Edição Diário Causa Operária nº5461

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QUARTA-FEIRA, 14 DE NOVEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5461

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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DEFINIR AS PRÓXIMAS TAREFAS: 10º CONGRESSO DO PCO REUNIRÁ DELEGADOS, OBSERVADORES E CONVIDADOS DE TODO PAÍS

O regime político criado à partir do pacto social expresso na constituição de 1988 está em pleno processo de desmoronamento. A crise política internacional do imperialismo não permite mais que os direitos conquistados pela luta política dos trabalhadores continuem vigentes. EDITORIAL

BOLSONARO COLOCA NO MINISTÉRIO DA DEFESA GENERAL QUE AJUDOU A PRENDER LULA E CONTROLAR O STF

Seis fatos que demonstram que os Bolsonaro é resultado da militares comandaram o golpe fraude eleitoral: não tem base Em entrevista recente à Folha de S.Paulo o Comandante social e nem apoio ideológico do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, buscou minimizar a participação militar no governo que está tomando o poder no País.

Nesta terça-feira, 13, o presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, indicou mais um dos homens responsáveis pela fraude nas eleições para o seu futuro ministério.

Leia o Jornal Causa Operária Ediçao 1030 Leia: Abaixo a “caça às bruxas nas escolas”

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Leia também: 10º Congresso do PCO As tarefas da nova etapa política

Um tucano no PSOL: Marcelo Freixo quer que Lula fique preso para fazer aliança com o PSDB


2 |OPINIÃO

UM TUCANO NO PSOL

EDITORIAL

Bolsonaro coloca no Ministério da Defesa general que ajudou a prender Lula e controlar o STF

N

esta terça-feira, 13, o presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, indicou mais um dos homens responsáveis pela fraude nas eleições para o seu futuro ministério. Depois de ter anunciado, na semana passada, o juiz Sérgio Moro, que condenou sem provas e mantém em prisão ilegal (por cima da Constituição) o ex-presidente Lula, para o ministério da Justiça; agora, Bolsonaro indicou o general Fernando Azevedo e Silva, ex-chefe do Estado Maior do Exército, que desde setembro, ocupava uma assessoria especial da presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), para integrar o Ministério da Defesa. Azevedo e Silva foi indicado para a “assessoria” do STF, como um verdadeiro tutor daquela Corte, logo em seguida os militares ameaçarem – por meio do ministro do Exército – com um golpe militar, primeiro, se o STF concedesse um habeas corpus para Lula e, depois, no caso de que sua candidatura não fosse cassada. Após a nomeação do seu assessor militar, o presidente do STF passou a dar declarações negando a existência da ditadura militar, afirmando que em 64 houve um “movimento”. Ontem, o ministro tutelado pelos militares declarou que a indicação de Azevedo é uma “uma excelente escolha”. Após a confirmação da indicação, emitiu Nota em que anunciou “muita alegria” ao ver “o

anúncio do nome do General Fernando Azevedo e Silva para Ministro de Estado da Defesa. Certamente sua larga experiência contribuirá para o fortalecimento da atuação das Forças Armadas, da segurança e da defesa no Brasil”. Ele será o segundo militar a ocupar o ministério criado no final da década de 90, no governo FHC, depois que o golpista Michel Temer, indicou para o cargo, acatando exigência dos militares, o general Joaquim Silva e Luna. Junto com o general Augusto Heleno, indicado para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e a própria chapa golpista do capitão Bolsonaro e seu vice general Mourão, a indicação do general Azevedo vai confirmando o controle dos militares sobre o Executivo, no momento em que também intensificam seu controle sobre o Judiciário e o Legislativo, para o qual elegeram dezenas de representantes, por meio das eleições mais fraudulentas das últimas décadas. De conjunto, vai ficando ainda mais evidente o caráter golpista do governo e a intervenção dos militares para fraudar as eleições, cujo governo aí gerado coloca em postos chaves os elementos diretamente responsáveis pela fraude, pela perseguição à esquerda e prisão de Lula que garantiram a vitória a um candidato minoritário da direita golpista.

Marcelo Freixo quer que Lula fique preso para fazer aliança com o PSDB

A

burguesia mostra-se realmente incansável em tentar sepultar de vez a luta contra o golpe que todos os dias dá novas pancadas no povo brasileiro. Depois de Ciro demonstrar toda a sua real natureza direitista e coronelista ao criticar mais o PT que o próprio fascismo do Bolsonaro, é a vez do tradicional cavalo de Tróia, direitista mal disfarçado do PSOL, o reacionário Marcelo Freixo, nos brindar com uma verdadeira receita de bolo para o fracasso total da esquerda combativa, da classe operária e explorados em geral no Brasil. Aconselha o falso esquerdista: fazer uma frente “democrática” e não “de esquerda”, dando as mãos aos golpistas do PSDB, para esquecer Lula na cadeia e partir para uma oposição de tipo parlamentar e setorial contra a “reforma da previdência ou as mudanças na carteira de trabalho”, por exemplo. O golpista do PSOL teve espaço na imprensa burguesa para formular um excelente resumo da política que, quando foi aplicada, trouxe como resultado inevitável as maiores derrotas ao povo brasileiro, principalmente as parcelas mais exploradas e massacradas pelo regime de superexploração que cada dia mais avança sobre nossas cabeças. Mas não contente em propagar a derrota certa do povo, Freixo aproveitou o ensejo para apresentar uma “autocrítica” completa da esquerda. A mesma que a burguesia não conseguiu arrancar de gente combativa como Gleisi, Dilma e Lula e que só tem mesmo cabimento em um infiltrado imperialista, como é este Freixo. O fato é que usar um esquerdista falsificado, um trambiqueiro que se veste com as cores da esquerda mas que na verdade é tão direitista como um Alckmin ou um Fernando Henrique, é uma das mais velhas táticas da burguesia para dividir os movimentos populares e operários. Foi exatamente desta forma que a CIA fomentou a chamada “nova esquerda” no fim dos anos 60, coptando intelectuais que tinham a fama de serem avançados e progressistas, para a estruturação de um pensamento aparentemente progressista, mas profundamente reacionário, onde se exclui o marxismo, a luta de classes e as lutas operárias, colocando-se no lugar propaganda de minorias, que de luta não tem nada, tudo de modo a tornar popular as tais “pautas identitárias” entre a pequena-burguesia, principalmente a universitária. O PSOL, como um dos maiores representantes desta esquerda falsa e deformada, é justamente o partido que mais afasta os setores populares da esquerda, impulsionando uma falsa imagem de que a esquerda priorizaria somente problemas relativos a costumes, ou uma gritaria histérica no que se refere às mulheres e negros, mas sem qualquer luta efetiva, como se viu no caso Marielle Franco. Todas estas lutas são colocadas fora da luta geral e real que acontece dia-a-dia entre exploradores e explo-

rados, que é o que realmente aflige a população, principalmente os operários e os mais pobres. A mal chamada pauta “identitária”, ironicamente, é justamente aquela que distorce a verdadeira identidade entre os explorados e a esquerda: a luta de classes. E hoje a luta de classes tem nome e endereço: Luiz Inácio Lula da Silva, preso há mais de 200 dias sem prova, sem pena, sem direito sequer a ver cumprida uma ordem judicial legítima, deferida por um juiz competente, em um processo de habeas corpus. Ao contrário do que afirma o Freixo do imperialismo, Lula unifica toda a verdadeira luta da esquerda, e só não devolveu a candidatura Bolsonaro ao esgoto a que pertence por manobras e pressões absurdas levadas avante por toda a burguesia. O país se viu até mesmo à beira de um golpe militar só para que Lula não fosse colocado na rua um dia sequer. Isto não é prova mais do que suficiente da força da luta pela liberdade do ex-presidente? Os evangélicos em geral costumam ver com grande desconfiança a conversa mole do PSOL, e alguns, mais confusos, que acham que aquela imagem de esquerda maluca, feita à base de “bundassos”, “beijassos” e afins, é a verdadeira identidade da esquerda, chegam a concluir o absurdo de que “se esquerdista é isso aí que o PSOL fala, eu sou de direita”. Um verdadeiro partido operário, ao contrário, ainda que defenda a liberdade de expressão de forma absoluta – algo que também o PSOL é contra – não leva a sério nenhuma luta baseada nestas aberrações psolistas. A esquerda séria, classista e operária, leva avante a real luta das massas exploradas, que é a luta de classes. É a militância da politização e da mobilização popular. Algo que hoje somente setores da esquerda do PT, da CUT, do MST e o PCO realmente estão empenhados em fazer. Justamente os setores da esquerda que lutam pela liberdade de Lula, não por coincidência. Liberdade para Lula é a luta que coloca a classe operária de conjunto e unificada de frente ao seu inimigo, a burguesia. E em um confronto claro, frente a frente, entre a classe operária e a burguesia, esta decadente e minoritária burguesia não tem a mínima chance. Exatamente por esta razão, a burguesia faz tanta propaganda por uma “frente democrática” que sirva de válvula de escape das imensas tensões populares que o golpe traz ao país, no lugar de uma verdadeira frente classista, contra quem a burguesia não tem chance nenhuma. Tudo o que resta à burguesia é justamente adiar o confronto direto com a classe operária o mais que for possível. E para isto ela usará todas as suas velhas artimanhas golpistas a fim de confundir o inimigo, com táticas confusas como as que o PSOL é mestre em colocar em prática, em um de seus trambiques mais comuns.


POLÊMICA| 3

BOLSONARO É RESULTADO DA FRAUDE ELEITORAL

Não tem base social e nem apoio ideológico O

movimento direitista dentro do Partido dos Trabalhadores (PT) tem agora à sua disposição seu porta-voz catedrático. Nesta segunda-feira (12) em entrevista ao jornal Estadão, José Dirceu (PT), ex-ministro-chefe da Casa Civil, através de uma profusa demonstração de confusão política, consagrou sua reputada carreira e afirmou que o governo de Jair Bolsonaro (PSL) deve durar muito anos, já que tem base popular. Segundo Dirceu, “É uma luta de longo prazo, não nos iludamos, não é de curto prazo. É um governo que tem base social, muita força e muito tempo”. Ainda segundo o petista, a derrota não foi só “política, mas ideológica”. O ex-ministro aproveitou o lançamento de seu livro de memórias, que ocorrera no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e ministrou uma palestra cujo início se deu com uma autocrítica. “Muitas ve-

zes nós nos desviamos. Temos que ter a coragem de dizer isso e eu tenho.” Afirmou ele. Ademais, completou dizendo que o partido se distanciou do cotidiano da população nos 13 anos em que esteve no poder. Vale lembrar que, assim como Lula e outros dirigen-

CHARGE

DE SEGUNDA A SEXTA ÀS 9H30

tes – Dirceu foi vítima da ditadura do judiciário golpista através do fantasioso esquema do “mensalão” – sendo, portanto, condenado a 30 anos e 9 meses de prisão na cruzada imperialista conhecida como Lava Jato. Dirceu fez jus à sua fama de articu-

lador e, – lançou as bases do plano de liquidação: aceitar o golpe e se aproximar da direita numa tentativa de conciliação para montar uma frente “antifascista”, cujo intento ulterior se dá na velha ilusão eleitoral. Nas palavras do catedrático direitista: “as forças de oposição não devem se perder em debates que as dividem”. Passamos por “uma regressão cultural e política” e, “cada um tem de cumprir seu papel. Lá na frente a gente se encontra.” Na medida em que os acontecimentos se desdobram, fica cada vez mais claro que para uma ala do PT, não basta que se apresentem como inertes – o que foi demonstrado através do abandono da luta pela liberdade do ex-presidente Lula – preso injustamente. Para eles, é preciso liquidar o Partido dos Trabalhadores através de uma política totalmente direitista e de completa capitulação; dando assim, espaço para os setores mais reacionários se desenvolverem e levarem a cabo todas as conquistas sociais conquistadas pela classe trabalhadora.

Fora Bolsonaro


4| POLÍTICA

GOVERNO MILITAR

Seis fatos que demonstram que os militares comandaram o golpe E m entrevista recente à Folha de S.Paulo o Comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, buscou minimizar a participação militar no governo que está tomando o poder no País. No subtexto de sua fala, porém, pôde-se comprovar justamente o contrário. Não apenas a ascensão da chapa do capitão Jair Bolsonaro (PSL) e do general Hamilton Mourão (PRTB) é um sinal de aprofundamento do regime ditatorial instalado com o golpe de estado, como também os militares já estão no poder hoje. Villas Bôas reforça um suposto caráter nacionalista do governo de Bolsonaro, quando se sabe que seu principal ministro – o economista Paulo Guedes – é um Chicago boy que já falou até em entregar o Banco do Brasil ao Bank of America. Villas Bôas diz estar trabalhando para evitar que “a política entre novamente nos quartéis”, quando todos sabem que as escolas de formação militar são centros de doutrinação direitista. Villas Bôas diz “não invadir o espaço das outras instituições”, e acha que foi positiva sua interferência no julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do habeas corpus que poderia ter mantido Luiz Inácio Lula da Silva fora do cárcere. O general assume que houve pressão política interna, pois “outras pessoas, militares da reserva e civis identificados conosco, estavam se pronunciando de maneira mais enfática”. Mas qual o papel efetivo dos militares no campo político? Primeiramente, é preciso ficar claro que os oficiais não são nem patriotas nem representam uma classe social autônoma que possa decidir ou não sobre a questão do poder. Como ficou claro em 1964 e agora, os oficiais militares, treinados em sucessivas missões internacionais e gerentes de contratos milionários com empresas de armamentos, agem aqui como prepostos diretos do imperialismo, constituindo ainda o braço armado do estado burguês. Seu papel é oprimir os movimentos populares e as organizações de esquerda com mão de ferro, de modo a operar institucionalmente o fim dos direitos de nosso povo, o desmonte de nosso Estado e a entrega de nossas riquezas ao estrangeiro. Em segundo lugar deve-se frisar que não teria havido golpe de Estado sem a participação dos militares. Se o impeachment de Dilma Rousseff foi claramente ilegal e inconstitucional quanto ao seu mérito, forças legalistas poderiam ter se colocado ao lado da presidenta legitimamente eleita. Não o fizeram porque desde então estavam alinhados com as forças golpistas. Em terceiro lugar, convém tornar claro que o grupo que ascende ao poder pertence aos campos mais direitistas das Forças Armadas. O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, revelou em setembro de 2017 que o alto oficialato vinha elaborando um golpe de militar por “aproximações sucessivas”. Foi precisamente o que aconteceu. Vejamos seis fatos que demonstram que

já temos uma hegemonia militar no Brasil, apenas aprofundada pela eleição fraudulenta que promete levar a chapa de Bolsonaro e Mourão ao poder, se o povo nas ruas não os detiver. 1. ELES SABIAM EXATAMENTE QUANTOS DEPUTADOS VOTARIAM PELO IMPEACHMENT, OU SEJA, ELES ORGANIZARAM A VOTAÇÃO

Um deputado do PSDB não identificado teria relatado recentemente que “na época do impeachment, a inteligência do Exército tinha seus próprios cálculos quanto à votação e acertou na mosca, 367 deputados contra Dilma”. Não se trata de exercício divinatório: se os militares tinham a contabilidade exata da votação era porque estavam em contato com aqueles que financiaram o golpe e compraram os votos dos parlamentares. O Exército participou da organização do golpe. Como se sabe, não há golpe de estado sem apoio das Forças Armadas. Se Dilma Rousseff foi deposta por meio de um impeachment fraudulento em 2016, é porque o Partido dos Trabalhadores não possuía apoio militar suficiente para resistir, e que portanto o Exército Brasileiro apoiou o golpe. O fato é comprovado por uma entrevista do próprio Comandante-Geral do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, concedida à revista Veja em abril de 2017 – um ano após o Circo de horrores da votação na Câmara dos Deputados. Segundo o general, o “Exército foi sondado para decretar estado de defesa” contra os golpistas – e, claro, negou-se a fazê-lo. Além disso, conforme depoimento de Lúcio Funaro, o operador da compra dos deputados com dinheiro do imperialismo fora o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Se a inteligência do exército tinha a “conta certa” de votos naqueles dias incertos, era porque elementos da cúpula das Forças Armadas participaram da articulação para garantir seu sucesso. O anúncio de Hamilton Mourão sobre um golpe militar por “aproximações sucessivas” – em setembro de 2017 –, na verdade anunciava abertamente uma operação já em andamento. 2. LOGO DEPOIS QUE TEMER ASSUMIU, ETCHEGOYEN RECEBEU O COMANDO DO GSI E DA ABIN, E TORNOU-SE O PRESIDENTE DE FATO O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI) fora praticamente extinto durante os governos de Dilma Rousseff, mas foi recriado para abrigar no Palácio do Planalto o general Sérgio Westphalen Etchegoyen quando da reforma administrativa de uma só canetada feita por Michel Temer ainda em sua posse como interino em 2016. O GSI recobrou o status de ministério e passou a controlar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O cargo, a pessoa e a pessoa no cargo eram indícios fortes da necessidade

de controle militar do golpe e de qual o viés político da nomeação. Há uma genealogia dos órgãos de repressão no Brasil e de sua relação com as Forças Armadas. Sem o Conselho de Segurança Nacional criado em 1937 por Getúlio Vargas às portas da ditadura, a polícia política do célebre Filinto Müller não teria tido o poder de perseguição que teve – como quando da deportação de Olga Benario para a morte em campos de concentração na Alemanha. Foi o Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFICI), criado em 1946, o responsável pela caça aos comunistas nos alvores do macartismo de raiz imperialista. Foi o Serviço Nacional de Inteligência (SNI) o órgão por trás da brutal repressão promovida pelo DOI-CODI durante a ditadura militar, juntamente com o Centro de Informações do Exército (CIE). Passando pelo Departamento de Inteligência (DI) e pela Subsecretaria de Inteligëncia (SSI), o órgão se converteu em Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). A Casa Militar se tornaria o GSI. Esses órgãos sempre reuniram elementos da chamada linha dura da direita militar. Vêm ao caso, aqui, justamente os ascendentes do atual titular do GSI. Alcides Etchegoyen, avô do atual ministro, protagonizaria com seu irmão Nelson uma rebelião no Regimento de Artilharia Montada de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de impedir a posse de Washington Luís. Alcides seria o sucessor de Filinto Müller como chefe da polícia política do Distrito Federal no Rio de Janeiro em 1942. O pai de Sérgio, Leo Guedes Etchegoyen, participou ativamente do golpe de 1964 tendo chegado a assessor do presidente Emílio Garrastazu Médici. O tio de Sérgio, Cyro Etchegoyen, trabalhava com o general Milton Tavares, chefe do CIE. Cyro foi ainda responsável pela chamada “Casa da Morte” – um conhecido centro de tortura e assassinato em Petrópolis, Rio de Janeiro. Os irmãos eram da linha dura, e mesmo durante a abertura do regime foram encarregados da repressão às greves do ABC paulista. Um Etchegoyen à frente do GSI, portanto, não é algo trivial. É sinal de que há um sinistro plano de repressão em curso. Gradativamente tornou-se claro que quem mandava na Presidência da República instituída com o golpe era o general do Planalto: nomeou ministros, nomeou o diretor da Polícia Federal, apareceu e aparece em inúmeras coletivas de imprensa dando a diretriz política a ser seguida pela camarilha golpista. Não apenas a linha dura militar está no alto escalão do governo golpista: ela dá as cartas de sua política.

chamadas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), em que o Estado burguês tem o direito de acionar o Exército para reprimir e assassinar a população. Evidentemente os golpistas lançaram mão desse expediente desde que Temer assumiu o poder. Começou com uma intervenção militar no Espírito Santo em fevereiro de 2017. Em dezembro seria a vez do Rio Grande do Norte e, após o carnaval de 2018, seria a vez do Estado do Rio de Janeiro, esmagado desde então sob a botina do coronel Walter Braga Netto. Os arbítrios se acumulam, o extermínio da população aumenta. O caso mais emblemático foi o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) por agentes de forças de segurança. Os moradores das regiões mais pobres sofrem constante assédio dos militares, sendo constantemente revistados, tendo suas residências invadidas, seus direitos violados e – claro – sendo sistematicamente assassinados. Em julho, mais de 600 pessoas já haviam sido mortos em ações das Forças de Segurança no Rio. Um crescimento da ordem de 250% em relação a anos anteriores. Não se trata de uma questão de segurança pública. Trata-se de colocar a segunda maior metrópole do país, responsável pelo fluxo comercial de petróleo, aos pés do imperialismo. A eleição fraudulenta do juiz direitista Wilson Witzel (PSC) por meio de uma “milagrosa” arrancada nos dias finais do primeiro turno não vem ao acaso: trata-se da legitimação da intervenção pelas urnas.

3. INTERVENÇÃO NOS ESTADOS: GOLPE MILITAR POR “APROXIMAÇÕES SUCESSIVAS”

As cisões na burguesia golpista – sobretudo entre setores nacionais e o núcleo duro imperialista – tiveram reflexo no STF e colocaram em risco o andamento do golpe. Tais dissensos puderam ser vistos em todos os momentos, desde a

Num resquício do período da ditadura militar, a Constituição prevê as

4. AMEAÇARAM O STF NA VOTAÇÃO DO HABEAS CORPUS QUE PODERIA TER IMPEDIDO A PRISÃO DE LULA EM ABRIL O comandante geral do Exército, Eduardo Villas Boas, tido como “democrata” por amplos setores da esquerda, revelaria sua verdadeira face às vésperas do julgamento do habeas corpus preventivo de Lula pelo STF, em 3 de abril de 2018. A Rede Globo anunciaria em tom solene ao final do Jornal Nacional uma mensagem que o general acabara de disparar no Twitter: Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais. Era uma clara coação à Côrte, que capitularia e negaria o remédio constitucional ao ex-presidente. Lula seria preso no final da mesma semana. 5. CHEGANDO AO CONTROLE DO STF


POLÍTICA | 5 morte suspeita de Teori Zavascki, passando pela homologação das delações de Joesley Batista contra Michel Temer até o julgamento do habeas corpus pedido pela defesa de Lula. Com a sucessão da presidência da Côrte por José Antonio Dias Toffoli, o imperialismo tratou de plantar o general Fernando Azevedo e Silva como “assessor” do magistrado. Evidentemente, assim como no Palácio do Planalto, é hoje o oficial quem dá as cartas no STF hoje. Indícios de tal controle podem ser divisados nos próprios discursos de Toffoli, que chamou o golpe militar de “movimento de 1964” – lição que teria aprendido com o ministro Torquato Jardim. Dias

depois, num acesso de macartismo explícito, afirmaria: “Nunca mais escravatura, fascismo e comunismo” – como se a luta legítima do proletariado por uma sociedade comunista, sem opressores e sem oprimidos, pudesse ser equiparada à escravidão ou ao fascismo. 6. OS TRÊS PODERES DOMINADOS: COM AS ELEIÇÕES FRAUDADAS, FINALMENTE O CONTROLE DO LEGISLATIVO Como se sabe, as eleições gerais de 2018 foram as mais fraudadas da história recente. Figuras direitistas obscuras saltaram do anonimato pa-

ra cargos públicos por meio de arrancadas milagrosas às vésperas do primeiro turno – e sempre confirmadas no segundo turno, quando foi o caso. Foi assim com o próprio Jair Bolsonaro (PSL) alçado à presidência com 20% caídos do céu no dia 7 de outubro, e também foi assim com Romeu Zema (Novo) e Carlos Vianna (PHS), governador e senador em Minas Gerais; foi assim com Wilson Witzel no Rio; foi assim com Major Olímpio (PSL) e com Janaína Paschoal (PSL), senador e deputada estadual em São Paulo. Há muitos outros casos. O principal efeito da fraude é a militarização do Poder Legislativos. O número de

oficiais das Forças Armadas e policiais parlamentares deverá quadruplicar nessa legislatura, saltando de 18 para 73. Somente na Câmara dos Deputados, o número de militares dobrou, chegando a 22 parlamentares. A presença expressiva dos militares, prepostos diretos do imperialismo, nos três Poderes da República mostra não apenas que o processo eleitoral de 2018 em seu conjunto foi fraudado, mas também que é inútil apostar na via institucional para derrotar o golpe. Somente por meio da mobilização popular e de uma mudança expressiva na relação real de forças políticas em jogo é possível fazer frente à investida golpista.

A ESQUERDA QUE A DIREITA GOSTA

Seis políticos do PSOL que não lutaram contra o golpe e agora se apresentam como líderes da oposição

A

expressão “a esquerda que a direita gosta” faz referência irônica ao fato de, apesar da auto nomeação, a auto representação como de esquerda não garante agir politicamente como ou, em outro sentido, que certa ‘esquerda’ (pequeno-burguesa) age conforme interesses da direita, da burguesia, com quem compartilha certa visão de mundo e certos valores. No Brasil, a polarização advinda do golpe que teve seu ponto alto em 2016, com a destituição da Presidenta Dilma Rousseff (PT), por meio de um processo fraudulento, planejado e executado pela direita, teve apoio de parte da esquerda, como o PSTU, e uma posição dúbia por parte do PSOL. O PSOL, como tem representação parlamentar, nasceu a partir de uma cisão do Partido dos Trabalhadores, merece uma atenção especial nesses dias pós fraude eleitoral. Quando políticos oportunistas como Ciro Gomes, atualmente no PDT, sustentam que se deve ‘respeitar’ o resultado das urnas e que se deve, também, fazer uma oposição propositiva ao novo desgoverno com ares fascistas que se apresenta, temos que jogar alguma luz sobre os atores de ‘esquerda’ que fazem uma queda de braço para direcionar o que será a oposição daqui para frente. Como podemos entender que pelo menos 6 (seis) membros do PSOL que tiveram posturas muito marcantes ou deliberadamente dúbias durante o processo que desencadeou o golpe de 2016, apareçam nesse momento, com o golpe consolidado a partir da fraude eleitoral, apresentando-se como parte da oposição àquilo que ajudaram a criar? Vamos aos fatos. Luciana Genro, Babá, Marcelo Freixo, Guilherme Boulos, Valério Arcary e Chico Alencar são importantes para entender o processo de conversão de parte dessa esquerda pequeno-burguesa, depois de fechado o golpe. Não vai ter golpe Luciana Genro faz parte do Movimento Esquerda Socialista (MÊS), que

se afirma como organização fundadora do PSOL. Essa tendência publicou em 19 de março o texto VAI TER GOLPE?, cuja pergunta é respondida rapidamente: “Não, não vai ter golpe. O que sim pode ter é o impeachment. A defesa de eleições é o melhor contraponto à política burguesa de defesa de Temer”. Essa tendência e a própria Luciana Genro passou meses atacando os que falavam em Golpe e ridicularizando as previsões mais nefastas do seu sentido. Além disso, parece que não entenderam o papel da Lava-Jato como parte do processo, desde fora do país, para criar uma crise interna e ampliar a criminalização da política e atingir as esquerdas a partir do próprio Sistema de Justiça, com uma grande campanha contra o Partido dos Trabalhadores e, principalmente, contra o ex-presidente Lula. Assim, o que vimos foi Luciana Genro defender a Lava-jato e pedir a renúncia da presidenta legitimamente eleita Dilma Rousseff, embarcando na famigerada campanha por novas eleições. Subitamente, Genro e sua tendência, O MES, passam a defender uma ‘frente única’ de oposição ‘democrática’ a Bolsonaro. Dizem que essa frente deve funcionar ‘sem hegemonia’, ou seja, sem a liderança do PT. Teve golpe na Venezuela Babá, outro representante do PSOL contra o Partido dos Trabalhadores, pertence a outra corrente/tendência dentro do Partido Solidariedade e Liberdade, Corrente Socialista dos Trabalhadores (CST), que também defendeu o golpe contra Dilma e, mais, justificou e pediu a prisão de Lula. É uma tendência direitista que justifica inclusive um golpe na Venezuela enquanto apoiam a Ucrânia. Quando o PSOL lançou Guilherme Boulos como candidato a presidente, a CST denunciou o “lulismo” dentro do partido. Assim como o MES, agora a corrente de Babá também defende uma frente democrática de oposição. A esquerda que a Globo gosta

Lembremos agora Marcelo Freixo. Ele recusou a presença de Lula em sua campanha, mas agora, defende na revista da Globo, Época, uma frente democrática, contra uma frente de esquerda. Ou seja, não há problema em se unir com o PSDB. Assim como Luciana Genro, insiste que a esquerda precisa apoiar a Lava Jato; não fez nenhuma declaração sobre o processo fraudulento das eleições do golpe que levaram Bolsonaro a ser “eleito” presidente. Não apenas não reconhece que as eleições são uma fraude como a maior ação fraudulenta, prender e impedir Lula de ser candidato, não é criticada. Ao contrário, para ele a lutar pela liberdade de lula é ruim para a oposição, pois “não unifica”. Dividir para governar Guilherme Boulos, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, tinha espaço livre na Folha de S. Paulo onde, na época do impeachment, argumentava que o governo Dilma era indefensável. Exatamente no momento de mobilização contra o golpe, criou a Frente do Povo Sem Medo para dividir a Frente Brasil Popular. Sem esquecer que, antes disso, apoiou o movimento “Não vai ter Copa” contra o PT. Aceitou sem pestanejar o lançamento de candidatura própria, ao invés de apoiar o Lula. Ao final, ainda faz coro com os que dizem que o governo Bolsonaro foi eleito pelo povo. Por isso, deve-se respeitar o novo governo, e também fazer “oposição” a ele, com os “democratas” (ou seja, não é com a esquerda). Não há onda conservadora, não haverá golpe Valério Arcary foi um empolgado de primeira hora com as manifestações de 2013. Quando ainda estava no PSTU, com seu Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (MAIS), alegava que as manifestações desafiavam todos os ‘palácios’ do Brasil, e negava que houvesse uma onda conservadora no país, fazendo ode aos ‘jovens’ e sua ‘primavera brasilei-

ra’, aplaudindo a prisão de deputado, negando que não havia ameaça de golpe. Depois saiu do PSTU e entrou no PSOL. Continua, porém, negando o óbvio, que as eleições de 2018 são pura fraude, mas afirma que é preciso lutar contra o fascismo, que é algo mais abstrato do que lutar contra o golpe, cujos mentores e executores conhecemos nome e sobrenome. Mais um que chama para uma ‘unidade’ de esquerda, mas com o mesmo repudio que o PSTU sempre teve do PT. Beijando a mão de golpista Chico Alencar, escritor voluntário do Globo, amigo de Noblat, beijou a mão de Aécio Neves e se mostrou um adepto do punitivismo como muitos da esquerda pequeno-burguesa. Foi um dos deputados que se manifesta contra o indulto Natal, a que ele chama de Insulto de Natal (apresentou um Projeto de Lei para impor limites ao indulto), fazendo frente com o judiciário repressor. Na época do impeachment, é bom lembrar que foi um dos que subscreveu a famigerada nota “Nem 13 nem 15. Nem o sujo, nem o mal lavado!”, afirmando que a esquerda não devia participar nem dos atos contra, nem dos a favor de Dilma. Agora, o mesmo Chico faz demagogia contra o fascismo. O que ocorre com o PSOL? A confusão política do partido, as contradições internas, além de sua origem, marcada pelo ressentimento de muitos de seus fundadores em relação ao Partido dos Trabalhadores, e sua quase total base de classe média, pode ajudar a entender esse vai e vem de seus líderes, essa dificuldade que têm em compreender o papel da direita (com quem se identificam em grande medida), os ataques ao PT, o Golpe de 2016, o papel e a importância de Lula (para além do mito do lulismo que encamparam desde sempre), e os desafios do tempo presente – uma vez que foram úteis para os golpistas e para a campanha de Bolsonaro, agora todos olham para o futuro, evidentemente. Mas, mais uma vez, parece que continuam a não entender ou não querem, qual o tamanho do desafio e qual o papel das esquerdas nesse momento em que o golpe se consolida com a fraude eleitoral.


6 | POLÍTICA

EDUARDO BOLSONARO QUER PRENDER 100 MIL SEM-TERRAS

É preciso esmagar imediatamente a corja fascista E

m recente entrevista concedida ao jornal o Estado de S. Paulo, o deputado reeleito por São Paulo e filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deu mostras de como a extrema-direita, caso tenha força política, pretende agir no país do golpe e da fraude. Com um discurso que mistura profunda ignorância política com uma retórica arrogante e cheia de mentiras, típica dos fascistas, Bolsonaro tem como uma de suas pretensões criar um Foro de São Paulo às avessas, como forma de fortalecer o movimento de extrema-direita internacional: ” Eu quero aproveitar essa onda conservadora para dar uma resposta ao Foro de São Paulo”. Nesse sentido, até mesmo a direita venezuelana que tenta derrubar o governo “comunista” de Chaves e Maduro há vários anos, é taxada como uma farsa: “Acredito que ela apenas postergar o regime ditatorial de Maduro. E não ficaria surpreso se houvesse um jogo de cartas marcadas, pois a MUD é uma falsa oposição”. Em outro momento, o office boy da extrema-direita brasileira defende que o Congresso Nacional a ser empossado discuta a criminalização do comunismo, citando a Polônia, a Ucrânia e a Indonésia como países que colocaram na ilegalidade os partidos comunistas e mesmo qualquer referência comunista: “Então, você começa a perceber que não é algo tão

radical assim, que existe em alguns países. E, de certa forma evita que as pessoas tenham de pagar com suas vidas aquilo que o passado já condenou”. Finalmente, como que para fechar com chave de ouro os planos maquiavélicos que estão sendo gestados pelos fascistas tupiniquins, o deputado policial, candidato a carniceiro do povo brasileiro, não poderia deixar de corroborar com a sede de sangue com que os latifundiários brasileiros querem oficializar o tratamento que já é dado ao movimento dos sem-terra. “O Moro definiu bem. Primeiro o que são movimentos sociais e, depois, definiu o que são essas ações criminosas. O que ocorre hoje é que grupos como o MST por vezes utilizam o seu poder criminoso para in-

vadir terras, incendiar tratores para obrigar o fazendeiro a vender suas terras a um preço abaixo do mercado. Eles impõem o terror para ganhar um benefício por outro lado. É isso que a gente visa combater. Isso aí é terrorismo. É a intenção de levar o terror para amedrontar as pessoas. Se fosse necessário prender 100 mil pessoas, qual o problema nisso?” Perseguir, torturar e assassinar indiscriminadamente trabalhadores do campo já é uma realidade no país. O que o governo da extrema-direita que fazer é legalizar a barbárie no campo. De fato, se o Bolsonaro pai declarou que o problema da ditadura foi “não ter matado 30 mil”, qual o custo de se chegar a 100 mil como quer o filho? Os bolsonaros cabem como medida para o agronegócio e o latifúndio

nesse país. Ronaldo Caiado (governador de Goiás, fundador da UDR), Tereza Cristina (presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, futura ministra da Agricultura) e mais as centenas de parlamentares no Congresso assembleias legislativas, afiam seus jagunços para barbarizar no campo, agora com o apoio explícito dos órgãos de repressão. Os trabalhadores da cidade e do campo não podem ter dúvidas que a política da extrema-direita e dos bolsonaros não é só retórica. Se esse governo puder, vai perseguir as organizações de esquerda com muita violência e colocá-las na ilegalidade. Para impedir a carnificina da direita é preciso mobilizar desde já. Quanto mais cedo os trabalhadores forem para as ruas, maior será a dificuldade de o golpe avançar. As mobilizações dos estudantes e pais de alunos contra a tentativa do fascismo se impor nas universidades e nas escolas secundárias com a campanha de escolas sem partido, mostram o caminho. O sucesso da resistência vai depender fundamentalmente das armas que vamos usar. A independência da classe trabalhadora dos partidos burgueses e dos “democratas” golpistas é questão Sine Qua Non para um movimento vitorioso. Por isso que a luta dos trabalhadores da cidade e do campo devem estar umbilicalmente ligada ao não reconhecimento do governo ilegítimo, pelo Fora Bolsonaro!, pela luta pela liberdade de Lula e pela organização da autodefesa dos trabalhadores.

MOBILIZAR DESDE JÁ CONTRA OS GOLPISTAS

Filho de Bolsonaro defende política nazista de perseguição A

política fascista, podemos mesmo dizer, sem exagero algum, de tipo nazista, está se insinuando constantemente nos meandros do golpe de Estado. A política da extrema-direita da chamada escola sem partido, cuja tradução política correta é escola com fascismo, é um exemplo bastante evidente, contudo, está longe de ser o único. Um dos arautos da extrema-direita, Eduardo Bolsonaro, deputado fascista no Parlamento brasileiro, tem como proposta a criminalização do comunismo, uma proposta tipicamente nazista e existente em regimes ditatoriais nazistas ou semi-fascista. Em entrevista recente – na qual o filho do presidente ilegitimamente eleito, Jair Bolsonaro, demonstra também toda sua baixeza – Eduardo Bolsonaro afirma que o projeto não é tão radical, segundo ele: “ É seguir o exemplo de países democráticos, como Polônia, que já sofreu na pele o que é o comunismo. Se você for na Ucrânia também falar de comunismo, o pessoal vai ficar revoltado contigo. Outros países também proibiram, como a Indonésia”. Ao mesmo tempo, essa poeira de

humanidade, que defende a criminalização e a perseguição dos movimentos sociais através da lei anti-terrorismo, afirmou: “Se for necessário prender 100 mil pessoas, qual problema nisso?”. É evidente que trata-se de um política fascista de perseguição a esquerda em grande escala, o que defende Eduardo Bolsonaro. Ao citar Indonésia, Ucrânia e mesmo a Polônia como modelos, vemos o que a extrema-direita tem por referência política. Na Ucrânia um golpe de Extrema- direita abertamente nazista, apoiada pelo imperialismo tomou o poder jogando o país em uma profunda crise e violência. Porém, a referência que faz a Indonésia expressa mais acabadamente o modelo político que a extrema direita pode seguir, até mesmo pela similaridade com o processo político atual no Brasil. Em 1965 o General Suharto, apoiado pela CIA iniciou o processo de tomada do poder, derrubando violentamente o então presidente nacionalista Sukarno. Orientado por um grupo de economistas neoliberais da escola de Chicago, O General promoveu a liberalização do país desnacionalizando (destruindo) a economia do país, atrelando-a aos interesses dos

grandes capitalistas internacionais, seguiu radicalmente a cartilha neoliberal. Para conseguir tal intento foi necessário previamente a eliminação da esquerda do país, por meio do estabelecimento de uma ditadura fascista. A eliminação, não apenas política, mas física da esquerda foi feita com auxílio da CIA, que elaborou listas com os nomes de lideranças que deveriam ser eliminadas. A operação sinistra se estendeu, ao cabo de um mês o exército e principalmente as milícias de estudantes religiosos trinadas e enviados as aldeias, pelo governo de Suharto, para promover a “limpeza”, como chamavam, assassinaram entre quintas mil a um milhão de pessoas. Foi o que permitiu abrir a economia do país. Esse é o horizonte da extrema-direita brasileira, e as medidas que levam a este horizonte estão sendo incorporadas paulatinamente ao regime, ou seja, querem, afogar a esquerda e as organizações operárias e populares no próprio sangue como forma de impor um derrota mais definitiva ao povo, a criminalização do comunismo serve a este intento. Se a extrema direita brasileira ainda não tem hoje a

força necessária para cumprir tal tarefa, pode vir a tê-la. É vital mobilizar desde já contra o golpe, que semeou o fascismo, contra a direita golpista e a extrema-direita. Formar Comitês de Luta contra o Golpe e de auto defesa em cada cidade; em cada bairro. Mobilizar os trabalhadores da cidade e do Campo contra o ovo da serpente antes a que ele se desenvolva. A direita e a extrema direita já declararam guerra ao povo, as organizações do povo trabalhador devem lutar pela sua existência.


INTERNACIONAL | 7

IMPERIALISMO

Possível criação de Exérctio Europeu provoca crise entre Macron e Trump

E

m sua conta no Twitter, quase um órgão oficial da Casa Branca, o presidente Norte Americano voltou a atacar a proposta de Emmanuel Macron, presidente da França, de criação de um exército Europeu independente dos EUA. A proposta de Macron, que agradou os Britânicos, com quem procuram já estreitar laços militares, é a de criar exército pan-europeu que permita à burguesia da União Europeia garantir seus interesses sem a interferência, ou mesmo contra, Washington. O episódio ainda que singelo expressa a crise da dominação imperialista, assim como a crise capitalista geral. O presidente Norte Americano afirmou nas redes: “Emmanuel Macron sugere construir seu próprio exército para proteger a Europa contra os EUA, China e Rússia” e ironicamente lembra o auxílio dos Norte Americanos na guer-

ras mundial: “em Paris começavam a aprender Alemão antes de aparecer os EUA”, falando da dominação alemã na França durante 2ª Guerra Mundial. Ainda atacou a baixa popularidade do presidente francês, que é ao mesmo tempo um ataque a política impopular do principal setor da burguesia imperialista francesa e mundial, que Macron representa. Trump, que é ele mesmo expressão bastante aguda da crise da dominação imperialista, já que é representante de uma ala secundária da burguesia imperialista, reagiu a política de agressiva do principal setor da burguesia imperialista europeia, da qual Macron é representante. A rixa entre os presidentes expressa uma luta entre duas políticas dentro do bloco imperialista. A política mais protecionista de Trump é um empecilho para o setor mais podero-

so da burguesia mundial, os bancos, o capital fina nceiros, que Macron hoje é o principal representante na Europa. Ou seja, o acirramento da luta dentro bloco imperialista, mostra que, primeiro o imperialismo es-

tá enfraquecido e só a muito custo mantém a dominação sobre os países atrasados, segundo a disputa da burguesia somada a crise econômica iminente pode trazer luz uma terrível e sangrenta guerra de dominação entre os países imperialista.

EM 1922, FASCISTAS MARCHARAM SOBRE ROMA

Aprenda o que ocorreu na Universidade de Férias do PCO No dia 28 de outubro de 1922 ocorreu a marcha sobre Roma, marcando o começo do domínio fascista de Mussolini na Itália. A marcha sobre Roma foi organizada pelo Partido Nacional Fascista e os Camisas Negras (exército paramilitar do partido fascista), liderados por Mussolini, e após esse movimento, Mussolini se tornou líder do Partido Nacional Fascista. Foi uma exibição de força dos fascistas. A marcha que contava com dezenas de milhares de militantes fascistas, foi

PAU NO COCO, POR RALFO

o início do golpe de estado Fascista que iria assolar a Itália em um reino de terror e repressão. Os fascistas exigiam a entrega da coroa e fazer o partido fascista ter mais parte na formação do governo italiano, ou eles tomariam o poder através da força. O que deu resultado, e no dia 30 o Rei Vittorio Emanuele convidou Mussolini para participar do novo governo, mesmo sabendo que o partido fascista só teria 37 deputados do Partido Nacional Fascista em uma câmara de 535, (7%), o que não faria muita diferença

no governo fascista de Mussolini. A Itália vivia um momento de extrema crise, logo após a primeira guerra mundial, e o povo mostrava um extremo descontentamento e a classe trabalhadora sofria constante repressão das forças militares, e durante esse tempo, Mussolini fez muitos aliados que o ajudariam no futuro. Este e vários outros momentos históricos serão debatidos na 43ª universidade de férias do Partido da Causa Operária, é o mais tradicional curso de formação marxista do Brasil, onde são

debatidos vários temas para serem esclarecidos e posto no ponto de vista da luta de classes. Organizada pelo Partido da Causa Operária e a Aliança da Juventude Revolucionária, é um curso organizado semestralmente à mais de 20 anos trazendo aos seus participantes uma ótima oportunidade de aprofundamento na doutrina marxista A atividade ocorrerá de 12 a 26 janeiro de 2019, em São Paulo. E tratará do tema Fascismo: o que é? Como combatê-lo?


8 | ATIVIDADES DO PCO E COMITÊS

VÍDEO

Conheça a Cantata de Santa María de Iquique, que será apresentada ao vivo no Réveillon do PCO N

o réveillon do Partido da Causa Operária em São Paulo, a cantora Miriam Mirah e a banda Sendero apresentarão pela primeira vez no Brasil a Cantata de Santa María de Iquique composta por Luís Advis Vitaglich (1935-2004) em 1969: uma importante peça da Nova canção chilena. Também conhecida como Cantata popular, a obra é uma belíssima composição que mistura elementos do folclore chileno, a música erudita e a poesia moderna. Iquique é uma cidade do litoral sul chileno onde, em 1907, o exército abriu fogo sobre uma manifestação de cerca de 8.500 mineiros que realizavam um protesto por jornadas mais flexíveis e por condições de trabalho dignas. Cerca de 3.600 trabalhadores foram mortos quando se concentravam na Escuela Domingo Santa María – de onde o nome da obra. Devido à indústria de extração do salitre, havia um grande contingente de operários na região, o que levou à fundação do Partido Obrero Socialista na cidade em 1912. Na década de 1960, consolidou-se no Chile um vigoroso movimento de renovação cultural a partir da recuperação de elementos do folclore das civilizações pré-colombianas, como parte do modernismo latino-americano como um todo. Figuras como a mundialmente aclamada Violeta Parra ou Victor Jara assentaram as bases para uma nova fusão entre elementos de música contemporânea e popular, com forte engajamento político

– uma vez que a classe operária chilena é majoritariamente indígena. Seus expoentes foram apoiadores da chamada via chilena ao socialismo, com nacionalização do cobre e aprofundamento da reforma agrária. Em julho de 1969, realizou-se na Universidade Católica do Chile o Primer Festival de la Nueva Canción Chilena com expoentes desse movimento apoiando a candidatura de Salvador Allende, que seria eleito no ano seguinte e deposto pelo golpe militar direitista de Augusto Pinochet em 1973. A Cantata popular Santa María de Iquique estreou oficialmente no Segundo Festival de la Nueva Canción Chilena, em agosto de 1970, em Santiago, pelo grupo Quilapayún, que a gravaria no mesmo ano em seu sétimo disco. Tornou-se imediatamente numa canção emblemática da militância da Unidad Popular que levaria Allende ao poder naquele ano. A Cantata é estruturada em 18 partes, incluindo cinco relatos declamados sem música, um prelúdio, três interlúdios sem letra, dois pregões e sete canções, com diversos ritmos e níveis de instrumentalização. Com o golpe militar, a obra foi proibida no Chile. Os discos que a traziam foram confiscados e destruídos. O grupo Quilapayún foi exilado na Europa. Em 1978, eles gravariam novamente a Cantata, com os textos ligeiramente revisados pelo escritor argentino Julio Cortázar – a contragosto de Advis, que se dizia apartidário. Somente com o fim da ditadura a peça

pode ser novamente interpretada no Chile. No Brasil, com o endurecimento do regime militar, a música popular baseada em raízes folclóricas e na recuperação de elementos fundamentais do samba mesclados à música contemporânea também se revestira de especial significado político. Como o imperialismo implementara regimes ditatoriais em toda a América Latina, a ideia de Unidade Latino-Americana ganhou, na década de 1970, uma pronta identificação com o socialismo e com os movimentos de luta política de oposição àqueles governos militares. Foi nesse contexto que formou-se o grupo Tarancón em 1972, inicialmente com Emílio de Angeles Nieto, Marli Pedrassa, Alice Lumi, Halter Maia, Jica Nascimento e Juan Falú e Miriam Miráh nos vocais. O grupo teve grande reconhecimento popular, excursionou intensamente e foi um grande

difusor da Nueva canción no país, tornando conhecidas músicas dos brasileiros músicas como Tinku (folclore boliviano), Plegaría a un labrador, Gracias a la vida (Violeta Parra) e muitas outras em 11 discos lançados entre 1976 e 2000. Miriam Miráh também constituiu carreira solo, e diversas outras parcerias – inclusive com o grupo Raíces de América e com a filha de Violeta Parra, Isabel Parra – já tendo participado do réveillon do PCO em várias ocasiões. Agora Miriam e a banda Sendero traz em primeira mão uma interpretação única e especial da Cantata popular: uma significativa memória e um chamado à luta numa época em que o imperialismo volta a atacar a América Latina, e em que o Brasil vive o aprofundamento de mais um golpe militar. Junte-se a nós nesse momento especial e na luta contra o golpe! Veja o video: https://www.youtube. com/watch?v=FB28pC_AopA

JÁ NAS RUAS O JORNAL DE LUTA CONTRA O GOLPE EDIÇÃO Nº9 2 A LUTA CONTRA O GOLPE

10 DE NOVEMBRO DE 2018

POR QUE SE JUNTAR À CAMPANHA FORA BOLSONARO? 1. BOLSONARO QUER ACABAR COM O MINISTÉRIO DO TRABALHO E OS DIREITOS DOS TRABALHADORES O político fascista disse, publicamente, que vai extinguir o Ministério do Trabalho, criado há 88 anos. No dia 7 de novembro, ele afirmou que “o Ministério do Trabalho vai ser incorporado a algum ministério”. Tal posicionamento foi expressado após sua equipe se reunir com capitalistas de dez entidades patronais no início do mês, que o pressionaram para destruir o Ministério do Trabalho e criar uma espécie de “Ministério dos Patrões”. Ou seja, Bolsonaro atendeu imediatamente às ordens da burguesia para avançar sobre qualquer tipo de conquista dos trabalhadores. Isso é reconhecido pelo próprio futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, que admitiu que “se dependesse das centrais sindicais, Bolsonaro não era presidente”. Essa frase expressa o reconhecimento de que os trabalhadores não apoiam Bolsonaro e que ele foi imposto pela burguesia e pelo imperialismo em uma gigantesca fraude eleitoral. Todos os direitos dos trabalhadores serão atacados por Bolsonaro, que, mesmo antes de assumir a Presidência, já tenta impor a Reforma da Previdência para acabar com a aposentadoria dos trabalhadores, além de aprofundar a Reforma Trabalhista, as terceirizações, o fim da CLT e as privatizações dos serviços públicos e empresas estatais.

2. ELE É CANDIDATO DOS BANQUEIROS E INDUSTRIAIS Os ataques aos trabalhadores declarados publicamente por Bolsonaro demonstram de que lado ele está: do lado dos banqueiros e industriais, do lado da burguesia. Sua campanha eleitoral foi apoiada, principalmente no 2º turno, pelos grandes banqueiros

e industriais nacionais e internacionais. Os representantes de bancos como Bradesco e Itaú/Unibanco já expressaram seu otimismo sobre o futuro governo golpista, sabendo que Bolsonaro fará de tudo para aumentar os lucros desses setores, enquanto destrói todos os direitos dos trabalhadores bancários e das indústrias.

3. QUER QUE O EXÉRCITO REPRIMA A POPULAÇÃO Capitão reformado do Exército, Bolsonaro, em toda a sua vida, defendeu a criminosa ditadura militar (1964-1985), que assassinou e torturou milhares de pessoas, levou à miséria milhões de brasileiros e reprimiu qualquer tipo de protesto popular. Seu maior ídolo é o coronel Brilhante Ustra, um dos mais sanguinários torturadores e assassinos da ditadura, que torturava mães na frente de seus próprios filhos. Bolsonaro já disse que a ditadura deveria ter matado “30 mil” pessoas. Como deputado, ele sempre defendeu que a polícia tenha carta branca para matar cidadãos de maneira indiscriminada, principalmente nas periferias. Ele defende a intervenção militar a nível nacional, semelhante à que ocorre atualmente no Rio de Janeiro, onde a polícia e o Exército ocupam as favelas, matando e torturando moradores, como ocorreu recentemente no Complexo da Maré, onde policiais atiraram e deram facadas pelas costas a um professor, ou então na Vila da Penha, onde militares torturaram moradores com paus e choques elétricos.

4. QUER VENDER AS ESTATAIS PARA ESTRANGEIROS LUCRAREM COM O SUOR DOS BRASILEIROS Bolsonaro tem um programa econômico entreguista. Não tem nada de nacionalista, muito pelo contrário: ele quer

NÃO DEIXAR A DIREITA AVANÇAR NAS ESCOLAS

DEFENDER A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DOS PROFESSORES NA SALA DE AULA A extrema-direita ficou motivada com a vitória fraudulenta de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018. Todos os elementos mais reacionários da sociedade ressurgiram no cenário político. Houve um aumento das agressões fascistas, contra os mais diversos grupos sociais, um aumento da perseguição política e judicial, e também um aumento da censura contra os grupos dissidentes. Esses grupos de extrema-direita já haviam levantado a cabeça no momento do golpe de estado contra Dilma Rousseff, em um momento anterior da etapa política. Agora, voltam ainda mais agressivos. Na época o projeto de censura nas salas de aula, o “Escola Sem Partido” não passava de uma lei que os vereadores procuravam passar por debaixo dos panos. A reação foi muito grande, e em diversas cidades

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houve manifestações contra a aprovação da lei. No atual momento, com a volta destes grupos retrógradas, a situação piorou. A passividade política da esquerda durante o período eleitoral, que deixou de lutar contra o golpe para acreditar em fantasias, fez com que a extrema-direita voltasse com todas as forças. O “Escola Sem Partido” é um dos principais projetos do golpista Jair Bolsonaro e, por mais que ele não tenha assumido o governo ainda, toda o aparato do estado já se organiza no sentido da linha política de Bolsonaro, levando adiante suas propostas de aumento da repressão contra a população, como fica claro com a proposta de ampliação da lei antiterrorismo, para perseguir movimentos sociais, a criação da Força-Tarefa controlada pelos militares e também a

vender, a preço de banana, as empresas estatais brasileiras para os grandes monopólios imperialistas. Entre suas propostas, está o aprofundamento da privatização da Petrobras, da Eletrobras, de uma centena de empresas estatais (a maioria delas criada durante os governos do PT, como ele mesmo afirmou). Entregando as empresas estatais para os capitalistas estrangeiros, não haverá mais investimentos no Brasil, uma vez que os lucros irão todos para fora do País. Com os Correios e o Banco do Brasil, duas das mais antigas empresas brasileiras, é a mesma coisa. Paulo Guedes, guru econômico de Bolsonaro, anunciou a pretensão do futuro governo de entregar o controle do Banco do Brasil – um dos maiores patrimônios nacionais – ao Bank of America, dos Estados Unidos. Ou seja, o maior banco brasileiro, estatal, será controlado pelos EUA.

5. ELE É A FAVOR DE MANTER LULA PRESO E QUE QUEM VOTA EM LULA É COMEDOR DE CAPIM Outra clara demonstração de seu repúdio aos interesses do povo é a perseguição que Bolsonaro faz ao ex-presidente Lula. Bolsonaro sempre foi a favor de sua prisão e, depois que Lula foi preso, Bolsonaro afirmou que quer ver Lula morrer na cadeia. Diga-se de passagem, uma das principais jogadas do golpe e da fraude eleitoral, foi a prisão de Lula decretada pelo juiz agente dos EUA, Sergio Moro, para que Lula (que era o favorito da maioria do povo para vencer as eleições) ficasse de fora, abrindo caminho para a eleição de Bolsonaro. Moro foi premiado com a nomeação para ser ministro da Justiça de Bolsonaro, comprovando definitivamente o golpe que foi a prisão de Lula e a fraude que foi a eleição. Além disso, Bolsonaro tem grande repúdio pelo povo ao afirmar várias vezes que os eleitores de Lula são escórias, seres inferiores, e, inclusive, comedores de capim.

discussão em comissão do projeto “Escola Sem Partido” em âmbito nacional. De qualquer forma, da mesma maneira que os neonazistas que apoiam Bolsonaro não aguardaram este assumir à presidência para iniciar uma política de agressões contra os explorados, e nem os latifundiários esperaram para aumentar os ataques brutais aos indígenas e sem-terras, a Escola Sem Partido já está colocada na prática. Bolsonaro e outros políticos da extrema-direita estão pedindo para que alunos e colegas de trabalho filmem professores em sala de aula que estiverem fazendo “doutrinação”. Um típica prática policial adota pela extrema-direita, e uma forma de tentar intimidar o professor em sala de aula. A extrema-direita utiliza isso como forma de linchamento. Divulgam um professor e formam um grupo, geralmente composto pelos pais, para começar a atacar o professor, persegui-lo e pressionar (se pressionar for necessário) a escola a demiti-lo de seu cargo. Isso em Santo André em que uma professora começou a ser perseguida por Bolsonaristas e

“É preciso que para cada professor demitido, tenha 100 professores na porta do colégio que o demitiu protestando contra a censura e fechando as salas de aulas.”

6. SEUS APOIADORES ESTÃO ATACANDO LGBTS E MULHERES COVARDEMENTE E UTILIZANDO SÍMBOLOS NAZISTAS Durante as eleições, a extrema-direita, incluindo grupos abertamente fascistas, atacou quase diariamente mulheres, LGBTs, negros, estudantes e ativistas de esquerda. Houve casos de ataques com facas, armas de fogo e, inclusive, assassinatos por parte de apoiadores de Bolsonaro. Foi amplamente divulgada a morte do capoeirista mestre Moa do Katendê, em Salvador, que sofreu 12 facadas de um eleitor de Bolsonaro, sem poder reagir. Em diversos lugares do País também houve pichações em alusão a Bolsonaro junto com o símbolo da suástica nazista, de Adolf Hitler. Em Porto Alegre, uma garota foi atacada por bolsonaristas e teve uma suástica entalhada com um canivete em sua barriga.

Uma das principais atividades dos comitês de luta contra o golpe é a colagem de cartaz nas ruas, praças e locais de grande movimentação. Na luta contra o impeachment de Dilma Rousseff, na luta contra a prisão e pela liberdade de Lula, na campanha pela Greve Geral na época da Greve dos caminhoneiros, na luta contra a intervenção militar no Rio de Janeiro e agora na luta contra Bolsonaro, os comitês de luta contra o golpe produziram cartazes específicos para colocar suas campanhas nas ruas. É preciso entender que a campanha política nas ruas é fundamental para influenciar na situação política do país. As pessoas que passam e vêem um cartaz com determinada política reagem a ela. De forma positiva ou negativa, as pessoas são influenciadas pela pauta do cartaz. E são a maneira dos comitês de luta contra o golpe divulgarem sua política e entrarem em contato com a população. Não só isso, as atividades ainda são um pólo de aglomeração dos militantes contra o golpe e servem para manter os militantes mobilizados contra o regime golpista, fazendo uma campanha intensa e diária na mobilização e conscientização dos trabalhadores e dos setores populares e explorados.

www.lutecontraogolpe.com.br

A LUTA CONTRA O GOLPE Jornal dos comitês de luta contra o golpe • Fundado em 2018 Nº 9 • Jornal quinzenal | 10 de novembro de 2018 • Tiragem: 100.000 exemplares

TODOS À 2ª CONFERÊNCIA NACIONAL ABERTA

DE LUTA CONTRA O GOLPE E O FASCISMO

7. QUER ACABAR E TRANSFORMAR EM TERRORISTAS OS MOVIMENTOS QUE LUTAM POR TERRA E MORADIA Em sua campanha, Bolsonaro prometeu, publicamente, que vai caracterizar os movimentos que lutam pela terra aos trabalhadores do campo (MST) e por moradia aos sem teto (MTST) como grupos terroristas. Ou seja, os milhões de brasileiros, no campo e na cidade, que não têm onde morar e onde trabalhar, e por isso ocupam propriedades (em sua maioria, improdutivas e desocupadas) para poderem trabalhar e morar, serão amplamente perseguidos, reprimidos e assassinados. Os latifundiários já realizam frequentemente uma limpeza no campo, assassinando sem terra em massa, com conivência e mesmo suporte das autoridades. Nas cidades, a polícia faz desocupações extremamente violentas. Com Bolsonaro, isso será lei e os trabalhadores do campo e da cidade serão considerados terroristas.

FORMAR COMITÊS DE LUTA CONTRA O GOLPE 8 E 9 DE DEZEMBRO DE 2018

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SÃO PAULO - SP

entrou em crise de choros em sua casa, com medo de ir à escola – ao que aproveitaram para demiti-la. É importante ressaltar que não se deve cair no discurso de “doutrinação nas salas de aulas”. Isso ocorre é apenas uma forma de pressionar os professores de esquerda a não apresentarem o fato tal qual eles acham estar correto, mas da forma que a direita quiser. Ou seja, é uma verdadeira censura, pois o professor não pode ter opinião própria e liberdade de expressão para apresentar um fato, deve repetir a opinião, geralmente incorreta, da direita golpista. A “Escola Sem Partido” é na verdade a escola com o partido da direita, sem a esquerda. As escolas e universidades devem ser o lugar da livre circulação de ideias, e deve ter isso como princípio fundamental. Os professores devem ter total liberdade de expressão nas salas aulas, caso contrário é uma censura, e assim deve ser denunciado. A direita atua de forma totalmente policial, de forma a cercear todos os passos dos professores e persegui-los quando saírem dos limites por ela traçados. O “Escola Sem Partido” reflete o aprofundamento do golpe de estado, e portanto de sua política de repressão e censura. Por isso, os professores precisam se organizar em comitês para barrar a ofensiva da direita nas escolas. É preciso que para cada professor demitido, tenha 100 professores na porta do colégio que o demitiu protestando contra a censura e fechando as salas de aulas. Para isso, a união entre estudantes e professores é fundamental para combater a extrema-direita, que de longe é minoria em todas as escolas.

O Jornal A Luta Contra o Golpe (LCG) é uma importante ferramenta de divulgação de informação dos comitês. Além de ser uma iniciativa deles para unificar todos os comitês dispersos em torno de uma política clara de luta contra o regime golpista, o jornal ainda é uma forma de manter os comitês em um política de denúncia constante do golpe de estado. Nas últimas semanas, 80 mil exemplares do JLGC foram distribuídos em diversas regiões do país, onde os comitês estão mais organizados. Do Nordeste ao Sul do país, passando pelo Centro-Oeste, o JLGC foi distribuído, refletindo o crescimento dos comitês em todos as regiões do país. Também, a distribuição destes jornais deixa explícito que a campanha pelo “Fora Bolsonaro e Todos Os Golpistas” já está nas ruas. É importante levar esta política para todos os locais do país, pois apenas desta forma será possível derrotar a política dos golpistas. Os comitês de todo o país devem reagrupar as pessoas em torno da distribuição deste material para aumentar o alcance da campanha, e também para aglomerar as pessoas e mantê-las mobilizadas para derrotar os golpistas. É preciso alcançar os 100 mil jornais distribuídos.

A LUTA CONTRA O GOLPE • 10 de novembro de 2018 • Tiragem: 40 mil exemplares • Site: www.lutecontraogolpe.com.br

Entre em contato para formar um comitê ou encontrar um comitê de luta contra o golpe mais perto de você!

FORA BOLSONARO

A política irresponsável de setores da esquerda pequeno-burguesa de participar das eleições fraudadas causou uma depressão, menor que na época do impeachment, mas mesmo assim uma depressão em setores da esquerda. Eles consideram que como participaram do processo fraudulento são obrigados a aceitar o resultado, não é verídico isso. Por trás da manipulação da informação, da fraude, do poder econômico e do cartel da imprensa, e principalmente da retirada de Lula das eleições, Bolsonaro venceu. Reconhecer as eleições como limpas, como fazem esses setores, é reconhecer que a maioria votou em Bolsonaro, e que ele tem legitimidade para realizar os planos de ataques ao povo, mais duas conclusões falsas. Em eleições fraudadas, no segundo turno, onde o eleitor é praticamente obrigado a votar

Para falar diretamente ligando ou através do whatsapp utilize os números abaixo: (11) 98589-7537 (TIM) (11) 96388-6198 (Vivo) (11) 97077-2322 (Claro) (11) 93143-4534 (OI)

nele se não quiser o PT, Bolsonaro obteve 39% dos votos totais, do eleitorado, ou seja, considerando que uma parte da população atua politicamente mas não pode votar, nem um terço da população ele tem ao seu lado, isso em números de eleições cuja lisura tem que ser questionada. Em segundo lugar, Lula seria vitorioso contra ele em qualquer cenário, e foi proibido de participar das eleições por isso, de forma ilegal, ou seja além de minoritário, ele é o segundo lugar, ele é ilegítimo, como Temer. Um governo minoritário e ilegítimo que almeja atacar os direitos do povo deve ser contestado nas ruas, com manifestações de todas as organizações de luta da classe operária, é preciso unificar o movimento em torno deste eixo, Bolsonaro é ilegítimo e precisa sair, de preferência nem deveria entrar. Este pensamento é resumido na palavra de ordem

de “Fora Bolsonaro!”, mas é preciso que amplos setores que militam na classe operária abracem esta política. Os Comitês de Luta Contra o Golpe, organizações autônomas e pluripartidárias, com o objetivo de enfrentar a direita golpista viram que era preciso um amplo debate em torno desta questão e convocaram uma Conferência, uma reunião de todos os setores ativistas, de qualquer central sindical, partido político ou movimento, para debater estas questões, e ajudar a unificar o movimento, desta necessidade nasceu a Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo que irá acontecer nos dias 8 e 9 de dezembro. Todos à Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe e o Fascismo! Abaixo a fraude eleitoral! Liberdade Para Lula! Fora Bolsonaro!

e-mail: alutacontraogolpe@gmail.com site: lutecontraogolpe.com.br face: www.facebook.com/lutecontraogolpe twitter: @lutecontragolpe

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MOVIMENTO OPERÁRIO | 9

CORREIOS

Qual é a “meritocracia” do general que está comandando os Correios?

O

general Juarez Aparecido de Paula Cunha, assumiu na quinta-feira passada (dia 08) a presidência golpista da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) indicado pelo ministro golpista Giberto Kassab do PSD (Partido Social Democrata), já indicado como futuro secretário do governo de João Dória, em São Paulo. Em seu discurso de posse, o general deu ênfase que em sua gestão a frente dos Correios, não haverá mais indicação política para os cargos de direção, apesar que ele já é um caso de indicação política, afirmando que a empresa será governada com base na meritocracia (merecimento na carreira). Diante disso, a pergunta que se faz é qual é a meritocracia do general para virar presidente dos Correios? Ele já foi carteiro? ajudou a desenvolver os Correios no Brasil? Claro que a resposta é não. O general é um homem de confiança do al-

to comando militar no país, que hoje está dando suporte para o golpe de Estado no Brasil, a fim de que o governo brasileiro facilite a privatização e destruição das empresas brasileiras a serviço dos grandes capitalistas internacional. O general Juarez, incorporou as Forças Armadas em 1969, entrando na academia militar das agulhas negras, em Resende/RJ, época do auge do golpe militar. Um ano após o AI5 (Ato Institucional n° 5) que promoveu uma política repressiva a todos os brasileiros. Foi instrutor de oficiais na escola de Comando e Estado-Maior do Exército; Sempre esteve ligado aos Departamentos de relações Internacionais e de Inteligência do Estado-Maior do Exército; tendo já morado em Washington, nos Estados Unidos. Participou de cargos importantes no Ministério da Defesa e do Ministério das Comunicação e sempre atuou

dando suporte para a política de privatização da ECT. Nesse sentido, o mérito do General para ganhar o cargo de presidente dos Correios é a sua submissão a política internacional dentro do Brasil, a de pilhar o patrimônio do povo brasi-

liero, a começar por essa empresa, a ECT, a maior empresa de Correios da América Latina. Somente a mobilização dos trabalhadores pode barrar a destruição dos Correios, o general entrou na jogada para fazer esse processo na força.

SUCATEAR PARA PRIVATIZAR

Agência do BRB Comercial Sul com ar-condicionado quebrado A

política de ataques ao patrimônio público no Distrito Federal vai a todo o vapor no final do governo golpista de Rodrigo Rollemberg (PSB), e irá se aprofundar no próximo governo, do também golpista e bolsonarista, Ibaneis Rocha (MDB), representante direto dos empresários de Brasília, que estão de olho no filé que são as empresas estatais do DF, tais como a Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do DF), Ceb (Companhia Energética de Brasília), o Banco Regional de Brasília, dentre outras. Com o golpe o projeto da direita golpista é entregar todo o patrimônio nacional a preço de banana para os capitalistas. Para isso os golpistas, à frente das empresas estatais, deliberadamente vêm sistematicamente sucateando as mesmas. E é isso que vem acontecendo com o BRB. Além do sistema ope-

racional do banco apresentar, sistematicamente, falhas de operacionais criando grande transtornos para os funcionários e clientes, a agência do Setor Comercial Sul vem apresentando defeitos constantes no sistema de Ar-condicionado deixando o ambiente insuportável para trabalhar e para o atendimento. Não é a primeira vez que isso acontece e tudo indica que não será a última, já que faz parte da rotina o ar não funcionar devidamente. O último conserto não durou muito tempo. A ofensiva da direita privatista somente será barrada através de uma gigantesca mobilização de toda categoria bancária, juntamente com os demais trabalhadores, para barrar o golpe e a sua política neoliberal de entrega de todo o patrimônio nacional nas mãos dos grandes capitalistas nacionais e internacionais.

2ª CONFERÊNCIA NACIONAL ABERTA DE LUTA CONTRA O GOLPE E O FASCISMO FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS 8 E 9 DE DEZEMBRO DE 2018 SÃO PAULO - SP

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10 | MULHERES E JUVENTUDE

MULHERES

Para defender o direito ao aborto, é preciso lutar contra o golpe A

luta das mulheres é fundamental para levar a frente a luta contra o golpe. E a luta contra o golpe é a única frente possível para fazer avançar as pautas de libertação feminina. Pela situação de dupla-exploração, as mulheres trabalhadoras são as mais atingidas pela perda de direitos sociais e trabalhistas. Devido a sua posição de mãe, e também como a provedora do lar – dado os 37,5% de famílias chefiadas por mulheres, a mulher acaba respondendo por toda as responsabilidades relativas reprodução da sociedade de trabalhadores. Esse fato a coloca na linha de frente dos atingidos pela perda da estabilidade de emprego, redução de salários e flexibilização dos horários de serviço levado pelo governo golpista. Nesse sentido, os ataques aos serviços de saúde, como o Sistema Único de Saúde, os serviços sociais, como o Bolsa Família e a educação, com a pro-

metida implantação do Ensino a Distância até para o Ensino Fundamental, devem atingir a vida das mulheres frontalmente. Apenas uma das consequência práticas dessas medidas, por exemplo, é a intensificação da perseguição feminina pelo Conselho Tutelar por “deixarem seus filhos sozinhos enquanto cumprem o horário de serviço”: com o fim dos direitos complementares de escola presencial e Bolsa Família, a mãe não terá nem mesmo meio período livre para o trabalho, enquanto também vê a já baixa ajuda na renda familiar proporcionada pelo cartão cidadão sendo destruída. Nesse contexto de ataque sistemático ao direitos mais básicos da classe de oprimidos, é natural que a luta pelos direitos femininos seja colocada de escanteio pelo governo golpista e pela esquerda pequeno-burguesa que faz uma versão “light” da própria pauta da direita. A luta histórica pela

legalização do aborto, que é a luta pelo amparo estatal ao direito mais básico da escolha da mulher sobre o seu próprio corpo e sua própria vida, como era de se esperar, também foi colocada em segundo plano. A escolha “de campanha” de abandonar a pauta do aborto levada pela chapa “Haddad-Manu” foi influência direta das pressões golpistas, provando-se que a pauta do golpe também contêm o ataque direto às mulheres. Dessa forma, a luta pelos direitos da mulher estão indissoluvelmente atreladas a luta contra o golpe. Como exemplos, é possível citar a série de “estupros educativos” de bolsominiuns contra mulheres por sua posição política de esquerda. No mesmo sentido, estão os estupros de policiais contra mulheres da favela nas comunidades do Rio de Janeiro sob intervenção militar. Esses fatos deixam claro que a base social do gover-

no golpista é favorável a uma política de violência, inclusive física, contra as mulheres. A pseudo-pauta de luta feminina do “elenão”, promovida pela própria direita golpista, por outro lado, é apenas mais uma forma de desmoralizar a luta real das mulheres por seus direitos. Uma prova disso é que, ao mesmo tempo em que a rede Globo e figuras como Marina Silva e o Roberto Barroso se disseram partidários da dita “luta das mulheres contra o fascismo”, eles foram responsáveis importantes pela própria existência do golpe que criou o fenômeno Bolsonaro. Isso prova o cinismo desses setores, completamente despreocupados da situação material vivida pelas mulheres. Por isso, é preciso trabalhar na formação de comitês de luta contra o golpe que respondam a série de ataques físicos, econômicos e políticos aos direitos femininos.

REPRESSÃO

PM mata estudante dentro da PUC-RS Acompanhe a Causa Operária TV, toda segunda às 19h no site: causaoperariatv.com.br | no youtube: causaoperariatv

A

Polícia Civil gaúcha concluiu inquérito sobre o ocorrido no dia 27 de setembro, concluindo pelo indiciamento do policial da reserva que executou arbitrariamente um estudante na PUC-RS. O caso aconteceu dentro do campus da universidade gaúcha, onde o jovem de 26 anos Rafael Giovane Silveira da Silva, foi executado pelo PM a sangue frio, sabendo que a vítima se encontrava rendida e indefesa. Segundo as investigações o fato é comprovado, além da constatação de que o autor do crime mentiu em seu depoimento assim que se entregou, afirmando que teria agido em legítima defesa. A perícia do local e demais investigações, bem como testemunhas que estavam em volta do mesmo, comprovam que Rafael estava sentado e rendido pelo policial. Portanto, foi uma brutal execução e a queima roupa. O motivo do assassinato, seria uma suposta ameaça que Rafael teria feito ao seu filho no dia anterior, e que logo o autor se encontrava assustado e temia por seu filho. Comumente como

característica do estado burguês, os representantes dos órgãos repressores tem licença pra matar e a PM lidera esse ranking. A PM é inimiga dos estudantes e que somente serve para reprimir os mesmo nos campus, é preciso lembrar que no período do segundo turno eleitoral, as universidades estavam sendo invadidas pelas PM´s e TRE´s na tentativa de censurar e cercear a livre expressão política e organizativa dos estudantes, demonstrando mais uma vez a sintonia com o golpe de estado e seu dever de manutenção do status quo. Foram mais de vinte universidades que sofreram com o atentado a sua autonomia, desde a retirada de faixas contra o fascismo, até a proibição de atos dentro da universidade. Por isso, é preciso reafirmar que a universidade é um campo progressista e de luta dos estudantes. Logo, o movimento estudantil e toda a comunidade acadêmica não deve permitir a intervenção arbitrária como a da PM e de outros órgãos repressores em seu espaço universitário.


NEGROS, CIDADES E CULTURA | 11

CIDADE DOS CAPITALISTAS

PSDB quer entregar São Paulo para os tubarões imperialistas O

PSDB (Partido Social Democrático Brasileiro) que controla o Estado de São Paulo há 23 anos, e governa também a prefeitura da Capital do Estado, possui uma marca imbatível, a de governar para os interesses dos grandes capitalistas. Podemos listar entre os roubos que o PSDB promoveu na cidade e no Estado de São Paulo vários patrimônios doados para os seus amigos capitalistas, mas o maior deles foi a privatização do Banespa, um dos maiores bancos públicos do país, com carteira de clientes de todos os funcionários públicos do estado de SP. Os governos do PSDB foram verdadeiras mães para os capitalistas, e continuam sendo. No governo da prefeitura do tuca-

no João Dória, o saldão de venda do patrimônio público foi aberto sem ne-

NEM O SEGURANÇA SE SALVA

nhum freio, Dória colocou tudo à venda, empresas, praças e até o estádio

do Pacaembu entrou no pacote. Com sua saída da prefeitura para concorrer as eleições à governador de 2018, seu sucessor, Bruno Covas está encaminhando a liquidação do que sobrou. Bruno Covas, herdeiro do legado da privataria tucana, quer privatizar e entregar tudo aos capitalistas, até o espaço debaixo dos viadutos está sendo vendido. O filhote de tucano quer vender o autódromo de Interlagos e quer queimar as ossadas dos mortos no cemitério para privatizar até os cemitérios. São verdadeiros inimigos do patrimônio público, e grandes amigos dos capitalistas que ganharão rios de dinheiro com as riquezas de propriedade da população de São Paulo.

EM 14 DE NOVEMBRO 1851

Polícia mata negro que deteve É publicado “Moby Dick”, obra prima atirador em massa em Chicago do “renascimento americano” N

J

emel Roberson, um jovem negro de 26 anos, foi assassinado pela polícia as quatro da madrugada, no bar em que trabalhava como segurança. O jovem segurança tinha acabado de impedir mais um mass shootting (atentado armado recorrente nos EUA, onde um individuo começa a atirar contra uma multidão de maneira descontrolada). Um homem branco, cujo nome ainda não foi divulgado, disparava contra as pessoas do bar no subúrbio do Chicago quando Roberson o interceptou. Quando chegou a polícia, o atirador estava imobilizado no chão pelo segurança. Os gritos desesperados dos consumidores do bar avisando que o jovem negro era o segurança não foi o suficiente para convencer a policia de não atirar contra ele e matá-lo quase imediatamente. Jemel, portava uma arma mas esta não estava sacada e ele tinha a licença para portá-la. A desculpa de que o confundiram com um bandido, repetitivamente usada pela policia americana, mundialmente conhecida como fascista e sanguinária, pois quem estava presente no bar advertiu que o negro era o segurança, o perigo ali era o branco imobilizado, mas para os policiais, ainda sim era um negro imobilizando um branco e isso era inadmissível. Atiraram para matar e o mataram.

Os conhecidos da vítima disseram que era um rapaz muito trabalhador, um grande talento no teclado, instrumento que tocava nas igrejas da região, e que atualmente estava trabalhando para dar entrada em um apartamento. Jemel era pai de Tristan Roberson, uma criança recém nascida. Para o negro americano não basta trabalhar honestamente, ser da igreja, e ter feito todos os precedimentos para poder portar legalmente uma arma, como quer os conservadores americanos, que justificam os assassinatos cometidos pela policia dizendo que os negros assassinados eram bandidos e não “cidadãos de bem”. Não basta para o negro estar dentro da lei, nem mesmo ser um herói, ainda sim será um alvo para a polícia, e no caso de Jemel, um alvo armado. A polícia norte-americana não é diferente da brasileira, muito pelo contrário, são bem parecidas; são fascistas e racistas, uma verdadeira escória armada com passa livre para matar. Aqui no brasil qualquer pretexto serve para assassinar um trabalhador de pele negra, basta estar usando um guarda-chuva, sair de casa para comprar pão, ou estar usando um furadeira. O novo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, quer facilitar ainda mais esse genocídio; quer snipers e drones para facilitar o extermínios.

esse 14 de novembro completam-se 177 anos do lançamento da obra Moby Dick. O livro e uma das obras-primas da literatura norte-americana, e da cultural de um modo geral. Escrito por Hermann Ville, o livro conta a história do capitão Ahab e sua tripulação na caça a gigante baleia cachalote, de cabeça branca, o“maior animal do mundo“, denominada de MobyDick. O livro fora publicado originalmente em três fascículos, em Londres. Quem narra a história é Ismael, um dos tripulantes do navio Pequoq. O

narrador descreve toda a sua aventura desde o primeiro contato com o capitão Ahab, passando pela busca desenfreada pelos mares a Moby Dick, ate o conflito final com a baleia gigante. O autor do livro, Herman Ville, morto em 1891, não conseguiu ver o alcance que sua obra tomou, o que veio a ocorrer apenas no século XX. Moby Dick tornou-se uma obra comum nas escolas norte-americanas, o livro, inspirou, inclusive, um desenho animado dos irmãos Hanna-Barbera.


12 |ESPORTES E MORADIA E TERRA

FORMAR COMITÊS DE AUTODEFESA

Juiz autoriza despejo e manda jogar 35 famílias de sem-terra na rua O

Juiz de Direito da 1ª Vara Genérica da Comarca de Buritis, no Estado de Rondônia, emitiu uma reintegração de posse contra 35 famílias sem-terra da ocupação Nova Conquista, situada dentro do Distrito de Jacinópolis, município de Nova Mamoré. O latifúndio ocupado pelas famílias da ocupação Nova Conquista, é uma área da União grilada pelos latifundiários que pediram a reintegração de posse. As informações do Ministério Público é que a “área faz parte do antigo Seringal Boa Vista, dentro da Gleba Buriti, pertencente à União Federal.” A emissão da reintegração de posse em terras públicas para favorecer grileiros de terras emitida por um juiz golpista não é nenhuma novidade para os trabalhadores sem-terra. O que chama a atenção é o teor da ordem ju-

dicial emitida pelo Juiz. A carta afirma que o oficial de justiça deve deixar as famílias na rua de Jacinópolis, caso não tenha local para ficar. O juiz manda que as 35 famílias, composta por muitas crianças e idosos sem condições, joga-los na rua como se fossem cães. O juiz afirma na ordem judicial “no momento da desocupação as pessoas declarando não ter lugar para se abrigarem o(a)(s) Sr.(a)(s) Oficial)a)(s) de Justiça deverá deixa-las no Distrito de Jacinópolis em via pública”. A decisão do Juiz deixa claro que o judiciário, que sempre foi contra os trabalhadores, está cada vez mais arbitrário e agressivo contra os trabalhadores. A tomada do poder pelos golpistas e pelo fascista Bolsonaro está dando tranquilidade para que os juízes atuem da maneira mais absurda possível contra os trabalhadores sem-terra.

Essa é mais uma ação que deve ser denunciada e combatida. Não se deve aceitar que o judiciários e os latifundiários tratem os movimentos de luta pela terra com violência e arbitrarie-

dades. Os sem-terra devem se posicionar contra os golpistas e a extrema-direita através da formação de comitês de autodefesa.

ESPORTE

Chapecoense surpreende o Santos e segue vivo na luta pela permanência na Série A A

luta pela sobrevivência na ponta debaixo da tabela da Série A do Brasileirão 2018 registrou na noite de segunda-feira uma importante movimentação, apontando a vitória de um semi-degolado que se debate para não ir parar na segundona na próxima temporada. A Chapecoense visitou o Santos na partida isolada que complementou a trigésima terceira rodada e arrancou um importante resultado na luta que o time de Santa Catarina trava pela permanência na divisão de elite do futebol nacional. O time da Chapecoense entrou em campo muito mais determinado que os donos da casa, mostrando um futebol que se não foi nenhuma pérola da técnica e da tática brilhante, demonstrou garra e vontade muito superior a do

adversário, vencendo a partida e mantendo-se vivo na Série A. O desapontamento ficou por conta da atuação apática e muito pouco inspirada dos donos da casa, que embora tenha pressiona-

do a Chape, não conseguiu ser efetivo nas jogadas de articulação em direção ao gol e principalmente no momento das conclusões, onde a pontaria dos atacantes não estava calibrada.

A importante vitória do time catarinense mexeu na ponta debaixo da tabela, provocando um deslocamento de posições onde a Chapecoense figura agora no décimo sétimo lugar, o primeiro na zona da degola. Ainda que os três pontos alcançados ainda mantenha o time da cidade de Chapecó no Z4, a vitória alcançada fora de casa contra um clube da expressão do Santos eleva o moral do time para os próximos e decisivos confrontos da equipe catarinense na luta para permanecer na Série A. Na próxima rodada, a Chapecoense enfrentará o Botafogo, em seus domínios, na Arena Condá, onde terá a chance real de vencer e chegar aos quarenta pontos, embora o adversário carioca esteja também em luta pela permanência na primeira divisão.


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