SEGUNDA-FEIRA, 15 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5431
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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RESPONDER OS ATENTADOS DA EXTREMADIREITA COM A MOBILIZAÇÃO CONTRA O GOLPE Diante de toda capitulação política da esquerda que abandonou a luta contra o golpe, as mobilizações de rua e a organização em comitês de luta para apostar suas fichas em eleições absurdamente fraudadas, demonstrando as ilusões eleitorais da esquerda na chamada democracia em pleno golpe de Estado, a extrema-direita está tomando conta das ruas. A cada dia aparecem denúncias de agressões da extrema-direita contra a população.
Causa Operária Um aceno aos banqueiros: Ediçao 1026 Haddad quer economista de
Alckmin na campanha
EDITORIAL
Adaptação da campanha de LULA TEM RAZÃO: Haddad é alvo de chacota por É PRECISO parte dos bolsonaristas PARTIR PARA O Plano educacional de Bolsonaro prevê volta à Idade Média com ensino religioso em creches
Editorial Um mau começo Página 4 “Surpresas” na eleição sempre tiram votos da esquerda e dão votos para a direita
Estado policial: preso por terrorismo afirma ser agente infiltrado da Abin Em dezembro do ano passado, 11 pessoas foram presas acusadas de promover o terrorismo no Brasil. A prisão foi baseada em investigações feitas em conversas nas redes sociais como o Whatsapp. Uma prisão totalmente ilegal por parte do governo golpista.
ENFRENTAMENTO É preciso ter um certo enfrentamento”. “Ir para frente, avançar… mesmo agora, nas eleições”. “Dar uns coices:
COLUNA
Derrotar o fascismo adotando a política da direita? Por Henrique Áreas
A equipe de campanha de Jair Bolsonaro prepara um projeto que prevê que o Estado distribua dinheiro para igrejas para que estas ofereçam vagas em creches para crianças entre 0 e 3 anos. O programa, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, prevê ainda que o Estado possa dar dinheiro a instituições privadas de ensino.
Na última quinta-feira, dia 11, Fernando Haddad participou de uma reunião com a Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB) que exigiu que o candidato do PT firmasse alguns compromissos.
2 |EDITORIAL EDITORIAL
Lula tem razão: é preciso partir para o enfrentamento
É
preciso ter um certo enfrentamento”. “Ir para frente, avançar… mesmo agora, nas eleições”. “Dar uns coices:. Estas e outras expressões foram usadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua conversa na cárcere da Po[icia Federal, em Curitiba, com os jornalistas Mino Carta e Fernando Morais, nessa quinta (dia 11). Como eles afirmaram na saída do encontro, e como é de conhecimento de todos, ambos não são militantes ou mesmo filiados do PT e nem pode ser acusados de serem “radicais” do PCO. Lula mandou o recado por elemento moderados da esquerda, um deles homem de negócios, que apoiou o candidato abutre, Ciro Gomes, que no mesmo dia embarcou para Europa, para curtir férias com a família, enquanto a elementos fascistas matam e agridem negros, mulheres, gays, sem terra, ativistas de esquerda pelo País, enquanto seu “führer” anuncia um ministério formado por generais golpistas, economistas entreguistas, dirigentes de
organizações do latifúndio assassino se sem terras e suas lideranças e do ensino à distância (para destruir o ensino público e todos os serviços essenciais à população). Na conversa o ex-presidente usou como metáfora, a memorável luta entre Muhammad Ali contra George Foreman, em 1974, no Zaire, para dizer que não se pode ficar apenas apanhando, é preciso partir para o ataque, única forma de conter a ofensiva e derrotar o adversário; que não vai ser contido com discursos e preces e muito menos com “aliados” que – de fato – estão pela vitória do adversário e que não querem que os explorados e suas organizações lutem com suas próprias armas, com sua organização e mobilização. Ao contrário da postura covarde, capituladora adota pela maioria da esquerda desde a desistência da candidatura de Lula exigida pelos generais (por meio do ministro do Exército), pelo judiciário, monopólios dos meios de comunicação e todas as alas golpistas; ao contrário da ilusão eleitoral em eleições total-
mente fraudulentas, ao contrário da busca de alianças com setores golpistas, é preciso unir a esquerda, os que lutaram e lutam contra o golpe, os milhões que estão sendo atingidos pelas medidas do golpe e suas organizações de luta, precisam se unificar, uma vez mais, para sair às ruas, para organizar uma gigantesca mobilização para enfrentar e derrotar o golpe que avança. Uma mobilização com as armas próprias dos trabalhadores, que não são as urnas viciadas e controladas pela direita golpista, mas – principalmente – a mobilização, o “enfrentamento” nas ruas e onde for preciso dos bandos fascistas que agem a serviço dos interesses do grande capital internacional que está destruindo a economia nacional e fazendo retroceder como nunca as condições de vida do povo brasileiro. Nesta luta, não é o caso, de modo algum, de esconder Lula, mas de colocar no centro da mobilização a luta pela sua liberdade, aspecto fundamental para unificar e reforçar a presença na luta dos setores mais
combativos dos explorados. Não é o caso de ocultar as bandeiras vermelhas, da esquerda, do PT, do PCO, da CUT, do MST, da CMP etc das organizações de luta da classe trabalhadora e de todo o povo explorado. Pelo contrário, é preciso levantar as bandeiras, organizar os comitês de auto defesa, multiplicar os comitês de luta contra o golpe e pela liberdade de Lula etc., convocar amplamente, o quanto antes, o Congresso Nacional do Povo Brasileiro, convocado pelo pela Frente Brasil Popular, realizar a II Conferência Nacional de Luta Contra o Golpe. Estas e outras questões estarão em debate na 29ª Conferência Nacional do Partido da Causa Operária que se realiza nesse fim de semana, em São Paulo. E, por certo, devem estar no centro dos debates de todas as organizações dos trabalhadores, da juventude, das mulheres, negros, dos defensores dos direitos democráticos do povo brasileiro etc. nos próximos dias. Para passar à reação, partir para o necessário enfrentamento.
COLUNA
Derrotar o fascismo adotando a política da direita? Por Henrique Áreas
N
a última quinta-feira, dia 11, Fernando Haddad participou de uma reunião com a Confederação dos Bispos do Brasil (CNBB) que exigiu que o candidato do PT firmasse alguns compromissos. Entre eles, o fortalecimento “dos órgãos de combate à corrupção” e pela “preservação da vida, contra a legalização do aborto”. A reunião com a CNBB é mais um capítulo da adaptação da campanha de Fernando Haddad à direita golpista. É importante dizer, antes de qualquer coisa, que a CNBB, instituição conservadora, não se colocou contra o golpe contra Dilma Rousseff. Na época do impeachment, a CNBB apenas procurou pedir respeito ao “ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”, que na realidade foi uma maneira de “lavar as mãos” diante do ataque brutal ao chamado Estado democrático de direito” que foi o impeachment. Mas o mais escandaloso são os pontos firmados por Haddad. Primeiro o compromisso de reforçar os órgãos de “combate à corrupção” quando já é claro para um amplo setor das massas que esses órgãos servem à perseguição política e que o maior líder popular do País, Luís Inácio Lula da Silva, é um preso político. O compromisso “em defesa da vida, contra a legalização do aborto” é um ataque contra um ponto fundamental do programa da esquerda de conjun-
to. A questão do aborto é essencial para a luta das mulheres e de todos os trabalhadores. A proibição é um dos maiores flancos de ataques contra as mulheres e o objetivo é controlar, através da repressão, metade da população do País. Ao assinar tal compromisso, a chapa Haddad e Manuela desmoraliza toda a luta em defesa dos direitos das mulheres e, no fim das contas, desmoraliza toda a esquerda. Isso quando uma das principais justificativas para se unificar todos contra Bolsonaro é justamente a questão da mulher. A ideia de que se deveria incorporar a política da direita para conseguir votos dos coxinhas saltou da adoção do
verde e amarelo para um ataque à luta das mulheres. Por fim, é preciso lembrar que a campanha contra o aborto foi a primeira que unificou a direita nas ruas, em idos da segunda metade dos anos 2000. Não por coincidência, na época, era uma esquerdista que era usada como porta-voz da direita para atacar esse direito das mulheres. Heloísa Helena, então no PSOL e que tinha sido candidata a presidência da república em 2006. A cruzada contra o aborto, com a participação de Heloísa Helena, colocou na rua integralistas, a Igreja Católica e igrejas evangélicas no que seria uma prévia das manifestações coxinhas de hoje.
A capitulação da campanha de Haddad, ao tentar votos desesperadamente do setor mais direitista da população, coisa que não pode dar certa, desmoraliza a esquerda que deveria ser seu principal ponto de apoio. Para que serve tudo isso então? A extrema-direita se combate na rua. A extrema-direita e o fascismo não se combate no voto, muito menos numa eleição fraudada como essa, controlada pelo golpe de Estado. A extrema-direita não se combate, tampouco, adotando a política da própria direita. Para derrotar a extrema-direita é o fascismo é preciso lutar contra todos os golpistas.
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ONDA DE ATAQUES
Em meio a ataques bolsonaristas, nazistas picham suástica em igreja no Rio A
capela de São Pedro da Serra, localizada na cidade de Nova Friburgo (RJ), há 140 km da capital fluminense, amanheceu no domingo (14) com a fachada pichada com diversas suásticas nazistas. Segundo a polícia, o vandalismo teria acontecido durante a madrugada e ainda não há informações sobre os autores. A construção da capela é datada do século XIX e foi restaurada há pouco tempo. O recinto conta com um sino de bronze doado por D. Pedro II, que leva o brasão da família real. O objeto é a atração do local.
A pichação com o símbolo nazista acontece em meio a uma onda de ataques de seguidores de Bolsonaro, ocorridos por todo o Brasil, incluindo agressões a mulheres, gays, negros e simpatizantes de esquerda. Em alguns desses casos, bolsonaristas picharam e até mesmo rasgaram o corpo de pessoas com a suástica. É preciso que a esquerda reaja a esses ataques, criando comitês de auto-defesa para que os trabalhadores, mulheres, negros, camponeses e a população em geral se organize para derrotar a extrema-direita.
ESTADO POLICIAL
Preso por terrorismo afirma ser agente infiltrado da Abin E
m dezembro do ano passado, 11 pessoas foram presas acusadas de promover o terrorismo no Brasil. A prisão foi baseada em investigações feitas em conversas nas redes sociais como o Whatsapp. Uma prisão totalmente ilegal por parte do governo golpista. Não bastasse a prisão completamente ilegal, revelando a ditadura do regime golpista, reportagem do Estado de S. Paulo esse domingo revela que o único réu que ainda está na prisão pode ser um espião da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que foi infiltrado no grupo de muçulmanos que foram presos. A alegação é do próprio réu, Welington Moreira de Carvalho, que em cartas e depoimentos alega ter rece-
bido pagamentos mensais de agentes federais para fornecer informações da comunidade muçulmana do Rio de Janeiro. Essa infiltração teria ocorrido de 2014 até maio de 2017. No dia da prisão, em 8 de dezembro, Welington teria enviado emails para a Abin pedindo ajuda. Nas cartas e depoimentos, ele conta em detalhes como foi foi contatado pelos agentes secretos e como funcionou a infiltração. O caso revela que o Estado age contra o próprio povo. O regime golpista vai estabelecer um Estado ainda mais policialesco contra a população. A infiltração de elementos em quaisquer grupos é uma atividade ilegal e deve ser denunciada como parte do aprofundamento da ditadura do regime golpista.
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CONTRA A DIREITA GOLPISTA
Responder os atentados da extrema-direita com a mobilização contra o golpe D
iante de toda capitulação política da esquerda que abandonou a luta contra o golpe, as mobilizações de rua e a organização em comitês de luta para apostar suas fichas em eleições absurdamente fraudadas, demonstrando as ilusões eleitorais da esquerda na chamada democracia em pleno golpe de Estado, a extrema-direita está tomando conta das ruas. A cada dia aparecem denúncias de agressões da extrema-direita contra a população. Com a fraude que colocou setores da extrema-direita em posições importantes do regime político, tanto no legislativo como, ao que tudo indica, no executivo, por meio não só da muito provável vitória de Bolsonaro para presidente, quanto da vitória de governadores como o latifundiário Ronaldo Caiado, no estado de Goiás. Todo um setor da burguesia se reuniu em torno da candidatura de Bolsonaro, estimulando os setores mais reacionários da sociedade a saírem do armário, agredindo militantes de esquerda, homossexuais, negros, nordestinos e assim por diante. É preciso dizer que isso se dá por conta do próprio desenvolvimento e crise do golpe de Estado, que para ser mais efetivo no à esquerda e as organizações operárias teve de se radicalizar,
aproveitando o abandono das ruas pela esquerda no período eleitoral. A direita fraudou as eleições para levar uma imensa bancada de extrema-direita. O PSL, partido de Bolsonaro, teve a segunda maior bancada da Câmara, que junto com o DEM, o PSDB e outros partidos formam um dos congressos mais reacionários que o Brasil já teve. Em todos os lugares, tanto para deputado estadual quanto para federal, os candidatos mais votados foram os da extrema-direita. Eduardo Bolsonaro, policial filho de Jair Bolsonaro, foi o deputado federal mais votado da história, assim como Janaína Pascoal, uma das principais cabeças do impeachment e da extrema-direita brasileira, foi a deputada mais votada para deputada estadual de São Paulo, obtendo mais de 2 milhões de votos nas urnas fraudadas da burguesia, que obviamente usa esse fato para inventar uma realidade onde a população teria apoiado o impeachment da Dilma. Com toda essa conjuntura, a extrema-direita e os fascistas têm organizado uma série de atentados contra a população. Um levantamento do jornal A pública revelou que em 10 dias os Bolsonaristas cometeram pe-
PROJETO GOLPISTA
Plano educacional de Bolsonaro prevê volta à Idade Média com ensino religioso em creches A
equipe de campanha de Jair Bolsonaro prepara um projeto que prevê que o Estado distribua dinheiro para igrejas para que estas ofereçam vagas em creches para crianças entre 0 e 3 anos. O programa, segundo reportagem do Estado de S. Paulo, prevê ainda que o Estado possa dar dinheiro a instituições privadas de ensino. Logicamente que tal projeto está vinculado ao ensino religioso para as crianças, além é claro da distribuição de dinheiro para empresários e donos de igrejas. A extrema-direita une o útil ao agradável. Os coxinhas eleitores de Bolsonaro e golpistas em geral fazem a propaganda contra o que eles chamam de doutrinação ideológica nas escolas, como pretexto para aprovar projetos obscurantistas como o “Escola sem partido”. O projeto de Bolsonaro mostra aquilo que a esquerda e as organizações populares já vêm denunciando: a defesa da “escola sem partido” é na realidade a defesa da escola de um
lo menos 50 agressões, isto é, do que se sabe, a cada dia ocorre ao menos cinco agressões de bolsonaristas em todo país. “Foi muito rápido, senti a roda como se estivesse me puxando, simplesmente caí no chão”, disse o jornalista que foi atropelado por um fascista por estar portando uma camiseta vermelha do Lula. “Era um homem e uma mulher, segundo meus amigos. Ele estava com uma camiseta do Brasil. Pararam do lado do carro e perguntaram se era ele que tinha me atropelado. Relataram que ele abaixou o vidro e de forma bem fria fez um gesto de quem vai pegar algo no console, dizendo ‘eu tenho uma surpresinha aqui para vocês’”, disse o homem, que foi orientado pela polícia a fazer um Boletim de Ocorrência na delegacia. O jornalista relata que no computador da escrivã na delegacia, constava adesivos de Bolsonaro. Fica então claro que a polícia não iria re-
solver o problema pois estava alinhada com os bolsonaristas que cometeram o atentado, da mesma forma que o delegado do Rio Grande do Sul que declarou que a suástica cravada na barriga de uma mulher por um apoiador de Bolsonaro era, na verdade, um símbolo budista. Tudo isso e mais diversos casos relatados no site, como o de uma jornalista que teve uma faca grudada ao seu pescoço revelam a agressividade da extrema-direita. É preciso que os trabalhadores tenham consciência de que é necessário reagir a estes ataques. Não de forma anárquica, mas de uma forma organizada, por meio de comitês populares, de luta contra o golpe e de autodefesa, que reajam à extrema-direita nas ruas de maneira a não permitir os fascistas de chocadeira se desenvolvam. Só através da mobilização popular contra o golpe será possível derrotar os direitistas.
FILIE-SE AO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA E-mail: pco.sorg@gmail.com Telefone e whatsapp: TIM: (11) 98589-7537 Vivo: (11) 96388-6198 Claro: (11) 97077-2322 Oi: (11) 93143-4534 Skype: Partido da Causa Operária facebook.com/pco29 twitter.com/pco29 instagram.com/diariocausaoperaria
partido só e de uma ideologia só. A direita golpista quer levar o Brasil para a Idade Média.
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FORMAR COMITÊS DE LUTA CONTRA O GOLPE
Organizar a mobilização operária e popular contra os golpistas A
s recentes eleições que ocorreram no dia 7 de Outubro foram uma fraude total. O setor da burguesia que estava impulsionando a candidatura de Jair Bolsonaro conseguiu tomar a dianteira do processo eleitoral, arrastando os setores da burguesia que apoiaram a candidatura de Geraldo Alckmin para a fraude à favor de Bolsonaro e de outros setores da extrema-direita, tanto no legislativo quanto nos governos estaduais. Isso ficou muito claro com o resultado das eleições, na vitória de pessoas como o Major Olímpio, do partido de Bolsonaro, para o Senado São Paulo e de Rodrigo Pacheco, do DEM (antigo partido da ditadura militar), para o Senado de Minas Gerais, que ficaram na frente de grandes nomes do PT, como o ex-senador Eduardo Suplicy e a antiga presidente do país, Dilma Rousseff, que apareciam em primeiro lugar em todas as pesquisas da burguesia e realizavam comícios do tamanho que nenhum político de direita conseguiu organizar, demonstrando um apoio popular real. E também na vitória de uma grande bancada de direita, do PSL e do DEM, para as câmaras estaduais e para a federal. A extrema-direita brasileira passou então a uma política ofensiva em todo território nacional, atacando, agredindo, xingando, espancando e assediando diversas pessoas. É preciso denunciar, entretanto, que toda essa
mobilização da extrema-direita foi se desenvolvendo durante o próprio período de campanha eleitoral, onde a polícia, parte importante da extrema-direita, e os bolsonaristas entraram em uma dura campanha de intimida-
cistas em todas as regiões do país. Diversas mulheres foram enquadradas em vielas e ruas, agredidas e ameaçadas de estupro; diversos homossexuais foram espancados, inclusive com barras de ferro, como demons-
ção dos militantes de esquerda nas ruas, como foi denunciado por este jornal ao longo de todo o processo, ameaçando a esquerda com armas de fogo, apreendendo materiais de campanha, invadido sedes e diretórios de partidos e sindicatos e censurando lideranças de esquerda. Agora, com o resultado eleitoral, a extrema-direita ficou ainda mais atiçada. Houve casos de agressões fas-
tra o caso da funkeira transexual, ex-furacão 2000; em Pernambuco, uma jornalista foi abordada por bolsonaristas, que colocaram uma faca em sua garganta, cortaram seu rosto e seu braço e disseram que ”no governo do comandante [Bolsonaro] não haverá imprensa”, fazendo uma clara apologia à censura; houve o caso da empregada doméstica que foi jogada no chão e chutada por um Policial Mi-
CONGRESSO REACIONÁRIO
Número de parlamentares ligados ao movimento sindical é ainda menor
M
atéria da Rede Brasil Atual levanta que o número de parlamentares ligados ao movimento sindical vai diminuir ainda mais com a nova composição do Congresso eleito nas eleições deste ano. A chamada bancada sindical já não era grande. Conforme o esperado, com o golpe de Estado, não só o número de deputados ligados à luta dos trabalhadores diminuiu como aumentou significativamente o número de elementos ligados à extrema-direita, militares, latifundiários e inimigos do povo em geral. Esse foi um dos problema na crença da eleição sob o golpe de Estado. Lula foi retirado da eleição e a direita controlou e fraudou todo o processo
eleitoral para passar uma legitimidade ao golpe de Estado. Segundo a matéria da Rede Brasil Atual, foram eleitos 33 deputados ligados aos sindicatos este ano contra 51 nas eleições de 2014. Os dados Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP). Vale a ressalve que dentre os 33 eleitos estão alguns elementos que na realidade são inimigos dos trabalhadores, como é o caso de Paulinho da Força (SD-SP). A derrota da direita e do golpe só pode vir nas ruas. A ilusão nas eleições fraudadas serviram para criar confusão no meio do movimento de luta. É preciso se livrar da confusão e reorganizar a mobilização do povo contra o golpe.
litar, que só a liberou quando ela disse ”ele sim”, falando de Bolsonaro; sem falar no caso da mulher que teve uma suástica nazista gravada em sua barriga por apoiadores de Bolsonaro e do mestre capoeirista, Moa de Katendê, que foi assassinado à facadas por um apoiador do Bolsonaro na Bahia. Tudo isso revela a extrema violência com que atua a extrema-direita contra a população e os trabalhadores. É preciso que a esquerda tenha noção de que para derrotar a ameaça fascista é preciso mobilizar o povo de fato para combatê-los. Apostar as fichas em ilusões eleitorais não adiantará de nada, além de jogar fumaça nos olhos dos trabalhadores. É preciso formar comitês de luta contra o golpe e de autodefesa, isto é, organizações autônomas onde a classe operária e a população possa se organizar, independente da burguesia, para organizar sua luta política contra os fascistas da extrema-direita, os golpistas e todos aqueles que atacam seus direitos e ameaçam sua existência. Apenas desta forma será possível derrotar a extrema-direita, que ficou acuada em todo o processo de luta contra o golpe, quando os trabalhadores estavam nas ruas defendendo seus direitos e mobilizando diversos setores da sociedade em torno de sua política. Portanto, só a mobilização pode barrar os ataques da extrema-direita.
PAU NO COCO
“…contra o dragão da maldade”, por Ralfo
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ANÁLISE
Capitulação eleitoral criou o ambiente para os atentados da extrema-direita O
s primeiros dias da campanha eleitoral estão marcados por uma enorme campanha a favor de que se evite a “radicalização”, feita pelos grandes monopólios capitalistas das comunicações, dominados por meia dúzia de famílias que compõem um dos pilares fundamentais do regime golpista. Trabalham com afinco nessa campanha os “analistas” da imprensa burguesa, defensores do golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, da criminosa operação Lava Jato que levou à condenação sem provas e à prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os políticos que defendiam o “plano A” da burguesia golpista, com a candidatura do ex-governador e presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, ou o mesmo o “plano c”, com a candidatura Ciro Gomes. Essa campanha – que alguns setores do PT têm a ilusão de que estaria a favor da unidade contar o Bolsonaro – tem o claro objetivo de buscar acalmar os ânimos diante de uma situação há muito polarizada, pela reação dos explorados e suas organizações de luta, ou seja, da esquerda, ao golpe de Estado e à ofensiva da direita contra o povo trabalhador e a economia nacional. Apesar da divisão eleitoral, inicial, e da crise e atritos ainda vigentes em torno do futuro governo, a burguesia golpista (de “centro” e e de extrema direita) tem acordo sobre a necessidade de dar sequência e aprofundar os ataques desferidos pelo famigerado governo Michel Temer, por eles criado e sustentado. e ao combater o “radicalismo” quer, na verdade, desarmar a esquerda e sua reação a essa ofensiva. Em outras palavras: querem que os explorados aceitem passivamente o fim das aposentadorias, a nova onda de privatizações, a destruição completa do ensino e saúde públicas, milhões de novas demissões, o brutal aumento da repressão e até mesmo o comando direito do País pelos militares, em uma nova ditadura etc. sem lutar, sem “promover o caos”, respeitando as “regras do jogo” que eles impõem a cada momento, de acordo com seus interesses. Do ponto de vista prático, essa campanha tem duas facetas principais. Do ponto de vista da direita, nem um passo em direção a um suposto “centro”, a um “distensionamento” foi dado. Pelo contrário. Em apenas quatro dias da “campanha” do segundo turno, já foram registrados mais de 60 casos de agressões contra mulheres, homossexuais, negros, ativistas de esquerda etc. promovidos por grupos de fascistas, apoiadores da candidatura dos fascista Jair Bolsonaro (PSL). Não se trata de uma novidade. A direita dá sequência ao que foi feito no primeiro semestre e na “campanha” do primeiro turno, quando, entre outros muitos casos, os covardes direitistas espancaram padres, mulheres, sem terra e atira-
ram contra a caravana do presidente Lula no Sul do País, tudo com o beneplácito do “centro” e e em consonância com o judiciário, que violava abertamente a Constituição Federal para condenar, sem provas, prender e perseguir Lula e outros dirigentes da esquerda. Buscando enfrentar as pressões para que se apresente como “Jairzinho paz e amor”, o presidenciável e candidato ungido pelas “urnas” da eleição mais fraudulenta das últimas décadas, apresentou como possíveis nomes para seus ministérios vários generais, defensores do golpe militar e que, como ele, defendem a tese de que “não houve ditadura no País”, tese endossada recentemente endossada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) – já sob a devida “orientação” do seu general assessor que “ganhou” a partir de sua posse no comando daquele órgão supostamente incumbido de “zelar pela Constituição”. Dentre os “gorilas”, “candidatos” a ministro, a campanha de Bolsonaro apresentou os generais Augusto Heleno – um dos coordenadores de sua campanha à Presidência, cotado para o Ministério da Defesa; Osvaldo Ferreira , que já trabalha no plano de governo de Bolsonaro, como possível ministro dos Transportes; Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-Secretário Nacional de Segurança do governo golpista de Michel Temer, cotado para reassumir o cargo ou ministério correspondente; além do seu vice, general Antônio Hamilton Mourão, ex-secretário de finanças do Exército e que há anos faz pública pregação a favor do golpe militar, além de defender o fim do 13º salário, das férias, da relativa estabilidade no emprego dos servidores públicos etc. Há também o general Richard Fernandez Nunes, atual secretário da Segurança no Rio de Janeiro, nomeado após a intervenção militar naquele Estado, apresentada por ele e por outros generais como “um laboratório” para todo o País e que está servindo para promover um aumento da repressão contra o povo trabalhador das comunidades operárias do Rio de Janeiro, estado mais afetado pelo agravamento da crise econômica promovido pelo golpe de Estado. Além desses proeminentes inimigos do povo, a cúpula bolsonarista também divulgou como possíveis ministros os empresário Stavos Xanthopoylos, que atua nos negócios do Ensino à Distância (EaD); é diretor de relações internacionais da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), um dos principais conselheiros de Bolsonaro para Educação, ou para a destruição do ensino público; e o ruralista Nabhan Garcia, presidente da UDR (União Democrática Ruralista), fundada pelo senador e governador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO). Ou seja, a direita age na preparação
dos novos ataques, a partir do governo e na ofensiva contra a esquerda, para conter a mobilização popular. Do lado da esquerda, o caminho é o da “pacificação” que, na prática, significa se render à pressão da direita golpista (disfarçada de centro) para não mobilizar por suas reivindicações e buscar uma conciliação com os inimigos do povo. Também aqui não há novidades, mas um agravamento da política anterior. A justificativa para a adoção da política de “direitização”, de se igualar ao inimigo, de diminuir a polarização e o confronto, é a de que ela seria a mais adequada para “ganhar votos”. Isso, no entanto, não tem nenhuma comprovação na realidade. Para ganhar da direita nas últimas eleições presidenciais o PT teve que “radicalizar” seu discurso e atacar o PSDB e seus aliados por sua política privatista, por quererem acabar com o bolsa família etc. Por outro lado, onde buscou realizar um discurso mais conciliador e até afirmou que “golpe era uma palavra muita dura” (como fez Haddad na campanha de São Paulo) não só perdeu as eleições como semeou desânimo e confusão entre seu próprio ativismo. A situação é mais grave, porque o comando da campanha da esquerda passou ainda mais para as mãos dos defensores do “plano b”, que defendiam bem antes das eleições abandonar a candidatura de Lula, conciliar com os golpistas em chapas comuns com os partidos que votaram a favor da deposição de Dilma e votaram a favor das “reformas” de Temer contra os trabalhadores etc. Esta política desarma os trabalhadores e suas organizações para lutar contra a ofensiva da direita agora – quando estão massacrando covardemente dezenas de ativistas e pessoas indefesas em todo o País – e mais adiante, frente a uma possível vitória eleitoral da direita, que se avizinha.
Pregar a “frente ampla” com os inimigos do povo, com os golpistas, com os partidos dos banqueiros, entrar em sintonia com os “conselhos” da imprensa capitalista, de nada serve para enfrentar os ataques e ameaça real de um governo fascistoide e de um golpe militar (inclusive amparado no fraudulento resultado eleitoral). Não vai ser ao lado de FHC, Alckmin, Joaquim Barbosa, Ciro Gomes etc. que os trabalhadores e suas organizações, a esquerda, irão enfrentar os fascistas (apoiados de fato pela direita, pelo “centro”) e seus ataques. Não vai ser abandonando as suas reivindicações que a esquerda irá mobilizar os setores que querem lutar contra o golpe e derrotar a direita. Não vai ser se afastando de Lula e Zé Dirceu, que estão condenados e cumprindo pena (sem delatar com falsidades seus companheiros), que a esquerda vai apontar para os trabalhadores e a juventude o caminho para superar o retrocesso representado pela candidatura de Bolsonaro, pelos generais que o apóiam e por todo o regime político reacionário. A ala supostamente antifascista do regime político é a ala mais pró-imperialista do golpe e, portanto, a principal inimiga dos trabalhadores. Foi ela quem criou Bolsonaro e que agora tenta em vão contê-lo. Essa ala usa argumentos – repetidos pela esquerda burguesa e pequeno burguesa – como a suposta “luta contra o fascismo”, sem luta, só com capitulação, discursos e concessões. E, importante lembrar, foi um dos setores mais prejudicados nas eleições. A direita abandonou em certa medida o PSDB e migrou para o PSL de Bolsonaro. É uma situação de polarização e, no entanto, setores do PT acreditam que devem se juntar ao “centro” É preciso superar essa política de derrotas e capitulação que domina o cenário político da esquerda, desde o abandono da candidatura de Lula, e está criando um ambiente propício, facilitador da ofensiva que a direita está desenvolvendo.
POLÊMICA| 7
UM ACENO AOS BANQUEIROS
Haddad quer economista de Alckmin na campanha U
m aceno ao mercado financeiro. É assim que os jornal golpistas gostam de chamar cada movimentação da campanha de Fernando Haddad no sentido de uma política direitista, notadamente quando se trata do programa econômico. O colunista de O Globo, Lauro Jardim, afirmou em coluna nesse domingo (14) que a chapa do petista quer Pérsio Arida, economista tucano e assessor da campanha de Alckmin, para participar da campanha de Haddad no segundo turno. Mais ainda, segundo o colunista da imprensa golpista, Arida é cotado inclusive para compor um eventual
governo Fernando Haddad. Membros da campanha do PT já teriam entrado em contato com o tucano. Tudo pode ser uma dessas fofocas da imprensa golpista, mas indica mais um passo da campanha de Fernando Haddad rumo à capitulação política diante da direita. Mais ainda, ao querer um economista do PSDB, o partido das privatizações e dos ataques econômicos brutais contra os trabalhadores, a campanha de Haddad mostra que está disposta a capitular totalmente diante dos banqueiros inimigos do povo e maiores fiadores do golpe de Estado no Brasil.
GOLPISTAS PRESSIONAM PT
Adaptação da campanha de Haddad é alvo de chacota por parte dos bolsonaristas G
olpistas pressionam o PT e a candidatura de Fernando Haddad a se adaptar cada vez mais ao programa da direita. Essa pressão é muito mais do que uma tentativa da burguesia de obrigar o PT a utilizar o programa político da direita de ataques aos trabalhadores e todo o povo. Ao mesmo tempo que pressiona o PT, os golpistas fazem a campanha de desmoralização da esquerda afirmando que o PT estaria se rebaixando à política que ele sempre disse combater. Dessa maneira, a direita espalha propaganda nas redes sociais de que conseguiu fazer o PT abandonar o vermelho, que conseguiu fazer o PT abandonar Lula e que inclusive está imitando a campanha de Bolsonaro. Cinicamente, a direita golpista, que baseia sua política na dissimulação
completa de suas reais intenções contra o povo, procura apresentar o PT como uma grande farsa, como se o
PT estivesse tentando enganar o eleitorado, o que de fato, está fazendo no vale tudo em busca do voto.
O site do jornal golpista O Globo apresentou de uma maneira completamente desmoralizante o fato de que Manuela D’Ávila foi obrigada a abrir mão de sua defesa do aborto para agradar a Igreja Católica, já que Haddad assinou compromisso com a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) “em defesa da vida e contra a legalização do aborto”. A política de adaptação à direita além de ser uma capitulação política tem como resultado prático a desmobilização da esquerda que deveria ser o ponto de apoio da campanha de Haddad. Ao levar a política de “tudo pelos votos”, a campanha de Ha ddad não só não consegue os votos da direita coxinha, que não está aí para votar no PT, como desmoraliza e deprime aqueles que deveriam estar fortalecidos para uma campanha política.
8 | DIÁRIAS
O Presidente da Nicaragua, Daniel Ortega, enfrentou neste domingo (14/10) mais um protesto violento organizado pela direita financiada pelos EUA FRASE DO DIA
Lula está com uma razoável dose de irritação. […] Ao fato de que, no fundo, no fundo, é preciso um certo tipo de enfrentamento mais direto, mais determinado e mais desassombrado. Mino Carta e Fernando Morais, após visita a Lula em Curitiba
Assista o Jornal das 3, todos os dias na COTV no site: causaoperariatv.com.br no youtube: causaoperariatv
GROSSO MODO POR MUNA