Edição Diário Causa Operária nº5468

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QUARTA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5468

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

WWW.PCO.ORG.BR

OS FASCISTAS AINDA NÃO CONTROLAM O REGIME POLÍTICO, É PRECISO MOBILIZAR DESDE JÁ CONTRA TODOS OS GOLPISTAS

Com a vitória eleitoral fraudulenta da Jair Bolsonaro e a ofensiva violenta da extrema-direita, parte da esquerda ficou acuada, com medo de sair às ruas e lutar contra o golpe. EDITORIAL

O MEDO NÃO É BOM CONSELHEIRO: PASSIVIDADE DIANTE DA EXTREMADIREITA APENAS FORTALECE O CRESCIMENTO DOS FASCISTAS

SEMANÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 1979 • REVOLUÇÃO, GOVERNO OPERÁRIO E COMUNISMO • Nº 1031 • 17 A 23 DE NOVEMBRO DE 2018 • PREÇO: R$ 2,00 • SP: R$1,00

www.causaoperaria.org.br

Ano 39 • Distribuição nacional

PRESIDENTE DA CUT DENUNCIA FRAUDE E GOVERNO ILEGÍTIMO DE BOLSONARO

LIBERDADE PARA LULA

Lula ainda está preso e só será libertado com a mobilização revolucionária dos trabalhadores Leia mais na página 2

Bolsonaro coloca no Ministério da Defesa general que ajudou a prender Lula e controlar o STF Leia mais na página 2

Roberto Campos, neto de funcionário do imperialismo é indicado para o Banco Central Bolsonaro tem demonstrado que ele é a continuação do golpe de estado que derrubou Dilma Rousseff e prendeu Lu-

la. Seu governo é um governo improvisado de última hora para não devolver o poder para o Partido dos Trabalha-

Bolsonaro coloca o INCRA e agricultura sob o controle do Ministério do Latifúndio Leia mais na página 3

dores (PT). Além de latifundiários e militares, Bolsonaro tem em sua base de governo também representantes

diretos do capital financeiro, como por exemplo Paulo Guedes.

Leia mais na página 3

Ministério do Entreguismo Bolsonaro anuncia novo ministro das Relações Exteriores Leia mais na página 3

Entrevista

Médica cubana denuncia Bolsonaro e lamenta ter de deixar os pacientes, “o coração chega a quebrar”

Prisão de Lula foi organizada pelos militares

Para defender o direito ao aborto, é preciso lutar contra o golpe

O governo Bolsonaro, que ainda nem tomou posse e que foi eleito através de uma gigantesca fraude eleitoral, já demonstrou que vai passar por cima de todos os direitos democráticos do povo brasileiro. Diante da grande amea-

ça que se coloca para toda a população, surge mais uma vez um debate no interior da esquerda: qual é a política mais adequada para combater um governo fascista ou semifascista?

Leia mais na página 4

Em depoimento, Lula denuncia que processo contra ele é uma farsa da Lava-jato. Exigir a Liberdade de Lula! página 5

página 6

página 7

Leia mais na página 2

Unir o movimento popular para derrotar a direita Venha para a 2ª Conferência Nacional de Luta Contra o Golpe

Villas Bôas admitiu

Leia mais na página 4

“Segundo mês que professores paulistas tem salários errados”

Expulsar a extrema-direita, derrotar o Escola com Fascismo

Em 2016, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal votaram, em sua maioria, pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, concretizando um golpe de Estado.

Leia mais na página 5

Possível criação de Exérctio Europeu provoca crise entre Macron e Trump Leia mais na página 8

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Leia o Jornal Causa Operária Edição 1031 Leia: Roberto Campos, neto de funcionário do imperialismo é indicado para o Banco Central Leia também: Em depoimento, Lula denuncia que processo contra ele é uma farsa da Lava-jato. Exigir a Liberdade de Lula!

Cardozo diz que Moro deveria COLUNA fazer “quarentena ética” para Zé Dirceu. Memórias volume I. esconder que ele é golpista, Resenha Parte II Por Antônio Eduardo mas não defende Lula O ex-ministro da justiça do governo Dilma, José Eduardo Cardozo, resolveu se manifestar sobre a ida de Sérgio Moro para compor o ministério da justiça de Bolsonaro.

Cultura, filantropia e lavagem de dinheiro: o projeto golpista para os museus Em ação intimidatória, exército está mapeando e questionando terras indígenas no RS Lideranças indígenas do Rio Grande do Sul estão recebendo uma série de visitas, intimidações e questionamentos por representantes do exército brasileiro e do governo golpista do Estado.

Em medos dos anos 1970, a ditadura brasileira enfrentou seu maior desafio, as mobilizações populares e as greves operárias. No capitulo 13 .


2 |OPINIÃO EDITORIAL

O medo não é bom conselheiro: passividade diante da extrema-direita apenas fortalece o crescimento dos fascistas

A

esquerda não pode, de forma alguma, se acovardar diante da extrema-direita. A experiência histórica do movimento operário já demonstrou que a passividade das organizações populares, ainda mais em um cenário de radicalização da luta de classes, favorece o crescimento e o fortalecimento da extrema-direita. Para barrar e derrotar o fascismo é preciso mobilizar de maneira sistemática e organizada o movimento dos trabalhadores. É preciso fazer

agitações, difundir a propaganda de esquerda, denunciar os golpistas e os fascistas, construir a verdadeira resistência e a luta efetiva contra a extrema-direita. Não se pode ter medo e recuar. Quem recua, naturalmente, dá espaço para o inimigo crescer e levar sua política adiante. A extrema-direita é uma força real e emergente, isso é inegável e o Partido da Causa Operária já vinha fazer esse alerta desde 2013. No entanto, ela só está em ascensão, em grande medida, devido jus-

tamente à passividade das organizações de esquerda. Quando a direita estava na rua, no período imediatamente pré-impeachment, a esquerda não realizou um movimento de enfrentamento e deixou o caminho livre para os ataques a sindicatos, partidos e militantes de esquerda. Quando, finalmente, acordando com o golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff, a esquerda começou a se mobilizar, os fascistas recuaram e saíram das ruas. Nas mobilizações cada vez mais radica-

lizadas contra a prisão de Lula, não se viu mais fascistas valentões intimidando e atacando a esquerda. Por isso é preciso se mobilizar de maneira permanente e organizada, essa é a arma fundamental para impedir o avanço do fascismo. Não se pode abaixar a cabeça, pois assim o fascismo cresce. O movimento popular, por meio de suas poderosas organizações como a CUT, o MST, o PT e outros, deve colocar em movimento a classe operária, única força capaz de derrotar os golpistas, fascistas e a burguesia.

COLUNA

Zé Dirceu. Memórias volume I. Resenha Parte II Por Antônio Eduardo Em medos dos anos 1970, a ditadura brasileira enfrentou seu maior desafio, as mobilizações populares e as greves operárias. No capitulo 13 . Nasce uma estrela !. o ex-guerrilheiro assina a ata de fundação do Partido dos Trabalhadores, José Dirceu descreve a sua aproximação com Lula e com outras lideranças sindicais e populares, que levará a fundação do PT em 1980. “ a imagem que eu tinha de Lula remontava aos anos 1977 e 1978, quando ele surgiu com aquela voz roufenha, sua liderança e sagacidade, desafiando o governo militar e resistindo ás ameaças que, depois, se transformariam em repressão, intervenção e prisões no mais poderoso sindicato do país” “ apesar das diferenças culturais e de classe, logo me identifiquei com Lula. O jeito espontâneo de se impor perante os interlocutores, sua sede de conhecimento, os sinais claros de uma inteligência rara e sua coragem ficaram na minha memória.”p.175 Novas lideranças sindicais surgiam no país inteiro, como Olívio Dutra, Luis Gushiken, Jacó Bittar, Luiz Dulci , entre outros. Esse processo liderado por Lula, representava um movimento de recomposição da classe trabalhadora, e diante da crise da ditadura militar colocava em relevo a importância de uma intervenção política dos trabalhadores. Como assinala José Dirceu, que apesar de divergências e posições diferentes neste movimento, “ o principal naquele momento era construir um partido dos trabalhadores” A construção do PT e da CUT O PT foi fundado em 10 de fevereiro de 1980, “ na constituição da sigla, uma coluna vertebral unindo os sindicalistas que detinham a legitimidade e a liderança, além de uma expressiva e majoritária base social operaria e trabalhadora e as pastorais, comunidades de base e movimentos populares e as esquerdas independentes, provenientes da luta armada ou não, onde nos enquadramos. Era o que seria, no

futuro, uma vasta aliança de artistas, intelectuais, advogados, jornalistas, médicos, que se uniram aos militantes da luta armada para forjar e construir, com base na força dos sindicalistas e das bases populares, a maioria do PT” p.176 O surgimento do PT expressou o choque do movimento operário e das massas populares com a estratégia de “ transição lenta e segura” estabelecida pela “Abertura” promovida pelos militares. As direções pelegas dos sindicatos, atreladas a política de contenção dos militares, mesmo participando do MDB( depois PMDB), como os sindicalistas do PCB e PCdoB foram ultrapassados pelo sindicalistas autênticos e pelas oposições combativas que enfrentaram os aparatos controlados pelos militares. Os movimentos sociais reivindicativos e populares que pipocavam no país inteiro, militantes socialistas de diversas organizações, entre os quais os egressos da luta armada e os grupos que se reivindicavam -se do trotskismo colocaram em marcha um movimento pela construção de um Partido dos Trabalhadores. As definições sobre o caráter do PT, de que qual o papel do partido naquela conjuntura, da relação com o movimento sindical e como atuar nas eleições é apresentado por Dirceu : “ que tipo de partido? Isso estava revolvido no manifesto, mas cada força política que o constituía interpretava o documento segundo sua visão e experiência. Um partido legal? De núcleos e diretórios? Com que programa de governo ou de poder? Ou era só uma plataforma de luta contra a ditadura, como se fosse uma frente? Era ou não para ser um partido? E questões táticas nas eleições : “ como legalizar um partido dentro das leis ditatoriais? Como disputar eleições mesmo com as restrições impostas pelo governo? Como combinar a luta social com a politica e a luta eleitoral ? vamos apresentar programas para governar de cidades e estados ou só para derrubar a ditadura? “ O balanço das eleições de 1982, a primeira depois da reformulação par-

tidária de 1979, abriu intenso debate sobre as questões sobre o caráter do PT. O estabelecimento do voto vinculado, e a campanha pelo voto útil em torno do principal partido da oposição PMDB, criaram enormes obstáculos eleitorais, mas de qualquer forma, o PT conseguiu através de uma campanha política militante se estabelecer como um partido nacional, e a campanha de lula para governador de São Paulo cumpriu um papel importante. No ano seguinte, a criação da CUT, por iniciativa do “ novo sindicalismo” evidenciava a envergadura do ascenso operário no país, com o desenvolvimento de um amplo movimento, com a proliferação de oposições sindicais, que ia conquistando os sindicatos, derrotando os pelegos tradicionais, uma verdadeira avalanche política, que foi um formidável impulso para o crescimento e enraizamento do PT na classe trabalhadora. “ na chamada Nova República, havia novos atores na cena política. Além do PT, PDT,PSB,PCdoB, PCB, consolidava-se a Contag, irrompia o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra( MST), além da CUT e da Central de Movimentos Populares (CMP)” A constituição da CUT ( 26 de agosto de 1983), uma central operária com grande capilaridade nacional será um dos pontos cruciais para o próprio desenvolvimento do PT. “ o partido não se resumia a um partido eleitoral” afirma José Dirceu. O manifesto dos 113 e o estrangulamento da democracia do PT A evolução da crise da ditadura combinada com o ascenso das massas impulsionou as tendências para a construção de um partido próprio dos trabalhadores. A construção da CUT e a retomada pela base do movimento sindical, com amplo crescimento dos movimentos sociais e populares colocou em relevo de forma concreta a construção de um amplo partido operário de massas no Brasil. No capitulo 14 A estrela começa a brilhar. O manifesto 113 e o PT é um partido

e não uma frente, José Dirceu aponta de maneira muito consciente que a questão chave para o desenvolvimento posterior do PT foram os embates no interior do próprio PT e na CUT. Esse processo, no qual José Dirceu teve um papel de destaque como formulador dos objetivos do “ campo majoritário” e como grande comandante do aparato partidário, a partir do controle do PT em São Paulo, utilizou a forte presença do PT nos movimentos sindicais e populares, com uma alavanca para o crescimento eleitoral e conquistas de posições na institucionalidade. Evidentemente, que não poderíamos esperar que José Dirceu ressaltasse aspectos contraditórios da política da direção do PT durante os anos 80 e 90, mas na nossa resenha critica não podemos deixar assinalar que a direção petista bloqueio de maneira calculada a participação das bases na vida interna e nas decisões do partido, sobre o pretexto de evitar que o PT fosse um “ partido do macacão” ( referência ao uniforme dos operários), e que não se podia ter um “ partido estreito”, procurava-se evitar que o PT fosse um efetivo partido dos trabalhadores. A burocracia sindical e os setores dirigentes do PT ao mesmo tempo que acompanhavam o desenvolvimento do movimento de massas, tinham um forte temor de perder o controle sobre o funcionamento do PT e da CUT. Dessa forma, ao mesmo tempo que estes setores eram favorecidos pelo


OPINIÃO| 3 movimento de conjunto dos trabalhadores, representando esse movimento de maneira distorcida, sentiam-se ameaçadas pelas possibilidades colocadas pelo desenvolvimento das lutas sindicais e populares. Assim, um setor fundamental da burocracia sindical( lulista), grupos ligados a igreja e militantes políticos experientes formaram um bloco majoritário, que contou com a participação da corrente O Trabalho na constituição da Articulação para dominar internamente o PT, e evitar na verdade o controle do PT pelas sua base social . “ dessa situação surgiu o histórico Manifesto dos 113, a articulação dos 113 para se diferenciar dos partidos e organizações inseridas no PT. “ uma reação ao reunismo” organizar o PT ação politica,sindical e parlamento. “ a aliança dos sindicalistas, lideranças populares( na maioria católicas- e a esquerda independente. O ponto central foi a vitória da Articulação no Encontro Estadual de São Paulo, em 1983, com 73 % dos votos dos delegados, senda a verdadeira mudança foi a constituição da nova direção do PT, a partir de São Paulo.” A direção majoritária do PT, a Articulação estabeleceu os paramentos do funcionamento do partido. De uma forma geral, a grande questão era que a Articulação defendia o PT, não como um partido efetivamente dos trabalhadores, mas baseado nos trabalhadores. Do ponto de vista estratégico, apontava-se para a maior participação dos trabalhadores na “ democracia” e na política, sendo rejeitado a política de um partido revolucionário, apresentado como uma visão “ estreita”. A imprensa burguesa buscava enquadrar o partido, influenciando nesta definição, o estigma de “ xiita” e “ radical”. No seu livro, José Dirceu apresenta as supostas características “democráticas” do PT ressaltando a existência do debate interno, mas revela ao longo do texto sem nenhuma cerimônia, que a política não somente adotada, mas que justificou a criação da Articulacao foi a necessidade de impor um limite ao “ democratismo”, pois segundo ele, o PT queria decidir tudo pelo método do “ reunismo”. Era preciso dar um basta isso, e José Dirceu apresenta como dado fundamental o combate as tendências internas da esquerda petista, pois na sua visão era preciso combater o “ aparelhamento “ e o “vanguardismo” das tendências. “ as correntes mais esquerda do partido continuavam prisioneiras do vanguardismo” p.194 “ havia tempos, a atuação das tendências e partidos incomodavam as lideranças sindicais e populares, tanto pelo aparelhismo quanto pela dupla atuação “ (…) “os sindicalistas e os militantes populares – a imensa maioria dos filiados – não se organizavam e não tinham experiência partidária. Já as organizações procedentes da luta contra a ditadura ostentavam disciplina, centralismo, organização, jornais, finanças e votavam fechadas, disputando e vencendo as discussões e conquistando cargos, enquanto a maioria organizada ia perdendo, de fato, a direção do partido”

Enquanto os políticos carreiristas, e os setores mais oportunistas que iam entrando no PT, devido ao seu crescimento eleitoral e pelas inúmeras posições conquistas na institucionalidade “democrática” eram cortejados, os críticos, como os militantes da tendência trotskista Causa Operaria, precisavam ser silenciados e isolados, não porque eram irrelevantes e portanto podiam ser excluídos sem problemas, mas justamente pelo contrário, era preciso combater um perigo potencial. Para transformar o PT, adequando o partido para uma maior integração ao Estado Burguês, o “ modo petista de governar” que se deu gradativamente com a eleição de parlamentares, e dos governos municipais e em alguns momentos de estados da federação ( DF, RS,ES,) era preciso direcionar o aparato partidário para essa finalidade. Neste sentido, o estrangulamento da democracia interna, o esvaziamento das instâncias partidárias, o disciplinamento das tendências internas,( capitulação da esquerda como O Trabalho, Democracia Socialista, Força Socialista, etc), bem como a feroz perseguição política contra os militantes da tendência interna Causa Operária era uma questão chave neste processo preparação do PT para participar como sócio menor do regime burguês. As correntes da esquerda no PT e na CUT não compreenderam o que estava em jogo, e abordavam a “ regulamentação de tendências” como algo positivo, sendo que nenhum grupo prestou uma solidariedade a tendência Causa Operaria, pelo contrário, até mesmo cumpriram um papel de capitães de mato da Articulação. O resultado disso, jornal causa operária já antevia, foi a posterior expulsão da convergência ( que criou o PSTU) e dos deputados que fundaram o PSOL, como consequência o aprofundamento da política de colaboração de classe imposta no PT pela sua direção. È importante aproveitar essa resenha para assinalar que não era uma questão secundária o não reconhecimento da Causa Operária como tendência interna do PT, mas representou um aspecto decisivo para a posterior evolução do maior partido da esquerda brasileira. Apesar de evitar uma referência direta a este processo, o texto de José Dirceu, é cristalino, evidenciando que a direção da Articulação agiu com extrema truculência, pois estava convicta que depois das eleições de 1988, quando o PT foi vitorioso para governar a prefeitura de são Paulo e 1989, quando foi ao segundo turno nas eleições presidenciais, estava colocado uma maior participação do PT no regime político, e não se queria uma outra política revolucionaria ( chamada de vanguardista) dentro do PT. A noção propalada pela Articulação de que militantes da Causa Operária tinha “ duas camisas” levou a criação de um total cerceamento da liberdade de crítica dentro PT, uma verdadeira caça as bruxas dentro do partido. O objetivo não era somente expulsar os militantes, que depois fundariam o PCO, mas transformar qualquer oposição as determinações da direção majoritária em uma espécie de

Lesa pátria. A crítica contundente era criminalizada e apontada como algo contrário ao partido. ( notem que continua sendo o método preferencial da esquerda hoje diante das criticas do PCO). Esse método utilizada fartamente dentro do PT, um partido “ aberto” e “ democrático” era na verdade um método stalinista típico, que José Dirceu e a direção do PT utilizava para seus fins políticos. Curiosamente a chamada do I Congresso do PT, em 1991, quando o recurso da tendência Causa Operária contra a sua expulsão foi rejeitado, com os votos ou abstenção da esquerda petista era ” Proibido Proibir”. Entretanto, os oportunistas e carreirista tinham toda a liberdade, não respeitavam as deliberações da base e submetiam o partido aos seus interesses particulares ( as suas diversas camisas). Um aspecto importante, que permitiu a burocracia da Articulação conseguir o controle do partido, e vários políticos conseguiram seus mandatos, foi a a exploração de um fabuloso capital político, a figura de Lula, como principal expoente e avalista da Articulação e depois do campo majoritário. Também sobre esse fato José Dirceu também demostra perspicácia “Para manter o pluralismo, a questão democrática dentro do partido, passa pelo controle do partido, através da “ liderança real, legitima, mas carregada de peso simbólico de Lula_ podia garantir a unidade de tal partido”. Direitas já e a recusa do PT ao colégio eleitoral da ditadura A figura de lula não impediu profundas divergências sobre constituinte, participação no colégio eleitoral, – diretas já, entre outras questões nos anos 80. Movimento pela diretas já, no esgotamento do regime militar, que mesmo assim consegui impedir a vitória da emenda Dante de Oliveira no congresso nacional, na verdade os políticos burgueses, entre os governadores da oposição que participavam do movimento das Diretas já articulavam uma transição via colégio eleitoral, estabelecendo a instauração da transição pactuada, a Nova República., que marcara o regime político não somente durante o governo Sarney, mas durante todo período pós-ditadura militar. “ As consequências do acordo que se originou a Aliança Democrática não seriam de curto prazo e nem se esgotariam no governo José Sarney. Chegariam à constituinte, levariam FHC ao governo e estariam ainda presentes na deposição da presidente Dilma Rousseff, em 2016” p.199 O período da Nova República proporcionou um isolamento do PT no terreno institucional, o partido recusou-se participar da eleição indireta no colégio eleitoral, o que levou a expulsão de três deputados (Airton Soares, Bete Mendes e José Eudes) que votaram em Tancredo Neves. Nas eleições de 1986, através de uma série de manipulações( destacando o Plano Cruzado), o principal partido governista, o PMDB elegeu a principal banca de parlamentares congresso e praticamente todos os governadores( exceto Sergipe).

Um fato curioso, relatado por José Dirceu, foi o episódio da hipoteca do PT da Bahia para o PMDB. O interessante que quem fez esse comércio político para apoiar o então candidato Waldir Pires, em aliança com ex-carlistas como o vice latifundiário Nilo Coelho, que depois viria assumir o governo de Estado, quando Waldir renunciou para ser candidato a vice – presidente na Chapa de Ulisses Guimaraes, em 1989, não foi a Articulação, mas a esquerda petista (Força Socialista), hoje uma parcela dos egressos dessa corrente são os “radicais puros” do PSOL. A direção nacional interviu desfazendo o acordo, na ocasião José Dirceu chancelou a política de não integrar frentes eleitorais com PMDB e os partidos da “ transição conservadora”. Ele considera agora “ um erro” ( aspas do próprio autor) não ter apoiado Waldir. O desenvolvimento da crise da Nova República, com ampliação dos movimentos grevistas e dos protestos populares levará ao crescimento nacional do PT, com a constituição de ampla de base de apoio popular. Neste sentido, um fator determinante para o crescimento do PT foi justamente a recusa nas alianças com setores burgueses, pois significou que o partido pode canalizar a insatisfação popular, e depois inclusive ter ganhos eleitorais justamente por não ter feito “ alianças” com os partidos tradicionais. A aliança com políticos burgueses não foi um fator decisivo para conquistar apoio popular, pelo contrário, muitas vezes permitiam que políticos burgueses decadentes tivessem sobrevida às custas do PT, e especialmente de Lula. O papel dessas alianças é muito mais para servir como como uma espécie de garantia política para a aceitação de um governo petista de Frente Popular pelas classes dominantes. Em 1988, o PT consegui um resultado surpreendente, inclusive para o própria direção do PT, que não apostou na candidatura de Luiza Erundina, que acabou vencendo a eleição. Na ocasião, José Dirceu e a direção da Articulação, apoiaram a pré-candidatura nas prévias do PT de elemento ligado a Igreja católica, Plinio de Arruda Sampaio, que nos anos 2000, abandonou o PT para obter uma vaga como candidato a Presidência da República pelo PSOL. Em 1989, em situação se refletiu nas eleições presidências, a primeira após o golpe de 1964. O desmoronamento da Nova República levou uma polarização política, e a burguesia como medida defensiva, realizou a operação Collor, com apoio da grande mídia, para impedir a vitória do PT. Após as eleições, José Dirceu relata a crise política no governo Collor, e finalmente o engajamento nas mobilizações pelo Fora Collor, e na posição do PT de não participar no governo Itamar, relatando o episódio da oportunista adesão de Luiza Erundina como ministra ao governo com os partidos burgueses. Na terceira e última parte dessa resenha da autobiografia de José Dirceu será abordado o governo Lula.


4| POLÊMICA

NÃO HÁ LIMITES PARA A LOUCURA

Esquerda pequeno-burguesa compara revolução socialista na China ao Escola Com Fascismo A

pesquisadora Rosana Pinheiro-Machado publicou nos últimos dias um artigo no sítio The Intercept no qual traça uma ridícula comparação entre o bolsonarismo – expresso no projeto Escola Sem Partido (ou melhor, Escola Com Fascismo) – e a Revolução Cultural que ocorreu na China entre a segunda metade da década de 1960 e a primeira metade da década de 1970. Os pontos nos quais a sinóloga afirma haver semelhança entre os dois fenômenos são, segundo ela, a doutrinação ideológica, o autoritarismo e a guerra ao conhecimento e ao pensamento crítico. A aproximação principal entre os dois, como ela escreve, seria o método: a “denúncia dos professores pelos próprios alunos” e a “caça aos mestres e artistas, jornais e universidades”. Para iniciar a demolição da peça disparatada da intelectual pequeno-burguesa, é preciso contextualizar a realidade chinesa da época da Revolução Cultural. Ela foi realizada em um momento em que, no âmbito internacional, a burocracia stalinista soviética adotava uma política de conciliação com o imperialismo. Dentro do próprio Partido Comunista Chinês havia elementos que procuravam seguir o mesmo caminho dos soviéticos e capitular diante do imperialismo. A Revolução Chinesa de 1949 começou com um caráter democrático e nacional, não essencialmente socialista, e o país continuou a contar – mesmo que em menor escala – com camadas sociais burguesas e pequeno-burguesas reacionárias, portanto a luta de classes estava ainda muito viva. Diante da divisão de classes e da luta que, naturalmente, continuou a ser travada após a Revolução de 1949, a Revolução Cultural foi uma poderosa

mobilização revolucionária para evidenciar as contradições de classe que existiam. Ela foi um confronto também entre as alas esquerda e direita da burocracia chinesa e a classe operária. A ala direita da burocracia, de maneira contrarrevolucionária, tentava esconder e anular as contradições da luta de classes. Isso somente favorecia a burguesia e o imperialismo que, obviamente, mantinham sua luta para restaurar a ordem pré-revolucionária e esmagar a Revolução. A Revolução Cultural foi uma ação de demarcação das contradições entre as classes sociais, na qual as massas desvelaram seus inimigos de classe e se mobilizaram para derrotá-los, ao invés de esconder e conciliar as contradições. Rosana Pinheiro-Machado compara o acontecimento chinês com o Escola Com Fascismo especialmente no âmbito educacional. Para esclarecer esse ponto, é necessário recordar que, àquela altura, a burocracia chinesa havia montado um sistema educacional parecido com o que havia antes da Revolução. As universidades serviam para formar os quadros técnicos do Partido Comunista (como foi feito durante milênios na China antiga para formar funcionários da administração imperial). Ou seja, as universidades eram controladas pela e destinadas à burocracia. Muitos professores e intelectuais eram burocratas, pequeno-burgueses. Como uma pequena-burguesia, apresentavam-se acima dos operários e constituíam uma classe potencialmente – e também na prática – conservadora e reacionária. Isto é, as universidades estavam dominadas pela burocracia e desempenhavam um papel contrarrevolucionário, servindo a interesses contrários aos da classe operária.

Perante esse cenário, nas universidades e na sociedade como um todo, as massas trabalhadoras se levantaram contra o domínio da burocracia partidária e estatal. A Revolução Cultural, longe de ter sido uma realização de um só homem, foi, antes de tudo, uma reivindicação e uma imposição da vontade das massas sobre a burocracia, e que contou com a participação da ala esquerda da burocracia – representada pelo presidente Mao Tsé-tung – a fim de eliminar a ala direita. Foi também uma ação contra os vestígios feudais e a tentativa de implantação de elementos capitalistas no seio da Revolução Chinesa. Ela enfrentou as posições e desvios reacionários, enquanto o Escola Com Fascismo visa impor sobre o povo explorado uma política absolutamente retrógrada, reacionária e antipopular. A Revolução Cultural foi uma imposição da luta popular sobre as políticas reacionárias que ameaçavam destruir a Revolução por dentro. A Revolução Cultural nada tem a ver com o Escola Com Fascismo. Enquanto aquela foi um amplo movimento revolucionário das massas contra a burocracia e a direita, este é um movimento fascista da direita e do Estado – por meio da burocracia coxinha escolar (diretores, alguns professores) e estatal (políticos de direita), pais de alunos bolsonaristas e grupos de extrema-direita – contra as massas, inserido em um quadro generalizado de ataque da burguesia ao movimento popular, à esquerda e à população. A Revolução Cultural forneceu grande parte do controle estatal e partidário para as massas. Em certa medida, desburocratizou o partido – uma vez que o partido comunista deve ser o partido que pertence às próprias massas trabalhadoras, organizadas de ma-

neira independente da burguesia e demais classes parasitárias. Ela não se resumiu à estrutura educacional. Como uma criação das massas, primou pelo coletivismo socialista contra o individualismo pequeno-burguês. A Revolução Cultural tratou de valorizar o trabalho dos operários e camponeses (a esmagadora maioria da população), bem como “proletarizar” as camadas médias, a fim de inseri-las na luta revolucionária para a efetiva destruição do capitalismo e construção do socialismo. A Revolução Cultural buscou libertar as mulheres e os camponeses dos vestígios da opressão milenar a qual estavam submetidos e os quais não haviam sido totalmente erradicados com a Revolução de 1949. O Escola Com Fascismo, ao contrário, não é um movimento democrático com ampla participação popular (como foi a Revolução Cultural). É um movimento de uma minoria fascista e – essa sim – autoritária para suprimir o desenvolvimento das massas através da censura à liberdade de cátedra e de expressão. É uma minoria tentando se impor à maioria, enquanto a Revolução Cultural foi um movimento da maioria para retirar o controle e o poder da minoria. O Escola Com Fascismo é um movimento antidemocrático, enquanto a Revolução Cultural foi um movimento democrático e, em certa medida, espontâneo das massas. Ao tentar comparar os dois movimentos, a autora nega a luta de classes. Em última instância, na prática, ela busca afirmar que o comunismo e o fascismo são muito parecidos, senão iguais. Tal manipulação da história desvela o caráter reacionário da esquerda pequeno-burguesa, sempre disposta a fazer frente com a direita em sua saga anticomunista.

“VIRAR À PÁGINA DO GOLPE”

Cardozo diz que Moro deveria fazer “quarentena ética” para esconder que ele é golpista, mas não defende Lula O

ex-ministro da justiça do governo Dilma, José Eduardo Cardozo, resolveu se manifestar sobre a ida de Sérgio Moro para compor o ministério da justiça de Bolsonaro. Cardozo, como de hábito, deu entrevista à Folha de São Paulo (17/11) “explicando” e “justificando” a conduta do juiz da lava-jato. Segundo ele “não existe cargo de ministro que não seja político” e “um ministro tem que guardar uma relação com o governo e sua visão política”, mas basta ficar por um tempo de quarentena que está tudo bem. Cardozo ainda deu uma mostra de sua passividade característica e a bajulação à imprensa burguesa que marcou os cinco anos de passagem

pelo ministério da justiça no governo petista. Para ele, Sérgio Moro seria uma espécie de paladino da ética “Um defensor público da ética, defensor público da magistratura, ele sempre disse que não aceitaria nenhum cargo político porque isso poderia inclusive prejudicar o seu trabalho. Então eu imaginava: não, ele vai recusar” A postura de José Eduardo Cardozo demonstra a atitude de parte do PT que deseja “virar a página do golpe”, esse setor procura se adaptar aos gopistas e segue acreditando na operação lava-jato e sua suposta isenção até hoje. O ex-ministro sequer pronunciou o nome de Lula o que demonstra que para ele sua pri-

são ilegal também são águas passadas. Quanto à lava-jato, Cardozo ainda defendeu que nem todas as prisões da operação foram arbítrarias colocando mais uma vez uma suposta “luta contra a corrupção” distante dos óbvios objetivos políticos da operação. Essas declarações demonstram mais uma vez a urgência da luta contra o golpe e a prisão de Lula. É preciso resistir aos ataques dos golpistas e seus colaboradores denunciando os discursos que confundem parte da esquerda que permance anestesiada diante da fraude eleitoral. É preciso convocar os trabalhadores para mobilização e o enfrentamento do golpe e da prisão de Lula.


POLÍTICA | 5

A ESQUERDA QUE A DIREITA GOSTA

Os fascistas ainda não controlam o regime político, é preciso mobilizar desde já contra todos os golpistas C

om a vitória eleitoral fraudulenta da Jair Bolsonaro e a ofensiva violenta da extrema-direita, parte da esquerda ficou acuada, com medo de sair às ruas e lutar contra o golpe. Isso se dá por conta das diversas agressões realizadas pelos Bolsonaristas nos últimos tempos. Além disso, há também a vitória de Jair Bolsonaro e a proximidade de um golpe militar no país. Alguns militantes, sobretudo dos setores pequeno-burgueses ou que são mais influenciados por estes setores, demonstraram uma política de se esconder debaixo da cama. Uma política de capitulação total. O mesmo tipo de política que levou às principais derrotas do movimento operário no século XX. A falta de combate efetivo contra o desenvolvimento embrionário da extrema-direita na Itália e na Alemanha levou a instauração de regimes fascis-

tas nestes países. Os regimes fascistas são a destruição total da democracia operária. Isto é, após acabarem com a liberdade de imprensa e de expressão, que são vitórias das revoluções burguesas, os direitistas acabam com os sindicatos, os partidos de esquerda e qualquer outra tentativa de organização da classe operária na luta por seus direitos. Isso, é um cenário possível no desenvolvimento do golpe, mas não está concretizado. E sua concretização vai depender da relação entre as forças políticas em conflito. Os fascistas estão crescendo, estimulados por Bolsonaro, mas o fato é que ainda não tomaram conta essencialmente do aparato estatal. Ou seja, o regime fascista não se consolidou. Por isso, o momento de combater a extrema-direita é agora. É preciso barrar a ofensiva antes que tomem

conta da situação. A crise é tão grande que o momento pode ser decisivo. Diante da decomposição do regime de 1988, as forças políticas em combate podem definir a composição de um novo. Para que isso ocorra, é preciso que

a esquerda saia em massa às ruas para denunciar o golpe de estado. Lutar pela Liberdade do Lula, pelo Fora Bolsonaro e denunciar a fraude eleitoral. É preciso mobilizar toda a população em uma luta intensa contra os ataques da direita golpista.

PAU NO COCO, POR RALFO

DE SEGUNDA A SEXTA ÀS 9H30

FRASE DO DIA “Eu não me sinto escrava em momento nenhum do meu país. Eu aceitei, assinei um contrato em que eu sabia, quando chegasse ao Brasil, o salário que eu iria receber e eu queria mandar para Cuba e para que o dinheiro mandado para Cuba seria utilizado. […] Cuba precisa do dinheiro? Precisa. Nós damos o dinheiro conscientemente” Dainerys Sandoval, médica cubana do Mais Médicos, em entrevista ao DCO


6 | ESPORTES E MORADIA E TERRA ESPORTE

Para desespero dos coxinhas: Neymar é disputado entre o Barcelona e o Paris Saint-Germain

E

speculações vindas da imprensa espanhola dão conta de uma negociação entre a equipe do Paris Saint-Germain e o Barcelona para o retorno do craque brasileiro Neymar ao time catalão, por ser o melhor do mundo. Um canal de TV da Espanha afirma que há fontes confiáveis onde a notícia do retorno de Neymar ao time que o projetou no futebol europeu já estaria “quase concretizada”. Entre amigos, inclusive, o atacante brasileiro já está falando como se o retorno já fosse uma realidade. Nas razões que estariam motivando a insatisfação e o consequente desligamento de Neymar do milionário time da capital francesa estariam os atritos com as outras “estrelas” do PSG, particularmente o atacante uruguaio Cavani, que remonta ao mo-

mento da chegada do brasileiro ao time francês. Em mais de uma oportunidade, esses atritos se tornaram públicos durante as partidas em que

RIO GRANDE DO SUL

Em ação intimidatória, exército está mapeando e questionando terras indígenas no RS

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ideranças indígenas do Rio Grande do Sul estão recebendo uma série de visitas, intimidações e questionamentos por representantes do exército brasileiro e do governo golpista do Estado. Segundo os indígenas Guarani Mbya, as ações ocorreram dentro das comunidades de Capivari, Canta Galo, Estiva e Itapoã. Em todas as comunidades indígenas os militares e as entidades do governo golpista fizeram um verdadeiro interrogatório sobre as comunidades, desde comportamento, questões de saúde e sobre as terras indígenas ou em processo de demarcação. A ação dos militares gerou um clima de tensão entre os indígenas porque nunca passaram por este tipo intimidação das forças armadas. A tensão entre os indígenas não é por acaso. Desde o anúncio da vitória de Bolsonaro nas eleições fraudadas, houveram diversos ataques contra os povos indígenas. A ação dos militares é mais um indicativo de que está sendo preparada uma

grande ofensiva contra os povos indígenas. O fascista Bolsonaro já deu mais de uma vez declarações sobre demarcação de novas terras indígenas, revisão das terras já demarcadas e da exploração de latifundiários, mineradoras e madeireiras de territórios indígenas. Há um enorme interesse do imperialismo em tomar e explorar as terras indígenas. O golpe de Estado que derrubou a presidente Dilma Roussef foi colocado em prática para entregar as riquezas do país nas mãos de latifundiários, madeireiras e mineradoras estrangeiras, e levar Bolsonaro e os militares para o poder é um agravamento da entrega desses recursos. É preciso denunciar a atuação golpista das Forças Armadas e impedir que os territórios indígenas sejam invadidos pelo Estado para qualquer tipo de intimidação. A derrota desta ofensiva, que tende a se agravar ainda mais, só pode ser alcançada com a unidade dos indígenas com outros setores da luta pela terra e os trabalhadores da cidade.

os dois atacantes eram escalados para o ataque do PSG. Perguntado sobre uma possível ida para o maior rival do Barcelona, o

Real Madrid, Neymar foi taxativo ao afirmar que não há qualquer possibilidade de que isso venha a ocorrer. O time merengue da capital espanhola há muito disputa com outros gigantes da Europa o privilégio de ter um dos melhores atacantes do mundo em seu elenco. Do milionário futebol inglês surgem especulações também muito fortes onde os gigantes Manchester United e seu rival da mesma cidade, Manchester City estariam com seus radares ligados para entrar na disputa pelo futebol do super-craque brasileiro para a próxima temporada. O fato é que o próprio Neymar vem declarando não estar disposto a ir parar em nenhuma outra cidade do velho continente que não seja Barcelona; portanto, o destino do atacante da seleção brasileira deve ser mesmo o retorno ao seu primeiro clube europeu. Os dirigentes do Barcelona já declararam que as portas do clubes estão abertas para receber de volta o atacante.

Fora Bolsonaro


2ª CONFERÊNCIA NACIONAL ABERTA DE LUTA CONTRA O GOLPE E O FASCISMO FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS 8 E 9 DE DEZEMBRO DE 2018 SÃO PAULO - SP

Entre em contato e participe: (11) 98589-7537 (TIM) | (11) 96388-6198 (Vivo) (11) 97077-2322 (Claro) | (11) 93143-4534 (OI) e-mail: alutacontraogolpe@gmail.com site: lutecontraogolpe.com.br facebook: www.facebook.com/lutecontraogolpe twitter: @lutecontragolpe

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8 | CULTURA

CULTURA, FILANTROPIA E LAVAGEM DE DINHEIRO

O projeto golpista para os museus

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uscando tirar proveito do incêndio no Museu Nacional, foi editada pelo governo golpista a Medida Provisória 851/2018, por meio da qual busca-se impor um modelo de financiamento cultural por meio de instrumentos de parceria e termos de execução de programas, projetos e demais finalidades de interesse público com organizações gestoras de fundos patrimoniais. Na prática, os museus hoje financiados com recursos públicos passariam à propriedade desses fundos privados constituídos por meio de doações. Os investimentos de tais fundos gerariam a receita suficiente para manter as instituições culturais. É o modelo de diversas instituições norte-americanas, como o Getty Center em Los Angeles ou o Metropolitan Museum de Nova York. Sua transposição pra o Brasil, em alegada substituição à atual Lei de Incentivo à Cultura (ou Lei Rouanet) sem um plano de transição seria potencialmente desastroso. A lei foi criada em 1991, quando o governo neoliberal de Fernando Collor de Mello extinguiu o aporte estatal direto à cultura que antes era feito,

por exemplo, pera Embrafilmes. O recurso serviria como uma transição rumo ao fim do apoio estatal à cultura: exatamente o que os golpistas pretendem fazer agora. Como se sabe, empresas não praticam filantropia. Sempre que grandes corporações, cujo objetivo primordial é o lucro, fazem doações é porque há uma compensação imediata em vista. Nesse caso não é diferente. As empresas na verdade descontam suas aplicações culturais no imposto de renda, e a lei nada mais fez que colocar o arbítrio sobre os investimentos públicos em cultura também na iniciativa privada, que precisa adotar o investimento tanto quanto o Governo Federal. Agora, pretende-se dar, às pressas, o passo seguinte rumo ao fim do financiamento público sobre investimentos de natureza cultural, e o assunto veio à tona não apenas por ocasião do 2º Fórum Internacional de Endowments [Doações], realizado na sede carioca do BNDES na última semana, mas também porque Jair Bolsonaro sequer apresentou em seu programa de governo qualquer pla-

no para a área cultural. Mesmo a lei Rouanet é duramente criticada pela

extrema direita bolsonarista – que considera todo artista um “vagabundo” e o investimento público em cultura uma fonte de “mamatas”. Afinal, a arte é irmã da liberdade de expressão, e a liberdade artística propiciada pelo financiamento público garante espírito crítico e diversidade de pensamento: precisamente tudo o que os golpistas atacam por meio de ações fascistas como o Escola sem partido. Com a arte, a memória, a cultura, os museus inteiramente nas mãos de fundos privados bancados integralmente por empresas, a determinação sobre seus desígnios ficariam à mercê das determinações do grande capital. Acresce que – quando se trata de obras de artes plásticas – há um verdadeiro tráfico de avaliações falsas das peças, notas frias, sonegação de impostos e, consequentemente, lavagem de dinheiro. Foi o que veio à tona recentemente, por exemplo, no caso do Instituto Inhotim, nas proximidades de Belo Horizonte, custeado pela fortuna pessoal de um milionário local, proprietário de empresas de mineração. Evidentemente, também abre-se a possibilidade mais franca de interfe-

rência imperialista direta no campo cultural. Foi o que o Departamento de Estado Norte-Americano sempre fez, aliás, de modo a garantir por meio de ações sistemáticas que as ideias dominantes hoje sejam as da classe dominante. Foi o que ocorreu desde a era Vargas com a arte latino-americana desde a era Vargas: primeiro com as exposições no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), depois no conhecido caso da promoção do Expressionismo Abstrato no pós-guerra. É o que deve acontecer com cada vez mais frequência no Brasil com o fim do financiamento público da cultura. Por fim, a substituição abrupta da Lei Rouanet pelo modelo de Endowments pode gerar um apagão de décadas na cultura nacional. Isso porque costuma levar décadas até que os fundos patrimoniais atinjam um montante suficiente para custear um museu, por exemplo. São por vezes quantias na casa dos bilhões de reais. Até lá, sem um recurso transitório, o investimento em cultura seria praticamente zerado, dependendo exclusivamente do lucro direito ou de pequenas iniciativas. Como se sabe, a direita bolsonarista, como todo grupo fascista, é avessa à Educação e à Cultura. Somente baixos níveis culturais pasteurizados por meio do consumo de enlatados importados garantem um baixo valor geral de mão-de-obra, necessário à produção da mais-valia que gera os lucros extraordinários do imperialismo nos países atrasados. Somente a política de destruição da memória e da história torna possível o endurecimento do regime. Um eventual governo Bolsonaro só é possível, hoje, devido ao golpe de Estado cujo passo fundamental foi o impeachment ilegal de Dilma Rousseff. Só foi possível por meio de um processo eleitoral fraudulento em que o principal candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso sem provas pelo ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro, o Mazzaropi da Odebrecht. Nessas condições, para manter a independência da arte e da cultura nacional é necessário que todo o campo artístico esteja junto aos trabalhadores a exigir: Fora Bolsonaro e todos os golpistas e Liberdade para Lula!


MOVIMENTO OPERÁRIO| 9

DENÚNCIA

Professores têm vencimentos atrasados nos Estado de São Paulo N

o quinto dia útil de novembro, milhares de professores da rede estadual de ensino tiveram seus vencimentos pagos com erros, apenas parcialmente. Passados mais de 10 dias, nenhuma solução foi dada e não foi pago o restante dos salários. Na mesma semana do pagamento, as escolas informaram que foram mandados papéis extras para a Secretaria da Fazenda para que fosse sanado os problemas. Depois de mais de 10 dias decorrido do “erro” da Fazenda, não foi depositado o restante dos salários, que em muitos casos foram reduzidos em

mais de 70% do pagamento. Esse “erro” faz parte de uma política de privatização do ensino público estadual, onde há diversos ataques ao conjunto do professorado. O professor vive uma ameaça constante com os “erros” de pagamento, pressões de todos os lados, como a escola com fascismo, a indisciplina dos alunos, entre outros. Frente a todo esses problemas que em se agravado com o golpe de 2016, com o impeachment de Dilma Rousself, os professores devem criar comitês de luta contra o golpe em todas as escolas do país.



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