Edição Diário Causa Operária nº5575

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SEXTA-FEIRA, 8 DE MARÇO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5575

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Dia da mulher trabalhadora: mobilizar para derrubar Bolsonaro Hoje, as mulheres de todo o mundo organizarão atos para lutar pelas reivindicações históricas do movimento de luta das operárias. O Dia Internacional das Trabalhadoras, que foi estabelecido pelo II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, é, desde a Revolução Russa de 1917, celebrado no dia 8 de março. EDITORIAL

Quem deve derrubar Bolsonaro é o movimento popular organizado pela esquerda A crise do governo Bolsonaro expressa de forma retumbante no carnaval recém encerrado, onde ecoou de norte a sul do país o grito de guerra “Ei Bolsonaro vai tomar no c*”, acendeu o sinal de alerta em setores da burguesia golpista, seus políticos e partidos, que já aventam com a possibilidade da retirada de cena do presidente através de um impeachment.

Entenda por que o 8 de março é o dia da mulher trabalhadora e uma comemoração do movimento operário Diante de crise, Bolsonaro tenta se explicar sobre declaração de ameaça de golpe militar, mas não consegue

Na noite de quinta-feira (7), o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro tentou se explicar sobre as declarações, que deu em um evento dos fuzileiros navais no Rio de Janeiro, onde disse que a liberdade e a democracia brasileira dependem das vontades dos militares para existir – uma clara ameaça ao povo brasileiro.

Declaração de Bolsonaro sobre as Forças Armadas “é inaceitável”, denuncia Dilma Rousseff

“Ditadura” venezuelana deixa golpista solto, “democracia” espanhola tem centenas de presos políticos Em sua campanha de manipulação e mentiras, a imprensa imperialista veicula uma forte propaganda contra o governo da Venezuela, afirmando que trata-se de uma “ditadura” que reprime a oposição. Prova disso, segundo essa propaganda, seria que o autoproclamado presidente, Juan Guaidó, estaria ameaçado de prisão.

CCBP Curitiba será Meio milhão de crianças inaugurado com desnutridas na Colômbia: como não Análise Política e é a Venezuela, a imprensa se cala palestra-debate “Barrar a ofensiva fascista sobre as mulheres” Diário da Causa Operária terá novo canal para compartilhar conteúdo no YouTube


2 | OPINIÃO EDITORIAL

Quem deve derrubar Bolsonaro é o movimento popular organizado pela esquerda A

crise do governo Bolsonaro expressa de forma retumbante no carnaval recém encerrado, onde ecoou de norte a sul do país o grito de guerra “Ei Bolsonaro vai tomar no c*”, acendeu o sinal de alerta em setores da burguesia golpista, seus políticos e partidos, que já aventam com a possibilidade da retirada de cena do presidente através de um impeachment. Além de várias notas de articulistas dos jornais burgueses criticando o destempero de Bolsonaro durante o carnaval, particularmente as suas postagens no twitter, o jurista de extema-direita, Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment fraudulento da presidenta Dilma Rousseff, foi categórico ao afirmar que a divulgação pelo presidente de um video pornográfico configura crime de responsabilidade, o que pode levar à abertura de um processo de impeachment. Na esquerda, o deputado pelo PT, Paulo Teixeira, informou que entrará com representação junto à Procuradoria Geral da República contra Bolsonaro por atitude criminosa, também pela divulgação do mesmo vídeo obsceno. Segundo Teixeira, caso a PGR aceite a sua representação, pedirá licença ao Congresso Nacional para processar Bolsonaro. A crise do governo Bolsonaro é a crise do próprio golpe, nesse senti-

CHARGE

do, como temos visto praticamente desde a derrubada da presidenta Dilma, o golpe está cada vez mais a fazer água, mesmo que tenha tido algumas vitórias parciais nesses quase três anos. Não é por outro motivo que o governo Bolsonaro, com apenas dois meses, aparenta ser um governo tão velho. Um problema crucial que se coloca é com qual política a esquerda vai ser organizar para enfrentar o golpe e colocar para fora o presidente ilegítimo. A direita, bem sabemos como atua. Um acontecimento relativamente recente da nossa história pode servir de ilustração, até porque as situações guardam muitas semelhanças. Em 1989 foi eleito presidente do Brasil um político de direita chamado Fernando Collor de Mello. Naquela época, o candidato do povo, Luiz Inácio Lula da Silva, foi derrotado pelas manobras, manipulações e fraudes impostas pelos donos do regime político, a burguesia. A diferença para os dias de hoje é que eles derrotaram o então candidato Lula, mesmo com a fraude, eleitoralmente, e no ano de 2018, tiveram que impedir sua vitória mantendo-o preso e fora da disputa eleitoral através da fraude jurídico-policial. Collor, assim como Bolsonaro tinha por objetivo atender aos interesses do grande capital nacional e internacional e os banqueiros a eles associados,

com uma política de esmagamento da população. Pouco mais de dois anos após a posse, a mesma burguesia que tinha levado Collor ao poder, promoveu a sua derrubada através de um processo de impeachment. Moral da história: a crise no país era grande, a juventude já estava nas ruas defendendo o “fora Collor” e era iminente a entrada em cena do movimento operário. A fim de evitar que as massas derrubassem Collor e se transformassem no polo ativo da situação política, a burguesia, com os préstimos de todo um setor da esquerda, tomou a iniciativa e ela mesma promoveu a derrubada de Collor e colocou um governo seu para substituí-lo. No Brasil de 2019 não dá para dizer que Bolsonaro já está prestes a cair, mas a dimensão da crise é muito profunda e a tendência para que as amplas massas entrem em uma grande mobilização contra o governo e o golpe que ele representa, são muito grandes. Essa é a questão crucial da situação política. Uma intervenção independente dos setores que lutam contra o golpe, os sindicatos e o movimento popular abrirão, fatalmente, uma ampla perspectiva popular para derrotar o golpe. Aliás, esse caminho já foi apontado pelo próprio povo, como assistimos no carnaval. Portanto, basta ter uma política correta, para fazer o

movimento se desenvolver com base no que o povo mesmo já apontou: o fora Bolsonaro e a liberdade para Lula. Na contramão dessa política está a busca pela conciliação de classes. É ver nos inimigos da população, aqueles mesmos que derrubaram a presidenta Dilma e prenderam Lula e promovem um brutal ataque às condições de vida das amplas massas, uma saída em comum. Uma saída por meio das instituições responsáveis pelo golpe, como o Congresso Nacional e o Judiciário. Caso essa alternativa venha a se desenvolver pelas mãos das direções dos movimentos de massa, representará uma profunda traição aos trabalhadores. Assim como em 1992, diante da queda de Collor, significará deixar nas mãos da burguesia a iniciativa política. Será a substituição de um político golpista da extrema-direita, por um outro igualmente golpista e da extrema-direita. Os trabalhadores devem lutar pela derrubada de Bolsonaro pela base, não por cima (pela burguesia). Por isso, a esquerda que realmente luta contra o golpe deve materializar todo o descontentamento popular em uma política de mobilização, que tenha como base além do fora Bolsonaro, a liberdade de Lula, para isso e como carro-chefe da mobilização a questão da greve geral deve ser colocada na ordem do dia.


POLÍTICA | 3

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Dia da mulher trabalhadora: mobilizar para derrubar Bolsonaro

oje, as mulheres de todo o mundo organizarão atos para lutar pelas reivindicações históricas do movimento de luta das operárias. O Dia Internacional das Trabalhadoras, que foi estabelecido pelo II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas em 1910, é, desde a Revolução Russa de 1917, celebrado no dia 8 de março. No Brasil, dezenas de atos reunirão mulheres de todas as regiões em mais um dia de luta contra a direita. O golpe de Estado dado em 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff levou a burguesia a impor uma série de retrocessos ao movimento de mulheres, que devem ser combatidos energicamente para serem revertidos. No governo Temer, foi aprovada a reforma trabalhista, que engloba várias atrocidades contra as mulheres, como a permissão para que as mulheres grávidas trabalhem em locais insalubres. O próprio desemprego provocado pela política neoliberal dos golpistas foi um duro ataque contra as mulheres: cada vez mais, cresce o número de mulheres que voltam a se

dedicar exclusivamente às atividades domésticas. Como se não bastassem os problemas desencadeados pela política dos

banqueiros, que, para aumentar ainda mais o grau de exploração sobre a classe trabalhadora, estão dispostos a submeter as mulheres às mais diver-

sas barbaridades, o aprofundamento do golpe levou ao crescimento da extrema-direita. Cada vez mais, o regime político é dominado por elementos das Forças Armadas. Além disso, a crise interna da burguesia e da política neoliberal obrigou os capitalistas a colocarem no poder o fascista Jair Bolsonaro. O crescimento da extrema-direita no Brasil é uma ameaça real a todos os direitos e conquistas do movimento de mulheres. Historicamente, os movimentos de tipo fascista sempre buscaram atacar as mulheres, seja por meio da violência, seja por meio de leis moralistas e ultraconservadoras, como as que proíbem a prática do aborto. Por isso, o dia de luta da mulher trabalhadora deve ser um dia de mobilização pela derrubada do regime político golpista. É preciso organizar as mulheres para, junto ao movimento operário, derrubar Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão e todos os golpistas que estão levando adiante a ofensiva fascista contra as mulheres.

8 DE MARÇO

Entenda por que o 8 de março é o dia da mulher trabalhadora e uma comemoração do movimento operário A

s informações confusas a respeito do dia 8 de Março são exemplo de como a burguesia se esforça para apagar da História as marcas da luta operária. Para isso, procura mudar o significado desta data e traçar outras raízes a ela. Ao ler artigos da imprensa capitalista, você irá se deparar com uma narrativa que remete às mais diversas origens para a data. O resultado final deixa o leitor desnorteado, sem conclusões relevantes. Como exemplo dessa desinformação, escolhemos analisar um artigo da BBC, acessível neste link. O artigo conecta as origens da comemoração a movimentos de mulheres dos EUA e de “alguns países da Europa”. Lembra que a data é frequentemente associada a um incêndio de uma fábrica nova-iorquina, ocorrido em 25 de março de 1911. Menciona outra importante marcha de mulheres operárias, ocorrida também em Nova Iorque, em 1909, no dia 26 de fevereiro, e a Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que fixou o dia 19 de março para comemorar as lutas operárias das mulheres. Após esta salada de opções, o artigo menciona os protestos das trabalhadoras russas de 1917, como se fosse mais um acontecimento entre tantos outros. Esta mistura de datas e eventos aleatórios é típica da propaganda burguesa, que procura esvaziar qualquer sentido revolucionário dos acontecimentos históricos. As lutas das mulhe-

res operárias começaram, obviamente, com o início do capitalismo, muito antes do Século XX. Em 8 de Março de 1857, por exemplo, trabalhadoras nova-iorquinas deflagraram uma importante greve, que chamou atenção para pautas femininas, dando origem ao primeiro sindicato de trabalhadoras. Algumas marchas e datas comemorativas foram sendo estabelecidas localmente, até que o II Congresso Internacional das Mulheres Socialistas, em 1910, fixou como 19 de Março (homenagem à Revolução de 1848) como “Dia Internacional da Mulher Trabalhadora”. A data passou a servir de referência para as trabalhadoras socialistas organizarem suas lutas. Entretanto, a partir da Revolução Russa de 1917, a data passou a ser celebrada por movimentos operários, no mundo inteiro, no dia 8 de Março. A Revolução Russa não foi o maior acontecimento da história da luta socialista. E foi graças às manifestações da Revolução de Fevereiro que o movimento operário russo derrubou a monarquia – um fato inédito no mundo. Este movimento foi marcado pelo protagonismo das trabalhadoras, com importantes greves deflagradas no dia 8 de março (23 de fevereiro – no antigo calendário russo), que foi, de fato, o início da Revolução. A partir do ano seguinte, o governo bolchevique oficializou esta data como o Dia da Mulher Heroica Trabalhadora, e movimentos

operários de outros países passaram a adotar a data para comemorar o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora. Sem conseguir impedir a adoção de uma data comemorativa, as Nações Unidas foram obrigadas a oficializar a data, em 1975, rebatizada para Dia Internacional da Mulher (retirou-se a palavra Trabalhadora, obviamente para apagar o sentido classista da data). Desde então, a burguesia tenta mudar o significado desse dia, que sempre celebrou a luta das operárias contra o capitalismo, para um dia de receber flores ou, no máximo, que trate da igualdade de gênero (sem mostrar que a desigualdade de gênero só irá se agravar enquanto o capitalismo permanecer vigente). Os próprios movimentos pequeno-burgueses acabam seguindo esta tendência, como é de sua natureza. Para estes, foi preferível deixar em segundo plano o nome original da data

comemorativa e substituí-lo por uma abreviação “moderninha” – 8M -, uma inovação que não significa nada para a trabalhadora do chão de fábrica. Na organização das manifestações comandadas pela esquerda pequeno-burguesa, é comum manter-se a tônica de proibir a participação de partidos políticos, mostrando uma falta de compreensão quanto à importância da formação de frentes revolucionárias amplas, num direcionamento que só pode agradar mesmo aos partidos de direita (que não saem às ruas) ou às direções pequeno-burguesas de pequenos movimentos sociais (que não querem perder o “protagonismo”). De qualquer maneira, o 8 de Março continua sendo uma importante data de luta. Trata-se do Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, marco que precisa ser lembrado e fortalecido por todo movimento que se considere revolucionário.


4 | POLÍTICA

GOLPE MILITAR

Diante de crise, Bolsonaro tenta se explicar sobre declaração de ameaça de golpe militar, mas não consegue N

a noite de quinta-feira (7), o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro tentou se explicar sobre as declarações, que deu em um evento dos fuzileiros navais no Rio de Janeiro, onde disse que a liberdade e a democracia brasileira dependem das vontades dos militares para existir – uma clara ameaça ao povo brasileiro. Com isso, deixou explícito o fato de que os militares já controlam a situação política no Brasil, como ficou claro com a prisão de Lula e o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A declaração, entretanto, repercutiu mal, e gerou crise dentro da própria base do governo. O vice-presidente e General Hamilton Mourão tentou explicar a frase de Bolsonaro, e o líder do Senado, apoiado por Bolsonaro, disse que a “declaração dá certo desconforto”. Por isso, o presidente golpista tentou se explicar em transmissão nacional. Mas não conseguiu modificar. Muito pelo contrário, fortaleceu a posição que havia defendido de manhã.

No vídeo, ele está ao lado do porta-voz do governo, o General Otávio Rêgo, substituto de Bebianno; junto a eles, o General Augusto Heleno, encarregado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão de repressão e espionagem do governo. Bolsonaro reafirmou: “No Brasil nós devemos às Forças Armadas a nossa democracia e a nossa liberdade, e assim é em todo lugar do mundo”, e “tentaram distorcer isso como se fosse um presente dos militares aos civis. Não é nada disso. As Forças Armadas são, por determinação constitucional e legal, os detentores do emprego legal da violência. Pode chocar alguns, mas é isso o que está escrito”. E o General Augusto Heleno reafirmou também a declaração de Bolsonaro, dizendo que as Forças Armadas são “guardiãs da democracia e da liberdade”. Puro cinismo, os militares são responsáveis pelas maiores atrocidades que ocorreram no país nos últimos 50 anos.

DENUNCIA

Declaração de Bolsonaro sobre as Forças Armadas “é inaceitável”, denuncia Dilma Rousseff A

ex-presidente Dilma Rousseff, deposta pelo golpe de estado, escreveu uma carta, divulgada pelo jornal Brasil 247, em que denuncia a fraude nas eleições, o impeachment e o governo de Jair Bolsonaro, que recentemente declarou que a democracia e a liberdade dependem da vontade das Forças Armadas, em tom de ameaça. Leia a íntegra da nota: Pela democracia e pela civilidade Vídeo obsceno e defesa de tutela militar revelam que presidente da República não está à altura do cargo Nem o mais pessimista dos brasileiros poderia prever que a crise que resultou do golpe que derrubou uma presidenta eleita e a prisão do maior líder popular da história do país, para impedi-lo de concorrer, levaria à eleição de um presidente da República que não demonstra noção alguma de decoro, civilidade, e respeito à liturgia do cargo que exerce. Muito menos, o que é ainda mais grave, compromisso com a democracia. O vídeo obsceno distribuído por Bolsonaro com 3,4 milhões de pessoas, revela um chefe de Estado escatológico e sem preocupação com controles impos-

tos pela ética pessoal e política. O video circulou pelo mundo, desmoralizando a imagem do Brasil no exterior e ofendendo todos que o tenham visto. Como se isto já não fosse demais, o presidente declarou que a democracia e a liberdade só existem porque as Forças Armadas permitem. Uma afirmação inaceitável mesmo partindo de alguém que sempre preferiu a ditadura, defendeu a tortura e, há poucos dias, elogiou um ditador pedófilo. Os brasileiros reconquistaram a democracia e atribuíram à soberania popular, baseada no voto direto e secreto de toda a população, a condição de cláusula pétrea da Constituição, e garantia do Estado Democrático de Direito. Ao defender a tutela militar sobre a democracia e a liberdade, Bolsonaro rasgou a Constituição e mostra seu grosseiro autoritarismo. Em pouco mais de dois meses de mandato, este governo ultrapassou todos os limites imagináveis e rompeu com todas as regras de empatia, boa educação e respeito que moldam uma civilização e sustentam uma Nação democrática. Dilma Rousseff


INTERNACIONAL | 5

PETROBRAS

Os frutos da “luta contra a corrupção”: promotores e juízes da Lava Jato abocanham R$ 2,5 bilhões da Petrobras D

enúncia publicada na imprensa burguesa revelou que um acordo de reparação entre a Operação e a Petrobrás irá transferir para os cofres do judiciário golpista nada mais nada menos do que R$2,5 bilhões. Desde que teve início em 2013, a Lava Jato utilizou o pretexto de se combater a corrupção para instituir uma verdadeira política de destruição da indústria nacional. Isso ficou muito claro no caso da Petrobrás. Logo após a descoberta do pré-sal, a empresa nacional foi demolida pelas denúncias da Lava jato. Baseada somente em delações, sem qualquer prova, a Lava jato colocou abaixo a Petrobrás, colocando milhares de trabalhadores na rua, fechando refinarias, colocando à venda o maquinário da empresa. Tudo isso para favorecer os mono-

pólios estrangeiros do petróleo, como a Shell e a Chevron. Agora, o judiciário golpista ganha sua parte do bolo. A quantia bilionária será destinada para uma fundação de direito privado, que está sob controle de Sérgio Moro. Ou seja, o “herói da luta contra a corrupção” irá abocanhar uma grande fatia do dinheiro público com o objetivo de dar sequência e aprofundar ainda mais a sua política de perseguição ditatorial contra o povo, as organizações de esquerda e suas lideranças. É preciso intensificar a mobilização contra os golpistas. Aproveitar o enorme repúdio popular a Bolsonaro e sua corja demonstrado no carnaval e ampliar ainda mais a luta contra o golpe. Levantar as palavras de ordem de Fim da Operação Lava Jato, Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula.

GOVERNO BOLSONARO

PARÁ:

Bolsonaro reconhece golpista como presidente da Venezuela, mas processa José de Abreu por se declarar presidente

Sob a desculpa do “combate ao crime”, Moro autoriza intervenção da Força Nacional por três meses

O

ator José de Abreu, 71, autoproclamou-se Presidente da República Federativa do Brasil em suas redes sociais, de onde publica os decretos presidenciais e espera ainda o reconhecimento dos demais países do globo. Trata-se de uma brincadeira inofensiva, divertida e recheada de memes, uma sátira nas redes sociais, essa, contudo, atingiu de tal maneira o governo golpista de Bolsonaro que esse não se riu. A sátira do ator expõe a situação grotesca do também autoproclamado presidente da Venezuela, assim como a absurda posição do Brasil, de reconhecer-lhe. A comédia pune os vícios ao imitar as ações baixas de indivíduos baixos. A ironia do ator desmoralizou o governo Bolsonaro colocando diante do espelho toda sua baixeza e submissão ao imperialismo. Como reconhecer um indivíduo totalmente desclassificado que se autoproclama presidente, contra a maioria esmagadora da população do país, que acaba de eleger seu presidente? Ainda mais, em um país onde há normalidade institucional, um presidente eleito legitimamente, uma assembleia constituinte livre e soberana em exercício? Só há uma respostas, a saber: para defender os interesses dos grandes capitalistas internacionais em especial dos EUA que querem assassinar e roubar o povo venezuelano, é para isso valeram-se de um desclassificado e inimigo de seu próprio povo para conspirar contra ele em favor potências estrangeiras. Guaidó tem a mesma legitimidade como presidente que Abreu (aliás Bolsonaro tem tanta legitimidade quanto ambos), com a gigantesca diferença

que dá parte do ator trata-se de uma sátira, uma comédia, uma manifestação artística sem consequências contra a posição absurda e serviu de um governo claramente impopular e ilegítimo, da parte de Guaidó trata-se de um desclassificado, de uma escória que se vendeu para o capital imperialista e pretende ajudá-los a roubar e massacrar o povo venezuelano, por sua relações com o imperialismo representa ameaça seríssima à República Bolivariana, a soberania e a vida do povo, como pretexto para lançar uma guerra civil no país financiada pelas grandes potência imperialistas. O próprio Bolsonaro ao ver a situação absurda de auto-proclamação refletida na sátira do ator, sentiu-se mal, não gostou e esbravejou no veículo oficial do governo, sua conta no Twitter, ameaçando, com o autoritarismo típico da extrema-direita, processar o ator. José de Abreu que está retornando ao país para estrear um novo trabalho de dramaturgia na tevê aberta, estuda a possibilidade de pedir um habeas corpus preventivo. Perseguir um artista nacionalmente conhecido por postagens em uma rede social, enquanto se apoia um facínora que quer massacrar o povo de seu próprio país, por meio de um golpe de Estado violento para entregar a riqueza nacional ao capital internacional, é a expressão da baixeza, do servilismo e do grotesco que é o governo da extrema-direita e da burguesia golpista no Brasil. É preciso defender José de Abreu de qualquer possível investida da direita, assim como defender a liberdade artística e de expressão.

O

superministro da repressão do Governo Bolsonaro, responsável pelo ministério da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou a intervenção da Força Nacional de Segurança Pública no Pará. A ação foi feita por meio da portaria 198 do dia 6 de março. A medida de Sérgio Moro atende ao pedido do governado do Estado do Pará, Helder Barbalho, do MDB, e terá duração de 3 meses, com a permanência podendo ser prorrogada. O pretexto mais uma vez, é o combate à criminalidade.

A medida já havia sido anunciada pelo diretora da Força Nacional, o coronel Antônio de Oliveira, no início de fevereiro. Serão enviados, segundo ele, 200 agentes, porém o número pode aumentar para 500. Trata-se de uma ação conjunta entre os golpistas do governo Bolsonaro, do imperialismo e do Estado do Pará para aumentar a repressão contra a população. A política de força é uma das principais armas de Bolsonaro diante da crise política do governo.

TODOS OS DIAS, A PARTIR DAS 3H NA CAUSA OPERÁRIA TV


6 | POLÍTICA

MP

Depois de cortar recursos, governo Bolsonaro quer criar sindicatos da direita para dividir os trabalhadores D

epois de editar, em pleno carnaval, a Medida Provisória (MP) 873 que – como denunciamos nesse Diário – constitui uma “aberta violação da liberdade de organização sindical e evidencia a política do governo ilegítimo de Bolsonaro, de perseguir, reprimir e intervir nas organizações sindicais”, ao acabar com o direito de que o sindicato – ouvindo os trabalhadores – decidissem em seus devidos fóruns sobre o estabelecimento de contribuição sindical em favor das entidades e encaminharem o desconto coletivo das mesmas e impor que o “recolhimento da contribuição sindical será feita exclusivamente por meio de boleto bancário ou equivalente eletrônico, que será encaminhado obrigatoriamente à residência do empregado ou, na hipótese de impossibilidade de recebimento, à sede da empresa.”, o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro anunciou que está preparando uma nova ofensiva contra as entidades sindicais. De acordo com secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho (PSDB) [foto acima], o governo pretende encaminhar outra Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para acabar com a unicidade sindical e dividir as organizações dos trabalhadores. A unicidade é o regime previsto na Constituição que estabelece – ainda que de forma precária – a existência de apenas um sindicato representando uma única categoria na mesma base territorial. O tucano que integra o segundo escalão do Ministério da Fazenda e é um dos principais articuladores da famigerada proposta de “reforma” da Pre-

vidência que pretende praticamente acabar com o direito à aposentadoria e expropriar milhões de trabalhadores em favor dos bancos e grandes monopólios, explicou que o plano do governo é a ideia é “permitir a concorrência entre essas entidades“. Concretamente, o governo fascista quer permitir a criação de sindicatos organizados pela direita e apoiados pelos patrões que defendam não os interesses trabalhadores mas dos capitalistas. A proposta surge no momento em que a crise capitalista avança, com os e vê no minúsculo do PIB de 2018, que cresceu apenas 1,1% em relação ao ano anterior. Diante dessa situação o regime golpista mostra que não tem outra “saída” que não seja ataca os trabalhadores, para o que enfraquecer os sindicatos e conter a luta dos trabalhadores que dá sinais claros de que tende a crescer, como se vê nas importantes mobilizações (lideradas pelos sindicatos) como as dos servidores municipais e dos metalúrgicos da Ford – dentre outras – e, principalmente, dos protestos gigantescos contra o governo ocorridos no carnaval. A MP 873 outorgada pelo governo – e que vale como Lei até que seja submetida Congresso dominado pela direita golpista, em até 120 dias, para que não perca sua validade e a regra anterior volta a vigorar, juntamente com a PEC anunciada pelo tucano, constitui uma declaração de guerra contra os sindicatos e todos os trabalhadores. São uma clara violação da liberdade de organização sindical e evidencia que a política do governo desmoralizado governo Bolsonaro é

perseguir, reprimir, dividir e intervir nas organizações sindicais. Ainda no último domingo a Central Única dos Trabalhadores (CUT) divulgou nota em que destaca que a MP 873 é uma “medida absurda, antidemocrática e inconstitucional [que] visa a retirar das entidades que legitimamente representam a classe trabalhadora os recursos que ainda lhes restam após a infame reforma trabalhista. Acreditam que, dessa forma, irão minar a nossa organização e força para enfrentar essa proposta de reforma da Previdência que mantém privilégios e empobrece o trabalhador“. Na nota, assinada pelo presidente da entidade, companheiro, Vagner Freitas, a CUT assinala que “somente a luta nas ruas e a pressão no Congresso Nacional evitarão a aprovação da reforma da Previdência e essa MP que tenta aniquilar as entidades sindicais” e reafirma a convoca da mobilização nacional marcada para 22 de Março. É preciso realizar uma ampla denuncia desse ataque à organização dos trabalhadores e mobilizar todas as organizações de luta dos trabalhadores pela liberdade irrestrita dos trabalhadores decidirem sobre o funcionamento das suas organizações, por meio dos fóruns internos dessas entidades, como assembléias e sindicatos. A arma fundamental nessa luta, contra os ataques aos sindicatos e contra a expropriação dos trabalhadores em favor dos capitalistas com a “reforma” da Previdência e outras medidas, é a greve geral. Como sei no carnaval para impulsionar essa mobilização, é preciso ter eixos claros que unifiquem amplas par-

celas dos explorados, como é o caso da luta pelo “fora Bolsonaro e todos os golpistas” e pela liberdade de Lula e de todos os presos políticos. Que devem ser defendidos junto com as reivindicações que se oponha o ataque aos sindicatos, como é o caso da luta contra a intervenção estatal nos sindicatos, o fim da contribuição sindical e a divisão dos sindicatos. Que os trabalhadores, e somente eles, decidam sobre o funcionamento de suas entidades. Que deliberem sobre a sua unificação em sindicatos por ramos de atividade, superando a divisão atual (e a que o governo quer impor) e fortaleçam essas organizações fundamentais para a luta na próxima etapa.


POLÍTICA | 7

CORRUPÇÃO

Mais um ministro do PSL envolvido em corrupção: burguesia se prepara para varrer o baixo clero do governo N

esta última quinta-feira, dia 7 de março, mais um ministro do governo golpista de Bolsonaro foi denunciado por corrupção. Trata-se do ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antônio, que é do PSL. Ele foi denunciado por uma candidata do partido, Zuleide Oliveira, a qual concorreu como deputada estadual na última eleição pelo estado de Minas Gerais. Zuleide denunciou ao Tribunal Regional Eleitoral que sua candidatura tinha como único objetivo o desvio do dinheiro do fundo eleitoral de campanha. No início do ano, as chamadas candidaturas laranjas do PSL foram alvo de denúncias, o que levou a queda do então ministro da Secretaria Geral do Governo Gustavo Bebianno. Para além da denúncia, o caso tem que ser analisado do ponto de vista

das contradições internas do governo golpista de Bolsonaro. Fato é que os setores fundamentais da burguesia, dos quais o Judiciário é um representante chave, estão se articulando para derrubar o chamado baixo clero do governo golpista de Bolsonaro. Os setores fundamentais do golpe buscam com isso colocar o governo sob suas rédeas. O caso serve também para desmascarar a farsa do discurso de “combate à corrupção” por parte da direita e da extrema-direita. O governo golpista de Bolsonaro nem mesmo começou direito e já está cheio de denúncias relacionadas à corrupção. A saída é a mobilização popular contra todos os golpistas que tomaram o poder de assalto. Levantar as palavras de ordem de “Fora Bolsonaro” e “Liberdade para Lula”.

MINISTRO FASCISTA

Ricardo Salles reconhece que o governo Bolsonaro tem características nazistas O

ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou na quarta (6) em sua conta do Twitter que o governo de Jair Bolsonaro possui características similares ao do regime nazista que vigorou na Alemanha da década de 1930. A afirmação foi involuntária – ou por ato falho –, quando o golpista tentou por iniciativa própria rebater um artigo de opinião publicado no site de notícias alemão Deutsche Welle, intitulado O projeto de Mefistófeles. Como se sabe, a questão ambiental na Alemanha tem especial proeminência dentro do jogo de forças políticas. Incrustado no centro da Europa, o país lidera as ações para redução do consumo de recursos naturais, no que na verdade acabou se tornando sobretudo a criação de mais um mercado global – talvez concretizado mais claramente na bolsa de créditos de carbono. É consequente que, no plano internacional, os ambientalistas alemães sejam especialmente ativos nas críticas à destruição das políticas ambientais promovidas pelos golpistas no Brasil. Como se sabe, as mineradoras, os latifundiários, as petroleiras, estão entre os principais setores patrocinadores do golpe no Brasil. Se o desmonte das políticas ambientais se fez sentir já no mandato de Michel Temer, ele aprofundou-se radicalmente com o governo Bolsonaro. O artigo no Deutsche Welle, assinado pelo colunista Philipp Lichterbeck, denuncia: A destruição do meio ambiente brasileiro parece ser um dos principais projetos do novo governo. Ele está numa missão mefistofélica: quer acabar com os bons costumes. Com os direitos humanos. Com a ciência. Com os

projetos de emancipação. Com o próprio pensamento esclarecido. São pessoas que agem e falam com arrogância e crueldade. São pessoas que riem quando morre uma criança de sete anos. Que comemoram quando a polícia comete massacres em favelas, quando morrem ambientalistas ou vereadoras negras. Pessoas que não conhecem a diferença entre flertar e assediar. Pessoas com relações com milícias. Pessoas que falam toda hora em Deus mas mentem, xingam e difamam. Pessoas que gritam “zero corrupção!”, mas que são corruptas. Lichterbeck denuncia então o desmonte do Ibama pelo governo Bolsonaro. Denuncia o discurso e o comportamento fascistas do ministro Ricardo Salles, as demissões em massa, a desregulamentação generalizada do setor, o incentivo ao uso de agrotóxicos na lavoura, o conluio entre os principais agentes políticos e o grande Capital. Para defender-se das acusações em sua conta do Twitter, Salles partiu para o argumentum ad hominem mais corriqueiro: desqualificar o adversário em

lugar de tratar dos seus argumentos. Ao fazê-lo, acabou por atestar o caráter nazista do governo Bolsonaro, sem negar a veracidade da descrição de Lichterbeck e acrescentando: “Essa sua descrição se parece mais com o que a própria Alemanha fez com as crianças judias e tantos outros milhões de torturados e mortos em seus campos de concentração…”. É claro: em nada diferente do Brasil de Bolsonaro e de Salles. RICARDO SALLES: UM BRUCUTU DA DIREITA Mas quem é o ministro Ricardo Salles? Em 2018, Salles lançou-se candidato a deputado federal pelo partido de extrema direita Novo com a plataforma Segurança no campo, em que prometia decretar tolerância zero “contra a praga do javali, contra a esquerda e o MST, contra o roubo de trator, gado, insumos, contra a bandidagem no campo”. O remédio: balas de fuzil ilustradas em seu material de propaganda. Salles sempre foi um bate-pau da direita. Um fascista encarregado de fa-

zer o trabalho sujo da burguesia. Já em 2006, com financiamento dos Estados Unidos, fundou o movimento Endireita Brasil, um dos chamados think tanks encarregados de fazer propaganda golpista. Na vida pública, foi condenado por improbidade administrativa à frente da Secretaria de Meio Ambiente do estado de São Paulo no governo de Geraldo Alckmin (PSDB), fraudando estudos produzidos pela USP por encomenda da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Salles forjou de modo canhestro uma suposta cena de crime em que denunciava uma suposta investida terrorista de militantes do MST e do PCO que protestavam contra a privatização da Reserva Pau-Brasil, no sul da Bahia. O carro do fascista investiu contra os manifestantes, que simplesmente se defenderam do ataque. Em seguida, numa pantomima mambembe, Salles mandou seus jagunços roubarem dos manifestantes uma bandeira do PCO, estendendo-a ao lado do pára-brisas que ele mesmo quebrara, publicando uma foto da bizarra cena em sua conta no Twitter. Em seguida, apresentou denúncia junto ao Mussolini de Maringá, o juiz golpista Sérgio Moro, de modo articular a perseguição policial e judiciária contra o PCO. Todo o governo Bolsonaro, dos militares ao chamado setor ideológico, tem somente um norte: destruir as organizações dos trabalhadores, extinguir os direitos da população e transformar o Brasil numa colônia escrava das grandes corporações, das grandes potências, do Imperialismo enfim. É preciso dar combate tanto constante quanto intenso a esses capachos do estrangeiro, mobilizando a população para exigir a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a imediata deposição de Bolsonaro e de todo o seu gabinete golpista. Fora Salles, bate-pau fascista! Fora Bolsonaro, lacaio do imperialismo!


8| INTERNACIONAL

IMPRENSA IMPERIALISTA

“Ditadura” venezuelana deixa golpista solto, “democracia” espanhola tem centenas de presos políticos E m sua campanha de manipulação e mentiras, a imprensa imperialista veicula uma forte propaganda contra o governo da Venezuela, afirmando que trata-se de uma “ditadura” que reprime a oposição. Prova disso, segundo essa propaganda, seria que o autoproclamado presidente, Juan Guaidó, estaria ameaçado de prisão. Mas Guaidó continua livre para conspirar abertamente contra o governo legítimo de Nicolás Maduro, convocando greves, articulando a direita golpista, organizando grupos armados e pedindo inclusive uma intervenção militar imperialista contra seu próprio país. Se comparada a outros países capitalistas, a Venezuela pode ser considerada o país mais democrático do mundo. Neste artigo, vamos comparar a Venezuela com a Espanha, um país imperialista tratado por toda a imprensa como “democrático”. No entanto, é um dos mais antidemocráticos do mundo, uma verdadeira ditadura mascarada, especialmente quando se trata da repressão contra os países dominados e incorporados pela Espanha, como a Catalunha, o País Basco e a Galiza. Em todos esses casos há dezenas (ou mesmo centenas, como veremos) de presos políticos, condenados somente por lutarem pela independência. Catalunha Por encabeçarem o referendo de 1º de outubro de 2017, a procuradoria espanhola pediu 25 anos de prisão para o ex-presidente do governo da Catalunha, Oriol Junqueras, e entre sete e 17 anos de prisão para outros líderes indepedentistas: Jordi Cuixart, Jordi Sánchez, Carme Forcadell, Dolors Bassa, Jordi Turull, Joaquim Forn, Raül Romeva e Josep Rull. Todos eles estão em prisão preventiva, enquanto que Carles Puigdemont (então presidente do governo catalão) se encontra exilado na Bélgica para não ser preso. Aquele referendo, que contou com grande apoio popular, foi brutalmente reprimido pelo governo central espanhol. A Guarda Civil e a Polícia Nacional atacaram violentamente os catalães, tentando impedi-los de votar. Centenas de pessoas foram presas, outras tantas feridas gravemente. Houve a ameaça de enviar o exército para afogar em sangue o processo de independência, quando Puigdemont declarou a República, após vitória do “Sim”. Então, seguiu-se a onda de prisões e perseguição aos separatistas, e até hoje a situação está tensa na Catalunha. Obviamente, isso não é o tratamento dado por uma “vigorosa democracia”, como a propaganda imperialista diz que a Espanha é. Em outubro do ano passado, os partidos de direita PP e Ciudadanos sugeriram colocar os partidos independentistas CUP, ERC e PDeCAT na ilegalidade, por não terem condenado a suposta violência cometida por gru-

pos separatistas no aniversário de um ano do referendo. Eles solicitaram a modificação da lei de partidos. A legislação espanhola proíbe a opinião sobre o uso de violência política. Ou seja, não se pode defender as ações realizadas pelos grupos que lutam pela independência de seus países nem contra o ditador fascista Francisco Franco, mas se pode defender as torturas e execuções cometidas pelo franquismo, como fazem hoje os partidários do VOX. País Basco

Esta região, no nordeste da Espanha (que se estende até o sudoeste da França), é a que conta com o maior número de perseguidos e presos políticos. Atualmente, há 230 pessoas supostamente ligadas à ex-organização guerrilheira independentista ETA que estão presas em cárceres espanhóis. Há ainda 45 presos na França e um em Portugal. Kepa Arronategi é o preso político com a pena mais dura – 150 anos –, por ações como a tentativa de assassinato do Rei Juan Carlos I em 1997, que deixou uma pessoa morta. Ele está com a saúde profundamente debilitada. Unai Fano Aldasoro, ex-dirigente do partido Batasuna, foi preso em 2008 e condenado a 19 anos de prisão por “organização terrorista”, posse de explosivos e armas, falsificação de documentos e roubo de veículos. Graças à política de Estado de dispersão dos presos políticos, ele ficou recluso em uma prisão em Cádiz, a mais de 1.000 km do País Basco. Agora, será transferido a uma prisão mais próxima, a 200 km. A política de dispersão força os presos políticos a ficarem reclusos espalhados por todo o território espanhol, tão mais afastado de suas regiões (País Basco, Catalunha, Galiza) conforme o grau de suas penas (primeiro, segundo ou terceiro grau). Kepa é um preso de primeiro grau. Carlos Apeztegia Jaka permaneceu preso durante 21 anos, de 1992 a 2013. Ele havia acumulado uma pena de 71 anos por “atos terroristas” como a tentativa de assassinato de um empresário e por cobrar extorsões a outros capitalistas. O ETA costumava cobrar o chamado imposto revolucionário a empresários e comerciantes para financiar a luta armada. Ele foi detido novamente em outubro de 2018 por uma carta escrita em 2002, quando estava preso, na qual articulava com seus companheiros o “troco” que poderiam dar aos carcereiros fascistas que “cuidavam” dos presos políticos etarras, sugerindo a implantação de um carro bomba na sede do sindicato dos carcereiros de Madri. No início deste ano, dois presos políticos bascos receberam liberdade condicional. Javier Moreno Ramajo e Olga Sanz Martín, então membros do ETA, foram detidos em 1998 e condenados

em 2002 a 74 e 71 anos, respectivamente, pela tentativa de assassinato de um ex-secretário do governo basco e de um ex-presidente do PP. Além dos presos políticos bascos, o regime espanhol simplesmente tem fechado partidos independentistas e proibido ativistas de participar de eleições. Em 2003, o Batasuna foi ilegalizado pelo Tribunal Supremo espanhol (herdeiro do franquismo) por considerá-lo um braço político-institucional do ETA. A justificativa foi a mesma que a direita está usando para ilegalizar os partidos independentistas da Catalunha: Batasuna não condenou abertamente um atentado do ETA, em 2003, que matou duas pessoas, baseado na lei de partidos. Evidenciando a perseguição política, os tribunais espanhóis também impediram que ex-membros de Batasuna e de outras organizações que pertenciam à coligação Euskal Herritarrok pudessem se candidatar a qualquer cargo eletivo. Em seguida, a Aukera Guztiak, plataforma de eleitores que repudiaram a ilegalização de Batasuna e que defendiam a plena liberdade eleitoral, também foi impedida por supostos vínculos com Batasuna. A perseguição aumentou quando ex-dirigentes de Batasuna participaram de homenagens aos presos políticos do ETA que haviam morrido nas masmorras espanholas. Por essa manifestação inofensiva, foram acusados de apologia do terrorismo e um dos ex-dirigentes do partido, o ex-guerrilheiro do ETA Arnaldo Otegi, foi preso. No total, ele foi preso cinco vezes, a última em 2009 supostamente por pertencer a grupos armados, mas em 2018 o próprio Tribunal Europeu de Direitos Humanos considerou a condenação injusta e parcial por parte dos juízes. Galiza A Galiza é outro país (no extremo noroeste da Espanha) que com um

movimento importante que clama pela independência e que tem dezenas de ativistas presos ou perseguidos. Antom Santos passou cinco anos preso, de 2012 a 2017, por suposto pertencimento a organização terrorista e falsificação de documentos, embora não exista na Galiza nada parecido com grupos terroristas. A sentença da ativista Maria Osório foi exatamente a mesma e ela também foi libertada em 2017. No entanto, ainda há um grupo de militantes independentistas espalhado por presídios do Estado espanhol, como Adriám Mosquera, Carlos Calvo Varela, Raúl Agulheiro Cartoy, Eduardo Vigo Domínguez e Roberto Rodríguez Fialhega. Vigo foi detido no final de 2011 e sua pena vai até 2022. Fialhega também está preso há mais de sete anos. Manuel Arango Reigo, que este ano cumpre 70 anos de idade, é um comunista que milita desde a década de 1970 e sofre tortura nas prisões espanholas desde aquela época. Está preso, novamente, desde 2017 e sua pena é de 14 anos de prisão. Atualmente, mal consegue se deslocar sem o uso de muletas ou cadeira de rodas. Isabel Aparicio, sua companheira, morreu na prisão em 2016, produto do nulo cuidado com a saúde dos presos políticos. Além disso, 19 ativistas galegos estão sendo julgados por terem estendido, em 2017, uma faixa em um castelo roubado por Franco e sua família, pedindo a devolução da propriedade como bem de interesse cultural. O processo foi iniciado supostamente por terem cometido crimes de “ódio, contra a honra, danos e violação de morada” e eles podem ser condenados a até 13 anos de prisão. Na Espanha, uma pessoa pode ser presa tão somente por se manifestar nas redes sociais ou por fazer propaganda política nas ruas. Então, onde é a ditadura? Na Venezuela ou na Espanha imperialista?


INTERNACIONAL |9

COLÔMBIA

Meio milhão de crianças desnutridas na Colômbia: como não é a Venezuela, a imprensa se cala O governo colombiano reconhece que existem mais de 560 mil casos de desnutrição em crianças na primeira infância (0 a 5 anos). Além disso, a desnutrição crônica atinge uma em cada nove crianças do país. Ao contrário do que a imprensa golpista sugere por aqui, esses números são de um relatório oficial do governo da Colômbia. Esses dados são representativos dos últimos anos em que o país se submeteu completamente a política externa dos Estados Unidos. Ao contrário do que diziam os coxinhas, a direita quer aplicar a mesma política imposta à Colômbia. O regime atual no país é controlado pela extrema direita que impõe um duro ataque de conjunto a maioria da população. Como se não bastasse a fome e a pobreza extrema admitida pelo próprio governo, inúmeros ativistas sociais e sindicalistas morrem pela repressão de grupos paramilitares ligados à direita. Mas, como não é na Venezuela e a Colômbia é um fantoche dos EUA, a imprensa se cala mundo afora. Enquanto a imprensa se cala frente a um governo subserviente e antipo-

vo, inúmeras crianças já vieram a morrer de desnutrição nos últimos anos. A maioria das mortes acontece nas periferias de grandes centros e em grupos indígenas. Os números de desnutrição foram expostos pelo governo colombiano em um relatório feito em conjunto com a Fundação Grupo Êxito. A intenção do governo é, supostamente, criar um plano nacional da combate a fome em uma aliança do Estado com entes privados. Asim sendo, claramente uma ingerência em um assunto que qualquer governo minimamente democrático deveria ter prioridade em resolver. “Temos que sacudir a mentalidade das pessoas e torná-las conscientes do problema. Que uma a cada nove crianças na Colômbia esteja desnutrida é gravíssimo, são 560 mil crianças no país (…) 90 mil menores em Bogotá”, disse o titular da Fundação Grupo Êxito, Carlos Mario Giraldo. Entretanto, quem deveria se ocupar do problema são as autoridades colombianas que mostra sua indiferença ao flagelo da maioria da população.

Essa estratégia de transformar o problema da fome em uma questão a ser tratada fora do Estado, por meio de iniciativas que envolvam entes privados, é uma velha tática da direita. Ao mesmo tempo, a fome produzida pela política neoliberal do governo, pode até mesmo motivar doações de recursos de pessoas bem intencionadas. Mas, não tenhamos ilusões, nem o governo de direita da Colômbia nem essas fundações ligadas ao imperia-

lismo estão preocupados com a fome dos colombianos. Com base nesses dados, fica difícil de encontrar alguma lógica que não seja a do golpismo na tentativa de entrega de ajuda humanitária à Venezuela. Na verdade, a Colômbia podia ter usado os dois caminhões que pegaram fogo na ponte com a Venezuela para alimentar suas crianças desnutridas e não para provocar e interferir em um país vizinho.

IMPERIALISMO

HAITI

Mais de 76 mil imigrantes detidos na fronteira entre EUA e México em fevereiro: política fascista do imperialismo “democrático”

Continua a revolta popular contra a pauperização causada pelo imperialismo”

O

governo dos Estados Unidos acirra sua política de repressão à imigração e aumenta em 30% o número de detidos da fronteira com o México. As prisões totais já ultrapassam 76 mil pessoas, sendo mais de 7 mil crianças sem os pais. Enquanto estimula governos neoliberais nos países atrasados, muitas vezes impostos por golpes de Estado, o imperialismo norte-americano não está disposto a arcar com as consequência da miséria causada pelas suas ações na periferia do capitalismo. Mandam suas corporações e seus agentes para saquear o povo a as riquezas naturais, destruindo países inteiros e levando as populações a uma situação de miséria desesperadora, em seguida fecham suas fronteiras reprimindo as legiões de fugitivos da pobreza com grande violência e desumanidade. Assim os Estados Unidos deixam claro que as populações dos países pobres são mero produto de explo-

ração capitalista, cuja única finalidade para o regime é engrossar a fila de desempregados empurrando para baixo o preço da mão de obra nesses países. Aproveitam-se ainda da pressão migratória para usar sua política xenófoba e nazista como arma de propaganda interna, dizendo ao trabalhador norte-americano que a humilhação dos imigrantes é justificável porque preserva empregos e resguarda o dinheiro do contribuinte.

N

a última quinta-feira (7) o clima político do Haiti amanheceu mais tranquilo na capital Porto Príncipe. O país vive há alguns meses uma intensa revolta popular contra a política de miséria levada adiante pela direita, capanga do imperialismo, sob o governo de Jovenel Moise. As escolas e serviços públicos estiveram abertos. Haviam mais carros nas ruas e o transporte coletivo voltou a funcionar. Porém a revolta contra o governo continua, os manifestantes querem a derrubada do governo de Moise. A esquerda haitiana, que tem como representante o agrônomo e ex-candidato às eleições presidenciais, Chavanne Jean Baptiste (CJB), líder do movimento camponês, Mouvman Peyizan Papay, teve uma atitude moderada e disse que as manifestações da quinta estava precipitadas. Porém, CJB chamou uma frente única da oposição contra o atual governo. O líder de esquerda, que é perseguido pela direita – que inclusive tentou assassiná-lo; declarou que “o período

de diálogo com o governo terminou”. Entre as demandas do manifestantes estão: a diminuição dos preços e a renúncia do governo, que pressionado pelos manifestantes “anunciou recentemente a suspensão de impostos de 60 mil toneladas métricas de arroz, para contrapor seu preço no mercado interno”, segundo a Prensa Latina.


10 | PCO

ATIVIDADE

CCBP Curitiba será inaugurado com Análise Política e palestradebate “Barrar a ofensiva fascista sobre as mulheres” N

o próximo sábado, 09/03, ocorrerá a inauguração do Centro Cultural Benjamin Péret – CCBP Curitiba. A conquista, fruto do trabalho coletivo dos militantes e simpatizantes do Partido, está relacionada ao fato da cidade ter sido nos últimos anos palco de intensas mobilizações contra o golpe de Estado. Em 2015 ocorreu a grande greve contra o governo de Beto Richa-PSDB (liderada pelos professores) contra seu projeto de reforma da Paraná Previdência. Em 2016 as grandes ocupações dos secundaristas contra o mesmo governo tucano. Em 2017 a campanha pela anulação do impeachment de Dilma, os grandes atos contra a condenação de Lula. Em 2018 os grandes atos da caravana Lula pelo Brasil, contra sua prisão e contra sua cassação. Desta forma, a inauguração do

CCBP Curitiba nada mais é do que um resultado da correta política do PCO em combater a extrema direita, defendendo incondicionalmente a população e sua maior liderança popular, o ex-presidente Lula. Por isso, será um instrumento fundamental da luta do movimento operário contra a burguesia. A inauguração ocorrerá sábado a partir das 11:30 com a transmissão do programa Análise Política da Semana. Às 16h, será realizada a palestra-debate “Barrar a Ofensiva Fascista Contra as Mulheres”, seguida de um jantar de confraternização. O CCBP Curitiba, fica na Rua dos Josefinos, 36no bairro Água Verde. Lute com o PCO! #NãoAReformaDaPrevidência #ForaImperialismodaVenezuela #ForaBolsonaro #LiberdadeParaLula #AbaixoGolpe!

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Diário da Causa Operária terá novo canal para compartilhar conteúdo no YouTube

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Diário da Causa Operária Online tem uma nova ferramenta para se contrapor ao monopólio da imprensa burguesa. É o canal Diário Causa Operária no YouTube (você pode se inscrever no link e receber notificações clicando no sininho). Um canal destinado a compartilhar com nossa audiência conteúdos negligenciados e escondidos pelos grandes monopólios das comunicações.

Além de assistir e compartilhar os vídeos do canal, nossos leitores poderão também enviar suas denúncias para que publiquemos. Um exemplo do tipo de material que divulgaremos por esse meios é o vídeo abaixo, produzido por coletivos populares na Venezuela, que denuncia a operação golpista armada pelo imperialismo para sabotar a Venezuela usando a suposta “ajuda humanitária.

Para contribuir com o CCBP Curitiba, basta escolher um valor e fazer uma assinatura mensal (aqui: http://bit. ly/2SbKyVt) ou: Para contribuir com R$ 200,00:

http://bit.ly/CCBP-Curitiba-200 Para contribuir com R$ 100,00: http://bit.ly/CCBP-Curitiba-100 Para contribuir com R$ 50,00: http://bit.ly/CCBP-Curitiba-50


MOVIMENTO OPERÁRIO| 11

BANCÁRIOS

Banco Regional de Brasília na mira da direita golpista para privatização

A

direita golpista na Capital Federal, através do governo Ibaneis Rocha (MDB), bolsonarista com caracteristicas fascistas, qe está impondo a militarização das escolas públicas, pretende a todo custo entregar o patrimônio do povo de Brasília para beneficiar os grandes banqueiros e capitalistas nacionais e internacionais. A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou a autorização para que o Governo do DF (GDF) renegocie sua dívida com o governo federal com a venda das empresas estatais. Essa mesma reacionária Câmara Legislativa, recentemente, através do golpista Robério Negreiros (PSD), reeditou Proposta de Emenda à Lei Orgânica (Pelo) nº 2/2019 que retira do BRB a administração da folha de pagamento dos servidores da Câmara Legislativa do DF, o que abre o caminho para restabelecer o projeto anterior que desobriga a administração da folha de pagamento dos outros órgãos do serviço público do GDF. A folha de pagamento dos servidores do Executivo, Legislativo e Judiciário do DF é a galinha de ovos de ouro que gera a cobiça desses parasitas capitalistas que só se sustentam porque vivem nas tetas do Estado. Não é por a caso que o autor do Projeto o deputado distrital, Robério Negreiros, é um dos representantes no legislativo dos interesses dos capitalistas. A família de Negreiros é dona de negócios ligado ao setor de segurança

e contratação de mão-de-obras terceirizadas em Brasília. Um dos aspectos que mais chama a atenção no projeto é uma das justificativa do deputado/patrão: “um grande número de servidores presos à instituição sem poder realizar um direito seu, o de negociar melhores taxas de juros e serviços de melhor qualidade para atendê-los” (Pelo 2/2019). Pela justificativa pode parecer, para os mais incautos, que seria justo a proposta, mas vindo de quem veio é um verdadeiro atentado para aqueles que conhecem bem o modus operandida família Negreiros à frente da empresa da qual são donos, Brasfort. Todos os trabalhadores dessa em-

presa sabem muito bem que Negreiros se anima quando a palavra é demissão sem justa causa de funcionários. Seus trabalhadores estão submetidos a salários rebaixadíssimos, a rotatividade entre os terceirizados é altíssima e os mesmo estão submetidos a um trabalho muito próximo do regime escravo, já que qualquer reclamação ou manifestação em relação ao trabalho é motivo para demissão. Uma das recentes reclamações dos trabalhadores é que a empresa do deputado/patrão não vem pagando o vale refeição do seu pessoal. Além de ser um escravocrata, a empresa Brasfort foi condenada, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por fraude em licitação.

Está na cara que o objetivo, do escravocrata e deputado distrital, ao apresentar o Proposta de emenda, é favorecer a quem realmente ele representa na Câmara Legislativa do DF: os banqueiros e os capitalistas. Querem fazer com o BRB o que fizeram na era do famigerado FHC (PSDB) quando entregaram, “a preço de banana”, quase todos os bancos estaduais para os banqueiros do Itaú, Bradesco e Santander. O Banco de Brasília é um patrimônio do povo de Brasília, uma instituição que oferece crédito aos excluídos do sistema de crédito dos bancos privados, um banco que favorece pequenas e microempresas, empreendedores informais, a agricultura familiar, pequenas propriedades rurais, com taxas de juros subsidiadas, ou seja, como banco público tem uma política pública que propicia o acesso ao crédito aos mais desfavorecidos, ainda que a mesma venha sendo duramente atacada pelos golpistas nos últimos anos. A intenção da direita golpista é acabar com tudo o que é público e beneficiar meia dúzia de capitalistas em crise às custas dos trabalhadores e de toda a população em geral. Os trabalhadores do BRB, conjuntamente com outras categorias dos serviços públicos do DF, que estão também na mira dos ataques do governo fascista de Ibaneis, devem organizar uma ampla mobilização contra mais este ataque dos golpistas.

CARNAVAL

Compositor do samba enredo da Mangueira, vencedor do Carnaval Carioca, é trabalhador dos Correios O trabalhador dos Correios Deivid Domênico, de 41 anos, que trabalha de carteiro no CDD Primeiro de Março, centro do RJ, é o autor do samba-enredo vitorioso da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, campeã do Carnaval 2019 do Rio de Janeiro. Deivid trabalha nos Correios desde 1997, no cargo de carteiro e também é cantor e compositor, sua segunda atividade. Ingressou na Escola de samba da Mangueira em 2004, buscando um espaço na ala de compositores. Em 2015, seu samba foi escolhido pela primeira vez para ser o samba-enredo do desfile da escola no carnaval daquele ano, sob o nome de “Agora chegou a vez, vou cantar: Mulher de Mangueira, Mulher Brasileira em primeiro lugar” . Porém, nesse ano a escola não foi bem e acabou em 10° Lugar no Carnaval. Em 2019 novamente Deivid teve seu samba escolhido para ser o samba da Mangueira, e com o samba-enredo “História pra ninar gente grande”, ganhou o Carnaval de 2019 do RJ com méritos, erguendo o público que estava nas arquibancadas do sambódramo.

Dessa vez, Deivid que luta nos Correios contra a privatização da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) política dos golpistas do governo Bolsonaro, usou a denúncia contra o regime político opressor do capitalismo para mostrar as manipulações da burguesia para enganar o povo, através das mentiras contadas nos livros escolares, como da repressão estatal, através da polícia contra os trabalhadores, negros, mulheres e demais oprimidos. Trazendo a lembrança da morte de Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro, há um ano atrás. Deivid, como milhares de foliões no país, também protagonizou seu momento de luta contra o golpe e em defesa da liberdade de Lula, quando comemorava na quadra da Mangueira, cantando o samba vencedor, recebeu de uma mangueirense uma camiseta de Lula Livre, e sem perder o ritmo, colocou a camisa em seu corpo, mostrando que o Carnaval da Mangueira foi um grande ato político contra Bolsonaro e o atual regime político golpista no Brasil.


12 | MOVIMENTOS

MACEIÓ

Camponeses marcham, denunciando fascismo do governo e defendendo reforma agrária C

amponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) alagoano realizaram, hoje (7/3), uma ato político no Centro de Maceió, denunciando a política ofensiva do governo Bolsonaro contra os trabalhadores do campo e fortalecendo o movimento de mulheres camponesas. É o início da manifestação, que terá um acampamento, montado na própria região, para que no dia seguinte, 8 de Março, as mulheres se unam aos demais movimentos urbanos que organizam o Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras. Na ocasião, as militantes lançaram a Carta das Mulheres Sem Terra à Sociedade. O documento caracteriza o atual governo como fascista e ultraneolibe-

ral e critica, acertadamente, a reforma da previdência e as medidas contra a reforma agrária. A carta também denuncia a violência contra as mulheres e contra o povo, embora poderia ser mais incisiva no fato de que o governo não está apenas se omitindo, mas a promovendo. Os camponeses têm sido um dos principais alvos do golpe, morrendo em atentados organizados por fazendeiros. Mas como vimos noticiando, estamos em um período de crescimento das manifestações populares. Os movimentos camponeses também devem investir na criação de comitês de autodefesa contra os ataques de latifundiário, aproveitando a disposição popular para se opor ao regime.

APARTHEID CONTINUA

FORMAR COMITÊS DE AUTODEFESA

Latifundiários brancos são condenados por assassinato de jovem negro na África do Sul

Jovem morre após ser agredido pela Policia, no interior de SP

N

o país com um passado marcado pelo regime do apartheid, o julgamento do assassinato covarde de um adolescente negro terminou com a condenação dos autores, dois fazendeiros brancos, no Tribunal de Mahikeng, capital da província de North West, na África do Sul, na última quarta-feira (dia 6). Pieter Doorewaard, de 28 anos, e Philip Schutte, 35 anos, foram sentenciados a 18 e 23 anos deprisão, respectivamente, pelo sequestro e assassinato de Matlhomola Mosweu, de 15 anos, suspeito de roubar girassóis. O pai da vítima, Sakie Dingake, disse que ficou desapontado com o veredicto. “Eu esperava uma sentença de mais de 30 anos de prisão”, disse ele à AFP. Em 2017, a dupla surpreendeu o adolescente, roubando plantas de girassol perto da cidade de Coligny (noroeste). Sob o pretexto de levá-lo à delegacia, os homens conduziram Mosweu num carro, de onde foi em-

purrado. Com a queda, o jovem teria quebrado o pescoço, o que o levou à morte. O crime gerou revolta na região, com manifestações e pilhagens de lojas de comerciantes brancos em Coligny. A situação expõe a verdadeira relação de forças que ainda persiste no país, mesmo com o fim formal do regime de segregação racial, dado sob uma política conciliatória, para evitar uma revolução. Detentores grande parte das riquezas e com uma influência desproporcional nas decisões políticas, a elite branca latifundiária é responsável por frequentes ataques de conotação racista, principalmente nas áreas rurais, elevando e as tensões raciais na África Sul onde a emancipação dos negros, maioria do País, só pode vir de uma mobilização revolucionária que exproprie a burguesia branca e racista e imponha um verdadeiro governo operário, de maioria negra.

U

m adolescente morreu na noite desta terça-feira (dia 06/03) após intervenção da Polícia Civil numa festa de carnaval em São Luiz do Paraitinga, na região do Vale do Paraíba, Estado de São Paulo. Gabriel Galhardo, de 16 anos, foi atingido por um cassetete e bateu de cabeça no chão. Ele chegou a receber atendimento na Santa Casa da cidade, mas não resistiu e veio a óbito. Segundo testemunhas, Gabriel estava tentando se afastar de um grupo que tinha iniciado uma briga, mas recebeu um golpe desferido por um policial. Já a Polícia alega que interviu dessa maneira na situação porque a briga estava causando uma confusão generalizada. Esse é mais um caso que evidencia como atuam as polícias: com truculên-

cia, agressividade e de modo criminoso. Principalmente contra a população pobre e negra e também contra a juventude. Diferentemente do que muitos imaginam, e do que é propagado pela imprensa burguesa, a Polícia não serve para proteger o cidadão. Ela serve para, através de diversos mecanismos, reprimir e massacrar a população para garantir os interesses da classe dominante e, assim, poder espoliar a população. Por isso, é preciso intensificar a luta pela dissolução completa de todas as polícias. E a sua substituição por milícias populares, controladas pela população. Para que a população dos bairros operários possa ter meios de fazer a sua autodefesa e para que possam reagir às arbitrariedades do Estado.


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