Edição Diário Causa Operária nº5538

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QUARTA-FEIRA, 30 DE JANEIRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5538

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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VALE TEM QUE SER EXPROPRIADA SEM INDENIZAÇÃO, REESTATIZADA SOB O CONTROLE DOS TRABALHADORES

Bolsonaro quer acabar com o cargo de 21 mil comissionados

Cinco motivos para defender a Venezuela do imperialismo

O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro apresentou, por meio do seu ministro da casa civil Onyx Lorenzoni (DEM), as suas metas de ação nos primeiros 100 dias de governo. Cortes de cargos e privatização em larga escala foram anunciados com grande entusiasmo, uma vez que o regime é ciente de como a propaganda da imprensa burguesa em torno dessas pautas é sempre favorável.

Mobilizar contra o golpe e o fascismo: participe da 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe e o Fascismo O primeiro mês de governo Bolsonaro já foi mais que suficiente para demonstrar que a burguesia pretende levar adiante uma política de aberta guerra contra a população.

Posição frouxa do PT sobre a Venezuela é resultado da pressão da ala direita do partido


2 |OPINIÃO E POLÊMICA OPINIÃO E POLÊMICA

Posição frouxa do PT sobre a Venezuela é resultado da pressão da ala direita do partido A

Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, emitiu nota na quinta-feira (24/1) a respeito da intervenção imperialista na Venezuela. Embora a nota apresente críticas ao governo Trump e seu capacho Jair Bolsonaro, por se unirem para derrubar o presidente democraticamente eleito Nicolás Maduro, ela também dá sinais de frouxidão na luta do partido contra esse golpe. A frouxidão parece ser resultado da pressão da ala direitista do PT, ainda forte e com diversas políticas de alinhamento ao regime golpista brasileiro. Em linhas gerais, a nota do partido

faz uma leitura correta da situação, alertando para o fato de que a intervenção é uma intromissão na soberania da Venezuela. Gleisi reconhece, ainda, que Maduro foi reeleito democraticamente, enquanto o Presidente da Assembleia Nacional, reconhecido por Bolsonaro como presidente, não obteve um voto sequer. Entretanto, a nota prefere falar em “soluções políticas” em vez de ser mais incisiva, apontando claramente que se trata de mais um golpe, orquestrado pelos EUA em conjunto com a extrema-direita latino-americana, assim como foi feito com sua própria companheira de partido, a Presidenta Dilma Rousseff.

Infelizmente, no essencial, a nota deixa de apontar os reais interesses norte-americanos em saquear completamente as riquezas dos seus vizinhos do Sul, principalmente as enormes jazidas de petróleo venezuelanas e brasileiras, dando a impressão de que a intervenção na Venezuela é fruto de uma “incapacidade de dialogar”. Como consequência, Gleisi convoca as forças de esquerda para “retomar o diálogo político”, uma falsa solução tão insuficiente quanto os discursos parlamentares que tentaram evitar o golpe no Brasil. É neste ponto que a verdade não foi dita e a postura precisa ser reformulada.

Não estamos diante de governos “desorientados”. Os EUA e demais nações imperialistas sabem muito bem o que querem: o controle das riquezas de suas colônias. Eles estão mobilizando tropas e milícias direitistas, e não diplomatas. Não é com discurso, mas com luta, que nós, sulamericanos, temos alguma chance de barrar a ofensiva imperialista. O Partido dos Trabalhadores, e toda organização que se diga popular ou de esquerda, precisam convocar imediatamente seus militantes para organizar defesa à altura do desafio, forçando o imperialismo a recuar.

PSTU quer Fora Maduro, mas não quer Fora Bolsonaro O

PSTU é um partido da esquerda golpista e pró-imperialista. Em todos os lugares do mundo, se posiciona a favor da campanha imperialista de derrubada de governos nacionalistas, traindo a política elaborada por Leon Trotski de defender esses países do imperialismo. Em artigo publicado em seu sítio na Internet, reproduz uma nota de sua organização irmã na Venezuela, a União Socialista dos Trabalhadores (UST), que não passa de um grupelho que faz frente única com a extrema-direita nas tentativas constantes de golpe de Estado contra o chavismo. Nesse artigo, os morenistas chamam Maduro de ditador e o comparam a Bolsonaro. “Bolsonaro”, diz a nota, “tem pretensões bonapartistas no Brasil semelhantes às de Maduro”. É um absurdo comparar um governo de esquerda com amplo respaldo popular, que faz uma política social para o povo (como é o de Maduro), com um governo de extrema-direita que em um mês já impôs duras medidas contra o povo e a favor dos capitalistas, e que foi eleito em uma fraude, não tendo o apoio da maioria da população. Entretanto, se o PSTU (que, reproduzindo a nota da UST, adere às suas posições reacionárias) utiliza a comparação esdrúxula entre Maduro e Bolsonaro para pedir abertamente o “Fora Maduro”, ele não o faz para pedir o “Fora Bolsonaro” – para ser minimamente coerente em suas posições. Pelo contrário: durante toda a campanha golpista para derrubar Dilma Rousseff no Brasil, por parte da direita e

do imperialismo (semelhante à que os golpistas fazem na Venezuela), o PSTU não lutou contra o golpe e, ao invés disso, pediu o “Fora todos”, nominalmente exigindo a renúncia da ex-presidenta. Agora que “todos” se foram, ascendeu ao poder Jair Bolsonaro, como resultado imediato dessa política, e o PSTU simplesmente se calou e nunca mais pediu “Fora” para ninguém. A política do PSTU no Brasil, na verdade, resume-se ao seguinte lema: “Fora todos, menos Bolsonaro”. Na prática, é uma política de frente única com os golpistas e com a extrema-direita bolsonarista, com o imperialismo e contra a esquerda. Voltando ao artigo, ele diz também que os protestos contra Maduro são das classes populares, mas a base social que vai às ruas contra Maduro é a burguesia e a pequena-burguesia. Devido à crise gerada pela direita e à propaganda frequente, arrastam consigo o lumpemproletariado e uma parte mais desorganizada e confusa da classe trabalhadora. Mas a maioria dos trabalhadores e das classes populares ainda está ao lado de Maduro, e isso o PSTU não mostra em seu artigo, fazendo um esquema de manipulação igual ao da imprensa burguesa. Outro ponto bizarro descrito no papel higiênico usado que é a nota do PSTU é que o governo estaria matando o povo venezuelano de fome, por falta de remédios, e que ele afundou o país na crise, que destrói os serviços públicos e que reprime a população (se baseando em dados da direita). Trata-

-se simplesmente de uma mentira. O PSTU abusa, assim, da desonestidade, pois esconde que quem afundou o país na crise foi a burguesia, que desde 2013 boicota a distribuição de alimentos e remédios, e o imperialismo, que pelas sanções impede o governo de comprar remédios e comida (pois a Venezuela sempre teve de importar esses produtos). Além disso, esse discurso esconde que a direita sabota os serviços públicos, inclusive organizando atentados, incêndios e explosões em instalações petrolíferas, estações de transporte público, hospitais, universidades e vias públicas. Ademais, os dados da direita sobre a repressão são sempre manipulados pelas organizações imperialistas (como ONGs financiadas pelo governo dos EUA, que repassam seus fundos para a oposição venezuelana) para criar um clima de repressão a fim de justificar uma intervenção imperialista. O artigo diz ainda que tudo o que ocorre na Venezuela “é de total responsabilidade do governo” – , incluindo a fuga de capitais e a falta de produção de petróleo. É mais uma mentira direitista, escandalosa, reproduzida pelo PSTU. A fuga de capitais sempre foi uma arma do imperialismo para minar o governo a ser derrubado (os capitalistas fizeram logo após as revoluções na Rússia, em Cuba, durante os golpes no Brasil em 1964 e 2016, entre muitos outros países). A produção do petróleo, por sua vez, foi brutalmente afetada pela queda manipulada pelo imperialismo do preço do barril, justamente para ajudar na destruição da

Venezuela, uma vez que o país é hiperdependente desse hidrocarboneto (mais de 95% da economia gira em torno do petróleo). Para transmitir uma falsa impressão de imparcialidade e de que sua crítica a Maduro seria pela esquerda, o partido irmão do PSTU na Venezuela (que é o autor do artigo) trata a oposição de direita como se ela não fosse de direita, fascista: ele diz que a oposição “traiu” os trabalhadores. Na verdade, essa oposição é uma oposição fascista que quer derrubar Maduro para esmagar totalmente as organizações operárias e impor um regime de terror para entregar o país ao imperialismo. Não há traição por parte de quem nunca pertenceu ao movimento, que nunca esteve ao lado dos trabalhadores. Assim, a UST/PSTU dá a entender que Maduro e a extrema-direita são a mesma coisa. Ou melhor, que Maduro seria pior que a extrema-direita, pois enquanto o presidente seria um “ditador”, a extrema-direita teria “traído” o povo, pois, segundo a falsa narrativa morenista, a extrema-direita esteve junto ao povo nos últimos anos, enquanto Maduro não. A mesma política que adotou e ainda adota no Brasil, o PSTU e suas organizações pseudotrotskistas, continua adotando mundo afora. Fazer isso na Venezuela, embora não tenha praticamente nenhuma capilaridade na classe operária, é um serviço prestado à burguesia e ao imperialismo, que são os únicos capazes de assumir o governo caso Maduro caia devido ao avanço golpista.


POLÍTICA| 3

BRUMADINHO - MG

Vale tem que ser expropriada sem indenização, reestatizada sob o controle dos trabalhadores O

s acontecimentos de Brumandinho (MG), trazem a tona a selvageria capitalista da Vale privatizada, a “preço de banana”, no famigerado governo FHC por um milésimo do valor de suas reservas minerais, no que deve ter sido o maior roubo de todos os tempos em uma única empresa estatal brasileira, acabam de provocar a morte de mais de 300 pessoas e provocar uma imensa devastação ambiental, com consequências que vai se prorrogar em uma área gigantesca e por um longo período. A maior empresa mineradora do mundo, em décadas de controle estatal, desde a sua criação contra a vontade dos EUA e de todo o imperialismo inimigo do desenvolvimento brasileiro, no governo Vargas, não viu nada parecido com os crimes provocados em poucos anos de privatização e de controle por um punhado de capitalistas “nacionais” consorciados com o capital estrangeiro, os quais só querem lucrar e representam um enorme perigo para as dezenas de milhares de funcionários da empresa e para todo o povo brasileiro, que vê a imensa riqueza mineral ser dilapida, sem escrúpulos e sem qualquer tipo de preocupação real com as condições humanas e ambientais que a Vale e outras empresas do setor impõem. Estas condições se vêm profundamente agravadas, diante do golpe de Estado, que colocou à frente do governo do País, verdadeiros inimigos do povo brasileiro, hostis a qualquer tipo

de controle ambiental e favoráveis a intensificar a entrega e a destruição da economia nacional em favor do grande capital estrangeiro. A Vale é uma empresa estratégia para a economia nacional e seu controle por acionistas privados e sem qualquer controle popular, representa uma grave ameaça, um perigo para milhões. Ainda mais em um momento em que o golpe se aprofunda com a presença de um governo ilegítimo, resultado de um processo eleitoral fraudulento e que se mostra disposto a qualquer coisa para servir aos interesses do grande capital norte-americano. Essa situação não pode ser colocada sob controle social por meio de medidas inúteis como uma CPI (comissão Parlamentar de Inquérito) em um congresso dominado pela direita golpista, patrocinada por empresa como a Vale e outras sem qualquer escrúpulos, capazes de tudo, para garantir seus lucros. De anda adianta esperar que haja também qualquer medida de controle por parte do Ministério Público e do Judiciário golpistas, profundamente ocupados em perseguir a esquerda e as organizações populares para se deterem minimamente em torno de qualquer preocupação com os interesses do povo contra os tubarões do grande capital. Centenas de vidas não não podem ser compensadas com multas e outras medidas de “faz de conta” que o governo fingi adotar e a imprensa golpista divulga para tentar encobrir o conluio da empresa, governo, judiciário

etc. Mas mesmo essas medidas agora anunciadas não tem qualquer vigência, quando se sabe que até hoje os responsáveis pelo crime de Mariana, em 2015, não pagaram até hoje um único centavo sequer das multas aplicadas, uma vez que estão recorrendo e contando com a “normal” morosidade do Executivo e do Judiciário, que só é ligeiro quando se trata de impor condenações fraudulentas, sem provas, contra o ex-presidente Lula e outras lideranças populares. Tampouco adianta o “teatro” de responsabilizar criminalmente elementos de segundo e terceiros escalões da empresa. Querem aplicar o tradicional golpe de prender e responsabilizar provisoriamente o “gerente”, a “secretária”, o “mordomo”, como forma de inocentar o presidente da República que comandou a criminosa entrega da Vale, Fernando Henrique Cardoso, e dos seus aliados golpistas, como Temer e Bolsonaro, que se opuseram a qualquer medida de fiscalização da tragédia previamente anunciada. “Invenção de ONG’s”, segundo o capitão e, agora, presidente ilegítimo. Querem ocultar a responsabilidade dos grandes executivos como o empresário Benjamin Steinbruch, que comandou a operação de rapina de privatização da Vale do Rio Doce, sob os auspícios do BNDES durante a gestão tucana. Contra toda a farsa montada em torno da “operação de socorro” às vítimas e diante da ameaça colocasse que pesa sobre milhares de famílias em

centenas de outros locais próximos às barragens, é preciso organizar a mobilização popular. Diante do prejuízo impagável de centenas de vidas humanas assassinadas pela ação criminosa da empresa, das ameaças de novas tragédias e do caráter estratégico da empresa para o desenvolvimento nacional e para garantir o empresa de dezenas de milhares de operários da empresa, é preciso colocar a Vale sob o controle do povo brasileiro, por meio a sua reestatização sem indenização dos empresários criminosos e que a mesma seja coloca sob o controle das organizações dos trabalhadores e de defesa do meio ambiente, para garantir os interesses nacionais e, acima de tudo, do povo brasileiro.

Brumadinho é obra da privatização criminosa da Vale V

inte e dois anos após a sua privatização, a Vale do Rio Doce, atual Vale, é a expressão maior do conteúdo que está por trás das privatizações no Brasil impostas pelo neoliberalismo nos anos de governo FHC e que agora se reapresenta com o golpe de Estado em “nova” versão pelas mãos do fascista Jair Bolsonaro. Em 1997 o governo neoliberal de FHC promoveu a entrega de uma das maiores empresas brasileiras em uma das operações mais criminosas até então ocorridas contra o patrimônio do povo brasileiro. A Vale do Rio Doce foi entregue por R$ 3,3 bilhões em valores da época. Informações daquele período dão conta de que apenas em reservas minerais estimadas a empresa tinha mais de R$ 3 trilhões, ou seja, mil vezes mais do que o valor de sua venda. Tais dados foram ocultados e apenas, recentemente comprovam que as reservas minerais da Vale superam a casa do trilhão, isso sem contar o fato de que, se considerarmos apenas o boom da venda do minério de ferro no mercado mundial, principalmente para a China, que não por coincidên-

cia vai ocorrer a partir da privatização, o lucro “oficial” obtido com essa commodity nos anos seguintes alcançou marcas que evidenciam a falcatrua que foi sua “doação” para os tubarões capitalistas. Já em 1997, seu lucro alcançou 325 milhões de dólares e chegou a 1,5 bilhão, em 2003. O “investimento” feito pelos capitalistas, à época, com financiamento do BNDES sob o comando do PSDB, já se pagou várias vezes em um curto período de tempo. Foi justamente essa empresa trilionária que acaba de promover o maior assassinato em massa de trabalhadores na história do país. São 65 corpos já encontrados e outras 288 pessoas desaparecidas. Grandes capitalistas mundiais encheram os cofres de dinheiro e agora jogam o lixo do banquete que fizeram em cima do povo. Essa é a “economia de mercado” apreagoada pelos que defendem a privatização. O rompimento da barragem de lama em Brumadinho não foi um acontecimento fortuito, foi um crime. O rompimento da barragem em Mariana há três anos já havia denunciado

o pouco caso da empresa com a segurança dos seus trabalhadores, com a população e com o meio ambiente. A canalhice da grande imprensa é a de transformar os acontecimentos em uma grande tragédia. Procura criar os heróis, estimular os atos de fé da população atingida, a prisão desse ou daquele indivíduo que seria o responsável por licenciar as barragens, anunciar supostas sanções financeiras financeiras contra a empresa (que não se concretizarão), tudo com intuito de fazer com que o tempo amenize os fatos e que caiam no esquecimento e que os verdadeiros culpados por esse crime hediondo saiam ilesos ou com multas rebaixadas (que nunca serão pagas) sempre de acordo com os interesses do capital. A política dos grandes capitalistas nacionais e internacionais para o País é a política de transformar tudo em lama, como já anunciou o atual presidente golpista, que pretende flexibilizar mais ainda as leis ambientais para atender as aves de rapina do capital. Brumadinho é, nesse caso, um símbolo dos “novos” tempos anunciado pelo capitão golpista.

Em que serviu à população a privatização da Vale do Rio Doce? O dinheiro arrecadado em nada amenizou as contas públicas, até porque foi transferido para os banqueiros. Onde foi parar o lucro de bilhões da empresa privatizada? Com certeza não foi na manutenção da sua infraestrutura e muito menos nas garantias da segurança dos trabalhadores e da população das cidades. O movimento operário e popular, os sindicatos, a CUT e os partidos que se reivindicam de esquerda devem iniciar uma imediata campanha pela reestatização da Vale sob o controle dos trabalhadores. A privatização se mostrou um absoluto desastre. A única maneira de minimamente remediar os gravíssimos problemas causados ao meio ambiente, dar uma verdadeira assistência às famílias da vítimas e transformar a Vale em um instrumento de desenvolvimento nacional é retirar das mãos dos sangue-sugas da nação essa que é uma empresa do povo brasileiro, por meio da expropriação da empresa e da sua reestatização sob o controle dos trabalhadores.


4 | PCO

ANÁLISE

Rui Costa Pimenta, ao vivo: “os capitalistas são uma ameaça à população e são capazes de qualquer coisa” R

ui Costa Pimenta participa ao vivo de mais uma Análise Política. O programa, que vai ao ar às 16h todas as terças-feiras, é transmitido no YouTube pela TV 247 e retransmitido pela COTV. Neste momento, o presidente nacional do PCO comenta a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, onde mais uma barragem da Vale se rompeu, deixando centenas de mortos. Sobre isso, Rui Costa Pimenta apontou o problema de que, diante da cri-

se, os capitalistas cortam os custos de forma a comprometer a segurança. Essa tragédia é mais uma evidência que humilha o mito capitalista de que o mercado funcionaria sozinho e se regulando de forma aceitável por si mesmo. Essa tendência acontece em todas as áreas. Os capitalistas tendem a “falsificar produtos, adulterar a comida etc.” Por isso “os capitalistas são uma ameaça à população e são capazes de qualquer coisa”.

MOBILIZAR CONTRA O GOLPE E O FASCISMO

Participe da 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta contra o Golpe e o Fascismo

O

primeiro mês de governo Bolsonaro já foi mais que suficiente para demonstrar que a burguesia pretende levar adiante uma política de aberta guerra contra a população. O regime político está cada vez mais tomado pelos militares, uma enorme operação está sendo montada para

perseguir a esquerda e todos os setores que se colocarem contra o governo golpista e um pacote de privatizações já foi apresentado a público. Para combater a ofensiva do imperialismo sobre os trabalhadores no Brasil, é necessário organizar um movimento que seja capaz de enfrentar

a direita de maneira efetiva. Mais do que nunca, já está provada a completa ineficácia dos repetidos métodos de setores da esquerda nacional: discursos parlamentares, campanha publicitária, crença nas instituições etc. O método que historicamente sempre esteve ao lado dos explorados e que é, consequentemente, o único que poderá tornar os trabalhadores vitoriosos contra a burguesia é a luta política. Ou seja, a mobilização incansável de todos os setores explorados para derrotar, por meio da força, todos aqueles que tomaram de assalto o poder político para impor uma série de ataques a toda a população. Para enfrentar a direita, é necessário que os trabalhadores e os setores que defendem os direitos democráticos do povo estejam organizados. E é para isso que servirá a 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo: organizar a luta contra a direita a nível nacional. Afinal, se a direita ficar à vontade, a guerra con-

tra os trabalhadores vai continuar e se aprofundar. A 2ª Conferência Nacional Aberta dará sequência à conferência realizada em julho do ano passado: a 1ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe. Na época, integrantes do movimento sindical, da luta do povo indígena, dos partidos de esquerda, da cultura e de várias organizações do país inteiro discutiram a necessidade de manter a campanha presidencial de Lula (“Lula ou nada”) e de ampliar os comitês de luta contra o golpe em todos os estados. Agora, após a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro – que só conseguiu se eleger por causa da retirada da candidatura de Lula -, a 2ª Conferência Nacional Aberta terá um papel fundamental para orientar a luta contra o fascismo, a formação dos comitês de autodefesa, a luta pela derrubada imediata do governo Bolsonaro e a luta intransigente pela liberdade de Lula. A 2ª Conferência Nacional Aberta de Luta Contra o Golpe e o Fascismo ocorrerá nos dias 21 e 22 de março, na cidade de São Paulo. Acompanhe neste Diário as atualizações sobre o evento e não deixe de participar e contribuir para essa importante atividade de luta.


POLÍTICA E CIDADES | 5

GOVERNO ILEGÍTIMO

Bolsonaro quer acabar com o cargo de 21 mil comissionados O

governo ilegítimo de Jair Bolsonaro apresentou, por meio do seu ministro da casa civil Onyx Lorenzoni (DEM), as suas metas de ação nos primeiros 100 dias de governo. Cortes de cargos e privatização em larga escala foram anunciados com grande entusiasmo, uma vez que o regime é ciente de como a propaganda da imprensa burguesa em torno dessas pautas é sempre favorável. Aeroportos estão entre os serviços que Bolsonaro vai entregar para os capitalistas, mas há clara referência ao objetivo de privatizar todos os demais serviços públicos.

Os cargos comissionados também sofrerão grave baixa, de pelo menos 21 mil trabalhadores, e não há prazo para realização de concursos públicos para repor a perda de mão de obra. O governo alega que novos concursos só serão anunciados depois de um estudo de eficiência administrativa. Nenhuma medida ligada a melhoria da vida do povo foi anunciada, o governo golpista trata qualquer investimento social como despesa desnecessária e coloca o peso da máquina estatal para funcionar a serviço dos interesses do imperialismo norte-americano, contra o povo e a economia nacional.

FASCISTA

Fora Doria! É preciso derrubar o governador bolsonarista de São Paulo

A

pós pouco mais de dois anos do mandato do bolsonarista Doria em São Paulo, a população mais pobre e trabalhadora teve tempo suficiente de sentir na pele a forte tendência fascista do governo desse sujeito. Sua po-

lítica de esmagamento da população, opressões consecutivas aos setores socialmente e economicamente mais débeis, como a população da periferia e em situação de rua, e a política hostil de privatizações.

Vale lembrar o aumento exorbitante do preço da passagem, que para o almofadinha João Doria era pouco menos que nada, e para população pouco mais que tudo. Quando a população perdeu a passividade e avançou sobre o governo municipal, a atitude do prefeito de suéter foi de praticamente proibir as manifestações, proibindo inclusive o uso de mascaras, que sabemos que só é utilizada para evitar a comum perseguição política. Usando de toda força repressiva da polícia militar, que em São Paulo, como no restante do país, é uma milícia burocrática institucionalizada e altamente legitimada pelo Estado brasileiro, ele esmagava as manifestações de rua. Os casos que comprovam a tendência fascista de João Doria, além das listadas em cima, são: a prática fascista de retirar dos moradores de rua os seus agasalhos, acordá-los no meio da

madrugada com jatos d’água em pleno inverno, derrubar casas com pessoas dentro, propor de alimentar a população mais pobre com uma ração de procedência altamente duvidosa. É preciso dizer que no governo do Estado de São Paulo o fascista João Doria será altamente mais perigoso, é um governo anti-povo, com fortes inclinações fascistas. Sem concessões, negociações, muito menos tolerância. É necessário fazer um trabalho extenso de propaganda contra esse governo e trabalhar no sentido de mobilizar a população para derrubar esse governo, produto da escandalosa fraude eleitoral, que retirou Lula para abrir caminho para extrema-direita fascista em todos os espaços do poder; com as seguintes palavras de ordem: Fora Dória! Fora Bolsonaro! Fora todos os golpistas! Abaixo a fraude eleitoral! Liberdade para Lula!


6 | MOVIMENTOS E CULTURA

BRADESCO

Aprofunda a política de piorar as condições de trabalho em Brasília O

s dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – do extinto MTE, relativos à categoria bancária, mostra o número de 32.321 demissões no ano de 2018, com o fechamento de 3 mil postos de trabalho em todo o País, revela a política dos banqueiros: lucrar a qualquer custo, nem que para isso dezenas de milhares de trabalhadores, pais de famílias, sejam colocados no olho da rua e que a população em geral seja sacrificada com o péssimo atendimento nas agências devido a falta de pessoal. Filas gigantescas, demora no atendimento, são uma constante em praticamente todas as agências do Distrito Federal, mas vamos falar um em especial, por já ter sido matéria deste Diário, a agência do Bradesco localizada na Cidade Satélite da Ceilândia. Os banqueiros têm uma verdadeira tara em maltratar as camadas da população mais humilde, isso fica claro quando os grandes clientes são tratados com agências exclusivas, sem filas, com o ar condicionado a todo o vapor, cafezinho, etc. e tal. Para os mais po-

bres são agências abarrotadas de gente, ar refrigerado que geralmente não funciona ou muita das vezes a potência do aparelho não suporta o número de pessoas que lotam as agências, filas gigantescas, falta de pessoal, logicamente ocasionando o mau atendimento. A agência do Bradesco, na Ceilândia, é um exemplo vivo de como os banqueiros, sanguessugas da população, tratam a população nos bairros das periferias das grandes cidades. Conforme este Diário já denunciou, a agência do Bradesco Ceilândia é um verdadeiro terror, tanto para os funcionários quanto para os clientes. O número de funcionários é insuficiente para atender a enorme demanda de pessoas que se aglomeram no saguão da agência, que esperam horas para serem atendidas, na maioria dos casos passam mais de duas horas a espera do atendimento. Sistematicamente o banco vem quebrando as normas do direito do consumidor, que obriga os bancos a atender a clientela em no máximo 30 minutos, e praticamente

nada é feito pelos órgãos de fiscalização, dando mais uma prova que os banqueiros é que verdadeiramente mandam no País. Com o golpe de Estado e em consequência ascensão de um fascistóide, através da maior fraude eleitoral já vista no País, na presidência do governo, que teve como um dos maiores financiadores os banqueiros, a situação da população em geral e dos trabalhadores bancários tende a piorar para beneficiar meia dúzia de capitalistas parasitas.

A única forma de barrar essa ofensiva é levantar uma ampla mobilização que unifique os bancários e todos os trabalhadores contra o golpe e o imperialismo. Sem barrar o golpe todos os direitos conquistados pelos trabalhadores estão em risco. Por isso é preciso organizar a mobilização de toda a categoria bancária, junto com todos os setores progressistas, colocando na rua uma intensa campanha pelo: Fora Bolsonaro e Todos os golpistas; Abaixo a Fraude das Eleições; Liberdade para Lula.

MT

A VOLTA DO CLUBE DA ESQUINA

Aumentou em quase 40% o número de assassinato de mulheres

Milton Nascimento fará turnê retomando o repertório do grupo O

C

om um índice com quase 40%, a violência cresce em Cuiabá e na Várzea Grande. Em novos dados apresentados, que são referentes do ano de 2018, o número de mulheres assassinadas cresceu em comparativo com o ano anterior ao analisado (2017). Segundo a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foram 16 mulheres assassinados em 2017. Já no seguinte foi registrado o aumento de mais uma morte, totalizando 17 mortes. Mas o destaque com os novos dados, é de que a grande maioria das morte se enquadram na Lei nº 13.104, que classifica o tipo de assassinato especificamente contra mulheres. Esse aumento expressivo da violência contra as mulheres, é também passível do avanço da extrema-direita no cenário nacional. O que esse setor proporciona, é exatamente que os representantes das alas mais obscuras estimulem que os cães da direita saiam as ruas e provavam ações contra os setores mais oprimidos, como é o caso das mulheres. Isso reflete diretamente com a situação da mulheres, uma vez que já estão colocadas em

uma situação de opressão que as esmaga diariamente. Segundo a presidente do Conselho Estadual do Direito da Mulher, Gláucia Amara, a violência contra a mulher e propriamente do aumento desse ato, também se deve ao fato da desigualdade existente entre homens e mulheres. Isso é um ponto a se concordar, mas quando afirma que é preciso promover uma “educação cultural” vai na contrapartida da luta das mulheres para acabar com a desigualdade e finalmente ter sua emancipação. A luta das das mulheres se dá por um movimento organizado em conjunto com a classe operária. Não será por meio de uma educação geral contra a violência, mas sim pelas próprias mulheres organizadas diante de uma política correta, no momento aquela que irá derrotar o golpe e barrar o avanço da extrema-direita. Portanto, é preciso organizar comitês de mulheres, que promovam sua autodefesa e estejam alinhados com a política que reivindica um governo verdadeiramente dos trabalhadores, o mesmo que irá proporcionar a emancipação real das mulheres.

que era antes fruto de uma ideia, agora se materializa no retorno de uma das mais aclamadas bandas brasileiras de todos os tempos. O prelúdio do projeto se deu em 2017, durante as comemorações dos 45 anos do álbum Clube da Esquina, de Milton e Lô Borges (1972). No ano passado, comemorando os 40 anos do disco Clube da Esquina 2 (1978), o que ainda se encontrava em gestação, deu espaço para a fabulosa ideia de reviver os velhos bons tempos no palco. Tudo isso de uma maneira inédita; reunindo as canções dos dois discos. A estreia da turnê Clube da Esquina será em Juiz de Fora, no dia 16 de março, e continuará levando o que se tem de melhor na música brasileira para outros locais, como: Rio de Janeiro, Lisboa, Porto, Zurique, Paris, Amsterdã e Madri. A passagem do grupo por São Paulo já tem data

marcada. O primeiro show será no espaço das Américas, no dia 27 de abril, e já não há ingressos disponíveis; todos foram vendidos. Contudo, restam poucos ingressos para a data extra, no dia 28. Desta vez, a turnê terá no repertório musical as obras dois discos (Clube da Esquina 1 e 2), com ênfase nas músicas do primeiro álbum, a pedido dos fãs. O resultado do encontro de jovens músicos nas esquinas do bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, na década de 1960, rende até hoje, uma legião de fãs e admiradores. Não por acaso, os estudiosos tentam até hoje decifrar a grandeza do Clube da Esquina. Talvez seja a união da poesia, do regionalismo, da criatividade e do talento musical brasileiro. Consideremos como – uma arte; pois reúne em si, os valores estéticos da beleza, do equilíbrio e da harmonia.


NEGROS| 7

ACABAR COM O APARTHEID DE VERDADE

Negros da África do Sul exigem confisco de terras de latifundiários brancos A

população da África do Sul está discutindo recentemente sobre a questão da retomada de terras. Seus principais apoiadores são os sul-africanos de origem negra, que enxergam a proposta como uma compensação por todos os danos sofridos por seus antepassados durante o Apartheid e também como uma medida que pode reduzir a desigualdade entre os negros desse país, levando em conta que são a maioria da população de lá. O Apartheid foi um regime que se iniciou em 1948, com a vitória do “Partido Nacional” nas eleições gerais do mesmo ano, e cujo partido colocou seus sucessivos representantes no governo até a derrubada do regime, em 1994. O Apartheid é conhecido principalmente pela sua política de segregação racial imposta à população sul-africana durante todo o seu período. As leis que surgiram durante o Apartheid legalizava a separação dos cidadãos pela sua cor de pele, permitindo a sua divisão em áreas residenciais distintas, mesmo que para colocar essa lei em prática, fosse necessário o uso de remoções forçadas. Serviços de atendimento à população, como a saúde e a educação, também eram distintos, fazendo com o que a população negra e de outras etnias não-brancas na África do Sul passassem a receber um serviço pior do que o que era direcionado à etnia branca, estendendo o abismo social que afetaria essas populações até o dia de hoje.

O período do Apartheid foi marcado pela violência e pela resistência à política de segregação racial. Muitas revoltas populares e protestos ocorreram naquele período, levando ao banimento da oposição por parte do governo e à detenção de vários líderes contrários ao regime, entre eles, um dos mais conhecidos, Nelson Mandela. À medida que a população se revoltava contra o regime, mais o governo procurava reprimir e atacar violentamente a população. Sendo assim, o atual presidente do país, Cyril Ramaphosa, do Congresso

Nacional Africano (ANC), afirmou que o seu partido tem planos para alterar o trecho da constituição sul-africana que trata da retomada de terras, afim de tornar esse processo algo que seja viável ao conjunto da população. A ação também visa reduzir a desigualdade na África do Sul, levando em conta que o regime do Apartheid colocou 87% da terras do país nas mãos de uma minoria branca. Embora mais de 3/5 de toda a população do país morem nas cidades e não tenham o objetivo de se tornarem produtores rurais, muitos deles veem

a retomada de terras como uma forma de indenização, uma chance para conseguir uma moradia com condições mais dignas, uma oportunidade para melhorar de vida, etc. Quem não está nada satisfeito com a proposta da retomada de terras é o mercado financeiro, que vê essa proposta como uma ameaça aos seus investimentos, pois através da especulação sobre as terras que estão em posse de uma minoria branca, podem continuar mantendo os seus lucros em detrimento da maioria da população negra sul-africana. Alguns críticos, por exemplo, alegam que a medida fracassou anteriormente e que o atual governo retomou a discussão sobre a retomada de terras para derrotar o Partido dos Combatentes da Liberdade Econômica (EFF), partido de cunho populista, nas eleições previstas para maio. O setor da indústria, por outro lado, acredita que o atual governo deve conceder uma “indenização financeira”, ao invés de terras. Pois argumentam que “a população da cidade não deseja abrir mão das áreas urbanas para se mudarem para as áreas rurais”. Já o Partido dos Combatentes da Liberdade Econômica (EFF) defende que todas as terras “deveriam ser estatizadas”, afim de transferir riqueza para a população negra afetada pela desigualdade social. Cabe, portanto, aos amplos setores da população, aos movimentos de luta da África da Sul, se mobilizarem em torno da retomada das terras que foram retiradas de seus antepassados. Remoções essas que custaram o sangue, suor e lágrimas de muitos sul-africanos e da população negra local.

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8 | INTERNACIONAL

VENEZUELA

Cinco motivos para defender a Venezuela do imperialismo A

Venezuela está sendo atacada pelo imperialismo na mais dura ofensiva já vista contra o chavismo. A ameaça é real de invasão do país, por isso a esquerda não pode pensar duas vezes em defender a Venezuela das garras dos monopólios imperialistas. A seguir, elaboramos uma lista de cinco motivos para defender a nação sul-americana: 1 .Os EUA querem invadir o País para roubar seus recursos naturais A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo e o imperialismo está disposto a fazer uma guerra, massacrando seu povo, para obter essas reservas para as grandes petrolíferas. A Petróleos de Venezuela (PDVSA) é a principal empresa venezuelana, e pertence ao Estado. O imperialismo sempre tentou tomar conta da companhia, mas os governos chavistas fortaleceram o controle do Estado sobre ela, inclusive investindo em sua filial nos EUA, a Citgo. Uma das principais manobras golpistas para derrubar Nicolás Maduro tem sido a manipulação dos preços do petróleo pelo imperialismo, rebaixando os preços para afetar enormemente a economia venezuelana. Agora, nessa nova etapa, o golpista Juan Guaidó que se autoproclamou presidente da Venezuela (como um louco que diz que é Napoleão Bonaparte) disse que irá nomear seus próprios diretores da PDVSA e da Citgo, e prontamente o governo norte-americano bloqueou bilhões de dólares dessas empresas, que serão desviados para o governo ilegítimo, ilegal e paralelo de Guaidó. Esta semana, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, afirmou que seria maravilhoso para as empresas imperialistas norte-americanas “desenvolverem o potencial petrolífero da Venezuela”, extraindo e re-

finando seu petróleo. Ou seja, roubar o petróleo do povo venezuelano para esses grandes monopólios. E, como sabemos, as grandes petrolíferas como a Chevron, a Exxon Mobil, a Shell, são algumas das principais promotoras de golpes de Estado há décadas, justamente para tomar conta dos recursos naturais dos países oprimidos. 2. O povo venezuelano apoia Maduro Desde que Hugo Chávez chegou ao poder em 1999 foram realizadas 25 eleições, das quais os chavistas venceram 23, incluindo as duas que Maduro ganhou (2013 e 2018). Três partidos da oposição boicotaram a eleição do ano passado, e Maduro ganhou dos outros candidatos com 67% dos votos. Nessas eleições, foram realizados comícios chavistas por toda a Venezuela, nos quais o povo encheu as ruas em apoio a Maduro. Além disso, todas as semanas o povo sai às ruas em defesa do governo, há anos. Nessa última segunda-feira (28), havia 300 mil pessoas nas principais avenidas de Barquisimeto em apoio a Maduro. No dia 23, quando a oposição organizou manifestações golpistas, calcula-se que três milhões de chavistas saíram às ruas de todo o país para mostrar que o povo está com Maduro. Obviamente, a imprensa cartelizada só mostrou as manifestações direitistas, e com muita manipulação. 3. Se Maduro cair, o imperialismo vai destruir as organizações populares O povo venezuelano é o mais organizado da região, com milhares de comunas, sindicatos fortes, partidos de esquerda fortes, movimentos populares massivos, milícias armadas etc., que apoiam o governo. Para roubar os

recursos da Venezuela, o imperialismo teria que, depois de derrubar o governo, impor um regime abertamente fascista para destruir toda essa organização, porque senão não conseguiria conquistar esses recursos. E acabar com a organização dos trabalhadores significa destruir décadas de luta do povo, que demoraria mais décadas para se recompor, sendo um duro e brutal ataque à revolução operária. 4.Se a Venezuela cair, o imperialismo pode dominar todo o continente Com a queda de Maduro e a destruição da chamada “Revolução Bolivariana”, fica aberto o caminho para a derrubada dos governos de Bolívia, Nicarágua e até mesmo de Cuba, significando um retrocesso jamais visto para a esquerda latino-americana, e o continente ficaria dominado por completo pela extrema-direita, fortalecendo Bolsonaro e todo o imperialismo. Isso aprofundaria o regime de usurpação dos recursos latino-americanos, transformando o continente por completo em uma grande feitoria colonial para os norte-americanos, sendo toda a região governada por regimes cada vez mais direitistas e capachos do imperialismo.

5. Se o povo venezuelano vencer, abre um novo capítulo de ascenso das massas para derrotar a direita São Paulo 18/03/2016 Ato em Defesa da Democracia na Avenida Paulista . Foto Paulo Pinto/Agencia PT No entanto, caso o povo venezuelano consiga vencer esse golpe, confiscando a burguesia e derrotando o imperialismo, isso vai dar um novo incentivo revolucionário para os povos da América Latina, as massas entrarão em movimento para derrotar os governos golpistas de extrema-direita, Bolsonaro ficará enfraquecido e em xeque com a ascensão do movimento operário brasileiro, e haverá a possibilidade de a burguesia e do imperialismo ficarem contra a parede, inclusive com a radicalização das massas num sentido revolucionário. Por todos esses motivos, a esquerda brasileira e latino-americana deve, imediatamente e sem vacilações, sair às ruas em manifestações de apoio à Venezuela e pelo Fora Imperialismo da América Latina. Até porque, como explicado acima, esse movimento também impulsiona o movimento geral de luta contra o golpe e contra o regime ilegítimo de Jair Bolsonaro.

HONDURAS

Povo sai às ruas contra ditadura do imperialismo N

este domingo (27) o povo hondurenho saiu as ruas contra o governo golpista decorrente do golpe de 2009. As manifestações espalhadas por todo o país foram feitas no aniversário de 1 ano da posse do presidente golpista Juan Orlando Hernández. Foi o Partido Libertad y Refundación (Libre) que fez o chamado para ir as ruas e protestar contra a fraude eleitoral. O presidente do Libre, Manuel Zelaya, que 2009 sofreu um golpe de estado encabeçado pelo imperialismo através da Suprema Corte de Justiça de Honduras, elegendo seu oponente (Porfirio Lobo Sosa) nas eleição seguinte, é a principal figura atrás dos protestos. Seu partido é decorrente da crise pós golpe, e se coloca como uma das principais oposições à investida da direita no país. A principal causa das manifestações é a indignação popular contra a fraude

eleitoral de 2017 que elegeu Juan Orlando Hernández. A um ano atrás o povo ocupava as ruas da capital do país, Tegucigalpa, sendo fortemente reprimidos pelas forças de segurança, repressão esta repetida na mesma medida no aniversário da posse. A tensão era tão grande que o local e horário da posse do usurpador foram mantidos em segredos até poucas horas do evento. A oposição de esquerda também cita o artigo 3 da Constituição de Honduras que diz: ARTICULO 3.Nadie debe obediencia a un gobierno usurpador ni a quienes asuman funciones o empleos publicos por la fuerza de las armas o usando medios o procedimientos que quebranten o desconozcan lo que esta Constitucion y las leyes establecen. Los actos verificados por tales autoridades

son nulos. el pueblo tiene derecho a recurrir a la insurreccion en defensa del orden constitucional. Em português: ARTIGO 3.Ninguém deve obediência a um governo usurpador ou àqueles que assumem funções ou empregos público pela força das armas ou usando meios ou procedimentos que violem ou ignorem o que esta Constituição e as leis estabelecem. Os atos verificados por tais autoridades são nulos. As pessoas têm o direito de recorrer à insurreição em defesa da ordem constitucional. Essa crise é resultado do golpe que deu início a onda de golpes no continente. O povo está sendo duramente massacrado pelo regime subalterno ao imperialismo norte americano. A políti-

ca entreguista e de escravidão do povo, chegou ao ponto de fazer milhares saírem do país a pé numa caravana até os Estados Unidos. Nesse sentido Honduras serve como um quadro crítico que aponta o que pode acontecer com os demais países que foram tomados de assalto por essa política do grande capital internacional.


INTERNACIONAL | 9

ESQUERDA A SERVIÇO DA DIREITA

Depois de incentivar fuga de Jean Wyllys, Mujica apoia golpe contra Maduro A

Venezuela é objeto de desejo e efetiva exploração dos norte-americanos pelo menos desde 1883, quando o governo do país outorgou a Horácio Hamilton, a concessão para explorar o lago de asfalto Guanoco, então o maior depósito natural daquela substância. O cidadão norte-americano cedeu seu contrato para a empresa The New York and Bermudez Company, um trust do asfalto com sede na Filadélfia. A empresa explorou o asfalto e o exportou sem jamais cumprir com as contrapartes exigidas. Mais tarde, diante dos conflitos com o general Cipriano Castro, que tomou o poder em 1899, a empresa decide apoiar financeiramente o movimento armado para derrubar o governo. Assim, em 1902, teve lugar uma revolução armada, batizada de ‘libertadora’, totalmente financiada pelos norte-americanos. Após a derrota da ‘revolução’, a própria admitiu sua participação, mas o novo governo apenas exigiu uma indenização, o que foi recusado pela empresa. A seguir, a pressão aumentou, com navios dos EUA, Alemanha e Inglaterra adentrando em águas venezuelanas e bombardeando portos do país, motivo pelo qual foram presos cidadãos ingleses e alemães radicados no país. A empesa New York and Bermudez Company foi acionada judicialmente, mas estava claro que o governo de Cipriano Castro buscava repor recursos que havia saqueado do erário público. Washington aproveita o momento para preparar o terreno e atacar Caracas: “O governo dos Estados Unidos pode, com muita propriedade, tomar as medidas necessárias para oferecer à companhia americana toda proteção que precise” (John Hay, Secretário de Estado) Assim, preparam-se para colocar em ação o Plano Parker: desembarque dos infantes da marinha, captura de Cipriano Castro, ocupação dos portos, estabelecimento de um governo pro-

visório made in U.S.A. Não foi preciso, mais tarde o presidente foi traído, enquanto ausentou-se do país para cuidar da saúde, e o novo governante, Juan Vicent Gómez, fez uma composição com os norte-americanos. Castro nunca mais pode voltar ao seu país, porque lhe impediam navios norte-americanos. É em 1909, o governo entreguista de Vicent Gómez faz a primeira concessão para exploração e exportação de petróleo no país à The Venezuela Development Company Ltda. O contrato era generoso para a companhia e abrangia um território enorme, permeando 13 (treze) estados. Isso se deu após visita de Frank Knox que, ao regressar a Washington, estava exultante e empolgado com as possibilidades de exploração do país, principalmente porque seu governante mostrou-se absolutamente submisso à “diplomacia do dólar”. Não à toa, em 1930, o ministro de Fomento da Venezuela escrevia: “As leis venezuelanas sobre o petróleo são as melhores do mundo para as companhias”. Em 1931, a Venezuela já era uma país de primeira categoria na ex-

ploração de petróleo, com projeção de 120 milhões de barris para aquele ano. O país receberá muitas empresas para explorar seu petróleo, mas permanecerá pobre, e os norte-americanos nunca mais permitirão de bom grado um governo que ameace seus interesses comerciais, nem permitirá que o povo se organize, sem repressão, contra a cada vez mais clara exploração abutre que o país sofre, sem retorno para o povo e para o desenvolvimento. O ódio a Hugo Chavez e todos os recursos utilizados para afastá-lo do poder e agora a Nicolás Maduro são apenas uma nova roupagem para uma velha política. É o imperialismo norte-americano que não admite que a Venezuela explore suas riquezas e cresça. Os norte-americanos vem financiando políticos e fornecendo material bélico e suporte estratégico desde o final do século XIX, tudo para manter seu domínio sobre os governos venezuelanos. Hoje não é diferente. O fato de Hugo Chavez ter conseguido permanecer no poder e fazer seu sucessor é motivo de desespero para os EUA e para sua investida cada vez mais dura

para derrubar o governo de Maduro. Assim, quando ouvimos Pepe Mujica bajular o imperialismo, afirmando que a saída para a Venezuela são eleições gerais, estamos diante da mais absoluta capitulação da esquerda, ou de uma certa esquerda no Continente. Lembrando que no Brasil também temos personagens de ‘esquerda’ que fazem coro ao Império satanizando Nicolás Maduro e apoiando a queda do governo democraticamente eleito. Mujica sempre foi o mais moderado dos presidentes de esquerda da América Latina, com claros sinais de simpatia ao imperialismo. O Império, por sua vez, tem simpatias pelo ‘Pepe’, uma vez que sua política nunca foi efetivamente contra os interesses da burguesia, ou do imperialismo mesmo. Esse tipo de “esquerda” é tolerável, pois serve à direita, como contraparte à esquerda mais decidida e operária da região, que é o caso de Nicolás Maduro na Venezuela, que enfrenta o imperialismo. Talvez por isso mesmo Mujica incentivou o deputado psolista Jean Wyllys a fugir do Brasil, posição covarde e que leva à desmoralização da esquerda e consequentemente ao fortalecimento da direita. Isso ajuda a desorganizar o movimento de luta contra o golpe e o fascismo. Mas, não bastasse isso, agora faz eco, melhor, uma frente única com o imperialismo e pede novas eleições na Venezuela, ou seja, considera Maduro um presidente ilegítimo. Esse não é o comportamento de um militante de esquerda, que deveria apoiar o presidente Maduro e o povo venezuelano em sua luta contra o imperialismo. Na prática, e ele já afirmou isso em outras ocasiões, considera a Venezuela um mal exemplo, motivo pelo qual deseja sim a queda de Maduro e do chavismo. Torna-se um porta-voz do imperialismo, para impor um regime fascista e neoliberal à Venezuela, e ao país, destruir toda a esquerda venezuelana e latino-americana.


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