QUARTA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5433
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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MESMO PROGRAMA GOLPISTA: ALCKMIN E TEMER ESTÃO NO SEGUNDO TURNO E SE CHAMAM BOLSONARO
O programa econômico de Jair Bolsonaro torna claro a que vem sua candidatura: fazer do Brasil uma terra arrasada, com um povo miserável e completamente desassistido, fornecedor de matériaprima e mão-deobra barata. Desde que foi devidamente “centralizado” pelos norte-americanos no final de 2017, o excapitão do exército trouxe a tiracolo o Chicago Boy Paulo Guedes: um banqueiro discípulo direto de pais do neoliberalismo, como Milton Friedman.
Causa Operária Ediçao 1026
Bolsonaro quer mudar constituição para deixar a população sem educação e saúde
Estado policial: militares mandam Temer criar “força-tarefa” para reprimir a população
Desde 2016, a burguesia já havia deixado claro que sua preferência para a eleição de 2018 seria a vitória do PSDB.
Página 3 Ilusão eleitoral Capitulação diante dos golpistas só serve para desmoralizar o PT
Frente democrática”: Cid Gomes aparece em ato de Haddad para sabotar campanha do PT Jaques Wagner é um dos principais responsáveis pela capitulação e sabotagem da campanha eleitoral do PT
No apagar das luzes do seu governo, o fantoche Temer espetado pela baioneta do seu ministro general Sérgio Etchgoyen, assinou decreto nessa segunda-feira (15/08), que cria a Força-Tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil.
EDITORIAL
CONFERÊNCIA DO PCO PROPÕE MOBILIZAÇÃO CONTRA BOLSONARO E TODA A DIREITA GOLPISTA, E PELA LIBERDADE DE LULA Reunida no último fim de semana, em São Paulo, a 29ª Conferência Nacional do Partido da Causa Operária, ratificou a posição assumida pelo PCO desde o primeiro turno das eleições de denunciar o processo fraudulento armado em torno das eleições presidenciais realizadas sem a participação do único candidato com amplo apoio popular
2 |EDITORIAL EDITORIAL
Conferência do PCO propõe mobilização contra Bolsonaro e toda a direita golpista, e pela liberdade de Lula
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eunida no último fim de semana, em São Paulo, a 29ª Conferência Nacional do Partido da Causa Operária, ratificou a posição assumida pelo PCO desde o primeiro turno das eleições de denunciar o processo fraudulento armado em torno das eleições presidenciais realizadas sem a participação do único candidato com amplo apoio popular e que foi condenado sem provas, preso ilegalmente e teve sua candidatura arbitrariamente cassada, em aberta violação à Constituição Federal. A conferência analisou a evolução golpista da situação com a burguesia se vendo forçada a se unificar – de fato – por detrás da candidatura da sua ala mais débil (diante dos setores imperialistas e consorciados), com a chapa do golpe militar, do capitão Jair Bolsonaro e do general Hamilton Mourão, uma clara expressão do agravamento da crise política e da enorme polarização, impulsionada pela enorme rejeição dos explorados e de suas organizações de luta do regime antioperário erguido sob re a derrubada do governo de Dilma Rousseff, em 2016, por meio do impeachment fraudulento. Debatendo a ofensiva da direita expressa, dentre outros, no anuncio do possível ministério de Bolsonaro
composto por um ter de integrantes de generais da cúpula golpista, defensores do golpe militar e de toda a herança repressiva da ditadura militar, juntamente com notórios defensores do latifúndio, do ensino pago, das privatizações, do fim das aposentadorias, do aumento da repressão contra o povo trabalhador e tudo mais que se oponha aos interesse da maioria nacional em favor do grande capital estrangeiro e “nacional”, o Partido deliberou realizar uma ampla campanha junto aos trabalhadores e à juventude, contra o governo que a direita quer impor, sintetizada na palavra-de-ordem, Fora Bolsonaro e todos os golpistas. O PCO, corretamente, reafirmou sua posição de votar nulo, não referendando o processo fraudulento armadas pelas instituições do regime golpista, como o judiciário e a imprensa golpista, que fizeram das eleições uma farsa usada para referendar um “novo”governo golpista que sirva para dar prosseguimento à ofensiva levada adiante desde o golpe de Estado. A Conferência reafirmou a rejeição do Partido à política reacionária de setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa, que não só não denunciam a fraude, como buscam estabelecer um acordo com a seto-
res da burguesia em torno da farsa da disputa eleitoral, abandonando totalmente a luta contra o. golpe e até mesmo a defesa de questões democráticas fundamentais como a defesa da liberdade do ex-presidente Lula. Sob a base de uma análise concreta da situação, a Conferência avaliou a onda fascista impulsionada pela direita, em busca de conter e aterrorizar o movimento de luta dos trabalhadores, que atinge covardemente sem terras, mulheres, negros, homossexuais e que precisam ser enfrentados, pelos meios que forem necessários, por meio da organização de comitês de autodefesa, na cidade e no campo e coma organização de uma ampla campanha contra a fraude eleitoral. Em contrapartida, debateu também a covardia política da esquerda burguesa e pequeno burguesa que, frente à fraude, aos ataques da direita fascista e as “exigências” reacionárias das alas da burguesia golpista que não apóiam publicamente Bolsonaro (declarado neutralidade ou até apoio à Haddad), mas que trabalham – de fato – pela sua vitória, segue capitulando, como fez quando desistiu da candidatura de Lula, sob as ameaças dos generais. Agora, esse “comando” da esquer-
da – cada vez mais dominado pelos que defenderam o “plano B” (a substituição de Lula por outro candidato “aceitável” pelos golpistas). Desta feita, estão retirando da campanha tudo o que lembre até uma campanha de esquerda, como a defesa de reivindicações democráticas contra o regime golpista (como a defesa da constituinte), a defesa dos direitos das mulheres contra a reação (como a defesa do aborto), a defesa da liberdade de Lula e demais presos políticos do regime; chegando ao ponto de adotarem até mesmo as cores da campanha da direita. Em uma situação em que o Judiciário, o Legislativo e o Executivo encontram-se cada dia mais sob a tutela dos militares golpistas, a Conferência aprovou um chamados aos Comitês de Luta Contra o Golpe e a todas os demais comitês e organizações de luta dos trabalhadores a se unificarem em torno da realização da II Conferência Nacional Aberta de Luta contra o golpe e o fascismo e a unificar a esquerda da luta contra o golpe em torno de reivindicações centrais da próxima etapa, como a defesa da liberdade de Lula, pela revogação de todas as medidas do governos golpista e a impulsionar uma ampla mobilização, nas ruas, para derrotar Bolsonaro e todos os golpistas.
“FRENTE DEMOCRÁTICA”
“AMIGO DA ONÇA”
Jaques Wagner é um dos principais Cid Gomes aparece em ato de Haddad responsáveis pela capitulação e para sabotar campanha do PT Democrática anunciada litantes petistas no encontro da “Frente sabotagem da campanha eleitoral do PT AtallogoFrente após o primeiro turno das Democrática”. Bolsonaro vai usar uma
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onforme a campanha do PT avança no segundo turno, cada vez mais fica mais claro que havia um setor de direita dentro do PT querendo abandonar a luta contra o golpe, e abandonar Lula preso em Curitiba. Um dos principais responsáveis pelo fortalecimento da direitização da campanha do PT no segundo turno é o petista baiano Jaques Wagner, ex-governador da Bahia e eleito senador nas eleições fraudadas de 2018, que por isso recebeu o poder de coordenar no segundo turno a campanha eleitoral presidencial de Fernando Haddad. Jaques Wagner é defensor da campanha de tirar o vermelho da campanha e substituir pelo verde amarelo, também foi dele a frase de que Haddad deveria ser ele mesmo e deixar de citar lula na campanha, apesar de que os votos dados a Haddad são todos de Lula. Mostrando que era um dos idealizadores do plano “B”, de abandonar Lula, buscar uma conciliação com os golpistas, Jaques Wagner anunciou nessa segunda (15/10), que o abutre Ciro Gomes do PDT é que deveria estar disputando a eleição no segundo turno contra Bolsonaro.
É por causa dessa política capituladora na campanha de Haddad, coordenada por Jaques Wagner, que o irmão de Ciro Gomes, Cid Gomes, teve a “cara de pau” de ir em uma plenária de militantes do PT e usar o mesmo argumento golpista da Rede Globo, dizendo que o PT teria que fazer mea culpa, pedir desculpas para os brasileiros. Um verdadeiro “amigo da onça”. Jaques Wagner e outros capituladores dentro do PT está levando o partido a se desmoralizar no segundo turno, abandonando as lutas dos trabalhadores, como a luta contra o golpe, liberdade para Lula, Assembleia Constituinte etc, para se aproximar das posições golpistas do PSDB, que no final só servirá para destruir o partido.
eleições, e que supostamente deveria apoiar a candidatura de Fernando Haddad contra Bolsonaro, é tão democrática que Cid Gomes, irmão e porta-voz do fanfarrão Ciro Gomes, convidado para uma reunião, detona o partido de Haddad, afirmando que ele vai perder. A frente aceita até mesmo os inimigos e sabotadores. É autofágica. O PT já deu todos os sinais de capitulação: parar de falar de Lula, mudar as cores da campanha, abrir mão do programa do partido, e começar a contar com apoio (nunca gratuito) de quem o golpeou e planejou sua destruição, como a Globo e o PSDB. A grande verdade é que essa tal Frente Democrática não existe. O PT está sendo isolado, e a ele está sendo imputada até mesmo a culpa pela criação do fascista Bolsonaro, a culpa pelo Golpe de 2016, pelo fim da Democracia…. e isso não está sendo feito pelo opositor não, são palavras dos ‘aliados’ como o PDT, que diz oferecer um ‘apoio crítico’ a Haddad. A ultima munição dada ao fascista e sua campanha foi o show do atabalhoado Cid Gomes, esculhambando mi-
gravação dessa performance do político cearense em seu programa eleitoral, mostrando como a esquerda é unida. Talvez ele repita a máxima: “a esquerda só se une na prisão”. Ora, como temos sustentado, o PT tem cedido a todas as pressões da direita (inclusive da direita dentro do próprio partido), em particular a exercida pela imprensa golpista. Ciro Gomes e o PDT fazem o mesmo jogo, pressionando o Partido dos Trabalhadores a se deslocar para a direita, para alegria de muitos dirigentes do partido nascido da luta sindical, e agora repleto de burocratas – que comandam a legenda a partir de suas salas com ar-condicionado. Agora que conseguiram se livrar de Lula, vão finalmente dominar o ex-Partido dos Trabalhadores? Ironia ou não, isso, de todo modo, seria apenas mais um passo na estratégia sempre presente de destruir o partido. Os Gomes, é bom que se diga, participam disso sem hesitação, ajudando a cumprir um dos principais objetivos do golpe desde o início. As eleições são uma fraude, parece que a tal Frente Democrática também.
NACIONAL| 3
MESMO PROGRAMA GOLPISTA
Alckmin e Temer estão no segundo turno e se chamam Bolsonaro O
programa econômico de Jair Bolsonaro torna claro a que vem sua candidatura: fazer do Brasil uma terra arrasada, com um povo miserável e completamente desassistido, fornecedor de matéria-prima e mão-de-obra barata. Desde que foi devidamente “centralizado” pelos norte-americanos no final de 2017, o ex-capitão do exército trouxe a tiracolo o Chicago Boy Paulo Guedes: um banqueiro discípulo direto de pais do neoliberalismo, como Milton Friedman. Há décadas o imperialismo tem uma cartilha bastante bem definida, destinada a combater os Estados de bem-estar social formados no pós-guerra: privatização irrestrita, redução do estado, fim da saúde e educação públicas, fim da previdência, fim dos direitos trabalhistas, entrega do patrimônio nacional ao estrangeiro. Tais princípios foram firmados institucionalmente no chamado Consenso de Washington, adotado pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional desde 1989, traduzidos nos seguintes eufemismos: disciplina fiscal; redução dos gastos públicos; reforma tributária; juros de mercado; câmbio de mercado; abertura comercial; investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições; privatização das estatais; desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas); direito à propriedade intelectual. Tal receituário já foi em grande medida implementado nos governos brasileiros da década de 1990: Fernando Collor de Mello, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso. Com os
governos do Partido dos Trabalhadores, foram mantidos em larga medida apenas os aspectos financeiros no neoliberalismo. Na via inversa, a crise econômica global de 2008 levou a uma pressão do imperialismo por implementar ainda com mais radicalismo sua política – sobretudo nos países periféricos, como os da América Latina. Embora o segundo governo Dilma Rousseff já apresentasse uma certa dose de concessão a essa pressão, ela não se mostrou suficiente. Por meio do PMDB, os golpistas apresentaram a cartilha neoliberal em outubro de 2015, num programa chamado Ponte para o futuro. Nas palavras do próprio Temer, a recusa de Dilma em assumir a proposta levou ao seu impeachment fraudulento. O governo de Temer buscou seguir à risca o Ponte para o futuro – e portanto o Consenso de Washington: implementou um novo regime fiscal, destruiu a legislação trabalhista, desmantelou vários setores da Adminis-
tração Pública Federal, quer acabar com a previdência pública, com a educação e a saúde públicas e gratuitas, quer vender a preço de banana a Petrobras e a Eletrobrás a investidores estrangeiros. Nesse sentido, a equipe econômica agrupada pelo imperialismo em torno à candidatura de Jair Bolsonaro promete aprofundar ainda mais os ataques à população. O militar teria a seu lado alguns dos brucutus parlamentares que ajudaram a empurrar as reformas de Temer no Congresso, como Onyx Lorenzoni (DEM) e o próprio Carlos Marun (MDB) – atual ministro da Secretaria de Governo de Temer – que declarou ver “similaridades entre a agenda e Bolsonaro e o governo Temer”. Para o desenvolvimento dessa agenda, o imperialismo teria destacado o ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga. Os desenvolvimento imediato do programa de governo não poderia ser
mais sombrio. Segundo divulgado nos últimos dias, Guedes e Fraga pretendem cortar completamente os investimentos em saúde e educação, desvinculando as receitas para esse fim dos orçamentos municipais, estaduais e federais. Pretendem ainda aumentar a carga tributária do consumidor, desonerando o grande empresariado. Pretendem extinguir a previdência pública quase que completamente, adotando um “sistema de capitalização” provavelmente privado. Esse feroz ataque à população não pode ser detido na esfera institucional, completamente dominada pelos golpistas. Sabedores de que a reação popular tende a intensificar-se, eles apressam-se em apontar para o endurecimento do regime em curto prazo, rumo a uma ditadura militar – quer seja pelo governo de Bolsonaro, quer seja por um novo golpe. Somente com mão de ferro será possível ao imperialismo levar a cabo sua agenda. Por isso, é dever de todas as lideranças da classe trabalhadora organizar imediatamente a população para reagir nas ruas ao golpe com seus instrumentos tradicionais de luta: a agitação popular, a realização de atos, os “trancaços”, os piquetes, as greves etc. Todo local de trabalho, toda comunidade, deve constituir um comitê de luta e mobilizar-se, independentemente da campanha ou do resultado eleitoral. É preciso ter claro que essas eleições são completamente fraudadas, e que só um candidato aprovado pelos golpistas pode vencê-las. É preciso ter claro que a necessidade de mobilização popular é imediata.
ESTADO POLICIAL
Militares mandam Temer criar “força-tarefa” para reprimir a população
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o apagar das luzes do seu governo, o fantoche Temer espetado pela baioneta do seu ministro general Sérgio Etchgoyen, assinou decreto nessa segunda-feira (15/08), que cria a Força-Tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil. Por trás do nome pomposo, o que assistimos é o avanço dos militares em sua “tarefa”, essa verdadeira, de aprofundar a repressão contra a população, provavelmente valendo-se das técnicas utilizadas na ocupação militar no Estado do Rio de Janeiro, para expandi-las para todo o país. O grupo será coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, portanto comandado pelo próprio Etchgoyen e contará ainda com membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Centros de Inteligência da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, Conselho de Controle das Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda, Receita Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviá-
ria Federal, Departamento Penitenciário Nacional e Secretaria Nacional de Segurança Pública. Segundo informações que circulam na imprensa golpista, a criação da força-tarefa vai de encontro às formulações que o candidato da extrema-direita tem defendido para a área de segurança pública. Ou seja, o aprofun-
damento em larga escala do estado policial existente no país. Como se vê, o aparato militar brasileiro tem o seu plano traçado, como bem expressou o candidato à vice na chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mourão, em palestra no final de 2017 sobre a política do militares de “aproximações sucessivas”.
Em contrapartida, a esquerda permanece absolutamente anestesiada com a fantasia de derrotar a direita nas urnas. Sem dúvidas que esse é o caminho do fracasso. A única maneira efetiva de enfrentar a sanha golpista dos militares é trazer o povo para as ruas, a começar pela retomada da luta em torno da liberdade de Lula e da denúncia da fraude eleitoral.
4| NACIONAL
BOLSONARO É MAIS ENTREGUISTA QUE TEMER
Vai doar todas as estatais para o imperialismo D
ia após dia a burguesia golpista, vestida de patriota, aprofunda a política de terra arrasada sobre o Brasil. O anseio do grande capital para os próximos meses é dar continuidade ao pacote de maldades iniciados por Michel Temer. E os bolsonaristas são os delinquentes que, hoje, se prontificam para este trabalho sujo. Seu economista, Paulo Guedes, cotado para o Ministério da Fazenda, já anunciou que pretende agudizar as privatizações, a começar pelo sistema Eletrobrás. Os golpistas, que contam com o avanço repressivo policial-militar e a investida imperialista sobre a América Latina, querem um governo
ainda menos nacionalista do que Temer tem sido. A imprensa golpista dá o recado, pressionando pela venda das estatais e aplicação de reformas “mais radicais”, tarefa que confia a Guedes. O economista tem, no currículo, formação pela Universidade de Chicago, berço do neoliberalismo, fundação do Instituto Millenium, do Banco Pactual, entre outros. É um agente do mercado financeiro, sem elos com o setor produtivo nacional. Foi convidado para lecionar na Universidade do Chile em plena ditadura de Pinochet. Que não se espere dele posições minimamente nacionalistas.
ACIRRAMENTO DE CONFLITOS
Bolsonaro quer mudar constituição para deixar a população sem educação e saúde
FILIE-SE AO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA E-mail: pco.sorg@gmail.com Telefone e whatsapp: TIM: (11) 98589-7537 Vivo: (11) 96388-6198 Claro: (11) 97077-2322 Oi: (11) 93143-4534 Skype: Partido da Causa Operária facebook.com/pco29 twitter.com/pco29 instagram.com/diariocausaoperaria
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esde 2016, a burguesia já havia deixado claro que sua preferência para a eleição de 2018 seria a vitória do PSDB. Tão logo foi anunciada a candidatura de Geraldo Alckmin, os setores mais ligados ao imperialismo iniciaram uma campanha intensa para o tucano. Alckmin, no entanto, não decolou e se viu obrigado a assistir Jair Bolsonaro e Fernando Haddad irem para o segundo turno. Mesmo Bolsonaro tendo sido preterido pelo imperialismo durante a maior parte do primeiro turno, isso não significa que a burguesia ficou sem candidato no segundo turno. Jair Bolsonaro é agora o candidato dos donos do golpe e estará, quando eleito, disposto a massacrar a população para benefício único dos banqueiros. Nessa semana, a imprensa burguesa veiculou alguns dos planos da equipe econômica de Jair Bolsonaro, chefiada pelo lacaio do imperialismo Paulo Guedes. Já é tido como certo que o governo Bolsonaro fará de tudo para liquidar a Previdência Social – isto é, acabar com direitos básicos como a aposentadoria.
O cenário tenebroso que a equipe econômica de Bolsonaro planeja para os próximos anos não se esgota no problema da Previdência. Além de defender a privatização de todo o patrimônio nacional, Paulo Guedes também vem reclamando da “rigidez” do Orçamento da União. O Orçamento da União deve cumprir, por lei, com uma série de investimentos vinculados a áreas específicas. Desse modo, é proibido não investir em áreas como a Saúde, a Educação e a Previdência Social. O que Bolsonaro e sua equipe querem é acabar com qualquer lei que obrigue o Estado a investir nas questões mais fundamentais da vida da população. Qualquer argumento de que os malabarismos econômicos de Paulo Guedes são necessários para “equilibrar” a Economia não podem ser levados a sério. O único objetivo dos golpistas no momento é impor uma política de austeridade para esmagar a classe trabalhadora e dar uma sobrevida aos banqueiros. Fora Bolsonaro! Abaixo o golpe!
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MOVIMENTOS| 5
FASCISMO
Bolsonaro estimula fascistas a bater em mulheres: empresária é agredida ao ser confundida com travesti A
onda de ataques fascistas está cada vez mais crescente, desencadeadas pelo candidato de Jair Bolsonaro, candidato representante da extrema-direita. Um setor em específico tem sofrido intensamente com esses ataques, sendo ele, o setor das mulheres que, historicamente sofrem com a opressão. No cenário atual, o que tem se visto na prática são os mais brutais e cruéis ataques, todos efetivados pela ala fascista da direita golpista contra as mulheres. Depois da servidora que fora brutalmente espancada por apoiadores de Bolsonaro, outra mulher foi vítima de agressões por um claro cachorro louco da direita. Na última sexta-feira (12), a empresária e chef de cozinha Sandy Salum, foi agredida em Manaus. O agressor a confundiu com um trasvesti e se referiu a ela com “escória da humanidade”.
O homem por trás da agressão, anteriormente já havia assediada a amiga que a acompanhava, e justamente por ela ter reclamado do assédio, resolveu partir para a covarde agressão. Essa é a caricatura que representa aqueles que compactuam com o discurso fascista de Bolsonaro, que na primeira oportunidade estimula a ação dos fascistas contra as mulheres, travestis, homossexuais, negros e todos que considerem inferiores e estejam desprotegidos. É mais uma demonstração de que os ataques fascistas tendem a crescer se não houver uma resposta imediata. Primeiramente, é notável que os fascistas são verdadeiros covardes, preferem atacar setores minoritários e oprimidos, como é o caso das mulheres. Por isso, a organização diante do combate ao fascismo, tem que se dar diretamente na rua, colocando os
fascistas no seu devido lugar. A necessidade da organização e mobilização popular é urgente. O movimento de mulheres, bem como de todos os setores explorados, tem que
ter na luta contra o golpe, o centro de sua luta, para o que é preciso avançar na construção e ampliação dos comitês de luta contra o golpe e na organização da autodefesa.
DIREITA RACISTA
Desfile de jovens negras no DF é comparado com “desfile de escravos”
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o último sábado (13/10), cerca de 180 moças participavam da seletiva de beleza do Top Cufa (Central Única das Favelas) que ocorreu no Shopping JK, em Taguatinga. O desfile contava com jovens negras entre 16 e 25 anos, moradoras do Distrito Federal e do Entorno da capital federal. No decorrer do evento as mulheres foram alvo de ofensas raciais, em um grupo do aplicativo de mensagens WhatsApp. As mensagens criminosas foram postadas na internet (veja abaixo). Um jovem mentecapto identificado como Alex iniciou a saraivada de imbecilidades com comentários racistas. “Está tendo um desfile só de negra aqui no Shopping JK. Coisa horrorosa”, diz. Em seguida, um outro participante do grupo pede para ele parar de falar ‘merda’. Não contente com a estupidez do mentecapto, uma outra pessoa ignóbil identificada apenas como Muniz aparece apoiando as ofensas com gargalhadas. “Mas é horroroso mesmo. Black moda week”, considera. Após as considerações, Muniz pos-
ta uma foto de escravos enfileirados e compara a imagem com as jovens. Na sequência, outras duas pessoas aparecem zombando das modelos. Por conseguinte, uma pessoa não identificada faz o seguinte questionamento: “achar preta bonita?”. Logo em seguida, Alex posta uma outra foto de um papel de parede totalmente preto, e diz que são imagens do desfile e pede desculpas porque “a qualidade do celular é ruim”. Outro sujeito desprezível com o nome de Dandan, aparece dando risadas e diz: “Ele só fez um comentário sobre o desfile estar feio”. Logo após a publicação das ofensas, a Cufa-DF, responsável pela organização do evento, emitiu nota repudiando o episódio. “A organização do Top Cufa-DF foi informada de atos de racismo realizados em um grupo de WhatsApp com ofensas direcionadas a nossas candidatas negras. Ressaltamos que nosso concurso tem um recorte territorial, porém apenas as candidatas negras foram alvo
de ataques, demonstrando que os agressores têm como objetivo promover ataques racistas ao concurso.” Ademais, os organizadores afirmam que o concurso tem como objetivo o empoderamento de mulheres de comunidades e Entorno do DF além de trabalhar a autoestima e valorização da pluralidade em nossa sociedade. “Lembramos que injúria racial está especificada no artigo 140 do Código Penal, terceiro parágrafo. É quando se ofende uma ou mais vítimas por meio de ‘elementos referentes à raça, cor, etnia, religião e origem”. A Cufa-DF ainda afirma que é possível identificar todos os envolvidos. “Informamos também que crimes realizados em redes sociais são passíveis de identificação e punição e que estar em rede não significa estar invisível ou não passível de punição. Lamentamos que esse fato tenha ocorrido e nos solidarizamos com as vítimas afirmando que não somos nem jamais seremos coniventes com esse tipo de atitude e que continuaremos
fortalecendo nossos projetos com a certeza que essa missão é necessária para a sociedade”, diz a nota. Os organizadores registraram boletim de ocorrência na segunda-feira (15/10) e crime foi registrado como discriminação racial e está sendo investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, Orientação Sexual, Pessoa Idosa ou com Deficiência. É preciso deixar claro que a ascensão da direita tem estimulado que a mesma se sinta livre para externar toda a sua mesquinhez e pensamento reacionário e retrógrado. E a não se deterem no discurso mas também partirem para a agressão contra a população negra. Contra essa onda reacionária, é necessário organizar e mobilizar o povo negro, na luta contra o golpe e para fazer valer eus direitos, pelos meios que forem necessários, impedindo a ação dos bandos fascistas por meio da organização de comitês de auto defesa.
6 | MOVIMENTOS
ARBITRARIEDADE
MST
Justiça proíbe reunião organizada Liderança do MST paulista está há por estudantes da UFPR para um mês preso por ocupação de debater violência nas eleições terras griladas pela Cutrale E m mais um ato de pura arbitrariedade, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Paraná proibiu a reunião de estudantes para debater a importante questão da violência que tomou conta do país neste segundo turno das eleições presidenciais. E a desculpa do TRE não poderia ser mais esdrúxula: evitar o uso de prédios públicos para propaganda eleitoral. A não ser que o próprio TRE não saiba a diferença entre propaganda eleitoral e o livre debate de ideias, o que está acontecendo é mais uma prova de que a justiça eleitoral se encontra totalmente nas mãos golpistas, certamente militares, e que querem calar todas as organizações populares, custe o que custar. Exatamente como na ditadura de 1964, um dos principais alvos da repressão golpista são os estudantes, que é tão temida pela burguesia justamente por sua capacidade de rápida mobilização e que costuma incendiar o movimento operário. Se o meio universitário é por natureza um local de debate contínuo, a época das eleições é o momento onde obviamente um maior número de pessoas costuma se voltar para a po-
lítica. Deste modo, nada mais natural que haja inúmeros debates políticos pelas universidades nesta época. Mas o que estamos vendo é que, se o debate não for exatamente da política que os golpistas querem, ele vai ser proibido. Ou seja, o TRE está proibindo a política! Lembrando com ironia os anos de chumbo, os estudantes lançaram uma nota de protesto onde há somente uma receita de bolo, da mesma forma como faziam órgãos da imprensa quando eram censurados pelos militares. Mas isto não basta! O movimento estudantil, universitário e secundarista, não pode se deixar calar desta maneira. Esta agressão à liberdade de expressão deve ser rebatida imediatamente, através de uma ampla mobilização dos estudantes e protestos por todas as universidades do país, e principalmente na universidade do Paraná, onde o debate deve ser mantido, pois decisão ilegal e inconstitucional não deve ser cumprida por ninguém. Não se pode baixar a cabeça para o fascismo que está se espalhando rapidamente pelo Brasil. E é só no enfrentamento direto, com povo na rua, que se vence o fascismo.
MAIS DE UMA SEMANA SEM ÁGUA
Golpe seca cidade do Espírito Santo
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oradores da cidade de Cariacica, localizada no Espírito Santo, denunciam que há mais de seis meses sofrem com a falta de água. O problema afeta de maneira mais aguda o bairro Bandeirantes. De acordo com os moradores, a falta de água algumas vezes chega a durar ate 10 dias. Com a falta de abastecimento, os moradores são obrigados a buscar água em outros bairros da cidade, armazenando em toneis e galões. Mesmo após terem reclamado a Companhia Espirito Santense de Abastecimento sobre o problema, os moradores relatam que um carro pipa foi enviado a localidade, mas a água chegou suja, sem qualquer condição de uso. A falta de água e uma pequena demonstração das consequências do golpe de Estado. A política de corte
drástico nos investimentos públicos tem levado ao sucateamento dos serviços da população. Semana passada, em Teresina, capital do Piauí, o IML da cidade estava sem gasolina para abastecer as viaturas, essa semana a falta de água em uma cidade do Espírito Santo, soma-se a isso as milhares de pessoas desempregadas no país, a privatização do patrimônio nacional, entre outras medidas. A única forma impor uma derrota aos golpistas é por fora das instituições do regime, as quais já estão dominadas por aqueles que deram o golpe. E necessário mobilizar a população contra o golpe de Estado, por meio da formação dos comitês de luta contra o golpe nos locais de trabalho, nos bairros populares, nos sindicatos. Somente a mobilização do povo nas ruas pode derrotar o golpe de Estado.
O
militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) Willian Miranda Cabeçoni está há mais de um mês preso Centro de Detenção Provisória de Bauru, interior de São Paulo a mando dos latifundiários que comandam o monopólio do setor de laranja ligado a empresa Cutrale. A justiça golpista expediu a prisão de Willian Miranda Cabeçoni devido a ocupação da fazenda da Cutrale, em 2009, mas existem outros motivos que a prisão procura acobertar. A prisão do militante do MST é uma tentativa de intimidar os trabalhadores sem-terra da região para esconder um gigantesco esquema de grilagem de terras no interior paulista.
As denúncias, inclusive comprovadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e pela própria justiça golpista, apontam que empresas ligadas ao latifúndio ocupam mais de 50 mil hectares irregularmente através da grilagem de terras. É preciso denunciar a prisão política do militante do MST sem nenhuma prova e por participação de ocupação de terras griladas pela Cutrale. As entidades e movimentos sociais devem denunciar e lutar pela liberdade do companheiro e outros militantes com ocupações de terra e fechamento de estradas. Todo apoio ao MST e ao companheiro Willian Miranda!
IMAGEM DO DIA
Enquanto Ciro Gomes tira férias na Europa, seu irmão Cid Gomes, participa de ato próHaddad em Fortaleza e ataca PT: “É bem feito perder a eleição” e chama petista de babaca
INTERNACIONAL| 7
FRANÇA
“Novo” ministério de presidente francês é uma faixada para esconder um estado repressivo A
pós uma intensa crise vivida pelo governo francês, em que o ministro do interior, Édouard Collomb, pediu demissão do governo de Emmanuel Macron, Emmanuel Macron, presidente do país, finalmente conseguiu recompor os seus ministérios, um processo que ficou denominado de “remodelação”. A demissão do ministro do interior refletiu a profunda crise em que se encontra o regime francês, onde o presidente colocado artificialmente no poder é altamente impopular junto à população, que já realizou diversas greves e manifestações contra a manutenção da política dos governos anteriores, de sucateamento dos serviços públicos e das condições de vida da população. Antes de comentar a essência dos novos ministérios de Macron, é preciso explicar que o presidente francês faz parte de um partido político criado por uma manobra do imperialismo para apresentar um elemento político tradicional da política francesa como “novo”. Em Marcha! é uma junção dos dois tradicionais partidos políticos da burguesia, os Republicanos e os Socialistas, que por conta da política de ataques aos trabalhadores estão vivendo uma das maiores crises da história. Portanto, para barrar o avanço da extrema-direita e manobrar na situação política criaram este partido e colocaram como presidente da re-
pública um elemento profundamente alinhado com os governos anteriores, que não se envergonhou de adotar a política deles, e por isso está totalmente impopular. A “remodelação” dos ministérios foram uma tentativa de reviver o governo, de tirá-lo das cinzas. A imprensa burguesa tem anunciado as coisas como se o “novo” governo Macron fosse totalmente diferente, mais moderno e democrático, uma coisa difícil de convencer com um governo que despeja imigrantes na fronteira do país e reprime brutalmente todas as manifestações da população francesa. A nova composição de 34 ministérios, na qual metade dos cargos são de mulheres, revelando a demagogia do imperialismo, não demonstra nada de novo, ao contrário do que dizem. Os partidos componentes dos ministérios são os mesmos partidos que defendem a política de ataque à população, os Socialistas, Republicanos, Democratas e os setores do partido de Macron. Mas o que é mais chocante é que, na verdade, o cargo principal que gerou toda a crise, o ministério do interior, ficou ainda mais reacionário. A burguesia procura esconder tudo por meio do novo ministro, Christophe Castaner, um socialista que seria da ala esquerda do regime. Entretanto, o braço direito dele, o secretário de Estado, será ninguém menos de Lau-
rent Nuñez, um político do setor mais direitista do regime burguês, pertencente aos órgãos de repressão do estado burguês, de onde geralmente se origina o fascismo. O novo coordenador das ações da polícia e de inteligência tem um grande histórico nas atividades repressivas. Quando nos países bascos (na parte francesa), no cargo de subprefeito de Bayonne, se especializou a combater o “terrorismo” da ETA, um grupo nacionalista basco que luta legitimamente pela soberania de seu país, tanto da Espanha quanto da França. Depois, em 2012, ele virou diretor da gabinete de polícia da prefeitura de Paris, e em seguida, diretor de polícia em Marseille. Ou seja, foi dire-
tor da repressão em duas das principais cidades francesas. Mas não pára por aí; foi Diretor Geral da Segurança Interna (DGSI) da França na época em que o governo aumentava exponencialmente a repressão contra a população com o pretexto do combate ao “terrorismo”. Nesta época o país chegou a viver em Estado de Sítio. A burguesia apresenta seu histórico como que para dizer que se trata de um homem competente na área, e de fato é. Um homem especializado em reprimir a população francesa, coisa cada vez mais necessária para o governo Macron, que precisa enfrentar constantemente a população mobilizada e radicalizada nas ruas.
ALEMANHA
Eleições na Alemanha demonstram desintegração do imperialismo europeu
C
omo já havia sido explicado por este jornal, a totalidade do regime imperialista da Europa está em desintegração. Na Alemanha, a coisa não é diferente. O governo de Angela Merkel e seu partido, a Democracia Cristã (CDU, em alemão), está sofrendo a pior crise de sua história. Com um governo fraco, dando corda para a extrema-direita nazista, e precisando do apoio dos mais diversos partidos, como o Social-Democrata por exemplo, o governo está tão fraco que está cedendo totalmente aos setores mais direitistas da política alemã. Nas eleições estaduais realizadas no domingo (14/10), o partido irmão
da CDU, a CSU (social-cristão) perdeu a maioria no parlamento da Baviera, uma das regiões mais importantes do país, cuja capital, Munique, é extremamente importante na situação do país. O resultado das eleições pode afetar ainda mais a situação frágil da coalizão que sustenta a chanceler-federal, Angela Merkel. O resultado de 35% é o pior desde 1950, e significa que o partido perdeu a maioria absoluta que obtinha, quase sem interrupção, desde 1962. O governador da Baviera, Markus Söder declarou que “o resultado é doloroso”, mas que o objetivo agora é formar uma grande coalizão para o governo, com partidos de direi-
ta e da esquerda da burguesia, como o Partido Verde por exemplo, que atingiu quase 20% dos votos, tornando-se o segundo maior partido do estado. Atrás do PV ficaram os Eleitores Livres com 11%, e logo atrás a Alternativa Para Alemanha (AfD, em alemão), partido fascista descendente do nazismo e de Hitler no país, atingiu os 10% no país, que ficou na frente do desmoralizado Partido Social-Democrata alemão, com menos de 10%, revelando a degeneração do regime político alemão. Na totalidade, os nazistas alemães conseguiram, nas últimas eleições estaduais, representantes em 15 dos 16
estados do país, demonstrando uma importante força que o partido tem assumido no país. Percebe-se então a desintegração dos grandes partidos políticos da burguesia que tradicionalmente controlam as eleições. Além do crescimento da extrema-direita, o que deixa muito claro este fenômeno é a perda da maioria absoluta da CDU no estado da Baviera, depois de mais de 55 anos. O esfarelamento do imperialismo europeu é uma tendência geral que está ocorrendo, por isso é preciso ficar atento às crises que estão surgindo, pois a situação pode explodir de forma avassaladora.
8 | ANÁLISE
RUI COSTA PIMENTA
“É preciso virar coxinha para ganhar de coxinha?” R
ui Costa Pimenta mostra que a luta desesperada para vencer a eleição fez a esquerda abrir mão do seu programa. “Vamos imaginar um cenário no qual o Haddad vá para o segundo turno. O que ele vai falar? Vai falar dos salários? Terras para os camponeses? Não. Ele vai falar que para vencer do Bolsonaro precisamos dos coxinhas, anti-coxinhas, antifascistas. E para que esse povo todos no apoie nós precisamos ficar, nós mesmos, bem coxinhas. Vai ficar parecido com a Ana Amélia. Aí vai ficar aquela coisa desmoralizante. Quando saiu a última pesquisa, dizem os jornais, o PT se dividiu e a ala direita
disse o Haddad teria que acalmar o mercado. Mas, salvo engano, a bolsa está calmíssima, o dólar caiu e tudo mais. Mas vejam só a jogada da ala direita do PT: “precisamos nos colocar a serviço doa grandes tubarões para ganhar a eleição”. Aí fica a pergunta: Pra que ganhar a eleição nessas condições? O que é mais importante, o cargo ou os interesses que você defende? Chega uma hora que ninguém sabe mais o que tá fazendo, a única coisa que restou para a esquerda como programa é derrotar o Bolsonaro. Porque o Bolsonaro seria o fascismo e o fascismo seria demais, estaria fora da democracia. Mas nós não temos mais democracia”
RUI COSTA PIMENTA
“A chave da luta é ter independência da direita tradicional” R
ui Costa Pimenta fala que caminho a luta dos trabalhadores deve seguir para se alinhar com os interesses do povo “A chave da luta contra o golpe, da luta contra a direita, é a independência do movimento de trabalhadores, dos movimentos democráticos, diante da direita tradicional, não do Bolsona-
ro, da direita tradicional: esse espectro que envolve todos os outros candidatos entre o Bolsonaro e o Haddad. Nada de frente conjunta com esse grupo, esse grupo é o pai do Bolsonaro.Tanto que o Bolsonaro é o candidato reserva. Se no momento em que o STF começou a se mobilizar para excluir o Lula das eleições, se tivesse produzido uma grande
mobilização de apoio ao Lula, a eleição estaria desmascarada. Agora há esse frenesi essa histeria do pessoal procurando saber qual candidato terá o efeito mágico superior ao outro candidato. É preciso trabalhar no sentido de desfazer a confusão e restabelecer as coordenadas fundamentais da luta. Que é a luta do povo, dos trabalhadores, dos se-
tores democráticos, contra os golpistas de conjunto. É possível restabelecer essa luta porque a outra política se desmoralizou no momento que o Ibope mostrou que Haddad está estacionado. A mágica não funcionou. Na hora que sair o nome do presidente, seja qual for, devemos gritar “Fora“, “A eleição foi uma fraude“.