SEXTA-FEIRA, 1º DE ,MARÇO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5568
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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MOBILIZAR A CLASSE OPERÁRIA CONTRA OS ATAQUES DA GM, DA FORD E TODOS OS CAPITALISTAS As ameaças dos capitalistas de fecharem duas fábricas importantes para a indústria nacional, como a Ford em São Bernardo do Campo e a GM em São José dos Campos, evidenciam o caráter completamente parasitário dos patrões. EDITORIAL
É preciso ocupar a Ford! Os capitalistas proprietários da Ford, por conta de má gestão deles mesmos, resolveram que irão fechar a fábrica em São Bernardo do Campo, em São Paulo, em uma ação que deve ser a tônica nos metalúrgicos do Brasil inteiro.
Participe você também! Em todo o país, PCO organiza ato-debate sobre a luta das mulheres contra o fascismo Em todo Brasil, diariamente, as mulheres trabalhadoras tem sido atacadas em seus direitos conquistados na base de muita luta. O candidato fascista, Jair Bolsonaro, foi eleito por uma eleição fraudada, em que o candidato da preferência da maioria, Lula, foi preso e impedido de concorrer.
Austeridade e a “fada da confiança”. Parte II A resposta dos capitalistas a crise econômica nos 1970 foi a implementação do neoliberalismo, uma política apresentada como “moderna” redentora do capitalismo após o período de “gastança” dos chamados Trinta anos gloriosos.
Corbyn capitula à pressão da direita do Partido Trabalhista e vai pedir novo referendo sobre o Brexit Na última quarta-feira (27), a Câmara dos Comuns (câmara baixa) do Parlamento Britânico rejeitou uma proposta apresentada pelo representante do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, para um acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia.
Elogiado por Bolsonaro, saiba quem foi Alfredo Stroessner, ditador, nazista e pedófiloestuprador em série No último dia 26, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro viajou para a fronteira com o Paraguai para anunciar os novos dirigentes da hidroelétrica de Itaipu, que é administrada pelos governos brasileiro e paraguaio.
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2 | POLÍTICA
MOBILIZAR A CLASSE OPERÁRIA CONTRA OS ATAQUES DA GM, DA FORD E TODOS OS CAPITALISTAS A
s ameaças dos capitalistas de fecharem duas fábricas importantes para a indústria nacional, como a Ford em São Bernardo do Campo e a GM em São José dos Campos, evidenciam o caráter completamente parasitário dos patrões. Estes, que nada produzem, estão somente preocupados em aumentar os seus lucros, pouco importando se milhares de trabalhadores ficarão desempregados e, juntamente com eles, suas famílias entrarão em uma situação de pobreza cada vez maior. O caso das montadoras demonstra a crise sem precedentes do regime capitalista. Crise esta provocada pelos próprios empresários, os quais procuram se safar às custas das condições de vida dos trabalhadores. Os empresários não estão nem um pouco preocupados com os interesses da sociedade como um todo, não são “benevolentes”, como tenta fazer parecer a campanha da imprensa direitista, constituem, na realidade uma classe social que se interessa apenas pelo próprio bolso, por aquilo que irão conseguir acumular para si às custas da exploração da mão-de-obra. Além das montadoras, este aspecto ficou muito evidente no caso da bar-
ragem de Brumadinho. A Vale que foi vendida a preço de banana para a chamada iniciativa privada, ou seja, que passou a ser controlada pelos bancos e investidores estrangeiros, gerou nos últimos anos enormes lucros para os banqueiros, todavia, as condições de trabalho, a manutenção das barragens, ficaram em último plano. O que acarretou num dos maiores desastres da história do país, a morte de centenas de pessoas cobertas pela lama, além da destruição de uma extensa
área natural. Assim como em Brumadinho, os patrões preparam um novo desastre social com a possível demissão de quase 3 mil trabalhadores da Ford. Os efeitos em cadeia levariam ao desemprego 24 mil trabalhadores, aumentando ainda mais o número da população desempregada no Brasil. É preciso ter claro que a desculpa da “crise”, do “prejuízo”, dada pelos patrões para justificar o fechamento da fábrica não passa de um argumento farsesco que somente
serve para acobertar a política criminosa de colocar no olho da rua milhares de trabalhadores, levando à miséria milhares de pais e mães de família. Contra mais esse crime preparado pelos capitalistas não há outra saída senão a mobilização da classe operária. É inútil acreditar nas instituições, ou seja, na ideia de que a justiça totalmente vendida para os patrões, ou de que o governo, capacho dos banqueiros, irá garantir o emprego dos trabalhadores. A única saída possível é a luta da classe operária, a classe que verdadeiramente representa os interesses da sociedade como um todo. Nesse sentido, é preciso organizar a greve geral contra todos os ataques aos trabalhadores e contra o regime golpista de conjunto. Este caminho já foi apontado pelos operários da Ford que estão em greve há duas semanas diante a ameaça de fechamento da fábrica. Neste caso é preciso intensificar a mobilização e ocupar a fábrica. Se os capitalistas já não dão conta mais de garantir a produção, os operários devem tomá-la para si e coloca-lá não mais a serviço de uma minoria parasitária, mas da sociedade como um todo.
OFENSIVA DIREITISTA
Clima de terror nos escritórios digitais no Banco do Brasil A
implantação do atendimento digital tanto alardeado pela direção do banco e pela imprensa venal capitalista em relação a reestruturação no BB, com fechamento de centenas de agências, realocação de funcionários, demissão em massa, descomissionamentos, etc., como a sétima maravilha do mundo moderno, se mostra como uma farsa. O clima de terror contra os trabalhadores é total. Não para de chover reclamações dos funcionários que estão submetidos à pressão das chefias para que aumentem as metas de vendas de produtos bancários. A pressão, dos chefetes de aluguel da empresa, vem se dando através das ameaças de descomissionamento caso o funcionário não atinja a meta estabelecida. Quando da época da implantação das agências digitais do banco, a direita golpista à frente no comando do banco veio com a conversa fiada de
que a implantação das agências digitais se daria de forma clara, sem presa, com ampla divulgação das novas praças, com a negociação local com os sindicatos etc. e tal. Agora todos veem que, ao contrário do papo furado dos banqueiros e governo golpistas, na prática o que se vê é um verdadeiro clima de terror nos locais de trabalho. Para barrar a ofensiva direitista contra os trabalhadores em seus locais de trabalho é necessário organizar uma verdadeira campanha em torno do real motivo que está conduzindo os ataques da direção do banco intimamente relacionado ao golpe de Estado que culminou com um governo de características fascistas. Somente a luta unitária de toda a categoria bancária com os demais trabalhadores poderá derrotar o golpe e todas as suas medidas.
OPINIÃO | 3
EXPROPRIAÇÃO
É preciso ocupar a Ford! O
s capitalistas proprietários da Ford, por conta de má gestão deles mesmos, resolveram que irão fechar a fábrica em São Bernardo do Campo, em São Paulo, em uma ação que deve ser a tônica nos metalúrgicos do Brasil inteiro. Eles não se preocupam nem minimamente com o emprego dos milhares de trabalhadores da empresa, e, independente do que pode ser argumentado judicialmente, anunciam o fechamento da empresa, passando por cima dos direitos mais elementares dos trabalhadores. Alguns sindicalistas tentam apostar as fichas nas negociações, quando está claro que a empresa não tem interesse de negociar nada com os trabalhadores e só deve responder na medida em que aumente as manifestações dos trabalhadores contra o fe-
chamento da empresa, como foi visto nesta semana. É preciso se utilizar de uma ferramenta tradicional do movimento operário diante de um problema como este da Ford: a ocupação da fábrica, dos postos de trabalho, do chão de fábrica à administração. Se eles, capitalistas, não possuem capacidade de levar a fábrica adiante, os trabalhadores, sim, sabem como tocar a empresa, da mesma forma que o fazem todos os dias. Trata-se de expropriação sem indenização e administração pelos trabalhadores. Os trabalhadores não devem deixar os capitalistas fecharem a fábrica. Os trabalhadores devem controlar a produção. Se os capitalistas e seu regime político negam aos trabalhadores até mesmo o direito ao emprego, os trabalhadores devem garantir esse direito.
COLUNA
Austeridade e a “fada da confiança”. Parte II Por Antônio Eduardo
A
resposta dos capitalistas a crise econômica nos 1970 foi a implementação do neoliberalismo, uma política apresentada como “moderna” redentora do capitalismo após o período de “gastança” dos chamados Trinta anos gloriosos. Na verdade, o neoliberalismo e suas receitas econômicas e sociais como a Austeridade, a Flexibilidade e abertura aos mercados globalizados tem um sentido claro de promover uma guerra social e econômica pela liquidação dos direitos conquistados pela classe trabalhadora, bem como em disputa pelos fundos públicos, com uma formidável transferência de renda para o capital em crise. Os governos de orientação neoliberal apresentam o desmonte do Estado e a liquidação dos direitos sociais das camadas populares como aspectos positivos de uma “gestão austera e responsável”. A defesa de que a austeridade representaria controle e parcimônia com os recursos públicos é uma fabricação ideológica, para justificar o saque promovido pelos capitalistas dos recursos públicos. A austeridade nada mais é do que uma busca pelo controle do fundo público, construído pela contribuição dos trabalhadores, para ser confiscado pelos capitalistas. Um exemplo cabal disso foi a Reforma da previdência Chilena, com o estabelecimento da capitalização que liquidou a aposentadoria do povo, modelo esse que a direita quer implementar no Brasil. Em Austeridade. A história de uma ideia perigosa de autoria do escocês Mark Blyth (2017), é analisado tanto os aspectos teóricos justificadores quanto o que levou e o que resultou da aplicação de políticas de Austeridade. O livro é constituído de duas partes, a Primeira Parte: Por que razão precisamos
ser todos austeros? e a Segunda Parte: Histórias Gêmeas de austeridade. Na apresentação da edição brasileira, a professora da USP Laura Carvalho indica ao leitor uma síntese da visão de Mark Blyth sobre a austeridade. “ A austeridade que, como aponta Blyth, vem sendo entendida como penitência – “ a dor virtuosa após a festa mortal”-, seria uma ideia perigosa por três razões. Primeiro, porque não funciona. Segundo, porque depende de os pobres pagarem pelos erros dos mais ricos. Terceiro, porque repousa sobre uma grande” falácia da composição”.” ( Blyth, p.12) Na primeira parte do livro, o autor aborda a crise econômica mundial em desdobramentos a partir dos Estados Unidos ( capitulo 2: Estados Unidos da América Grande demais para falir? Banqueiros, resgastes e culpalização do Estado) e da Europa ( capitulo 3: Europa: grande demais para resgatar? A política de austeridade permanente). Nos dois capítulos, Blyth apresenta uma grande quantidade de dados e informações que demostram os interesses dos capitalistas em utilizar os recursos sociais públicos em formidáveis operações econômicas e politicas. Imediatamente após a crise de 2008 era rotina na imprensa capitalista a defesa do resgaste dos bancos e das seguradoras como parte de uma “salvação”, entretanto, em seguida os capitalistas, inclusive os banqueiros passaram a defender a importância do retorno da “austeridade”. Como salienta, o autor “qualquer narrativa que localize a despesa esbanjadora dos governos antes da crise de 2007 como causa da crise é mais que um simples erro: é malicioso e partidário”. A política atual de austeridade (pós 2008) precisa ser analisada como produto da transferência dos custos da crise para o povo. A opera-
ção ideológica, que os economistas neoliberais, os governos e a imprensa corporativa procura realizar é culpar os governos e o Estado em abstrato pelo aumento dos gastos. Dessa forma, afirma Mark Blyth : “ O que aconteceu foi que os bancos prometeram crescimento, mas deram prejuízos, e transferiram o custo para o Estado que depois ficou com a culpa de gerar a dívida, e, desde de logo, a crise, coisa que, é claro, tem de ser paga com cortes na despesa. Os bancos podem ter tido prejuízo, mas os cidadãos irão pagá-los. Este é um modelo que vemos repetir-se na crise.” ( Blyth, p. 81)
No capítulo sobre a Europa, Mark Blyth ressalta que a noção de que a crise europeia da dívida é uma crise de dívida soberana não corresponde a uma explicação efetiva, uma vez que o aspecto central da crise é a crise bancária da Zona Euro, em especial dos bancos privados. Assim, “ o que eram essencialmente problemas da divida do setor privado foi rebatizado como a “ Divida” gerada pelas despesas pública “ descontrolada”. As fraçoes do capital que defendem a política neoliberal usam as políticas de auteridade como uma forma de repassar o onus da crise econômica para o conjunto da população. Do ponto de vista econômico, a aplicação da austeridade não produz ” crescimento”, muito pelo contrário, leva ao aprofundamento da recessão.
4 | OPINIÃO COLUNA
A Assembleia dos Povos Contra o Fascismo Por Carlos Lungarzo Entre o 24 e o 27 de fevereiro, centenas de artistas e militantes sociais se reuniram na Venezuela, representando 181 organizações de 85 países dos cinco continentes. Eles exigem paz, liberdade, igualdade, respeito a autodeterminação dos povos, e o fim das provocações contra Venezuela. Quando olhamos de maneira atenta as verdadeiras histórias da humanidade (as que publicam desde há quase meio século os centros científicos) comprovamos que poucas vezes uma causa justa pôde ser vencida por um país sozinho. De fato, um país é um território limitado por uma linha convencional, cujos habitantes são regidos por instituições que, em quase 90% dos casos, representa (ainda nos dias de hoje) os interesses das classes que geraram e mantiveram os processos de opressão: militarismo, patriarcado, superstição, racismo, misoginia, chauvinismo, ignorância, submissão, e assim por diante. O internacionalismo é o reconhecimento de que todos os seres humanos temos uma mesma base biológica, e que fomos capazes de avançar ao longo do processo de evolução (como também aconteceu com outras espécies, mas não com todas) por causa da solidariedade e do afeto com outros seres de nosso espécie e até com membros de outras. Se há uma parte da humanidade (que talvez nem passe do 10% do total) factualmente inimiga da maioria que procura a felicidade e o entendimento, não é porque essa parte tenha algum “don” especial, mas porque, com base no poder econômico, nos mitos e nas armas, conseguiu conquistar o poder político e jurídico e manter seus rebanhos humanos sob um clima de terror, conflito e punição. Sem a unidade internacional dos povos (não digo os governos), talvez o nazismo não tivesse sido derrotado, como o prova o papel fundamental que tiveram, na Segunda Guerra, os
marquisards, os partigiani, os rebeldes holandeses e escandinavos, e a população civil dos povos eslavos, bem como os judeus que se rebelaram mesmo sem esperança de salvação. Não foram De Gaulle, Stalin e Churchill os que salvaram o mundo, embora tenham participado. É importante que Nicolás Maduro tenha reconhecido isto. Os movimentos progressistas da América Latina conhecem o exemplo das Brigadas Internacionais da Espanha, formadas por voluntários civis, que, entre 1936 e 1939 enfrentaram o fascismo mais brutal da história. As forças democráticas foram derrotadas, mas a luta contra o fascismo não é um torneio para premiar o vencedor. É uma luta pela dignidade, que, vitoriosa ou não, serve como exemplo a outros povos para enfrentar essas mesmas forças cada vez que apareçam, como aconteceu com o nazismo. Que a defesa por exércitos profissionais não é suficiente pode ser provado facilmente a partir de um exemplo singelo. O fascismo italiano foi derrotado militarmente em 1945, mas ele se recuperou nos anos 50, e a partir daí desenvolveu seu máximo de violência (por exemplo, os chamados stragi), que ultrapassou muito ao da época de Mussolini. A luta antifascista popular, progressista e civil, abriu o caminho a um progresso que, embora seja muito menor do que a humanidade precisa, é maior do que poderia ter imaginado o mais fantasioso escritor. A partir de 1945, caiu a maioria das monarquias; criou-se a ONU; começou o combate contra o racismo; houve uma grande campanha, ainda em marcha, contra a pena de morte; foram quebrados muitos vínculos coloniais, e cresceu no mundo a repulsa moral contra o belicismo e o armamentismo. Se a América Latina está hoje em desvantagem, é porque nossa opressão imperialista e colonial foi muito violenta como para ser superada em 500 anos. Outro exemplo próximo é o de Cuba. Após a derrubada da ditadura pró-americana, a ilha recebeu briga-
das de colaboradores do mundo todo, incluindo figuras célebres da Europa e dos próprios EUA, das quais talvez a mais prestigiosa tenha sido o casal Jean Paul Sarte e Simone de Beauvoir. O principal esforço da luta foi feito pelos próprios cubanos, mas a possibilidade de resistir foi aumentada pela colaboração de voluntários de todas as partes do planeta. Hoje Cuba talvez não tivesse tantos médicos se não fosse pelos voluntários estrangeiros que ajudaram a criar as escolas de medicina na ilha. No domingo 04/20, foi inaugurada em Caracas a Assembleia Internacional dos Povos (AIP) e contra o Imperialismo, a primeira dessa envergadura que se realiza no Continente desde a Conferência Tricontinental da Organização de Solidariedade dos Povos da Ásia, África e a América Latina (OSPAAL), celebrada em 1966 em Havana. Hoje, 53 anos depois da OSPAAL, os recursos de comunicação em nosso planeta, e o aumento da consciência das classes populares (nem sempre suficiente, mas, ainda assim, bem maior que naquela época) faz que este tipo de mobilização vire mais fácil. O primeiro dia foi dedicado a um concerto de canções e músicas populares executadas por artistas de diversos países da América Latina e também de África e da Ásia, mas o total de representantes incluíu também ativistas da Europa e dos Estados Unidos. Os assistentes foram cerca de 700, filiados a 181 organizações de 85 países. Entre os presentes havia 200 jovens, representantes de 40 países, pertencentes as brigadas “Che Guevara”. Há dois excelentes artigos de Brasil de Fato nos seguintes links, o primeiro dois quais descreve com extrema intensidade o clima de cordialidade da inauguração. www.brasildefato.com.br/2019/02/23/ venezuela-recebe-centenas-de-pessoas-de-todo-o-mundo-para-assembleia-de-los-pueblos/ Durante os quatro dias de atividades, que foram encerrados hoje, quarta feira 27, foram feitas declarações de princípios e estabelecidas pautas pro-
gramáticas, que estão resumidas no outro artigo de Brasil de Fato. www.brasildefato.com.br/2019/02/27/ termina-em-caracas-a-assembleia-internacional-dos-povos-or-conheca-a-declaracao-final/ O dia do encerramento coincide com o aniversário de 30 anos de um dos maiores massacres contra um povo sulamericano já cometida em tempos modernos. Aliás, acredito que seja a terceira maior, depois da Argentina e do Chile nos anos 70. Nesse dia, o presidente (membro do partido socialdemocrata de Venezuela) ordenou a repressão de centenas de manifestantes pacíficos na cidade de Caracas. Foi a brutalidade desse fato a que criou uma divisão no exército, da qual surgiu o grupo de Hugo Chaves. De fato, e a despeito das polêmicas sobre a figura do presidente Maduro, o exagerado cinismo dos EUA e dos governos neofascistas da região que funcionam como seus capachos mais submissos, foi estarrecedor. Após contínuas agressões, bloqueios e confiscos que geraram uma catástrofe humanitária enorme, esta coalizão de mafiosos oferece um cavalo de Troia fantasiado de ajuda humanitária e ainda provoca falsos positivos !!! Vale a pena lembrar que, embora as armas e soldados da Nada-Santíssima-Trindade que acossa Venezuela possam exterminar centos de milhares de populares, como se faz continuamente nos morros e favelas do Brasil, essa opção é politicamente suicida para os carrascos-chefes. Ainda que Guaidó, Duque e os bolsominions considerem essa possibilidade não apenas factível, mas também um deleite para suas mentes insanas, o patrão da fazenda, Donald Trump, sabe que seu país não é um feudo, mas uma sociedade, que, no meio a contradições, acredita ter um nome a zelar. Dificilmente os não fascistas americanos (que ainda são minoria, pois no dia de hoje às 09:40 Trump tinha 41.1% de aprovação) acharão confortável um novo Vietnam a 1907 Km. de distância.
POLÍTICA| 5
8 DE MARÇO: O DIA INTERNACIONAL DA MULHER PRECISA SER UM DIA DE LUTA CONTRA OS FASCISTAS E O IMPERIALISMO O
Dia Internacional de Luta das Trabalhadoras, o 8 de Março, ocorre neste ano em meio a um intenso ataque contra as mulheres em Nosso País e em todo o continente latino americano. O governo ilegítimo de Jair Bolsonaro (PSL), eleito como resultado de eleições fraudulentas (sem a participação de Lula), busca aprofundar, e muito, os ataques que se intensificaram com a derrubada do governo da presidenta Dilma Rousseff, a primeira mulher eleita presidenta da República na história do País. A direita fascista no governo amplia os ataques contra as mulheres, aumentando a campanha por mais criminalização nos casos de aborto defendendo, entre outros absurdos, a imposição da “bolsa estupro” e que as mulheres sejam obrigadas a deixarem que os estupradores visitem às crianças nascidos da agressão à mulher. O “congelamento” nos gastos públicos continua vitimando todo o povo brasileiro e as mulheres são as mais atingidas por essa política de terra arrasada do regime golpista contra o povo. as mulheres também são as mais afetadas pela “reforma” a administrativa
que reduziu – de fato – o número de empregos e impôs um regime de escravização total com o aumentos das terceirizações, das contratações sem quaisquer direitos (“pejotização”) etc. Não bastassem esses e outros ataques, as mulheres trabalhadoras são o alvo principal da “reforma”da Previdência que aumenta a idade mínima para as mulheres se aposentarem (e também dos homens) e reduz ou até mesmo elimina a diferença no tempo de aposentadoria entre homens e mulheres, em prejuízo das mulheres. É o caso gritante da Educação, onde as mulheres representam cerca de 80% da categoria: as professoras estão ameaçadas de terem que trabalhar até por 42 anos para receberem uma aposentadoria miserável. A direita ataca por todos os francos e está procurando um novo golpe de estado, desta feita na Venezuela, preparando todo tipo de provocação e até mesmo uma guerra contra nossos vizinhos, que contaria com o apoio do governo fascista brasileiro e poderia provocar morte de milhares ou milhões de pessoas e fazer retroceder ainda mais a vida em nosso continente.
Contra toda essa ofensiva desenvolve-se – ainda que de formal inicial – uma tendência de luta na qual as mulheres têm uma participação muito ativa. É o caso da greve dos servidores municipais de São Paulo contra a “reforma” da Previdência imposta na capital paulista pelo governo de Bruno Covas (PSBD) contra mais de 120 mil servidores, em sua maioria mulheres, trabalhadoras da Educação e da Saúde. Nessas condições, o 8 de março precisa ser – como na sua origem – um dia de luta e de mobilização das mulheres trabalhadoras por suas reivindicações fundamentais contra a dominação do capitalismo em crise e sua política golpista na etapa atual. Contra essa ofensiva, as mulheres e suas organizações de luta precisam realizar uma jornada contra o governo ilegítimo e a direta que querem quer impor a ditadura contra as mulheres e todo o povo. Por isso tudo, nesse Dia Internacional de Luta das Trabalhadoras, no dia 8 de Março, é preciso que que as mulheres ocupem as ruas de todo o País. em uma grande mobilização contra os ataques do governo Bolsonaro,
rejeitando a orientação divisionista de uma parte do movimento feminista que quer uma unidade fajuta em torno de questões secundárias, como um suposto empoderamento comportamental e uma 8 de Março regado a festejos carnavalescos, quando as mulheres trabalhadoras do País inteiro estão perdendo direitos básicos como a aposentadoria e sendo escravizadas pelo regime golpista que começou com a derrubada da primeira mulher eleita presidenta da República, em 2016. No 8 de Março, sair às ruas contra os fascistas e o imperialismo, com um programa que contemple questões centrais da luta das mulheres na etapa atual tais como: • derrotar a reforma da Previdência: Não ao fim da aposentadoria “especial” das professoras; Aposentadoria aos 25 anos de trabalho para todas as mulheres • Fim da criminalização do aborto. Que as mulheres decidam • Liberdade para Lula e todos os presos políticos • Fora Bolsonaro e todos os golpistas e inimigos do ensino público • Fora o imperialismo da Venezuela e de toda a América Latina
6 | ATIVIDADES DO PCO E MOVIMENTO OPERÁRIO
DIA 8 DE MARÇO
Participe você também! Em todo o país, PCO organiza ato-debate sobre a luta das mulheres contra o fascismo
E
m todo Brasil, diariamente, as mulheres trabalhadoras tem sido atacadas em seus direitos conquistados na base de muita luta. O candidato fascista, Jair Bolsonaro, foi eleito por uma eleição fraudada, em que o candidato da preferência da maioria, Lula, foi preso e impedido de concorrer. Ataques aos direitos dos trabalhadores, prisões políticas e criminalização dos movimentos sociais têm sido a realidade a ser enfrentada no Brasil sob o golpe de Estado. Bolsonaro e seu governo são os maiores inimigos das mulheres; o golpista colocou no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos uma inimiga das mulheres, evangélica, que quer acabar com todos os direitos, mínimos, como das mulheres decidirem sobre seu próprio corpo. Proibição de anticoncepcionais, da pílula do dia seguinte, proibição do aborto até em caso de estupro, aposentadoria com mais de 65 anos para as mulheres, que, todos sabem, cumprem uma dupla jornada de trabalho, no emprego e em casa. Isso é só o começo: a direita ainda planeja todo um ataque contra a classe trabalhadora, cujas maiores vítimas serão as mulheres: o fim da educação pública, do SUS, falta de emprego e o aumento da repressão contra os trabalhadores. O governo de Bolsonaro é um governo neoliberal, de miséria, de liquidação dos direitos trabalhistas, de privatização e devastação da economia nacional, e de fim dos gastos sociais do governo. Para as mulheres isso significa serem deixadas à própria sorte, sem creches e escolas para seus filhos, sem saúde pública e assistência de ne-
nhum tipo. A proposta de Reforma da Previdência é um duro ataque à dignidade dos que dependem da assistência do Estado para ter acesso à alimentação, saúde, moradia e acompanhamento pela rede dos Sistema Único de Assistência Social. O governo propõe reduzir o Benefício de Prestação Continuada – BPC para menos da metade do salário mínimo, o que criará um contingente de desamparados, condenados a morte previamente. No resto do mundo a situação não é melhor. As mulheres compõem a maior parte da massa de miseráveis do mundo. Essa é a verdadeira situação da mulher e não podemos deixar de lado esses problemas fundamentais. É preciso
pedir mais direitos, e estar atento para não abrir mais espaço para a repressão da classe trabalhadora. Nesse 8 de março, em que as mulheres estão prestes a sofrer um brutal ataque, precisamos resgatar a tradição dos partidos que estabeleceram essa como uma data de luta das trabalhadoras, ou seja, a luta por suas reivindicações fundamentais. Nesse sentido, as mulheres precisam se organizar para lutar por seus direitos e contra a sua opressão. Devemos, no entanto, ter claro que a sua situação não pode ser efetivamente mudada de maneira isolada do resto da sociedade, ou seja, sem promover uma transformação geral da
sociedade em que vivemos hoje, o que só pode ser feito pela classe operária e suas organizações de luta. Por isso, as lutas das mulheres devem estar intimamente ligadas à luta contra o capitalismo e pelo socialismo, ou seja, à luta pelo tomada do poder do Estado pelos trabalhadores. A revolução e o socialismo, o governo dos oprimidos, será obra das trabalhadoras e trabalhadores, da classe operária e de sua mobilização revolucionária, que unifique a maioria dos explorados que vivem sob a opressão da sociedade capitalista, sendo que a mulher ocupa aí um papel de destaque na luta por um governo operário, dos trabalhadores da cidade e do campo, uma vez que ela representa mais metade da população e, portanto, mais da metade da classe operária. Além da questão demográfica, os ataques aos direitos dos mais pobres e dos trabalhadores atinge mais fortemente as mulheres: elas recebem menos quando exercem as mesmas funções que os homens, estão presas às amarras do trabalho doméstico e a todo tipo de preconceito relacionado à imposição de papéis pré-definidos no modelo familiar tradicional, quando grande parte das famílias é chefiada por mulheres, muitas vezes sem a participação da figura masculina. Neste contexto, o Coletivo de Mulheres do PCO Rosa Luxemburgo realizará um ato-debate em várias capitais do Brasil para debater a ofensiva fascista contra as mulheres. Participe! Organize-se em nosso coletivo! Venha lutar contra o golpe e o fascismo. #8M #8demarço #forabolsonaro
PROFESSORES
Servidores ocupam diretoria regional de educação para cobrar capachos de Covas, que sabotam greve N esta terça feira, mais de 80 professores ocuparam a Diretoria Regional de Educação (DRE) de São Mateus, para cobrar supervisores que orientaram ou apoiaram o corte do ponto dos servidores públicos em greve contra a implementação do Sampaprev. O ato demonstrou mais uma vez a importância que o movimento de greve deve ocorrer em várias instâncias preparando assim o aumento das manifestações centrais na capital. Os professores e servidores que hoje ocuparam a DRE foram pressionar os supervisores que se encontravam em reunião na DRE, bem como a dirigente da Regional, Sra.Mirtes Innocêncio da Silva no tocante ao desconto dos dias de greve em várias unidades. No início do ato, seguranças tentaram impedir a entrada dos grevistas, com a orientação de que entrassem apenas um grupo de 3 ou 4 pessoas,
mas a força da mobilização se impôs e todos os servidores em luta entraram passando por cima da repressão. Os servidores cobraram supervisores que deveriam estar em greve junto com os demais servidores. A diretora regional, capacho do governo Covas, durante a reunião, na defensiva, frente a mobilização dos servidores, disse que, por ser uma profissional ordenou o corte por se tratar de sua função (como todo chefe, um pau mandado). Tendo ainda, a desfaçatez de dizer que o desconto é algo comum e que não ocorreu em outros momentos pelo fato de haver uma negociação em atividade (fato que não está ocorrendo agora). Colocando a culpa, no colo dos diretores capachos, deixou claro que se tratava de uma “orientação” , deixando nas entre linhas que cada gestão agiu conforme entendimento. E que se a mesma fosse diretora, agiria conforme orientação. Na-
da mais normal vindo da capacha mor. Durante o ato dentro da DRE, os servidores que interpelaram, os serviçais de Covas, na região, mostraram que não vão aceitar as manipulações fas-
cistas dentro da educação e em alto e bom tom deixaram claro, que os criminosos são eles ao passar por cima da constituição federal e atacar o direito de greve.
INTERNACIONAL| 7
BREXIT
Corbyn capitula à pressão da direita do Partido Trabalhista e vai pedir novo referendo sobre o Brexit N
a última quarta-feira (27), a Câmara dos Comuns (câmara baixa) do Parlamento Britânico rejeitou uma proposta apresentada pelo representante do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, para um acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia. A rejeição da proposta de Corbyn colocou-o na posição de apoiar os que advogam a realização de um novo referendo para que o povo britânico se pronuncie mais uma vez sobre o seu desejo de que o país se retire da união em razão de promessa nesse sentido feita anteriormente. É bem peculiar o quid pro quo armado no Reino Unido desde que o antecessor de Theresa May, David Cameron, decidiu chamar um referendo para decidir quanto ao divórcio com a União Europeia. Deixar a união é uma tarefa complexa que inclusive não está prevista nos estatutos antidemocráticos da UE. Pressupunha-se que o casamento seria para sempre. A entrada na UE e a alteração do seu status pela lógica democrática deveria ser sempre objeto de manifestação das populações interessadas, no entanto isso nem sempre ocorreu. A UE entendida como um acordo entre as burguesias do continente
europeu jamais teve como objetivo beneficiar a classe trabalhadora dos países integrantes. No seu formato inicial (Mercado Comum Europeu – MCE) tratava-se apenas de uma união aduaneira e era nessa união que as populações integrantes dessa formação acreditavam estar entrando. Mais adiante diversos passos foram dados em direção a uma integração maior, mas foram sendo integrados e aos poucos o objetivo final, não atingido ainda, foi tornado público: a criação de um “Estados Unidos da Europa”. Do mesmo modo que as populações
dos primeiros países integrantes acreditavam que estavam participando de uma mera união aduaneira, numa fase posterior os trabalhadores de países como Portugal e Espanha vislumbravam participar do estado de bem-estar social vigente em países como França e a Alemanha. Os últimos a chegarem e os possíveis futuros integrantes, como os países da Europa Oriental, desejam apenas poder ir trabalhar em empregos de baixa qualificação sem a necessidade de visto, uma vez que sua situação interna os obriga a emigrarem. O que obtiveram todos foi apenas serem
governados por uma burocracia autoritária que não tem nenhum interesse em ouvi-los uma vez que trabalha para os bancos europeus. A realização de um segundo referendo no Reino Unido se assemelha ao ocorrido em outros países nos quais, quando um referendo não entregava o resultado esperado pela burguesia, realizava-se outro e outro até que o resultado desejado era obtido, em um processo abertamente fraudulento. A insatisfação popular com o estado de coisas dentro da UE é grande e Corbyn tem sido até aqui a única voz na esquerda europeia a assumir uma posição desfavorável à UE, posição da qual agora parece que recuará. A negativa da esquerda em denunciar, combater ou mesmo criticar a UE tem rendido frutos à extrema-direita que soube capitalizar o descontentamento das populações cada vez mais desfavorecidas pelas diretivas emanadas de Bruxelas. Tendo em vista que o prazo final para o “Brexit” é dia 29 de março, em alguns dias teremos conhecimento do posicionamento de Corbyn diante da questão e veremos se ele não decepcionará sua base operária, que o colocou como líder do Partido Trabalhista.
BREXIT
Elogiado por Bolsonaro, saiba quem foi Alfredo Stroessner, ditador, nazista e pedófilo-estuprador em série N o último dia 26, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro viajou para a fronteira com o Paraguai para anunciar os novos dirigentes da hidroelétrica de Itaipu, que é administrada pelos governos brasileiro e paraguaio. Em seu discurso, Bolsonaro elogiou o ditador paraguaio Alfredo Stroessner, que esteve à frente do Estado paraguaio entre 1954 e 1989. Stroessner, assim como os demais ditadores da América Latina, chegou ao poder para permitir que os capitalistas esfolassem completamente a população paraguaia. Utilizando todos os métodos possíveis, Stroessner ergueu um regime político repleto de
ataques aos trabalhadores e de aspectos típicos da decadência capitalista. Publicamente conhecido como pedófilo, Stroessner tinha o estupro de meninas virgens como esporte. O ditador exigia que seus assessores fornecessem constantemente garotas virgens para seu uso pessoal. Foi também graças à ditadura de Stroessner que o Paraguai se tornou uma das maiores redes de contrabando do mundo. As Forças Armadas paraguaia atuavam diretamente no tráfico de drogas. Além de estuprador, pedófilo e narcotraficante, o ídolo de Bolsonaro era
também um torturador. A ditadura paraguaia matou mais de 5 mil pessoas e torturou mais de 18 mil civis. Há relatos de que, quando Stroessner não estava presente durante as torturas, ele pedia que os torturadores transmitissem, por telefone, os gritos das vítimas. Bolsonaro não é apenas um político tradicional que faz discursos espalhafatosos para chamar a atenção. Além de ter elogiado Carlos Brilhante Ustra e estimular chacinas policiais, ele tem como herói aquele que foi um dos mais sanguinários e sádicos ditadores da História.
A extrema-direita é desumana, como já demonstraram esses ditadores do século passado na América Latina, todos eles apoiados pelo imperialismo. Se Bolsonaro tiver a oportunidade, ele irá transformar seu governo em uma monstruosidade tal qual a ditadura de Stroessner. Para impedir que o governo Bolsonaro evolua no sentido de uma ditadura fascista, é preciso enfrentar o golpe e a direita. É necessário criar comitês de autodefesa para reagir às investidas da extrema-direita e organizar um amplo movimento pela derrubada do governo Bolsonaro.
8| INTERNACIONAL
DIA DE HOJE NA HISTÓRIA
1º de março de 1921, começa a Revolta antirevolucionária de Kronstadt, na URSS C
ronxtadt (Kronstadt) é uma base naval russa que fica na ilha de Cotlin, na entrada da baía de São Petersburgo. O nome significa “Cidade da coroa” e vem do alemão. Em 1921 os marinheiros ali locados se revoltaram contra as condições de vida da população, atribuindo a culpa disso aos comunistas (bolcheviques) e não às consequências da guerra civil, que foi uma operação imperialista para destruir o regime operário na União Soviética em seus primórdios.
Trótski apresentou provas de que a revolta já fora anunciada na imprensa francesa duas semanas antes de eclodir e a revolta foi considerada uma ação contrarrevolucionária. A fortaleza foi retomada pelo governo em 18 de março. Não há dados confiáveis a respeito de baixas, mas as fotos que existem mostram que o contingente de ambos os lados era reduzido, o que fez dos combates algo mais real do que cinematográfico.
Imagem do Dia: Militantes do PCO fazem manifestação contra Juan Guaidó em Brasília
TODAS AS SEGUNDAS-FEIRAS, 12H30
TODAS AS SEXTAS-FEIRAS, 19H
NEGROS E CULTURA | 10
NEGROS
Cínico, Trump, apoiado pela Ku Klux Klan, chama Spike Lee de “racista” e diz que é “o melhor presidente para os negros” O
produtor e cineasta Spike Lee, em um dos momentos mais aguardados do Oscar 2019, conseguiu a sua primeira estatueta por indicação. Ele aproveitou o seu discurso de aceitação para mostrar a importância da sua conquista, e também sobre como o apoio e investimento de sua família (mesmo com os poucos recursos que tinham) na sua formação em cinema foram essenciais para que ele chegasse a essa posição. Seu discurso também foi marcado pela reflexão acerca da escravidão do povo negro em tempos passados e, assim, Lee reafirmou que é muito importante dar valor aos ancestrais negros, levando-se em conta que, no mês de fevereiro, celebra-se o Mês da História Negra nos Estados Unidos. Isso arrancou fortes aplausos do público presente. Quem não se agradou nada com o discurso de Spike Lee foi o presiden-
te norte-americano, Donald Trump. Em sua crítica ao posicionamento do cineasta, Trump chegou ao ponto de dizer que sofreu “ataque racista” e que foi vítima do chamado “racismo reverso”. O presidente dos EUA alegou ainda, em sua conta no Twitter, que ele foi o governante que “mais fez pelos negros na história do país”. Isso da parte de Trump, que é apoiado pela Ku Klux Klan, organização norte-americana que, há muito tempo, se põe abertamente contra a população negra, em palavras, ações e ideologia. Uma organização que promoveu, e ainda promove, ataques organizados contra os negros nos EUA, responsáveis por uma série de crimes e assassinatos contra o povo negro naquele país. Trump oculta que sua política de extrema-direita despertou o ato conhecido como a “Marcha de Charlottesville”, que incentivou a saída de movimentos neonazistas, supremacistas brancos e da
própria KKK às ruas, e os ataques às minorias naquela cidade localizada no estado da Virgínia. Trump discursa e faz demagogias
para tentar ocultar a ofensiva do seu governo e de todo o imperialismo em crise, contra o povo negro e pobre, nos Estados Unidos e em todo o mundo.
OSCAR
Execrado nos anos anteriores, Oscar exagera na demagogia e tem “recorde de premiação para mulheres e negros” O Oscar de 2019, entregue neste domingo, 24/02, foi marcado por um recorde de prêmios para negros (7) e mulheres (15). A marca superou a de 2016, quando cinco negros levaram prêmios e 2007 e 2015, quando 12 prêmios (em cada ano) foram para mulheres. Um dos destaques foi Mahershala Ali (“Green Book”), que se tornou o segundo ator negro a conquistar dois Oscars, alcançando a marca de Denzel Washington, que venceu como melhor ator em “Dia De Treinamento” e melhor ator coadjuvante por “Tempo De Glória”. A vitória de “Green Book – O Guia” é um contraponto direto ao filme bem cotado, “Infiltrado na Klan”, de Spike Lee. Enquanto este último conta uma história real da luta contra a Klu Klux
Klan na década de 70 nos EUA, fazendo uma conexão direta com o crescimento da extrema-direita nos dias de hoje, “Green Book” embarca numa história real, porém para apresentar a ilusão de que brancos e negros podem se entender de maneira pacífica, no regime de opressão capitalista, através do diálogo e da troca de conhecimentos e experiências individuais (que no filme ocorrem entre um motorista branco racista e um pianista negro intelectual – que não se encaixa no padrão de negro estadunidense). “Green Book” é o filme ideal para fazer “média” com os negros de maneira a não incitar os ânimos e deixar tudo como está. Portanto, premiar “Green Book” ofusca os olhares aos outros filmes, tira do radar do espectador de cinema
assuntos espinhosos como os tratados no filme de Spike Lee, que ganhou de consolação o prêmio de melhor roteiro. Este resultado é mais uma mostra de como funciona a demagogia da
burguesia em relação aos oprimidos: O Oscar celebra a demagogia da conciliação e segue sendo a festa de brancos em que só entra o negro conciliador e comportado.