QUINTA-FEIRA, 14 DE MARÇO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5581
DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003
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Um ano de um assassinato político: direita faz de tudo para esconder a verdade sobre o caso Marielle Franco Às vésperas de completar-se um ano dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a prisão dos dois ex-policiais militares apresentados como supostos executores do crime, o sargento aposentado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, além de confirmarem a participação direta de elementos ligados ao aparato repressivo estatal e paraestatal e muito próximos (segundo apontam as “coincidências”) do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, intensificarem a enorme crise política que atravessa o governo ilegítimo, vão jogando por terra um conjunto de “análises” absurdas a respeito do ocorrido.
EDITORIAL
Massacre de Suzano: a culpa não é do armamento da população, mas do regime de opressão capitalista Na manhã da última quarta-feira (13), dois jovens invadiram uma escola em Suzano, na Grande São Paulo, e atiraram contra estudantes e funcionários, levando ao menos oito pessoas a óbito. Em seguida, os jovens, que eram ex-alunos da escola em questão, cometeram suicídio.
Derrubar Bolsonaro, o presidente das milícias fascistas e dos grupos de extermínio Nesta segunda-feira (12), o Brasil amanheceu com a notícia de que os suspeitos de serem os assassinos de Marielle Franco, estavam sendo presos pela polícia civil, após praticamente um ano do crime ter sido cometido.
Quem é o crime organizado? Depois do fundo da Lava Jato, Moro quer órgão para “administrar” bens apreendidos
Crime contra a soberania nacional: Bolsonaro transformará a base de Alcântara em uma base militar dos EUA
10 coincidências que envolvem Bolsonaro e os presos suspeitos de terem matado Marielle
A cada dia nota-se a relação do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, com os avanços de setores estimulados pela extrema-direita no país, como os suspeitos da morte da vereadora do Psol, Marielle Franco. Nos últimos dias, as notícias demonstram as “coincidências” com o presidente golpista e demais membros da família Bolsonaro.
Trump quer que EUA invistam 500 milhões de dólares para atacar a Venezuela O governo imperialista norte-americano apresentou uma proposta ao Congresso, na qual solicita um repasse de US$ 500 milhões, provenientes do orçamento público para que o Departamento de Estado dos EUA continuem com suas ações golpistas na Venezuela.
2 | OPINIÃO EDITORIAL
Massacre de Suzano: a culpa não é do armamento da população, mas do regime de opressão capitalista N
a manhã da última quarta-feira (13), dois jovens invadiram uma escola em Suzano, na Grande São Paulo, e atiraram contra estudantes e funcionários, levando ao menos oito pessoas a óbito. Em seguida, os jovens, que eram ex-alunos da escola em questão, cometeram suicídio. Como em todo acontecimento de grande repercussão, a imprensa burguesa utilizou o fato para desviar as atenções das contradições mais agudas do capitalismo e procurou fazer alguma demagogia para arrastar setores da pequena-burguesia para uma política contrarrevolucionária. Nesse caso, a burguesia, acompanhada da esquerda pequeno-burguesa, aproveitou os acontecimen-
tos para fazer uma campanha pelo desarmamento da população e, inevitavelmente, pelo fortalecimento da Polícia. Para a burguesia e para a esquerda pequeno-burguesa, o brasileiro não poderia andar armado porque seria irracional, isto é, capaz de adentrar uma escola atirando em crianças. No entanto, essa concepção obrigatoriamente leva a duas conclusões profundamente adversas ao desenvolvimento da luta dos trabalhadores. A primeira é de que, se o povo brasileiro é irracional, o monopólio das armas deveria estar nas mãos de um órgão racional. O nome do órgão que possui o monopólio do uso das armas é a Polícia, que é fundamentalmente bolsonarista. Ou
COLUNA
Spielberg, Netflix e o monopólio do cinema Por João Silva
U
m dos debates que vem acontecendo no chamado “mundo do cinema” é a discussão feita recentemente pelo diretor Steven Spielberg contra a participação de filmes de streaming, mais precisamente filmes da Netflix, no Oscar. Na última edição do prêmio da indústria do cinema, o filme da Netflix, “Roma”, venceu em três categorias, Filme Estrangeiro, Fotografia e Direção e quase levou o de melhor filme. Um destaque considerado para um filme que sequer passou nas salas de cinema, ou seja, não é arrecadou milhões de dólares de bilheteria. Os argumentos apresentados pelo veterano diretor de cinema são bem simplórios. A Netflix é um canal de TV e portanto os seus filmes devem concorrer em premiações que premiam filmes para a TV, como é o caso do Emmy. Mas como a ingenuidade passou longe, é óbvio que Spielberg está representando os grandes estúdios, eles mesmo, dono de um, que se veem ameaçados pelo sistema de streaming da Netflix. A Netflix, por outro lado, é mais um gigante do cinema, mais uma empresa capitalista interessada em dinheiro, assim como os estúdios. E para tanto investiu nada mais e nada menos que 50 milhões de dólares para que “Roma” tivesse o destaque suficiente para obter as 10 indicações que foram para o filme de Alfonso Cuarón que resultaram nas três estatuetas. O fato da Netflix ter possibilitado uma certa democratização para se assistir os filmes já que uma mensalidade do canal de streaming chega a ser mais barato que um ingresso no cinema, gera uma falsa ideia, defendida por muitos, de que a Netflix é uma alternativa mais humana ao canibalismo dos blockbusters que dominam as salas de cinema. Podemos dizer que
é uma outra forma de ver filmes, mas que tem tanto interesse econômico quanto os filmes de Hollywood. O investimento da Netflix no Oscar não é à toa. Os filmes que passam no Oscar, que ganham prêmios, são muito rentáveis. Ganham destaque, ficam em evidência, são comentados em todos os meios de imprensa o que gera mais receita para os filmes. Outro mito da Netflix é que produz filmes “maravilhosos”, em primeiro lugar grande parte dos filmes que supostamente são produzidos pela Netflix, na verdade são comprados, prontos, pelo serviço streaming. Já a parte do “maravilhosos” não é bem assim. Há muito filme ruim “produzido” pela Netflix. Sem falar das produções abertamente golpistas, como “Capacetes Brancos”, “O Mecanismo”, etc. De um lado, Spielberg, representando a indústria carniceira que não quer perder o monopólio do cinema. De outro, a Netflix que sob a fachada de uma inovação, inclusiva e plural, também quer seu quinhão no mercado de cinema. Já o público fica sentado assistindo a esta briga que não deve acabar tão cedo. O fato é que com o advento da internet e dos sim, maravilhosos, sítios que permitem baixar filmes que estão no cinema ou na Netflix, sem custo, o cinema está mais acessível que nunca.
seja, se o povo é irracional, o racional seria o bolsonarismo. A segunda conclusão da tese que a burguesia apresenta é que se o brasileiro é um ser incapaz de utilizar uma arma, então o ministro golpista da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, estaria correto ao afirmar que os brasileiros são canibais. Concordar com a ideia de que o brasileiro não possui faculdades psíquicas para carregar uma arma seria, portanto, concordar com Ricardo Vélez Rodríguez. Os assassinatos em Suzano nada têm a ver com o armamento ou não da população. Embora os motivos específicos ainda sejam desconhecidos, o crime realizado pelos jovens é consequência direta da decadência do capi-
talismo. Matar crianças em uma escola e tirar a própria vida em seguida não é perspectiva de vida para ninguém: isso é resultado do massacre que o capitalismo opera contra todos. Em uma sociedade em que não há perspectiva de emprego, em que a Polícia mata arbitrariamente a depender da cor da pele da vítima, em que a Educação é tratada com o maior descaso, é natural que os indivíduos, esmagados, reajam de maneira violenta e irracional contra a realidade que lhe é imposta. Para impedir novos massacres, a tarefa da esquerda revolucionária não pode ser tirar as armas da população, mas sim armá-la e mobilizá-la para enfrentar seu verdadeiro inimigo: o capitalismo.
POLÍTICA | 3
UM ANO DE UM ASSASSINATO POLÍTICO
Direita faz de tudo para esconder a verdade sobre o caso Marielle Franco
À
s vésperas de completar-se um ano dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a prisão dos dois ex-policiais militares apresentados como supostos executores do crime, o sargento aposentado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz, além de confirmarem a participação direta de elementos ligados ao aparato repressivo estatal e paraestatal e muito próximos (segundo apontam as “coincidências”) do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, intensificarem a enorme crise política que atravessa o governo ilegítimo, vão jogando por terra um conjunto de “análises” absurdas a respeito do ocorrido. Uma questão que fica evidente é que a intervenção militar no Rio de Janeiro – que nunca teve a intenção de “combater a violência” como anunciavam os golpistas e sua venal imprensa burguesa – não apenas criou condições mais facilitadas para as execuções (da mesma forma que para uma matança ainda mais intensa nas comunidades operárias do Rio), como serviu para encobrir durante todo esse tempo os assassinos e seus mandantes ou consorciados. É bom lembrar que durante praticamente todo o ano de 2018 o Estado do Rio esteve sob intervenção das Forças Armadas. Oficialmente, inclusive, a intervenção se deu justamente a Secretaria de Segurança do Estado que, nesse período, não apontou nenhuma conclusão sobre o crime. Isso tudo em um momento em que a extrema-direita se preparava para tomar o
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poder no País. Ao longo desse período muitos setores, inclusive da esquerda pequeno-burguesa, procuraram apresentar a tese absurda do “crime de ódio”, como se o caso – assim como vários outros que atingiram dirigentes e militantes da esquerda em todo o País – não se tratava claramente de uma ofensiva de setores da direita – conectados e acobertados por elementos e estruturas do regime golpista – que levam adiante não uma política de ódio, em geral, mas de ódio, perseguição e repressão contra os trabalhadores e a esquerda e suas organizações. A apresentação dos supostos executores do crime está longe de esclarecer o ocorrido e evidencia a crise e a divisão no interior do aparato de segurança do Rio e do conjunto do regime golpista. Os acusados foram presos por ordem de um juiz-substituto do 4º Tribunal do Júri, Guilherme Schilling Pollo Duarte, após denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) e o delegado apresentado como responsável pelas investigações e que chegou a citar as proximidade do suposto assassino como presidente da República (mesmo alegando que “isso não estava sendo investigado”), acaba de ser afastado do caso, “premiado” com um curso no exterior. É evidente que há uma crise na qual, por detrás da apresentação de fatos e provas circunstanciais, realiza-se um enorme esforço para ocultar as rela-
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ções mais profundas dos acusados com personalidades do golpe, como o próprio presidente e sua família, e com a superestrutura criminosa que atua no Rio de Janeiro e, por certo, em todo o País. Todo o País viu fotos dos supostos assassinos ao lado do presidente; viu que o suposto atirador reside no mesmo condomínio luxuoso da família presidencial, na região nobre da Barra da Tijuca; e foi informado pelo delegado afastado que até relações de namoro dos filhos aproximam por demais os acontecimentos do presidente da República. Também veio à tona o verdadeiro arsenal com – pelo menos – 117 fuzis de alto valor (cerca de R$ 40 mil cada) e periculosidade, pretensamente sob a posse do sargento incriminado, deixando claro que – nem de longe – estamos diante de uma ação individual, indivíduos isolados, mas de uma ação criminosa de elementos com vínculos com o aparato repressivo e com as instituições e elementos de proa do regime golpista. O que se mostrou até agora no Rio de Janeiro não é mais do que a ponta de um gigantesco iceberg, da máquina de perseguição e massacre de trabalhadores, de suas lideranças políticas, da esquerda, desenvolvida por setores vinculados ao imperialismo norte-americano que se organizaram por fora da Lei e por dentro do aparato repressivo para tomar de assalto o governo do País e levar adiante uma política de destruição da economia nacional e de ataque a tudo que diga respeito
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às necessidades e interesses do povo brasileiro. Com o governo na corda bamba, as diversas frações da burguesia parecem, ao menos por enquanto, que nem de longe estão dispostas a levar adiante e a fundo qualquer elucidação dos acontecimentos o que poderia fazer desmoronar não só o governo ilegítimo e cambaleante de Bolsonaro, como provocar fissuras profundas em todo o regime golpista. As organizações dos trabalhadores devem denunciar as manobras nesse sentido, de forma alguma se comprometer com qualquer uma das alas em disputa e tampouco dar cobertura à fraude propondo uma “apuração” comum com os golpistas, como é o caso da proposta de iniciativa de CPI no Congresso dominado pela direita reacionária, levantada pelo Psol. É preciso exigir que a investigação seja tornada pública, acessível a todos os interessados. Contra a politica reacionária da esquerda pequeno-burguesa, de tirar um possível e duvidosos proveito eleitoral dos acontecimentos, em conluio com setores golpistas, a tarefa fundamental é impulsionar a mobilização – sem se deixar confundir pelas manobras que a direita vai buscar realizar – no sentido de levantar um gigantesco movimento de luta pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas e assassinos de Marielle, Anderson e milhares de pobres e negros na periferia do Rio e de todo o País, pela liberdade de Lula e pela derrota da ofensiva da direita em todos os terrenos.
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4 | POLÍTICA
FASCISTAS
Derrubar Bolsonaro, o presidente das milícias fascistas e dos grupos de extermínio N esta segunda-feira (12), o Brasil amanheceu com a notícia de que os suspeitos de serem os assassinos de Marielle Franco, estavam sendo presos pela polícia civil, após praticamente um ano do crime ter sido cometido. No desenrolar dos acontecimentos, ligações claras entre milicianos e o clã fascista de Bolsonaro, foram sendo reveladas pela imprensa golpista. Em primeiro lugar, foi revelado que um dos suspeitos preso, o PM reformado Ronie Lessa, era morador de uma casa que fica no mesmo condomínio, na Barra da Tijuca, onde fica a residência de Jair Bolsonaro. A Barra da Tijuca, bairro da zona Oeste do Rio de Janeiro, é conhecida por ser o bairro dos novos ricos da cidade, sendo um dos metros quadrados mais caros da capital fluminense. Na declaração de bens do próprio Bolsonaro para o TSE por ocasião das eleições presidenciais de 2018, aparecem 2 imóveis no mesmo condomínio onde Lessa possui uma casa, na Avenida Lúcio Costa. A Avenida Lúcio Costa é um dos endereços mais caros do bairro e os imóveis declarados por Bolsonaro estão claramente sub valorizados (R$ 600 mil e R$ 400 mil), o que é um claro indício de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. A média dos preços para casas nesse condomínio é da ordem de R$ 4 milhões. Ainda no desenrolar dos fatos, a polícia civil apreendeu, em uma residência relacionada a Lessa, nada menos que 117 fuzis, novos, de última gera-
ção, sendo que em alguns deles aparece as inscrições das armas destinadas às forças armadas norte americanas. Continuando a falar sobre as relações entre o clã fascista e as milícias do Rio de Janeiro, o delegado da polícia civil, Giniton Lages, afirmou que as investigações descobriram que Renan, filho mais novo do presidente ilegítimo, namorou a filha do ex-PM que teria atirado em Marielle. Após a entrevista para a imprensa burguesa, na qual revelou o namoro de Renan com a filha de Lessa e outros detalhes sobre o envolvimento do clã Bolsonaro, o delegado Lages foi afastado do caso sob a alegação de que existem “diferenças” entre ele e o novo responsável pelo caso, o diretor do Departamento de Homicídios, Antônio Ricardo Lima Nunes. O delegado Lages, ficou sabendo do seu afastamento do caso por meio de uma coluna de Lauro Jardim, marionete do jornal que apoiou o golpe, “O Globo”. O atual governador do Rio de Janeiro, boneco de ventríloquo do bolsonarismo e eleito por um processo eleitoral com fortes indícios de fraude, Wilson Witzel (PSC), declarou que o afastamento do delegado foi por ele estar “exausto”, e que ele irá para a Itália se dedicar a um “programa de intercâmbio” com a polícia italiana. Wilson Witzel, que não possuía mais que 5% nas pesquisas de intenções de votos para o governo do Rio de Janeiro, de maneira “milagrosa”, passou para a disputa do segundo turno das eleições em primeiro lugar.
Claramente fascista, Witzel, que já declarou que a polícia deve mirar na cabeça das pessoas e atirar, em clara declaração de guerra à população, esteve no mesmo palanque onde o troglodita da direita e candidato a deputado federal, Rodrigo Amorim (PSL), se apresentou com uma placa em homenagem à vereadora Marielle, quebrada ao meio. Todas essas evidências das ligações entre o clã Bolsonaro e as milícias do Rio, são intensificadas com declarações do presidente ilegítimo em plenário da câmara dos deputados, enquanto ainda ocupava esse cargo. Disse Bolsonaro: “…querem atacar o miliciano, que passou a ser símbolo da maldade e pior do que os traficantes. Existe miliciano que não tem nada a ver…” “… enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, será muito bem-vindo.” Também devemos nos lembrar que Bolsonaro e seu filho Eduardo votaram contra a criação da CPI das milícias, que empregaram em seus gabinetes famílias inteiras de suspeitos de comandar as milícias, que recebiam repasses de gordas quantias em depósitos particionados, vindos do famoso Queiróz, que seu filho Flávio (atual senador do RJ pelo PSL) homenageou pelo menos 23 policiais e militares declarados culpados ou em julgamento por crimes envolvendo as milícias, entre outros indícios contundentes do envolvimento do clã fascista com o cri-
me organizado no Rio, como inúmeras fotos dos Bolsonaro abraçados com milicianos em momentos de intimidade da vida familiar. A imagem do início dessa matéria mostra Bolsonaro abraçado ao sargento Élcio Queiroz, também preso, suspeito de ser o motorista do carro de onde partiram os disparos que mataram Marielle. Isso põe em evidência o perigo que toda a esquerda está correndo, vendo se formar, debaixo de nossos narizes, uma milícia fascista de assalto do poder, muito bem equipada, com grande influência e com um imenso potencial destrutivo para as organizações da classe trabalhadora. O momento para o governo ilegítimo é de fragilidade, sendo atacado por setores da burguesia e pela população nas ruas, como foi visto amplamente no carnaval, quando diversos blocos em diversas regiões do país entoavam o grito de guerra “Ei, Bolsonaro. Vai tomar no c*” e cantavam a marchinha que ficou famosa com os dizeres “Doutor! Eu não me engano. O Bolsonaro é miliciano”. Mais do que nunca é necessário levantarmos as palavras de ordem “Fora Bolsonaro” e “Liberdade Para Lula”, para colocarmos abaixo o golpe de Estado pelo qual estamos passando, derrubarmos o governo ilegítimo e abrir caminho para a luta por um governo operário, controlado pelos trabalhadores e as organizações de luta de todo o povo. Para isso, devemos todos engrossar a organização e atividades dos Comitês de Luta contra o golpe de todo o País e, nesse momento, preparar uma grande mobilização em torno da Plenária Nacional Lula Livre, no próximo dia 16 de março, em São Paulo.
GOLPISTAS
Quem é o crime organizado? Depois do fundo da Lava Jato, Moro quer órgão para “administrar” bens apreendidos
O
s articuladores da campanha contra a corrupção são sempre os maiores corruptos de todos. Esta verdade, que tem sido destacada incansavelmente pela imprensa do Partido da Causa Operária, torna-se a cada dia mais cristalina. O infame juiz Sérgio “Mussolini de Maringá” Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública, tem dado demonstrações sistemáticas disso. Depois de terem visto naufragar a proposta da criação de uma “Fundação” da Lava Jato, que centralizaria em tese uma verba de R$ 2,5 bilhões anuais, mais uma vez os ‘benfeitores’ da Lava Jato avançam vorazmente sobre o dinheiro público. A mais nova proposta de Sergio Moro é ainda mais escandalizante. Ele pretende aprovar um projeto lei que criaria uma ‘Agência’ pública para ‘gerenciar’ os bens apreendidos em operações jurídicas e policiais. A notícia saiu no portal golpista UOL, ligado à Folha de S. Paulo. A matéria destaca ainda que já existem
trâmites para destinar esses recursos para os cofres públicos. A novidade seria que esta agência, que centralizaria estes recursos, estaria sob o comando de Moro. Podemos tirar algumas conclusões muito interessantes sobre esse apetite insaciável que Moro e a Lava Jato tem pelo erário público. Primeiro de tudo, toda aquela campanha moralista, que dizia que o Estado é um elefante branco e que pregava por uma redução sistemática deste em função da “maravilhosa” iniciativa privada, era uma farsa completa. Agora que estão no governo, estes moralistas de araque não só buscam criar mais órgãos públicos, o que evidentemente aumenta os gastos, como procuram utilizar este órgão para se apropriar de bens apreendidos em operações policiais. Pensar na possibilidade de que estes vigaristas da Lava Jato, verdadeiros cachorros do imperialismo, possam controlar bens apreendidos neste tipo de operação é um grande pesadelo. Não apenas para
os indivíduos perseguidos pela direita, mas até mesmo para as empresas nacionais que são um entrave para o imperialismo estrangeiro. Caso essa proposta indecente seja aprovada, podemos esperar um verdadeiro achaque dos policiais e forças repressivas, em uma escala ainda maior do que já estamos acos-
tumados. Por isso, como muito bem destacou o companheiro Rui Costa Pimenta em oportunidades anteriores, um aviso de primeira importância: quando você ouvir alguém falar em campanha contra a corrupção, segure sua carteira com todas as suas forças. Você está prestes a ser assaltado.
POLÍTICA| 5
CASO MARIELLE
10 coincidências que envolvem Bolsonaro e os presos suspeitos de terem matado Marielle A cada dia nota-se a relação do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, com os avanços de setores estimulados pela extrema-direita no país, como os suspeitos da morte da vereadora do Psol, Marielle Franco. Nos últimos dias, as notícias demonstram as “coincidências” com o presidente golpista e demais membros da família Bolsonaro. São tantas que é possível elencá-las: 1. Bolsonaro sempre foi uma figura política da extrema-direita. Já em 2003, defendia a existência de grupos de extermínio na Bahia, na época afirmou serem úteis na falta da pena de morte no País e portanto seriam eficazes e que tinham seu total apoio. O mesmo assegurou a informalidade dos esquadrões da morte, mas deu os parabéns e se dispôs a expandir a prática em seu estado de origem, o Rio de Janeiro. 2. Em 2007, Flávio Bolsonaro, deputado estadual do Rio de Janeiro, alinhado à política do pai, já fazia declarações abertas que atacavam o povo, naquele ano afirmou que as milícias deviam ser legalizadas.
3. Logo em seguida, Flávio Bolsonaro foi o único a votar contra a CPI das milícias e portanto corroborando com sua tese anterior de legalização, o histórico da família com os grupos é antigo. 4. Foi nomeado pelo governo bolsonarista, o membro do esquadrão da morte “Scuderie Le Cocq”, Carlos Humberto Manatto, para o cargo de Secretário Especial da Câmara dos Deputados. Somente no estado onde residia o ex-deputado (Espírito Santo) foram cerca de 1.500 pessoas mortas pelo esquadrão da morte. 5. Flávio Bolsonaro empregou em seu gabinete mãe e mulher de um chefe de milícia. Posteriormente, foi revelado que a tesoureira de seu partido (PSL), Valdenice de Oliveira Meliga, é irmã de dois milicianos que foram presos por operação da Policia Federal. 6. Durante a campanha eleitoral, candidatos do PSL, partido de Bolsonaro, quebraram placa em homenagem a Marielle Franco, assassinada há um ano atrás no Rio. A placa fora
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quebrada sob discurso fascista dos candidatos, onde diziam que havia acabado a esquerda, bem como falou-se da supressão de partidos como PT, Psol e PCdoB etc. O ato demonstrou o escárnio da direita com a morte da vereadora, onde se falou que 60 mil morrem no país, mas não recebem homenagem como Marielle. 7. Foi realizado pela milícia de São Gonçalo campanha eleitoral favorável a candidato do partido do presidente ilegítimo. O candidato, Fernando Salema, era ex-comandante do batalhão de São Gonçalo, evidentemente toda a ligação com a milícia e qualquer tipo de campanha feita e ou encontro foi negado pelo deputado e demais questionados. 8. Estourado o escândalo com o motorista de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz; houve toda uma delonga no desenrolar do caso. Antes de ir para o hospital, Queiroz se refugiou em território de milicianos para não depor sobre o acontecido. 9. Mais uma vez, Flávio Bolsonaro,
foi único a ser contra a concessão da medalha Tiradentes para Marielle Franco. Outra vez a direita fascista mostrando que não há mais demagogia a se fazer, defende-se abertamente seu discurso brutal. 10. Finalmente, mas não o fim das coincidências da família Bolsonaro com a milícia, a última notícia da semana se deu pela proximidade do presidente golpista com os suspeitos da morte da vereadora do Psol. Um dos suspeitos do assassinato da vereadora, era vizinho de Jair Bolsonaro e seus filhos já tiveram envolvimento amoroso, mas ainda assim o capacho do imperialismo nega qualquer envolvimento com os suspeitos e qualquer ligação com milicianos. Bolsonaro representa a extrema-direita no poder, sua ligação com setores como as milícias é inerente a esse setor obscurantista que quer massacrar o povo e extinguir qualquer organização de luta, características tipicamente fascistas e que denotam que não há coincidência alguma.
6 | INTERNACIONAL
BREXIT
Aprofunda-se a crise política do imperialismo britânico
P
ela segunda vez, o parlamento inglês rejeita a proposta de saída da união europeia da Theresa May. A crise do governo inglês está abrindo
espaço para o Labour Party (Partido do Trabalho) clame por novas eleições. Jeremy Corbyn, líder do partido e da oposição no parlamento seria o
mais cotado para assumir o cargo de Primeiro Ministro. A saída da União Europeia da Grande Bretanha implica abandonar uma série de leis e regulamentos, cuja permanência teria que ser votada separadamente. Esse processo extremamente difícil fraciona com muita facilidade os interesses heterogêneos dos parlamentares ingleses, enfraquecendo May, cuja popularidade já é baixa, e abrindo espaço para a oposição. A ala esquerda dentro do LP, representada por Corbyn cresceu muito nos últimos anos e tem uma forte ligação com os sindicatos. Para a direita inglesa isso é uma verdadeira ameaça. Embora tenham tentado fracionar o partido pressionando membros da ala direita a saírem do partido, e empreitado um forte campanha contra o líder, nenhum sucesso foi obtido até
agora. A principal campanha que se empenha contra Jeremy é de calúnias, acusando-o de ser antissemita. Essa campanha foi feita em conjunto com o governo de Israel, que sem o apoio da Inglaterra, apoio que seria provavelmente negado se Corbyn assumisse o cargo de Primeiro Ministro, deixaria o país enfraquecido no Oriente Médio. A saída de May para a entrada de Corbyn, seria uma perda incalculável para o imperialismo inglês. O imperialismo europeu como um todo encontra-se em crise. Macron está em maus lençóis na França, Merkel está numa disputa interna dentro de seu próprio partido e a extrema direita ascende na Itália e na Espanha. A esquerda europeia tem que apresentar rapidamente uma alternativa e tomar a dianteira da política no velho continente.
CAPACHO
Crime contra a soberania nacional: Bolsonaro transformará a base de Alcântara em uma base militar dos EUA O governo golpista e capacho dos interesses norte-americanos de Jair Bolsonaro se prepara para entregar a base de Alcântara no Maranhão para os norte-americanos. A entrega é parte do Acordo de Salvaguardas Tecnológicas, o qual vem sendo discutido desde 2016, após o golpe contra a presidenta Dilma. De acordo com este tratado, fica permitido o uso comercial deste espaço. A base de Alcântara é o melhor lugar do mundo para colocar mísseis e satélites em órbita, por isso o interesse norte-americano que quer utilizar a base para fins militares, ou seja, para levar adiante a sua política de repressão e esmagamento dos povos oprimidos. É preciso deixar claro que a entre-
ga da base aos EUA é mais um crime contra a soberania nacional promovido pelos golpistas. Vale ressaltar que após o golpe de 2016 o que se verifica é uma integra praticamente integral de todo o patrimônio nacional, como é o caso da Embraer, da Petrobrás, da Eletrobrás, etc. Temos no governo hoje uma verdadeira quadrilha de pilhagem da riqueza, da ciência e de todo o patrimônio nacional à favor dos interesses estrangeiros. É necessário mobilizar a população de maneira imediata para colocar abaixo todo esse regime golpista de exploração do povo que se acentua a cada dia. É preciso levantar as palavras de ordem de Fora Bolsonaro e Liberdade para Lula.
de 1980, onde os EUA usaram o pretexto de “ajuda humanitária” para enviar armas para os grupos de oposição na Venezuela. A exigência do governo Trump de mais dinheiro para financiar o golpe na Venezuela revela também que o imperialismo prepara uma nova e
mais dura investida contra o governo Maduro. É preciso que as organizações de esquerda de toda a América Latina se mobilizem em defesa do governo Maduro e de todo o povo venezuelano. A luta contra o golpe na Venezuela é parte central da luta contra o imperialismo na América Latina.
IMPERIALISMO Trump quer que EUA invistam 500 milhões de dólares para atacar a Venezuela
O
governo imperialista norte-americano apresentou uma proposta ao Congresso, na qual solicita um repasse de US$ 500 milhões, provenientes do orçamento público para que o Departamento de Estado dos EUA continuem com suas ações golpistas na Venezuela. A solicitação foi uma exigência do Secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo. Na proposta, o governo dos EUA afirma de maneira cínica que o dinheiro seria destinado para promover a “transição democrática” no país da América Latina. Trata-se no entanto de mais uma ação criminosa por parte do imperialismo que vem há vários anos impondo uma verdadeira política golpista con-
tra o governo chavista na Venezuela. Um dos pilares desta política é o financiamento dos grupos de direita e de extrema-direita no interior venezuelanos. Na última semana, por exemplo, um vídeo divulgado por apoiadores do presidente legítimo Nicolas Maduro, mostra a tiros sendo desferidos por atiradores direitistas do alto de prédios em um bairro de Caracas contra um grupo de motoqueiros chavistas. A própria demagogia em relação a chamada “ajuda humanitária” foi uma tentativa por parte do imperialismo de invadir o território venezuelano, além de enviar armas para a oposição golpista, como fora feito em outras situações, como na Nicaragua, na década