditadura do TSE, o STF não tem legitimidade para cassar os direitos políticos do Lula. Lula é o presidente que o povo quer. Lula presidente! Eleição sem Lula é fraude! Lourdes Melo, candidata do PCO ao Governo do Piauí
NACIONAL| 3
ELEIÇÕES 2018
Não existe “onda bolsonarista”, existe onda de abstenções, nulos e brancos: 40 milhões não votaram D
epois do resultado do primeiro turno eleitoral, muitos têm afirmado acerca de uma suposta “onda bolsonarista” que teria contaminado a população, mas a verdade é que não existe tal onda no mundo real. Bolsonaro obteve 49 milhões de votos ao passo que as abstenções, votos nulos e votos em branco atingiram o patamar de 40 milhões de eleitores. Verificamos, pois, que se trata de mais uma falácia criada pela imprensa burguesa. Em outras palavras, a maioria da população não votou em Bolsonaro ou não viu nele um candidato atrativo. Em verdade, nenhum dos candidatos foi capaz de atrair a maioria dos eleitores, posto que o único can-
didato que tem essa envergadura foi arbitrariamente excluído por um conjunto de medidas ilegais. Lula despontava com quase metade das intenções de voto quando foi preso antes do trânsito em julgado processual. Tinha enormes condições de ganhar no primeiro turno com o transcorrer da campanha. Lula defendia um nacionalismo, tornando-o intragável aos golpistas, porém com amplo respaldo popular. Não à toa que as abstenções, votos nulos e votos em branco quase venceram o primeiro turno do certame eleitoral. Destarte, a denuncia da fraude eleitoral se torna cada vez mais imperiosa nesse vácuo eleitoral.
O POVO SABE QUE SEM LULA É FRAUDE
ANÁLISE
Rui Costa Pimenta: “a manipulação eleitoral vai da pesquisa às urnas”
Quase um terço dos brasileiros não votou em nenhum candidato
Destacamos e transcrevemos um trecho do último Análise Política da Semana (06/10), em que o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente Nacional do PCO, analisa o problema da manipulação eleitoral por meio de pesquisas e fraude das urnas eletrônicas, comprovadas mais uma vez pelos resultados das eleições presidenciais no último domingo. Leia aqui:
ex-presidente Lula liderava todas as pesquisas de intenção de votos, chegando a cerca de 40% no final de agosto de 2018. Com o boicote de alguns institutos de pesquisa e da imprensa golpista em geral, com a prisão ilegal e proibição de ser entrevistado, prejudicando a campanha, ele não parou de crescer e já era certo que, se concorresse, poderia ganhar no primeiro turno. Com o risco de ser eleito mais uma vez, com imenso apoio popular, o ex-presidente colocava o golpe em xeque, motivo pelo qual o Sistema de Justiça, completamente dominado pelos golpistas, teve que mostrar-se nu e pôs fim ao caso, rejeitando o registro de sua candidatura, numa manobra das mais vis de que se tem notícia no Tribunal Superior Eleitoral, com direito a rasgarem um tratado internacional de que o Brasil é parte. Não resta dúvida de que Lula liderava as pesquisas como demonstração do povo de sua resistência aos golpistas. Era expressão da luta contra o golpe. Com a fraude que retirou Lula da competição, o resultado é, desde 1998, o mais alto índice de abstenção (ou seja do número dos que não foram votar): 20,32%. Com isso, 29.719.056 pessoas deixaram não comparecer às seções eleitorais. Do mesmo modo, o número de votos em branco foi de relevantes
E
logicamente nós temos que contar com o grande fenômeno da eleição que são as urnas, não o eleitorado, eu vejo muita gente nas redes sociais confundindo, as urnas de São Paulo, não o eleitorado, as urnas. Porque as urnas de São Paulo dão resultado diferente do que o eleitorado pensa. Conseguiram inclusive convencer o Brasil que o Estado de São Paulo que é o mais industrializados do país, centro das lutas políticas e sociais do Brasil inteiro é o Estado mais reacionários do Brasil. Este mito serve, logicamente, para apresentar como aconteceu nas eleições passadas com Aécio Neves deslanchando de maneira fulminante em São Paulo chegando no segundo turno, perdendo para Dilma Rousseff, vejam bem o número, por 2 milhões milhões votos e o TSE acabou de anular 3,6 milhões de Votos. Sobre isso daí ninguém fala nada, o pessoal do PT colocou na cabeça que eles iam ganhar de qualquer jeito, parece coisa de gente louca furiosa, não veem nada do que está acontecendo nem protestaram contra o que está acontecendo, não falam de golpe, não falam nada, eles passaram para o espaço sideral na eleição. Aí uma pessoas fala, “não mas o Haddad está com 22%” e tal, primeiro comentário, ninguém sabe quem está com o que, estas pesquisas no Brasil elas são notoriamente um instrumento de manipulação, quando o Haddad ganhou a eleição em São Paulo ele estava em terceiro lugar até o último dia quase, a pesquisa visivelmente manipulada para impedir que ele ganhasse. Agora um cidadão faz pesquisa e todo mundo fala, não, está certo,
como assim? Alguém fala, “não,mas há muitos institutos independentes”, e onde é até estavam estes institutos independentes quando o Haddad estava em terceiro lugar aqui. Na eleição presidencial o Aécio Neves estava em terceiro lugar também até quase o último dia da eleição, de repente deu a louca no eleitorado de São Paulo e o cara foi para o segundo turno, como é que alguém pode estar confiante.” A análise política vai ao ar todos os sábado ao vivo às 11:30, você pode assistir no site causaoperariatv.com; no Diário Causa Operária (DCO); no canal Causa Operária TV no YouTube e páginas do partido no Facebook.
O
3.095.689 (2,65%), e o número de votos nulos chegou a 7.161.245 (6,14%). A soma desses percentuais (29,11%), são quase 40 milhões de pessoas que preferiram não votar ou, indo votar, decidiram não escolher um candidato à Presidência da República, o que indica que para grande parte da população o processo é uma grande fraude e não compensa dele participar. Considerando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de impedir de votar mais de 3 milhões de eleitores, a maioria residente em lugares pobres que importavam grande dificuldade de locomoção inclusive, por não terem feito feito o cadastramento biométrico, deixou claro para muitos que o próprio Judiciário é um dos principais atores da fraude. Segundo dados do TSE, o Brasil teria 147.302.357 eleitores em julho de 2018, significa que quase 1/3 (um terço) do eleitorado deixou de votar para presidente, somando-se a cassação do STF a mais de 3 milhões de eleitores, chegamos praticamente ao mesmo percentual alcançado pelo fascista Jair Bolsonaro – que obteve pouco mais de 46% dos votos válidos. O povo sabe: eleição sem Lula é fraude. A fraude vai continuar, em breve vamos descobrir quais serão os novos instrumentos utilizados para encobri-la.
4| NACIONAL
EXTREMA-DIREITA
Estas eleições não foram feitas para a esquerda vencer A
s eleições de 2018 tiveram um caráter muito diferente das anteriores. A extrema-direita foi para as ruas intimidar os eleitores do PT, Dilma Rousseff foi alvo de uma campanha intensa de calúnias e ameaças e as diversas manobras eleitorais, como no caso da candidatura de Eduardo Campos e Marina Silva, expuseram que o plano do imperialismo era colocar o PSDB de volta no governo. O PT conseguiu vencer as eleições daquele ano, mas isso não pôs fim na ofensiva da direita. O candidato Aécio Neves não aceitou a eleição e convocou diversos setores a boicotar o segundo governo Dilma Rousseff antes mesmo de ele começar. Menos de dois anos depois, a direita conseguiu derrubar Dilma, eleita por 54 milhões de votos e sem ter cometido qualquer crime comprovado. O impeachment de Dilma Rousseff concretizou aquilo que já vinha sendo
orquestrado há anos: um golpe de Estado, capaz de dar à burguesia poderes para massacrar os trabalhadores. Desde o Judiciário até o Ministério Público, a Polícia Federal, o Congresso e a imprensa burguesa, todos os instrumentos que estavam nas mãos da direita foram utilizados para dar o golpe.
As eleições de 2018 também tiveram um caráter diferente das anteriores – que nunca foram minimamente democráticas. Dessa vez, a direita não estava tentando dar um golpe na população: o golpe já havia sido dado e a burguesia utilizou as eleições apenas para confundir o movimento operário. O maior líder popular do país e o
candidato favorito para ganhar as eleições de 2018 foi preso ilegalmente pela burguesia golpista. Lula, além de ter sido preso sem provas e vítima de uma perseguição descarada, foi impedido de concorrer nas eleições. O candidato do povo, o candidato da classe trabalhadora, foi impedido de participar das eleições pela direita golpista. Dessa forma, independente de quaisquer outros candidatos que participassem das eleições, as eleições seriam inevitavelmente uma fraude. As eleições são totalmente controladas pela burguesia. As urnas, os TREs, a imprensa – tudo pertence à classe que quer esmagar o movimento operário. Desse modo, as eleições não são outra coisa a não ser um jogo em que a esquerda não tem a menor condição de ganhar. É um jogo de futebol em que o capitão do nosso time foi expulso, estamos jogando sem goleiro e o juiz está apitando com a camisa do time adversário.
FRACASSO TOTAL DA CANDIDATURA DO PT-DF
Faltou luta contra o golpe A
candidatura do PT ao governo do Distrito Federal teve 60.592 votos no primeiro turno das eleições realizado no domingo (7), com 4% dos votos válidos, correspondendo a aproximadamente 60,5 mil eleitores. Seria o pior desempenho eleitoral do Partido dos Trabalhadores no DF, que conta hoje com mais de 24 mil filiados. Superar a votação obtida dependeria, teoricamente, apenas de cada filiado agregar dois votos além do seu próprio. A população do DF teria virado “coxinha”? É claro que não. O mau desempenho eleitoral se deve justamente à hesitação do PT em empreender uma ampla mobilização de luta contra o golpe de Estado em curso. O Partido acabou por jogar passivamente o jogo dos golpistas, recebendo em troca uma ostensiva fraude na contagem dos votos. Aparentemente, a intenção da cúpula do Partido dos Trabalhadores na Capital Federal era de apresentar uma candidatura laranja. A única sindicalista a postular o cargo, a presidente do Sindicato dos Professores, Rosilene Corrêa, retirara sua pré-candidatura antes mesmo da convenção do Partido, à qual chegaram o bancário aposentado Afonso Magalhães e o economista Júlio Miragaya. Embora Magalhães seja coordenador da Central de Movimentos Populares, e certamente Miragaya seja um quadro admirável, nenhum dos dois estava à frente de sindicatos ou organizações mais decididamente combativas. Escolhido o nome de Miragaya em 28 de julho, o PT passaria a contar com o apoio do Partido Republicano da Ordem Social (Pros) em nível nacional em 4 de agosto.
O acordo parecia claro: em função da negociação nacional, o nome pouco competitivo de Miragaya era um apoio tácito à candidata do Pros ao GDF, Eliana Pedrosa – ex-secretária de Desenvolvimento Social do governo de José Roberto Arruda (PR): nada menos que um dos grupos dominantes da burguesia local. Embora tenha liderado as pesquisas em vários momentos, porém, Pedrosa não chegou ao segundo turno do pleito, que será disputado entre Ibaneis (MDB) e do atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB). Toda a campanha eleitoral do PT no DF foi tímida do ponto de vista de mobilização. O Partido concentrou recursos nos parlamentares que já possuíam mandato, deixando as candidaturas ligadas às bases populares à míngua – em alguns casos sem um centavo sequer. As bandeiras e materiais de propaganda de muitos dos candidatos – feitos justamente com os recursos concentrados – praticamente escondiam sua filiação partidária. Os atos eram carreatas, distantes do diálogo com a população, e mal se viam panfletos, santinhos etc. Palavras-de-ordem identitárias e quase psolistas ganharam protagonismo, em detrimento do atendimento de necessidades concretas da população. Em suma: o PT entrou na defensiva na campanha eleitoral, como que tentando se passar por um partido burguês, e acabou por capitular completamente à burguesia. Acima de tudo, o PT não denunciou o golpe em sua campanha, participando da disputa como se fossem eleições normais. É a velha tática fracassada de “priorizar a pauta positiva, evitando palavras negativas”, como se não houvesse um
brutal ataque do imperialismo sobre o país, como se a burguesia local não estivesse toda comprometida com o golpe, como se a presidente deposta em 2016 não fosse do próprio PT, como se a base desse mesmo processo eleitoral de 2018 não fosse justamente o encarceramento ilegal de Luiz Inácio Lula da Silva numa masmorra em Curitiba. Enfim: como se aqui se tratasse de mera “disputa de narrativa” e não de um embate real entre forças políticas. De fato, diante de uma tática tão recuada, em que se evitava mesmo falar em golpe, não ocorreu na cidade uma intensificação das mobilizações reais de luta contra o golpe. Os comitês pela liberdade de Lula se tornaram comitês eleitorais e as mobilizações foram praticamente a zero – como no acanhado Grito dos excluídos de 7 de setembro, que de milhares de pessoas em 2016 e 2017 foi reduzido a pouco mais de 200 manifestantes perdidos na Esplanada.Um evidente sinal de desmobilização: os votos do PT foram minados justamente no alto índice de não comparecimento, que chegou a 18,73% dos eleitores. Somam-se a is-
so 3,94% de votos em branco e 6,76% de votos nulos, chegando a um índice de abstenção de 24,72% nas eleições para o GDF. Combalido, desmobilizado, o PT-DF tornou-se por fim vítima fácil de uma das manipulações eleitorais mais descaradas das muitas que ocorreram nessa semana Brasil afora. É evidente que 24 mil filiados conseguem aglutinar muito mais votos que aqueles computados pelas urnas golpistas. É evidente que Ibaneis não possui qualquer base popular real que justifique sua ida ao segundo turno, e menos ainda ao Palácio do Buriti. É evidente que houve uma grosseira fraude nesse processo eleitoral, uma fraude da qual o PT participou cabisbaixo e pouco combativo, concentrando suas energias numa ilusória promessa de vitória em eleições presidenciais conduzidas pelos golpistas. A experiência prática mostrou o desacerto dessa estratégia. Para mudar a relação real de forças, não cabem ilusões eleitorais. É preciso organizar e mobilizar as bases populares de todos os partidos de esquerda na luta contra o golpe.
NACIONAL| 5
ANÁLISE
“Surpresas” na eleição sempre tiram votos da esquerda e dão votos para a direita O
s “analistas” contratados pela imprensa golpista estão até agora tentando explicar as “surpresas” direitistas que as urnas eletrônicas indicaram como vencedores nas eleições de 2018. Em Minas Gerais, o candidato do partido Novo, Romeu Zema, que um dia antes da eleição estava em terceiro lugar nas pesquisas, terminou em primeiro, aumentando em mais de 20% a quantidade de votos, em relação a pesquisa de intenção de votos. Dilma Rousseff do PT, que liderou as pesquisas de intenção de votos para o Senado em Minas Gerais desde o dia que anunciou sua candidatura, perdeu mais de 20% de votos na boca de urna, ficando em quarto lugar nas eleições, sendo que não existiu campanha de boca de urna nas eleições desse ano. No Rio de Janeiro, outra “surpresa” foi o desconhecido direitista Wilson Witzel do PSC (Partido Social Cristão) que quase ganha a eleição ao governo do Estado carioca no primeiro turno, com 41,28% dos votos, sendo que até o dia da eleição, o candidato “surpresa” nunca foi apontado pelas pesquisas eleitorais como um possível vencedor do pleito, sempre atrás de outros candidatos mais conhecidos, como Garotinho e Romário, outro “fenômeno” eleitoral que vence 24 horas antes das urnas eletrônicas serem abertas. Em São Paulo, que já é tradicional os candidatos da direita ganhar as eleições no dia da eleição, tendo desafiando até as pesquisas eleitorais mais favoráreis as suas candidaturas, a fraude eleitoral aprontou novamente contra o PT e o conhecidíssimo ex-
-senador Eduardo Suplicy, em favor da direita. Eduardo Suplicy do PT, que liderou as pesquisas de intenção de votos desde o primeiro dia de sua candidatura, perdeu a eleição no Senado, no dia da eleição, para dois desconhecidos direitistas, Mara Gabrilli do PSDB e Major Olimpio do PSL, um resultado impossível de até os “analistas” golpistas da imprensa venal brasileira conseguir apresentar qualquer tipo de explicação. Em 2014, as urnas eletrônicas desafiando as pesquisas eleitorais, conseguiram derrotar Eduardo Suplicy, colocando-o atrás do odiado José Serra do PSDB, mas nesse caso, ainda poderia se confundir, pois era apenas uma vaga e apresentar a vitória de José Serra como expressão da máguina eleitoral do PSDB, no entanto em 2018, com duas vagas em disputa, o resultado “surpresa” que tirou o petista Eduardo Suplicy do Senado, não dá para engolir. É obvio que os “analistas” golpistas apresentaram uma explicação para a fraude, que vai desde a vontade do povo votar no político novo, que não está “envolvido” com corrupção, apesar de seus partidos serem os partidos da corrupção, do golpe, da venda do país. Também tem explicações para desmoralizar a esquerda nacional como a de que o eleitor brasileiro é direitista, e de que em São Paulo, os trabalhadores são os mais direitistas do país, ou seja, gostam de privatização, apoiam a retirada de seus direitos etc. O que é um verdadeiro absurdo. No final, analisando as “surpresas” eleitorais que desafiaram até os
institutos de pesquisas que são controlados pelos próprios capitalistas, somente promoveram surpresas à favor dos candidatos de direita, e que sempre são os votos da esquerda que desaparecem, um fenômeno que se aprofundou com o aparecimento das urnas eletrônicas. Para quem já participou de qualquer tipo de eleição, seja no movimento estudantil, sindical ou popular, sabe que não se muda a tendência de voto da esquerda para direita de um dia para o outro, na véspera de uma eleição, e que a variação é bem pequena, portanto a única explicação racional é que os votos da esquerda foram transferidos para direita através da fraude, do roubo e nada mais. As eleições de 2018, que apresentaram os resultados mais absurdos de toda história, elegendo candidaturas desconhecidas, aberrantes, como Alexandre Frota, Janaína Paschoal, Major Olimpio, Romeu Zema etc, é a comprovação de que houve fraude eleito-
ral em todo país, a começar pela votação do fascista Jair Bolsonaro, que mesmo possuindo o maior índice de rejeição de todos os candidatos, cerca de 50% de rejeição, quase se elege no primeiro turno das eleições. Diante disso, o população trabalhadora no Brasil não pode dar autoridade para esses verdadeiros inimigos do povo se apresentarem como representantes de seus interesses nas instituições do país, é necessário continuar a luta contra o golpe, pois o golpe continua acelerado e com a finalização dessa eleição fraudada, os ataques aos trabalhadores serão muito agressivos. Lembrar sempre que o principal líder político do Brasil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi preso e proibido, de forma arbitrária, de ser candidato a presidência da República, pois tinha mais de 40% de intenções de voto em todos os Institutos de pesquisas, e por isso, a luta pela Liberdade de Lula faz parte da luta geral contra os golpistas.
FRAUDE
Aécio, odiado, é eleito; Dilma, com enormes comícios, não é A
s eleições deste ano reforçaram aquilo que já se sabe: a fraude dos processos eleitorais, controlados pela burguesia. Um dos exemplos desta fraude pode ser visto em Minas Gerais. A líder das pesquisas e ex-presidenta, democraticamente eleita por mais de 54 milhões de votos, Dilma Rousseff, perdeu a disputa ao senado, ficando em 4° lugar. Ela, que era cotada com 27,9% das intenções de voto, recebeu, supostamente, 2.658.852 votos. Os vencedores foram Rodrigo Pacheco (DEM), com 20,54% dos votos e Carlos Viana (PHS), com 20,28%. A burguesia elegeu, porém, o impopular Aécio Neves a deputado federal na mesma região. Ele foi, supostamente, o 18° candidato mais votado no pleito, com, mais ou menos, 106
mil votos. O golpista, que visivelmente não foi escolhido pelo povo, foi inclusive hostilizado pela população quando foi votar, na tarde deste domingo, no Bairro de Lourdes, em Belo Horizonte. Quando questionado sobre quem apoiaria no 2° turno das eleições, entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL), Aécio disse que não iria se pronunciar, mas que jamais apoiaria o Partido dos Trabalhadores. É importante ressaltar, mais uma vez, a fraude que é o processo eleitoral. Os resultados deste domingo demonstram o avanço da direita golpista no país, que só poderá ser derrubada através de amplas mobilizações populares, que são a única forma de garantir a conquista e o mantimento de direitos da classe trabalhadora.
Hoje às 14h, acompanhe na TV 247 - Análise Política com Rui Costa Pimenta
6 | NACIONAL
INIMIGOS DA CULTURA POPULAR
Amor entre fascistas? Herdeiro de Mussolini na Itália comemora vitória de Bolsonaro N
o domingo (07/10) foram realizadas as eleições presidenciais no Brasil, onde por meio de uma total fraude a burguesia conseguiu passar o rolo compressor por cima da esquerda. Bolsonaro, apesar de não ser o plano A da burguesia, conseguiu passar para o 2º turno em primeiro lugar, com uma diferença de mais ou menos 19 milhões de votos com o segundo colocado, Fernando Haddad (PT), quase se elegendo para presidente já no 1º turno. A fraude nas eleições foi totalmente apoiada pela burguesia imperialista que montou todo o esquema de manobra eleitoral, inclusive mandando para o Brasil a Organização dos Estados Americanos (OEA), uma organização controlada pelo imperialismo norte-americano, para legitimar a fraude eleitoral. É perceptível, entretanto, que Bolsonaro não era o candidato principal do imperialismo, que fez uma dura campanha contra Bolsonaro, até perceberem que não seriam capaz de levar outro candidato para a disputa
eleitoral no segundo turno, mesmo com todas as fraudes. Porém, o atual apoio do principal setor do imperialismo a Bolsonaro não passa de uma mera simpatia para que ele derrota o PT nas eleições. Já para outros líderes da direita europeia, como é o caso do atual ministro do interior e vice-premier da Itália, Matteo Salvini, a vitória de Bolsonaro é um grande acontecimento.
“Também no Brasil se muda! Esquerda derrotada e novos ares”, escreveu Salvani no Twitter. E em entrevista em uma rádio local acrescentou: “os ventos estão mudando em todos os lugares”. Nesta segunda-feira Salvini comemorou a vitória do elemento reacionário de descendência italiana nas eleições brasileiras. Não é algo surpreendente já que os dois são repre-
VOX
Viúvas de Franco ascendem com crise da direita espanhola
A
extrema-direita fascista cresce exponencialmente no continente europeu. A dissolução do regime capitalista está abrindo, mais uma vez, as portas para os partidos e movimentos fascistas, que fazem parte das cartadas dos setores em crise da burguesia para oprimir a classe operária e dar uma solução mais objetiva e dura para os problemas causados pela acentuação da crise do capital financeiro internacional. Em todos os principais países imperialistas, a sociedade está tendo de lidar com a ascensão de movimentos fascistas. Tirando a Inglaterra, onde a classe operária está começando a se levantar em torno de uma política própria, representada por Jeremy Corbyn; na Alemanha, os movimentos nazistas estão voltando para o cenário, e setores mais reacionários
tem uma profunda influência no governo da chanceler Angela Merkel; na Itália, a extrema-direita já controla o governo; na França, a Frente Nacional, formada por dissidentes das forças armadas francesas derrotadas na guerra contra a Argélia, já se apresenta como alternativa à política do principal setor do imperialismo. Em Portugal e na Espanha, existe uma diferença com o resto do regime europeu. Nestes dois países, os governos da situação já são profundamente direitistas, e se assemelham ao resto da extrema-direita europeia. O Partido Popular, que governou até julho deste ano por Mariano Rajoy, até cederem o governo para os sociais-democratas, é uma dissidência do principal partido da ditadura franquista, que impôs uma ditadura fascista durante 40 anos, torturando, assassinando e empobrecendo a população. Entretanto, por ser um partido do atual acordo entre os países imperialistas da Europa, que integram a União Européia, se encontra em uma profunda crise, cedendo espaço para setores ainda mais direitistas oriundos do franquismo. A crise da burguesia espanhola ficou expressa nas grandes manifestações pela independência catalã, que deixou o Partido Popular imerso em uma profunda crise, que já vinha se arrastando há muito tempo. Nestas condições, junto ao desemprego e crescente pobreza na socie-
dade espanhola, no final de 2013, dissidentes do PP fundaram um novo partido, o VOX, um partido que diz representar uma alternativa à direita para os desiludidos com a política do PP. Recentemente, em um comício no Palácio Vistalegre, em Madri, o partido conseguiu reunir 9 mil militantes e simpatizantes, o que já começou a preocupar o principal setor da burguesia imperialista espanhola, que vê seu poder ameaçado pelo crescimento deste partido, que consegue ser ainda mais fascista que o próprio Partido Popular. Trata-se de um partido típico da extrema-direita europeia. Contra o aborto, contra os imigrantes, exigindo alguém que “preste” para a Espanha, país com o qual eles fazem um ufanismo tipicamente dos fascistas nos países imperialistas. Sem deixar de lado às apologias ao hitler espanhol, Francisco Franco. Isso tudo é resultado da profunda crise que se encontra o regime imperialista europeu que está se esfarelando. Também, é preciso dizer que este grande crescimento da extrema-direita na Europa ocorre por conta de uma total falta de reação da esquerda do “velho continente”, que caiu no discurso democrático da burguesia, que no final de contas só faz sustentar o próprio fascismo, pois ao invés de contrapor à ditadura fascista a ditadura do proletariado (a força dos trabalhadores contra a burguesia), procura apresentar o diálogo como melhor forma de combater os fascistas. Ou seja, seria um problema apenas de opinião, e não de luta política entre classes inconciliáveis.
sentantes da escória da política internacional. Sem entrar na questão de todas as atrocidades que já foram ditas e feitas por Jair Bolsonaro, que já são conhecidas pela maioria do povo, vale aqui lembrar que Salvini é o ministro do interior que persegue os imigrantes na fronteira, tratando os seres humanos que fogem da condição que a Itália impôs aos seus países como verdadeiras baratas, que merecem ser esmagadas e estraçalhadas, que segundo ele seria uma defesa da segurança pública – o que mostra mais uma vez a semelhança com Bolsonaro. “Não entendo alguns jornalistas italianos que chamam de ‘racista-nazista-xenófobo qualquer um que defenda mais ordem e segurança para os cidadãos” Salvini pertence a um grupo denominado Liga do Norte, que assim como os Bolsonaristas fazem com o nordeste, pregam a superioridade dos nórdicos italianos sobre os sulistas. Isso porque, ao contrário do Brasil, é na parte norte da Itália que existe uma maior industrialização e desenvolvimento. São herdeiros da política do fascista italiano Benito Mussolini, que estabeleceu o primeiro e um dos mais fortes regimes fascistas da história.
Filme “Intervenção” mostra a extremadireita despertada pelo golpe de Estado
N
a ultima quarta-feira, 3 de outubro, foi lançado em São Paulo o documentário “Intervenção – Amor não quer dizer grande coisa“. Dirigido pelo professor de psicanalise da Universidade Federal de São Carlos, a UNIFESP, Tales Ab Saber, juntamente com Gustavo Aranda e Rubens Rewald, o documentário conta, por meio de vídeos retirados da internet entre 2015 e 2016, como o golpe de Estado impulsionou a política da extrema-direita na sociedade. O professor aponta como, do ponto de vista da psicologia, todo um imaginário foi construído, o qual serviu para impulsionar a extrema direita. O inimigo a ser combatido era o PT, taxado como uma ameaça comunista para o pais. A partir dai, se propagou a ideia da intervenção militar como uma saída para o combate ao chamado inimigo interno. O documentário procura explicar, portanto, do ponto de vista da psicanálise, o crescimento das ideias da extrema-direita no pais, dentro desse mote, de combate a esquerda, ao comunismo, representado pelo PT, principalmente. O filme pode servir como um instrumento de debate sobre a situação do Brasil atual, onde a extrema-direita esta representada nas eleições na figura de seu candidato, Jair Bolsonaro.
MOVIMENTOS| 7
FRAUDE A JATO NO RJ
Candidato de Moro e Bolsonaro salta 30 pontos em 24 horas O
s resultados das eleições para governador no Rio de Janeiro confirmam que as eleições burguesas não são confiáveis, para dizer o mínimo. O candidato que passou para o segundo turno em primeiro lugar, Wilson Witzel (PSC) esteve apagado nas pesquisas e longe dos holofotes da imprensa e da opinião pública durante toda a campanha. Embora essas pesquisas também não sejam confiáveis, são utilizadas pela direita para nortear suas estratégias de ação na tentativa de manipular as pessoas e canalizar os votos de acordo com seus interesses. Na última semana antes das eleições, o candidato do PSC, ex-juiz Witzel, reafirmou seu apoio à candidatura de Bolsonaro, participando dos atos pró Bolsonaro, posando para fotos ao lado de fascistas e candidatos ao congresso federal pelo PSL que quebraram a placa com o nome da Rua
Marielle Franco e recebeu um imenso apoio dos candidatos do PSL e fundamentalmente dos filhos do candidato Jair Bolsonaro. Além desse apoio de “última hora”, Wilson Witzel também teve seu nome veiculado nos meios evangélicos, e em diversas igrejas os pastores passaram orientação explícita para que o voto fosse feito no que apelidaram de “W20” e “B17” em nome da família e dos bons costumes. Todas essas manobras criam junto aos eleitores uma tentativa de explicar o crescimento exponencial do candidato, que viu as intenções de votos em sua candidatura passar de 4% no dia 20/09 segundo o instituto data folha, para 42% dos votos válidos após a apuração dos votos. O fato que precisamos denunciar é que essa virada no cenário eleitoral em tão pouco tempo, desnuda uma enorme fraude, deixando claro o pa-
pel decisivo do judiciário no processo das eleições no Rio de Janeiro. O ex-juiz Witzel é amigo pessoal do braço forte da lava jato no Rio de Ja-
neiro, Marcelo Bretas, e do juiz Sérgio Moro, responsável pela condenação arbitrária e injusta do companheiro Lula no caso do triplex.
BALANÇO DAS ELEIÇÕES
São Paulo não é de direita, isso é uma mentira para justificar a fraude
A
pós o balanço das eleições, a imprensa burguesa vem tentando disseminar a ideia de que o Estado de São Paulo é de direita e que seus eleitores têm uma certa adoração aos governos espoliadores do povo. Diante desse propósito, vale aqui, expor as verdadeiras contradições acerca dos resultados eleitorais, da subsequente ramificação da direita no aparato eleitoral e na superestrutura do Estado. Na década de 1970, São Paulo foi o palco do movimento sindical operário que surgira de intensas lutas no seio da luta de classes, culminando no chamado Novo Sindicalismo; – tentativa essa de pôr a cabo o sindicalismo amarelo da Era Vargas, e, buscando desta forma, romper com a burocracia do Estado e elevar a luta de classes sob uma perspectiva independente. Nos anos subsequentes, os resultados da intensificação da luta de classes tiveram como fruto a criação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 1983, e a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), em 1986. Em 1978, foi deflagrada em São Bernardo do Campo – SP a primeira greve deste período, quando 100 operários de uma fábrica de ônibus e caminhões, cruzaram os braços em frente às máquinas. Uma semana depois, todos os 1800 operários da Saab-Scania já haviam aderido à greve, além de outros operários de 23 outras empresas. No decurso das mobilizações impulsionadas pela classe operária, o governo militar foi dando sinais de enfraquecimento, e – mostrando-se incapaz de conter o avanço da mobilização popular; caído em 1985. Neste ínterim, justamente no ABC paulista, surge a figura mais popular do movimento sindical brasileiro, Luiz Inácio
Lula da Silva, o líder mais carismático da esquerda brasileira, – que por consequência de seu próprio poder de mobilização –, está encarcerado em Curitiba; tudo para garantir os abjetos planos da direita que desde sempre apoiou a ditadura militar, aliando-se ao imperialismo no intuito de colocar em marcha todos os projetos de entrega das riquezas da nação em troca de migalhas perante suas pretéritas condições de vassalagem. Por consequência dos resultados eleitorais, a direita vem afirmando copiosamente que São Paulo tem um caráter direitista, justamente para encobrir toda a panaceia articulada nos bastidores da corrida pela posse do trono burguês, a fraude. Além do conluio com os principais meios de comunicação – que não escondem o seu espúrio proselitismo, e com os grandes capitalistas – que transferem enormes somas de capital para os partidos direitistas, a intelligentsia burguesa goza de pleno apoio
do Estado (TSE, STF, TRE) – onde através de chicanas jurídicas, impedem os setores mais combatentes de denunciarem as eleições mais fraudulentas da história. O plano engendrado pelos golpistas, visa apenas, a superexploração da força de trabalho e a imposição da carestia aos mais oprimidos. Não obstante, mesmo com a gigantesca máquina burocrática na mão, a burguesia tem tido muita dificuldade em consolidar seus representantes, como é o caso de Geraldo Alckmin (PSDB), que em São Paulo atingiu míseros 9,53%, perdendo mesmo para Fernando Haddad (PT), que angariou 16,39% dos votos. Considerando a projeção do plano golpista e a intensificação da propaganda anti-petista, o saldo para os algozes tucanos não têm sido nada positivo. Segundo pesquisa realizada pelo Datafolha (6/10), quase metade do eleitorado do tucano diz que apoiará Haddad no 2º turno contra o filisteu Jair Bolsonaro (PSL).
Devido ao fato do eleitorado de São Paulo ser muito grande, a tentativa de dissimular a realidade – que consiste na fraude eleitoral –, representa para a direita uma possibilidade de recrudescer a política à direita, uma vez que o centro financeiro do país pode desequilibrar as eleições. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), frente ao total de 147.302.354 eleitores brasileiros, o Estado de São Paulo se configura como o maior colégio eleitoral do país, concentrando cerca de 33.040.411 de eleitores, ou seja, 22,4% do total nacional, sendo a maior parte formada por mulheres. Liderando a concentração de eleitores, destaca-se a capital, responsável por mais de 9 milhões de eleitores; em seguida vem Campinas, com quase 850 mil. Com a criação do mito de que São Paulo seria “de direita”, esconde-se o verdadeiro caráter do movimento político – encabeçado pelos golpistas. Uma vez que a base material de sustentação do golpe demonstra sua clara debilidade e profunda contradição, sua expressão ideológica repete as mesmas condições. Nesse sentido, a mobilização popular, denunciando toda a fraude eleitoral, consiste – para a classe trabalhadora –, na ferramenta mais imprescindível para a derrubada do golpe. Enquanto os golpistas se esmeram em aprofundar os ataques ao povo – colocando em primeiro plano as exigências do capital internacional, a classe trabalhadora tem sido covardemente acossada pelas instituições burguesas e pelo aparato repressivo do Estado. Sendo assim, resta a classe trabalhadora a utilização da arma mais eficiente contra a burguesia, a organização.
8 | MOVIMENTOS
SÃO PAULO
Professores paulistas possuem vale refeição de R$ 8,00 por dia… não dá para nada O
s professores estaduais paulistas ganham de vale alimentação oito reais por dia trabalhado. Sábados, domingos, feriados, abonos, licença médica e férias são descontadas do ticket. O vale alimentação não ajuda em nada na complementação do salário dos professores, pois os professores o ganham no máximo por 22 dias, somando R$176,00. Há categorias como os bancários ou os trabalhadores dos Correios, que ganham o vale alimentação e o vale refei-
ção, que tem valor médio de R$25,00 por dia. Os professores paulistas tem um dos salários mais baixos do Brasil, o vale é correspondente a essa defasagem. O governo ladrão de merenda, paga um vale refeição dos mais baixos do Brasil. Alckmin ameaçou e iria fazer o mesmo que fez em São Paulo com os professores do restante do país. Somente com a mobilização popular entre estudantes e professores para barrar os abusos dos tucanos em São Paulo e em todo o Brasil.
BANCO DO BRASIL
INIMIGOS DAS MULHERES
Caos na agência Shopping Brasília Extrema-direita italiana aprova lei contra o aborto em Verona E
A
quantidade de funcionários na agência Shopping Brasília, localizada no bairro da Asa Norte de Brasília, não suporta a quantidade de clientes que lotam as agências todos os dias. A agência do Banco do Brasil, localizada dentro do Shopping Brasília no bairro da Asa Norte na Capital Federal, passa um verdadeiro caos com a superlotação. Além de estar localizada dentro de um shopping center, os prédios anexos abrigam centenas de
escritórios advocatício, pequenas empresas, etc. Os trabalhadores daquela agência reclamam sistematicamente que a quantidade de bancários, lotados naquela dependência, não é suficiente para demanda de clientes. Convivem conjuntamente com os clientes com espaço físico que não é suficiente para suprir o número de pessoas que utilizam todos os dias a agência. A sala de autoatendimento não supre, nem minimamente, as necessidades dos clientes, para piorar, são várias as máquinas de autoatendimento não estarem operando, as filas dos clientes chegam a dar volta do lado de fora do banco. A situação da agência Shopping Brasília é mais um exemplo do que vem acontecendo na maioria das agências do BB. Há uma clara intenção da direção golpista do Banco do Brasil em aprofundar a política de sucateamento do banco como forma de artifício da propaganda da burguesia para privatização do BB. É a mesma prática utilizada pelo famigerado governo de FHC (PSDB), que entregou para os parasitas capitalistas e banqueiros nacionais e internacionais, a maioria das empresas estatais.
m Verona, foi aprovado pelo Conselho Comunal a proibição da realização do aborto. Na última sexta-feira (5), houve votação, e por 21 votos a favor e seis contrários a criminalização da prática se manteve na cidade italiana. A votação, se deu por uma moção aprovada na qual declarava que Verona se coloca contra a legalização do aborto e que estaria alinhada as organizações religiosas no combate a prática. A medida foi chancelada pela extrema-direita italiana, representada pelo prefeito Federico Sboarina e pelo direitista Liga Norte. Em uma clara política demonstrativa de ataque contra as mulheres italianas, a medida vem mascarada por meio do fortalecimento de um programa cujo objetivo é cuidado familiar e materno, ou seja, a boa e velha demagogia com as reivindicações concretas das mulheres. Com tal decisão, não se inclui em momento algum que a legalização do aborto também parte do principio de cuidado, uma vez que é uma questão de saúde pública. A medida expressa a maneira reacionária como setores conservadores e direitistas conside-
ram a situação, sem levar em conta que milhares de mulheres que morrem em clínicas clandestinas. Não somente representa um avanço de políticas que atacam as mulheres, mas também representa o caráter urgente da luta das mesmas por sua emancipação. Lideres de esquerda, denunciaram que a medida remetia a tempos da idade média, onde as mulheres tinham todos seus direitos subjugados e que agora com sua aprovação, torna a luta das mulheres um processo ainda mais tortuoso pela garantia de direitos mínimos e necessários como o direito ao aborto.