QUARTA-FEIRA, 31 DE OUTUBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5447
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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BOLSONARO AFIRMA QUE “COM MOVIMENTO SOCIAL NÃO TEM CONVERSA”: MOBILIZAR DESDE JÁ CONTRA OS GOLPISTAS
Em entrevista concedida na noite da segundafeira, o presidente ilegítimo, eleito pelo golpe, voltou a reafirmar a sua sanha em perseguir os movimentos sociais: “Movimento social que invade propriedade não temos que conversar com ele. Tem que ser enquadrado na lei”.
Leia o Jornal Causa Operária Ediçao 1028
Abaixo a ditadura dos golpistas, mobilizar desde já contra Bolsonaro e a extrema-direita
Não é hora de se esconder, é preciso mobilizar nas ruas contra o regime golpista Abaixo a intervenção na Venezuela A eleição de Bolsonaro agravou muito o perigo do Brasil ser colocado como testa de ferro de uma guerra por procuração contra a Venezuela, cujo verdadeiro mandante é o imperialismo norte-americano.
39% é minoria O povo não votou em Bolsonaro em nenhum sentido. O candidato da direita não obteve a maior parte do eleitorado e não venceu entre os setores mais pobres da população.
Página 3
Golpe entregou 400 empresas ao imperialismo Página 4
OEA volta ao Brasil para validar a fraude no 2º turno das eleições Fiador do golpe, imperialismo diz que eleições são “limpas
Com as eleições fraudulentas que colocaram, por meio de diversas manobras, o político de extrema-direita, Jair Bolsonaro, no poder do Estado brasileiro, o golpe de Estado conseguiu uma coisa que ele queria desde o início: dar um ar de legalidade às arbitrariedades cometidas pela direita golpista e o imperialismo.
É preciso ampliar os comitês contra o golpe para derrotar Bolsonaro e os golpistas O resultado das fraudulentas eleições encerradas no último domingo, nas quais a vitória da direita só se tornou possível graças à condenação sem provas, prisão ilegal e cassação arbitrária do único candidato com apoio popular, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva;
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2 |OPINIÃO EDITORIAL
COLUNA
Abaixo a ditadura dos golpistas, mobilizar desde já contra Bolsonaro e a extrema-direita
C
om as eleições fraudulentas que colocaram, por meio de diversas manobras, o político de extrema-direita, Jair Bolsonaro, no poder do Estado brasileiro, o golpe de Estado conseguiu uma coisa que ele queria desde o início: dar um ar de legalidade às arbitrariedades cometidas pela direita golpista e o imperialismo. Logo inicialmente, a imprensa burguesa e os políticos defensores do golpe anunciavam que o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) acontecia dentro dos marcos da legalidade, sem desrespeitar nenhum princípio da constituição, apesar de até os dias de hoje, mais de dois anos depois do processo, não terem achado o crime por ela cometido para justificar o impeachment. Em seguida, toda perseguição política exercida pela operação Lava Jato, em que o caso do ex-presidente Lula é significativo, foi apresentada pelos golpistas como totalmente legal e de acordo com os princípios democráticos da jurisdição. Mas na verdade, o que se viu foi uma total quebra dos direitos individuais por meio da perseguição do aparato do estado burguês. Tiraram Lula das eleições, desrespeitando o direito do povo de escolher seu próprio candidato. Sem falar em todos os outros direitos democráticos que foram desrespeitados por aqueles que estão levando adiante o golpe e colocaram Bolsonaro, um elemento de extrema-direita, no poder. Agora, ao invés de estar denunciando a fraude, as agressões da extrema-direita, o golpe e alertando para o aumento da repressão e do aprofundamento dos ataques à população através do governo Bolsonaro, a grande maioria da esquerda está caindo no jogo dos golpistas, procurando uma aliança com eles. Políticos de esquerda que cresceram durante as eleições, como Guilherme Boulos e Fernando Haddad, já anunciaram que Bolsonaro é um governo legítimo, eleito pelo povo, e que portanto a única alternativa seria fazer uma “oposi-
ção” política, ao estilo parlamentar, dentro do espaço (quase inexistente) delimitado pelo regime golpista, e esperar mais 4 anos, até ganhar as eleições. Tudo isso, obviamente, com uma aliança com setores “democráticos” dos golpistas, como o PSB, o PDT, a REDE, o PSDB e tantos outros. Trata-se de uma política suicida, totalmente capituladora, que pode levar toda a esquerda para o buraco. Não existe mais “regime democrático”, os golpistas já passaram por cima de tudo isso. A extrema-direita está nas ruas agredindo, censurando e assassinando uma série de gente. E a única maneira de derrotar isso é a mobilização dos trabalhadores contra os golpistas.Isso ficou claro em todo o processo político. Não fossem as mobilizações contra a prisão de Lula, o metalúrgico teria sido preso já em 2016, quando Moro decretou sua condução coercitiva. Não fossem as mobilizações contra o impeachment, Dilma teria sofrido o golpe em 2015, e não em 2016. E todas essas vitórias dos golpistas só foram realizadas pois as lideranças da esquerda capitularam diante da direita, da mesma forma que estão capitulando neste momento, colocando a luta contra Bolsonaro nos marcos de uma suposta oposição parlamentar, e em aliança com setores da direita golpista. Agora, o momento é de aumentar a mobilização contra o golpe. Reorganizar os comitês de luta contra o golpe e unificar todo o movimento contra o golpe em torno de grandes atos nacionais pela Liberdade do Lula, contra Bolsonaro e todos os golpistas e denunciando a fraude eleitoral. Apenas entrando em total oposição à política dos golpistas será possível derrotar o golpe. Ou seja, a única maneira de derrotar a ditadura que está sendo estabelecida pelo regime golpista e de reconquistar os direitos democráticos da população é lutando efetivamente contra o golpe. Propostas de unificação com a direita e de “luta institucional” servem apenas para jogar areia nos olhos da população.
FRASE DO DIA
“Rui Costa Pimenta é o analista político que mais acertou previsões” Leonardo Attuch
39% é minoria Por Rafael Dantas
O
povo não votou em Bolsonaro em nenhum sentido. O candidato da direita não obteve a maior parte do eleitorado e não venceu entre os setores mais pobres da população. Além do fato de que o principal concorrente, o candidato favorito de longe do povo, o ex-presidente Lula ter sido impedido de concorrer, retirado no meio da corrida eleitoral, em um processo fraudulento – o povo foi privado da sua principal escolha – o povo não votou em Bolsonaro. Ele teve 39% dos votos possíveis, isto é, a diferença entre o eleitorado total e o que compareceu às urnas para votar em Fernando Haddad e os que votaram em nulo, branco ou se abstiveram. Mais de 60% do eleitorado rejeitou a candidatura de Bolsonaro. Não é possível dizer, portanto, que é a escolha da maioria. Em um quadro como esse está evidente o repúdio popular a uma candidatura anti-povo. É o candidato da burguesia e das classes médias que foram arrastadas pela mobilização e unidade da burguesia em torno do nome de Bolsonaro. De maneira nenhuma o povo foi arrastado pela candidatura de Bolsonaro. Seu voto é o voto da burguesia e da pequena burguesia unificadas. Seu resultado eleitoral é produto de uma fraude sem precedentes.
PAU NO COCO
O povo não votou em Bolsonaro embora a imprensa burguesa, o monopólio da opinião no País, diga insistentemente o contrário. O repúdio foi demonstrado nas urnas e fora delas. Será evidenciado em novas oportunidades, que não faltarão. É preciso transformar o repúdio em ação. À minoria que elegeu Bolsonaro com fraude e manipulação é preciso opor a maioria da população, o classe trabalhadora. É preciso unificar todos os setores que não aceitam a fraude eleitoral e lançar imediatamente uma ampla campanha pelo não reconhecimento do seu governo ilegítimo, pela sua derrubada e para que o povo organizado coloque abaixo o regime golpista. É preciso uma Assembleia Constituinte de verdade, para reorganizar o País sobre bases verdadeiramente democráticas, com a dissolução das PMs, o fim do monopólio capitalista da imprensa e dos meios de comunicação, o fim da ditadura dos juízes, do latifúndio, com salário, trabalho e terra garantidos para o povo pobre e trabalhador. Um primeiro passo nesta nova etapa é a II Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe, convocada pelo Partido da Causa Operária e pelos Comitês de Luta Contra o Golpe de todo o país para 8 e 9 de dezembro em S. Paulo. Fora, Bolsonaro!
OPINIÃOL| 3
CONTRA O GOLPE
É preciso ampliar os comitês contra o golpe para derrotar Bolsonaro e os golpistas O
resultado das fraudulentas eleições encerradas no último domingo, nas quais a vitória da direita só se tornou possível graças à condenação sem provas, prisão ilegal e cassação arbitrária do único candidato com apoio popular, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; impôs o resultado, parcialmente desejado pelos donos do golpe: a eleição de um candidato súdito do imperialismo e do grande capital “nacional” que busque impor o aprofundamento dos planos de ataque ao povo brasileiro (maiores cortes nos gastos públicos, apresentados como “redução déficit”; privatizações, fim das aposentadorias para a imensa maioria dos trabalhadores; eliminação de direitos dos trabalhadores etc.) e uma maior destruição da economia nacional em favor dos grandes monopólios internacionais. O resultados das eleições por eles fabricado e apresentado, mesmo com toda manipulação e fraude, mostrou que essa política não tem, é claro, o apoio da maioria do povo brasileiro. Ainda que a direção da esquerda tenha capitulado, inúmeras vezes, nesse processo, começando com a desistência da candidatura de Lula, diante das decisões legais do judiciário golpista e das ameaças de golpe de militar, dos chefes militares que apoiaram o golpe de estado que derrubou a presidenta Dilma Rousseff, assumiram o controle das principais postos do governo Temer e até do judiciário (onde nomearam um general, ex-comandante do Estado Maior das Forças Armadas, para assessor espe-
cial da presidência do STF), a direita obteve menos de 40% de apoio eleitoral, ou seja, mais de 60% dos eleitores não votaram na chapa do golpe militar, Bolsonaro-Mourão. Após as eleições, ficou ainda mais evidente o caráter artificial e minoritário do apoio à direita. Sua eleição foi comemorada apenas por uma pequena parcela de setores desiludidos da classe média e burguesia e setores muito minoritários iludidos pelas manobras eleitorais e falsificações realizada pela direita no processo eleitoral. A “festa’ da direita se limitou aos
tradicionais locais de concentração dos covinhas, como a Av. Paulista, a Barra da Tijuca e Copacabana (no Rio), a praia da Boa Viagem (Recife) etc. No dia seguinte, ao da proclamação dos resultados, organizações direitistas convocaram manifestações de apoio a Bolsonaro e algumas das principais universidades do País: a USP e a UNB. reuniram meias dúzia de “militontos” que foram colocados para correr por centenas de estudantes que gritavam “fora Bolsonaro”. Eles só tem “força”, no jogo sujo e controlado das eleições e nas ações
covarde que realizaram contra mulheres, homossexuais, negros e lideranças populares que atacaram de forma covarde. Quando os explorados se organizam e se juntam, eles correm. Eles vão buscar impor seus planos contra o povo, por todos os meios. Vão se submeter ainda mais ao imperialismo. Se preciso, intensificarão a ditadura que já impuseram desde a o golpe de estado, em 2016, incluindo, a possibilidade concreta de um golpe militar. A situação também comprovou à exaustão que o caminho para derrotar Bolsonaro e todos os golpistas, não é o do conciliação com setores que apoiaram o golpe e ajudaram – dia fato – a eleger a chapa do golpe militar; tampouco há saída por dentro das instituições do regime golpista, como o judiciário e o legislativo. Esse, a partir de 2019, terá uma composição ainda mais reacionária, com dezenas de militantes e integrantes dos órgãos de repressão e consorciados, eleitos nas eleições fraudulentas nessas que foram as eleições mais fraudulentas das últimas décadas. A única alternativa real para enfrentar essa situação é organização e mobilização independente dos explorados e de suas organizações. Para impulsionar essa mobilização é fundamental ampliar o número e a atividade dos comitês de luta contra o golpe, pela liberdade de Lula. É preciso reunir todos esses comitês e unificar a atividade da esquerda que lutou e quer contra o golpe, para levantar a mobilização de todas as organizações de luta dos trabalhadores e da juventude, da cidade e do campo, para derrotar, nas ruas, como os métodos próprios de luta dos explorados, o golpe de Estado.
TODOS ÀS RUAS
Não é hora de se esconder, é preciso mobilizar nas ruas contra o regime golpista B
olsonaro, fascista, golpista, adorador de Brilhante Ustra (chefe dos torturadores da época da ditadura militar no Brasil dos anos 60 e 70) ganhou as eleições fraudadas para presidente da República em 2018. Diante do resultado, dirigentes das organizações políticas da esquerda pequeno burguesa, a começar pela direção do PT, estão assustados com a possibilidade da volta dos anos de chumbo, da ditadura militar, da perseguição aos militantes de esquerda, da prisão e a tortura aos que lutam contra a direita. O medo é baseado em uma realidade, mas a orientação de que os militantes se escondam, não se exponham diante do avanço do golpe em um estado de exceção, não é baesado em uma análise realista, mas em uma análise capituladora, que só pode levar ao aprofundamento da reação, do avanço do golpismo e da destruição da esquerda.
Nesse momento, o golpe conseguiu uma vitória parcial, que partiu do fato de tirar Lula da eleição e impor uma derrota eleitoral ao PT, maior partido da esquerda da América Latina. No entanto, o candidato eleito, Jair Bolsonaro, não era o candidato dos golpistas que deveria ganhar. Ficou evidente, no entanto, que os golpistas não tem apoio popular. Mesmo nos resultados fraudulentos por eles produzidos e divulgados, o candidato golpista eleito teve menos de 40% de apoio do eleitorado. Mais de 60% dos eleitores não votaram em Bolsonaro. Bolsonaro é um remendo dos golpistas para manter o controle político do regime, e por a própria burguesia entende que ele terá que ser vigiado 24 horas para não colocar o País em uma situação de amor polarização política e de descontrole geral. Por isso as organizações de esquerda devem mobilizar o povo para as rua, lutando por
suas reivindicações, buscando explorar as contradições e divisão dos golpistas, que podem levar ao aprofundamento das contradições do golpe. É um erro político orientar os ativistas a se esconder e adotar uma política de colaboração e capitulação diante da ameaça fascista. As mobilizações podem intimidar os golpistas, a covardia e a submissão na luta que se apresenta no Brasil, da esquerda contra a direita pode levar a um maior recrudescimento da direita golpista, que está nesse momento sob a direção dos militares. O Brasil é um país em que a classe operária, a única capaz de derrotar o golpismo e o fascismo, está bem organizada, possui a maior central sindical da América Latina (CUT), alem de importantes movimentos populares, como a CMP (Central de Movimentos Populares), e de luta dos explorados do campo e da cidade, como o MST, o MTST etc.
É preciso ir para o enfrentamento, e não se esconder. A força dos movimentos de luta dos explorados no Brasil é muito maior, e bem mais forte que o artificialismo da política da direita. Fugir, se esconder, não enfrentar a direita nesse momento em que ela, apesar a vitória eleitoral, está em crise, é facilitar para que a direita se posicione melhor no cenário político e na sequência esmague a esquerda. É preciso ir para as ruas, organizar os militantes que lutaram contra o golpe desde o início que continuem lutando. A orientação da direção do partido de afastar a militância da luta, de não reconhecer as eleições como legítima, só fortalecerá os golpistas.
4| NACIONAL
PRESIDENTE ILEGÍTIMO
Bolsonaro afirma que “com movimento social não tem conversa”: mobilizar desde já contra os golpistas E
m entrevista concedida na noite da segunda-feira, o presidente ilegítimo, eleito pelo golpe, voltou a reafirmar a sua sanha em perseguir os movimentos sociais: “Movimento social que invade propriedade não temos que conversar com ele. Tem que ser enquadrado na lei”. Para Bolsonaro, como para toda a burguesia, a luta pela terra não é uma necessidade, não é resultado da profunda concentração de terras nas mãos de latifundiários, na entrega de recursos públicos para financiar os grandes produtores rurais que destinam suas produções para o mercado internacional ou ainda a escandalosa falta de moradia nas cidades para a população de baixa renda, mas se resume a “motivos ideológicos”. Bolsonaro voltou a afirmar que vai tipificar ações do MST e MTST como terrorismo, que a propriedade privada é sagrada. “Quando você vê o pessoal do MST invadindo propriedades, depredando, matando animais, tocando fogo em prédio, você fica indignado com isso. Temos que ter uma relação bastante dura, para que esses que vivem fora de lei sejam enquadrados. Muitas vezes os proprietários entram com ação judicial de reintegração de posse, ganha na Justiça, mas os governadores não cumprem a
ordem por questões ideológicas. Toda ação do MST e do MTST devem ser tipificadas como terrorismo. A propriedade privada é sagrada”. A política de perseguição aos movimentos sociais em um primeiro momento, mas também aos sindicatos, partidos de esquerda e todos os movimentos que se oponham à política de massacre que o imperialismo e o grande capital nacional preparam para o Brasil não é o resultado da “vitória” eleitoral do candidato da extrema-direita, mas do golpe de Estado que promoveu o impeachment da presidenta Dilma, a prisão e perseguição ao Lula e que garantiu, também, a vitória eleitoral de um candidato golpista. Nesse sentido, a direita se prepara para dar mais um passo no aprofundamento do golpe com a criminalização dos movimentos sociais. Quem está por trás dessa política são as Forças Armadas, mas precisamente o Exército, que já controla o Executivo, o Judiciário, ocupa militarmente o Estado do Rio de Janeiro e com o Decreto 9527/2018, publicado no Diário Oficial em 16 de outubro, que institui a “Força-Tarefa de Inteligência para o enfrentamento ao crime organizado no Brasil”, dá mais um passo em criar uma base institucional para uma intervenção militar ampla.
As organizações dos trabalhadores devem ter em mente que golpe deu um passo adiante com as eleições. Além do governo federal, houve um avanço de setores muito direitistas tanto no Congresso Nacional como nos governos estaduais. Tem o caso, por exemplo, de Goiás, que tem como governador eleito Ronaldo Caiado o criador da UDR, braço armado dos latifundiários no campo. O que o movimento operário e popular deve ter presente é que não há tempo para tréguas. Os estudantes já deram várias demonstrações de como os fascistas devem ser tratados. O fundamental na etapa política que se abre é a mobilização imediata, nas
ruas, a constituição de comitês de autodefesa, para enfrentar Bolsonaro e o seu governo e todos os golpistas. Não adianta correr para a Justiça, para o Congresso bolsonarista. Não adianta correr para os braços da direita, que está toda com Bolsonaro e a burguesia. Não adianta acreditar nos “democratas” golpistas que derrubaram a Dilma e fizeram campanha pela condenação e prisão de Lula. Só a organização independente das massas populares poderá derrotar Bolsonaro. Bolsonaro disse que “com movimento social não tem conversa”. A esquerda e o povo tem que falar a mesma coisa: “com a direita e Bolsonaro, não tem conversa!”
MUSSOLINE DE MARINGÁ
Sérgio Moro no STF? Lava Jato é de extrema-direita
S
e durante o golpe de Estado existiu alguém odiado e denunciado pelo povo trabalhador, esse alguém é Sérgio Moro. O juiz do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) foi o responsável de levar adiante as prisões da operação golpista Lava Jato, tendo ordenado a prisão de José Dirceu e Luiz Inácio Lula da Silva, para citar os dois mais importantes casos. Agente do imperialismo, Sérgio Moro, ou “Mussolini de Maringá”, como ficou conhecido, é um dos principais colaboradores do golpe de Estado no Brasil, defensor do impeachment fraudulento da presidenta Dilma Rousseff. Formado pelos yankees, foi aos Estados Unidos por diversas vezes, seja para orientações, seja para congratulações pelos serviços prestados no golpe brasileiro.
É por esta razão que Sérgio Moro está sendo cotado por Jair Bolsonaro, eleito de maneira fraudulenta no último dia 28, para compor a corte do
Supremo Tribunal Federal, ou mesmo ser o Ministro da Justiça, já a partir do primeiro dia de 2019, o que não passa de mais um benefício dado por servi-
ços prestados para o golpe de Estado. É para isso que servem as cadeiras do STF. A equipe de Jair Bolsonaro é tenebrosa. Cada nome anunciado causa calafrios na população, e o de Sérgio Moro não poderia ser diferente. Ele está sendo premiado por serviços prestados aos golpistas, já que de Constituição Federal (que o STF supostamente seria o defensor) Moro não entende absolutamente nada. Foi atuando contra a Lei que Moro levou adiante os planos dos golpistas, como, em especial, a prisão de Lula. O movimento de luta contra o golpe não deve aceitar os resultado fraudulentos das eleições encerradas no último domingo, e deve chamar a população a se organizar contra o golpe, contra a fraude eleitoral, e pela liberdade imediata de Lula, que está detido nas masmorras de Sérgio Moro.
ATIVIDADES PCO | 5
IMPRENSA BURGUESA
Golpistas pressionam PT para colaborar com Bolsonaro e acabar com a luta contra o golpe “O PT, como principal partido de oposição, terá de repensar sua atuação se quiser sobreviver à travessia do deserto. Um bom começo seria passar a atuar tendo como objetivo primordial ajudar o País, e não, como de hábito, atender apenas aos interesses do partido. Para os padrões petistas, isso seria uma revolução copernicana – e ajudaria a desarmar os espíritos, o que talvez seja a tarefa mais importante da classe política a partir de hoje.” (Estado de S. Paulo, na edição de 29/10/2018)
A
imprensa burguesa pressiona a esquerda desde sempre e ao PT praticamente desde que seus fundadores o pensaram pela primeira vez. E antes do PT, nunca deixaram de pressionar as lideranças partidárias para que se conformassem aos projetos dos donos dos jornais. A história da Republica do Brasil passa pelos editoriais dos jornais. O Partido dos Trabalhadores é alvo preferencial desde a abertura política, pois era o único partido com base social verdadeira quando de sua fundação. Mas o PDT, de Leonel Brizola sofreu também alguma pressão e resistência dos fabricantes da opinião publicada. Com curiosidade, um levantamento feito por Fernando Antônio Azevedo*, aponta que entre 1989 e 2014, nos jornais O Estado de S. Paulo, O Globo e a Folha de S. Paulo, cerca de 30% de todos os editorais desses jornais tinham como tema central o PT – a quase totalidade dos editorais tinha tom negativo. Não custa lembrar que desde 1987, quando Lula se apresenta como candidato potencial para a primeira eleição presidencial pós-regime militar, a imprensa atuou fortemente para apresentar um partido dividido e confuso, radical e de difícil trato. Foi nesse período que os jornais incitaram uma
parte do PT a fazer um ‘limpa’ e expulsar as tendências mais independentes e de silenciar os líderes mais rebeldes. Essa pressão nunca acabou e o Partido dos Trabalhadores parece que jamais entendeu o que estava em jogo. Então, não é de espantar que um jornal como O Estado de S. Paulo, ciente da posição que o PT inevitavelmente vai assumir nessa nova configuração do Golpe, com a extrema-direita no Executivo, mas com um Legislativo ainda disforme e cheio de parlamentares sem experiência e personagens com egos infladíssimos, dirija-se ao partido para ‘lembrá-lo’ de sua ‘responsabilidade’ e, mais uma vez, de sua ‘obrigação’ de fazer uma auto-critica, quem sabe transformar-se de vez num partido de direita. Do mesmo modo, personagens como Marcelo Rubens Paiva repetem a famigerada fórmula da autocritica ‘necessária’ e ‘fundamental’, decretando que “Aprenda, PT. O antipetismo o derrotou. Hora da autocrítica e pedido de desculpas.“. Pedido de desculpas? pelo quê? por existir? por ter um projeto (com o qual podemos não concordar, mas é um projeto fruto da tomada de decisão por um partido legitimado pelas urnas) próprio? porque não se conformava com o que desejavam os donos do Brasil? por combater a fome?
pelas políticas sociais? ou pelo ‘mensalão’ inventado por Roberto Jefferson? desculpas do Lula para Moro? de que afinal trata tal pedido de desculpas? Hoje também algumas matérias dão destaque a uma suposta indisposição de partidos de ‘esquerda’, como o PCdoB, PSB e PDT, de não aceitarem a liderança do PT em um virtual bloco de oposição ao desgoverno ilegitimo de Jair Bolsonaro. É mais pressão da imprensa chapa branca para levar o PT à direita, quem sabe para transformá-lo em um ‘colaborador’ de Bolsonaro, para que desista de qualquer plano de fazer uma oposição forte e irrenunciável ao fascismo que sombreia Bolsonaro e os que o sustentam. A pressão, conforme vemos delineado em um editoral da Folha de S. Paulo, para que, quem sabe, o Partido dos Trabalhadores apoie uma política econômica ‘necessária’, ‘austera’, contra os trabalhadores e contra o patrimônio nacional. Se seguir as formulas que a imprensa apresenta para a sobrevivência do PT, veremos o partido de Lula apoiar a reforma da previdência de Temer ou uma versão piorada dela, a entrega do resto da Petrobrás, um Banco Central independente, privatização generalizada, a abertura ampla para o capital estrangeiro, entre outras pérolas neoliberais. A estratégia é antiga: dividir para governar. Pressiona-se para evitar uma verdadeira Frente de Esquerda ou uma Frente Ampla, uma cisão entre partidos historicamente aliados, batendo sobre a ideia de que o PT só pensa em si próprio, que têm um ‘projeto de poder’, que ‘não abre mão da hegemonia’ etc. Depois, aposta-se numa divisão interna, insistindo nessa ladainha de “reconhecer os erros”, de se ter obrigação de ‘fazer a autocritica’. Foi nessa toada que o PSol nasceu e nela se sustenta um grupo petista com os pés no Sul do país.
Golpe destruiu a indústria nacional: Petrobrás vai fechar fábricas de fertilizantes A
Petrobrás, sob controle do golpista Ivan Monteiro, anunciou nesta terça-feira (30) que a “hibernação” das fábricas de fertilizantes localizadas em Sergipe (Fafen-SE) e na Bahia (Fafen-BA) serão mantidas até o dia 31 de janeiro do próximo ano. A paralisia da produção de fertilizantes pela Petrobrás se iniciou em março deste ano como suposta estratégia de contenção de prejuízos por parte desse setor da empresa. Essa medida, contudo, é tomada simultaneamente ao aumento da importação de fertilizantes em 17% no ano passado (2017) e em 26% até a metade deste ano (2018), como vem sendo avaliado com preocupação pelo diretor do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Celso Luís Rodrigues
Vegro. Isso prova a mesma tendência ao boicote da produção nacional das refinarias nacionais com a há uma facilitação a importação simultânea ao boicote a produção nacional. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) se declara frontalmente contrária às medidas da direção da empresa, fazendo associação entre o interesse das empresas YARA da Noruega e a ACRON da Rússia pelas produtoras de fertilizantes nacionais, com o processamento sucessivo de boicote à empresa e enfraquecimento da mesma frente ao mercado internacional fertilizantes. A FUP deixa claro, ainda, o repúdio a política entreguista que vem sendo levada em relação a todas as áreas de produção da Petrobras, fato que ataca diretamente setores estra-
tégicos fundamentais para a soberania nacional. É preciso deixar claro que, em consonância com a análise da FUP, essas medidas da diretoria golpista da Petrobrás tem a finalidade de destruir essa empresa-chave para a economia brasileira, seguindo a pauta geral do golpe imperialista no Brasil. O governo de Jair Bolsonaro, candidato oficial do golpe, deve seguir a mesma linha de ataque a economia nacional, fortalecendo a luta contra as indústrias nacionais, aprofundando o processo de desindustrialização nacional já corrente. O golpe já entregou quase a totalidade do pré-sal ao imperialismo da Chevron e Shell, entregou parte da Eletrobrás à preços irrisórios e ameaça privatizar grandes reservas de águas como o Aquífero Guarani.
O que se deseja, se não for possível destruir o partido, é retirar-lhe força, é levá-lo a fazer uma ‘oposição moderada’, ‘democrática’, ou seja, a ser uma espécie de caricatura de si mesmo. E há, dentro do partido, quem pense assim. Não vamos esquecer que personagens como o senador pernambucano Humberto Costa indicavam a necessidade de se ‘virar a página do Golpe’, abandonando a luta contra o golpe e afastando-se da ex-presidenta Dilma Rousseff. Outra ala pretende resistir e até mesmo há quem fale em um novo impeachment, reproduzindo as estratégias dos golpistas contra Dilma. Que caminho vai tomar o Partido dos Trabalhadores? teremos que acompanhar com atenção e fazer uma pressão invertida, com os comitês de luta contra o golpe, com os movimentos sociais, com os que se engajaram na resistência ao golpe e veem claramente que o caminho para derrotá-lo é outro, é o de reafirmar a ilegitimidade de Bolsonaro e dessas eleições, é apostar na realização do Congresso do Povo, preparando uma resistência que ultrapassa a atividade partidária e parlamentar, é assegurar uma base social, a mesma que levaria Lula de volta ao Palácio do Planalto se não tivessem fraudado as eleições do golpe. Caso essa pressão da burguesia tenha resultado, haveria um deslocamento de todo o regime ainda mais para a direita, pois ela visa justamente evitar uma resistência real ao desgoverno de extrema-direita. Isso seria um desastre completo para os trabalhadores, tendo em vista o que já se anunciou no horizonte. Os ataques serão mais violentos e cruéis do que os que já foram desferidos pelo desgoverno golpista de Michel Temer. Cabe ao ativismo classista atuar para desarmar a bomba e fazer pressão contrária aos interesses da burguesia e do imperialismo. Isso permite a recapitalização dessas empresas monopolistas, contendo a profunda crise internacional já anunciada na semana passada pelas quedas sucessivas da Bolsa de Nova York. O povo brasileiro, não deve aceitar esse assalto nacional. A entrega sistemática dos setores estratégicos deixa o País, cada vez mais, à mercê dos desmandos do imperialismo internacional. Por isso, é preciso lutar contra o processo de destruição da economia nacional levado pelos golpistas e isso significa lutar contra o golpe, contra Bolsonaro e todos os golpistas e lutar Pela Liberdade de Lula. É preciso formar comitês de Luta Contra o Golpe e contra o Fascismo em todo o Brasil com a finalidade de organizar a luta e colocá-la nas ruas. Para unificar a luta em todo o País é fundamental a participação de todos os comitês na 2a Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e Contra o Fascismo que ocorrerá nos dias 8 e 9 de dezembro em São Paulo.
6 |MOVIMENTOS
SUCATEAMENTO
Caos na dependência que absorveu serviço de uma agência do BRB que foi fechada
A
política de reestruturação no Banco Regional de Brasília, realizada pelo governo golpista do Rodrigo
Rollemberg (PSB) e seus prepostos na direção da empresa, só vem piorando a situação dos trabalhadores e clientes.
CORREIOS
COXÃO E COXINHA
Trabalhadores do CDD Corumbá (MS) entram em greve por melhores condições de trabalho O s trabalhadores dos Correios do CDD Corumbá, no Estado do Mato Grosso do Sul, entraram em greve por tempo indeterminado, a partir do dia 30 de outubro de 2018. Os trabalhadores dos Correios do Mato Grosso do Sul estão se levantando contra o sucateamento da ECT (Empresa Brasileira de Correios de Telégrafos), que estabeleceu a entrega esporádica das cartas através do DDA (Distribuição Domiciliar Alternada). Os golpistas, para facilitar a entrega dos Correios para os grandes capitalistas, estão deixando de entregar as
Em Brasília, com o fechamento da agência localizada no Setor de Diversão Sul, as contas dos clientes foram transferidas para uma outra agência no Shopping do Conjunto Nacional ocasionando um verdadeiro caos. A agência passou ter o dobro de clientes, logicamente, dobrando a quantidade de serviço, sem aumentar o efetivo de funcionários. Agora um funcionário está sendo obrigado a executar o serviço de três ou mais bancários. Um verdadeiro absurdo. Não para de chover reclamações dos clientes em relação ao mal atendimento prestado naquela agência, como foi o caso de um deles orientando os demais: “fujam desse banco. Esse banco não tem respeito nenhum com o cliente”. Há, por parte da direita golpista, uma política deliberada em sucatear
cartas e correspondências da população brasileira, para que o povo brasileiro fique a favor da privatização, já que os Correios não estão entregando suas cartas. Os trabalhadores dos Correios CDD Corumbá também estão reivindicando que os Correios coloque mais veículos para que as cartas e correspondências sejam entregues. Os trabalhadores dos Correios do MS, como os demais trabalhadores do país precisam criar comitês de luta contra o golpe para evitar a destruição da empresa pública.
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o banco com o objetivo de manipular a “opinião pública” contra o banco, que é um patrimônio da população de Brasília. Em consequência do golpe aumentou a ofensiva da direita contra os trabalhadores e de toda a população em geral. Por trás dessa ofensiva está, além de eliminar com os direitos e conquistas dos trabalhadores, entregar todo o patrimônio do povo brasileiro nas mãos dos banqueiros e capitalistas, nacionais e internacionais, tais como os bancos estaduais, Petrobras, Eletrobrás, Embraer, Caixa Econômica, Banco do Brasil, etc. Essa ofensiva somente poderá ser barrada por meio de uma combativa mobilização unitária dos bancários e de todos os trabalhadores contra o golpe, que hoje se expressa na palavra de ordem: Fora Bolsonaro e Todos os Golpistas, eleitos, recentemente, em um processo eleitoral totalmente fraudado e manipulado.
MOVIMENTOS| 7
MOBILIZAR CONTRA OS FASCISTAS
Atos nas universidades foram só o começo, é preciso formar comitês para combater a extrema-direita O
s bolsonaristas e figuras rastejantes do MBL estão festejando a vitória espúria do capitão. Convocaram atos para provocar os estudantes nas universidade que acabaram se revelando um tremendo fiasco. Além do número ínfimo de estudantes que compareceram para apoiar Bolsonaro, as respostas do outro lado foram infinitamente mais numerosas. Assim aconteceu na USP (Universidade de São Paulo) e na Universidade de Brasília (UnB). Os movimentos de estudantes antifascistas estão crescendo e mostrando-se cada vez mais ativos e contestadores. O modus operandi é o correto: responder a direita em alto em bom som, quando esta convocar atos, convocar atos maiores em resposta;
quando atacar um grupo de pessoas responder a altura; criar comitês de autodefesa e de luta contra o golpe e o fascismo; fazer bandeiras e cartazes para mostrar presença, é assim que se derrota os fascistas, mostrando que a esquerda é mais numerosa e mais organizada. Essas atitudes deve se espalhar em todas as universidades sobre tudo após a ameaça dos golpistas de por fim na gratuidade do ensino superior. Os estudantes devem mobilizar um amplo movimento contra Bolsonaro contestar as eleições. Não podemos deixá-lo sequer assumir o governo. Nada de frente única com a direita, já somos a maioria e somos os únicos com autoridade para apresentar uma alternativa.
ATAQUE
PARÁ
Com vitória fraudulenta de Polícia Militar racista mata oito Bolsonaro: extrema-direita racista em Belém (PA) fica assanhada para atacar bolsistas
N
C
om a eleição fraudada de Jair Bolsonaro, os seus seguidores estão assanhados e atacando os bolsistas da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) que têm sido alvos de pichações e postagens preconceituosas. Já no primeiro turno das eleições, uma estudante do curso de Direito, que tem bolsa do Prouni (Programa Universidade Para Todos) estava sendo perseguida na instituição. Os bolsonaristas tem feito suásticas nos banheiros do campus: uma frase dizendo “2019 UMC sem bolsista comunista” foi escrita em uma porta de
um curso de humanas. Esses são os planos da burguesia de da extrema-direita, querem dizimar o povo pobre e negro do país. Terminar com as bolsas e os incentivos para as camadas baixas da população. Somente a organização dos estudantes nas universidades vai intimidar e banir essa escória das universidades, pois além das bolsas temos que estatizar o ensino. É preciso criar comitês de luta contra o golpe e de auto-defesa em todas as universidades para derrotar a direita e esse governo ilegítimo. Fora Bolsonaro!
Toda segunda-feira às 19h
a última segunda-feira (29), fora registrada uma brutal chacina em Belém, que contabilizou oito pessoas assassinadas pela PM racista do estado do Pará. Essa característica lhe é atribuída justamente pelo fato de que o ocorrido contextualizar o que o órgão de repressão representa: a máquina de matar contra o povo pobre e trabalhador. Ao total foram 11 pessoas atingidas pelos disparos, onde cinco foram mortas no próprio local e as outras três a caminho do hospital. É fato que, após a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro sob o golpe de Estado, os ataques dos fascistas contra o povo nas ruas se acentuou e com o aparelho repressor do Estado burguês não será diferente. Neste momento, como a PM, demais órgãos repressores sentirão plena liberdade para reprimir ainda mais a população de conjunto. Esta é a realidade já vivida pela população pobre do país, a exemplo disso estão aqueles que residem em locais assim como no que ocorreu a recente chacina, onde a maioria da
população pobre é composta por negros -alvo principal da PM assassina. Contra o avanço da repressão chancelada pelo regime golpista, é preciso ter uma pronta resposta. Todas as organizações dos trabalhadores e movimentos sociais de conjunto estão ameaçadas, logo serão duramente atacadas. Por isso, a organização e mobilização desses setores é de extrema importância para garantir o enfrentamento direto e organizado contra a direita golpista. É preciso se articular por meio dos comitês de luta contra o golpe e autodefesa. O movimento de luta do povo negro deve estar organizado nos comitês junto a mobilização popular geral que deve ser desenvolvida no momento seguinte, somente com uma política dentro desse contexto será verdadeiramente efetiva a derrota da extrema-direita e a expulsão dos fascistas das ruas, que é um espaço de luta dos trabalhadores e não deve ser ocupado por aqueles que os massacram.
8 | MOVIMENTOS
CONFERÊNCIA ABERTA
2ª Conferência contra o golpe discutirá como combater a direita C
om a vitória de Jair Bolsonaro nas eleições fraudulentas desse último domingo (28), a extrema-direita usa o poder para ficar cada vez mais ofensiva, mostrando-se necessárioa organização da esquerda para derrotá-la. É nesse sentido, que a 2° Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo será um evento de extrema importantancia. Os ataques provocados pelos bolsonaristas à classe trabalhadora vêm aumentando exponencialmente. No fim de semana das eleições, aconteceram vários casos como o do filho de uma liderança sindical assassinado a tiros durante uma manifestação pró-Haddad em Fortaleza, a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL) que abriu um canal de denúncias para fiscalizar os professores de
esquerda, o ataque ao acampamento Marisa Leticia, etc. Houve também diversos ataques violentos vindo da PM fascista que atirou balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio na população contrária a Bolsonaro na frente do MASP em SP, agrediu uma jovem de 19 anos no Rio Vermelho (Bahia) deixando-a toda ensanguentada, entre vários outros casos de massacre ao povo. Essas investidas se dão de forma covarde, contra pessoas e grupos isolados, uma vez que a direita não tem força para enfrentar a organização dos trabalhadores e dos estudantes quando esses realizam um ampla mobilização, como se viu em diversos atos nas universidades, nas ruas etc. É preciso construir e organizar comitês de luta contra o golpe, agrupando o maior grupo de pessoas nos
bairros, escolas, faculdades, locais de trabalhos, fábricas, etc., dispostas a lutar e se defender desses ataques brutais e convocá-las à participar da II Conferência Nacional de Luta contra o
Golpe e o fascismo. A atividade acontecerá nos dias 8 e 9 de dezembro, na capital de São Paulo e contará com diversas lideranças políticas e companheiros de todo o Brasil. Participe!
MINAS GERAIS
EFEITOS DO GOLPE
Se depender da Polícia, acusações de estupro de PM não serão apuradas
Mais de 325 mil vagas de trabalho foram fechadas em um ano
a noite último domingo (28), coincidentemente depois de divulgado o resultado das eleições fraudadas em que o fascista Jair Bolsonaro saiu vencedor, conforme Boletim de Ocorrência registrado, uma jovem de 18 anos teria sido coagida e estuprada por dois policiais do Batalhão de Policiamento de Guardas da Polícia Militar de Belo Horizonte/MG. Ela estava com seu namorado dentro do carro, quando os agentes resolveram abordar o casal de forma ríspida, questionando sobre eventual porte de arma ou de drogas. Ao perceberem que ambos não tinham nada, pediram para que os namorados dirigissem e acompanhassem a viatura até um local deserto. Chegando lá, retiraram o namorado do veículo e um dos policiais entrou no carro, com o intuito de ficar a sós com a garota. Em seguida, ele começou a acariciá-la e a lhe mostrar o pênis. Após o ocorrido, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência, mas o major Flávio Santiago, um dos representantes regionais da polícia, resolveu sair imediatamente em defesa da instituição, adiantando que, muito provavelmente, os policiais não serão afastados, pois eles não têm histórico de desvio de conduta. Segundo ele, “É preciso [ter] muito cautela e critério para que possamos investigar, sem apontar os dedos para os acusados. A instituição da Polícia Militar sempre trabalha com muita seriedade nesses casos. A PM é uma instituição séria e busca a transparência, quando há casos assim. Certo é que não podemos julgar as pessoas sem investigação”. Apesar das palavras polidas, nota-se, mais um vez, que a polícia atua como uma corporação blindada, que raramente investiga ou pune seus membros pelas ilegalidades come-
ssim como numa fábrica, o golpe – iniciado em 2016 com o impeachment de Dilma Rousseff – tem gerado subprodutos até chancelar seu produto final. Neste caso, o produto – mal-acabado – se cristaliza na eleição de seu “novo” mandatário, o filisteu Jair Bolsonaro (PSL). Como consequência dessa cruzada golpista, o mercado de trabalho no Brasil perdeu 327 mil vagas com carteira assinada em apenas um ano. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de postos de trabalho formais no setor privado apresentou uma retração de 1,0% no trimestre encerrado em setembro de 2018 ante o mesmo trimestre de 2017. O emprego sem carteira assinada no setor privado aumentou 5,5% em um ano, submetendo 601 mil trabalhadores a condições sem o mínimo de garantias legais – deixando-os sem o mínimo amparo do Estado. Todavia, o total de “empregadores” cresceu 4,3% ante o trimestre até setembro de 2017, contabilizando 184 mil pessoas que foram forçadas a criarem uma “empresa”, um CNPJ, para poderem
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tidas. No caso em questão, é nítido que foi praticado o crime de estupro, bastando um simples exame de corpo delito para comprová-lo, o que provavelmente não deve ter sido providenciado a tempo na delegacia. Com isto, percebe-se quão truculenta, violenta, desumana e destinada a exterminar o povo pobre e trabalhador que a polícia é. Com a onda de ataques da extrema-direita e a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro, seus agentes armados se sentem ainda mais autorizados a cometer todo tipo de abuso. A corporação não é controlada pela população e serve apenas como um braço opressor do Estado burguês, devendo ser exigida sua extinção. Por esta razão, reforça-se o chamado para que sejam construídos os comitês de luta contra o golpe e os comitês de autodefesa, buscando organizar amplamente o movimento feminino contra a extrema-direita, como parte do movimento popular de luta contra o golpe e o fascismo.
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continuar trabalhando, sem receber direitos trabalhistas. Já o trabalho por conta própria teve um acréscimo de 2,6% no período, concentrando 586 mil pessoas a mais. Ademais, a condição de trabalhador familiar auxiliar reduziu 1,9%, com 43 mil ocupados a menos. Quanto ao setor público houve uma geração de 242 mil vagas, representando um avanço de 2,1%. O trabalho doméstico também teve um aumento, com 82 mil indivíduos, representando um acréscimo de 1,3% de ocupados a mais nessa função. Dadas estas condições, torna-se cada vez mais evidente para que e a quem o golpe de Estado serve: impor “reformas” como a trabalhista, extinguir a CLT, precarizar o trabalho, privatizar e entregar de bandeja as empresas nacionais, terceiriza os postos de trabalho (aumentando a margem de lucro dos patrões e extinguindo-os de responsabilidades empregatícias); tudo isso para aumentar o lucro dos patrões através da superexploração da força de trabalho. Em suma, o golpe é um ataque frontal à classe trabalhadora, que a direita quer aprofundar com a eleição da chapa do golpe militar, Bolsonaro-Mourão.
CIDADES E ESPORTE | 9
É PRECISO COMBATER A EXTREMA-DIREITA
Bolsonaristas queimam escola indígena em Pernambuco N
o último dia 28, uma escola municipal e um posto de Saúde da Família foram incendiados no município de Jatobá, no interior de Pernambuco. As casas incendiadas pertencem à aldeia indígena Bem Querer de Baixo. A região onde aconteceu o incêndio é zona de permanente conflito entre os indígenas e os latifundiários. Segundo a própria comunidade local, jagunços e posseiros vêm ameaçando ataques aos indígenas desde que Bolsonaro foi eleito presidente. A ação selvagem da extrema-direita é consequência direta do aprofundamento do golpe de Estado. A burguesia que derrubou Dilma Rousseff para escravizar os trabalhadores tende a lançar mão cada vez mais da truculência para ser vitoriosa. A vitória parcial da direita, que consistiu em “legitimar”, com grande aju-
da da esquerda nacional, uma eleição completamente fraudulenta, tem levado os latifundiários a agirem com cada vez mais violência no campo. Já foram dezenas – ou talvez centenas – de assassinatos, encobertos por setores que levaram políticos como Ronaldo Caiado ao Governo do Estado. Os ataques da direita devem ser respondidos energicamente pelos trabalhadores. Seja no campo ou na cidade, onde houver intimidações e ataques de bandos fascistas, deve haver uma reação ainda maior por parte dos explorados. Para combater a direita, é necessário organizar comitês de luta contra o golpe e de autodefesa. Nos bairros, nos assentamentos, nas aldeias indígenas – onde a extrema-direita ameaçar a população, é necessário que esta esteja organizada para reagir.
ESPORTES
Ditadura da Conmebol atinge também os clubes argentinos na semifinal da Libertadores A
Conmebol está “democratizando” a ditadura que vem impondo aos clubes de futebol do continente. Depois de prejudicar abertamente dois clubes brasileiros (Santos e Cruzeiro) nas fases decisivas da Taça Libertadores, a entidade máxima do futebol sul-americano investe agora contra os dois clubes argentinos que disputam a vaga para a grande final da mais importante competição de clubes do continente americano. A entidade anunciou que nem Marcelo Gallardo, quanto Guillermo Barros Schelotto, poderão ficar no banco de reservas nas semifinais, nas partidas que os dois times do país vizinho realizarão contra Grêmio e Palmeiras. A decisão foi anunciada na noite de segunda-feira e causou revolta e protestos não só dos dirigentes dos clubes portenhos, como mereceu destaque na imprensa esportiva argentina.
A punição da entidade se deu em função do atraso dos times comandados pelos dois técnicos no retorno para o segundo tempo em partidas da competição. A punição imposta pela Conmebol impede também os técnicos de conversarem com seus jogadores e auxiliares. Também foram impostas multas aos treinadores. Um completo e total absurdo. A principal publicação esportiva do país, o jornal “Olé”, não poupou críticas à entidade. “Nos fizeram de bobos”, diz um artigo do diário argentino especializado em esportes (site ESPN, 30/10). A publicação também reclama de um “certo favorecimento” da entidade aos clubes brasileiros, se referindo especificamente à anulação do cartão vermelho aplicado ao zagueiro cruzeirense Dedé na primeira partida contra o Boca Juniors, quando o defensor brasileiro foi indevidamente expulso.
Sem desconhecer a rivalidade existente entre brasileiros e argentinos, em se tratando de esportes, o que fica claro é que a entidade que controla o futebol no continente sul-americano vem agindo cada vez mais com o tacão ditatorial contra
os clubes dos países que compõem a entidade. Os dirigentes da Conmebol assumiram o papel de “anões ditadores”, onde a postura da entidade é francamente contrária aos verdadeiros interesses do esporte mais popular do continente.
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10 | INTERNACIONAL
VENEZUELA
Abaixo a intervenção na Venezuela
A
eleição de Bolsonaro agravou muito o perigo do Brasil ser colocado como testa de ferro de uma guerra por procuração contra a Venezuela, cujo verdadeiro mandante é o imperialismo norte-americano. As constantes instabilidades das bolsas de valores do mundo inteiro demonstram que o capitalismo, que jamais se recuperou da crise de 2008, está à beira de uma crise absolutamente incontrolável, situação em que qualquer alta do preço do petróleo, por menor que seja, levaria o capitalismo ao abismo. Para piorar a situação, esta mesma crise gera uma necessidade urgente de crescimento econômico, e isto, por sua vez, tende a elevar o consumo de petróleo, reduzindo perigosamente a diferença entre a demanda e a capacidade de produção, que possivelmente chegará em breve aos níveis de 2007, época em que o barril custava quase 100 dólares a mais do que hoje. Necessidade de crescimento de um lado e cada vez maior vulnerabilidade a um aumento de preços por outro, torna vital para o capitalismo controlar o mercado de petróleo. Exatamente por isso, o imperialismo está confrontado com a necessidade urgente de reduzir a influência da OPEP e da Rússia sobre o preço do petróleo, já que estes poderosíssimos agentes econômicos não respondem, senão parcialmente, ao poderio dos EUA. E aí é que ganha maior importância a questão Venezuela. A Venezuela não só é dona da maior reserva de petróleo do mundo, como
também é integrante da OPEP. E um integrante tida pelo imperialismo como “rebelde”, já que muitas vezes tende a agir de forma independente, o que a coloca em rota de colisão direta com os interesses mais fundamentais do capitalismo. Diante desta situação, o imperialismo não dá trégua. Desde 1992, o imperialismo produz um golpe atrás do outro contra a Venezuela, fazendo de tudo para tomar das mãos do povo venezuelano qualquer possibilidade de administrar, de forma independente, a produção de sua principal riqueza. Depois de mais de vinte anos de tentativas frustradas de tomar o ouro negro do povo venezuelano, o golpe de 2016, no Brasil, e a sua formalização, através da eleição dos militares, representados por Bolsonaro, trazem aos EUA agora todas condições necessárias para invadir militarmente a Venezuela, através de uma guerra em que é o Brasil a sua linha de frente, “por procuração”, como se diz, em que somos nós que mandamos os nossos jovens morrerem neste campo de batalha movido pelos interesses impostos pelos monopólios norte-americanos. O imperialismo, acossado por suas urgências econômicas, não terá nenhum escrúpulo em jogar o nosso país em uma guerra desastrosa para o nosso povo e absolutamente devastadora para o povo venezuelano. O belicismo do Bolsonaro e a intensa campanha difamatória movida por toda a imprensa burguesa mundial contra a Venezuela, sedimentados
por uma classe média histérica e facilmente manipulada pela burguesia nacional, geram todos os elementos necessários para jogar o Brasil nesta aventura irresponsável. E não para por aí. Uma invasão à Venezuela ainda daria a chance para o governo militarizado do Bolsonaro de baixar uma lei marcial que seria o pretexto para buscar fechar completamente o regime e levar o Brasil a uma ditadura completa, o que aumentaria ainda mais o poder do imperialismo também sobre a produção de petróleo brasileiro, que, juntamente com o venezuelano, seria capaz de afastar por um longo tempo a possibilidade de uma crise da produção. Todo regime direitista e golpista costuma baixar uma medida de impacto pouco tempo após chegar ao poder. Seria esta a “medida de impacto” do futuro governo golpista? É evidente que o imperialismo está levando avante uma política cada vez
mais agressiva de intervenção sobre os países sul-americanos e que a invasão da Venezuela está nos planos. O que todo o povo brasileiro tem que entender é que esta invasão militar trará como consequência transformar a Venezuela na mais nova “Síria”, com milhões de mortos e refugiados, uma crise humanitária real e sem precedentes em nosso continente, e, além disto, terá consequências diretas sobre o povo brasileiro, jogando o nosso país em uma ditadura de características cada vez mais fascitas de destruição dos movimentos e partidos populares e de trabalhadores. A esquerda brasileira não pode deixar isto acontecer de jeito nenhum. Precisamos mobilizar imediatamente o nosso povo contra esta aventura imperialista, através de uma intensa campanha que denuncie estes planos e efetivamente impeça que os EUA façam com a América do Sul o mesmo que fizeram com o Oriente Médio, pagando petróleo com sangue.
31 DE OUTUBRO DE 1922
Benito Mussolini torna-se primeiro-ministro da Itália H
á exatos 96 anos, o principal líder do Partido Nacional Fascista da Itália, Benito Mussolini, torna-se primeiro ministro italiano. A Itália era governada pelo rei Vitor Emanuel III, este chama Mussolini a compor o governo após os fascistas organizarem a chamada Marcha sobre Roma, no dia 29 de outubro de 1922, uma passeata 50 mil camisas negras, apoiadores de Mussolini e do fascismo, que chegam até a capital italiana para pressionar o rei a abrir caminho para a extrema direita. A chegada de Mussolini ao cargo de primeiro-ministro é o início do golpe de Estado fascista na Itália. Golpe este que ocorre por dentro das instituições do governo e do estado italiano. Em 1924, por exemplo, são realizadas eleições para o parlamento italiano, as eleições são marcadas pela fraude e pela violência dos grupos fascistas contra a oposição, principalmente contra os partidos de esquerda. Por denunciar, por exemplo, a perseguição e a fraude eleitoral, uma das principais lideranças da esquerda italiana
na época, o político socialista Giacomo Mateotti, foi assassinado pelas milícias fascistas. A chegada de Mussolini ao poder na Itália é muito semelhante ao atual contexto brasileiro. Tal como na Itália da década de 1920, a extrema direita foi impulsionada e ganhou força por meio de um golpe de Estado. O golpe aqui ocorreu em 2016, com o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Nas passeatas de rua
favoráveis ao golpe contra Dilma, os principais setores eram compostos por elementos da extrema-direita, na época, tais grupos já levantavam a bandeira em defesa da intervenção militar e da perseguição à esquerda. De lá para cá, a extrema direita se fortaleceu por dentro do regime golpista, com a subida dos militares aos cargos do governo, a intervenção do exército em várias regiões do país, a
prisão de Lula, o recrudescimento das leis contra a população, etc. A consequência desse processo foi a “eleição” de um elemento representante deste setor, o ex-deputado Jair Bolsonaro, do PSL. Assim como na Itália de 1924, para conseguir consolidar a vitória da extrema-direita, os golpistas brasileiros utilizaram da fraude e da violência aberta contra a esquerda. Impedindo sua principal liderança de participar do pleito e agindo com o próprio aparato de repressão do estado para intimidar todos aqueles que saiam às ruas para se opor à candidatura golpista. Para que a história não se repita, é preciso organizar a população nos comitês de luta contra o golpe para reagir ao avanço da extrema direita. É preciso ter claro também que a fraude demonstra, por outro lado, que a extrema-direita não tem apoio popular. Nesse sentido, é necessário mobilizar as organizações de luta dos trabalhadores para derrotar nas ruas a extrema-direita, o fascismo e o golpe de Estado.
INTERNACIONAL| 11
ALEMANHA
Merkel não tem mais condição de continuar e chanceler não vai mais se candidatar em 2021 A
chanceler alemã Angela Merkel anunciou nessa segunda (29) que pretende permanecer no comando da Alemanha até 2021, mas deve deixar a presidência de seu partido, a Christlisch-Demokratische Union Deutschlands (CDU) [União Democrata-Cristã], a partir do final deste ano. A decisão foi anunciada após uma queda de 11 pontos percentuais na votação da coalizão liderada pela CDU nas eleições regionais de Hessel – região central da Alemanha. O revés vem na esteira de uma queda similar na votação da agremiação nas eleições regionais da Baviera há duas semanas. O anúncio é visto como uma estratégia para evitar a deposição de Merkel e viabilizar a nomeação de sua sucessora, a correligionária do CDU Annegret Kramp-Karrenbauer. Merkel é considerada uma centrista pragmática, que aplicou políticas de austeridade na União Europeia mas também que cedeu à esquerda nas crises migratórias iniciadas em 2015. Tal política oportunista – bem-sucedida desde o pós-guerra – levou à erosão de sua capacidade de agregação da direita, levando-a a buscar apoio no centenário Sozialdemokratische Partei Deutschlands (SPD) [Partido Social-Democrata da Alemanha]. Foi um movimento simultâneo ao ressurgimento do nazismo no país e de movimentos xenofóbicos e anti-islâmicos como o Patriotische Europäer gegen Islamisierung des Abendlandes (Pegida) [Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente]. À queda da direita tradicional representada pela CDU, não corresponde porém um ascenso da esquerda, nem mesmo do Partido Verde (aliado com a própria CDU em várias regiões), mas dos grupos de extrema-direita como a Alternative für Deutschland (AfD) [Alternativa para a Alemanha] – tradicionalistas e defensores de pautas anti-imigração e racistas. As democracias burguesas estão ruindo em todo o mundo. Nos países periféricos, como na América Latina, a ascensão da extrema-direita é implementada pelo imperialismo. Nos
países centrais, como a Alemanha ou os Estados Unidos, a ascensão da extrema-direita decorre da quebra da hegemonia liberal – hoje dominada capital financeiro – dentro do próprio imperialismo. É um sintoma da crise do capitalismo global, iniciada na década de 1970, e aprofundada desde 2008. As contradições produzidas por esse sistema – que sempre manteve um alto grau de intervenção em países do Oriente Médio, África, Ásia e Américas – vêm produzindo fluxos migratórios, queda de investimentos e precarização dos empregos dentro da própria Europa.
Por outro lado, se a classe trabalhadora europeia certamente vem se movendo à esquerda, tal polarização ainda não vem se refletindo com clareza em fortes movimentos político-partidários verdadeiramente populares e independentes da social-democracia burguesa – há muito apartada dos problemas fundamentais resultantes do desenvolvimento das forças produtivas. Nas causas de tal refluxo encontram-se não apenas os resquícios de bem-estar social que ainda garantem conquistas das lutas de décadas passadas que asseguraram melhores
condições de vida à população, mas também a forte dominação de valores típicos da esquerda pequeno-burguesa, como o identitarismo ou o ecologismo. Tais crises de liderança vêm retardando, por enquanto, o ressurgimento de uma esquerda verdadeiramente revolucionária na Europa de hoje. A construção de partidos operários e revolucionários, ou seja, a organização independente da classe operária em partidos próprios nesses países e em todo mundo, é uma tarefa central para a superação da crise atual de um ponto de vista progressivo, revolucionário.
12 | ATIVIDADES DO PCO
Universidade de Férias: aprenda sobre o fascismo e como combatêlo, com Rui Costa Pimenta
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m janeiro de 2019 realiza-se a 43ª edição da Universidade Férias do Partido da Causa Operaria e do Acampamento da Aliança da Juventude Revolucionaria, a AJR. O tema desta edição não poderia ser mais atual, dado o avanço da extrema direita em todo o mundo e a “vitória”, por meio do golpe e da fraude, do candidato fascista no Brasil, o ex-deputado do PSL, Jair Bolsonaro: “O Fascismo, o que é? e como combatê-lo?”. A Universidade de Férias do PCO se constituiu, ao longo destes mais de 20 anos no melhor curso de formação política e marxista da esquerda no País. Alem do estudo, a atividade também propicia um momento de lazer e contato entre companheiros de todas as regiões do Brasil e até convidados internacionais. O tema do curso desse ano, o qual será ministrado pelo companheiro Rui Costa Pimenta, é de extrema importância. A vitória do golpe nas eleições, está abalando as ilusões institucionais de vários setores da esquerda, que viam nas eleições e nas instituições do regime golpista um meio para derrotar o gole de estado. Fato é, no entanto, que os golpistas manipularam as eleições desde o começo, impediram, de maneira arbitrária a participação do ex-presidente Lula, tudo para garantir que um candidato vinculado aos interesses imperialistas ganhasse as eleições, dando um caráter legitimo ao golpe contra Dilma em 2014. A vitória da extrema-direita reforça a necessidade de se organizar e ampliar os comitês de luta contra o golpe, para impor por meio da força da luta popular a derrota do fascismo e de
todos os golpistas. Cada vez mais os companheiros da esquerda, trabalhadores, jovens, estudantes estão chegando a conclusão de que é preciso se organizar de maneira independente das instituições golpistas para enfrentar a direita golpista e fascista. Nesse sentido, o estudo da obra: “Fascismo: o que é, como combatê-lo?”, do revolucionário russo, León Trotsky, para fornecer as orientações e os instrumentos políticos necessários para que cada companheiro possa se organizar para impulsionar a formação dos comitês e a mobilização da classe operária e da juventude contra a direita. Não deixe de participar desta importante e fundamental atividade! Assista uma das aulas da última Universidade de Férias que ocorreu em Suzano (SP): https://youtu.be/3YxgwsbEsPM Assista também a Universidade de Férias sobre a crise do sistema capitalista: https://youtu.be/lsvjqdenbCE Para maiores informações e inscrições, entre em contato com a Secretaria de Organização e se inscreva já: (11) 98589-7537 (TIM) (11) 96388-6198 (Vivo) (11) 97077-2322 (Claro) (11) 93143-4534 (Oi)
Junte-se ao Réveillon do Partido da Causa Operária neste fim de ano
N
este final de ano como ocorre tradicionalmente, o Partido da Causa Operária (PCO) irá realizar um Réveillon, uma festa social que acolhe militantes contra o golpe, a esquerda e simpatizantes do partido, além dos próprios militantes. Os eventos sociais são uma forma de estabelecer e fortificar laços de convivência entre os militantes que diariamente lutam contra os golpistas e a repressão política. É
uma atividade importante que visa fortalecer essa organização operária na luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. Por isso, convide todos a participarem desta importante atividade, com eventos musicais, comidas, drinks e os militantes, simpatizantes e amigos do PCO, partido da luta contra o golpe. O PCO irá organizar essa atividade em todos os lugares onde o partido estiver organizado, não perca!
FILIE-SE AO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA E-mail: pco.sorg@gmail.com Telefone e whatsapp: TIM: (11) 98589-7537 Vivo: (11) 96388-6198 Claro: (11) 97077-2322 Oi: (11) 93143-4534 Skype: Partido da Causa Operária facebook.com/pco29 twitter.com/pco29 instagram.com/ diariocausaoperaria
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