QUINTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5567
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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BOLSONARO QUER FECHAR SEDE DA PETROBRAS E DEMITIR 400: É PRECISO IMPEDIR A DESTRUIÇÃO DA EMPRESA A direção golpista Petrobras anunciou, nesta terça-feira (26), que pretende desocupar, até junho, sete andares hoje alugados pela empresa para abrigar a sede administrativa (Edisp) em São Paulo, O pretexto apresentado é a suposta economia de mais de R$ 100 milhões no horizonte do plano de negócios 2019/2023. EDITORIAL
Apesar da derrota parcial, imperialismo ainda está em campanha pela invasão da Venezuela O imperialismo fracassou na invasão que estava preparando na Venezuela, no último sábado (23). Foi uma contundente derrota dos Estados Unidos e seus capachos, que não conseguiram servir de bucha de canhão.
Aumento de 82% nos assassinatos realizados pela PM-RJ é consequência direta da “eleição” de Witzel e Bolsonaro Quando se trata de averiguar o cumprimento de promessas de campanha, não podemos negar que o governador fascista do Rio de Janeiro cumpre ao pé da letra o que prometeu: promover uma limpeza social no Estado.
Fracasso do governo Bolsonaro: desemprego sobe no mês de janeiro Desde o golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff, o desemprego continua subindo, o número atualizado é de 12,7 milhões de trabalhadores desempregados.
Passo adiante para roubar aposentadoria dos trabalhadores: governo já definiu líderes no Legislativo O governo golpista de Bolsonaro já definiu quem serão os parlamentares responsáveis por articular o roubo da aposentadoria dos trabalhadores no Legislativo. No Congresso Nacional essa tarefa ficará sob a incumbência de Joice Hasselmann, deputada do PSL-SP.
Privatização, uma invenção dos fascistas: conheça a relação entre o neoliberalismo e a extrema-direita O pioneiro das privatizações em larga escala foi Benito Mussolini, o líder do fascismo italiano, o fascismo original. Segundo a propaganda do imperialismo, o fascismo teria sido derrotado na Segunda Guerra Mundial pela “democracia”.
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2 | POLÍTICA
BOLSONARO QUER FECHAR SEDE DA PETROBRAS E DEMITIR 400: É PRECISO IMPEDIR A DESTRUIÇÃO DA EMPRESA A
direção golpista Petrobras anunciou, nesta terça-feira (26), que pretende desocupar, até junho, sete andares hoje alugados pela empresa para abrigar a sede administrativa (Edisp) em São Paulo, O pretexto apresentado é a suposta economia de mais de R$ 100 milhões no horizonte do plano de negócios 2019/2023. De acordo com nota da empresa, a empresa estuda realizar um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e um Programa de Desligamento por Acordo Individual. Segundo o Sindicato dos Petroleiros, no Edisp trabalham mais de 400 trabalhadores próprios, além de centenas de outros terceirizados. A redução do quadro de funcionários da Petrobras vem sendo realizada de forma continua desde o golpe de Estado que derrubou a presidenta Dilma. Foram realizados diversos planos de demissões voluntárias, o que de-
verá se repetir no caso de São Paulo, envolvendo o Edisp e outros setores. Ainda de acordo com a organização dos trabalhadores, está ocorrendo “uma redução de atividades em São Paulo e não somente uma desmobili-
zação de prédio” Essa iniciativa do governo Bolsonaro se dá como parte de planos de vendas de ativos, como refinarias, já sinalizados pelo presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
Estamos diante de toda uma operação de liquidação da Petrobras, as demissões visam enfraquecer a resistência dos trabalhadores ao processo de dilapidação da empresa, no momento que o governo reacionário busca intensificar a venda de ativos e a entrega total do que ainda resta da estatal e, principalmente, petróleo nacional. Uma imensa riqueza que poderia subsidiar o desenvolvimento de setores fundamentais para o povo brasileiro e que está sendo entregue “à preço de banana” para os tubarões capitalistas. Para impedir essa pilhagem, é preciso uma ampla mobilização, não apenas dos trabalhadores da Petrobrás, mas de todos os explorados e de suas organizações de luta. Contra as privatizações, reestatizar a Petrobrás (100% estatal), sob o controle dos trabalhadores. Contra as demissões e entrega do petróleo, ocupar os prédios e refinarias da empresa.
GOVERNO GOLPISTA
Fracasso do governo Bolsonaro: desemprego sobe no mês de janeiro
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esde o golpe de Estado que derrubou Dilma Rousseff, o desemprego continua subindo, o número atualizado é de 12,7 milhões de trabalhadores desempregados. Segundo o dogma neoliberal defendido pelo ministro da economia Paulo Guedes, retirar os direitos dos trabalhadores, como já fez o presidente golpista Michel Temer, como prevê a proposta da CLT verde e amarelo do governo fraudulento de Jair Bolsonaro, acabar com férias remuneradas e o 13° salário, entre outras coisas, são ações que gerariam empregos porque, com menos encargos, os patrões conseguiriam retomar o investimento, portanto, abrir novos postos de traba-
lho. Mas, na prática, não é o que estamos vendo, o que vemos é o aumento contínuo do desemprego e a paralisia da economia, e com isso sobe o número de moradores de ruas e a informalidade explode, o que pode ser visto nas dezenas de adultos, também de crianças, vendendo água, bala, chocolate, limpando para-brisas dos carros, etc. nos faróis e nas ruas das grandes cidades. As medidas propostas por Paulo Guedes atacam a vida dos trabalhadores com a retirada de direitos e destruição da previdência, só vão piorar a situação. A imprensa burguesa dizia que a chegada de Bolsonaro na presidência animaria o mercado e traria
confiança aos investidores, no entanto, a realidade é que o cenário econômico é sombrio sob o governo neoliberal e capacho do imperialismo. Este governo que foi eleito através de uma fraude eleitoral, não tem programa e não demonstra possuir nenhum projeto de retomada econômica que anime a burguesia, o que vemos nesse momento é apenas uma agenda de venda das riquezas do nosso país e ataque aos poucos direitos que os trabalhadores possuem. Os golpistas estão sempre dando uma desculpa para aumentar a exploração do trabalhador, privatizar, cortar investimentos e retirar direitos fundamentais. Dessa vez a desculpa é a de que existe um “rombo” na previdência. Em 2016 foi dado um golpe de Estado contra a presidenta eleita democraticamente Dilma Rousseff, que começou em 2014 com toda a oposição e massacre dos meios de comunicação ao seu governo, o que resultou no esquartejamento da economia, que foi se acentuando ao longo do governo golpista de Temer, que não possuía outro objetivo além de retirar direitos e privatizar tudo que fosse possível, e que, como já está acontecendo, só vai piorar no governo fascista de Bolsonaro. Inclusive temos um exemplo de como toda a campanha da imprensa golpista sempre foi uma farsa: a Ford, em São Bernardo do Campo, anunciou
que irá fechar as portas, deixando assim, entre diretos e indiretos, em torno de 25 mil trabalhadores desempregados. Este é exemplo de um governo que é inimigo do trabalhador, pois não intervém em favor da classe trabalhadora e tem como marca a extinção de um único ministério: O ministério do trabalho. Um governo em que seus membros constantemente demostram desejo de acabar, também, com a justiça do trabalho. Tudo isso acontece junto com o cercamento dos sindicatos que hoje estão sob a tutela do golpista Sérgio Moro, que condenou e prendeu o ex-presidente Lula sem provas para retirá-lo da eleição e hoje é ministro de Bolsonaro. Os trabalhadores devem exigir seus direitos e combater o desemprego, como uma jornada de trabalho de 35 anos sem redução salarial, uma reforma da previdência com mais direitos para a classe operária, liberação de vagas para os jovens, ou seja, que os trabalhadores possam se aposentar e com uma aposentadoria integral. Só reivindicando esses direitos é que os empregos irão ser gerados, não com a política recessiva e miserável dos neoliberais. A proposta do PCO é que homens e mulheres se aposentem no máximo aos 55 anos e tenham direito a aposentadoria integral ao completarem 25 anos de contribuição para mulheres e 30 anos de contribuição para homens. Nenhuma reforma ou negociação deve ser aceita com esse governo que é resultado de uma fraude eleitoral, o PCO não reconhece o governo Bolsonaro. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
OPINIÃO | 3
IMPERIALISMO
Apesar da derrota parcial, imperialismo ainda está em campanha pela invasão da Venezuela O
imperialismo fracassou na invasão que estava preparando na Venezuela, no último sábado (23). Foi uma contundente derrota dos Estados Unidos e seus capachos, que não conseguiram servir de bucha de canhão. Os militares venezuelanos e o povo se mobilizaram nas fronteiras e nas ruas, demonstrando seu firme apoio ao presidente Nicolás Maduro. Enquanto isso, a extrema-direita golpista não teve coragem de erguer a cabeça e os planos do marionete Juan Guaidó de levar multidões para buscarem a “ajuda humanitária” foram suspensos. Percebendo isso, os militares colombianos não tiveram coragem para invadir pela fronteira ocidental e os brasileiros pela oriental. Até porque, para a burocracia militar, uma invasão a outro país geraria uma crise enorme dentro das forças armadas, com grande possibilidade de ampla desestruturação do exército e de uma convulsão social no Brasil, aumentando profundamente a crise política e econômica do País. No entanto, se os militares brasileiros estão com um pé atrás para seguir
as ordens do imperialismo e servir de bucha de canhão na Venezuela, outros setores pró-imperialistas no Brasil continuam sua campanha pela intervenção a plenos pulmões. Isso é perceptível ao se ler, assistir ou ouvir os meios de comunicação golpistas. A propaganda contra o chavismo sempre foi veiculada pelos monopólios da imprensa, mas atualmente há uma amplificação dessa campanha. É uma verdadeira propaganda de guerra o que está sendo transmitido pela imprensa direitista (Globo, Folha, Estadão, Bandeirantes, Jovem Pan, Veja etc.). Manchetes e reportagens “denunciando” a suposta repressão do governo Maduro, a “crise humanitária”, as deserções de militares na fronteira (depois de muitas ofertas por parte dos agentes do imperialismo do lado brasileiro e colombiano), são o termômetro para analisar a tensão em que a região se encontra. O imperialismo faz uso dos meios de comunicação cartelizados sempre que precisa preparar o terreno para uma invasão militar. Foi assim na Iu-
goslávia, no Iraque, na Líbia, na Síria. Uma ampla campanha de propaganda (geralmente fabricada pelas empresas de publicidade norte-americanas e veiculadas de comum acordo pela imprensa mafiosa) é transmitida 24h para chocar o público com as supostas atrocidades cometidas pelos ditadores sanguinários que esmagam suas respectivas populações, e que seria preciso que a “comunidade internacional” (meia dúzia de países imperialistas) faça alguma coisa. É exatamente assim que a Venezuela está sendo tratada nos últimos dias pela imprensa brasileira e internacional. Essa propaganda está em perfeita sintonia com o que diz o imperialismo. O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, reafirmou que a opção militar “está sobre a mesa”. No âmbito da cúpula do Cartel de Lima, um funcionário da Casa Branca disse a uma agência de notícias que, “na questão do uso da força militar, essa é claramente uma decisão do presidente e do governo dos Estados Unidos” e que “seria irresponsável que o governo dos Estados Unidos descartasse o uso da força militar”.
O mesmo foi dito pelo próprio Guaidó, demonstrando ser um serviçal do imperialismo contra seu próprio país e seu próprio povo, um criminoso conspirador contra os venezuelanos. Demonstra-se que o imperialismo está com toda a sede dos recursos naturais da Venezuela, especialmente o petróleo e o ouro. E vai continuar sua campanha de desestabilização, golpe e intervenção militar. A situação é extremamente preocupante, uma vez que, apesar de ter vencido a batalha de sábado, o governo e o povo venezuelano terão de estar plenamente mobilizados para continuar encarando a guerra contra o imperialismo e seus capachos. Há uma verdadeira guerra contra a Venezuela, e o imperialismo está pronto para utilizar seus bombardeiros, tanques e fuzileiros navais, ou, pelo menos, suas buchas de canhão. O povo brasileiro e latino-americano precisam se mobilizar imediatamente em solidariedade aos irmãos venezuelanos e contra a guerra imperialista. É necessário expulsar o imperialismo e seus agentes da Venezuela e da América Latina!
FASCISTAS
Aumento de 82% nos assassinatos realizados pela PM-RJ é consequência direta da “eleição” de Witzel e Bolsonaro Q
uando se trata de averiguar o cumprimento de promessas de campanha, não podemos negar que o governador fascista do Rio de Janeiro cumpre ao pé da letra o que prometeu: promover uma limpeza social no Estado. Os números são aterradores. A polícia do Rio matou nada menos do que 160 pessoas somente no mês de janeiro, uma média superior a cinco pessoas por dia. Comparando ainda com o mês de dezembro de 2018, os assassinatos foram superiores em 82%. É uma política conscientemente de extermínio da população negra, pobre e das periferias das cidades. Sejamos justos, Witzel, assim como Bolosonaro no plano nacional, foi a pessoa encontrada pelo golpe para dar seguimento à política de extermínio da população pobre, intensificada a partir da ocupação do Estado pelo Exército. Segundo dados oficiais, 2016, primeiro ano do golpe, foram 715 assas-
sinatos por policiais contra 468 do ano anterior. Em 2017, os números alcançaram 859 assassinatos e em 2018, ano da ocupação militar, os números alcançaram 1185 assassinatos. Os dados não deixam dúvidas de que há uma escalada vertiginosa entre os anos de 2015 e 2018, com um crescimento de mais de 150% entre os dois períodos. O que vemos, portanto, nesse mês de janeiro, é a versão extrema-direita para o Rio de Janeiro na nova etapa do golpe, pós eleições. Witzel é uma versão local de Bolsoanro. Ambos são fascistas, basta ver pelo repertório grotesco que usam, inclusive, o que declara um poderia passar por declaração do outro sem tirar nem pôr: “tem que mirar na cabecinha˜, “bandido bom é bandido morto”, “vou metralhar a Rocinha”, “a PM vai ter carta branca para matar”, etc. O caso do Rio de Janeiro, aliás, é emblemático do objetivo do golpe para
o Brasil. Foi o estado que mais sofreu com os ataques promovidos à economia nacional com as investidas da Lava-Jato contra a Petrobrás. A destruição da economia e o consequente aumento da miséria trouxe à necessidade de ampliar a repressão estatal a fim de impedir o desenvolvimento da revolta latente que tomava de conta a população, como se expressava, por exemplo, na ameaça dos moradores da Rocinha descerem o morro diante da possibilidade do STF autorizar a prisão de Lula. A ocupação militar, portanto, teve o propósito de reprimir a população, inclusive abrindo caminho para a proliferação dos grupos paramilitares no Estado. Nessas condições, temos que ter presente que os assassinatos praticados pelas milícias não são computados nos dados oficiais. Finalmente, especialistas ligados a área de segurança já alertaram que números apontam para um aumen-
TODOS OS DIAS, A PARTIR DAS 3H NA CAUSA OPERÁRIA TV
to dos assassinatos em fevereiro em comparação com janeiro, sendo que em apenas uma chacina ocorrida no início do mês, 13 jovens foram barbaramente executados no morro do Fallet. O que se vê até o momento ainda é pouco diante do que Bolsonaro e seu comparsa Witzel preparam com o objetivo institucionalizar a matança da população pobre do estado, com a aprovação da lei anticrime apresentada pelo também fascista ministro da justiça, Sérgio Moro, que, entre outros pontos, é uma verdadeira carta branca para a polícia matar. As organizações de esquerda e sociais que realmente estão do lado dos trabalhadores devem fazer um chamado à mobilização da população do Rio de Janeiro contra a barbárie representada por Witzel e a polícia do Estado. Fora Bolsonaro, Fora Witzel, assassinos de trabalhadores! Pela dissolução da Polícia Militar!
4 | OPINIÃO
PRIVATIZAÇÕES
Conheça a relação entre o neoliberalismo e a extrema-direita O
pioneiro das privatizações em larga escala foi Benito Mussolini, o líder do fascismo italiano, o fascismo original. Segundo a propaganda do imperialismo, o fascismo teria sido derrotado na Segunda Guerra Mundial pela “democracia”. No entanto, o fascismo, que é uma forma da ditadura da burguesia tanto quanto a chamada “democracia”, modificou para sempre todos os regimes da burguesia no mundo, que incorporaram uma série de aspectos fascistas, incluindo as chamadas democracias. Entre 1923 e 1925, Mussolini implantou um amplo programa de privatizações. A primeira reunião do governo discutiu e decidiu privatizar a companhia telefônica. Depois disso, Mussolini privatizou a indústria de fósforos e acabou com o monopólio estatal da venda desse produto, o monopólio dos seguros de vida também foi suprimido, e a indústria siderúrgica privatizada. Além disso, Mussolini também terceirizou a execução de uma série de obras públicas e suspendeu uma série de impostos. Assim os capitalistas, que financiaram e organizaram o movimento fascista para esmagar as organizações da classe trabalhadora, atacando sindica-
tos e partidos, fizeram a festa quando o fascismo chegou ao poder. O entusiasmo pelo fascismo não se restringiu à Itália. No mundo inteiro a burguesia ficou animada com a possibilidade de esmagar os trabalhadores. Em 1933, na Alemanha, uma reunião secreta juntou os principais capitalistas do país, que decidiram financiar a campanha eleitoral dos nazistas. Seriam as eleições decisivas para os nazistas. A partir dos cargos conquistados naquela ocasião, Hitler aproveitaria o incêndio do Reichstag para dar um golpe com o apoio do regime e da burguesia. Com o poder nas mãos, Hitler também lançaria seu próprio programa de privatizações, conduzido por Hjalmar Schacht, banqueiro colocado no ministério da Economia entre 1934 e 1937. Schacht privatizaria os grandes bancos alemães que o Estado tinha acabado de comprar, durante a crise de 1929. O investimento dos capitalistas no nazismo estava rendendo. Desde o início, portanto, as privatizações foram uma política central para o fascismo. Por um lado, o fascismo esmagava a classe trabalhadora durante sua ascensão. Por outro, passava uma
série de decisões para o controle direto dos capitalistas, por meio das privatizações. Capitalistas privados passaram a controlar setores inteiros do país, que passaram a ser propriedade privada. Essa experiência fascista, pioneira, moldou a onda neoliberal que assolou países do mundo inteiro nos últimos anos. Com as privatizações, o imperialismo passou o controle de setores essenciais diretamente para os grandes monopólios. Como, por exemplo, setores de energia elétrica, telefonia, petróleo e outros recursos naturais, estradas, ferrovias, hospitais, universidades, escolas etc. O modelo foi seguido por Augusto Pinochet no Chile, por Ronald Reagan nos EUA e por Margaret Thatcher no Reino Unido. Esse é o modelo seguido também por Jair Bolsonaro no Brasil, o governo colocado pelos golpistas no poder. Neste momento, a Petrobrás está levando adiante um Plano de Demissão Voluntária, para abrir caminho para a completa liquidação da empresa. Será a entrega do petróleo para os capitalistas, nesse caso estrangeiros. Desse modo, o povo não poderá exercer nenhuma forma de controle democrático sobre um recursos estratégico para
o país. O petróleo brasileiro será assunto privado de monopólios estrangeiros. Assim como está fazendo com a Petrobrás, o governo golpista pretende levar adiante essa política com todas as empresas estatais que restaram, como os bancos públicos e os Correios. É a mesma política de Hitler e Mussolini, esmagar a classe trabalhadora e colocar grandes fatias da economia nacional sob o controle direto do capital privado, sem nenhuma forma de controle democrático. Como foi feito com a Vale, com os resultados conhecidos.
COLUNA
Oscar: a festa de brancos em que só entra o negro conciliador e bem comportado Por João Silva
A
cerimônia do Oscar que ocorreu no último domingo, dia 24, foi mais uma demonstração de que a política imperialista é atuante em todos os terrenos e o cinema é um deles, por mais que alguns incautos ou “neutros” possam não achar ou desprezar o tema. Essa política ou politicagem pode ser observada desde as indicações ao prêmio, que ocorrem um mês antes da entrega do prêmio. Indicados como os filmes “Bohemian Rhapsody” e “Pantera Negra” e a cantora e aspirante a atriz Lady Gaga, não estão entre os possíveis ganhadores por uma simples questão de talento ou valor artístico, mas pelo simples fato de que são um produto que vende e que por isso atraem o público para uma premiação que há muito tem ganhado o desprezo de muitas pessoas. Essa podemos dizer é a politicagem rasteira, mais miúda. Mas há a política mais graúda e voltada a interesses políticos bem definidos. Há alguns anos o Oscar, ou seja, a Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood foi acusada de racismo por não ter indicado negros em duas edições seguidas. O resultado foram protestos da comunidade artística negra que repercutiram mundialmente. Para amenizar um fato consumado, o Oscar é uma festa de brancos e para brancos, vide que a primeira
atriz negra a ganhar um Oscar na categoria principal aconteceu somente em 2002 e até hoje o feito se mantém na categoria principal, mas outras atrizes negras ganharam o Oscar na categoria secundária, de coadjuvante. Já no caso dos atores negros, o primeiro a ser premiado foi Sidney Poitier em 1964, 35 anos depois do primeiro evento. E que o segundo ator negro a ganhar na categoria principal aconteceu 38 anos depois, Denzel Washington. Diretores negros e técnicos de outras áreas então nem aparecem em lista nenhuma. Para se contrapor a este racismo gritante, este ano pelo menos 3 filmes em que negros tinham destaque na produção foram indicados. “Pantera Negra”, representando diretamente a indústria, “Infiltrado na Klan”, do diretor, sempre polêmico Spike Lee, e “Green Book – O Guia”, filme independente em que o tema do racismo também aparece. Outros filmes indicados, como “Roma”, da produtora de streamming Netflix, e “Vice”, sobre como o ex-vice presidente republicano, Dick Cheney, conspirou para invadir o Iraque e roubar o petróleo do país do Oriente médio, também podem ser analisados do ponto de vista político. Um representa um campanha lateral contra Trump, já que o filme é uma produção mexicana,
mas que também carrega a marca de uma produtora que rivaliza com Hollywood, a Netflix. Ganhou três prêmios, mas não alçou o mais desejado, o prêmio de melhor filme. Eliminado o problema “Netflix”, a segunda jogada foi se apresentar como a interessada na “representatividade” dos negros. A vitória de “Green Book – O Guia” é um contraponto direto à polêmica de outro filme bem cotado, “Infiltrado na Klan”. Enquanto o filme de Spike Lee conta uma história real da luta contra a Klu Klux Klan na década de 1970 nos EUA e fazendo uma conexão direta com o crescimento da extrema-direita nos dias de hoje, “Green Book” também embarca numa história real, para mostrar como brancos e negros podem se entender de maneira pacífica, por meio do diálogo e da troca de conhecimentos e experiências individuais retratados entre um motorista branco racista e um pianista negro intelectual que não se encaixa no padrão de negro norte-americano. “Green Book” é o filme ideal para fazer a “média” com os negros de maneira a não incitar os ânimos e deixar tudo como está. O prêmio a “Green Book” ofusca os olhares aos outros filmes, tirando do radar do espectador de cinema assuntos espinhosos como os tratado no filme de Spike Lee. Que ganhou o prêmio de melhor roteiro de consolação. O Oscar optou pela conciliação. A farsa não foi tão completa, pois o
filme vencedor, abstraindo esta questão política, é um dos mais fracos entres os concorrentes. Não possui nenhum tipo de apuro técnico, de linguagem, de roteiro que justificasse o prêmio. Apenas conta com dois bons atores que mantém de maneira eficiente o interesse no filme. E só. Sua vitória evidenciou, mais uma vez, a politicagem por detrás da premiação que é apresentada como a mais importante do cinema. A decisão por “Green Book” não é uma visão torta da Academia para a questão do negro nos EUA. É uma política deliberada para evitar qualquer atrito, polêmica ou debate no mundo real. O Oscar não passa de um representante da indústria e por isso vai prestigiar a indústria do cinema. Hollywood é uma máquina de propaganda imperialista e vai agir como tal. No passado esse tipo de manobra foi feito sem muita “firula” ou demagogia, mas depois de décadas de exclusão, de seleções puramente baseadas em interesse econômicos e também políticos o Oscar faz uma encenação para dizer que é inclusiva, a favor das mulheres, dos negros e outras minorias. Que é progressista, moderna. Falso. É o prêmio dos grandes magnatas do cinema, da indústria, do filme “blockbuster”, da estrela do momento que leva milhões ao cinema, ou seja, de quem dá lucro, vende, arrecada, e não dos filmes de arte, de contestação política etc. É um prêmio de brancos para brancos. O negro até então excluído agora está sendo convidado para a festa, mas para desfrutar dela vai precisar se comportar muito bem.
POLÍTICA| 5
REGIME GOLPISTA
Passo adiante para roubar aposentadoria dos trabalhadores: governo já definiu líderes no Legislativo O
governo golpista de Bolsonaro já definiu quem serão os parlamentares responsáveis por articular o roubo da aposentadoria dos trabalhadores no Legislativo. No Congresso Nacional essa tarefa ficará sob a incumbência de Joice Hasselmann, deputada do PSL-SP. Hasselmann foi escolhida por Bolsonaro para ser a líder do governo Congresso Nacional. Junta-se ao Major Vítor Hugo também do PSL-GO líder do governo Câmara e a Fernando Bezerra Coelho do MDB-PE, líder do governo no Senado. Estas figuras extremamente direitistas estarão encarregadas de garantir, atendendo aos interesses dos capitalistas e banqueiros, a aprovação da “reforma” da Previdência, ou seja, fim do direito da aposentadoria. Para garantir que a proposta seja de fato aprovada, o governo golpista
abandonou completamente a demagogia em relação à chamada “nova política”, e passou a adotar a velha prática da direita de compra de votos, do suborno descarado. O governo está oferecendo nada mais nada menos do que R$ 10 milhões para cada deputado que votar a favor do projeto na Câmara, ou seja, estão vendendo um direito elementar da população com um único objetivo: atender o interesse pelos lucros cada vez maiores dos banqueiros e empresários. Os golpistas agem assim de maneira ditatorial, passando por cima dos interesses dos trabalhadores. A única forma de resistir de maneira consequente a essa proposta é por meio da mobilização popular. A Central Única dos Trabalhadores deve colo-
ELEITO PELA FRAUDE
Pesquisa mostra que governo de Bolsonaro já é minoritário F
eitas as devidas contas, é preciso reconhecer que o governo Bolsonaro foi eleito com a minoria dos votos válidos, isso sem levar em consideração a gigantesca fraude eleitoral que foi a eleição presidencial de 2018, com Lula preso e sem poder concorrer. Demorou para que alguém apresentasse uma pesquisa de aprovação do governo golpista de Bolsonaro. Os ataques contra as condições dos trabalhadores, contra seus direitos constitucionais e trabalhistas estão sendo levados adiante contra toda a vontade da população.
A pesquisa CNT (Confederação Nacional dos Transportes), que dá a Bolsonaro 38,9% de aprovação, mostra a tendência do governo de se tornar extremamente impopular, com medidas como diminuição do salário mínimo e roubo das aposentadorias. Já é possível ver uma tendência entre os trabalhadores de luta contra tudo isso, e é preciso mobilizar os trabalhadores para dar vazão a essa insatisfação. É preciso mobilizar a população para derrotar a direita e todos os golpistas, aproveitar a oportunidade que está aberta neste momento. Fora Bolsonaro!
car como perspectiva de luta para todos os trabalhadores a greve geral. Esta mobilização, no entanto, não deve se restringir à luta contra a reforma, mas colocar em cheque todo
o regime golpista, o que somente poderá ser feito por meio da luta contra o governo Bolsonaro. Levantar as palavras de ordem de Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula.
6 | INTERNACIONAL
FRANÇA
Situação dos subúrbios é crítica, direita pretende aumentar a repressão
R
ecentemente, a presidenta do Conselho Regional da Ilha da França (Île de France), Valérie Pécresse, deu uma entrevista para o jornal Francês Le Figaro. Na entrevista Valérie, que pertence ao partido direitista Les Républicains (Os Republicanos), deu as caras da política repressiva com o qual o governo francês pretende encarar a crise política em que se encontra o país. Após duras críticas ao governo de Macron por ser “angelical” demais, a entrevistada deixou bem claro que o governo deveria restringir sua política para a imigração, acabar com programas sociais de moradia e partir em uma investida contra os muçulmanos que habitam o país. A incessante luta dos Coletes Amarelos está levando a população a se revoltar contra a política de esmagamento do povo do governo francês, as inúmeras manifestações levadas pelo movimento têm incentivado muitos estudantes a promoverem ocupações e protestos em várias escolas. Os bairros de periferia também têm seguido
a mesma lógica, povoados por muitos imigrantes que beiram a pobreza, e que constantemente são reprimidos pela polícia racista, agora são palcos para fortes ações contra o impopular governo de Emmanuel Macron. Segundo Valérie, a solução é simples: câmeras e mais policiais nas escolas, assim como uma drástica diminuição do HLM (Habitation à Loyer Moderée, moradias subvencionadas pelo governo) levando ao fim dos bairros populares, criando novos bairros com um piso mínimo de aluguel. Essa seria a sugestão da presidenta do conselho para Macron. Uma maneira de jogar a população marginalizada ainda mais na pobreza para que estes não tenham meios de se revoltar, e aumentar a repressão. A região de Île de France é a mais importante do país, é onde se encontra a capital francesa e onde tem a maior concentração urbana, e por consequência maior presença de guetos. Uma coisa na qual o leitor deve prestar atenção é o ataque que a bur-
TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30
guesia francesa está levando contra os muçulmanos. A comunidade tem uma forte concentração nas áreas periféricas, e tem sido uma das principais atingidas pela política neoliberal do governo francês, motivo pelo qual tem se juntado aos protestos. A campanha que a imprensa burguesa e a direita vem levando é de que os muçulmanos estão trazendo o antissemitismo de volta para a Europa. No início do mês, o filósofo francês, Alain Finkielkraut, foi insultado enquanto passava de carro perto de uma manifestação dos coletes amarelos. Finkielkraut é um notório sionista, em uma de suas recentes declarações em apoio à Israel, o filósofo falou que a natalidade palestina era um absurdo, nascem crianças demais na região e estas são um perigo para o futuro de Israel. Não é de se assustar que uma figura dessas tenha uma forte impopularidade entre os franceses. A mídia usou esse episódio para rechaçar os coletes amarelos e a população muçulmana e árabe.
O governo de Macron encontra-se numa verdadeira crise desde o final do ano passado. Não conseguindo conter o movimento dos Coletes Amarelos que cada vez mais se lança contra o presidente, o governo está tendo que partir para manobras repressivas, sobre tudo contra a população mais pobre que é evidentemente mais vulnerável, na esperança de amedrontar o povo. A impopularidade de Macron é uma prova de que as fraudulentas eleições que, assim como no Brasil, aconteceram na França, não são suficientes para dar estabilidade para um regime político em crise.Está mais do que patente que a empresa voltará à carga contra os trabalhadores da GM. Se conseguiram rebaixar o piso da categoria, o próximo passo será o de substituir operários antigos por novos. Para isso é preciso que a mobilização operária supere a política de completa colaboração da direção do sindicato com os interesses patronais, como é o caso da direção sindical do PSTU.
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CIDADES| 7
MINAS GERAIS
A direita acaba com a educação e a ciência: governo neoliberal de Zema (MG) suspende bolsas de pesquisa A
política da direita é desprezar a pesquisa científica brasileira. Exemplo, nas últimas duas décadas percebemos que a Universidade de São Paulo foi profundamente sucateada pelos governos do PSDB. A universidade paulista, USP, que ocupava o topo do ranking na produção do conhecimento latino-americano teve queda significativa ao longo dos anos. Desde 2012 a USP caiu quase 100 posições no ranking de avaliação de universidades feito pela (THE), Times Higher Education. O golpismo que elegeu figuras como Olavo de Carvalho um dos grandes filósofos brasileiros, um Youtuber que vende cursos por internet e que nunca dialogou nada que não fosse da sua própria conveniência e tem uma longa sessão de gafes e absurdos sem nenhuma conexão com a realidade registrados no próprio YouTube. agência que administra
a verba. Em documento publicado em 1º de agosto, alerta ao Ministro da Educação, Rossieli Soares, que a partir de agosto de 2019 todas as bolsas não seriam mais pagas: os 93 mil estudantes de pós-graduação – mestrados, doutorados e pós-doutorados, e os 105 mil bolsistas de for-
FEIRA DE SANTANA
Creche em Três Riachos tem falta de merenda, banheiros alagados e mofo
A
situação de uma creche localizada na localidade de Três Riachos, em Feira de Santana, município que fica à cem quilômetros de Salvador na Bahia, é um dentre muitos exemplos da precariedade da educação pública no país. A creche, que atende mais de 50 crianças, está completamente deteriorada. O encanamento dos banheiros não comporta a quantidade de alunos, estão todos alagados, indisponíveis para o uso das crianças. As paredes estão todas mofadas, em algumas salas de aula os pisos que revestem as paredes estão se soltando, colocando em risco os alunos. A falta de alimentos para as crianças também é frequente, o telhado da creche está com infiltração, quando chove o interior da escola fica todo alagado. Nesta semana, os pais dos alunos, juntamente com seus filhos realizaram um protesto em frente à escola exigindo melhorias junto a Secretaria de Educação de Feira de Santana. A situação da creche, como dissemos, é apenas um pequeno exemplo da verdadeira política de destruição do ensino público que vem sendo imposta
de maneira mais dura no país após o golpe de estado. A política criminosa da direita de congelamento dos investimentos sociais está aprofundando a destruição das escolas em todo o país. O governo ilegítimo de Bolsonaro leva a diante esta política. Enquanto ministro golpista da educação de Bolsonaro, Ricardo Velez Rodriguez, busca impor uma verdadeira ditadura nas escolas, obrigando os alunos a cantarem o hino nacional, impondo a presença da PM nas escolas, as unidades de ensino público em todo o país se deterioram a cada dia. Isso sem falar nas péssimas condições de trabalho dos professores, os quais se submetem a condições de trabalho degradantes, com salários miseráveis e condições de ensino extremamente precárias. A única saída contra a destruição da educação pública no país é a mobilização popular. É preciso mobilizar os professores, juntamente com os alunos e toda a comunidade escolar em defesa da educação pública. Colocar também em perspectiva a luta contra todo o regime golpista, defender o Fora Bolsonaro e a Liberdade de Lula.
mação de professores ficarão sem o recursos. A direita vem intensificando os ataques nas pesquisa, aponta Ildeu Moreira, presidente da Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência (SBPC). Países desenvolvidos investem em média 3% de seu PIB em ciência e tec-
nologia. O Brasil investe apenas 1%. “Nas grandes universidades do mundo, todas têm participação de recursos públicos”, defende. A SBPC alertas há tempo sobre os cortes orçamentários. Os pós-graduandos requerem dados sobre o impacto do corte na pesquisa científica. O biólogo Rógean Vinicius Santos Soares, integrante da diretoria da Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), explica que os estudantes são obrigados a se dedicar exclusivamente a os estudos, ou seja e que o corte das bolsas vai inviabilizar a sobrevivência de inúmeros pesquisadores. A diminuição da verba tem relação com a PEC do Teto de Gastos, a Proposta de Emenda Constitucional 95, que congela por 20 anos os investimentos em saúde e educação. O Ministério da Educação anuncia que os cortes previstos não devem se concretizar.
9| NEGROS E MULHERES
“HETEROIDENTIFICAÇÃO RACIAL”
UFMG barra candidatos autodeclarados negros com comissão que pode acabar na prática com as cotas A
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) decidiu instaurar, assim como fizeram várias outras universidades do país, uma comissão para investigar se os candidatos que prestaram vestibular e se autodeclararam negros poderiam ou não utilizar as cotas raciais. Na prática, o procedimento, que está sendo chamado de “heteroindentificação racial”, é uma seleção com base em critérios imprecisos para definir quem é negro e quem não é. A primeira tentativa mais organizada de impedir que negros possam se matricular em uma universidade é o estabelecimento de “comissões” para atestar se o vestibulando é de fato negro ou não. Trata-se, obviamente, de uma aberração, uma vez que, historicamente, qualquer pessoa que se autodeclar negra tem o direito às cotas raciais. A justificativa que a direita tem dado para estabelecer essas “comissões” é a de que, nos vestibulares anteriores,
teria havido muitas fraudes – isto é, brancos autodeclarados negros. Hoje, no entanto, está comprovado que as denúncias de fraude é que são uma verdadeira fraude: vários negros e pardos foram reprovados pelas “comissões”. Além disso, um aspecto essencial mostra que tais comissões servem apenas aos interesses da direita: são todas constituídas por professores, estudantes e técnicos “selecionados” – ou seja, as comissões não são controladas pelo movimento negro, que é o verdadeiro interessado no problema das cotas. O resultado da comissão da UFMG foi o seguinte: dos 885 candidatos que se autodeclararam negros ou pardos, 346 tiveram a matrícula recusada (39%). Com quase metade dos candidatos impedidos de cursar a universidade, o procedimento de “heteroidentidade racial” já se mostrou um verdadeiro ataque aos direitos democráticos do povo negro.
Os trabalhadores, os negros, os índios e as mulheres, bem como todos os setores que são esmagados diariamente pela burguesia, estão sendo atacados de todas as maneiras para que os capitalistas consigam manter
seus cofres cheios. No caso dos negros, além de estarem sendo mortos pela Polícia Militar banalmente, estão sofrendo uma perseguição sistemática para serem impedidos de ingressar nas universidades públicas.
MULHERES
Consequências da proibição do aborto: norte-irlandesas sofrem traumas e são obrigadas a sair do país para abortar A
tivistas da Irlanda do Norte denunciam as consequências da proibição do aborto em um dos países com a legislação mais restritiva sobre o assunto. Dawn Purvis é ex-deputada e ex-diretora do serviço de aconselhamento sobre gravidez Marie Stopes em Belfast ela afirma que a proibição do aborto está deixando as mulheres traumatizadas. A Irlanda do Norte proibi o aborto mesmo em caso de estupro e incesto, teoricamente só permitindo quando há risco para a vida da mãe ou sério risco para saúde física ou mental. Entretanto, essa legislação vem sendo responsável pelo aumento da dor e do sofrimentos das mulheres irlandesas do norte. Purvis, de 52 anos, revela que os serviços de aconselhamento de gravide aumentam no meses de janeiro e fevereiro em decorrência do aumento de estupros na época do natal. Esse
feriado aumenta o índice de violência doméstica e combina o aumento do consumo de bebidas alcoólicas com maior convívio familiar e pressões financeiras. Ainda segundo ela, a violência sexual também aumenta o que leva muitas mulheres e buscarem o aborto. “Elas não estavam fazendo sexo consensual – diz. – Elas estavam sendo estupradas e agredidas por parceiros abusivos no Natal. É horrendo. Um dos casos que se destacou para mim foi de uma mulher que tinha a marca de uma bota no rosto, onde o parceiro a pisou. Ela escapou no dia seguinte ao Boxing Day (26 de dezembro, dia em que os britânicos tradicionalmente fazem a troca de presentes do Natal) porque um vizinho ouviu seus gritos.” “Mas seis ou sete semanas depois ela se viu grávida e sem condições de viajar – lembra Purvis. – Ela não tinha nenhum tipo de identidade, passapor-
te ou carteira de motorista. Para os parceiros abusivos, é tudo uma questão de poder e controle. Eles não querem que você tenha qualquer tipo de controle sobre sua vida de forma que possa ir embora. Mas eles (as autoridades irlandesas) olharam para a jovem mulher e disseram que não podiam ajudá-la.” As estatísticas oficiais revelam que 12 mulheres realizaram aborto na Irlanda do Norte no ano passado. Porém, a Anistia Internacional afirma que 900 mulheres viajaram para Inglaterra ou País de Gales no mesmo período em busca do procedimento. Além disso, a Anistia pede um afrouxamento nas formas de acesso ao aborto. “Ir para outro país em busca de um aborto se você foi estuprada é, claro, traumático – avalia. – Você acabou de passar por algo muito traumático e a viagem continua, pois é infeliz e ridículo o que essas mulheres têm que fazer.
Precisamos acabar com as sanções criminais sobre algo que efetivamente é uma questão de saúde pública.” A proibição e restrição do aborto é uma política reacionária e de ataque brutal as mulheres. O triste exemplo da Irlanda do Norte deve servir de alerta na luta por um direito inalienável das mulheres. O aborto é um direito democrático e sua proibição destrói e marca a vida inteira das mulheres. As mulheres devem se organizar para exigir esse direito. É preciso acabar com toda a rede de esterilização e com as clínicas clandestinas de aborto, que são extremamente nocivas com as mulheres, sendo incontáveis os óbitos ocorridos em decorrência de procedimentos mal sucedidos. A mulher tem que decidir sobre o seu corpo e a rede pública tem que oferecer gratuitamente e em condições dignas a cirurgia para a mulher abortar se ela quiser.