Edição Diário Causa Operária nº5446

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TERÇA-FEIRA, 30 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5446

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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FORA BOLSONARO: CUT E O MST ESTÃO CERTOS, É PRECISO MOBILIZAR OS TRABALHADORES CONTRA TODOS GOLPISTAS Finalizadas as eleições nesse último domingo, temos que ter a clareza de que elas tiveram um vencedor. Esse vencedor não foi Jair Bolsonaro, o candidato fascista, agora presidente ilegítimo, como produto de uma gigantesca fraude eleitoral contra a esmagadora maioria do povo brasileiro, os que ganharam as eleições foram os artífices do golpe de Estado no Brasil – o imperialismo e o grande capital nacional a ele associado, foram os banqueiros, a imprensa venal, as Forças Armadas que deram um importante passo no sentido de legitimar o golpe sob a aparência da vitória nas urnas.

Leia o Jornal Causa Operária Ediçao 1028

Fora Bolsonaro e todos os golpistas: é preciso impedir Bolsonaro de governar

Fraude: imperialismo “elege” capacho para entregar o Brasil A vitória eleitoral de Bolsonaro segue o roteiro original do golpe de Estado com relativamente poucas alterações.

Festa de Revéillon Com Extraordinário show CANTATA POPULAR “SANTA MARÍA DE IQUIQUE” Interpretado por Miriam Miráh & Banda Sendero Página 3

Golpe entregou 400 empresas ao imperialismo Página 4

OEA volta ao Brasil para validar a fraude no 2º turno das eleições Fiador do golpe, imperialismo diz que eleições são “limpas

Bolsonaro não é um presidente legítimo. Ele venceu as eleições de maneira absolutamente fraudulenta. A burguesia o escolheu, após duros embates internos, como o grande candidato para dar continuidade e aprofundar o golpe de Estado.

Programa de Temer: imprensa golpista avisa Bolsonaro qual política ele deve seguir Assim como Temer, Bolsonaro é um presidente ilegítimo e deve ser combatido desde já Ao contrário do que diz a propaganda da imprensa golpista, Bolsonaro não foi legitimado pelo voto popular. Ele foi imposto de maneira fraudulenta para esmagar e destruir os direitos democráticos do povo e as organizações populares.

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2 |OPINIÃO EDITORIAL

Fora Bolsonaro e todos os golpistas: é preciso impedir Bolsonaro de governar

B

olsonaro não é um presidente legítimo. Ele venceu as eleições de maneira absolutamente fraudulenta. A burguesia o escolheu, após duros embates internos, como o grande candidato para dar continuidade e aprofundar o golpe de Estado. Ele está onde está agora impulsionado e fortalecido pela direita que deu o golpe e derrubou a presidenta legítima, Dilma Rousseff, em 2016. Bolsonaro é um filhote do golpe. Do mesmo golpe que controlou com mão de ferro este processo eleitoral e retirou qualquer possibilidade de a esquerda sair vencedora. A fraude mais escancarada foi a prisão e inelegibilidade do ex-presidente Lu-

la, maior líder popular da história do País e favorito da esmagadora maioria da população para que fosse novamente presidente da República. O presidente do Brasil deveria ser Luiz Inácio Lula da Silva. Os golpistas o tiraram do processo de maneira totalmente ilegal e antidemocrática, rasgando mais uma vez a constituição e atropelando a vontade popular. Não existe verdadeiro apoio popular a Bolsonaro. Até mesmo Fernando Haddad, substituto de Lula e praticamente desconhecido por boa parte da população, que fez uma campanha burocrática quase sem atos de rua, mostrou ter mais apoio popular do que o golpista da extre-

ma-direita. Bolsonaro é uma fraude em si. A antítese do nacionalista, é um entreguista capacho do imperialismo norte-americano. Ao contrário da vontade popular, vai privatizar as empresas públicas, entregá-las aos Estados Unidos, retirar o que sobrou dos direitos trabalhistas, aprovar a reforma da previdência, massacrar os protestos populares, exterminar os sem terra, impor uma ditadura nas escolas. E muito mais ataques. O governo Bolsonaro será uma afronta à população. Cada dia de governo Bolsonaro significará um retrocesso de um ano dos direitos democráticos mais elementares do povo. É preciso impedi-lo de gover-

nar. O movimento popular, encabeçado pela classe operária e seus poderosos instrumentos de luta como a CUT, e também o MST, a Frente Brasil Popular e os partidos de esquerda, devem, desde já, iniciar uma ampla mobilização para derrotá-lo. Só as massas oprimidas organizadas e nas ruas poderão colocar abaixo o governo golpista de Bolsonaro. Só a mais profunda e rigorosa mobilização popular poderá derrotar o governo de Bolsonaro e da direita golpista, derrubar o golpe, encerrar o saque imperialista e colocar no poder um governo verdadeiramente representante das amplas maiorias, um governo dos trabalhadores e das massas populares.

COLUNA

Assim como Temer, Bolsonaro é um presidente ilegítimo e deve ser combatido desde já Por Eduardo Vasco

A

o contrário do que diz a propaganda da imprensa golpista, Bolsonaro não foi legitimado pelo voto popular. Ele foi imposto de maneira fraudulenta para esmagar e destruir os direitos democráticos do povo e as organizações populares. Ele foi implantado na presidência da República para entregar de vez os recursos nacionais ao imperialismo. Bolsonaro não tem apoio popular real. Pelo contrário, o povo odeia Bolsonaro. O povo queria Lula presidente e, se não tivesse sido preso e impedido de concorrer, de maneira ilegal e com a conivência do PT (graças às pressões de sua ala direita e da burguesia), Lula

poderia ter vencido as eleições no 1º turno, mesmo com toda a manipulação da direita. Não se pode cair no conto de que Bolsonaro foi eleito pelo povo. Ele foi eleito pela burguesia, que controla as eleições. Ele foi “eleito” em meio a um golpe de Estado, em um processo completamente antidemocrático, para dar continuidade e aprofundar a ditadura golpista. Essas eleições foram as mais fraudulentas de toda a história da República. E a extrema-direita chegou à presidência e tomou conta do regime para exterminar a esquerda. Se não se mobilizar, a esquerda será destroçada.

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Acabaram as eleições. Acabou também o efeito da droga eleitoral? Ou a esquerda vai continuar acreditando que poderá vencer eleições controladas a ferro e fogo pela direita? É hora de deixar para trás a passividade que dominou a esquerda durante o pleito farsesco e apostar todas as fichas no único método capaz de derrotar a direita e os golpistas: a organização das massas populares. Sem alianças com a burguesia. Sem alianças com a direita. Não se pode deixar a ala direita tomar o controle das organizações de esquerda como o PT. A única aliança que interessa para as massas oprimidas é entre os operários e os camponeses, entre os setores realmente progressistas da sociedade, de maneira independente da burguesia. Nada de “frente democrática” com partidos golpistas como o PSB e o PDT. Isso só servirá para frear o movimento de luta contra o golpe e a direita. Para combater de maneira contundente e na prática, desde já, o governo Bolsonaro e o golpe de Estado, a poderosa classe trabalhadora e as massas populares devem se unir e estabelecer um programa de luta efetiva. O PCO e os Comitês de Luta Contra o Golpe já estão iniciando essa articulação. Nos dias 8 e 9 de dezembro será realizada a 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo, em São Paulo. Além disso, o PCO está convocando a imediata realização de um Congresso do Povo para definir de uma maneira ainda mais concreta essa nova etapa de lutas que se abre. A organização independente e a mobilização de massas deve ser prio-

ridade para a esquerda. Diante disso, também é vital a ampliação dos Comitês de Luta Contra o Golpe e de Autodefesa. Com a palavra de ordem “Fora Bolsonaro e todos os golpistas, liberdade para Lula e todos os presos políticos”, o movimento popular entra na nova batalha, com os ensinamentos da derrota anterior. A desmobilização da tendência a um enfrentamento crescente contra a direita e os golpistas contra a prisão e, depois, pela liberdade de Lula, foi quase fatal. A luta pela liberdade daquele que o povo queria como presidente é fundamental para o movimento popular. Lula ainda é o centro da luta, por representar um embate direto contra o golpe. Em síntese, Bolsonaro é parte do golpe e chegou à presidência por meio de uma fraude. A vontade popular foi suprimida para dar continuidade e aprofundamento ao esfolamento do povo. A “oposição” não será feita pela via institucional, uma vez que todas as instituições estão sob o comando da direita e, agora, da extrema-direita. Só a imediata organização e mobilização popular poderá derrotá-los.


NACIONAL| 3

FRAUDE

Imperialismo “elege” capacho para entregar o Brasil A

vitória eleitoral de Bolsonaro segue o roteiro original do golpe de Estado com relativamente poucas alterações. Perseguiram-se judicialmente lideranças de esquerda em 2012, levantou-se a extrema-direita em atos coordenados pela internet em 2013, promoveu-se uma ampla campanha na imprensa capitalista contra a esquerda, derrubou-se o governo de Dilma Rousseff, implementaram-se brutais reformas fiscal e trabalhista, iniciaram-se a destruição do Estado Federal e a entrega de nosso patrimônio ao estrangeiro. Agora “elege-se” um governo “mais legítimo”, capaz de intensificar a política imperialista de ataques à população. Este é o papel do governo de Jair Bolsonaro. Assim como após o golpe militar de 1964, por trás do verniz verde-e-amarelo do alto oficialato das Forças Armadas podem-se divisar com clareza todos os elementos do entreguismo à política imperialista norte-americana: o chamado núcleo duro do golpe. A ascensão do militarismo (incluindo a eleição de Jair Bolsonaro) é análoga ao movimento de 1964 – o qual foi comprovadamente conduzido por agentes norte-americanos a serviço das grandes corporações. FASCISMO BOLSONARISTA: DO BAIXO CLERO À PRESIDÊNCIA O fascismo bolsonarista tradicionalmente era tratado pela burguesia como um movimento de párias. Os grupos fascistas coordenados diretamente pelo capital estrangeiro eram o Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem pra Rua ou o Revoltados Online, financiados por grupos financeiros ligados a banqueiros internacionais e defendendo uma agenda ultraliberal. Com a derrubada de Dilma, esses grupos constituíam a linha auxiliar de agitação, propaganda e coação do governo golpista de Michel Temer. Com o tempo, porém, a administração golpista mostrou-se fraca para conduzir a agenda golpista com a velocidade esperada pelos setores estrangeiros. O PMDB de Temer possui uma base política ampla de oligarquias locais que impediu o avanço originalmente planejado. Foi quando o núcleo duro do golpe — aqui representado pela Rede Globo nesse caso — tentou depor o próprio Temer com o escândalo da JBS / Joesley Batista no primeiro semestre de 2017. Porém, a mesma base regional que segurava Temer conseguiu mantê-lo no cargo. Diante do clima de instabilidade, o imperialismo lançou mão dos militares — seus velhos aliados do tempo da ditadura. Em setembro de 2017, o general Hamilton Mourão faria as primeiras declarações públicas assumindo que as Forças Armadas preparavam um golpe militar abertamente. De lá para cá, como se sabe, a presença política dos oficiais só vez aumentar — passando por ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), pela

intervenção militar no Rio de Janeiro e finalmente pela própria candidatura fascista dos militares à Presidência da República encabeçada por Jair Bolsonaro (PSL) e pelo próprio general Hamilton Mourão (PRTB). Em seguida, a tosca família Bolsonaro — pai e filhos parlamentares — foi “centralizada” pelo imperialismo. O desarticulado e folclórico capitão, deputado antigo do baixo clero até então com um desempenho político pífio, passou duas semanas nos Estados Unidos em outubro de 2017. De lá, retornaria em novembro com o apoio de Paulo Guedes: um investidor discípulo de Milton Friedman em Chicago — o berço do neoliberalismo, de onde saíram por exemplo também os Chicago Boys chilenos responsáveis pela brutal política econômica da sangrenta ditadura de Augusto Pinochet na década de 1970. Com Guedes, a campanha eleitoral dos militares ganhou novo estofo e passou a ser uma alternativa real para os golpistas na campanha presidencial. Não que Jair Bolsonaro tenha deixado de ser um pateta completo: misturando colonialismo com nacionalismo, o militar chegou a bater continência para a bandeira norte-americana durante um evento — na verdade um indicador de seu papel de capacho. BRAZIL ACIMA DE TUDO, IMPERIALISMO ACIMA DE TODOS Todo o programa político, social e econômico da chapa militar é radicalmente conservador nos costumes e neoliberal na economia: a fórmula perfeita para regimes ditatoriais comprometidos com o imperialismo. Bolsonaro pretende aprofundar todo o processo de privatização da educação e da Assistência Social — incluindo a Saúde Pública — entregando nossa população aos grandes grupos privados de ensino, de previdência privada e de Planos de Saúde — quase todos pertencentes a bancos. Bolsonaro e Guedes pretendem ainda privatizar todas as empresas estatais, liquidando nosso patrimônio por valores irrisórios. Mas como o pária Jair Bolsonaro conseguiu projetar-se como uma das opções viáveis do imperialismo? O capitão e sua campanha estabeleceram, nos Estados Unidos, contato com The movement [O movimento] chefiado pelo fascista norte-americano Steve Bannon. O direitista e seu grupo de manipulação de redes sociais — incluindo o célebre Cambridge Analytica — é um dos responsáveis pela campanha que promoveu a ascensão de regimes de extrema direita em diversos países do mundo. De Donald Trump nos Estados Unidos a Matteo Salvini na Itália. De Viktor Orban na Hungria a Nigel Farage, responsável pelo movimento Brexit no Reino Unido. O movimento que Bannon chama de “populismo nacionalista” faz parte de uma corrente dissonante do mainstream liderado por bancos, fa-

bricantes de armas e agências de comunicação, hegemônicos no Ocidente desde a crise do Petróleo. Se por um lado trata-se de uma clara ruptura com o sistema da democracia burguesa tal como vinha vigorando, por outro lado o movimento de Bannon nada tem a ver com “nacionalismo” real. Na verdade, assim como no caso dos países do Eixo durante a Segunda Guerra — os nazistas “originais” –, trata-se apenas de outro grupo imperialista, liderado por sedores produtivos, cujo conflito com o mainstream nada mais é que um dos muitos sintomas da aguda crise do Capitalismo em seu conjunto. Para prosperar, esses grupos fazem acordos pontuais com grupos do próprio setor produtivo local, capazes de dar capilaridade política ao Movimento. No processo eleitoral brasileiro não foi diferente. Ao sentir que não decolavam as candidaturas preferidas pelo imperialismo rentista — Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede) –, os partidos da base golpista (PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade) viraram a casaca de declararam apoio a Bolsonaro às vésperas do primeiro turno. Foi o que permitiu, também por meio de ampla fraude, dobrar a votação no candidato fascista praticamente no dia da eleição. Antes de tudo, com o abandono da candidatura de Lula pelos setores majoritários da esquerda e o lançamento da chapa Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila (PCdoB), subordinaram-se os principais movimentos populares ao processo eleitoral golpista. Estava garantida a ausência de movimentos populares de natureza revolucionária — pelo menos até o fim das eleições. A confiança dos “mercados” diante de uma suposta polarização política — em princípio negativa para a economia — no segundo turno era o sinal definitivo de que, ainda que pessoalmente tosco, Jair Bolsonaro ainda era um homem do sistema. De fato, com o crescimento de Bolsonaro na campanha, o empresariado brasileiro rumou confiante para o exterior, onde passou a investir e a buscar investimentos. Segundo Alexandre Ibrahim, responsável por mercados internacionais da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), há dois meses “o sentimento não era tão otimista quanto na semana passada. O interesse de empresários em falar conosco foi incrível”. Criam-se assim novos vínculos com outros setores imperialistas. Assim como em 1964, o governo de militares estará prioritariamente a serviço do enriquecimento de grandes grupos norte-americanos e de seus prepostos brasileiros. Steve Bannon, por exemplo, pretende cultivar o relacionamento com Bolsonaro e outros governantes fascistas no mundo, convidando-o para encontros de O Movimento, como o que se realizará em janeiro na Bélgica. Sem a menor cerimônia, o direitista afirmou essa semana: “convidamos líderes populis-

tas e nacionalistas de todo o mundo. Estamos convidando o capitão como forma de mostrar nosso respeito por ele”. “DEMOCRACIA VERSUS DITADURA” OU “TRABALHADORES VERSUS IMPERIALISMO”? É preciso ter claro que a disputa os partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos e a própria ascensão da extrema-direita no mundo nada mais é que um sinal do processo de crise dos regimes políticos que dão suporte ao imperialismo. As democracias burguesas não mais são capazes de sustentar a brutal exploração da classe trabalhadora que se faz necessária para manter o sistema funcionando, levando os monopólios econômicos a retornar ao seu regime político preferencial: a ditadura. As ditaduras nada mais são que formas mais agudas de opressão do imperialismo ou, se se preferir, as democracias burguesas nada mais são que máscaras palatáveis da ditadura — em que o poder segue nas mãos dos mesmos grupos, em que a polícia reprime com mão-de-ferro a classe trabalhadora. Lutar contra o golpe e contra o aprofundamento do processo ditatorial representado por um eventual governo militar não é, portanto, lutar “pela Democracia”, mas pelos direitos da classe trabalhadora. Como em toda disputa política, as forças em jogo são reais. Superado o processo eleitoral e a vergonhosa capitulação da esquerda brasileira a ele, é hora de abandonar as meras campanhas de opinião. É hora de organizar e mobilizar a classe trabalhadora para lutar por seus direitos. A vitória eleitoral de Bolsonaro é fraudulenta e não pode ser referendada pelos trabalhadores. É preciso exigir a libertação imediata de Luiz Inácio Lula da Silva, convocando-se novas eleições presidenciais controladas pelo povo, num processo que resulte numa Assembleia Constituinte Popular, dinâmica e verdadeiramente democrática, capaz de firmar um novo pacto social livre das pressões imperialistas.ítimo, surgido de uma eleição fraudulenta, e precisa ser contestando nas ruas pelo povo! Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Abaixo a fraude eleitoral!

TODOS OS DIAS


4| NACIONAL

FORA BOLSONARO

CUT e o MST estão certos, é preciso mobilizar os trabalhadores contra todos golpistas

F

inalizadas as eleições nesse último domingo, temos que ter a clareza de que elas tiveram um vencedor. Esse vencedor não foi Jair Bolsonaro, o candidato fascista, agora presidente ilegítimo, como produto de uma gigantesca fraude eleitoral contra a esmagadora maioria do povo brasileiro, os que ganharam as eleições foram os artífices do golpe de Estado no Brasil – o imperialismo e o grande capital nacional a ele associado, foram os banqueiros, a imprensa venal, as Forças Armadas que deram um importante passo no sentido de legitimar o golpe sob a aparência da vitória nas urnas. Diante dessa constatação a questão chave que se coloca é sobre qual será a atitude do PT. O Partido se adaptará

as posições de sua ala direita que prega “virar a página do golpe”, promover uma oposição de tipo parlamentar ao governo ilegítimo de Bolsonaro ou impulsionará a luta contra o golpe, que teve sua expressão maior no último período com o lançamento da candidatura Lula e a palavra de ordem “Eleição sem Lula é fraude”? Nesse sentido, foram muito importantes a nota oficial da CUT e a entrevista do coordenador do MST João Pedro Stedile, ambas defendendo à necessidade de “mobilizar nas ruas”. Essa é a posição do PCO. Nenhuma trégua ao governo ilegítimo dos golpistas. Tem que ampliar massivamente o movimento por Fora Bolsonaro e todos os golpistas, tem que ir às fábricas, às universidades, aos acam-

pamentos sem-terra, construir um gigantesco movimento de luta contra o golpe e a extrema-direita baseado nas massas trabalhadoras, que são as únicas capazes de derrotar a direita. As experiências desde o impeachment da presidenta Dilma até às eleições deixaram mais do que patente à inviabilidade de pressionar ou acreditar que as instituições apodrecidas do regime político, como os tribunais, Congresso Nacional, seriam capazes de reverter o golpe no qual essas mesmas instituições cumpriram papéis fundamentais no sentido da sua viabilização. A esquerda não tem o direito de ficar errando indefinidamente, porque a sua derrota não é só a sua derrota, mas é a derrota dos trabalhadores.

No entender do PCO, o fato da direção do PT ter recuado com a candidatura de Lula se sujeitando às imposições do TSE foi muito negativo para a luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. A palavra golpe sumiu da campanha eleitoral do candidato substituto de Lula, Fernando Haddad. Não apenas isso, o próprio Lula sumiu no segundo turno, as declarações de elogio a figuras e instituições da linha de frente do golpe passou a ser recorrente, como Sérgio Moro, Fernando Henrique Cardoso, Joaquim Barbosa, TSE, Lava-Jato, STF, entre outras. Virou um mito na esquerda a valorização do fascismo no Brasil, mas o que deve ser entendido é que o perigo fascista será derrotado se o golpe de Estado for derrotado e o golpe tem a sua cartilha. Na próxima etapa buscará promover um amplo ataque às condições de vida das massas com a “reforma” da previdência, privatizações, destruição da economia nacional em proveito do imperialismo, etc. Para conseguir se impor necessariamente acentuará o estado de exceção vigente no país, com a criminalização dos movimentos sociais, a perseguição aos sindicatos, a aprovação de leis que acabará com qualquer resquício de estado democrático de direito. É diante dessa realidade que os partidos de esquerda que se reivindicam da luta contra o golpe, a CUT, o MST, os movimentos progressistas e democráticos devem se organizar e formar uma frente única para lutar contra o golpe e suas medidas. Para ser efetivo, essa luta só pode se materializar nas ruas, com a ampliação de comitês de luta contra o golpe, com a mobilização em torno da luta pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos. Para um movimento de luta ser verdadeiramente consequente deve se desfazer de qualquer aliança com a burguesia e a direita representados pelos “democratas” golpistas, pelo PSDB, Pelo PDT, pelo PSB e pela ala direita do PT. Tem que ser um amplo movimento legitimamente popular, que se radicalize em meio à polarização e ao desprezo do povo por Bolsonaro.


ATIVIDADES PCO | 5

PROGRAMA DE TEMER

Imprensa golpista avisa Bolsonaro qual política ele deve seguir A

burguesia nacional e o imperialismo vêm atuando para retomar o controle total do Estado, desde que a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), de 1987/88, palco de um experimento que assustou os donos do poder, com a presença quase diária de movimentos sociais, sindicatos, donas de casa, meninos de rua, Igreja Católica, camponeses, negros, indígenas, além dos lobbies pesados do empresariado, dos bancos, da mídia, das Forças Armadas etc. A despeito de o resultado final, a Constituição de 1988, ter sido mal um espectro do que desejava a esquerda e a sociedade civil organizada, com suas emendas e sugestões, não restava dúvidas de que o próximo governo, escolhido pelo voto, corria o risco de não ser o de sua preferencia, um governo confiável, tutelado. De fato, não foi. Assim como hoje, o povo estava decidido a escolher um novo presidente com quem se identificasse e que não lembrasse em nada o regime militar que se estava aparentemente superando. Os candidatos da direita, por isso, não pareciam palatáveis, então inventaram um. Tonificaram um partido nanico para tentar garantir o apoio necessário no parlamento, mas, mesmo esse candidato feito sob encomenda, Fernando Collor de Mello, estava destinado a ser vencido pelo candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) que saia engrandecido da ANC e que tinha, já naquela época, um líder popular com o qual a população mostrava identificação e confiança. Assim como hoje, naqueles idos de 1989, o papel da imprensa foi fundamental para retirar Lula do jogo e dar a vitória ao ‘caçador de marajás’, um jovem adocicado pela Rede Globo e transformado numa espécie de herói, um presidente galã, lutador de caratê,

novo, diferente de ‘tudo que está aí’, com uma pauta de combate à corrupção, e que estava disposto a ‘cortar’ na carne entre outras baboseiras. Mesmo assim, a Globo somente conseguiu colocar a faixa presidencial do playboy das Alagoas aplicando um golpe nos expectadores, nos eleitores. Alem da propagação de mentiras e boatos sobre o candidato sindicalista, editou o ultimo debate entre Collor e Lula, mostrando somente o melhor de um e o pior de outro. Naquele tempo, não havia debate ao vivo. Collor foi orientado, lhe foi apresentada a política economica que deveria seguir e o modo de se comportar, mas ousou querer alçar voos solos, e altos. Foi um desastre na economia, mesmo que parte do que fez fosse do receituário liberal, meteu os pés pelas mãos. A burguesia o dispensou rapidamente. Inventou um pretexto para o impeachment e Collor foi chutado para bem longe. Ora, Bolsonaro não era o candidato favorito, nem da burguesia nem do imperialismo, mas ele vinha se preparando fazia alguns anos e, desde pelo menos 2017, investiu pesado na construção de sua imagem e em projetar-se como alternativa junto à população. Hoje sabemos que isso custou milhões e provavelmente parte do que foi gasto veio de ajuda estrangeira. O fato é que, quando os candidatos da direita não decolaram, a extrema-direita já tinha seu candidato pronto e muito à frente dos demais da direita. Não havia alternativa para os golpistas, ou, se havia, era muito onerosa. Bolsonaro foi incorporado, mas a um custo que ainda não é totalmente conhecido. Esse cálculo pode ser complexo. Ele, o candidato neofascista, tenta convencer os donos do poder, a burguesia nacional e o imperialismo, com sua política claramente entreguista, mas a aposta é a de que será um

governo muito instável. Como se tem visto, registrado em centenas de matérias, Bolsonaro e seus apoiadores são de extrema-direita e não hesitam em soltar os cachorros raivosos sobre quem bem entendem, incitam a violência e não conseguem ficar um dia sem ameaçar alguém, geralmente a tudo e todos, porque é de sua natureza. O problema é que normalmente, depois que os cachorros são soltos, não se consegue mais controlá-los. O imperialismo tem todo interesse em controlar os cachorros, pois necessita estabilizar o regime político, porque a crise e o caos têm um teto que, depois de ultrapassado, cria condições que tornam difícil, senão impossível, manter um ambiente favorável para melhor explorar a economia. Está mais que claro, e o futuro Ministro da Fazenda do governo de extrema-direita, Paulo Guedes, colaborador do ditador chileno, Pinochet, não cansa de afirmar, a receita é neoliberal, visando permitir a super exploração econômica. Essa política é a mesma que o desgoverno golpista adotou, com Temer golpista, Henrique Meirelles et caterva: austeridade com entreguismo acelerado. Ora, essa receita, agora mais acabada, é a que já começam a detalhar os órgãos de imprensa. A Folha de São Paulo, mesmo tendo investido contra o candidato fascista, já pronta para lidar com a fera, adequou-se rapidamente para fazer o que a imprensa faz de melhor: mandar recados dos donos do capital. Esse recado foi objeto de editorial da Folha nesta segunda-feira, dia 29 de outubro de 2018, no qual inclui a reforma da previdência, a privatização, ataque ao serviço público e facilidade para a importação, entre outros itens do receituário neoliberal.

É o que esperavam de Golpista, é o que esperam sempre de qualquer um que assuma o governo. O recado está dado, em reforço ao que a revista The Economist já havia indicado, também em editorial, na semana passada. Ali está o verdadeiro programa de governo que a burguesia e o imperialismo querem ver implantado, não o power point do PSL. Não é uma sugestão, é uma ordem. Bolsonaro, para se manter na presidência, vai ter que cumpri-la. O programa é nitidamente neoliberal, é bom repetir, e não inclui recuos nas políticas anti-trabalhador de Temer Golpista, nem mesmo uma revisão no teto de gastos, mas uma ampliação da política de precarização do trabalho e de retirada de recursos de políticas sociais. Bolsonaro, se não quiser ser descartado, ou, como diz a Folha, “devorado”, terá que ser melhor que Collor, obedecendo aos patrões sem criar muita dificuldade. Em 1962, o dono do jornal O Estado de S. Paulo, Julio Mesquita Filho, escreveu uma espécie de roteiro do golpe, que foi destinado aos conspiradores, militares e civis, que levaram a cabo o golpe de 1964. Orgulhoso de si, o dono do Estadão tornou pública a “carta” (publicada no Estado de São Paulo em 12 de abril de 1964) em que desenhava o golpe, mostrando que advertia-se o presidente João Goulart sobre o que aconteceria, e o como, no caso de que não correspondesse ao que as elites, em particular a paulista, consideravam o melhor para o país. Derrubaram João Goulart, derrubaram Fernando Collor de Mello, derrubaram Dilma Rousseff, assassinaram Juscelino Kubitschek, e Getulio Vargas se matou antes de ser cassado. O recado foi dado: enquadre-se ou será devorado.

SEM LULA, POVO NÃO PARTICIPOU DA FRAUDE ELEITORAL

42 milhões de abstenções no 2º turno

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2 milhões de brasileiros deixaram de votar neste segundo turno. Trata-se um recorde, desde a redemocratização, em 1989. O resultado é mais do que esperado, consequência das fraudes e da impopularidade do pleito. Lula era o candidato favorito da população. A própria imprensa burguesa noticiou sua possível vitória em primeiro turno. Se acontecesse, provocaria imensa desmoralização do regime golpista. Portanto, foi preciso impedi-lo de se candidatar. Como se não bastasse isso, a burguesia tratou de reduzir o tempo de propaganda eleitoral, aumentar as dificuldades burocráticas, impugnar candidaturas, proibir manifestações políticas, confiscar materiais de campanha, colocar barreiras para o uso

da verba partidária e todo o tipo de constrangimento para que os partidos não se comunicassem com suas bases. Era comum que pessoas de mais idade estranhassem a falta de campanha eleitoral nas ruas, panfletos, cartazes, santinhos, muros pintados, bandeiras, carros de som, faixas, outdoors, que eram comuns em eleições anteriores. A estratégia toda consistiu em alienar o povo da campanha eleitoral e impedir candidaturas de oposição, para poder controlar o regime golpista sob uma aparência democrática. Não sendo suficiente, foi preciso trocar urnas eletrônicas e contar resultados entre quatro paredes, para dar vitórias suspeitas a candidatos desconhecidos – todos, não por acaso, apoiadores de Bolsonaro.

Mas o povo não queria Bolsonaro nem Haddad. O povo queria Lula. Deve ficar absolutamente claro que o governo eleito foi colocado aí por meio de muita fraude, portanto não tem base para governar. Em boa medida, tende a ser um governo ainda mais instável do que Michel Temer.

O momento é de realinhamento das forças de esquerda para que voltem a fazer oposição ao regime. Este governo é fraco e impopular, e tem tudo para ser derrubado. Mas precisa ser derrubado pela esquerda, não pela direita. Fora Bolsonaro! Fonte: (O Globo)


6 |POLÍTICA

ABUTRE

Ciro Gomes, que apoiou Bolsonaro, quer tomar o lugar do PT na “oposição anti-Bolsonaro” N ós somos dois candidatos, a gente vai estar junto no segundo turno”, falou Manuela D’Ávila em palestra. “Sem Lula, PT, PC do B e PSOL devem apoiar Ciro”, disse Flávio Dino à imprensa burguesa. Ciro Gomes seria um candidato “mais aguerrido”, declarou Jaques Wagner. Apesar do esforço, os setores abutres da esquerda nacional não conseguiram transformar Ciro em uma figura palatável para os trabalhadores. Ciro Gomes entrou nas eleições desse ano para jogar lama na candidatura do PT. Todo dia, Ciro fazia algum ataque ao ex-presidente Lula. Com o tempo, começou a atacar abertamente todo o PT, fazendo uma frente única com a direita que insiste para que o PT faça uma autocrítica. Quando saiu o resultado do primeiro turno das eleições, Ciro Gomes

viajou para a Europa e abandonou o candidato Fernando Haddad, do PT. Enquanto Ciro desfrutava de suas “férias”, seu irmão, Cid, atacou o PT em pleno comício de Haddad, ridicularizando o fato de Lula estar preso.

Os irmãos Gomes foram uma peça-chave para que o PT perdesse as eleições. Ciro Gomes impediu que houvesse uma frente única da esquerda pela liberdade, transformando as eleições em um circo sob controle da

burguesia. No entanto, seu trabalho sujo ainda não terminou. Após o resultado do segundo turno das eleições-fraude, Ciro Gomes declarou que faria oposição a Bolsonaro. Mas seria uma oposição “de centro”, “limpinha”, isto é, desligada da esquerda. A oposição cirista será, portanto, uma oposição “nem-nem”: nem Bolsonaro, nem PT. As consequências dessa política “em cima do muro” da família Gomes já foram postas a prova. Na medida em que o PDT se recusou a lutar pela liberdade de Lula e a lutar, ombro a ombro, com a CUT, o MST e os trabalhadores em geral contra o golpe, Ciro Gomes ficou do lado da direita. A posição de Ciro Gomes foi um dos fatores que levou Bolsonaro à Presidência. Por isso, qualquer militante sério não pode se deixar levar pela “oposição cirista”. Trata-se de mais uma pressão para que o PT faça a tão falada autocrítica e se submeta completamente ao Regime Político.

ELEIÇÕES FRAUDADAS

Haddad não denuncia a fraude e nem o golpe, faz uma campanha capituladora diante da direita

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discurso de Fernando Haddad, candidato do PT derrotado pela fraude eleitoral, após a divulgação do resultado do 2° turno das eleições presidenciais, foi absolutamente ruim para o desenvolvimento da luta contra o golpe. Durante todo período eleitoral, Haddad demonstrou que era contra todo e qualquer tipo de mobilização contra os golpistas. Uma coisa natural, já que na época do impeachment ilegal contra Dilma o candidato do PT saiu em público para dizer, aos golpistas, que a palavra “golpe” “era muito forte” para definir o acontecimento. De qualquer forma, durante as eleições, Haddad defendeu a Lava Jato, Sérgio Moro, abandonou a cor vermelha – tradicional cor do movimento operário e de luta da população -, afastou Lula da campanha, retirou a nova constituinte e a defesa do aborto do programa, e enfim, fez uma campanha típica de um candidato burguês. Uma campanha que poderia ser comparada com a de um tucano golpista. Ele e a ala direita do PT, que coordenou a campanha durante todo o momento, fizeram de tudo para não bater de frente com os golpistas, e ainda pior pediram apoio de setores fundamentais que lideraram o golpe de estado, como o PDT, o PSB e até o PSDB, procurando se unir com profundos inimigos da população, como Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva e assim por diante. Algo que seguiu, de fato, a linha política do coordenador de campanha, Jacques Wagner, que no estado em que foi eleito governador, na Bahia, fez aliança com os coronéis carlistas (crias da ditadura militar) para conseguir o mandato. Sem falar que, até no

período antes das eleições, foi a principal liderança do “Plano B”, revelando que era para o PT descartar logo o Lula e partir para o apoio ao Ciro Gomes, representante da burguesia industrial e da FIESP, que foi fundamental no golpe contra Dilma. Tudo isso prejudicando de forma incalculável a luta contra o golpe durante as eleições, que afinal de contas terminou do jeito esperado: com uma fraude total da burguesia que colocou Jair Bolsonaro no poder. Entretanto, acreditava-se que, após as eleições, quando terminasse a febre eleitoral, a esquerda iria voltar a denunciar o golpe contra a população, que cada vez mais está atacando a esquerda, assassinando pessoas, fazendo atentados contra sindicatos e sedes de partidos e outras brutalidades contra os trabalhadores e suas organizações. Mas não, mesmo após as eleições, a ala direita do PT da qual faz parte Fernando Haddad continuou amplamente com a capitulação. Em seu discurso, depois da divulgação do resultado, Haddad reconhece a legitimidade das eleições, isto é, não denuncia a fraude eleitoral e nem o golpe. Para ele, a “maioria” do povo realmente votou em Bolsonaro, como se a população tivesse oscilado do Lula para Bolsonaro, do repúdio ao golpe do repúdio contra o golpe ao apoio do golpe. Mas não foi só isso, a festa da fraude eleitoral foi definida por Haddad como “festa da democracia”; o golpe contra Dilma foi definido por ele como “afastamento da Dilma”. E como se não bastasse, Haddad fez de tudo para demonstrar que era contra uma política de mobilização nas ruas contra o golpe, contra uma polarização política na sociedade, usando o discurso da direita e até de Bolsonaro de “Brasil

acima de todos”, e de que deveria se respeitar as instituições. Isso ficou mais explícito quando declarou que iria ser “oposição” ao Bolsonaro, colocando uma perspectiva puramente institucional em todo o problema do golpe. Sem falar no fato de que, ao invés de chamar o povo a se mobilizar nas ruas contra Bolsonaro, Haddad falou que em 4 anos terá novas eleições e ali poderão resolver os problemas. Quer dizer, neste período entre 2018 e 2022, a única solução seria fazer uma oposição parlamentar a Bolsonaro e desgastá-lo por 4 anos até assumir (supostamente) a presidência da república em 2022. O povo estará passando fome, na miséria e totalmente desprovido democrático mas não precisa se mobilizar nas ruas, basta esperar 4 anos, para mudar isso em eleições, que como ficou claro, são totalmente fraudadas.

Trata-se de uma política que presta um importante desserviço à mobilização contra os golpistas e da luta da classe operária pela sua independência política. Por isso, é a política que não deve ser adotada no momento. Agora, é a hora de mobilizar todas as forças para denunciar a fraude eleitoral, o fato de que Bolsonaro não é legítimo, já que as eleições não foram realizadas de forma democrática. Tiraram o principal candidato do povo, Lula, da corrida presidencial e cometeram uma série de outras arbitrariedades. Os comitês de luta contra o golpe devem continuar mobilizando contra o regime fraudulento da direita golpista, e colocar força na campanha de “Fora Bolsonaro”, “Liberdade Para Lula” e “Abaixo as Eleições Fraudulentas”. É nesse sentido, e também para organizar a reação contra os ataques da extrema-direita, que os comitês estão organizando a II Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe. É preciso se mobilizar e derrotar Bolsonaro e todos os golpistas.


MOVIMENTOS| 7

JUSTIÇA

O trabalho escravo dobrou em 2018 no Brasil, frigoríficos e criadores de bois são os principais responsáveis C

ada vez mais, os patrões vêm impondo o regime de escravidão aos trabalhadores, cuja situação ocorre tanto na indústria quanto no campo. Segundo dados divulgados pelo Ministério do trabalho e Emprego (MTE), no período de janeiro até a primeira quinzena de outubro de 2018, a escravidão praticamente dobrou em relação ao mesmo período. O aumento de trabalhadores escravizados atingiram 1246 em 2018 enquanto que em 2017 foram registrados 645, um aumento de mais de 93%. Os dados dão conta de 620 trabalhadores resgatados, 159 estabelecimentos fiscalizados, 651 trabalhadores formalizados, 601 guias de Seguro-Desemprego emitidas e R$ 1,7 milhão pagos em verbas rescisórias aos resgatados. O meio urbano foi onde os Auditores-Fiscais do Trabalho mais encontraram situações de trabalha-

dores em situações degradantes – 869; no rural foram 377 casos registrados. Em Minas Gerais foi encontrado o maior número de trabalhadores em situação de trabalho escravo – 754,

seguido do Pará – 129, e do Mato Grosso – 128. O setor onde mais houve ocorrências foi o da agropecuária, de bovinos, ou seja, o ramo frigorífico é a atividade em que os patrões mais exploram

os seus funcionários, tanto na criação quanto na produção. Não há limites para esses gananciosos quando diz respeito às condições de vida e trabalho dos operários, desde que possam lucrar muito e a um custo ínfimo, quase de graça. Os patrões, tanto da cidade quanto do campo, têm como avalistas, o governo golpista, incluindo o judiciário, o congresso, etc., que extinguiu a Consolidação das Leis do trabalho (CLT) com a reforma da trabalhista e está se preparando para impor ao conjunto dos trabalhadores a reforma da previdência, entre outros ataques às conquistas da classe operária. É necessária a organização do conjunto dos trabalhadores, da população explorada, em todas as fábricas, todos os bairros, municípios, estado, em todo o Brasil, para derrotar os golpistas, derrotar o golpe, pois essa é a única forma de acabar com esse regime de escravidão.

GOVERNO GOLPISTA “Negro não serve nem para procriar”: com Bolsonaro no poder é preciso reagir

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próximo governo golpista, de Jair Bolsonaro, consequência da completa fraude eleitoral, será um governo de duríssimo ataque ao povo negro brasileiro. Bolsonaro, que já declarou em palestra promovida em abril desse ano, que os negros pertencentes as comunidades quilombolas não servem nem mesmo para procriar, prepara um conjunto de políticas de massacre aos negros, os quais constituem a maior parcela do povo brasileiro. Bolsonaro é um representante direto do aparato militar do regime politico burguês, nesse sentido seu governo irá potencializar ainda mais o poder de fogo das polícias em todo o país, isso sem falar em uma possível intervenção militar no território nacional. Um de seus aliados em São Paulo, o ex-prefeito da capital paulista, o playboy, coxinha e fascista João Doria, já declarou que em seu governo a polícia militar irá ter total liberdade de atirar para matar. Doria afirmou, inclusive, que irá bancar os advogados para aqueles policiais que matarem em serviço. Ou seja, e a ampliação a níveis incalculáveis do genocídio do povo negro, morador das periferias. Bolsonaro defende também a política de destruição do ensino público. Um dos seus projetos e a implantação do ensino à distância, abrindo caminho para privatização das escolas públicas. O que irá levar à exclusão da população pobre, em sua maioria negra, do acesso à educação publica. A política de privatização de todas as empresas nacionais, defendida por Bolsonaro e o seu guru neoliberal, Paulo Guedes, ira aumentar ainda o

mais o desemprego no pais, o qual, desde o golpe contra Dilma, tem crescido de maneira continua, atingindo a casa de mais de 14 milhões de pessoas sem emprego. O desemprego atinge e atingirá ainda mais a população negra, que constitui a maior parte do operariado brasileiro. Por fim, o ataque contra as cotas raciais nas universidades públicas, as quais estão também na agenda de privatização do governo golpista de Bolsonaro, irá excluir totalmente os negros dos cursos superiores. Contra o aprofundamento do golpe, a fraude eleitoral e o massacre do povo negro pelas mãos do governo golpista e fascista de Bolsonaro, é necessário organizar desde já a luta nos comitês contra o golpe. Levar às ruas imediatamente a campanha Fora Bolsonaro e todos os golpistas.

Toda segunda-feira às 19h


8 | MOVIMENTOS

MOVIMENTO ESTUDANTIL

Bolsonaro nem entrou e já é repudiado: estudantes realizam atos contra Bolsonaro na USP L ogo após a vitória fraudulenta de Jair Bolsonaro, divulgada na noite de domingo (28/10), diversas manifestações de crise política ocorreram. O governo de Jair Bolsonaro nem começou a já sofre com um imenso repúdio. Estudantes das universidades organizaram rapidamente atos contra Bolsonaro em suas faculdades. Na USP, os estudantes organizaram um ato na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas (FFLCH) que terminou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). O ato “contra o fascismo” foi chamado para fazer uma reação contra o ato minúsculo que os Bolsonaristas organizaram no campus da universidade, com o nome de “chola mais”. O ato serviu para fazer um contraponto à ascensão da extrema-direita na USP. Medida correta que deve ser feita mais vezes.

BOLSONARO

“Universidade não é lugar de protestos”; é preciso mobilizar os estudantes contra a repressão!

De segunda a sexta às 9h30

M

esmo antes de consagrar sua dissimulada vitória – o Messias do capital financeiro e da ignóbil burguesia entreguista – expôs sua profusa tara pelo despotismo. No sábado (27), um dia antes do segundo turno, o filisteu Jair Messias Bolsonaro (PSL) – fruto da maior fraude eleitoral desde a república velha – afirmou que universidade não é lugar de protesto. O comentário foi feito durante uma transmissão ao vivo no Facebook, o último antes da consolidação da fraude perpetrada pelos golpistas nessas eleições. Nas palavras do capitão boçal, “A universidade não é lugar disso, mas se querem fazer um ato desse, os dois lados têm que ter o direito de fazer”, acusando que seus apoiadores não sejam autorizados a protestar. Ainda, sem qualquer relato apresentado ou sequer registrado – até mesmo pela mídia corporativista e golpista, segundo ele, “se uma pessoa nossa qualquer quisesse colocar uma faixa lá ‘corrupção nunca mais’ ou ‘abaixo Maduro’, pronto, não teria oportunidade. Com toda certeza, não botaria essa faixa lá, seria escorraçado e seria agredido violentamente”. Bolsonaro ainda afirmara que, no seu governo os estudantes que se identificam com a militância de esquerda não terão espaço – deixando claro que o mesmo desferirá ataques brutais ao movimento estudantil. Há que se destacar que, a Justiça Eleitoral autorizou na semana das eleições – o arbitrário – ingresso da polícia em universidades públicas e privadas do país afim de reti-

rar materiais de protesto denunciando o fascismo e a acelerada degeneração da democracia. Pelo menos 30 instituições de ensino foram invadidas pelos cães de guarda dos golpistas desde o início da semana; a maioria sob a denúncia de “propaganda eleitoral irregular”. Na lista de proibições, contam: cartazes, veto a eventos e proibição de veiculação de artigos. Após dezenas de fatos arbitrários ocorridos, no último dia antes das votações, a ministra do STF (Superior Tribunal Federal), Cármen Lúcia, levantou do túmulo e demonstrou seu entejo quanto a medidas antidemocráticas. Assim, despiu-se de seu traje despótico que selou a sentença condenatória do ex-presidente Lula – sem quaisquer provas e, fingiu-se de Madre Tereza de Calcutá. Segundo a ministra Cármen (Lúcifer), “toda forma de autoritarismo é iníqua” e que é “pior quando parte do Estado”. Ora! É muita impudência ouvir isso – logo de uma das peças mais importantes e operacionais do golpe. Com a consolidação do golpe de Estado – através da eleição de Bolsonaro, mais do que outrora, torna-se tarefa urgente dos movimentos de esquerda, organizar comitês de luta contra o golpe e de autodefesa nas universidades, visto que o capitão boçal não vacilará quanto à opressão dos que se opuserem ao seu governo. Dito isto, é importante que se garanta como ordem do dia – a preparação para os enfrentamentos que virão a posteriori.

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CIDADES| 9

PACAJUS-CE

“Agora é Bolsonaro”, disse assassino de militante de esquerda em carreata de Haddad S

ábado (27), véspera das eleições, foi realizada uma carreata a favor do candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, na cidade de Pacajus, região metropolitana de Fortaleza, Ceará. Enquanto a carreata passava pelas ruas do Centro, um militante do PT foi atingido a tiros por um bolsonarista e não resistiu aos ferimentos, morrendo antes de chegar ao hospital. O caso foi amplamente noticiado em um momento tenso de véspera eleitoral. O atirador saiu de um Gol branco depois de emparelhar o carro onde a vítima, Charlione Lessa Albuquerque,

de 23 anos, estava. O jovem assassinado era filho da secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CNTRV/ CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Vestuário da CUT), Maria Regina Lessa. A polícia abriu uma investigação procurando uma execução, como se o crime não tivesse conotação política. É o que aparece nas notícias sobre o caso nas páginas da imprensa burguesa. Uma testemunha do ocorrido que estava no local na hora da execução ouvida pelo Jornal da Causa Operária, no entanto, contou fatos que demonstram de forma inequívoca o caráter

político desse crime. Antes de atirar, o assassino gritou palavras de ordem a favor de Jair Bolsonaro: “aqui é Bolsonaro porra!, vocês já perderam”. O crime dispersou a carreata, com muitas pessoas indo até o hospital para acompanhar a vítima. Charlione tinha sido provocado no dia anterior, durante uma carreata a favor de Bolsonaro. Ele estava andando na rua quando cruzou com a carreata. Bolsonaristas arremessaram uma bandeira contra ele, que a rasgou e pisou em cima. Aparentemente, o crime do dia seguinte foi uma retaliação.

A investigação da polícia tenta contornar o fato de que o crime foi político, além de insinuar envolvimento da vítima de alguma forma com o crime, sugerindo que seria uma execução. É uma forma de tentar, de alguma forma, culpar e difamar a vítima, além de não esclarecer o crime. Isso não acontece por acaso. Além de ser um método tradicional da polícia por todo o país, vários carros privados de policiais no batalhão da cidade têm adesivos da candidatura de Bolsonaro. Portanto, neste assassinato político, a própria polícia tem um lado com o qual simpatiza. O criminoso fugiu do local depois de matar Charlione.

REPRESSÃO

Mulher é espancada pela PM em Salvador, política de Bolsonaro já começa a ser colocada em prática O

cenário anterior ao término das eleições fraudulentas pelo segundo turno já se acirrava com a ascensão dos fascistas nas ruas. No domingo, dia em que a farsa fora anunciada, os apoiadores do representante dos golpistas, Jair Bolsonaro, não deixaram de se articular pelo país promovendo ataques à esquerda e aos militantes que estavam nas ruas protestando. Em caso específico que aconteceu em Salvador (BA), deixa claro qual a política que será implantada pelo presidente do golpe. Na cidade de Rio Vermelho, acontecia uma peque-

na concentração de militantes que se manifestavam contra a eleição de Bolsonaro. Prontamente a PM do estado se fez presente para cumprir seu papel repressor, e como esperado a repressão brutal aconteceu, sendo covardemente contra uma mulher que ali como os demais protestavam contra o fantoche da extrema-direita e denunciavam a fraude das eleições sem Lula. Espancada cruelmente pela PM, a ação contra a jovem demonstrou que a política de Bolsonaro já está sendo colocada em prática, e é contra as mulheres. A PM, como um dos principais

órgãos de aparato repressor do estado, já se sente a vontade para realizar atos pérfidos como esse de maneira indiscriminada. As mulheres têm sido um dos principais alvos dos fascistas. No último momento foram as mais atacadas covardemente. Espancamentos por parte da extrema-direita fascista que se apoia na política de Bolsonaro, e que ao atacar essa parcela da população deixa bem claro o caráter monstruoso da direita. Os fascistas já estão tomando de conta das ruas, e a polícia e os demais órgãos repressores possuem a chan-

cela de um presidente ilegítimo que, tem como prioridade o massacre da população e propriamente dito como já está acontecendo, o esmagamento dos setores minoritários, aqui em específico as mulheres. No momento que está colocado, a organização diante de uma grande mobilização nas ruas para combater o fascismo e denunciar a fraude nas eleições é o único meio viável de derrota a ascensão da extrema-direita e ao golpismo. Para isso, os comitês de luta são a ferramenta necessária e crucial para promover a organização e autodefesa.


10 | INTERNACIONAL

CRISE NA ALEMANHA

Extrema-direita já tem representantes em todos os estados do país N

o domingo (28/10), ao mesmo tempo em que ocorria o segundo turno das eleições presidenciais do Brasil, ocorriam na Alemanha as eleições regionais de Hessen. O partido da chanceler-federal, Angela Merkel, a democracia-cristã (CDU, na sigla em alemão) ficou à frente com 27,5% dos votos, porém realizando a pior campanha já feita em Hessen desde os anos de 1960. Este resultado em si já revela a crise do atual governo alemão. Porém outros fatores também demonstram isso. Como se sabe, o governo de Merkel é sustentado por uma grande coalizão de partidos. Entre eles os Sociais-Democratas, que também perderam mais 10% dos votos em relação às eleições passadas, ficando em segundo por pouco, já que o Partido Verde conseguiu mais de 17% dos votos. O estado de Hessen é um importante estado do país. É o estado que tem como principal cidade Frankfurt. A queda dos dois principais partidos da burguesia alemã em uma província como esta indica que a situação

pode ficar feia para o atual regime. Lembrando que nas eleições da Bavária, onde fica Munique, o resultado foi ainda pior para o regime, os sociais-democratas ficaram em quarto lugar, em baixo do Partido Verde e do partido da extrema-direita alemã, descendentes de Hitler, a AfD (Alternativa para a Alemanha). A Alternativa, por outro lado, cresceu ainda mais com estas eleições. O crescimento da extrema-direita está se tornando algo sintomático da crise capitalista na Alemanha. Um grupo denominado Reichsbürger (cidadãos do Reich) e Selbstverwalter (autoadministradores) tem chegado, juntos, a quase 20 mil apoiadores, segundo o Ministério do Interior que os espionam. Um número que já demonstra uma tendência para uma política ainda mais fascista que da AfD, que já absurdamente reacionária. São grupos monarquistas, que defendem casas imperiais germânicas, e acreditam que o atual Estado alemão é um fantoche do interesse dos “aliados”, referindo-se à aliança militar da Segunda Guerra Mundial entre Esta-

dos-Unidos, Inglaterra e França. Estes grupos de extrema-direita tem crescido na Alemanha, em tem atuado violentamente no sentido de atacar imigrantes, fazer atentados armados e outras coisas do tipo, como o setor mais radical dos bolsonaristas brasileiros. Esse crescimento fica expresso no crescimento da AfD no parlamento

Hessen, em que conseguiram mais de 13% de votos no estado, tendo agora representações em todos os 16 parlamentos da Alemanha, algo inédito para o partido de extrema-direita. De qualquer forma, fica expressa a crise do atual regime alemão. O governo Merkel está ameaçado de inclusive perder um grande aliado político, que é o partido Social-Democrata.

REINO UNIDO

Com governo de May em crise, repressão política aumenta

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governo de Theresa May está se aprofundando na crise e na impopularidade. O regime político britânico teve que jogar a cartada da festa da família real para ver se continha o descontentamento da população, casando um príncipe nazista com uma atriz negra americana. Enquanto isso a popularidade de Jeremy Corbyn aumenta. O líder do Labour Party (partido do trabalho) e da oposição parlamentar inglesa compõe a ala esquerda do partido e tem fortes ligações com os sindicatos ingleses. A crise inglesa é expressa através das manifestações violentas da extrema-direita. Em 2016 uma parlamentar inglesa do Labour Party, Jo Cox foi baleada e esfaqueada por um membro da National Alliance. A NA é um grupo neo-nazista baseado nos Estados Unidos fundado em 1974 por William Luther Pierce em Hillsboro na West Virginia. O grupo foi banido da Inglaterra após o assassinato da parlamentar. Sob alegações de que a extrema-direita se tornou um perigo incontrolável para o Reino Unido, a liderança das investigações desses grupos passou a ser do serviço do MI5, serviço de inteligência de segurança interna e contra espionagem. Embora as investigações agora tenham mudado de órgão, as intervenções ainda serão feitas pela polícia. O serviço de espionagem interna é responsável por monitorar os grupos islâmicos e os militantes separatistas do país, como grupos da Irlanda do Norte, o aparato investigativo que dispõem é quase ilimitado.

Essa ação deve ser entendido como uma iniciativa para abrir precedentes e começar a espionar a esquerda de maneira sistemática, da mesma maneira que a caça as “Fake News” aqui no Brasil usuo MBL como boi de piranha, mas na prática foi uma importante ferramenta para censurar a esquerda durante as eleições. O parlamento inglês é composto por duas casas, a Câmara dos Comuns ou câmara baixa, e a Câmara dos Lordes ou câmara alta, e o monarca. A câmara baixa é a mais forte politicamente das duas, e o Líder da Oposição, membro escolhido pelo partido que compõe ao Oposição Oficial, fração do parlamento liderada pelo segundo partido com maior número de assentos, é apontado como uma alternativa ao primeiro ministro para a rainha e seus conselheiros, cujo quais tem direito de veto. O atual Líder da Oposição é Corbyn, suas políticas contra o intervencionismo militar inglês, a austeridade, e pela renacionalização dos serviços públicos utilitários (eletricidade, gás, água, saneamento, comunicação e transporte) e das linhas de trem são uma ameaça para a política neo-liberal do imperialismo inglês. Os ataques de calúnia contra o líder do Labour Party aumentaram muito esse ano e sua popularidade vem aumentando muito, ao passo que a impopularidade de May também dispara. O medo que a burguesia tem de ter que engoli-lo como primeiro ministro é grande e ela não está disposta a isso. Por isso a decisão foi de aumentar o estado policialesco e a repressão política.

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INTERNACIONAL| 11

O BRASIL AMANHÃ

Depois de fraude eleitoral e um golpe, população foge de uma Honduras depauperada H

onduras está vivendo as consequências do golpe imperialista que derrubou Manuel Zelaya em 2009, abrindo espaço para a série de medidas golpistas que levou o pais à fome, à miséria e a ser um estado policial dos mais violentos existentes hoje. Desde o golpe, já houveram três eleições fraudadas das quais a esquerda, ingênua, participou sem denunciar a fraude. Nessa última eleição ocorrida em 2017, contudo, o povo saiu as ruas contra o resultado eleitoral. Em particular, a “Aliança de Oposição contra a Ditadura” foi um dos movimentos responsáveis pela organização da resistência que chamou a mobilização popular denunciando a ilegitimidade do resultado eleitoral que colocou o candidato do golpe Juan Orlando Hernández no poder em detrimento do esquerdista Salvador Nasralla. O pleito de Juan Orlando Hernández, o candidato do golpe, está sendo questionado nas ruas até hoje, fato que abriu uma crise no golpe, provando que a única medida efetiva de luta contra o golpe é a mobilização popular. Apesar da resistência popular, a situação de calamidade sofrida pela população após oito anos de golpe, com forte repressão aos movimentos sociais e a política de ataque sistemático aos seus direitos mais básicos, tornaram Honduras um forte pólo de repulsão, o que justifica as duas caravanas com mais de 10 mil hondurenhos arriscando suas vidas rumo a uma possível melhoria de vida nos Estados Unidos da América. A primeira das caravanas partiu de San Pedro Sula (Honduras), atravessando a fronteira com o México no dia 19 de outubro via rio Suchiate, cuja ponte havia sido fechada pelo Estado mexicano como tentativa de contenção dos migrantes. Como essa atitude não surtiu efeito, a ponte fronteiriça foi reaberta. A segunda saiu da cidade de Equipulas no dia 23 desse mês e também já atingiu solo mexicano e segue para a fronteira com os EUA. Os migrantes sofrem uma série de ameaças pelo caminho, como o risco do ataque dos Estados em que se en-

contram e as forças locais, como traficantes de órgãos, de drogas e outros. “Sabemos bem que este país não nos recebe como esperávamos e que podem nos devolver a Honduras. Também sabemos que há narcotraficantes que sequestram e matam os migrantes”, disse Juan Carlos Flores, 47 anos. “Mas vivemos com mais medo em nosso país, então seguimos adiante”, completou. Para piorar, o governo norte-americano, agente do golpe e da destruição de Honduras, ameaça o país de sanções econômicas, além de estarem movendo tropas com mais de mil homens para as fronteiras do país a fim de conter a entrada dos imigrantes a força. Isso coloca os migrantes hondurenhos entre a repressão norte-americana e a repressão hondurenha – a política nacional persecutória que mata camponeses, líderes indígenas, negros e membros de qualquer grupo que se opõe ao governo, contudo , torna “mais seguro” lançar-se a serie de perigos de uma caravana de migração ilegal que a permanência no próprio país. O golpe em Honduras é o modelo para os golpes latino-americanos Após 2009, foram implantados golpes da mesma linha no Paraguai (2011), na Argentina (2015) e no Brasil

(2016). Todos eles utilizam-se do fortalecimento dos órgãos não-eleitos do Estado, como da polícia, das Forças Armadas e do judiciário para darem base a sua ação. A partir disso, são derrubados os governos de estilo social-democrata, como o do Partido dos Trabalhadores (PT), no Brasil para ser implantado um novo governo golpista através de eleições fraudadas. Essa estrutura proporciona, finalmente, a implantação de medidas de miséria, perda de direitos trabalhistas, seguridade social e entrega dos recursos nacionais a partir do forte ataque a população, cujas organizações de luta são sistematicamente desmanteladas pelo violência. Dessa forma, pode-se entender que a atual situação de Honduras pode se reproduzir, mesmo que em parte, em solo brasileiro. Isso significa que a saída principal para conter a insatisfação popular decorrente da política econômica de “terra-arrasada” deve ser o recrudescimento sistemático do ataque as organizações de resistência populares através do equipamento das forças de repressão com supostas finalidades de “combate ao crime organizado” e “política de segurança nacional”. Com a vitória da fraude eleitoral anunciada na eleição de Jair Bolsonaro com supostos 55,1% dos votos, contra os minorados 44,9% para Fernando Haddad para a presi-

dência da república, consolida-se a mesma situação da eleição do conservador Hernández. Após a retirada da candidatura de Luis Inácio Lula da Silva em favor de Fernando Haddad, os golpistas tiveram sua vitória garantida, a vitória da fraude foi simples sem um grande líder de massas, como Lula, para expor as fortes incoerências entre realidade e resultado eleitoral. Como resultado, Bolsonaro está eleito com a mesma tarefa de Hernándes: ambos elegeram-se como candidatos oficiais oficiais do golpe, tendo como pauta principal a “segurança nacional” e a efetivação das medidas golpistas. Na situação de Honduras, isso levou presidente por em prática um verdadeiro estado policial de perseguição ao povo, mas com o “verniz democrático” dado pela fraude das eleições. Em 2017, contudo, com a denuncia da fraude eleitoral pela esquerda, o golpe hondurenho passou a ser questionado, abrindo-se uma crise no governo. No Brasil, a perseguição da esquerda por grupos fascistas já se iniciou e está na pauta de governo de Bolsonaro tornar esse fascismo “informal” uma política oficial de Estado – perseguir a esquerda como estratégica para conter a resistência ao avanço da pauta imperialista de forte ataque a população. Contra essas medidas, como na situação de Honduras, é preciso lutar nas ruas, abrindo uma crise no governo golpista, deslegitimando o resultado eleitoral e levando a derrocada das estruturas de dominação e repressão que sustentam o golpe. Para isso, é preciso construir uma forte organização popular nacional, formando comitês de luta contra o golpe e contra o fascismo em todo o Brasil, denunciando a fraude eleitoral que tirou Lula das eleições e que elegeu Bolsonaro e participando da 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e Contra o Fascismo que ocorrerá nos dias 8 e 9 de dezembro em São Paulo. Vamos levar as palavras de ordem Fora Bolsonaro e todos os Golpistas, Liberdade para Lula e todos os presos políticos!


Sábado musical

Couvert: R$ 10,00

Programação do mês, sempre às 19h 1º sábado: Aninha Batucada e Renato Dias, samba paulista da velha guarda e da nova geração 1º sábado: Renato Dias, samba paulista autoral e da velha guarda 2º sábado: Samba de Canto a Canto, projeto formado por integrantes da velha guarda e da ala musical da Vai Vai

3º sábado: Aninha Batucada, samba autoral e de compositores da nova geração paulista

4º sábado: grupo Sendero, música latino-americana Local: Rua Serranos, 90 - Saúde (próximo ao metrô)


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