Edição Diário Causa Operária nº5650

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QUARTA-FEIRA, 22 DE MAIO DE 2019 • EDIÇÃO Nº 5650

DIÁRIO OPERÁRIO E SOCIALISTA DESDE 2003

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Dia 26: o fascismo procura levantar a cabeça; não vamos deixar! POLÍTICA

A greve geral deve colocar como eixo principal a derrubada de Bolsonaro As manifestações do último dia 15 de maio deixaram claro o repúdio popular ao governo golpista e ilegítimo de Bolsonaro.

POLÍTICA

Liberdade para José Dirceu!

O governo Bolsonaro está na corda bamba. Os atos do dia 15 mostraram o enorme descontentamento com a política do golpe representada pelo atual governo. ESTE DIÁRIO PRECISA DE VOCÊ, AJUDE-NOS! FAÇA UMA ASSINATURA SOLIDÁRIA HOJE MESMO

EDITORIAL

Aproveitar as oportunidades quando elas se apresentam Os atos do dia 15 confirmaram que há uma tendência favorável à luta e à mobilização contra a direita golpista, para a surpresa de amplos setores mesmo na própria esquerda.

Frente com os golpistas, não! Como o enfraquecimento do governo Bolsonaro põe em risco todo o regime golpista, as burguesias nacional e imperialista procuram mais uma vez colocar em marcha a política de Frente Popular. De acordo com matéria publicada no sítio Brasil 247, foi lançada uma frente composta por 10 partidos, incluindo o PT, o PSOL, o PCdoB, o PDT, o PV e o PSDB!

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Dia 30: é preciso uma gigantesca mobilização pelo Fora Bolsonaro em todo o País

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Os atos do dia 30 de maio devem contar com todo apoio das esquerdas, de todos os movimentos sociais, das centrais sindicais, de toda a militância.

Após ter recurso negado pelo golpista TRF-4, José Dirceu voltou para a prisão, pela quarta vez, na sexta-feira (17), sendo encarcerado no Complexo-Médico Penal, localizado na região metropolitana de Curitiba. O Complexo foi projetado para cerca de 600 presos, e hoje abriga quase 900.



POLÍTICA | 3 EDITORIAL

Aproveitar as oportunidades quando elas se apresentam O

s atos do dia 15 confirmaram que há uma tendência favorável à luta e à mobilização contra a direita golpista, para a surpresa de amplos setores mesmo na própria esquerda. De imediato, revelaram também a total impopularidade do governo do golpista Jair Bolsonaro, eleito em uma farsa com apoio de apenas um terço do eleitorado. Durante o dia de atos e no dia seguinte, o governo apareceu diante do país duramente atingido e colocado contra as cordas. Além dos protestos nas ruas, em uma grande mobilização popular liderada pela juventude contra o governo, a direita golpista já vivia também sua crise interna, com as disputas entre setores diversos dentro do governo, a dificuldade dos bolsonaristas de agirem no Congresso e os dados econômicos catastróficos. Tudo isso compõe um cenário desfavorável para os capitalistas e seu controle sobre o regime político. Toda a manobra para apresentar o governo fraudulentamente “eleito” acabou não levando a lugar nenhum. No dia 15, a população começou a

colocar a situação política no mesmo patamar em que estava durante o governo de Michel Temer, que foi completamente liquidado com a greve dos caminhoneiros em maio, e sobreviveu os meses restantes a duras penas. Porém, mesmo com todas essas dificuldades, a direita pode se reorgani-

zar se tiver tempo e oportunidade para isso. Por isso, o momento favorável deve ser aproveitado agora mesmo, para derrubar o governo Bolsonaro e derrotar a direita golpista nas ruas. É o momento de ir pra cima da direita, tomar as ruas e exigir a saída de Bolsonaro, apresentando uma perspecti-

va à esquerda para a solução da crise política nacional. Dia 30, as mobilizações continuam, preparando a greve geral de 14 de junho. É preciso mobilizar e fortalecer as manifestações, levando essas palavras de ordem: Fora Bolsonaro! Eleições gerais já! Liberdade para Lula!

TRABALHADORES CONSCIENTES

Por que devemos gritar “a causa operária é o comunismo” N

osso Partido precisa de um grito de guerra. Emprestamos o ritmo do refrão “Partido, Partido, da Causa Operária” do PT. Nossos militantes gritam-no em atos partidários, manifestações etc., talvez sem se dar conta de que estão ecoando um grito do passado. Ocorre que por muito tempo a militância do PT calou seu grito, entoado pela primeira vez no início da década de 1980. Sua voz se levantou apenas muito recentemente, diante do golpe iminente contra Dilma Rousseff. A militância de base, os ativistas, cerraram fileiras, os dirigentes não. Sua política é confusa, desorientada. Há uma ala direita que puxa cada vez mais à direita (seu governador na Bahia acaba de declarar que a cobrança de mensalidades nas universidades públicas não pode “ser tabu”), conciliando com o “Centrão” e buscando uma via de entendimento com Mourão, um propagandista do golpe militar. Uma ala à esquerda se vê pressionada constantemente pelo aparato burocrático do Estado, os parlamentares, prefeitos e governadores de seu próprio partido, a burocracia partidária e sindical atrelada a ele. Só com muita dificuldade conseguem avançar seguindo o caminho correto para a luta, impulsionando a greve geral do dia 14 de junho, e flertando com a palavra de ordem de “Fora Bolsonaro”, a única que traduz em política o que o povo já grita nas ruas desde o começo do ano, em toda oportunidade em que se reúne uma multidão.

Nosso Partido comparece às manifestações e luta contra a burguesia com suas próprias bandeiras e palavras-de-ordem. Estamos lutando contra o golpe de Estado desde a primeira hora. Lutamos contra o impeachment, o processo fraudulento e a prisão de Lula e levantamos o “Fora Bolsonaro” desde o momento em que seu nome saiu das urnas fraudadas no ano passado. Temos nossa própria imprensa, um programa, uma história, tudo o que falta à esquerda pequeno-burguesa. Precisamos ter também nosso próprio grito de guerra. Ouvi um relato curioso. Um camarada contou que ouviu de um militante

do PT, jovem, que nosso grito de guerra era muito bom. Ele não sabia que era uma tradução do refrão inventado no PT há muito tempo. É preciso desfazer a confusão. A esse respeito, apresento uma proposta. Creio que nosso grito de guerra deva apresentar ao público mais do que apenas o nome do nosso Partido. Ele já está estampado em bandeiras, camisetas e na capa do nosso jornal. O nome do Partido da Causa Operária é conhecido por todo elemento consciente, militante, atuante na luta de classes. Seu significado, no entanto, talvez não.

Talvez alguns se perguntem ainda o que seria a “causa operária”. Devemos oferecer uma resposta imediata, clara, precisa. Os trabalhadores conscientes de todo o mundo lutam pela libertação de toda humanidade do jugo da propriedade privada, de toda opressão e exploração. Sabem que para isso é preciso uma revolução, é preciso um governo próprio da classe trabalhadora, a ditadura do proletariado. Tudo isso abre o caminho para atingir o seu fim último, a abolição da propriedade privada, o comunismo. Assim, devemos dizê-lo abertamente, a causa operária é o comunismo.


4 | OPINIÃO E POLÊMICA

REGIME GOLPISTA

Frente com os golpistas, não! C

omo o enfraquecimento do governo Bolsonaro põe em risco todo o regime golpista, as burguesias nacional e imperialista procuram mais uma vez colocar em marcha a política de Frente Popular. De acordo com matéria publicada no sítio Brasil 247, foi lançada uma frente composta por 10 partidos, incluindo o PT, o PSOL, o PCdoB, o PDT, o PV e o PSDB! É simplesmente impossível se travar uma luta contra o golpe por meio de uma aliança com o principal partido da articulação golpista, o PSDB. Todo um setor da população brasileira tem aprendido através das suas próprias experiências o que tem sido o golpe de 2016, que foi marcado pelo impeachment ilegítimo dado na presidenta Dilma. Em todo esse processo era visível o papel de destaque do PSDB, naquele momento notadamente por Aécio Neves, que tinha sido derrotado por Dilma. Uma frente com o PSDB tem como único objetivo confundir todo o movimento de luta contra o golpe e colocar toda a esquerda à reboque da burguesia. Não custa lembrar que foi

o próprio PSDB quem mais deu corda para o bolsonarismo e finalmente apoiou Bolsonaro quando constatou-se que seu candidato oficial, Geraldo Alckmin, era inviável. Mas não paramos por aí. Aparentemente como forma de deboche, a frente partidária recebeu a alcunha de “Direitos Já!”, numa alusão ao movimento das Diretas. Porém, quais direitos o PSDB defende para a população, se com uma lista muito pequena para o número de atrocidades que o partido é responsável aparece o racionamento de água, um programa agressivo de privatizações, o fortalecimento da política de genocídio dos moradores de favelas e periferias e o espancamento de milhares de professores e estudantes? Além da presença ilustre do PSDB também figuram na aliança o PDT de Ciro Gomes, o PSOL, o PCdoB e até o PV. O odor putrefato do coxinhismo, típico do MBL exala fortemente quando a matéria destaca que “os participantes disseram que não foram representando seus partidos.”. A reunião se destacou pela presença de Fernando Haddad e outros re-

CHARGE

TVMULHERES TODOS OS DOMINGOS, 19H

presentantes da ala direita do PT, de Guilherme Boulos, representando o PSOL e do líder do PCdoB na Câmara, Orlando Silva. No encontro, Haddad defendeu “que o grupo se organize em torno de uma agenda mínima de temas como educação, relações exteriores, geração de empregos e direitos humanos, e busque a adesão do centro e do “centro- direita liberal”.” Embora seja mínima, como pudemos ver a agenda não inclui a liberdade de Lula, mas é ampla o bastante para incluir o centro e a “centro-direita liberal”! Desta forma, Haddad, que “era Lula” nas eleições, abriu mão do preso político para se aliar com os responsáveis pela sua prisão. Já Orlando Silva, um destacado direitista do PCdoB, aponta que a denúncia e a luta contra esta frente, um verdadeiro crime contra todo o movimento de luta contra o golpe, seria na verdade sectarismo. Quer dizer, lutar por uma frente composta pelos amplos setores sindicais e populares, como a CUT e o MST que se mobilize nas ruas contra o regime golpista, pela derrubada do governo Bolsonaro e a liberdade imediata de Lula, sem ficar a reboque dos partidos golpistas que não defendem

estas reivindicações, seria sectarismo. O correto seria abdicar de tudo isso e entrar de cabeça em uma aliança com partidos golpistas tais como o PSDB, o PDT e o PV e a ala direita de partidos de esquerda como o PT, PSOL e PCdoB. A matéria termina com uma frase que narra um diálogo entre José Grigori, do PSDB e Suplicy. Grigori teria dito que “uma mistura dessas só vi nas Diretas-Já”. Nisso Grigori tem toda a razão. Em ambos os momentos o governo estava em uma crise muito grave e tanto lá quanto hoje em dia é necessário, do ponto de vista da burguesia implementar a política da Frente Popular, para conter o movimento popular que se desenvolve contra todo o regime político. Em ambos os casos a burguesia busca isolar a ala esquerda, tentando assim controlar todo o movimento. É fundamental denunciar amplamente essa tentativa dos grandes capitalistas de manter um regime golpista que está caindo pelas tabelas e os elementos da ala direita dos partidos de esquerda que estão na manobra, como Fernando Haddad, Guilherme Boulos e Orlando Silva, que estão procurando sustentar a podridão.


POLÍTICA | 5

DIA 26

O fascismo procura levantar a cabeça; não vamos deixar! O

governo Bolsonaro está na corda bamba. Os atos do dia 15 mostraram o enorme descontentamento com a política do golpe representada pelo atual governo. Diante a possibilidade de cair com menos de um ano de mandato, Bolsonaro está fazendo apelo para o que sobrou da sua base social (que encolheu de maneira recorde nos primeiros meses do governo, e após o carnaval não se manifestou mais nas ruas), e para sua base aliada no governo no intuito de organizar um ato em apoio a seu mandato. Os ratos foram os primeiros a pular do barco. Vários bolsonaristas estão rejeitando o chamado do capitão, as figuras mais escatológicas como Damares, Janaína Paschoal e Olavo de Carvalho, que compõe a ala mais histérica da extrema-direita não querem se comprometer com o ato do dia 26. O “professor” declarou semana passada que não se envolveria mais com a política brasileira. Esse setor do governo já não consegue mais medir forças com o centrão (representado pelos militares) e nem com a esquerda. Já a ala ligada mais diretamente ao imperialismo americano deu o recado a muito

tempo de que não está disposta a se sacrificar por Bolsonaro. O MBL e a imprensa burguesa, não estão apoiando o ato e nem sequer fazem propaganda. Domingo (26), está se encaminhando para ser um verdadeiro fracasso, uma enorme desmoralização para o presidente do país, em suma, um aprofundamento da crise que a esquerda tem que aproveitar. Quinta-feira (23), estudantes tomarão novamente as ruas para intensificar o ato do dia 30, a segunda leva das manifestações nacionais contra o governo. Esse ato deve ter em mente que a derrota dos programas neoliberais não são suficientes. A derrota do regime golpista de conjunto deve ser o objetivo da esquerda. Por isso a esquerda deve acarretar a população para expulsar os bolsonaristas que ousarem ir às ruas no domingo. No Rio de Janeiro, o movimento Parem de Nos Matar! está concovando uma ato no posto 8 de Ipanema na mesma data da passeada coxinha, com a premissa de que as favelas cariocas descerão ao asfalto para protestar contra o governo. Levar nossas bandeiras e nos somarmos

a esse movimento é imprescindível. Onde não houver ato convocado, os partidos de esquerda devem convocar um contra-ato imediatamente. Se o governo está em crise, não podemos esperar que a burguesia se recomponha e dê uma resposta para esse problema. A população deve tomar a situação em mãos e não esperar uma solução institucional. Se Bolsonaro cair pelas mãos do povo, qualquer substituição vinda da burguesia não terá a mínima legitimidade; Mourão não terá respaldo para sus-

tentar-se diante um movimento que derrubou um presidente. Convocar novas eleições gerais com a participação de Lula é a saída democrática para a atual situação. Sem a participação do ex-presidente, as novas eleições não passariam de uma fraude, assim como foram as eleições que elegeram Bolsonaro. Não existe uma saída fácil para a burguesia e a esquerda tomou a ofensiva na luta política. O momento é de gritar “Fora Bolsonaro”, “Liberdade Para Lula” e “Eleições Gerais Já!”.

DIA 30

É preciso uma gigantesca mobilização pelo Fora Bolsonaro em todo o País O

s atos do dia 30 de maio devem contar com todo apoio das esquerdas, de todos os movimentos sociais, das centrais sindicais, de toda a militância. É continuação dos atos do dia 15 de maio, que ocorreram em cerca de 250 cidades no país e mostraram a força e a importância da mobilização popular. A União Nacional dos Estudantes (UNE), de forma correta, não só fez a convocação para o dia 15 de maio, mas, em sintonia com o momento, convocou imediatamente atos para o dia 30 para manter a mobilização contra o governo Bolsonaro. A crise política pela qual passa o governo já preocupa a direita, e a burguesia em geral, que também já se movimenta para uma possível derrubada do presidente ilegítimo. É por esse motivo que os trabalhadores precisam se mobilizar e participar do ato convocado pela UNE. Garantir que os atos continuem a ter força e assim dar corpo à mobilização mesma dos próprios trabalhadores contra o governo golpista e fraudulento, em preparação à Greve Geral. Assim como Bolsonaro, e os apoiadores que ainda resistem a seu lado, está apostando no tudo ou nada, ameaçando o Congresso Nacional e o Judiciário, e investindo pesadamente na convocação para uma espécie de desagravo em favor do Capitão, nós

também temos a obrigação de fazer o melhor possível para garantir sucesso nos atos do dia 30 de maio. Para isso, a convocação é fundamental, assim como participar dos atos e orientar o movimento no sentido de que o momento é mais que propício para a derrubada do governo ilegítimo. É hora de chamar Novas Eleições. Não devemos nos deixar enganar pelo discurso que prevaleceu em 2018 – e que convenceu parte da militância – da impossibilidade de Lula participar das eleições. Temos que exigir novas eleições com a participação de Lula. Repita-se: essa chamada visa a fortalecer a Greve Geral do dia 14 de junho.

É uma construção necessária. Temos que aproveitar as condições favoráveis e não desmobilizar. O Fora Bolsonaro já mostrou ser uma palavra de ordem que unifica e nela vamos investir e assim consolidar a mobilização nas ruas, para transformar o dia 14 de junho num marco da luta contra o golpe. Não se trata, portanto, de apoiar impeachment de Bolsonaro, nem tampouco de criticar algumas políticas setoriais do governo. A luta é contra o governo de extrema-direita, contra seu projeto de destruição das esquerdas, dos movimentos sociais, de levar o país à miséria, de entregar as riquezas do país para o império, de destruir

todas as proteções existentes com que contam as minorias. O General Mourão igualmente não representa nada diferente disso e é também objeto de nossa mobilização, pois faz parte do projeto de destruição do país que esse governo executa nesse momento e continuará executando se não for parado agora. Esse governo, sabemos, foi uma saída improvisada. Bolsonaro nunca foi a primeira opção da direita, do imperialismo, ou da burguesia nacional, por isso, descarta-lo não é um problema. Foi um ato arriscado colocar nas mãos de um político de tão baixa qualidade e preparo o comando do país. A estabilidade não estava exatamente no horizonte dos golpistas. Era previsível que chegaríamos nesse ponto de total instabilidade, mas não se esperava fosse tão cedo. Pelo menos a burguesia não esperava. De toda forma, não podemos deixar nas mãos dela, da burguesia, da direita, que tem hoje controle das instituições, uma saída para a crise. Podem até dispensar Bolsonaro, mas manterão uma igual política de ataque aos direitos da população e de entrega da economia ao imperialismo. Ou nós assumimos as ruas, as mobilizações, ou a direita vai trocar Bolsonaro por outro que promoverá um governo tão ou mais repressivo e destruidor que o dele. Apoio total aos atos do dia 30 de maio, momento fundamental de preparo para a Greve Geral. Todos pelo Fora Bolsonaro, todos por Eleições Gerais.


6 | POLÍTICA

GOVERNO ILEGÍTIMO

A greve geral deve colocar como eixo principal a derrubada de Bolsonaro A

s manifestações do último dia 15 de maio deixaram claro o repúdio popular ao governo golpista e ilegítimo de Bolsonaro. Muito mais do que a luta contra os cortes na educação, as mobilizações expressaram claramente a luta política das massas populares contra os golpistas. Isso não é novo, vem se desenvolvendo desde a crise política aberta com o golpe de estado, que derrubou o governo petista em 2016. Diante das gigantescas mobilizações, o governo golpista e fraudulento de Bolsonaro ficou praticamente liquidado. As sucessivas disputas internas dentro do bloco golpista, o fato do governo está perdendo o apoio de seus próprios aliados, demonstram a profundidade da crise política de Bolsonaro e dos golpistas. Por isso, a tendência é o aumento das manifesta-

GOLPE

Liberdade para José Dirceu!

A

pós ter recurso negado pelo golpista TRF-4, José Dirceu voltou para a prisão, pela quarta vez, na sexta-feira (17), sendo encarcerado no Complexo-Médico Penal, localizado na região metropolitana de Curitiba. O Complexo foi projetado para cerca de 600 presos, e hoje abriga quase 900. Na capital onde também está detido o ex-Presidente Lula, Dirceu divide a cela com mais seis presos. Dentre muitos vizinhos de cela, encontra-se Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, entregue à Lava-Jato pela burguesia como boi de piranha, para sustentar a farsa da luta contra a corrupção, passado o processo de impeachment de Dilma. O Departamento Penitenciário do Paraná justificou a superlotação como uma “questão de segurança”, que os fez transferir 38 presos por crimes relacionados à corrupção para uma ala que era a enfermaria do hospital penitenciário. As celas têm um banheiro com um chuveiro e uma privada, e os colchões dos ocupantes ficam no chão. Na condição de preso político, José Dirceu vem sofrendo perseguição imperialista desde a época do Mensalão

quando foi condenado pela primeira vez. Embora tivesse recebido um habeas corpus para cumprir a pena em casa, após um ano de liberdade, José Dirceu foi preso novamente graças a operação Lava-Jato, que implicou o ex-Ministro-Chefe da Casa Civil em mais um processo farsa para mantê-lo no cárcere. O caso de Dirceu é um exemplo de como a situação de Lula pode transcorrer se a única forma de lutar por sua liberdade for por dentro das instituições. Por mais que tenha recebido o aval para cumprir a pena em casa, Dirceu foi obrigada a entregar-se a Polícia Federal de Curitiba mais uma vez, já que sua prisão é parte importante do golpe, assim como a do ex-presidente. Com mais um processo já engatilhado para que Lula apodreça em Curitiba, fica claro a única forma de garantir sua liberdade e de todos os presos políticos do golpe imperialista: uma manifestação massiva por sua liberdade. Somente o povo na rua pode barrar os avanços do governo golpista que ameaça os direitos de organização e liberdade de expressão do povo brasileiro.

ções contra o regime golpista, particularmente contra Bolsonaro. É necessário impulsionar ainda mais esta tendência de luta contra Bolsonaro e o golpe de estado, já expressa no carnaval, e agora de maneira mais generalizada nas manifestações do último dia 15. No próximo dia 30 de maio, as organizações estudantis, como a UNE, estão chamando uma nova mobilização contra o governo em todo o país. No dia 14 de junho está convocada a Greve Geral de todos os setores da classe trabalhadora. É necessário fazer um amplo trabalho de agitação e propaganda nas universidades, escolas, fábricas e em todos os locais de trabalho tendo como perspectiva a derrubada do governo Bolsonaro e a derrota do golpe de estado. No próximo dia 14, a Greve Geral deve ter como eixo principal de luta o Fora Bolsonaro, apontando também a necessidade de se convocar novas eleições e exigir a libertação do ex-presidente Lula.


POLÍTICA| 7

MOBILIZAÇÕES

Frente Brasil Popular debate crise do governo e aprova calendário de mobilização A

Frente Brasil Popular (FBP), realizou nesta segunda-feira (20), em São Paulo, a reunião do seu Coletivo Nacional, integrado por mais de 80 entidades, dentre as maiores e mais importantes da luta dos trabalhadores em todo o País. Estiveram presentes dirigentes da CUT, CTB, CMP, MST, UNE, UBES, CNTE, PT, PCdoB e PCO, entre outros. A reunião debateu o agravamento da crise do regime político, destacadamente após a realização das gigantescas mobilizações do último dia 15, quando mais de um milhão de pessoas foram às ruas em mais de 200 cidades de todo o País, tendo à frente professores e estudantes, mas com a adesão de trabalhadores e jovens dos mais diversos setores. Os debates sobre a conjuntura realizados no encontro evidenciaram que uma parcela das direções da esquerda que integra a FBP – destacadamente aquelas ligadas ao PCdoB, mas também setores ligados ao PT – não considera como um fator decisivo na situação o fato de que as manifestações do dia 15 tenham se constituído em um movimento de luta não apenas contra os ataques do governo (cortes na Educação, “reforma” da Previdência” etc.), mas diretamente em atos contra o governo, expresso claramente no predomínio da palavra-de-ordem fora Bol-

sonaro por todo o País, acompanhada muitas vezes dos gritos pela liberdade de Lula. Dessa forma, desconsideram a significativa evolução política que se processa entre ampla parcela das massas no sentido de se mobilizar pela derrubada do governo, amplamente repudiado pela maioria do povo brasileiro – que vem se processando desde a sua eleição com o voto da minoria do eleitorado (pouco mais de 30%). A “análise” apresentada por esses setores diante da situação mostra que sua “visão” está condicionada por sua política de desconsiderar a possibilidade de uma mobilização

geral contra o governo e o conjunto do regime político e de apontar no sentido de que essa luta tenha apenas caráter “acessório” às iniciativas no Congresso Nacional dominado pelos golpistas, que já se comprovou como um verdadeiro túmulo para as reivindicações populares e um dos pilares do regime golpista e da sua ofensiva contra a população. No debate, os representantes do PCO apontaram a necessidade de que a FBP e todas as organizações de luta dos trabalhadores tenham uma política independente diante da crise, expressem e lutem por uma alternativa própria, a luta pela derrubada do go-

verno ilegítimo de Bolsonaro e de todos os golpistas; por meio da mobilização revolucionária das massas, com a imposição (esteja ou não na Constituição) de novas eleições, livres e democráticas, com a conquista da liberdade de Lula e de todos os presos políticos, com Lula candidato e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, para por abaixo o regime golpista atual, revogar todas as “reformas” contra o povo brasileiro e a economia nacional, em favor do imperialismo e do grande capital “nacional”. Vários integrantes da FBP também se manifestaram na defesa do fora Bolsonaro e, principalmente, para destacar a necessidade de levantar em meio às mobilizações atuais (greve geral etc.) a defensa da liberdade de Lula, como o próprio presidente da CUT, Vagner Freitas, que informou no encontro sobre o crescimento da mobilização em torno do dia 14 de junho, embaladas pelo êxito das grandes manifestações do último dia 15. No calendário de Lutas aprovado pela reunião, destacam-se: 25 e 26 de Maio – Mutirão Lula Livre 30 de Maio – Mobilização dos estudantes 2 de Junho – Festival Lula Livre, em São Paulo 14 de Junho – Greve Geral

GOVERNO ILEGÍTIMO

É preciso ampliar os Comitês de Luta Contra o Golpe, com Fora Bolsonaro A

s gigantescas mobilizações do último dia 15 de maio, as quais reuniram diversos setores e movimentos populares, demonstraram o total e completo repúdio da população ao governo fraudulento de Bolsonaro. As manifestações expressaram nas ruas a tendência, já manifestada antes no carnaval, do povo sair às ruas contra o governo ilegítimo de extrema-direita. É preciso deixar claro que as mobilizações do dia 15 de maio foram decorrência do processo de luta que vinha se desenvolvendo no período anterior, ou seja, à partir da ofensiva golpista da direita contra o governo de Dilma Rousseff. Apesar da maior parte dos setores de esquerda procurarem ocultar este fato, apresentando as mobilizações como algo “novo” na situação política, ou deixando de lado o verdadeiro caráter político das manifestações, dando destaque para aspectos parciais do movimento – a luta contra os cortes, contra a reforma – fato é que a manifestação da quarta-feira passada (15) se dirigiu diretamente contra o governo Bolsonaro e contra o próprio golpe de estado.

Assim como aconteceu no carnaval, a palavra de ordem mais ouvida em todos os cantos do país foi Fora Bolsonaro. Da mesma forma, a defesa da liberdade do ex-presidente Lula foi ampla. Nesse sentido, as manifestações do último dia 15 não foram simples mobilizações em defesa de reivindicações parciais, foram gigantescas mobilizações políticas contra

o atual governo golpista e o golpe de estado. A esquerda-pequeno burguesa, todavia, como já dissemos antes, procura camuflar este fator decisivo, reduzindo a mobilização a questões econômicas, parciais e restritas. É preciso deixar claro que essa política levada adiante pela esquerda, na prática, é uma capitulação à direita golpista,

à fraude eleitoral e uma tentativa de adaptação ao próprio bolsonarismo. Para que as mobilizações do último dia 15 possam, de fato, levar a uma derrota definitiva do governo golpista de Bolsonaro e do próprio golpe de estado, é preciso impulsionar a perspectiva política ampla do movimento, ou seja, “Fora Bolsonaro e todos os golpistas“. Para levar adiante esta luta é necessário fortalecer e ampliar os comitês de luta contra o golpe em todo o país. O trabalho de agitação e propaganda feito pelos comitês no período anterior foi de fundamental importância para o esclarecimento político de todos os setores populares, fato que ficou comprovado nas mobilizações do dia 15, no repúdio ao golpe de estado visto nas ruas de todo o país. Nesse sentido, a tarefa desempenhada pelos comitês de luta contra o golpe é de fundamental e ainda maior importância na na atual etapa. Desenvolver, ampliar e organizar os comitês de luta contra o golpe é a tarefa de todos aqueles que se colocaram desde o início contra a derrubada do governo de Dilma Rousseff pela direita em 2016, contra a prisão do ex-presidente Lula e sua exclusão arbitrária do processo eleitoral de 2018. É necessário que os comitês impulsionem a luta pelo “Fora Bolsonaro” e pela “Liberdade de Lula”.


8 | JUVENTUDE E MULHERES

CONTRA O CORTE NA EDUCAÇÃO

SITUAÇÃO DE DESPREZO

Ocupar já todas as universidades!

No interior de Mato Grosso, estudantes andam 4 km para chegar a escola

E

A

tendência à mobilização contra o governo golpista de Jair Bolsonaro se concretizou – notoriamente – no dia 15 de maio. Os ataques à educação agudizaram ainda mais a animosidade do povo contra Bolsonaro. Acendeu-se, portanto, o pavio do barril de pólvora que Bolsonaro e seus asseclas têm preenchido a cada dia com os mais severos ataques contra a população como um todo. O corte de 30% das verbas das universidades e institutos federais, entretanto, foi o combustível que colocou, novamente, a locomotiva da luta contra o golpe em movimento. As manifestações do dia 15 impulsionaram amplos setores a se mobilizarem. As ruas foram tomadas pelas massas populares que declararam em alto e bom som: Fora Bolsonaro! Lula Livre! Abriu-se, entretanto, uma nova etapa política. Contrariando a tese da esquerda pequeno-burguesa, ficou claro, desde então, a disposição das massas em lutar contra o governo – ilegítimo – do capitão boçal e sua ca-

marilha golpista. Diante da debilidade do regime, o momento tornou-se bastante propício para o avanço das forças progressistas e, sobretudo, para uma ampla mobilização em torno de uma greve geral, capaz de colocar em xeque todo o governo – fruto de uma enorme fraude eleitoral. A intensificação da luta contra o golpe deve ser elevada ao mais alto grau. Os estudantes devem se mobilizar contra os ataques do governo e evitar que se molhe a pólvora do barril que está em vias de explosão; é preciso, todavia, romper com o imobilismo dos setores que optam apenas pelas vias institucionais e acabam por desmobilizar a tendência natural de mobilização das massas. É hora de aprofundar o movimento pela derrubada do governo Bolsonaro. A direita está planejando a destruição do ensino superior público. Nesse sentido, os estudantes precisam defender suas universidades. É hora de ocupar todas as universidades contra Bolsonaro, em defesa do ensino.

m Tangará da Serra (a 242 km de Cuiabá), estudantes do Centro Municipal de Ensino Marechal Cândido Rondon, no Assentamento Antônio Conselheiro Agrovila, precisam percorrer 4 km a pé para pegar o ônibus e ir à escola. Isto porque a ponte que liga a Agrovila 17 a MT-339, onde fica a escola, corre o risco de cair. Segundo a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística (Sinfra), a manutenção do trecho entre o entroncamento do município até o Assentamento Antônio Conselheiro é de responsabilidade da prefeitura, que deve utilizar os recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab), destinado aos municípios pelo governo. Conforme matéria do G1, o estudante Paulo Zocal de Matos Júnior, contou que a distância que percorre está atrapalhando seu rendimento na escola: “Não aguento mais ficar andando a pé. Às vezes chego em casa e já está à noite. Fico muito cansado e assim fica difícil focar nos estudos”, disse o garoto. Paulo percorre quilômetros e espera o ônibus escolar por mais de uma hora, muitas vezes. Depois precisa voltar para casa, pois o ônibus não passa. “Quando isso acontece, tenho que andar tudo isso de novo para voltar para casa”. Segundo a reportagem, o secretário municipal de Educação informou que vai apurar o motivo pelo qual o ônibus não está passando. Os moradores do assentamento dizem que a última reforma da ponte foi realizada em 2012, com recursos da própria população da região. Um dos pilares da ponte já caiu e outros estão comprometidos. Um buraco também se abriu na cabeceira da

ponte e está desmoronando. “Esse é o trajeto que eles precisam percorrer para ir e voltar da escola. Não temos infraestrutura no assentamento. O poder público precisa fazer a parte dele, não é só jogar a gente no meio do mato e esquecer”, pontuou o pai do estudante Paulo Zocal de Matos. Renata Rodrigues Basta, de 12 anos, também faz o mesmo trajeto para ir à escola e lamenta a precariedade. “É cansativo, porque a ponte está quebrada e a gente precisa andar muito para estudar. Se resolvessem, ficaria melhor”. Esta situação de desprezo total à população é a regra da situação nacional. É a “Ponte para o Futuro” que os golpistas querem para a população, que os estudantes sequer possam ir à escola. Isto se insere no contexto dos cortes brutais na Educação, sobretudo este último de 30% nas universidades e institutos federais. O projeto da direita para os estudantes é a destruição da Educação Pública, portanto, no próximo dia 30/05 é preciso ir às ruas novamente e exigir a derrubada do gov. Bolsonaro, que representa para a Educação uma versão piorada do projeto do governo Temer.

RESULTADO DO GOLPE

Violência contra a mulher aumenta exponencialmente D

esde o avanço da extrema-direita no País, é possível perceber uma série de ataques à classe trabalhadora, em especial às mulheres que, historicamente, são brutalmente oprimidas pelo sistema capitalista. Essa repressão é expressa de diversas formas. Uma delas é o aumento exponencial nos casos de violência. Segundo uma pesquisa realizada pelo Datafolha, a percepção sobre a violência cresceu 93% entre as mulheres. A mesma instituição aponta, ainda, em outro estudo, que, nos últimos 12 meses, uma, em cada quatro mulheres, sofreu algum tipo de agressão. De 2017 até agora é possível constatar um aumento de 21% nos casos de assassinato a mulheres, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

É importante ressaltar que, embora os números reais de casos de violência contra as mulheres seja muito maior do que os expostos em pesquisas, tendo em vista os inúmeros casos que não são denunciados, os dados são muito pouco divulgados também, numa tentativa de esconder os números alarmantes dos casos de violência no país, que cresceram exponencialmente com o avanço da extrema direita. Vale ressaltar que, apesar da prática de opressão às mulheres ser milenar, o capitalismo aperfeiçoou os métodos de repressão, em especial as trabalhadoras, que possuem dupla jornada de trabalho, sendo forçadas a cuidarem da casa e dos filhos. Nesse sentido a libertação da mulher só será alcançada com a derrubada total do sistema de exploração econômica a qual estão submetidas.


MULHERES E MOVIMENTO OPERÁRIO| 9

PALAVRA DE ORDEM

O Fora Bolsonaro deve ser a pauta do movimento operário O

Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) e a União Nacional dos Estudantes UNE lançaram seu calendário para os próximos dois meses. As manifestações de mais de 1 milhão de pessoas em todo o País foram somente o início de um movimento, que deve ter um plano de continuidade para transformar-se em uma grande luta que derrube de vez o governo Bolsonaro. É necessário também um plano de unificação de todos os setores descontentes, aglomerando os que apesar de não apresentarem grande expressão no dia 15, estão sendo duramente reprimidos e tem a necessidade de se mobilizar, como o MST, os operários e todo o resto dos trabalhadores. Diante da fantástica manifestação

dos trabalhadores no dia quinze de maio, os estudantes já marcaram um ato novo ato para o dia 30 de maio onde o mote principal é o Fora Bolsonaro!!! E também já estava marcada a greve geral para o dia 14 de junho. Com a política levada a frente pelo governo, todos os setores foram afetados por algum tipo de medida tomada pela extrema-direita, sendo assim necessário unificar as lutas de toda a esquerda sob uma palavra de ordem central para que seja uma verdadeiro movimento de massas, mais forte e mais capaz de atingir um resultado. O que unifica todos esses setores é que estão sendo duramente atacados pelo governo golpista, portanto a palavra de ordem central, que foi ouvida nos quatro cantos do país, deve ser a de Fora Bolsonaro!!!.

GREVE

REAJUSTE

Condutores paralisam atividades em SP: Trabalhadores em frigoríficos de preparar a greve geral de 14 de junho! São Paulo farão campanha salarial

N

o dia 23 de maio, quinta-feira, os motoristas e cobradores entrarão em greve. A categoria reivindica um reajuste no salário: um aumento de 4,94% referente à inflação do período somado com um aumento real de 3%, vale-refeição de R$27,00, e R$2.000,00 de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) proporcionais aos meses trabalhados no período compreendido entre 18 de maio de 2018 a 30 de abril de 2019, seguro obrigatório para acidentes provocados por terceiros e garantia dos empregos dos cobradores, já que a nova licitação acaba com essa função. O sindicato patronal SPUrbanuss tinha apresentado somente 4,18% de reajuste salarial o qual está abaixo da inflação e um aumento de apenas R$ 0,80 no vale-refeição, intervalo de almoço de uma hora sem remuneração e sem PLR. Ocorre que as empresas vencedoras da nova licitação para o transporte público são as mesmas de sempre, ou seja, desde 2003 elas estão lucrando com seus ônibus e permanecerão por mais 20 anos. Para piorar, essas empresas só venceram porque não há concorrência no processo licitatório, ou seja, o município aceita a proposta imposta pela empresa já que inexiste outra empresa com proposta de preço mais competitivo. Não há, então, possibilidade de se alegar que não há dinheiro, uma vez que o lucro auferido pelas empresas na de transporte na gestão do prefeito Bruno Covas (PSDB) é superior àquela definida pela auditoria em 2014. Além disso, para favorecer ainda mais essas empresas, o prefeito direitista Bruno Covas reduziu a integração de ônibus do Bilhete Único Vale-Transporte e aumentou seu valor para R$ 4,57. Disso, pode-se ver que o prefeito da direita golpista, Bruno Covas, age pa-

de emergência

N

ra favorecer os patrões das empresas encarregadas do transporte público, deixando os empresários com cada vez mais lucros e os motoristas, cobradores e trabalhadores da manutenção dos veículos com salários cada vez menores e comidos pela inflação. Esse ataque aos ganhos dos trabalhadores não ocorre somente com essa categoria, senão em todo os lugares do Brasil. Nesse sentido, o governo ilegítimo do Bolsonaro reflete essa política a nível nacional, roubando trabalhador sua aposentar, vendendo os Correios, a Petrobrás e os aeroportos para grandes empresários estrangeiros. Essa é a política da direita golpista, agradar os patrões e dar migalhas aos trabalhadores. Contra o ataque do governo ilegítimo do Bolsonaro e da direita golpista, é necessário unificar a luta dos trabalhadores na luta de seus direitos que estão sendo cada vez mais roubados pelos políticos golpistas. Se no dia 15 de maio a população mostrou nas ruas o cenário favorável para mobilizar contra os ataques do governo aos trabalhadores e à juventude, é preciso mobilizar pela Greve Geral no dia 14 de junho pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas. Nesse sentido, a greve dos trabalhadores dos transportes públicos da cidade de São Paulo no dia 23 de maio contra a direita golpista será fundamental para a preparação da Greve Geral do dia 14 de junho.

esta semana os trabalhadores nas Indústrias de Carne, Derivados e do Frio no Estado de São Paulo iniciaram uma campanha salarial de emergência. Os patrões, que vêm enriquecendo cada vez mais às custas do suor dos trabalhadores, se negaram a negociar o reajuste dos trabalhadores cuja data base é de novembro. Há um propósito dos patrões em rebaixar ou até mesmo extinguir a convenção coletiva dos trabalhadores, este é o segundo ano seguido em que é negado aos operários um reajuste que condiz com os enormes lucros dos patrões, a exemplo da JBS/Friboi que teve um lucro, apenas no primeiro trimestre, de R$ 1.092 bilhões, desta forma, os representantes dos trabalhadores, mediante decisão das assembleias recusaram, mais uma vez, de assinarem o acordo coletivo da categoria de 2018/2019 rebaixado. São ínfimas as propostas oferecidas aos trabalhadores, o objetivo da retirada de cláusulas econômicas entre outras é constante por parte dos patrões, está sendo imposta aos traba-

lhadores das indústrias de carne e dos frios a política golpista do governo de estrangular todas as direções do movimento operário visando à escravização dos trabalhadores. O Sindicato dos frios está percorrendo todas as fábricas de diversas regiões para debater com os trabalhadores sobre a campanha salarial de emergência. Essas são as propostas defendidas pelos trabalhadores: – Salário mínimo de R$ 4.000,00, um salário que contemple as necessidades dos trabalhadores e de suas famílias. – 39,50% de reposição de todas as perdas salariais, desde o governo Fernando Henrique Cardoso; – 35 horas semanais sem redução nos salários; – Cesta básica de 45 kgs para todos os trabalhadores e – Convênio médico gratuito para o trabalhador e toda sua família Na sexta-feira (31/05) haverá assembleia e a mobilização dos trabalhadores será a arma para a conquista de suas reivindicações.


10 | CIDADES E ESPORTES

FORA BOLSONARO

IFBA de Porto Seguro pode fechar as portas em setembro I

naugurado no ano 2008 ainda no governo do ex-presidente Lula, o Instituto Federal da Bahia em Porto Seguro poderá fechar as portas 11 anos depois de sua criação devido à política de cortes da educação do governo golpista de Jair Bolsonaro. A instituição que já vinha sofrendo com a falta de verbas fruto da política neoliberal imposta por um golpe de Estado que em 2016, continha um orçamento da ordem de 3 milhões e setecentos mil reais; com os cortes do governo golpista de Michel Temer, foi reduzido a 1 milhão e setecentos mil

reais, ou seja, 2 milhões a menos investidos só no IFBA de Porto Seguro. O golpe final feito por Bolsonaro coloca em risco não só o IFBA como todas a rede de ensino federal seja ela superior ou médio, portanto é preciso reverter o jogo e dar um golpe final no governo fascista que com as mobilizações do ultimo dia 15 de Maio mostraram a impopularidade de sua política, é preciso impulsionar a mobilização do próximo dia 30 de Maio e a Greve Geral de 14 de Julho no sentido politico, por Fora Bolsonaro e todos os Golpista, Liberdade para Lula e Eleições Garais com Lula candidato.

ESPORTES

IFBA Copa América – 40 anos da conquista do torneio pelo Paraguai e a exploração pela ditadura de Stroessner A

história registra um sem número de casos em que o futebol – o esporte mais popular do mundo – mas também eventos esportivos outros (Olimpíadas) – foi instrumentalizado para fins políticos. Isso se deu, particularmente, para a legitimação, o apoio e a sustentação de regimes reacionários direitistas, como o fascismo italiano e o nazismo alemão, passando pelas ditaduras criminosas e pró-imperialistas em praticamente todos os continentes. Ali, onde o futebol domina amplamente a preferência das massas populares, o fenômeno ocorreu de forma mais frequente, especificamente no continente europeu e sul-americano, embora haja registro da utilização do esporte com finalidade política em todos os quatro cantos do planeta. Na América do Sul, onde estão localizados países com grande e forte tradição no futebol (Brasil, Argentina, Uruguai), com importantes conquistas internacionais tanto a nível de seleções (nove títulos mundiais somadas as três forças do futebol no continente) como no que diz respeito aos clubes (Brasil, Argentina), os diversos regimes políticos de direita que dominaram por

longos períodos o continente, fizeram uso, em larga escala, do prestígio do esporte mais popular do mundo não só para a legitimação dos regime ditatoriais, como para levar adiante o esmagamento da luta social de massas e a perseguição às oposições, em especial à esquerda desses países. Neste ano de 2019, a história registra os 40 anos da conquista, pelo Paraguai, da Copa América (1979), evento que foi amplamente explorado pela ditadura do general Alfredo Stroessner, que liderou um golpe de Estado em 1954, ins-

talando uma das mais longevas e sombrias ditaduras de todo o continente. O general paraguaio conduziu o regime de terror no país do cone sul até 1989, exatos 35 anos, marcados por centenas de casos de tortura, perseguições políticas e assassinatos. O historiador paraguaio Enrique Cosp, especialista na política do país, declarou que: “Nasci semanas depois do fim da ditadura Stroessner, mas minha família foi afetada com casos de perseguição. Meu próprio pai foi exilado, um tio meu foi torturado, dois outros tios

chegaram a ser presos. Conheço também outras pessoas que sofreram com o regime. Isso é muito comum” (ESPN, 21/05). A conquista da Copa América pelos paraguaios em 1979 foi, sem dúvida, a mais importante conquista do futebol “Guarani” em todos os tempos. A campanha do Paraguai foi brilhante e vitoriosa, superando inclusive a seleção brasileira, nas semifinais, vencendo a primeira partida em Assunção por 2 x 1 e empatando o segundo confronto pelo placar de 2 x 2, garantindo a ida do time à final. A ditadura de Stroessner foi eficiente na exploração da conquista paraguaia do mais importante torneio de seleções do continente, o que garantiu a sobrevivência do regime de terror no país por mais dez anos, vindo a cair somente em 1989. Da mesma forma como os regimes impopulares se utilizam das grandes paixões populares para se perpetuarem no poder, o futebol também pode e deve ser um ponto de apoio importante no sentido da conquista de governos populares apoiados na mobilização das amplas massas populares.


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