Edição Diário Causa Operária nº5469

Page 1

QUINTA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2018 • EDIÇÃO Nº 5469

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

WWW.PCO.ORG.BR

CUT NÃO RECONHECE O GOVERNO BOLSONARO: TODOS À 2ª CONFERÊNCIA CONTRA O GOLPE PELO “FORA BOLSONARO”

A recente declaração do presidente da CUT, Vagner Freitas, expressou um sentimento, que embora ainda minoritário, torna-se cada vez mais real para uma parcela expressiva dos movimentos que impulsionaram a luta contra o golpe. EDITORIAL

ABAIXO O MASSACRE DOS LATIFUNDIÁRIOS GOLPISTAS: ORGANIZAR A AUTODEFESA DOS SEM-TERRA

“Luta contra o fascismo” de Guilherme Boulos é apenas uma manobra oportunista para eleições No último dia 15, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que concorreu à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, concedeu uma longa entrevista ao programa No jardim da política da Rádio Brasil de Fato.

COLUNA

Os gorilas estão à solta Por João André Silva O governo ilegítimo de Bolsonaro é o avanço do golpe de estado no Brasil, iniciado com a deposição da presidenta Dilma Rousseff.

“UMA IDEIA GENIAL”, CHARGE DE CLAUDIUS (PUBLICADA EM 1964)

Os latifundiários são uma força poderosa no campo, por deterem a exclusividade do uso da força através de suas milícias ilegais e da atividade das instituições que servem a seus interesses, como a Justiça e os diversos órgãos governamentais que atuam no campo.

No peito e na raça: no dia da luta do povo negro, mulher enfrenta sozinha Bolsonaro Nesse dia 20 de novembro, Ana Vitoria Sampaio, historiadora e doutoranda na UnB, fez um protesto individual contra o presidente da fraude, o fascista Jair Bolsonaro. “Você nunca vai me representar, seu bosta, seu merda”, gritou ela.


2 |OPINIÃO EDITORIAL

Abaixo o massacre dos latifundiários golpistas: organizar a autodefesa dos sem-terra

O

s latifundiários são uma força poderosa no campo, por deterem a exclusividade do uso da força através de suas milícias ilegais e da atividade das instituições que servem a seus interesses, como a Justiça e os diversos órgãos governamentais que atuam no campo. Massacres são realizados constantemente contra os trabalhadores sem-terra em diversas localidades do País, desde a região Norte, passando pelo Nordeste, Centro-Oeste, e até mesmo no estado de São Paulo, onde, teoricamente, os latifundiários teriam maior dificuldade em ocultar a repressão. No governo ilegítimo e fruto da

fraude eleitoral que assumirá em 1º de janeiro, a tendência é o aumento exponencial da repressão no campo. Jair Bolsonaro já disse que irá trabalhar para caracterizar os sem-terra – bem como os sem-teto – como grupos terroristas. Seu filho, Eduardo Bolsonaro, disse que não há problema algum em prender 100 mil sem-terra. No estado de São Paulo, o futuro governador João Doria tem como um dos planos de governo a permissão formal para os latifundiários formarem milícias com total apoio dos organismos de repressão do Estado. Diante de todo esse cenário de ataque contínuo à população camponesa, não se pode minimizar as

COLUNA

Os gorilas estão à solta

Por João André Silva O governo ilegítimo de Bolsonaro é o avanço do golpe de estado no Brasil, iniciado com a deposição da presidenta Dilma Rousseff. A equipe do próximo governo já está sendo articulada por inúmeras figuras comprometidas com o golpe, como o juizeco de Curitiba, o “Mussolini de Maringá”, Sérgio Moro, e figuras comprometidas com a política pró-imperialista, como o futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas um dos principais setores golpistas que terá participação decisiva no governo é o militar. Bolsonaro está garantindo cargos importantes para generais comandarem. Entre eles está general Augusto Heleno Ribeiro, para o cargo do Gabinete de Segurança Institucional (CGI), oficial da reserva que participou diretamente da elaboração do programa de governo de Bolsonaro. Foi pela proximidade ao presidente eleito. Heleno foi comandante militar da Amazônia, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia e é um dos nomes de confiança da equipe de Bolsonaro. O GSI é o órgão que coordena a Inteligência do Estado brasileiro, ou seja, é o setor da perseguição política, responsável pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que vai vigiar e perseguir os grupos políticos e movimentos sociais. Será o ministério da caça

aos comunistas e às organizações populares. Outro general em comando será Fernando Azevedo e Silva que irá assumir o Ministério da Defesa de Bolsonaro. Ele é o atual assessor do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. É um homem importante das Forças Armadas que atua diretamente no STF para impedir qualquer possibilidade de decisão democrática sobre a prisão de Lula. De conjunto, vai ficando ainda mais evidente o caráter golpista do governo e a intervenção dos militares para fraudar as eleições, cujo governo aí gerado coloca em postos chaves os elementos diretamente responsáveis pela fraude, pela perseguição à esquerda e prisão de Lula que garantiram a vitória a um candidato minoritário da direita golpista. Os militares já estão tomando conta absolutamente do regime político brasileiro, agora de forma direta participando do futuro governo executivo. Com militares, latifundiários e empresários no poder, pode-se ter certeza que um regime de brutal repressão contra a população pode está por vir. Por isso, é preciso mobilizar desde já contra o governo Bolsonaro, com a palavra de ordem “Fora Bolsonaro e todos os Golpistas”. O governo é ilegítimo e não pode nem ter direito de assumir.

declarações e nem mesmo as claras posições fascistas dos elementos que controlarão o aparato do Estado. João Pedro Stédile, líder do MST, afirmou em entrevista à revista Carta Capital: “por mais que o discurso de Bolsonaro seja raivoso, eu não acredito que a violência vai se propagar no campo.” Nada indica que a violência dos assassinos de sem-terra irá diminuir. Pelo contrário, a tendência é que ela aumente, uma vez que Bolsonaro representa a ampliação da política repressiva do golpe de Estado. Também não se pode acreditar que as instituições – que estão totalmente controladas pela direita golpista e fas-

cista – irão garantir a proteção dos sem terra. Elas nunca garantiram isso e, pelo contrário, têm apoiado sistematicamente os massacres dos latifundiários. Stédile, na mesma entrevista, destacou que a melhor defesa dos camponeses é a mobilização e que é preciso redobrar os cuidados. Entretanto, se os latifundiários se armam até os dentes para massacrar os sem-terra, a única forma de os trabalhadores do campo se defenderem de maneira eficiente é organizando sua autodefesa coletiva, lutando pelo direito ao armamento e combatendo os fascistas na força, porque só assim poderão se proteger e derrotar a violência dos opressores.

Fora Bolsonaro


POLÊMICA E POLÍTICA| 3

OPORTUNISMO

“Luta contra o fascismo” de Guilherme Boulos é apenas uma manobra oportunista para eleições N

o último dia 15, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) que concorreu à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, concedeu uma longa entrevista ao programa No jardim da política da Rádio Brasil de Fato. O candidato teve 0,58% dos votos válidos (617 mil votos) – considerado o pior resultado do PSOL em eleições presidenciais desde a criação do partido. No segundo turno, Boulos e a coligação PSOL-PCB apoiaram a chapa de Fernando Haddad e Manuela d’Ávila (PT-PCdoB-Pros) contra Bolsonaro. Na entrevista, Boulos fez um balanço de sua candidatura e uma análise de conjuntura, mantendo sua leitura apartada da realidade política e mesmo sua postura capituladora na luta contra o golpe. Cada vez mais, alguns setores do PSOL se aproximam de um modelo de “oposição de esquerda” institucional, parlamentar, a reboque das medidas da burguesia. A cada novo ataque, chorarão nas redes sociais, negociarão seu pesar em troca de algum benefício circunstancial e seguirão em frente. Para Boulos, “nos últimos três anos ocorreu um golpe parlamentar no Brasil, assumiu um governo ilegítimo, prenderam o Lula, principal liderança política, de maneira injusta, uma prisão política”. Mais adiante, porém, comemoraria: “esse nosso campo e o PSOL teve uma vitória importante ao atingir a cláusula de barreira, dobrando a bancada parlamentar”. Se Lula é preso político e sua prisão foi injusta, tal fato constituiu a espinha dorsal das eleições nas quais Boulos seria não apenas o primeiro candidato sofregamente inscrito como também nelas participaria até o fim, no apoio a Haddad. E qual seria, afinal, a vantagem de dobrar a bancada parlamentar dentro de um parlamento golpista? Qual o sentido de um partido de esquerda ter lançado candidatura própria em meio ao golpe de estado senão dividir os votos do PT e enfraquecer a luta contra o golpe? Lembremos aqui um pouco da trajetória política recente do próprio

Boulos. Em 2014, foi um dos principais impulsionadores do movimento Não vai ter Copa, iniciado pela direita para desmoralizar a Copa do Mundo no Brasil. Em 2015, tornou-se figura de proa na Frente Povo sem Medo, criada para dividir a luta contra o golpe inicialmente agrupada em torno da Frente Brasil Popular, na verdade defendendo a política de Fora todos do PSTU. Tal postura ficaria clara em junho de 2016, quando a Povo sem Medo lançou a campanha O povo deve decidir, pedindo eleições diretas ainda em meio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff. Em 2017, Boulos iniciaria o movimento Vamos, destinado a abandonar qualquer mobilização contra o golpe e a lançar-se à construção de um programa eleitoral para 2018. Por onde passou, o movimento plantou a ilusão de que as eleições presidenciais conduzidas pelos golpistas seriam normais. Em 2018, por meio de uma manobra autoritária e arbitrária da direção do PSOL, Boulos foi incorporado ao partido e alçado à candidatura à Presidência da República – decisão meramente referendada em convenção partidária posterior. Boulos esteve presente em praticamente todos os atos contra a prisão de Lula em Curitiba e em Porto Alegre: nos palanques, pois em nenhum deles se teve notícia de mobilização da militância do MTST por parte da direção. Lula o adotaria como papagaio de pirata, visando a excluir dos holofotes as lideranças do próprio PT que desejavam vê-lo encarcerado. A posição política atual de Guilherme Boulos dá continuidade a essa trajetória confusa, em que sempre esteve à frente de bandeiras diversionistas que servem à direita pela inércia que produzem nos movimentos populares. Após o segundo turno, em discurso no vão do MASP, declarou que reconhece “como legítimo o governo de Bolsonaro”, em nome de uma “resistência pacífica e democrática” que pretende doravante conduzir contra a ideia eleitoral de fascismo constituída no bojo de movimentos com o Ele Não.

Na entrevista, seu ponto de vista não foi diferente. “Bolsonaro ganhou as eleições. Podemos questionar, como questionamos, as fake news, o caixa dois que bancou empresas para fazer disparos de Whatsapp, mas ele teve a maioria dos votos. Nós não somos o Aécio Neves e não vamos cumprir esse papel ridículo que o Aécio Neves cumpriu em 2014 na história brasileira”. De fato, tal ponto de vista não é o do Aécio de 2014, mas o do Aécio de hoje. Trata-se afinal de uma verdadeira ginástica retórica para levar suas bases a aceitar passivamente o processo eleitoral fraudulento, bem como o governo golpista que dele pode resultar. O conceito de “luta contra o fascismo” de Boulos não poderia ser mais capitulador: Democracia tem que ser uma prática cotidiana. Bolsonaro foi eleito presidente da República, mas não recebeu mandato para ser ditador, nem imperador, nem para mandar a oposição para a ponta da praia, para o exílio ou para a cadeia. Ele precisa seguir a Constituição, precisa respeitar as liberdades democráticas, as liberdades de manifestação, de expressão, de imprensa. O mandato que ele recebeu inclui que ele cumpra a Constituição nesses aspectos. E o que nós temos visto com muita preocupação é que ele, ainda como candidato, fez declarações absurdas, desde o elogio à ditadura, elogio a torturador, àquele famoso discurso na Avenida Paulista, por uma live no Facebook, onde ele disse que ia varrer os vermelhos, que a oposição teria essas três opções: exílio, prisão ou ponta da praia. Boulos tem visto com “muita preocupação” o fato de que Bolsonaro age como Bolsonaro: um fascista. Ocorre que o dualismo “democracia versus barbárie” que Boulos, Haddad e grande parte da esquerda colocaram no campo eleitoral desde então era somente isso: um discurso oportunista eleitoreiro. Aparentemente, não acreditavam e não acreditam de fato que houve um golpe, que a constituição e os direitos fundamentais vêm sendo

solenemente ignorados por todos os golpistas. Discursa como se ignorasse que pelo menos dois dos três Poderes da República estão sob as ordens dos militares já hoje. Enfim: discursa como se acreditasse de fato que o imperialismo vai retroceder graças à portentosa atuação da bancada parlamentar do PSOL, que agora chegará a 11 deputados. O tom “indignado” de Boulos com os golpistas tem um constrangedor tom moralista pequeno-burguês e uma lamentável autoindulgência capazes de fazer inveja a um coxinha. Para ele, a campanha eleitoral foi um enorme aprendizado. Além desse sentimento de missão cumprida, eu tinha feito um compromisso com a Sônia Guajajara, minha companheira de chapa, quando nós firmamos essa aliança, entre o PSOL, o PCB, com um conjunto de movimentos sociais, de que a única coisa que nós precisávamos ter certeza é de que a gente sairia desse processo com mais dignidade do que entrou. Nesse sentido, conseguimos atingir esse resultado tão necessário e que não é um resultado fácil de se atingir no processo eleitoral, marcado por mentiras, por baixaria, por recursos de toda sorte. Difícil será explicar às centenas de milhares de trabalhadores que ao fim e ao cabo ainda depositaram seus votos em tal discurso vazio que dignidade seus líderes encontram em haverem capitulado completamente para os golpistas. Difícil será explicar ao conjunto da população brasileira quais as razões que essa esquerda parlamentar encontra para justificar o anúncio de uma aliança com os golpistas – incluindo o PSB e o PSDB – a pretexto de “unir os campos democráticos para combater o fascismo” dentro do parlamento, e não com a organização e a mobilização popular. Uma coisa não se pode negar: a candidatura de Guilherme Boulos à Presidência da República deixou claro a que veio: jogar o jogo dos golpistas e desempenhar o papel de “esquerda que a direita gosta”.


4| POLÊMICA E POLÍTICA

NO PEITO E NA RAÇA

No dia da luta do povo negro, mulher enfrenta sozinha Bolsonaro

N

esse dia 20 de novembro, Ana Vitoria Sampaio, historiadora e doutoranda na UnB, fez um protesto individual contra o presidente da fraude, o fascista Jair Bolsonaro. “Você nunca vai me representar, seu bosta, seu merda”, gritou ela. “Presidente é o caralho”. No dia de Zumbi de Palmares, símbolo da luta do negro, uma mulher indicou o caminho da luta contra o golpe e o fascismo: enfrentar no peito e na raça. O centro da política golpista levada por Bolsonaro é a política de terra-arrasada encomendada pelo imperialismo. Para colocá-la em prática, contudo, será necessário levar uma política intensa de perseguição aos movimentos sociais dos oprimidos, fato bem indicado pelas falas do fascista citadas por Ana Vitória em 2013, numa manifestação de movimentos LGBTs, feministas e negros na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara: “o erro da ditadura foi não tê-la matado”. Muito diferente de ignorar as mobilizações fascistas, os setores organizados da população, os oprimidos e o povo em geral devem levar uma luta direta de enfrentamento contra o golpe e os golpistas. A efetivação do movimento, contudo, não deve vir de um rompante de coragem isolado apenas. É preciso estruturar a luta de forma a

criar todo uma rede de solidariedade que proporcione apoio e segurança reais para o movimento. A criação dos comitês de luta contra o golpe e contra o fascismo, junto aos comitês de autodefesa devem cumprir esse papel central na luta dos trabalhadores hoje. No mesmo sentido, as mulheres e os negros devem levar a luta contra o golpe não como uma luta a parte daquela principal a sua condição de opressão, mas como a única pauta com poder de fazer avançar suas reivindicações históricas. Isso porque os primeiros a perderem direitos e sofrerem com os ataques fascistas são exatamente aqueles cuja situação de subjugação é intensificada pela sua condição biológica. Os negros são os mais atingidos pelo fim dos mais médicos, pelas chacinas nas favelas e pela política fascista do cárcere brasileiro. As mulheres, com o fardo social da criação dos filhos, devem sofrer com a privatização do ensino público, a instauração do ensino a distância até o nível primário, fora também serem diretamente atingidas pelas perdas de auxílios sociais como o Bolsa Família. Por isso, é preciso fazer uma aliança de luta para combater o golpe e o fascismo, por Fora Bolsonaro e Todos os golpistas e por Liberdade para Lula e todos os presos Políticos.

radiocausaoperaria.com.br


POLÍTICA | 5

CUT NÃO RECONHECE O GOVERNO BOLSONARO

Todos à 2ª Conferência contra o golpe pelo “Fora Bolsonaro” A

recente declaração do presidente da CUT, Vagner Freitas, expressou um sentimento, que embora ainda minoritário, torna-se cada vez mais real para uma parcela expressiva dos movimentos que impulsionaram a luta contra o golpe. Freitas disse que Bolsonaro foi eleito com uma fraude, que seu governo não é legítimo e que “Todos sabem que Lula seria eleito no 1º turno, por isso está preso. Logo, fica muito claro que nós não reconhecemos o senhor Bolsonaro como presidente da República”. Ele falou em um ato realizado no dia 14/11, em frente à Polícia Federal em Curitiba em apoio ao ex-presidente Lula, que naquela prestava um novo depoimento aos seus algozes da Lava-Jato. É significativa a declaração do presidente da CUT, ainda por um outro motivo. Ocorre em um momento em que lideranças de esquerda dizem que o resultado eleitoral teria que ser reconhecido e respeitado. De acordo com essa concepção as eleições não foram fraudadas e existiria, inclusive, uma tendência à direita entre os trabalhadores brasileiros. Nada mais enganoso. Essas foram provavelmente as eleições mais frau-

dadas e manipuladas na história do Brasil. Não poderia ser diferente. Foram preparadas para serem um grande passo na legitimação do golpe. É por isso que reconhecer Bolsonaro e as eleições ilegítimas é uma capitulação monstruosa de diversos setores da esquerda. É ainda interessante notar que vários dos esquerdistas que hoje defendem a legitimidade do governo golpista e fraudulento de Bolsonaro, eram os mesmos a alardearam durante o segundo turno das eleições “a luta entre a barbárie e a civilização”, “o apocalipse fascista com a vitória de Bolsonaro”, “o bem contra o mal”, etc. Ficaria então a pergunta: quem mudou, eles ou Bolsonaro? Nenhum dos dois. O comportamento da esquerda era um misto de pavor e oportunismo eleitoral e continua no mesmo compasso, só que agora preparando-se para a oposição parlamentar. Bolsonaro, embora ele mesmo um fascista, tornou-se o candidato do golpe de Estado, que, independentemente das suas crenças, vai seguir a cartilha do grande capital e por isso tem como propósito atacar duramente as condições de vida das massas. Para isso, desde o golpe militar até a atividade

abertamente fascista são possibilidades que não podem ser descartadas. O fenômeno do fascismo no Brasil não é resultado das eleições, mas do golpe de Estado, que para se impor, para revestir-se de uma aparência “popular”, teve que incentivar os grupos fascistas existentes no país. Nesse sentido, esse fenômeno continuará se desenvolvendo caso a esquerda corra atrás das instituições golpistas como forma de se proteger e não organize a luta contra o fascismo nas ruas. Por isso que foi muito significativa a colocação de Vagner Freitas. Bolsonaro não tem de ser reconhecido. Preci-

sa ser enfrentado antes que o regime evolua mais ainda à direita. Todos os setores que lutam contra o golpe, contra a ameaça de golpe militar, contra a ameaça fascista no Brasil têm um compromisso fundamental nos próximos dias 8 e 9 de dezembro: a 2ª Conferência Nacional Aberta dos Comitês de Luta Contra o Golpe e o Fascismo. A Conferência deve ser um marco político na luta por unificar todos os setores que de fato lutam contra o golpe em uma frente única para derrotar o golpe, pelo Fora Bolsonaro e pela Liberdade de Lula e de todos os presos políticos.

GROSSOMODO POR MUNA

2ª CONFERÊNCIA NACIONAL ABERTA DE LUTA CONTRA O GOLPE E O FASCISMO FORA BOLSONARO E TODOS OS GOLPISTAS 8 E 9 DE DEZEMBRO DE 2018 SÃO PAULO - SP

Entre em contato e participe: (11) 98589-7537 (TIM) | (11) 96388-6198 (Vivo) (11) 97077-2322 (Claro) | (11) 93143-4534 (OI) e-mail: alutacontraogolpe@gmail.com site: lutecontraogolpe.com.br facebook: www.facebook.com/lutecontraogolpe twitter: @lutecontragolpe

Aponte sua câmera para o código QR e inscreva-se

DE SEGUNDA A SEXTA ÀS 9H30


6 | INTERNACIONAL

EQUADOR

Preso político, vice de Correa completa um mês de greve de fome contra golpe no Equador A

greve de fome do vice-presidente equatoriano, Jorge Glas, já dura um mês. Glas é preso político e denuncia as investidas do imperialismo sobre as lideranças populares de seu país. Glas foi vice-presidente no segundo mandato de Rafael Correa, e também do atual presidente, Lenin Moreno. Entretanto, o que parecia ser uma vitória do campo progressista, mostrou-se uma armadilha. Para vencer nas eleições, Moreno se aliou com cristãos conservadores e setores ligados ao imperialismo. Após a vitória, juntou-se com

a direita para estabelecer medidas de austeridade contra o povo, e passou a trabalhar para prender Glas e Correia. Diversas entidades nacionais e internacionais alertam para a arbitrariedade da prisão de Glas, lutam pela sua libertação e denunciam os maus tratos que o ex-vice presidente sofre na cadeia. Correa, que se mudou para a Bélgica e hoje pede asilo político àquele país, também denuncia a perseguição imperialista e afirma: “Querem exterminar fisicamente toda a esquerda. Não se enganem. Não estou exagerando.”

CERCO À VENEZUELA

Imperialismo tenta dar um golpe no Haiti para acabar com a Petrocaribe

N

este domingo (18) manifestantes saíram às ruas mais uma vez no Haiti. Desta vez a data coincidiu com a celebração do 215.º aniversário da Batalha de Vertières – considerada a última grande batalha da Segunda Guerra de Independência do Haiti – contra as tropas francesas, consolidando a independência do país. Assim como na Nicarágua e na Venezuela, uma onda de protestos – cuja bandeira é a luta contra a corrupção – tem se insinuado sobre o país caribenho. Os acontecimentos ecoam o noticioso relatório do Parlamento haitiano publicado em 2017, o qual informara o envolvimento de ex-funcionários do Estado em supostas irregularidades no manejo de mais de US$ 2 bilhões do fundo do Petrocaribe – fundo iniciado pelo ex-presidente venezuelano Hugo Chávez para equiparar o acesso ao petróleo entre os países da região. Em razão disto, nos últimos meses manifestantes os haitianos têm exigin-

do que o Estado investigue os responsáveis por tal desfalque. Ademais, os também reivindicam melhores condições de vida e acesso à saúde e educação. O atual presidente Jovenel Moïse esteve presente no ato de comemoração de independência que aconteceu na capital Porto Príncipe, um dos focos dos manifestantes. Em razão de supostos envolvimentos levantados pelas investigações, desde outubro deste ano, o atual mandatário é substituto do chefe de Gabinete e do secretário-geral da Presidência, afastados dos respectivos cargos. O atual momento haitiano não extrapola em nada a situação política internacional, visto que nos últimos 10 anos, uma série de golpes orquestrados pelos norte-americanos foram realizados no continente latino-americano. Com o avanço da crise do capitalismo, o imperialismo vem promovendo ingerências cada vez mais ferozes

nos países atrasados. Nesse sentido, tudo indica mais uma intrusão norte-americana – seguindo o modelo do aparelhamento do judiciário sob o pretexto do combate à corrupção. Assim, o que se desvela no cenário hai-

tiano é um golpe, cujo interesse maior consiste em sabotar a economia venezuelana atacando o Petrocaribe, uma aliança desenvolvida para o estímulo do comércio entre os países do Caribe e Venezuela.


CULTURA E NEGROS| 7

22 DE NOVEMBRO DE 1910

Inicia a Revolta da Chibata com o “Almirante Negro”, João Cândido N

este dia 22 de novembro de 2018 completam-se 96 anos da Revolta da Chibata, ocorrida no Rio de Janeiro e que colocou em cheque todo o regime político da chamada Republica Velha. A frente da Revolta estava o Almirante Negro, o marinheiro João Cândido, negro, principal liderança do levante dos marinheiros. Dentre os muitos aspectos da Revolta da Chibata, o primeiro que se destaca e o fato do levante dos marinheiros se inserir em um contexto histórico de intensa crise politica nacional e internacional. No Brasil, a partir do fim do Segundo Império em 1889, com a derrubada do governo monárquico de Dom Pedro II pelas mãos dos militares, com a proclamação da Republica, abre-se um período de crise política de características revolucionárias no interior do regime político nacional. Um exemplo desse fato e Revolta de Canudos, a qual e duramente reprimida pelo regime em 1897. Durante a primeira Republica a crise se estende ao longo dos governos das oligarquias, a chamada política do Cafe com Leite. A tentativa dos setores centrais da burguesia de tentar estabilizar o regime a favor das oligarquias paulistas e mineiras e marcada pelas inúmeras crises e disputas envolvendo outros setores da burguesia nacional, os quais eram mais afetadospela hiperinflação e pela crise da política do café com leite. Exemplo disso e o governo de Hermes da Fonseca, representante da

burguesia sulista e ligado aos militares. Seu governo representa uma ala dissidente da burguesia nacional que se encontrava em profunda crise devida a politica levada a cabo anteriormente pelos setores centrais da direita nacional. E durante o governo de Hermes da Fonseca em 1910, ou seja durante um período de aprofundamento da crise no interior das classes dominantes do pais, eclode a revolta da Chibata. Tendo a frente João Cândido, a Revolta, de um ponto de vista específico, exige, dentre outros pontos, o fim dos castigos contra os marinheiros promovidos pelos oficiais, as chibatadas. Os setores mais afetados por tais praticas no interior da marinha eram, evidentemente os negros. De um ponto de vista geral, no entanto, a perícia, a determinação e a luta dos marinheiros, sob liderança de João Cândido, coloca de joelhos todo o regime político nacional. A capacidade e a liderança do Almirante Negro tornou possível, por exemplo, que a esquadra rebelde. por meio de uma serie de manobras, colocasse a sede do Governo no Rio de Janeiro sob a mira dos canhões dos navios, o que forcou a burguesia nacional a atender todas as suas reivindicações. A Revolta se insere também em uma época de importantes levantes de marinheiros em todo mundo. Haja vista a revolta dos marinheiros russos em 1905, o famoso episódio do Encouraçado Potemkin, revol-

MBP, ROCK, BLUES E JAZZ Hoje às 19h tem Fernanda Ouro, no Uzwela, conversa sobre cultura na COTV

H

oje (22), o programa Uzwela, conversa sobre cultura , às 19h na Causa Operária TV, receberá a jovem cantora e compositora Fernando Ouro, que participou do programa The Voice Kids, chegando até a semifinal. Fernanda leva ao seu público músicas de MPB, Rock, Blues e Jazz, desde couver, como: Mercedes Benz (Janis Joplin), Asa Branca (Luiz Gonzaga), Black to Black (Amy Winehouse), Feeling Good (Nina Simone), Sozinho (peninha), I Say a Little Prayer (Aretha Franklin), até músicas autorais. Aos sete anos de idade Fernanda começou a estudar canto e com dez anos ingressou na prática do violão. Tem influências de nomes como Nina Simone, Janis Joplin, Amy Winehouse, Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gi, entre outros e fez parte da equipe de Claudia Leite no The Voice Kids, que, como os outros técnicos, ficou encantada com sua voz e seu repertório. Atualmente estuda canto popular na EMESP Tom Jobim (Escola de Música do Estado de São Paulo) e violoncelo no Projeto Guri. Acabou de lançar seu primeiro EP, intitulado “Dar As Mãos”, contendo 04 de suas com-

posições, transitando entre o groove, balada, baião e MPB. Saiba mais e conheça as músicas autorais: https://www.fernandaouro.com/inicio Veja outros vídeos: https://www.fernandaouro.com/videos

ta esta dirigida por um militante do partido bolchevique. A revolta dos marinheiros alemães em 1918, que deu inicio a revolução na Alemanha, e a revolta da Marinha Francesa em 1917, no mar Báltico, dirigida por um membro do Partido Comunista Francês, que ocorreu devido a recusa dos marinheiros franceses de seguirem as ordens do alto comando de atacar a Revolução Russa. Não e por acaso que tais revoltas ocorreram na Marinha. Um marinheiro, diferentemente de um soldado que atuadiretamente nos conflitos, e um operário. Muito mais do que a função militar, sua função e operar o navio, o qual funciona como uma fábrica. Dentro de um navio existem uma série de funções técnicas que são funções fabris, alimentação das caldeiras, operação das máquinas, manutenção, limpeza, condução do navio, é essencialmente um trabalho mais técnico do que militar. Nesse sentido, a Revolta da Chibata, assim como as demais, foram revoltas também de um setor da classe operaria. Não e a toa que o levante dos marinheiros foi o prenúncio da Greve Geral no Brasil de 1917. Do ponto de vista da luta dos negros, a revolta e de extrema importância. Dirigida e levada adiante por marinheiros negros, a revolta colocou abaixo as teorias da classe dominante que classificavam e ainda classificam os negros como seres inferiores, incapazes, acéfalos, perante a suposta supremacia

dos brancos. Na revolta quem toma a frente e João Cândido, um homem negro, um homem simples, um operário, promove uma revolta, mata a maioria dos oficiais que se opõe ao levante, controla toda a esquadra brasileira e comanda as operações da frota inteira como se fosse um almirante que tivesse participado da Primeira e Segunda Guerra Mundiais. Nesse sentido, a Revolta soma-se a outros episódios históricos e de fundamental importância para a luta dos negros, como a luta no Quilombo dos Palmares no seculo XVII, dirigida e organizada por Zumbi, a Revolução Haitiana no final do seculo XVIII, uma revolução negra em plena América Central contra o domínio colonial, a Revolta dos Males na Bahia em 1835, dentre outros episódios. Tais eventos históricos também colocam abaixo a tese do negro como um ser pacato e submisso frente a condição de escravo a que era submetido. Fato e que durante todo esse período o negro sempre procurou se rebelar contra a extrema opressão a que era submetido, o que demonstrou e demonstra o carácter revolucionário de sua luta. No caso da revolta da Chibata, entrou para a história a figura de João Cândido. Sua grande capacidade de liderança e direcção politica o colocam na história dentre os principais nomes na luta em defesa do povo negro e da população pobre e trabalhadora de um modo geral.


8 | ESPORTE E MOVIMENTO OPERÁRIO

SANTA CATARINA

ESPORTE

Insuficiência técnica e mau desempenho faz UEFA rebaixar seleção alemã em competições européias

A

outrora “toda poderosa” Alemanha, cantada em prosa e verso pelos “especialistas” em futebol como um time forte, robusto e quase imbatível, vem mostrando ao mundo, neste momento, que nada mais é do que uma seleção do velho continente que enfrenta uma crise que não pode ser ocultada aos olhos do mundo. Embora as quatro últimas copas do mundo tenham sido vencidas por seleções europeias, é impossível desconhecer que esses títulos foram conquistados principalmente com uma forte e decisiva ingerência política, particularmente os títulos levantados pela Itália em 2006; pela Alemanha em 2014 e pela França, agora em 2018. De 2014 para cá, o time alemão acumula uma série de campanhas e resultados negativos, que teve início com a eliminação precoce na Eurocopa de 2016. O vexame maior, no entanto, foi registrado na copa do mundo de 2018, quando chegou à Rússia como uma das favoritas, mas acabou eliminada ainda na primeira fase. Mais recentemente, o time dirigido por Joachim Low ficou na lanterna de seu grupo e foi rebaixada para a 2ª divisão da Liga das Nações. O sofrível desempenho técnico e os maus resultados colhidos pelo time alemão na Liga das Nações levaram a UEFA a decidir pelo rebaixamento da seleção germânica e, por conta disso, o time não será cabeça de chave nas eliminatórias da Eurocopa, competição que acontece em 2020. Pelos novos critérios da entidade maior do futebol europeu, foi a nova competição (Liga das Nações)

“que definiu os cabeças de chave dos grupos da eliminatória da Euro. Dos 12 times que disputaram a primeira divisão do torneio, a Alemanha, que somou apenas dois pontos em quatro jogos, foi melhor apenas que a Islândia, ficando, portanto, na 11ª colocação entre as 12. Como serão 10 grupos, os alemães ficaram de fora” (site ESPN, 21/11). A ascensão artificial das seleções do velho continente nas últimas quatro copas do mundo não foi o resultado – como muitos quiseram e ainda querem fazer crer – de qualquer superioridade técnica dos europeus em relação ao futebol sul-americano, falando das duas escolas mais importantes do futebol mundial. Os fatos que se sucederam envolvendo o esporte mais popular do mundo evidenciam de forma muito clara que foi não só decisiva, mas determinante (e continua sendo) a interferência direta dos grandes grupos e das grandes corporações capitalistas que se apropriaram dos principais clubes de futebol do mundo. A evolução da crise capitalista mundial e a retração econômica em todo o planeta coloca para as grandes corporações e os grandes grupos econômicos a necessidade de irem buscar novos nichos para os seus negócios, em franca decadência em todo o mundo. Neste cenário, o futebol se apresentou para o capital como um novo espaço para a investidura dos grandes investidores, assim como também para “dar vida” a gigantesca massa de capital que circula sem lastro na economia mundial.

CORREIOS

A terceirização nos Correios já é uma regra C

om o golpe de Estado, através do impeachment de Dilma Rousseff do PT, a privatização da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) está de vento em popa. Os golpistas estão fechando as agências próprias dos Correios,, retiraram direitos dos trabalhadores dos Correios, como o pagamento de mensalidades no plano de saúde, e o pior, vem terceirizando as atividades fins da empresa. Para fazer isso, os golpistas estão para extinguir os cargos de OTT´s (Operador de Triagem e Transbordo), não contrata mais trabalhadores por concurso, e agora estão para passar os serviços feitos por carteiros motorizados, para empresas terceirizadas de “motoboy”.

Com essa política, o número de trabalhadores próprios dos Correios, que chegou a 130 mil trabalhadores, está com cerca de 105 mil, com a intenção dos golpistas de reduzir pela metade, com demissões incentivadas e até demissões sem nenhum motivo. Já o número de terceirizados na empresa só cresce, tendo cerca de 40 mil terceirizados, com contratos temporários, com direitos bem menores que os que possuem contratos por tempo indeterminado. É necessário que os trabalhadores dos Correios lutem contra os golpistas, através da palavra de ordem “Fora Bolsonaro e todos os golpistas”, e que os terceirizados na empresa sejam contratados com os mesmos direitos dos demais trabalhadores.

Trabalhadores são expostos a vazamento de amônia em frigorífico sem manutenção

N

o bairro Bortolotto, cidade de Nova Veneza, município de Santa Catarina, em um frigorifico, registrou-se mais um acidente com vazamento de amônia. O vazamento ocorreu no último domingo (18), o corpo de bombeiro de Forquilhinha foi chamado, mas não precisou atuar. Não houve encaminhamento de trabalhadores para hospitais desta vez. O gás amônia é um produto químico que, mesmo quando ocorre um vazamento de proporções menores, sempre causa dano aos trabalhadores que estão próximos e dependendo das circunstancias e quantidade, é necessário interditar quarteirões inteiros e afastar, tanto os trabalha-

dores quanto a vizinhança para locais distantes do incidente, em virtude do cheiro e dos efeitos que podem causar quando inalados, ou seja, queimaduras, cegueira, afetando, inclusive órgãos internos do ser humano, pode ainda, causar morte, como ocorreu recentemente em um frigorifico no dia 06 de novembro. Os inúmeros acidentes que ocorrem nos frigoríficos, diariamente, são resultados da total negligência dos patrões quanto às condições de trabalho, manutenção, proteção e segurança. Para os patrões, os funcionários são somente algumas peças que poderão ser jogadas fora quando bem entenderem, pois a única preocupação é da obtenção do lucro a qualquer custo.

BANCO DO BB EM BRASÍLIA

Nem o ar condicionado funciona A

agência do Banco do Brasil, localizada no bairro do Lago Norte em Brasília, vem funcionando sem que o ar condicionado funcione. Não é a primeira vez, e, com certeza, não será a última que isso acontece nessa dependência, conforme já denuncia por este Diário. A agência, que sistematicamente vive lotada, por se tratar da única agência do BB a funcionar em todo o bairro depois do fechamento de várias dependências do banco no processo de reestruturação que vem acontecendo na empresa, para os trabalhadores e clientes é um verdadeiro suplício trabalhar nesse ambiente degradado onde a temperatura, em certa parte do dia, chega a atingir mais de 35˚. A agência já chegou a ser fechada pelo Sindicato por esse motivo. Enquanto os executivos coxinhas do

banco se encontram muito bem confortáveis nos espaçosos e confortáveis escritórios, onde o ar condicionado nunca deixa de funcionar adequadamente, e tudo isso para um bando de parasita que não fazem nada, os trabalhadores bancários estão obrigados a trabalhar nas piores condições. Com o golpe de Estado, que agora veio travestido através da farsa eleitoral, financiado pelos banqueiros, os ataques às condições da categoria e de toda a população só se intensificou. A tendência é um maior aprofundamento desta ofensiva para aumentar, ainda mais, os lucros desses parasitas. Somente uma ampla mobilização dos trabalhadores do BB, conjuntamente com toda a categoria bancária e demais trabalhadores, contra o golpe poderá barrar a ofensiva direitista dos banqueiros.


MULHERES E JUVENTUDE| 9

MULHERES

Mães negras são as que mais sofrem com mortalidade materna: índice aumentou com o golpe A

violência contra as mulheres, em especial as negras, já é característica do sistema capitalista. Elas, que se encontram em condição de escravização social, são forçadas a cuidar da casa e dos filhos, possuindo dupla jornada de trabalho. Na questão da maternidade, o tratamento truculento nos partos ainda é visível em diversas regiões do país. São várias as agressões sofridas pelas mulheres, desde violência física e psicologica, até a verbal. Atualmente ainda há gestantes impedidas de estar ao lado de um acompanhante no nascimento do bebê. São também forçadas a procedimentos de cesariana, mesmo contra a prpópria vontade. Além disso, a anestesia, disponível no SUS, que evita maiores dores na ci-

rurgia, nem sempre é oferecida. Em uma pesquisa, denominada “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre o parto e o nascimento”, há um levantamento de que as mulheres negras são as maiores vítimas de violência neste momento. Segundo ela “para cada 100 mil nascidos vivos no Rio de Janeiro, de 2010 até 2017, 71 mulheres brancas morreram, enquanto, entre as negras, o número foi de 188. Com o aprofundamento do golpe, a tendência é que a violência contra a mulher se aprofunde, ainda mais com a privatização da saúde, proposta pelo golpista Jair Bolsonaro. Neste sentido é fundamental a mobilização da classe trabalhadora, em especial as mulheres, para derrota total da direita, que massacra seus direitos.

MOVIMENTO ESTUDANTIL

É preciso uma união entre o movimento estudantil e a classe operária para barrar a Escola Com Fascismo H

á muito, a extrema-direita tenta fazer sua empreitada contra os trabalhadores e propriamente contra suas organizações de luta, partindo desde ao ataque a juventude e o movimento estudantil até as entidades sindicais que representam a classe trabalhadora. Como meio de tentar impor a política da direita golpista, que com seus partidos burgueses dominam o cenário político, se emplacou o projeto Escola sem Partido – lê-se Escola com Fascismo- que não passaria a ser senão apenas a escola da direita. Com a vitória do candidato do golpe, Jair Bolsonaro, a ascensão da direita fascista é algo factível, isso devido àquilo que o presidente ilegítimo represente, que são características inteiramente fascistas. Com isso, esse

sente-se a vontade para entrar em cena e buscar a implementação das políticas mais pérfidas, neste momento a que está colocada, ataca direitamente os estudantes e os professores, que tentam ser calados pelos fascistas. Como dito, existem dois campos

que estão sendo atacados (estudantes e professores) e que propriamente possuem organizações distintas, mas que historicamente comprovam que somente com a união do movimento estudantil junto a classe operária, é possível barrar esse tipo de ataque. O

que está acontecendo nesse momento, revela que este é apenas o ponto inicial para uma verdadeira perseguição a liberdade de expressão da população como um todo. O movimento estudantil é essencial na luta que está sendo travada nesse momento, que é a luta contra o golpe e contra o avanço dos fascistas. Por tanto, com a atual situação, a união entre esses dois setores é primordial no que diz respeito nos avanços feito pelos trabalhadores e juventude em prol da derrocada de setores que por vezes tentarem exercer o controle e supressão das organizações de luta. Para isso, é preciso fortalecer a composição dos comitês de luta contra o golpe, os mesmos que impulsionam a luta efetiva e prática de combate contra a extrema-direita.


10 | CIDADES E MORADIA E TERRA

CANOAS-RS

Por falta de verbas, hospitais restringem atendimento A

cidade de Canoas, no estado do Rio Grande do Sul, entrou em uma situação parecida com guerra civil em seus hospitais públicos. No Hospital Universitário, Pronto Socorro e Nossa Senhora das Graças, na cidade de Canoas não existe mais atendimento para a população, a não ser que seja emergência. A população da cidade que não tem plano de saúde privado não tem mais atendimento médico em hospital público, a não ser que esteja à beira da morte. A péssima situação da saúde pública no Brasil e nesse caso na cidade de Canoas é decorrência do corte de verbas públicas para a area de saúde, que agravou exponencialmente com o golpe de estado que levou ao impeachment do governo de Dilma Rousseff do PT em 2016. Assim que o golpe foi dado e Dilma Rousseff foi tirada do governo,

os golpistas aprovaram no Congresso Nacional golpista a PEC (Projeto de Emenda Constitucional) da morte, que congela por 20 anos o orçamento público nas areas de saúde, educação, moradia etc. O governo golpista de Michel Temer e agora de Bolsonaro entregaram o Ministério da Saúde para os representantes dos planos de saúde no País. O fascista Jair Bolsonaro, eleito presidente através da eleição fraudulenta de 2018 indicou o ex- presidente da Unimed de Campo Grande/MS, Luiz Henrique Mandetta, para controlar o Ministério da Saúde. Por essas e outras que é possível entender que os hospitais públicos do país, a exemplo da cidade de Canoas, estão sendo sucateados e restringindo o atendimento da população pobre e carente de nosso país. O golpe de estado no Brasil foi dado

para acabar com as empresas públicas e com todos os serviços públicos, a fim de privilegiar os lucros dos grandes capitalistas que vivem do suor da

classe trabalhadora do Brasil. Fora Bolsonaro e todos os golpistas, pela saúde pública, gratuita para os brasileiros.

ATAQUES FACISTAS

Sem os cubanos, 90% das áreas indígenas ficarão sem médicos

O

s ataques do fascista Bolsonaro aos médicos cubanos que participam do Programa Mais Médico fizeram com que o governo cubano retirasse do programa mais de 8.500 médicos como uma medida de segurança a esses profissionais. Com a retirada desses profissionais, o governo golpista de Bolsonaro vai reduzir em mais de 90% os médicos que dão assistência para as comunidades indígenas. Os cálculos realizados pela Panamericana de Saúde (Opas) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), dos 321 profissionais que atuam nas áreas indígenas, 289 são cubanos. Ainda segundo os cálculos, aproximadamente 642 mil indígenas ficarão sem nenhum tipo de atendimento médico em todo o país. Apesar de toda a demagogia do governo golpista, não haverá reposição desses médicos já que a grande maioria desses postos de trabalho são em locais do interior e de difícil acesso, onde não há interesse de boa parte dos médicos em atender nesses locais. Já a situação dos indígenas vai se agravar ainda mais, pois ficarão a mercê das doenças e enfermidades sem

nenhum tipo de tratamento médico por parte do Estado. As condições materiais dos povos indígenas não permitem que se desloquem de maneira adequada e em grandes distâncias em caso de doenças e acidentes. Os ataques de Bolsonaro aos médicos cubanos, que resultou na retirada desses médicos pelo governo cubano do programa, é uma medida intencional dos golpista. A retirada dos médicos que afeta as comunidades indígenas na sua totalidade, somada com o aumento da violência contra os indígenas, de reintegrações de posse emitidas pela justiça, revisão de terras indígenas, paralisação de processos de demarcação e destruição da Funai, serve para erradicar os povos indígenas. Dentro das terras indígenas há muitas riquezas, seja minerais ou de terras cobiçadas por latifundiários, e a eliminação dos indígenas é mais uma frente para que esses setores golpistas e entreguistas tomem posse dessas riquezas. É preciso se organizar contra esses ataques e lutar para derrotar Bolsonaro e todos os golpistas.

Conheça o PCO, acesse: https://pco.org.br/ Acompanhe a programação COTV no site: causaoperariatv.com.br no youtube: causaoperariatv


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.