Edição Diário Causa Operária nº5426

Page 1

QUARTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5426

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

AS ELEIÇÕES ESTÃO FRAUDADAS PELA DIREITA, NÃO SE TRATA DE UMA LUTA ENTRE “PROPOSTAS”

WWW.PCO.ORG.BR

Causa Operária Ediçao 1025

ADQUIRA JÁ SUA EDIÇÃO EDITORIAL

UM MAU COMEÇO

O Brasil inteiro foi alvo da maior fraude eleitoral já vista em todos os tempos. Umas das “mágicas” orquestradas por esta caixa-preta chamada urna eletrônica foram as surpresas em favor de candidatos bolsonaristas.

Bolsonaro não é o político A guinada mais popular dessas pró-Bolsonaro eleições, o nome dele é Luiz Inácio Lula da Silva

COLUNA

Intervenção militar no Congresso: fraude eleitoral “elege” 72 parlamentares fardados

Buscando manter sua campanha sobre a suposta normalidade do processo eleitoral mais fraudulento de todos os tempos, a Rede Globo, apresentou em seu Jornal Nacional da última segunda (dia 8) uma pequena entrevista com os dois candidatos classificados para o segundo turno das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

Dias 13 e 14 de Outubro

Derrotar o fascismo nas urnas é uma ilusão, é preciso lutar contra o golpe Conferência Finalizado o primeiro turno das eleições mais fraudadas Nacional da história do país, a esquerda pequeno-burguesa, sem do PCO uma minima crítica ao festival de horrores produzido pelos

29ª

Por Rafael Dantas As urnas colocaram Bolsonaro em primeiro lugar no segundo turno. Mas não foram só elas. Melhor dizendo, o que apareceu nas urnas foi o produto de um processo viciado, fraudulento e manipulado.

“donos do golpe” na campanha eleitoral, prepara-se para reproduzir a campanha do #elenão no segundo turno. A esquerda pequenoburguesa, que nunca foi muito conhecida pelo seu senso de direção político, foi tomada por um surto histérico. O resultado eleitoral do último domingo,

embora deva ser analisado com os dois pés atrás devido à completa farsa que estão sendo estas eleições, foi um golpe muito duro, que acabou deixando essa esquerda ainda mais desnorteada.

Para combater o fascismo, junte-se aos comitês de luta contra o golpe

Centro Cultural Benjamin Péret: Rua Serranos, 90 metrô Saúde


2 |EDITORIAL EDITORIAL

Um mau começo

B

uscando manter sua campanha sobre a suposta normalidade do processo eleitoral mais fraudulento de todos os tempos, a Rede Globo, apresentou em seu Jornal Nacional da última segunda (dia 8) uma pequena entrevista com os dois candidatos classificados para o segundo turno das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT). A emissora, como vem fazendo toda a imprensa burguesa golpista, buscou direcionar as breves perguntas no sentido de pressionar os candidatos dos “extremos” a se comprometerem com a política do “centro”, ou seja, o respeito ao regime golpista, a defesa da farsa das eleições e das instituições atuais como se fossem democráticas, o compromisso dos candidatos em manter as medidas adotadas pelo golpe de estado contra os trabalhadores e os direitos democráticos de todo o povo etc. Ao mesmo tempo buscaram impulsionar os candidatos de alas tidas como mais radicais de seus supostos partidos e/ou grupos e forças que os apóiam. E os dois candidatos não mediram esforços para atender à demanda da Globo e dos donos do golpe que exigem que os candidatos se curvem aos seus interesses. No primeiro dia de sua campanha, Haddad, abriu mão de uma reivindicação colocada no programa de

governo do PT – primeiro de Lula e, depois, do seus substituto, ante à capitulação da direção petista em manter a candidatura do maior líder popular até as últimas consequências e promover um enfrentamento com os golpistas. Interpelado pela Globo, o ex-prefeito de São Paulo, que já afirmou que “golpe” é uma palavra muito forte para definir a armação que derrubou a presidenta eleita por mais de 54,5 milhões de brasileiros, declarou que retirou do “seu” programa a defesa da convocação de uma Assembléia Constituinte que servisse para revogar as reformas golpistas dos últimos anos e promover uma reorganização do País, do ponto de vista dos interesses populares. Em oposição à essa proposta bastante limitada, pois não considerava que para colocar de pé uma Constituinte que servisse aos interesses da maioria explorada do País, seria necessária uma mobilização revolucionária, e não apenas uma limitada vitória leitoral da esquerda, que criasse condições para uma mudança radical no funcionamento do Estado, o candidato petista assinalou que vai buscar promover as “reformas” que defende por meio do Congresso Nacional, esse mesmo que acaba de ser eleito com base em um processo pra lá de fraudulento e que o DIAP e outros organismos já apontaram que deve ser o mais

conservador das últimas três décadas. Desta forma, Haddad quer criar a ilusão de que supostas mudanças de interesse nacional e popular seriam aprovadas pelo congresso “renovado” em cerca de 40% apenas, que foi enxertado com elementos ultra reacionários como o dirigente do MBL, Kim Kataguiri (do MBL), o ator pornô, Alexandre Frota, os coronéis, delegados e generais eleitos na bancada bolsonarista etc, que se juntaram aos tradicionais representantes políticos das bancadas da bala, do latifúndio assassino, da bíblia etc. e outros setores submissos aos interesses dos bancos e do grande capital imperialista, inimigo do povo brasileiro. Repetindo Boulos, com suas hilárias promessas para o “seu governo”, o candidato petista – sem explicar como – quer fazer crer que seria possível reverter minimamente os 20 anos de retrocessos, operados em dois anos de governo golpista, por exemplo, por meio de uma acordo com o Congresso nascido das eleições organizadas e fraudadas, sem a participação de Lula e com um conjunto de arbitrariedades que Haddad sequer menciona. Na mesma linha, o capitão Bolsonaro buscou encenar uma desautorização do seu próprio vice-presidente golpista, ferrenho defensor do golpe militar e até poucas semanas atrás, segundo homem na buro-

cracia que comanda o Exército. Bolsonaro disse que desaprova a idéia defendida por Mourão de realizar uma Constituinte sem o voto popular, para fazer retrocedes ainda mais a Constituição no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores, cassação de direitos democráticos do povo, defesa da soberania nacional, entrega da economia ao grande capital estrangeiro etc. O abrandamento ainda maior das posições radicais de aparência dos dois candidatos, diante da cobrança da imprensa golpista, representante dos interesses do grande capital golpista, evidencia que nenhum deles representa – de fato – uma profunda oposição ao status quo do regime golpista, se mostrando dispostos a chegarem a todo tipo de acordo para conquistar um mandato presidencial. Essa “centralização” serve aos interesses dos grandes capitalistas que se viram forçados a deixar de lado o seu “plano a” (por coincidência de Alckmin) e buscar um compromisso, ainda que sob crise e provisório, com os setores da burguesia, que se unificaram em torno da candidatura de Bolsonaro. A capitulação de Haddad, facilita as coisas também no sentido de pressionar Bolsonaro e evidencia que para os trabalhadores e suas organizações as saídas diante da crise atual, não passam pelo segundo turno das eleições presidenciais.

O bloco de direita era controlado pelo PSDB e Bolsonaro estava aí no momento do impeachment. A direita que se unificou para dar o golpe rachou. O que temos aqui é uma crise da burguesia. Embora ela esteja levar adiante seu propósito (derrotar o PT) é com a rebelião dos sócios minoritá-

rios contra os majoritários. Colocaram uma situação dentro de uma determinada relação de forças que lhes permitiu dominar o panorama. Bolsonaro cresceu dentro do bloco golpista, não no povo. Agora a direita tem que se unificar em torno de Bolsonaro. A burguesia está disposta a deixar Bolsonaro vencer.

COLUNA

A guinada pró-Bolsonaro Por Rafael Dantas As urnas colocaram Bolsonaro em primeiro lugar no segundo turno. Mas não foram só elas. Melhor dizendo, o que apareceu nas urnas foi o produto de um processo viciado, fraudulento e manipulado. A fraude está evidente na exclusão de Lula do processo eleitoral e nos resultados da própria eleição, com favoritos empurrados para o quarto lugar, como ocorreu com Dilma Rousseff, na corrida por uma vaga no Senado, em Minas Gerais. O balanço dos eleitos no Congresso Nacional mostrou uma guinada para a direita, com o PSDB perdendo 25 cadeiras (caindo de 54 para 29 deputados) e o PSL de Jair Bolsonaro formando a segunda maior bancada, saindo do nada, com 52 eleitos. O resultado nos três grandes estados (SP, RJ e MG) mostra uma luta intensa entre a direita semi-bolsonarista com uma direita estilo PSDB. Em São Paulo, Dória, que já é 50% bolsonarista, enfrentará o vice de Alckmin, e atual governador, Márcio França (PSB). No Rio, DEM vs. PSC e em Mi-

nas Gerais, o PSDB enfrenta o Partido Novo. Um setor da burguesia nacional pode estar representando a divisão da burguesia diante do imperialismo. DEM, PSDB e MDB racharam internamente e se reagruparam em torno de Bolsonaro. Parece ter acontecido que um setor da burguesia, não é possível ainda identificar claramente quem são, deu uma guinada para o Bolsonaro (não necessariamente para a direita). A burguesia se dividiu. O imperialismo, sem o apoio de uma burguesia média, da maioria da classe dominante, não conseguiu fazer com que um candidato de centro se colocasse na disputa, nem mesmo com a fraude, porque a eleição é muito dominada pelo aparato estatal local. O apoio a Bolsonaro é uma reação da burguesia ao golpe. A burguesia está indo à falência. É evidente que, pela composição da sua base de apoio, Bolsonaro está com o baixo clero da burguesia. Só que o baixo clero é maioria e é controlado pelo alto clero.


NACIONAL| 3

FRAUDE ELEITORAL

As eleições estão fraudadas pela direita, não se trata de uma luta entre “propostas” O

Brasil inteiro foi alvo da maior fraude eleitoral já vista em todos os tempos. Umas das “mágicas” orquestradas por esta caixa-preta chamada urna eletrônica foram as surpresas em favor de candidatos bolsonaristas. Praticamente desconhecidos, não tinham grande intenção de voto até a véspera das eleições, mas apareceram eleitos. Outras surpresas foram as candidaturas tradicionais da esquerda que apareciam como favoritas mas, na contagem dos votos, ficaram de fora. Estas surpresas foram chamadas pela mídia de “efeito Bolsonaro” e celebradas, de um certo modo, como a

maior “renovação” política dos últimos anos. Uma renovação na direção reacionária, isso sim! A esquerda “democrática”, que também saiu perdendo, parece ver tudo isso como normal. Não se levanta nem a mínima suspeita de como este “efeito Bolsonaro” se deu, contrariando as pesquisas de boca de urna. A festa eleitoral parece mesmo enfeitiçar a todos. Até mesmo setores combativos têm se posicionado como se o processo eleitoral estivesse ocorrendo na maior normalidade. Esperam que o PT divulgue boas propostas, e que a militância faça sua campanha nos bairros para

convencer a população a votar em Haddad e rejeite Bolsonaro. Ainda não compreenderam que a urna eletrônica não mostra a opinião do povo, mas o resultado que interessa à burguesia. Se a esquerda não quer Bolsonaro eleito, a única forma de fazer isso é impondo esta vontade à burguesia através da polarização e da radicalização. Em outras palavras, a burguesia precisa ter medo de um resultado que não seja aquele exigido pelos movimentos populares organizados. E isso não se faz através de candidaturas bem comportadas discutindo propostas – que todos sabemos, não serão respeitadas

pelo congresso fascista agora eleito. É preciso mostrar à população quem são seus históricos inimigos de classe, o que eles fazem para oprimir os trabalhadores, e chamar com urgência a resistência popular, nas ruas e nas fábricas.

DELÍRIO

INTERVENÇÃO MILITAR NO CONGRESSO

Bolsonaro não é o político mais popular dessas eleições, o nome dele é Luiz Inácio Lula da Silva

Fraude eleitoral “elege” 72 parlamentares fardados A

A

esquerda pequeno-burguesa, que nunca foi muito conhecida pelo seu senso de direção político, foi tomada por um surto histérico. O resultado eleitoral do último domingo, embora deva ser analisado com os dois pés atrás devido à completa farsa que estão sendo estas eleições, foi um golpe muito duro, que acabou deixando essa esquerda ainda mais desnorteada. O pânico se instaurou com o desempenho eleitoral de Bolsonaro. A sua ampla votação seria uma prova de que o povo brasileiro teria se convertido ao fascismo. Um fenômeno inédito na história, que mereceria ser registrado. O Brasil seria o primeiro país do mundo onde a extrema-direita teria se tornado popular, enfim, uma verdadeira jabuticaba, um fenômeno genuinamente brasileiro. No entanto, trata-se obviamente de mais um engano da esquerda pequeno-burguesa.

Em seu delírio, esses setores que se deixam levar pela histeria se esquecem de alguns detalhes fundamentais. O ex presidente Lula liderava todas as pesquisas e despontava com a possibilidade de vitória no primeiro turno. Este mesmo Lula, o político mais popular do país, foi tirado à força das eleições, aprofundando ainda mais o golpe de Estado. No entanto, esse golpe não passou em branco e se refletiu nas eleições, onde se pôde constatar que cerca de 40% dos eleitores não votaram em ninguém. É preciso dizer em alto e bom som: Bolsonaro e a extrema-direita não são populares nem nunca serão, são justamente os setores mais atrasados da classe trabalhadora e as classes médias mais afetadas pelo golpe que são tragados pela direita. Como dizia o PT e ainda afirma o PCO, eleição sem Lula é fraude. E o resultado das eleições comprova isso.

s eleições de 2018 no Brasil foi marcada pela maior fraude eleitoral que o país já assistiu, que tem seu ponto central a prisão de Lula e o impedimento de ser o candidato decretado pelos ministros golpistas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), sob ameaça dos militares. A fraude eleitoral segue o caminho do golpe, onde os militares, através das “aproximações sucessivas” vem controlando por completo o regime político no país, em primeiro lugar ocupando postos chaves no Poder Executivo, como o Ministério da Defesa, o gabinete da Segurança Institucional, e até o controle do segundo mais importante Estado da Federação, o Rio de Janeiro, através da intervenção militar. No Judiciário, os golpistas militares também já estão dominando, através do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Toffoli, que só conseguiu assumir esse cargo, com a concordância de colocar um “assessor” militar, o general Fernando Azevedo

em seu gabinete, que na verdade é quem está controlando o STF. A política de aproximações sucessivas dos militares também teve alcance nas eleições de 2018, com o aumento expressivo da bancada militar no parlamento do regime golpista brasileiro, como parte da fraude eleitoral. Os “milicos” aumentaram mais de 100% sua bancada no Congresso Nacional, de 10 parlamentares que elegeram em 2014, para 22 “eleitos” nas eleições fraudadas de 2018. Além disso, o candidato do golpe nesse momento de segundo turno das eleições presidenciais, Jair Bolsonaro, leva em seu colete um general de vice Antônio Hamilton Mourão, que disse que o novo governo pode sofrer um golpe por dentro. Ao todo 72 militares foram “eleitos” no legislativo brasileiro, mostrando que as eleições foram organizadas para fortalecer o regime golpista que já está nas mãos do militares, subserviente dos interesses do imperialismo.


4| NACIONAL

DERROTAR O GOLPE NAS RUAS

CHARGE

Derrotar o fascismo nas urnas é uma ilusão, é preciso lutar contra o golpe F

inalizado o primeiro turno das eleições mais fraudadas da história do país, a esquerda pequeno-burguesa, sem uma minima crítica ao festival de horrores produzido pelos “donos do golpe” na campanha eleitoral, prepara-se para reproduzir a campanha do #elenão no segundo turno. Slogans como “ditadura nunca mais”, “derrotar o fascismo nas eleições” ecoam como um mantra contra o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro. Como anunciou o site da Mais, agrupamento do Psol egresso do PSTU, “vão ao duelo do segundo turno, de um lado, o candidato da extrema-direita neofascista e, de outro, o representante do lulismo. Anuncia-se uma batalha na qual a neutralidade não é uma opção”. Uma primeiro aspecto que chama a atenção é que até pouco tempo atrás, ainda no PSTU, esse grupo comungava com o ponto de vista daquele partido de que não havia golpe no Brasil, que a derrubada de Dilma Rousseff era resultado do repúdio popular à reforma fiscal do seu governo contra a população, não existia fascistas, etc., etc. Essa política ocultava justamente o fato de que os grupos fascistas como MBL, Vem pra Rua e o próprio Bolsonaro eram financiados diretamente pelo imperialismo e impulsionados pela Rede Globo e todos os venais meios de comunicação, justamente para criar uma aparência de “apoio popular” à derrubada do governo do PT. Com o impeachment e a campanha contra o PT, particularmente ao ex-presidente Lula, embarcaram na campanha por “diretas já”, desviando o foco da luta contra o golpe e pela anulação do impeachment por uma campanha por convencer o

congresso golpista a aprovar novas eleições. Finalmente, diante das eleições absolutamente fraudadas que teve como ato número 1 a cassação da principal liderança popular do país e as manobras e manipulações que levaram Bolsonaro para o segundo turno, acordaram entorpecidos pelo ópio da eleição e ainda sob o efeito das alucinações, acreditam que o fascismo será derrotado pelas urnas. Foram coadjuvantes no arremedo da marcha #elenão, forjada pelos próprios golpistas, como a Globo, o PSDB, o imperialismo norte-americano. Fracassada essa manobra, voltam-se agora para a reedição do #elenão no segundo turno. Democracia x fascismo, eis a questão. O fantasma do fascismo paira sobre a cabeça da esquerda pequeno-burguesa. Ao invés de procurar buscar na história da luta de classes e do marxismo os métodos pelos quais os fascistas devem ser combatidos, cai no conto do vigário das eleições. Hitler e Mussolini não chegaram ao poder para depois impor a ditadura, a ditadura foi se impondo nas ruas e como consequência dessa imposição é que chegaram ao poder. A vitória ou a derrota nas urnas não conterá o avanço da extrema-direita no país. A condição fundamental para derrotar o fascismo é construir um grande movimento de luta contra o golpe. O golpe precisa ser derrotado nas ruas com a constituição de comitês de luta contra o golpe, com greves, com comitês de autodefesa dos movimentos sociais e sindicais. Apenas os métodos históricos de luta e organização da classe operária para a luta política serão capazes de derrotar o fascismo e seus progenitores, a democracia burguesa.

PAU NO COCO

CONTR O GOLPE

Para combater o fascismo, junte-se aos comitês de luta contra o golpe

C

om todas as ilusões da esquerda nas eleições controladas pela direita, é necessário fortalecer o argumento de que apenas a luta política real, nas ruas, pode combater concretamente a burguesia. As classes dominantes têm diversos recursos econômicos, bélicos e políticos para impor a sua força. Já a classe operária e os trabalhadores apenas podem recorrer a uma arma: a mobilização popular. Isto é, as greves, as manifestações de rua, a construção de organizações independentes e assim por diante. Os comitês de luta contra o golpe se mostraram importantes no sentido

da mobilização na luta contra os golpistas e a extrema-direita fascistas, realizando diversas caravanas, atividades de agitação política, palestras, conferencias e assim por diante. Portanto, para derrotar o fascismo e a extrema-direita, não adianta as ilusões nas eleições, que em grande parte não adiante em nada para conter os fascistas, que só podem ser segurados por meio do enfrentamento real nas ruas e locais públicos. Por isso, junte-se a um comitê de luta contra o golpe ou reúna seus companheiros para formar um, na escola, no local de trabalho, na rua, enfim, em todos os locais possíveis.


NACIONAL| 5

CRISE DO GOLPE RACHOU A DIREITA

Doria expulsa do PSDB ex-governador por não apoiá-lo A

direita derrubou Dilma Rousseff, prendeu o ex-presidente Lula e está prestes a colocar na Presidência um candidato impopular, sem qualquer vínculo real com a população. No entanto, nem tudo são flores no interior da burguesia: o PSDB, que é o partido de maior confiança do imperialismo, se encontra em uma grave crise. Embora todos os setores mais predominantes da burguesia tenham se unido para atacar o PT e o movimento operário de conjunto, o bloco golpista que assaltou o Regime Político vive em crise. Afinal, o capitalismo se encontra em uma crise mundial sem precedentes, levando a burguesia de todos os países ao completo desespero diante da incerteza que paira sobre a cabeça dos banqueiros. A situação caótica para a qual o capitalismo está empurrando toda a humanidade tem causado uma série de eventos outrora inimagináveis. Donald Trump, contrariando os interesses dos maiores bancos e empresas do mundo, venceu as eleições norte-americanas em 2016. No mesmo ano, a burguesia britânica se viu derrotada em

um referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia. Todo esse cenário imprevisível nos países desenvolvidos, somada com a enorme revolta em que se encontra a população brasileira, impede que haja um consenso no interior do bloco golpista sobre como lidar com a situação política. Há desde setores que defendem uma intervenção militar imediata, até mesmo setores que defendem que Bolsonaro seja eleito

“MODERAÇÃO”

e governe de maneira “democrática”, isto é, sem fechar o Congresso. O Supremo Tribunal Federal também é outro indicativo da crise, particularmente nos casos referidos à interferência do Judiciário sobre os demais poderes. Nessa semana, o Diretório Municipal do PSDB da cidade de São Paulo decidiu expulsar alguns de seus filiados, entre eles o antigo quadro Alberto Goldman. João Jorge, que é mem-

bro do Diretório e é aliado de João Doria, afirmou que Goldman e os demais foram expulsos por “infidelidade partidária”. Segundo as acusações de João Jorge, Alberto Goldman teria sido infiel ao seu partido por apoiar, em São Paulo, o candidato Paulo Skaf, do MDB, ao invés de apoiar o candidato João Doria, do PSDB. As divergências entre Goldman e Doria não são, obviamente, uma questão de opinião, nem de legislação partidária. Nem Goldman decidiu apoiar Skaf por discordar do “programa” de Doria, nem o aliado de Doria expulsou Goldman para cumprir com o estatuto do PSDB. Os conflitos no PSDB são motivados pelos interesses dos setores que representam – e a tendência é que esses conflitos se intensifiquem, visto que a crise do golpe é tão grande que o imperialismo não conseguiu sequer levar o candidato do PSDB para o segundo turno. Diante da crise da burguesia, os trabalhadores devem se organizar para derrubar esse Regime Político, que já está apodrecido, e expulsar essa escória do poder.

ILUSÃO ELEITORAL

Direita golpista quer que o PT Capitulação diante dos golpistas vire o PSDB, capitule diante do só serve para desmoralizar o PT golpe e perca as eleições E C

amilo Santana do PT eleito com 79,99% no primeiro turno para o governo do Ceará vê a necessidade de auto critica partidária e um diálogo com a direita. Em entrevista para a Folha de S. Paulo ele considera necessário um diálogo com os articuladores do golpe (PSDB). O Petista Camilo Santana disse que Haddad deve se afastar da marca do PT. Ou seja, esquecer o Lula, maior liderança popular, e virar a página do golpe. Para Camilo, Haddad tem que que se apresentar como um candidato acima do PT para distensionar e acabar com a polarização do país. Fazer um acordo com todos os segmentos e mostrar credibilidade para o mercado. Segundo o governador Santana a estratégia do PT é apresentar um candidato que represente o progresso e o futuro do país . Fazendo um contra ponto com o fantoche da direita Jair Bolsonaro que representaria o retrocesso. Porem, esse retrocesso foi provocado pelo mesmos golpistas que criaram Bolsonaro e colocaram Luiz Inácio Lula da Silva na masmorra de Curitiba. Mesma máfia que o Governador petista agora quer se abra um diálogo. Jacques Wagner, também foi um dos “conselheiros” de Haddad, dizendo que o tom do discurso do candidato sobre segurança pública e legislação penal deve mais duro.

O candidato do PT está sofrendo uma pressão pelos próprios companheiros do partido, para que ele se afaste de Lula e faça um discurso moderado e de conciliação com os golpistas e iguale o seu discurso ao de Bolsonaro sobre legislação penal. Com isso Haddad abandonaria a oposição às reformas trabalhistas colocando assim o PT contra a sua própria base. Isso transformaria o PT no PSDB e desmoralizaria a luta contra o golpe. Porém, essa política não serve nem para ganhar eleições, basta ver o resultado de Alckmin.

m entrevista concedida nessa última segunda-feira ao Jornal Nacional, da golpista Rede Globo, revelou-se a chantagem dos golpistas contra a candidatura de Fernando Haddad do PT e a capitulação do candidato petista para a pressão dos golpistas. Desde o começo das eleições, a direção do PT vem cedendo a chantagens e as arbitrariedades do golpe de Estado. A principal delas foi a prisão e a impugnação sem qualquer base legal do ex-presidente Lula, principal liderança popular do pais, que aparecia em primeiro lugar em todas as pesquisas e ganharia as eleições ainda no primeiro turno. Cedendo à pressão, a direção do PT trocou a candidatura de Lula pela candidatura de Fernando Haddad, desde então ha uma intensa campanha de perseguição a esquerda, a militância, a tal ponto que a campanha eleitoral, na prática, não existiu para a esquerda. A não participação de Lula nas eleições impediu que a classe trabalhadora e a população pobre tivesse a oportunidade em votar seu candidato, o que favoreceria a mobilização popular contra a direita. A candidatura de Haddad, nos últimos dias, vem cedendo terreno para as chantagens dos golpistas, o que só serve para desmoralizar o PT, além da própria mobilização contra o golpe no país. Isso ficou claro na última entrevista concedida por Haddad a Globo, a primeira do segundo turno. Perguntado pelos apresentadores golpistas sobre a proposta de As-

sembleia Constituinte, um dos poucos pontos positivos do programa do PT, o que poderia abrir caminho para uma mudança de caráter progressista no regime politico a favor da esquerda e da população, Haddad cedeu e disse que o PT abandonou a proposta de Constituinte, o que serviu somente para agradar os interesses golpistas de aprofundar o regime de exceção no pais. Interrogado sobre a declaração de José Dirceu, perseguido político pelos golpistas e um dos principais dirigentes do Partido dos Trabalhadores, que afirmou que o PT iria tomar o poder caso fosse eleito e derrubado pelo golpe, Haddad disse que Dirceu não participara do governo e não faz parte da campanha. Isso sem falar que em nenhum momento Haddad denunciou a perseguição contra Lula É preciso dizer que as declarações do candidato petista não contribuem para o esclarecimento da população e dos trabalhadores sobre a atual situação do país, muito pelo contrario, servem somente para confundir e desmoralizar o Partido dos Trabalhadores e a esquerda, servindo de agrado para aqueles que deram o golpe contra o próprio PT e agora avançam contra os direitos do povo. É necessário enfrentar a direita, denunciar o golpe, defender a liberdade do ex-presidente Lula, se opor totalmente aos golpistas e aquilo que defendem, que nada mais é do que a submissão do povo aos interesses do imperialismo.


6 | NACIONAL

ELEIÇÕES FRAUDULENTAS

Urnas eletrônicas colocam bolsonarista desconhecido no Senado para atacar o patrimônio nacional A

s eleições se demonstraram claramente fraudulentas. A burguesia conseguiu, por meio das manobras mais mafiosas, por meio do controle totalmente arbitrário da burguesia sobre o processo, que teve o judiciário, a polícia e a extrema-direita como setores mais atuantes para reprimir todo tipo de crescimento eleitoral da esquerda durante todo esse processo. Além disso, houveram várias denúncias de pessoas impedidas de votar, de urnas que não haviam determinados candidatos, urnas que não funcionavam de forma normal e assim por diante – tudo isso indicando uma gigantesca fraude orquestrada pela burguesia. Em São Paulo, essa manobra ficou muito clara quando a direita tirou do senado o candidato petistas Eduardo Suplicy, um político altamente conhecido em São Paulo que agrada tanto os setores mais pobres da população quanto a classe média alta, inclusive de direita. O candidato petista que estava em primeiro colocado nas pesquisas eleitorais da própria burguesia conseguiram colocá-lo atrás de dois políticos golpistas, da direita tradicional do PSDB e o Major Olímpio, do partido do Bolsonaro (PSL). O tal Major Olímpio, colocado no Senado – e é preciso bater na tecla – por meio de uma gigantesca fraude nacional, que inclusive colocou-o como senador mais votado de São Paulo, já deu declarações típicas de um bolsonarista – um fascista total-

mente vendido ao imperialismo e aos interesses da grande burguesia estrangeira. O futuro senador bolsonarista disse que a prioridade de seu mandato no congresso serão: a redução da maioridade penal, a venda de reservas indígenas e a retomada de um projeto para extinguir as torcidas organizadas. Quer dizer, no quesito das terras

a Alemanha, a Itália, a França e assim por diante, os principais exploradores dos povos e países oprimidos. Os outros pontos comentados pelo Major, a redução da maioridade penal e das torcidas organizadas, também são profundamente reacionários e contrários aos interesses da população brasileira. Primeiro, pois tratam-se de maneiras de atacar pro-

indígenas, o projeto dele é vender as terras do território brasileiro para setores da burguesia estrangeira que explora o país de forma parasitária, no sentido de esfolar as terras e a economia brasileira, entregando-a para setores cujo próprio lucro no ajuda em nada o desenvolvimento brasileiro pois o lucro será investido nos países de onde pertencem essa própria burguesia, isto é, os Estados Unidos,

fundamente a população brasileira, aumentando a repressão contra a população pobre, trabalhadora e negra, ou seja, a maior parte da sociedade. O programa dele, abaixando a idade para a pessoa ser presa, é uma forma de prender ainda mais gente, em um país onde mais da metade da população é presa sem nenhum tipo de provas, de forma totalmente arbitrária e ilegal.

Já na questão do futebol, um dos maiores patrimônios culturais da população brasileira. A ideia do Major vai em total convergência com a política do imperialismo de destruição do futebol brasileiro, em defesa dos interesses da máfia européia sobre o futebol. Justamente nesse momento, existe uma unificação do imperialismo para atacar o futebol brasileiro, como foi visto na copa do mundo, com as manobras para impedir a melhor seleção da copa de ganhar a taça, as campanhas na imprensa burguesa contra Neymar e Tite e assim por diante. No cenário nacional, estes ataques se dão justamente pelos políticos da direita que atacam as organizações no estádios de futebol, de forma a impedir as manifestações políticas, a festa das torcidas e esvaziando os estádios, por meio não só de repressão, como também aumentando o preço dos ingressos e etc. Portanto, vê-se bem de qual forma os “patriotas” da extrema-direita e dos fascistas que se vendem totalmente aos interesses daqueles que mais querem a exploração e destruição do patrimônio brasileiro: o imperialismo. Não é de se espantar já que o próprio Bolsonaro e os bolsonaristas batem continência à bandeira norte-americana, apoiam o golpe no Brasil de 1964, financiado pelos imperialistas, além também de todas essas destruições e o atual golpe que também é financiado pelo imperialismo. Estes são os “patriotas” brasileiros, que usam as cores da bandeira do país que eles tanto odeiam.

DIREITA GOLPISTA

“Empoderadas”? Joice Hasselmann, Janaína Paschoal e policial assassina são eleitas deputadas O

aumento da composição feminina nas distintas esperas do poder legislativo, pode encobrir a verdadeira luta para que – de fato – as mulheres superem a situação de opressão e afastamento do poder, dominantes no capitalismo. Com o fraude das eleições que permitiu uma “vitória” eleitoral da direita, o simples aumento das cadeiras femininas – à revelia do ultraje perpetrado pelos golpistas contra a classe trabalhadora – através do golpe de Estado, pode ser um embuste que levará a cabo todas as exigências democráticas dos setores que lutam contra a opressão que assola toda a classe trabalhadora. Após o resultado das eleições, uma outra conformação foi dada ao sistema bicameral. No Senado, sete mulheres foram eleitas, repetindo o ocorrido em 2010, configurando apenas 13% da composição da Câmara Alta. No tocante às assembleias legislativas, dentre as 1059 cadeiras, um total de somente 161 mulheres (menos de 15%)foram eleitas deputadas estaduais; ultrapassando as 119 eleitas em 2014.

Considerando um total de 513 parlamentares na Câmara dos Deputados, houve um aumento da participação do gênero feminino. A partir de 2019, a bancada feminina passará de 51 para 77. Sendo assim, as mulheres representarão 15% daquela Casa, que atualmente conta com 9,9%. O Partido dos Trabalhadores (PT) foi o que mais elegeu mulheres, totalizando 10 deputadas. Enquanto isso, – partidos umbilicalmente ligados ao Golpe de Estado – como o PSDB e o PSL, elegeram respectivamente 8 e 7 parlamentares. Já o PCdoB possui quatro deputadas na Câmara, e o PSol, cinco. De acordo com a Justiça Eleitoral, foram mais de 2,7 mil candidatas concorrentes à Câmara, representando um número pouco acima dos 30% de candidaturas femininas exigidas por lei. Há ainda estados que não elegeram nenhuma deputada: Maranhão, Sergipe, Goiás e Amazonas. Sobre a atual situação, Carla Vitória, ativista da Marcha Mundial de Mulheres, afirma que “o movimento que exige mais participação de mulheres na polí-

tica se tornou incontornável, embora a quantidade de deputadas eleitas ainda não seja suficiente”. Ainda segundo ela, a bandeira foi incorporada tanto pelos setores progressistas quanto pelos conservadores, e exatamente por isso, a presença de deputadas que de fato representem o interesse das mulheres é ainda mais fundamental. “Não basta estar lá, ocupar um cargo e se eleger com a palavra: ‘eu sou uma mulher’ e ser a favor de pautas que pioram a vida concreta das mulheres, como é o caso da senadora Mara Gabrilli, que votou a favor da reforma trabalhista e prejudicou diretamente a vida das mulheres, acrescenta. Carla enfatiza ainda que “em São Paulo, a pessoa mais bem votada dos legislativos estaduais é a Janaína Paschoal, que apesar de ser uma mulher diz muito pouco sobre as reivindicações das mulheres, pelo contrário. Ela levanta a bandeira contra a legalização do aborto, levanta diversas bandeiras que são contra os direitos das trabalhadoras. Não dá pra confiar. Não basta ser mulher”.

Janaína e uma legítima representante do golpe contra as mulheres, tendo se destacado como uma das advogadas que, recebendo R$ 45 mil do PSDB, deu forma jurídica ao processo de impeachment fraudulento que derrubou a primeira presidenta da República eleita no País, para impor um governo machista e de ataques aos direitos das mulheres e de todos os trabalhadores, em beneficio do grande capital internacional. Os casos de Joice Hasselmann (PSL), jornalista, e da policial Katia Sastre (PR), que matou um assaltante à queima-roupa em frente a uma escola, exemplificam muito bem o alerta quanto ao perigo de colocar a luta democrática das mulheres acima dos interesses da classe trabalhadora. Com respectivos 1.078.666 e 264.013 votos, elas certamente tratarão à classe trabalhadora a base de chumbo grosso ou cortes nos direitos mais elementares para o povo. Essas e muitas outras, a maioria das parlamentares eleitas, não estarão à serviço da defesa das reivindicações femininas. Pelo contrário, foram “eleitas”para defender os interesses dos golpistas, a continuidade da política ataques ferozes contra as mulheres e todo o povo.


NACIONAL| 7

“MANDATO COLETIVO”

Em meio a um golpe de Estado, PSOL brinca de ciranda na Alesp O

movimento operário e revolucionário desde há muito aprendeu, na prática, que qualquer ato contra a burguesia e que tenda a levar a uma revolução somente poderá ter sucesso se for feito pela força unificada da classe operária através de um partido centralizado e democrático. Exatamente por isso, a burguesia está festejando mais uma “inovação” do PSOL, que, como muita gente já descobriu, é a esquerda que a direita gosta, e gosta cada vez mais. A onda agora é o “mandato coletivo” onde um grupo de pessoas, normalmente autoproclamadas de “ativistas” e sempre “apartidárias” entram artificialmente em um partido, usando-o para poder legitimar uma candidatura que seria baseada em uma pauta particularizada, propagandeada como “identitária”. A organização, o programa e mesmo os militantes do partido são totalmente ignorados pelo tal grupo, que apenas se utiliza da estrutura partidária, rebaixado a simples legenda de aluguel, destruindo por completo qualquer identidade democrática do partido.

Evidentemente esta aparente inovação é propagandeada pela burguesia como um avanço democrático, apesar de ser exatamente o contrário, já que os membros do partido de aluguel se vêem totalmente alijados da discussão do grupelho que forma este “mandato coletivo”. O PSOL, como não poderia deixar de ser, entrou de cabeça nesse esquema, e já alugou a sua legenda a um grupo representado pela jornalista Mônica Seixas, que não tem nenhum compromisso com qualquer viés programático do PSOL, se é que esse partido o possua de fato. Ao contrário do que aparenta, esta é uma atitude totalmente antidemocrática, já que, somente em um partido que possua um programa claro e uma sistemática discussão política em seu interior, discussão esta seguida de perto por uma ação à qual aderem seus membros de forma clara e explícita, é que realmente se pode levar a efeito democraticamente a luta política. A reunião de meros grupelhos, sem compromissos com ninguém, e que ainda usam do aparelho partidá-

CONGRESSO NACIONAL

rio para obter um cargo parlamentar, não dá lugar algum para a discussão e debate amplo de ideias e ações. Trata-se da velha fórmula, tão conhecida do PSOL, segundo a qual quem manda no partido são os parlamentares e um ou outro membro mais influente, à revelia de toda a militância partidária. Naturalmente que este esquema é por demais frágil para qualquer ata-

que severo à burguesia e, exatamente por este motivo, é amplamente incentivado. Em meio a um golpe que ora se aprofunda, o que a burguesia mais quer é exatamente uma esquerda que não a ameace, e este esquema tão facilmente aceito pelo PSOL demonstra que este partido é exatamente o modelo de esquerda mansinha que a direita tanto quer.

FASCISTAS SÃO INIMIGOS DA CULTURA

Maioria no Brasil, negros não menos Mestre Moa do Katendê é de 25% do congresso, quase todos assassinado por bolsonarista de “alma branca”

N

A

Câmara de deputados que acaba de ser eleita no maior processo de fraude da historia, expõe – uma vez mais – a marca indelével que caracteriza o Estado e a sociedade capitalistas brasileira, ou seja, a opressão do povo negro. Dos 513 deputados eleitos nestas eleições, que entrarão para a história como uma das maiores fraudes eleitorais já vista, apenas 125 deputados se declaram negros (somando pretos e pardos), menos de ¼. Os números tornam-se ainda mais impactantes quando lembramos que segundo o IBGE a população brasileira é constituída de 52% de negros. Mesmo apresentando um pequeno aumento no número de parlamentares negros em relação a Câmara eleita em 2014, da ordem de 5%, quando se elegeram 106 parlamentares negros, a próxima Legislativa continua não sendo representativa da diversidade racial brasileira. Sem considerarmos a ideologia dos representantes, que em sua maioria são de direita, negam a exis-

tência até mesmo do racismo e não representam os interesses do povo negro, é notória a sub-representação. Entre as mulheres negras, a situação é ainda mais grave. Das 442 candidatas a deputada federal que se declararam pretos, apenas 21 deles conseguiram se eleger. O Senado não informou a constituição racial da casa, que possui 81 senadores, mas dos 32 senadores eleitos em 2018, 14 deles se declaram negros. Dos 35 candidatos declarados pretos, somente três se elegeram. A sub-representação política política do negro, bem como a sua baixíssima participação nos postos de comando do Estado nacional, no Judiciário é ainda mais gritante já que o negro ocupa apenas 18% dos postos no “terceiro poder”, é o sintoma da opressão do povo negro pelo Estado nacional É necessário lutar pelos direitos democráticos do povo negro contra Estado dos capitalistas para colocar em pé de igualdade negros e brancos.

a madrugada de segunda (dia 8), o mestre de capoeira, Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Moa do Katendê, foi morto com 12 facadas por um eleitor de Bolsonaro, logo após ter declarado que ele e seu grupo votaram em Fernando Haddad, do PT. Mestre Moa era um conhecido militante antirracista, mas também um artista, uma referencia da cultura baiana, fundador do Afoxé Badauê, em 1978, além de apoiador de inúmeros outros grupos. Com 63 anos, morto de forma tão violenta, aparentemente por gente conhecida, Moa do Katendê deixou a todos apreensivos com o ambiente fascista alimentado pela campanha igualmente fascista de Jair Bolsonaro. Paulo Sérgio, o assassino afirma que não agiu motivado politicamente, ou, como é habitual, a imprensa golpista protege o violento fascista candidato à presidência da Republica. No entanto, as testemunhas são claras em sua descrição dos fatos. O irmão do morto, Reginaldo Rosário da Costa, 68 anos, afirma que estavam conversando sobre política com o dono do bar quando o assassino interviu e disse que a solução seria armar todo mundo. Moa teria respondido, segundo esse irmão nos seguintes termos: ‘você é negro como eu, abra os olhos, estude história e veja que estamos correndo riscos de perder grandes conquistas. Você é novo, não sabe o quanto lutei para chegar até aqui’

O eleitor de Bolsonaro fingiu ouvir o conselho e saiu do local para voltar cerca de meia hora depois e de forma covarde atacar mestre Moa, pelas costas. Os fascistas são inimigos da cultura, não vamos esquecer. A cultura é um campo aberto e tem como base a criação, a liberdade, o que para os fascistas é fonte de subversão, de ameaça ao que consideram o padrão de comportamento. Se na Bahia, dentro da sua comunidade, em um ambiente favorável à livre manifestação e em que se preza a arte e a cultura, um conhecido e querido membro da comunidade é atacado de forma tão violenta e vil, imagina o que os fascistas alucinados ainda vão produzir nos locais em que se sintam seguros. Bolsonaro é sinônimo de violência, violência contra o diferente, contra os pobres, contra as mulheres, contra os trabalhadores. O fascismo já fez mais de uma vítima, quantas mais?


8 | ATIVIDADES

SÃO PAULO

29ª Conferência do PCO visa organizar nova etapa da luta contra o golpe N

o próximo final de semana, dias 13 e 14 de outubro, poucos dias depois das eleições mais fraudadas das últimas décadas, o Partido da Causa Operária realizará sua 29ª Conferência Nacional, reunindo delegados e observadores de todas as regiões do País, com o objetivo de fazer um balanço da situação política e dos resultados das eleições, deliberar sobre a posição do Partido no segundo turno e, em especial, discutir os próximos passos da luta contra o golpe. A Conferência do PCO será denominada com nome do companheiro Fernando Fagundes, do Rio de Janeiro, membro da direção nacional do PCO falecido na última sexta-feira, depois de um AVC, ocorrido durante um debate em que participava como candidato a senador pelo Partido naquele Estado. A atividade visa unificar e orientar a atividade da militância partidária, bem como apresentar uma perspectiva para amplas parcelas da esquerda que se agrupam junto com o Partido nos

Comitês de Luta Contra o Golpe e em diversas frente s de intervenção nos movimentos de luta dos trabalhadores e da juventude, em um momento marcado por uma profunda dispersão da esquerda. Não se trata apenas de ter uma posição imediata, frente às eleições marcada pela fraude desde a prisão e cassação da candidatura de Lula, mas de debater uma política para rearmar o movimento de luta contra o golpe, em especial, diante da possível vitória de Jair Bolsonaro e de uma nova derrota e retrocesso político da esquerda que busca chegar a um acordo com os golpistas. A atividade é destinada aos militantes do Partido, mas companheiros que atuam na luta contra o golpe, que queiram acompanhar, como observadores, pode entrar em contato com a secretaria de organização do PCO, para participar dos importantes debates a serem realizados. Este Diário dará ampla cobertura ao evento e às suas deliberações.

INTERNACIONAL

MOVIMENTOS

STF julga dia 10 de outubro o direito da ECT demitir em massa os trabalhadores

O

s golpistas dos Correios , depois do golpe de Estado, através do impeachment de Dilma Rousseff do PT, assumiram o controle da estatal, acelerando o processo de privatização da empresa, com a ameaça de demissão de mais de 20 mil trabalhadores. No entanto, as milhares de demissões que os golpistas pretendem realizar estão bloqueadas, devidos as decisões dos tribunais superiores, de que a ECT não pode demitir funcionário sem motivação legal, já que o funcionários dos Correios foram contratados por meio de concurso público em uma empresa que possui direitos processuais iguais a da Fazenda Pública, portanto o trabalhador dos Correios se igualando ao funcionário público

com estabilidade. O recurso dos golpistas dos Correios a ser julgado no dia 10 pelo STF é justamente para que os ministros golpistas dêem autorização legal para que haja uma demissão em massa na ECT, e com isso, a privatização para um patamar definitivo, a de entregar todo o patrimônio dos Correios nas mãos dos grandes capitalistas internacional que financiaram o golpe de Estado no Brasil. É necessária a criação de comitês de luta contra o golpe dentro dos Correios, para organizar a luta contra a privatização da empresa, pois sem derrubar o golpe a privatização vai avançar e as demissões serão feitas massivamente.

Macron reprime brutalmente grevistas que denunciavam sua política neoliberal O governo de Emmanuel Macron é uma sucessão dos governos anteriores, que por conta da política de ataque aos direitos dos trabalhadores, entraram em profundas crises, tendo de enfrentar diversos movimentos grevistas e um ataque cada vez mais ferrenho da extrema-direita fascista. Nesse sentido, os dois partidos tradicionais da burguesia foram à falência e tiveram de se unir por meio de uma manobra eleitoral para colocar um elemento supostamente novo na política. E assim, junto com o espantalho colocado contra a extrema-direita da Frente Nacional, Macron foi eleito presidente do país. Pouco tempo atrás, uma crise iniciou no seio dos ministérios do governo, quando o ministro do interior pediu demissão, deixando o cargo interinamente com o primeiro-ministro, Édouard Phillipe. Ontem (09/10), os jornais franceses amanheceram noticiando que Macron e Phillipe estavam conversando para a reestruturação do ministério francês, revelando a crise no governo, que está precisando reformular sua base governamental para se manter estável. Além disso, diante de toda essa profunda crise, que é resultado da continuação dos ataques contra os tra-

balhadores realizados nos governos anteriores, as centrais sindicais convocaram uma importante greve para o dia de hoje, denunciando a destruição do chamado “estado de bem estar social”, que garante alguns direitos básicos, serviços estatais gratuitos ou de baixo custo, para a população. É importante dizer que essa é apenas uma das greves que Macron teve de enfrentar diante de toda essa política direitista que ele está efetivando. Entretanto, todas as greves foram respondidas da mesma maneira pelo governo francês: com repressão brutal e totalmente injusta contra os manifestantes grevistas. E, desta forma, não poderia ser diferente com esta. Fotos e vídeos obtidos pela imprensa russa, Russia Today, demonstram manifestantes sangrando e sendo espancados pela polícia francesa. Esta é a atuação do governo francês que venceu contra a extrema-direita pois existiria, no momento, assim como procuram apresentar o balanço no Brasil, uma suposta luta entre democracia e fascismo. Percebe-se bem que, portanto, a diferença entre um democrata burguês e um fascista é apenas a maquiagem que o “democrata” para fingir que não é tão contra o povo quanto o é o fascista.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.