SEXTA-FEIRA, 19 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5435
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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IBOPE É TÃO FRAUDADO, QUE HITLER TERIA MAIORIA ENTRE OS JUDEUS O Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) divulgou, no último dia 15, mais uma pesquisafraude relacionada à intenção de voto para as eleições presidenciais. Os resultados apontaram uma suposta preferência de Jair Bolsonaro pela maioria da população, inclusive dentre os setores com os quais Bolsonaro já declarou guerra. Entre os homens, Bolsonaro teria 58% das intenções de voto, contra 33% de Haddad . Entre as mulheres, a situação não é diferente: Bolsonaro lidera as inteções de voto com 46% contra 40%.
Para derrotar a gangue de Bolsonaro é preciso uma grande campanha para libertar Lula As denúncias publicadas nesta quinta-feira (dia 18), sobre o gasto ilegal de milhões pela campanha de Jair Bolsonaro, na compra de pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp constituem mais uma evidência do caráter fraudulento das eleições cujo primeiro turno aconteceu no último dia 7.
Causa Operária Ediçao 1026
COLUNA Temer de suástica: partido MST não é terrorista, os apoiadores de Bolsonaro sim O “ídolo de Bolsonaro apoiou o Temer em tudo o que ele popular” Foto: Doria provou que o fez contra o povo que não sai
PSDB também é a favor do golpe militar
Deputado Estadual de São Paulo, Cauê Macris do PSDB, divulgou uma foto em seu instagram de um encontro que ele teve na quarta-feira com o vice na chapa de Jair Bolsonaro, o General Hamilton Mourão do PRTB.
Notícias de um ponto de vista revolucionário
de casa
Por João Silva As fraudes nas eleições no segundo turno também estão se completando. O candidato mais votado ou que mais apareceu nas urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro, registrou mais de 40 milhões de votos. Este resultado, fictício, fez com que ele aparecesse como o candidato mais popular do país.
2 |EDITORIAL EDITORIAL
Para derrotar a gangue de Bolsonaro é preciso uma grande campanha para libertar Lula
A
s denúncias publicadas nesta quinta-feira (dia 18), sobre o gasto ilegal de milhões pela campanha de Jair Bolsonaro, na compra de pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp constituem mais uma evidência do caráter fraudulento das eleições cujo primeiro turno aconteceu no último dia 7. Segundo publicou a Folha de S. Paulo, “cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens”. Tal iniciativa constitui doação de campanha feita por empresas, prática – largamente usada, por meio de caixa 2 – que está vedada pela legislação eleitoral. Evidenciando que há uma crise no interior da burguesia, diante da possível vitória de Bolsonaro e controle do Executivo pelos militares, o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, anunciou que as “fake news de Bolsonaro podem ter alterado resultado do primeiro turno“. Na mesma linha, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, ligado ao PSDB, publicou em seu Facebook: “É fraude, simplesmente fraude”, afirmando, que “não é razoável que um candidato se eleja com base na fraude, e nada seja feito para impedi-lo”. Na mesma direção, o presidente do PDT, Carlos Lupi, anunciou que o partido que teve como presidenciável Ciro Gomes, “quer entrar com
uma ação junto à Justiça Eleitoral a fim de pedir anulação das eleições 2018“. O Partido dos Trabalhadores publicou Nota, em que comunica que “requereu nesta quarta (17), à Polícia Federal, uma investigação das práticas criminosas do deputado Jair Bolsonaro” e que “levará essas graves denúncias a todas as instâncias no Brasil e no mundo”. A manipulação das eleições por meio de milhões (e muito mais milhões ou bilhões do que está sendo denunciado) por parte da chapa do golpe militar e demais partidos burgueses, nas redes sociais e na imprensa golpista, não são – nem de longe – o único e decisivo fator marcante das eleições mais fraudulentas de toda a história do País. Elas foram marcadas pela fraude inicial e decisiva, de cassar ilegalmente, em aberta violação da Constituição, a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que liderava com ampla margem de folga as pesquisas de intenção de voto e ameaçava ganhar as eleições já no primeiro turno, obtendo mais do que a soma de votos de todos os demais candidatos. Isso tudo, depois de um processo criminoso que levou à sua condenação sem provas e prisão ilegal, próxima de completar 200 dias. O uso ilegal das redes, veio para completar a manipulação das pesquisas, a ausência de campanha eleitoral, imposta pela justiça elei-
COLUNA
O “ídolo popular” que não sai de casa Por João Silva
A
s fraudes nas eleições no segundo turno também estão se completando. O candidato mais votado ou que mais apareceu nas urnas eletrônicas, Jair Bolsonaro, registrou mais de 40 milhões de votos. Este resultado, fictício, fez com que ele aparecesse como o candidato mais popular do país. É uma fraude, uma manipulação que não é corroborada de maneira prática pela própria campanha dele. Bolsonaro, o popular, não faz campanha de rua, não vai ao encontro “das enormes massas populares” que o apoia. Já declarou que não vai aos debates. Sua campanha eleitoral se resume a publicar frases no Twitter e aparecer em vídeos gravados em sua residência no Rio de Janeiro. Em suma é uma campanha artificial, é um “ídolo” popular artificial, fabricado pela máquina de manipulação das eleições que começa com a imprensa
golpista e é justificada pelos votos que aparecem na urna eletrônica, manipulados direta ou indiretamente. O frenesi que é provocado pelas eleições cegou boa parte do eleitorado, em especial a esquerda pequeno burguesa. O principal candidato das eleições, este sim, o mais popular, o candidato que de fato ganharia as eleições, não está participando. Lula sim, levava multidões por onde passava e de fato tem dezenas de milhões de votos. Bolsonaro não passa de um fantoche da burguesia que está sendo utilizado de última hora porque o candidato do golpe não deu conta do serviço. O que vale é a mobilização popular. O voto é uma formalidade que para ter validade precisa ter o respaldo popular. A popularidade de Lula não acabou porque ele não está participando das eleições. Voto em si, não garante popularidade. O frenesi eleitoral acaba logo após o voto digitado na urna.
toral, a cassação de centenas de candidatos e os decisivos “milhares” das urnas eletrônicas que fizeram de elementos semi desconhecidos e sem campanha real os campeões mundiais de votos e garantiram a eleição de dezenas de militares e outros elementos dos órgãos repressivos, de organizações fascistas como o MBL etc. Uma parte da esquerda se iludiu com a participação de Haddad no segundo turno, colocada sob a pressão dos setores da esquerda que assumiram o comando da campanha do PT depois da desistência da candidatura de Lula (forçada por ameaças de militares). Os que assumiram o comando já defendiam há meses que Lula fosse substituído por um “plano B”, um outro candidato aceitável pela burguesia golpista e agora anunciam a possibilidade de uma “redenção” do País, por meio do voto. É a ilusão na possibilidade inexistente de derrotar nas urnas a direita fascista que apenas nas duas últimas semanas realizou mais de 60 ataques contra militantes da esquerda, mulheres, negros, sem terras, homossexuais etc. em todo o País. Os golpistas não têm nenhum motivo para respeitar uma vitória do PT em 2018 sendo que eles mesmos jogaram na latam de lixo os votos de mais de 54,5 milhões de brasileiros, há dois anos, quando derrubaram por meio de um golpe de Estado a presidente Dilma Rousseff para co-
locar em seu lugar um governo sem voto algum, tutelado pelos militares. As novas denúncias, que expõem muito parcialmente a farsa das eleições, não podem ser apuradas e “punidas” como clamam alguns, pelos setores do regime golpista que comandaram a fraude: o judiciário e a imprensa golpistas, a Polícia Federal e todo os apoiadores da chapa do golpe militar, que integram a gangue de Bolsonaro-Mourão. Os que escondem Lula, não defendem o fim dos processos da Lava Jato e a libertação dos presos políticos, também não têm autoridade e disposição para encarar uma campanha que leve à derrota cabal da direita e de seus ataques contra os trabalhadores e a economia nacional. Para obter essa vitória não adianta comparecer às urnas viciadas no próximo dia 28, munido de boas intenções ou intensificar a campanha não paga nas redes para tentar se contrapor à campanha bilionária patrocinada pelos donos dos golpistas. É preciso sair às ruas e exigir a liberdade imediata da maior liderança popular do País, que seria capaz de, com sua liderança, unir toda a esquerda que luta contra o golpe (não apenas por votos), unir a imensa maioria dos explorados e suas organizações de luta, em um movimento gigantesco que aja, pelos meios necessários, para colocar a gangue de Bolsonaro no seu devido lugar, que não é no Planalto, no comando do País.
OPINIÃO| 3
CAMPANHA ELEITORAL
PT fazer “autocrítica” é campanha para Bolsonaro D
esde o início das eleições de 2018, a imprensa golpista vem pressionando o PT para tomar decisões que só favorecem os golpistas. Uma das campanhas de pressão da imprensa golpista contra o PT foi a de que o partido deveria ir para o plano “B” logo, abandonar a candidatura de Lula e indicar um outro candidato dentro do partido, ou apoiar um terceiro candidato, tipo Ciro Gomes. O PT cedeu as pressões da imprensa e quando o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), cometendo uma barbaridade, decidiu impugnar Lula, o PT não quis levar sua candidatura até o final e foi para o plano “B”,o que facilitou a fraude nas eleições em favor da exterma direita bolsonarista. Durante a campanha de primeiro turno, a imprensa pressionou Fernando Haddad a concordar que o PT é corrupto e seus líderes presos, Lula, José Dirceu entre outros estão presos do PT, tiveram processos judiciais justos e legais, ou seja, não é uma prisão
política. Essa concordância facilitou a fraude de apresentar um crescimento assustador dos votos do povo em candidatos de direita, como Janaína Pascoal, Bolsonaro, Major Olimpio etc. Agora no segundo turno, o PT sobre pressão da imprensa golpista e das manipulações eleitorais, vem se des-
caracterizando por completo, tirando o vermelho da campanha, eliminando a figura de Lula, donos dos votos de Haddad, da campanha eleitoral. No entanto, os golpistas não se contentam com a já campanha capitualdora do PT, agora a imprensa capitalista e os golpistas querem que o
PT vem a público fazer mea culpa por ser um partido que foi apresentado pela operação golpista Lava Jato, como o mais corrupto do Mundo. Também querem as desculpas do PT por todos os males que os brasileiros estão sofrendo, como por exemplo a falta de emprego, que acelerou não pelo governo do PT, mas pelos golpistas que assumiram o controle do Palácio Federal. Se o PT ceder mais uma vez para a campanha de pressão da imprensa golpista, e começar a se declarar culpado pela crise no país, o partido estará dando mais motivos para os direitistas e até os esquerdistas votam no Bolsonaro. É necessário intensificar a luta contra a direita nacional e não contemporizar com os interesses e programa da direita, somente a luta polarizada pode fortalecer a esquerda, o abandono da política de luta contra o golpe, está favorrecendo não só a direita nas eleições, mas também o controle da direita dentro do PT, a turma que chamou os militantes dea virar a página do golpe.
MAIS DO QUE PALAVRAS
Para organizar a autodefesa é preciso formar comitês
O
fantasma do fascismo expresso na candidatura de Jair Bolsonaro colocou em polvorosa todo um setor da esquerda pequeno-burguesa. Em comum, a esmagadoria maioria dessa esquerda considera o resultado do 2º turno das eleições como um fator determinante para o avanço ou recuo do fascismo no Brasil. Nada poderia estar mais fora de lugar. Um elemento essencial desconsiderado ou colocado em segundo plano pela esquerda reside justasmente no fato de que o fascismo é o filho bastardo da democracia burguesa, desprezado e embrutecido pela sociedade, um verdadeiro pária social, mas que diante de determinadas situações, pode vir a se tornar espécie de capitão do mato do sacrossanto império capitalista. O caso brasileiro é exemplar disso. A burguesia golpista – PSDB, DEM, Fiesp, banqueiros, latifundiários, com os seus venais meios de comunicação, seus tribunais, seu legislativo, seu exército, sua polícia, etc. – trouxe à tona toda uma escória social, que encontrava-se pulverizada pelo país. Em nome da “moral”, dos “bons costumes” e da “luta contra a corrupção” organizou os MBL, os Vem Pra Rua e os bolsonaristas da vida. Diante da política decidida em varrer o PT do governo, o próprio PT fez vistas grossas para o golpe. Achou que poderia fazer com que retrocedesse canalizando a luta política para o interior das próprias instituições golpistas. Outros setores da esquerda, ainda mais desorientados, sequer viram o golpe. Sob essa condição, a situação encaminhou-se para as eleições, assim
como queriam os golpistas. “Vamos derrotar o golpe nas eleições”, bradava a esquerda. Doce ilusão. Excluíram Lula, praticamente sem cerimônia, e a esquerda novamente se curvou. Estava aberto o caminho para a fraude eleitoral. Fraudaram o 1º turno na “cara dura”. A esquerda calou-se. Deram uma aparência popular para o candidato da extrema-direita justamente se utizando da “poeira da humanidade”. A esquerda apavorou-se. Agora é “democracia x fascismo”! Democracia? A democracia que deu o golpe, que derrubou Dilma, prendeu Lula e impediu sua candidatura?
O que fazer diante dessa situação? Recorrer às instituições golpistas para que contenham os seus párias? Recuar no programa para que seja palatável para os coxinhas? Implorar por uma frente com os golpistas que são os pais dos fascistas? Fazer declarações vazias contra o fascismo sem apontar como lutar contra ele, como fazem grupos que até ontem diziam que não havia golpe, não havia ameaça fascista, tipo o PSTU? Os caminhos acima são os caminhos da derrota. Significam a pavimentação para o fascismo no Brasil. É de fundamental importância esclarecer o povo, a começar os operários
É justamente nesse campo pantanoso que os fascistas começam a se destacar. Não porque tenham multidões, pelo menos nesse momento, mas enquanto a esquerda esbraveja contra o fascismo, a violência, as calúnias, clama pela paz, a extrema-direita age. Usa a força, agride, ofende, calunia.
sobre o perigo que se avizinha. Uma questão crucial nessa etapa é a organização de comitês de autodefesa. Somos dezenas de milhões e a poeira da huminidade não chega a 10% no nosso contingente. A vantagem deles é justamente por se tratarem de grupos de ação, convardes, mas grupos de ação. Temos que responder
na mesma moeda às agressões que fazem contra as mulheres, homosexuais, negros, militantes de esquerda. A construção dos grupos de autodefesa devem estar vinculados aos comitês de luta contra o golpe, pois os fascistas, como dito acima, são crias diretas do golpe de Estado. A função dos comitês de autodefesa deve ser a de defender os trabalhadores em sua atuação cotidiana no trabalho, em panfletagens, em atos, em assembleias. Nesse sentido, cabem aos sindicatos cumprirem um papel essencial nessa organização. Um setor que encontra-se diretamente ameaçado pelo extrema-direita fascista ou não, são os trabalhadores do campo. Por isso, os métodos de defesa devem ser compatíveis com o grau de ameaça. É fundamental para os trabalhadores do campo e da cidade um estreitamento em suas lutas e na solidariedade dos comitês de auto-defesa. Outras tarefas são ainda de suma importância, como a defesa dos sindicatos e dos partidos políticos de esquerda. Outras ideias podem ainda ser desenvolvidas, como os canais de comunicação entre diferentes comitês de autodefesa visando criar uma poderosa rede de mobilização na luta contra o golpe e contra o fascismo. A luta contra o fascismo não é um bicho de sete cabeças. Centenas de experiências históricas, vitoriosas ou não, deixaram um vasto arsenal de informações e métodos de lutas que podem ser empregados ou evitados nessa luta, mas a efetividade desse combate só pode ser real se estiver baseado na clareza da situação política, em uma vastíssima campanha de agitação e propaganda junto aos trabalhadores e na firmeza em derrotar os fascistas nas ruas com os métodos da luta de classe.
4| NACIONAL
TEMER DE SUÁSTICA
CINISMO DA DIREITA
Partido de Bolsonaro apoiou MST não é terrorista, os o Temer em tudo o que ele fez apoiadores de Bolsonaro sim contra o povo E O
candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro, e seu partido, o PSL, que assumirá no ano que vem com a segunda maior bancada do Congresso Nacional, foram os que mais apoiaram o governo golpista de Michel Temer, votando a favor de todas as medidas que retiraram direitos da classe trabalhadora brasileira e da população mais pobre do país. Bolsonaro e seus partidários ajudaram a aprovar a Reforma Trabalhista, que acabou com 100 itens da CLT e obriga os trabalhadores a aceitarem o contrato de trabalho sem direitos. Além disso, o partido do Bolsonaro votou pela terceirização irrestrita, o Teto dos Gastos contra a saúde e a educação por 20 anos e a entrega do patrimônio do povo brasileiro às empresas estrangeiras, como é o caso do Pré-Sal. Na votação do Teto de Gastos, que corta o dinheiro para educação e saúde, Bolsonaro teve o atrevimento de fazer um vídeo defendendo a proposta após participar do banquete de Temer, que custou R$ 35 mil aos cofres públicos. Os parlamentares do partido de Bolsonaro, incluindo ele próprio, votaram a favor de 75 propostas de interesse de Temer e seus aliados golpistas. Bolsonaro e seu filho, Eduardo Bolsonaro, foram favoráveis a acabar com o direito a férias de 30 dias, acabar com a pausa de uma hora de almoço e de permitir que o acordado
pelo patrão valha mais que a lei trabalhista. Bolsonaro, que se diz tão patriota, e todos os deputados do seu partido votaram pela entrega para os estrangeiros da maior riqueza brasileira descoberta no último período, o petróleo do pré-sal. As reformas de Michel Temer, o corte de gastos e a entrega das riquezas nacionais são uma derrota econômica sem precedentes para o povo brasileiro e mostram para que foi dado o golpe de Estado no Brasil. O governo golpista é profundamente reacionário e Jair Bolsonaro é um representante dessa política, inclusive no já utilizado uso das Forças Armadas em “toda e qualquer hipótese de desordem” . A burguesia brasileira espera o melhor momento para aprofundar o golpe impondo um governo ainda mais duro contra a população. Para a classe operária a única saída continua sendo a luta para derrotar o golpe de Estado, derrotando a direita golpista e seus planos a serviço do imperialismo, que quer impor uma escravidão ainda maior ao povo brasileiro, principalmente ao trabalhadores. Bolsonaro é a continuação de Temer. Ele diz que vai “renovar” a política mas seu programa é a destruição do Estado nacional e das garantias trabalhistas, uma política de ataques aos trabalhadores e à população em geral.
Foto: Doria provou que o PSDB também é a favor do golpe militar D
eputado Estadual de São Paulo, Cauê Macris do PSDB, divulgou uma foto em seu instagram de um encontro que ele teve na quarta-feira com o vice na chapa de Jair Bolsonaro, o General Hamilton Mourão do PRTB. Além deles dois, também estiveram presentes o presidente do PRTB, Levy Fidelix, um elemento de extrema-direita candidato à presidência pelo partido em 2014, o atual candidato ao governo de São Paulo e ex-prefeito da capital paulista João Doria, também do PSDB. Na legenda da foto está escrito “Hoje recebemos o apoio do General Mourão, candidato a vice presidente do @jairmessiasbolsonaro para a campanha do @jdoriajr ao governo do estado #acelera #bolsodória“. A campanha #Bolsodoria está sendo estimulada pelo próprio João Doria, demonstrando o apoio de um partido supostamente democrático à candidatura de extrema-direita de Bolsonaro. Além disso, fica óbvio o apoio do PSDB ao Bolsonaro em Minas Gerais, onde o candidato tucano ao governo do estado, Antônio Anastasia,
está procurando o apoio dos eleitores bolsonaristas para sua campanha. Ao que tudo indica, pelo fato de Bolsonaro não ter recebido Dória para construir uma aliança, o candidato do PSL (partido de Bolsonaro) no estado de São Paulo seria Márcio França (PSB), atual governador, e ex-vice de Geraldo Alckmin, também do PSDB. Fica claro então, a relação íntima existente entre setores tradicionais da burguesia e os políticos de extrema-direita. Na época do golpe contra Dilma Rousseff, a campanha que foi liderada pelo PSDB, teve como militância mais ferrenha justamente os bolsonaristas e o resto da extrema-direita; como os apoiadores da monarquia, os neonazistas, os Carecas do ABC e assim por diante. Este fato serve como prova de que esta suposta dicotomia entre democracia (burguesa) e fascismo não existe de fato, sendo fascismo a extrema-direita estimulados pela própria burguesia para combater a esquerda e o movimento operário. Fica claro também que, na chapa Bolsonaro-Mourão, o candidato mais
m um vídeo postado em março deste ano no Youtube, Bolsonaro aparece de sonda e com dificuldades evidentes de fala, para atacar o Movimento Sem Terra e sua liderança, João Pedro Stedile, acusando-o de pregar uma “ideologia que está longe de casar com o livre mercado”. A sonda e a dificuldade de fala chama a atenção por reforçar a ideia de que Bolsonaro não sofreu facada alguma, e que teria mentido para o povo brasileiro para esconder uma doença grave, que necessitava de intervenção cirúrgica urgente, provavelmente um câncer. Mas o mais importante deste vídeo é ver as enorme dificuldades que o fascista tem para acusar o MST não se sabe bem de que. Chega a impressionar a dificuldade que Bolsonaro tem de articular duas ou três ideias com um mínimo de racionalidade. E isto é bem elucidativo. A extrema-direita nunca foi capaz de apresentar um conjunto inteligível de ideias justamente porque a única lógica do fascismo é atacar o movimento operário e camponês, com o único objetivo de destruir toda e qualquer organização das massas. É isto o que Bolsonaro chama de “ideologia”, enquanto incentiva seus seguidores a agir da forma a mais violenta possível. E como não poderia ser diferente, o cinismo típico da burguesia é também outra das marcas registradas do seu cão raivoso, o fascismo. Eles sempre acusam o povo dos crimes que eles mesmos levam à efeito. Bolsonaro dissemina e incentiva as mais brutais ati-
tudes de terrorismo contra movimentos populares, para depois acusá-los justamente de serem “terroristas”. Por isso que o mais importante deste vídeo não está apenas em demonstrar o que muita gente já tinha percebido: que Bolsonaro inventou uma facada falsa, tentando fazer todo o povo brasileiro de bobo. O que é realmente instrutivo neste vídeo é que ele demonstra didaticamente o porquê de não existir nenhuma possibilidade de debate com a extrema-direita. O Bolsonaro que aparece aí sem falar coisa com coisa é a imagem fiel do fascismo. A força bruta da burguesia. Cínica como a sua criadora, mas estúpida demais para qualquer consideração racional. Cinismo e brutalidade que são a marca do terrorismo com que os seguidores fanáticos deste monstro da burguesia estão atacando o MST. Por isto não se pode perder mais um minuto sequer. É urgente a formação efetiva de comitês de autodefesa em todos os movimentos operários e sociais, particularmente no MST que é alvo antigo da cada vez mais intensa ação terrorista dos seguidores do Bolsonaro. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
alinhado com a política dos principais setores da burguesia golpista não é o Bolsonaro, mas o próprio General Mourão, que na época em que a burguesia não estava unificada em torno do atual deputado federal, fazia uma sabotagem interna dentro da própria campanha para tentar deslocar votos do Bolsonaro para um candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, tendo então o mesmo objetivo que o movimento #EleNão. Disto se tira a conclusão que a diferença entre Jair Messias Bolsonaro e João Doria, mas também outros setores da burguesia, não existe muita diferença ideológica; pois o General com quem os políticos do PSDB tiraram fotos é um indivíduo que prega a inferioridade dos povos que formaram a etnia brasileira, dos negros, dos índios, mas também da mulher. Não é uma conclusão difícil de se tirar já que isso ficou muito claro durante o período em que Dória foi prefeito de São Paulo. Durante sua administração da capital paulista, João Dória se destacou pelos imensos ataques que realizou contra a população, adotando não só uma política de sucateamento dos serviços públicos e de ataques à cultura popular, mas também com uma política totalmente higienista contra os pobres, os negros,
os moradores de rua e outros setores marginalizados na sociedade. Doria cortou verbas da cultura; atacou o futebol, com os ataques às torcidas organizadas e iniciando o processo de privatização do Pacaembu; fechou grupos tradicionais da cultura popular paulista; atacou o carnaval, com uma brutal repressão; deu ração de comida estragada para moradores de rua, dizendo que eles não precisavam de qualidade alimentar; iniciou uma política de total repressão aos moradores de rua, espancando-os e jogando água gelada neles em plena madrugada fria de São Paulo; destruiu prédios com gente dentro; reprimiu os moradores da cracolândia; isso apenas para listar algumas das atrocidades que o ex-prefeito cometeu contra a população paulista. Fica então bem claro que o PSDB é uma versão maquiada da própria extrema-direita bolsonarista. E por isso, pessoas como João Dória, que nunca se deram nem o trabalho de esconder o ódio que têm pela população estão saindo do armário para declarar voto em Bolsonaro. A esquerda favorável ao voto útil deve ter isto em mente quando apoiam um candidato da direita para “barrar” a extrema-direita, pois muitas vezes estarão votando em um candidato com a mesma política, sendo que disfarçada.
MOVIMENTOS| 5
DEUTSCHE BANK
Banqueiros internacionais reconhecem e comemoram o entreguismo de Bolsonaro A
festa já está preparada; falta apenas a consolidação do filisteu neoliberal Jair Bolsonaro (PSL) na cadeira da presidência. O Banco alemão Deutsche Bank já publicara que o candidato do PSL é “o favorito do mercado” causando indignação em internautas. De acordo com a Instituição: trata-se apenas de uma avaliação econômica e não declara não apoiar partidos nem políticos. No dia 5 de outubro, em sua conta no Twitter, a instituição alemã Deutsche Bank se referiu a Jair Bolsonaro (PSL) como “o candidato favorito do mercado”, despertando grande indignação e duras críticas por parte dos internautas alemães nas redes sociais. A clara mensagem de solicitude foi a seguinte: “As eleições presidenciais começam no domingo com o primeiro turno – o neoliberal Bolsonaro é o candidato favorito dos mercados”, dizia o Twitter. O posicionamento dos Internautas alemães diante da descarada ambição do Banco Alemão foi incisivo, acusando o Deutsche Bank de minimizar as posições controversas de Bolsonaro. “Vocês desejam um fascista”, escreveu um deles. “Eis porque já há muito tempo não tenho mais uma conta com vocês”, escreveu outra pessoa. Ademais, outras pessoas abordaram o comportamento da instituição,
aproveitando para criticar a “falta de moral e bom senso do mercado em detrimento da sociedade” e chegaram a citar termos como: “formação de cartel”, “manipulação de juros”, “especulação” e até mesmo “doações a partidos”. Após os “pulinhos de alegria” não resguardados a instituição foi obrigada a embuçar seu proselitismo e sua latente sede por lucro – representada na figura de Bolsonaro como o maquinista do trem que lotará extensos vagões de capital para além-mar. Não obstante, a consideração acerca da postagem feita pouco antes das eleições (5/10) foi feita apenas nesta semana. Com a agudização das críticas o Deutsche Bank foi obrigado a embuçar sua animosidade, reagindo na segunda-feira (15/10) com o seguinte Twitter em sua conta oficial: “Não apoiamos partidos nem políticos”, escreveu o banco. “A declaração de 5 de outubro trata de uma avaliação de uma análise de mercado retratada em nosso boletim diário Perspectivas da Manhã”, disse o banco. Através de um boletim diário, o Deutsche Bank escreveu o seguinte: “Embora quase um terço dos eleitores ainda esteja indeciso, o candidato esquerdista apoiado por Lula, Fernando Haddad, e o conservador de direita Jair Bolsonaro são os favoritos. O mercado parece já ter encontrado seu candidato favorito: em caso de
vitória, o neoliberal Bolsonaro prometeu vender empresas estatais para sanar o orçamento público”. De acordo com o especialista em câmbio do banco alemão Commerzbank, Thu Lan Nguen, Bolsonaro é “o candidato favorito do mercado”. Afirmação essa corroborada por E Martin Güth, analista do Landesbank Baden-Württemberg. Além disso, o especialista em câmbio disse à agência de notícias Reuters: “Os mercados financeiros favorecem Bolsonaro, que quer fazer do banqueiro de investimentos Paulo Guedes o superministro da Economia e das Finanças”. Lembremos que através de uma espúria agiotagem encabeçada pela
Alemanha, a Troika impôs à população grega – condições deploráveis de sobrevivência, levando a Grécia a uma convulsão social sem precedentes. Nesse contexto, podemos afirmar que com a consolidação do ultra-direitista Jair Bolsonaro na presidência, o modelo neoliberal arquitetado pela direita golpista encontrará apoio e força para demolir qualquer barreira que se apresente como resistência ao mercado financeiro; desmantelando assim, todas os direitos da classe trabalhadora à favor da ditadura do capital internacional – que se encontra a galope nos países menos desenvolvidos, como é o caso de toda a América Latina.
NÃO EXISTE FRENTE DEMOCRÁTICA
PDT e outros bandearam para o lado de Bolsonaro O
Partido dos Trabalhadores e sua coligação eleitoral vinha anunciando uma frente democrática, com outros partidos, capaz de fazer oposição a Bolsonaro, contra a imprensa golpista e contra toda a campanha da direita. Seria uma frente capaz de reverter a derrota do 1º turno e levar Fernando Haddad para uma vitória no segundo turno, levando o petista à presidência
da república. Mas tal frente não vingou e o que está acontecendo na realidade é uma debandada de políticos acostumados a trair qualquer um por qualquer motivo. O caso mais escandaloso é do PDT do Ciro Gomes e de seu irmão, o agora famoso Cid Gomes, que em uma atividade de apoio à Haddad teve a coragem de falar para o público petista que o PT estava errado, que deveria
Todos os dias às 9h30
assumir seus erros e que será derrotado no 2º turno. Já Ciro Gomes fez um “apoio crítico” à Fernando Haddad, em um “apoio” que sobrou mais crítica. Isso sem levar em consideração que em um momento gravíssimo pelo qual o Brasil está passando, Ciro resolveu viajar para a Europa, em uma demonstração clara de que não está minimamente preocupado com Haddad.
O PT tentou fazer uma frente e até se deslocou bastante à direita, negando reivindicações antigas, como a legalização do aborto e apoiando as medidas fascistas de Sérgio Moro. Buscou apoio de uma ala dos tucanos, até FHC foi cogitado como apoio, mas no fim das contas os partidos da burguesia estão deixando Haddad sozinho e não se colocam francamente contra Jair Bolsonaro.
Todos os dias
6 | CIDADES, MORADIA E TERRA
INTERVENÇÃO MILITAR
Militares ocupam escolas e deixam crianças sem aula e a imprensa se cala A
intervenção militar já tem suas bases fixadas na vida cotidiana do povo brasileiro. Tanto nas altas esferas governamentais quanto nas ruas das cidades, os milicos já emanam uma profusa soberania diante da crise sistêmica – assumindo o controle da burocracia do Estado e dos órgãos de repressão social. Não obstante, contra a própria orientação da Secretaria de Segurança, o exército monta base militar em escola e a imprensa não se posiciona. A adequação do modus operandi caso haja necessidade de uma intervenção a favor dos grandes interesses do capital tem sido copiosamente ensaiada pelos milicos desde a ECO 92. Numa clara demarcação de poder, as doses homeopáticas de intervenções têm aumentado e passado para um estádio mais avançado – correspondendo a atual conjuntura política. Em relação ao avanço do golpe de Estado chefiado pela direita entreguista, o exército tem atuado desde julho de 2017 a mando do golpista Michel Temer (MDB), que decretou missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), dando assim, poder de polícia aos militares até o final de 2018, podendo ser prorrogada. Nesta semana uma desagradável surpresa foi encontrada na Zona Norte do município do Rio de Janeiro. Ao invés de uma escola lotada de crian-
ças, o exército foi encontrado sob um forte aparato bélico, impedindo o funcionamento do local. No momento, estava em voga uma operação militar nos complexos da Maré, Alemão e da Penha que contava com cerca de 4.200 militares e 70 policiais civis sob o pretexto de averiguação de atividades criminosas. A região teve as aulas suspensas durante três dos cinco dias da operação. De acordo com o ativista digital, Arthur Lucena, “A princípio, eles disseram que só sairiam quando terminada a operação”, “Mas decidiram se retirar no mesmo dia em que a equipe retornou à escola com uma representante da Secretaria Municipal de Educação”. Na semana anterior, no Complexo do Alemão, os militares usaram as dependências da escola municipal Professora Vera Saback Sampaio por cerca de dois dias. Segundo a mãe de uma aluna, os militares intimidaram um vigia e entraram
PARÁ Homem que disparou contra uma manifestação em Itaitinga é um PM reformado do Ceará
N
a manhã do último dia 16 de outubro, um grupo de mulheres realizava um protesto em frente ao Complexo Penitenciário de Itaitinga, em Quixadá no Para, elas revindicavam melhorias na situação dos presos. Foi quando um homem desceu de um carro armado e começou a efetuar disparos contra as manifestantes. O homem foi identificado posteriormente como sendo Edvardo Enoque, ele e policial militar reformado no Ceara. O PM foi abordado pela tropa de choque que se encontrava no local, mas foi liberado logo em seguida, sem que fosse feito qualquer levantamento por parte da policia. Fato que demonstra a conivência dos órgãos de repressão do estado, e ate mesmo o apoio aberto, ao aumento dos ataques promovidos por grupos fascistas no pais, ou por indivíduos com alguma ligação com as instituições repressoras, como a PM, o que ocorreu nesse caso. E preciso destacar, portanto, que os grupos fascistas que hoje partem pra cima da população, de suas organizações e manifestações, são originados de dentro dos aparatos de repressão estatal, em praticamente todos os ca-
sos, são policiais, guardas municipais, vigias, que partem para a violência física contra o povo, a esquerda, seus movimentos e organizações. Nesse sentido, não se pode ter qualquer ilusão de que a Policia Militar, ou outro órgão irão proteger as organizações populares. Cabe a esses movimentos organizarem os comitês de auto-defesa para se protegerem dos ataques. Somente a organização do povo, a formação dos comitês de auto-defesa, de luta contra o golpe, poderá impor uma resistência a direita.
sem autorização. Ainda segundo ela, eles colocaram um tanque de guerra na porta de cada escola, em pelo menos cinco escolas da região. A Instrução Normativa da Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro recomenda o “não baseamento de recursos operacionais nas entradas e interior” de unidades de ensino, para “evitar que os mesmos se tornem alvos em potencial de infratores armados”. Vale lembrar que de acordo com a plataforma colaborativa Fogo Cruzado, cerca de 871 escolas e creches públicas da cidade estiveram dentro de um raio de 300 metros dos tiros deflagrados – o que corresponde à metade do total. Ademais, um menino de 11 anos foi atingido de raspão dentro da sala de aula na zona norte, no início do mês. Segundo a coordenadora do eixo da segurança pública da ONG Redes da Maré, Lidiane Malaquini, “Na maré, até
15.000 crianças podem ficar sem aula quando tem operação, o que já é grave. Mais grave ainda é o Estado usar essa escola como estratégia de guerra”. No decurso das operações militares, afirma Lidiane, “Já atendemos mais de uma vez situações em que policiais invadem ou ocupam escolas, quebram teto, portas ou caixas-d’água em busca de drogas, usam como rota de fuga, se escondem para fazer operação”. Para Pedro Strozenberg, ouvidor-geral da Defensoria Pública do RJ, essa ação não é inédita e viola por completo os direitos fundamentais dos alunos, mesmo que seja em nome de uma legítima proteção dos agentes públicos. Ainda ele, “A política de segurança não considera a escola uma aliada, um fator de proteção, o que é muito preocupante”. Como coordenador do projeto da defensoria e de entidades de defesa dos direitos humanos, somente nos últimos seis meses Pedro já têm à disposição mais de 300 relatos anônimos de moradores de 15 comunidades do Rio sobre abusos de policiais e militares durante a intervenção. Com o aumento do poderio militar nas distintas estruturas do Estado, podemos traçar um prognóstico de hecatombe social; sobretudo para a população mais pobre, que se encontra totalmente suscetível às sucessivas investidas dos cães de guarda do governo – que não pensam duas vezes antes de puxar o gatilho. Nessa lógica repressiva e maniqueísta dirigida pela pérfida burguesia contra a população pobre – uma vez que a polícia não dá jeito, o exército há de dar.
Latifundiários da Cutrale fazem fortuna em terras griladas e perseguem integrantes do MST
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á pouco mais de um mês, foi preso o integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) de São Paulo, Willian Miranda Cabeçoni, por ser um dos responsáveis de diversas ocupações de latifúndios na região de Borebi, e em particular áreas de “propriedade” do monopólio do suco de laranja Cutrale. A prisão esconde um grande esquema de grilagem de terras no interior do Estado de São Paulo, onde diversos latifundiários fazem fortuna à custa de terras públicas e exploração dos trabalhadores rurais sem-terra. A empresa do agronegócio Cutrale, uma das maiores empresas de suco de laranja do mundo, se utiliza há décadas de milhares de hectares de terras da União para plantios de grande monocultura de laranja. A região em questão possui mais de 50 mil hectares de terras de propriedade da União desde 1909, que seriam utilizadas para projetos de colonização e distribuídas para camponeses. O projeto de colonização não foi desenvolvido e, desde então grandes latifundiários tomaram conta destas terras, dentre eles a Cutrale. O órgão federal responsável pela questão fundiária, o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está na justiça há décadas para tomar
posse das terras griladas por essas grandes empresas, onde sempre são barradas pela justiça burguesa para beneficiar os latifundiários. Há nessa região cerca de 50 processos na justiça questionando a posse dessas terras, entre elas as da Cutrale e de uma grande empresa de celulose, Lwarcel Celulose, que já reconheceu que as terras são de propriedade da União e tenta realizar um acordo. Fica evidente o grande esquema de grilagem de terras no interior de São Paulo que somente não é resolvido em favor dos trabalhadores por causa do interesse de grandes empresas do agronegócio e do latifúndio que pressionam a Justiça e o Estado para atuar contra os trabalhadores sem-terra. São mais de 50 mil hectares de terras públicas que estão nas mãos desses latifundiários. Por isso, a perseguição contra os integrantes do MST e a prisão de Willian Miranda Cabeçoni, que denunciavam e pressionavam através de ocupações dessas terras um grande esquema de grilagem realizado por essas empresas. É preciso denunciar a perseguição de integrantes do MST e a grilagem de terras na região. Para isso é necessário organizar novas ocupações de terra e fechamento de rodovias para exigir que essas terras sejam destinadas a reforma agrária e a liberdade de Wilian..
MOVIMENTOS| 7
EFEITO BOLSONARO:
Pichação de extrema-direita na UFU diz que “pretaiada vai voltar para senzala” N
a última quarta-feira (17), em um dos banheiros da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), a extrema-direita pichou sobre a porta de uma das cabines a seguinte frase: “pretaiada vai voltar pra senzala”. Isso ocorreu no mesmo dia em que estava acontecendo o X Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (Copene) na Instituição. A UFU divulgou uma nota de repúdio, classificando o ato como um “grave ato de racismo” e, no mesmo sentido, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Triângulo Mineiro também repudiou o ato, declarando a necessidade de “reconhecer a influência de nosso passado nas nossas relações atuais é o primeiro passo para que nosso presente e futuro sejam transformados positivamente”. Esse acontecimento faz parte da série de ataques que os bolsonaristas
estão realizando por conta da fraude eleitoral que coloca o Bolsonaro em primeiro lugar nas pesquisas de in-
USP
Nazistas picham suásticas em moradia estudantil, estimulados pela candidatura de Bolsonaro
tenção de voto. Na terça-feira (16/), na Faculdade de Direito da Universidade de Juiz de Fora (UFJF) houve pichação
no banheiro com inscrições de “morte aos gays” e “morte aos viados”. Na sexta-feira, 12, na Universidade Federal de Alfenas (Unifal) houve também pichações racistas no banheiro. São várias as ocorrências envolvendo a extrema-direita bolsonarista, desde tais pichações até ataques físicos violentos como a que ocorreu na última terça-feira, 16, que resultou no assassinato de uma travesti por um bolsonarista em um local próximo a Praça da República no Centro de São Paulo, além do caso do início deste mês relativo aos cortes que os bolsonaristas fizeram na barriga de uma mulher, em Porto Alegre, terminando por cravar uma suástica na sua pele. A extrema-direita bolsonarista está solta nas ruas para atacar os trabalhadores, a juventude, os negros, as mulheres e os LGBT. Para responder e defender-se dos ataques desses fascistas, é necessário se organizar na formação de comitês de auto-defesa, pois a cada dia que passa aumentam o número de ataques, sendo necessário o enfrentamento para contê-los.
Acompanhe a programação COTV no site: causaoperariatv.com.br no youtube: causaoperariatv
Toda terça-feira às 19h
N
a manha da última quarta-feira, 17 de outubro, os estudantes da Universidade de São Paulo (USP), acordaram com uma série de suásticas nazistas pichadas em cinco apartamentos do bloco A do conjunto residencial da universidade, o CRUSP. Em uma das pichações apareceu a inscrição “Volta para a Bolívia”, em referência aos estudantes bolivianos que residem no CRUSP. O bloco A é também conhecido por ser o bloco das mães, além de abrigar muitos estudantes LGBTs, negros e nordestinos. Ou seja, o ataque fascista teve alvos determinados, justamente os setores mais vulneráveis e mais ameaçados, em um primeiro momento, com o avanço dos grupos de extrema-direita. O bloco atacado também é lembrado por ser moradia de vários estudantes que foram expulsos da universidade por terem participado da ocupação de uma sala da então Coordenadoria de Assistência Social da Universidade, em 2011, a Coseas.
O ataque dentro da USP é mais um exemplo grave do aumento da violência contra a população pobre, as mulheres, os negros, ativistas de esquerda e LGBTs por parte dos grupos de extrema-direita, uma consequência direta da fraude eleitoral e do crescimento da candidatura de Jair Bolsonaro, que aparece em primeiro lugar nas eleições presidenciais desse ano. Os estudantes do CRUSP tomaram uma atitude correta. Logo após os ataques, eles se reuniram na Associação de Moradores do Crusp, a Amorcrusp, e decidiram formar comitês de seguranca para se protegerem e se defenderem dos ataques da direita. A organização dos comitês de autodefesa é algo urgente nessa atual etapa, com o aprofundamento do golpe de estado. É necessário organizar também uma ampla mobilização popular para derrotar a direita fascista e golpista nas ruas, por meio da força popular e da juventude.
Hoje a partir das 16h
8 | MOVIMENTOS
CONTRA A CENSURA
Peças denunciam clima violento criado pela extrema-direita E
m tempos de crise e de ameaças reais, com direito a amostras grátis, de fechamento do regime, depois de enfrentarmos uma onda moralista e conservadora de censura e caça às bruxas por grupelhos como o MBL e fundamentalistas da laia de Malafaia e Marcus Feliciano, o meio artístico reage fortemente. O teatro sempre foi uma linguagem propícia para a crítica social e dos costumes, por isso mesmo também sempre foi visado por todos os regimes autoritários, como o fascismo e o nazismo. Quem não conhece a história da prisão e execução de Federico García Lorca durante o governo Franquista na Espanha? E a censura durante o Estado Novo na Portugal de Salazar e Marcello Caetano? São inúmeros os exemplos, em todos os cantos do mundo, todos repletos de violência e morte. Na América Latina, a censura e a perseguição a artistas marcou todas as ditaduras no continente. Foi assim no Brasil em diversos momentos e em particular durante a Ditadura Militar. Mas se há censura, se há perseguição, inclusive com violência e morte, é porque importa, porque afronta a mentira, porque questiona o regime,
porque põe a nu as intenções dos autoritários, seus interesses e o que são capazes de fazer por poder e dinheiro. Nesse sentido, vemos proliferar no país um conjunto de peças de teatro que tratam de expor a ascensão do autoritarismo e o seu significado para a vida, a liberdade de expressão, o direito à diferença. • “Outros”, espetáculo com o grupo Grupo Galpão, estreia no Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte (discute uma ascensão do autoritarismo e de ideologias extremistas); • “Roda Morta”, com a Cia. Teatro do Perverto, estreia em São Paulo (a ditadura nunca acaba por completo, ronda-nos hoje como um fantasma; • ‘Memórias do esquecimento’, livro do jornalista Flávio Tavares, um relato autobiográfico, ganha adaptação teatral de Bruce Gomlevsky, estreia no Rio de Janeiro (monologo que relembra o tempo da prisão e da tortura durante a ditadura militar brasileira); • “11 Selvagens”, a peça em cartaz no Centro Cultural São Paulo reúne 11 atores em diversas situações nas quais as pessoas perdem o controle • “Nuestra Senhora de las Nuvens”, inspira-se na obra de Arístides Vargas, exilado e radicado no Equador,
fugido da ditadura argentina, o grupo Clowns de Shakespeare investigam as relações da memória e identidade, ao que somam as experiências provocadas pelo golpe militar brasileiro de 1964. Atualmente em cartaz em Fortaleza. Arte e resistência. Arte e denúncia. Vivendo nessa fase do GOLPE, em que um fascista se apresenta como candidato substituto dos golpistas, ou melhor, em que foram golpeados pelos
militares e seu candidato bufão, que incita a violência contra o diferente e a perseguição à esquerda, antecipando a censura e ameaçando a vida de todos que ousem continuar a resistir, é importante ter mais e mais obras apresentando aos cidadãos o que significa viver sob o autoritarismo, sob a ditadura, em um regime no qual a liberdade se torna relativa e o Estado atua impune para não só censurar mas para calar efetivamente.
MULHERES
Bolsonaro sempre votou contra as empregadas domésticas e a situação pode ficar ainda pior O
s efeitos do golpe já são sentidos pela classe trabalhadora que, diariamente, é oprimida pelo governo ilegítimo e golpista de Michel Temer, o presidente fantoche. No que diz respeito, por exemplo, à reforma trabalhista, o medo foi uma das causas que reduziu, em 50%, o número de processos efetuados por empregadas domésticas, contra injustiças cometidas por seus patrões, desde a efetivação da reforma trabalhista, em novembro de 2017. O art. 791-A é uma das formas de exemplificar a opressão sofrida pela categoria. O mesmo impõe que o trabalhador
que venha a perder ação judicial da área do trabalho é obrigado a pagar todas as despesas relativas ao caso. Ou seja, mais uma forma de os patrões lucrarem em cima de empregadas de todo o país. Este foi o caso da doméstica Maria Eliana da Silva. A moça, que é viúva, desempregada e mãe de três filhos, moveu uma ação na Justiça do Trabalho de São Paulo, cobrando vínculo empregatício. A trabalhadora perdeu o caso e foi condenada, pelo juiz da 1ª Vara do Trabalho de Taboão da Serra, a pagar os honorários do advogado de seu antigo patrão, totalizando
Toda segunda-feira às 19h
R$6.738,54. A defesa recorreu e, no momento, o caso segue em suspenso. Para a presidenta da Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD), Luiza Batista, “as trabalhadoras domésticas sempre foram excluídas de direitos e agora também serão excluídas de acesso à justiça”. Um dos maiores apoiadores da opressão as domésticas é o fascista Jair Bolsonaro (PSL). O presidenciável já anunciou publicamente que foi o único a votar contra a PEC das Domésticas, que garantiu direitos a categoria, tais como o que uma jornada de trabalho que não pode ser superior a 44 horas semanais, além da proibição do desempenho da função por menores de 18 anos, bem como acesso à proteção social. Jair Bolsonaro assume o lado daqueles que exploram a classe trabalhadora, sendo adepto a repressão, em especial, das mulheres, pobres, negros, índios e homossexuais. O capacho do imperialismo já anunciou que, se eleito, fará vigorar medidas de opressão à população, a exemplo, também, das terceirizações. Mesmo com o avanço da PEC das Domésticas, o quadro ainda é alarmante. Segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (PNAD), realizada neste ano, das seis milhões e 166 mil trabalhadoras da categoria,
apenas 15% contribuem para Previdência Social e só 1,8 milhão possuem carteira assinada. Com o avanço da direita, expressa por Jair Bolsonaro (PSL) no pleito deste ano, a retirada de direitos da classe trabalhadora será uma das principais medidas do presidenciável, caso eleito, o que já vem sendo feito pelo presidente golpista Michel Temer. Mais um exemplo dos ataques à classe trabalhadora, efetuada pelo presidenciável fascista, foi seu posicionamento favorável à Emenda Constitucional 95, que congela investimentos sociais, tais quais saúde e educação públicas, bem como a entrega do pré-sal. Já é claro que as eleições são processos manipulados e fraudados, controlados pela direita. Esta que, em 2016, desrespeitou a vontade de mais de 54 milhões de brasileiros e consolidou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, lança, no pleito deste ano, um fascista para a presidência da República. Nesse sentido, a única forma de barrar o avanço da direita é por meio da mobilização popular. Esta foi, historicamente, a única forma da classe trabalhadora conquistar e garantir seus direitos, que, atualmente, são retirados pelos golpistas, como o capacho do imperialismo, o fascista e candidato a presidência Jair Bolsonaro.
INTERNACIONAL| 9
POLÍTICA DE RELAÇÕES
Putin aproveita crise entre EUA e Arábia Saudita para se aproximar do governo saudita D
iante da crise surgida na Arábia Saudita causada pelo desaparecimento do jornalista, Jamal Khashoggi, do Washington Post (jornal imperialista), quando este entrou no consulado do país em Istambul (Turquia), as contradições políticas vêm se acirrando. O presidente norte-americano, Donald Trump, parece estar alinhado com a política do príncipe Bin Salman, que por conta da tentativa de desenvolvimento do capitalismo do país, está sofrendo pressões do imperialismo. O próprio Trump deve estar sendo pressionado internamente pela burguesia norte-americana a adotar uma política minuciosa de pressão contra o governo saudita. Mas fora as especulações, que precisam ser analisadas para serem comprovadas (ou não), há interesses concretos se desenhando. O governo turco, de Recep Tayyip Erdogan, está pressionando o governo para que este dê fim à política de financiamento, à mando dos norte-americanos, dos grupos curdos na fronteira da Turquia com a Síria. Já uma nova coordenada vem apa-
recendo. Recentemente o chefe de estado russo, Vladimir Putin, disse que não vê razões para degradar a política de relações com a Arábia Saudita sem uma investigação completa dos acontecimentos. Putin também denunciou o porquê de os Estados-Unidos não terem levantado sanções contra o país, sendo que a Rússia foi prejudicada pelo suposto uso de armas químicas, que não foi provado. De qualquer forma, Putin parece estar se utilizando da fragilização entre os Estados Unidos e os sauditas para fortalecer a relação entre os dois países orientais, da mesma forma que aconteceu com a Turquia após o golpe fracassado do imperialismo no país. Uma mudança diplomática pode ser extremamente prejudicial à política do imperialismo. Na Turquia, os norte-americanos perderam um importante aliado. No caso da Arábia Saudita seria ainda mais prejudicial, já que o país é o principal pilar da opressão imperialista no Oriente Médio. Por isso, os norte-americanos estão procuram não criar uma crise muito grande com o fato pois as coisas po-
dem dar uma reviravolta que não condiz com seus interesses. Assim sendo, este caso ainda nebuloso precisa ser
acompanhado e estudado para ver as consequências destes acontecimentos.
HOJE, NA CAUSA OPERÁRIA TV ÀS 14H
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10 | COTV E RCO
ANÁLISE
Rui Costa Pimenta: “a eleição desnorteou a esquerda” O
nosso tema de hoje é o balanço do primeiro turno das eleições. Que, num certo sentido é o balanço do processo eleitoral de conjunto. As eleições, como nós prevíamos, causou um desnorteamento muito grande na esquerda, principalmente naquela esquerda que participou mais ativamente da luta contra o golpe. Ele tem servido para desmobilizar, confundir e dispersar todo o movimento de luta contra o golpe. E aceitar uma política totalmente capituladora. Para entender o resultado eleitoral, temos que voltar no tempo e restabelecer os fatos, a sequência dos acontecimentos e o desenvolvimento político
até o presente momento. Nós temos visto que de dentro da eleição emergiu uma fantasiosa luta contra o fascismo. A gente não deve confundir a luta contra o golpe do PCO com essa “luta contra o fascismo”. Não é absolutamente a mesma coisa. O que estamos vendo é um fenômeno eleitoral, no qual as pessoas envolvidas estão achando que está tudo normal e que basta você impedir a eleição de um elemento excessivamente direitista para que a situação permaneça normal. A “luta contra o fascismo” que está sendo posta é a ideologia da união nacional entorno das instituições políticas do atual regime.”
RUI COSTA PIMENTA
“A vitória do golpe é extremamente grave” A
situação não é grave porque o fascismo está avançando simplesmente, mas porque está sendo uma vitória do golpe de estado, da burguesia golpista. A burguesia golpista quer uma profunda transformação do regime político e vai levar adianta uma política de guerra contra a população. Mas só nós temos noção da gravidade do problema, não podemos acreditar que Haddad vai simplesmente ganhar a eleição e governar numa democracia. Isso é uma fantasia total. É um desarmamento total dos trabalhadores e dos setores democráticos dite do avanço e de mais uma vitória do golpe de estado. Nós precisamos fazer um trabalho em função de uma ampla mobilização popular para enfrentar um golpe de es-
tado, de direita apoiado pelo conjunto na burguesia e pelo imperialismo; que pretende lançar uma política de guerra contra os trabalhadores. Com esse golpe de Estado, as organizações dos trabalhadores estão ameaçadas, as organizações sociais estão ameaçadas e as liberdades individuais estão mais ameaçadas do que nunca.” Para ouvir o resto da análise, clique na imagem acima.