Edição 729

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NA DEFESA DO MEIO AMBIENTE E DA CIDADANIA EM BOTUCATU ANO III Nº 729 QUINTA-FEIRA , 09 DE MARÇO DE 2023 CONDE FRANCESCO MATARAZZO o italiano mais rico do mundo! PÁGINAS 2 e 3
Diário da Cuesta

Ufa! O trabalho ficou pronto! O “Momento MAIOR Itália/Brasil = Conde Francesco Matarazzo!” é fruto de pesquisas feitas por vários anos. Fui construindo, pedra a pedra, o edifício-representativo da importante contribuição da Colônia Italiana à construção do Estado Brasileiro. Tão perfeita e motivada foi essa participação que, hoje, a Colônia Italiana já está completamente integrada à pujante Nação Brasileira.

E o trabalho está centrado na vida magnífica desse empreendedor singular que impulsionou o nosso país industrialmente, sem nunca esquecer a “Mãe-Pátria”. E o título de CONDE dado pelo Rei da Itália é a prova provada do merecimento desse imigrante italiano: Conde Francesco Matarazzo!

E São Paulo, com as Industrias Reunidas Francisco Matarazzo – IRFM, passou a ser exemplo para todo o interior do Estado e para outras colônias localizadas em outros estados. Assim, o Hospital Humberto Primo (conhecido como Hospital Matarazzo) motivou iniciativas menores, mas no mesmo sentido. A Maternidade do Hospital Matarazzo era considerada a maior e a melhor da América Latina. Da mesma forma, a industrialização no interior do estado, seguiu, também em menor escala, o exemplo do complexo industrial Matarazzo.

A citação da cidade de Botucatu/SP é meramente referencial. Em Sorocaba ( a “Manchester Paulista”), Jundiaí, Ribeirão Preto e em outras cidades o desenvolvimento industrial ocorreu com igual ou maior amplitude.

E, finalmente, a CULTURA! A atuação de Ciccillo Matarazzo é impressionante e exuberante. Incansável batalhador e visionário, sabia conviver com diferentes realidades culturais e, captar delas, a essência a ser preservada para as futuras gerações. A sua atuação como Presidente da Comissão do IV Centenário, escolhendo o Ibirapuera para os eventos e contratando o arquiteto Oscar Niemeyer para projetar os prédios e Roberto Burle Max para fazer o paisagismo, já dá a sua dimensão e visão, sendo certo que estava ocorrendo em São Paulo, uma “avant-première” do que seria Brasília nas mãos desses dois gênios: Niemeyer e Burle Max!!!

Um Matarazzo Mecenas da Cultura Brasileira

Francisco Antonio Paulo Matarazzo (Francisco Matarazzo Sobrinho), conhecido como Ciccillo Matarazzo, era sobrinho do Conde Francisco Matarazzo e nasceu na capital paulista. Após recusar por duas vezes o convite do Rei da Itália para que participasse do Senado Italiano, o Conde Matarazzo indicou seu irmão, Ângelo Andrea Matarazzo, pai de Ciccillo, para o Senado Italiano

lista. A cultura brasileira teve a marca pessoal de Ciccillo Matarazzo: o Teatro Brasileiro de Comédia, a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, a Cinemateca Brasileira, a construção do Parque do Ibirapuera, o Museu de Arte e Arqueologia da Universidade de São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, o Presépio Napolitano, o Balé do 4º Centenário e as representações brasileiras nas Bienais de Veneza.

Matarazzo & Votorantin

Este trabalho, espero, há de dignificar a participação pioneira e entusiasta dos imigrantes italianos na construção da Pátria Brasileira! Essa lembrança do Império Matarazzo, lembra outras estórias. Na industrialização do Brasil, dois grupos industriais preponderaram: o Grupo Matarazzo e o Grupo Votorantin. Agora, a coincidência: os dois estabelecidos na mesma rua, na então considerada “Manchester Paulista”, que era Sorocaba. Primeiro, Francesco Matarazzo, Francesco Grandino iniciavam, em Sorocaba a construção do Império. Já em Botucatu, para onde foram os trilhos da EFS – Estrada de Ferro Sorocabana, levando o progresso, estava instalado Pedro Delmanto, também imigrante de Castellabate e tinha, como colega e amigo na profissão de comercio de calçados, o imigrante português Antonio Pereira Ignácio. Após alguns anos, já casado, Pereira Ignácio vai para Sorocaba, instalando-se na mesma rua do comércio de Matarazzo e instala seu comércio de caroço de algodão. Em pouco tempo, começaria a construir o império da Votorantim... De Sorocaba, Francisco Matarazzo leva seu império para a Capital Paulista: são as IRFM – a maior potência Industrial da América Latina e, ele, o italiano mais rico do mundo!

Com o fim das Industrias Matarazzo, já na terceira geração, o Brasil passa a admirar o, agora, maior Império Industrial Brasileiro: a Votorantim. O Comendador Antonio Pereira Ignácio casa sua filha Helena com o engenheiro José Ermírio de Moraes (pai do empresário Antonio Ermírio de Moraes), que viria a comandar, consolidar e expandir o Grupo Industrial da Votorantim.

É Registro Histórico (AMD)

E Ciccillo Matarazzo viria a ser o grande promotor das artes, indiscutivelmente o grande Mecenas da Cutura Brasileira. Estudou dos 10 anos aos 20 anos na Itália, como era costume das famílias italianas, àquela época, mandarem estudar seus filhos na Pátria-Mãe. Também estudou Engenharia, sem concluir o curso, em Nápoles e na Bélgica. Juntamente com o primo Julio Pignatari dirigiu a Metalúrgica Matarazzo – Metalma. Em 1943, casou-se, no México, com Yolanda Penteado, de tradicional família pau-

EXPEDIENTE

Registro Histórico - O Comendador Antonio Pereira Ignácio iniciou, de fato, sua atividade profissional em Botucatu. Aqui chegando em 1900, instalou-se na Vila dos Lavradores (Major Matheus), com uma sapataria. Tornou-se muito ligado a Pedro Delmanto que tinha sua loja de calçados, sua fábrica de calçados e o Curtume Bella Vista, no Bairro Alto. Atuando no mesmo ramo, tornaram-se amigos.Posteriormente, Pereira Ignácio montou armazém e continuou a atuar no comércio do algodão Aqui em Botucatu, casou-se com Lucinda Rodrigues Viana. Tiveram 3 filhos: João, Paulo e Helena De Botucatu, Pereira Ignácio voltou a Sorocaba onde acabou por estrutrar essa potência que é o conglomerado Votorantim.Veio a ser seu genro, o engenheiro José Ermirio de Moraes, que o sucedeu em suas empresas, tornando-se, anos mais tarde, Senador da República. Para Botucatu, o Comendador Antonio Pereira Ignácio sempre mostrou sua gratidão. A sua casa própria, doou-a à Misericórdia Botucatuense , sendo que o seu retrato e de Dona Lucinda se destacam na galeria dos benfeitores do Hospital . Anos depois de sua partida, Pereira Ignácio voltou a ajudar a Misericórdia Botucatuense . Quem faz o relato é o Dr. Antônio Delmanto (filho de Pedro Delmanto) que foi Diretor Clínico do Hospital e responsável pela modernização da Misericórdia , consolidando, assim, essa grande obra do Dr. Costa Leite: “...Outro problema a resolver era o aparelho de Raio X, cuja aquisição era dificílima, quase impossível, dado o preço do mesmo, absolutamente fora do alcance da Misericórdia. Lembrei-me do Comendador Pereira Ignácio, amigo e colega de meu pai na mocidade, quando trabalhava na Vila dos Lavradores com comércio de calçados. Depois foi para Sorocaba onde fundou esse império que é a Votorantim ( é avô do empresário Antonio Ermírio de Moraes). Apelei para o Comendador Pereira Ignácio, expondo as nossas dificuldades e a impossibilidade financeira de adquirirmos tão caro equipamento. Pedi que ele abrisse a campanha para a aquisição do Raio X. Qual não foi a nossa grande surpresa quando Pereira Ignácio enviou, de presente, um novo e moderníssimo Aparelho de Raio X para a Misericórdia Botucatuense...” ( do livro “Memórias de Botucatu II”, pág. 30, 1993 ).

DIRETOR: Armando Moraes Delmanto

EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO: Gráfica Diagrama/ Edil Gomes

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Diário da Cuesta 2
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Conde Francisco Matarazzo: O Empreendedor do Século XX

Transformações profundas mudavam o perfil da sociedade nos campos da literatura, da arte e da música: desde a revolucionária Semana de Arte Moderna de 1922 até a nova música que surgia carregada de folclore e brasilidade na maestria criativa de Heitor Villa Lobos

Ao mesmo tempo que a crise de 1929/30 abalava, de forma definitiva, as estruturas econômicas e sociais da sociedade brasileira, havia algo de novo, havia esperança: era a crescente industrialização paulista! O grande fluxo migratório trazido em sua grande maioria para a cafeicultura, passou a dar nova característica à sociedade paulista: muitos vieram tentar uma nova vida, ou como dizem, para “fazer a América!”

A crescente industrialização abrangeu muitos setores, mas para que o cenário mágico da realidade paulista, em 1934, possa ser bem compreendido e avaliado vamos focar, como exemplo, as industrias Matarazzo, que ocupavam indiscutível liderança nesse importante segmento da economia.

No ano de 1934, o ano do cenário mágico paulista, o Conde Francisco Matarazzo estava comemorando seus 80 anos... “Ottant’anni !” Nessa época, as industrias Matarazzo representavam realmente a maior força econômica do Brasil, depois dos orçamentos da União e do Estado de São Paulo... Não se pode falar em processo de industrialização no país sem que se destaque a presença forte do imigrante italiano Francisco (Francesco) Matarazzo.

O ESTADO MATARAZZO

“Assis Chateaubriand vai chamar, em 1934, esse grupo industrial de “O ESTADO MATARAZZO”, lembrando que São Paulo tinha uma renda bruta de 400 mil contos e o parque industrial Matarazzo uma receita de 350 mil, acima de qualquer outra unidade federativa brasileira...O Conde Matarazzo, financeira e economicamente é o segundo Estado do Brasil...”

“Monteiro Lobato na mesma época, compara-o a Henry Ford: a atuação de ambos no criar foi um permanente “rush” para cima...”

“Miguel Couto, Presidente da Academia Brasileira de Letras: “Aos que buscavam e rebuscavam na sua prosápia o sangue azul que achavam que estava faltando, Napoleão Bonaparte, feito Imperador da França, respondeu desdenhosamente: “Eu sou filho de mim mesmo”. Felizes os que, de menor altura embora, podem dizer com o mesmo orgulho – eu sou filho de mim mesmo... Isto é, sou o exclusivo produto do meu trabalho, do meu descortínio, da minha inteligência. Tal é Francisco Matarazzo”.

HISTÓRICO – Em Castellabate, distante 180 km de Nápoles, nascia Francesco Matarazzo, em 09 de março de 1854. Francesco era filho de um médico e rico proprietário, Costábile e de Mariângela. Seu pai faleceu quando ele tinha 19 anos Com a depressão econômica que vivia a Itália, foi obrigado a abandonar os estudos para cuidar da família Aos 27 anos, sabendo das condições favoráveis para os imigrantes no Brasil, imigra. Traz junto uma boa quantidade de queijos e vinhos, além de um reforço em liras italianas.

Queijos e vinhos se perdem quando o navio atraca no Rio de Janeiro, afundados com a embarcação que ligava o navio ao porto. Sem desanimar, parte para São Paulo disposto a multiplicar as suas liras. Contando com a colaboração de outros imigrantes que o precederam, entra firme no comércio, participa de caravanas, conhece outros estados e se estabelece em Sorocaba, então limite das paralelas poderosas da Estrada de Ferro Sorocabana que levava o progresso e o desenvolvimento para o interior inexplorado.

Logo, passou a ter um grande rebanho de suínos. Passou a fazer banha e a comercializá-la, em latas. Importa e vende farinha e monta uma tecelagem para fazer os sacos de farinha... Daí para frente foi num crescente, num multiplicar inacreditável.

Resumindo: em 1934, as Industrias Matarazzo assumiam o seu auge que foi crescente até 1950, quando chegou a possuir 38 mil e setecentos funcionários, com controle acionário majoritário ou expressivo em 365 empresas, possuindo 12 unidades navais, uma Casa Bancária, enfim, um complexo industrial que chegou a ter o terceiro orçamento do Brasil! É indiscutível a grandiosidade do “Império Matarazzo” no processo de industrialização do Estado de São Paulo e, portanto, do Brasil. O interior do estado e todo o Brasil se espelhava na força, ousadia e competência desse empreendedor valoroso.

Matarazzo motiva o Empreendedorismo dos imigrantes italianos

No inicio dos anos 20, a então poderosa colônia italiana no Brasil e, em especial no Estado de São Paulo, atingia o auge de sua prosperidade. Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte. A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica. Longe deles qualquer sentimento divisionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma origem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera o imponente Hospital Umberto Primo (Hospital Matarazzo), em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado.

E, como exemplo, vamos retratar uma cidade do interior paulista: Botucatu. Estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana, em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas poderosas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras...

Na segunda metade dos anos 20, Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) já tinha completado seu ciclo produtivo: com fazenda de gado, curtume, fábrica de calçados (máquinário importado da Alemanha) e loja de comércio, sendo que exportava calçados para a França e a Alemanha. Era um imigrante empreendedor de sucesso. Mas tinha um grande sonho: um hospital para atender a forte colônia italiana de Botucatu e dirigido por seu filho primogênito, Aleixo, que se formara em Medicina pela Real Universidade de Parma, na Itália. Assim, construiu e inaugurou a Casa de Saúde Sul Paulista, em 1928, trazendo como seu Diretor Clínico, o Professor Titular de Cirurgia Clínica da Real Universidade de Nápoles, Dr. Ludovico Tarsia que tivera que se exilar no Brasil por problemas políticos na Itália.

O exemplo de Botucatu é meramente referencial a mostrar o Empreendedorismo dos Imigrantes a se espalhar por todo o Brasil.

Elege o irmão para o Senado Italiano

Por duas vezes é convidado para o Senado Italiano. Por fim, indica seu irmão, André Matarazzo que foi eleito para a Câmara Alta Italiana. Com sua “Casa Bancária” representa no Brasil o Banco de Nápoles, liderando a arrecadação para ajuda financeira dos italianos residentes no exterior para envio para a Itália (cerca de 85 mil contos, 50% do déficit nacional). Esse grande e patriótico trabalho levou o Rei Vittorio Emanuelle III a lhe conferir o título nobiliárquico de Conde, em 1917, concedendo-lhe, em 1926, a hereditariedade ao título.

NO ANO MÁGICO DE 1934 - Afora as comemorações pelos oitenta anos, o Conde Matarazzo viveria seguidas vitórias: foi considerado o “Empreendedor do Século”; o sucesso da publicação do livro “Il Conde Matarazzo a ottant’anni”; a conquista do Tri-Campeonato Paulista de Futebol (1932/33/34) pelo Palestra Itália (Palmeiras), clube da Colônia Italiana presidido por Dante e a eleição, com a maior votação do estado, do Deputado Estadual Constituinte, Dante Delmanto. Dante era filho de seu conterrâneo (Castellabate) e amigo, o imigrante italiano Pedro Delmanto, industrial no interior do Estado (Botucatu).

O OCASO DO IMPÉRIO – Quem poderia imaginar que o “Império Matarazzo” poderia acabar?!? Quem imaginaria o ocaso?!? É o fim, a pobreza? Não, seguramente, não! A família continuará, por gerações, a viver bem, mas é o ocaso do complexo industrial Estudos acadêmicos nos mostram que duas empresas seguiram rumos diferentes, ambas empresas familiares: IBM e IRFM. Os donos da IBM abriram o capital social, perderam o controle direto, mas ficaram acionistas da que é hoje uma das maiores empresas do mundo A IRFM, optou , após a morte do Conde (1937), pela administração familiar. Com o falecimento do sucessor, Conde Matarazzo II (início dos anos 80), com as desavenças entre os filhos pelo controle acionário do grupo, ficou inviabilizada economicamente a empresa...

A verdade é que tudo mudou e apenas restou a imagem lendária do menino que naufragou nas costas do Brasil, perdeu uma partida de queijos e vinhos, iniciou a revolução industrial brasileira e virou Conde... (AMD)

Comentários (Blog do Delmanto):

Caro Delmanto,

1 - Recebi com muito prazer a matéria que fez sobre Francesco Matarazzo. Realmente um homem que mudou o Brasil e nos deixou um exemplo incomparável. Muitos de seus princípios nos norteiam até hoje. Seja como industrial como também na vida pública. Gostei demais dos comentários sobre a matéria. Significam que as pessoas sabem separar as coisas. Te agradeço a atenção. Um forte abraço Andrea (Andrea Matarazzo - amatarazzo@sp.gov.br). 14 de julho de 2011

2 - Prezado Armando, Agradeço pelo material enviado. O abraço, Senador Eduardo Matarazzo Suplicy. 5 de julho de 2011

3 - Caríssimo Armando. Foi nessa Casa de Saúde Sul Paulista que Dr. Tarsia operou meu pai de uma apendicite aguda no ano de 1932, época da revolução. Ainda quero lhe contar: Meu avô Luiz Smaniotto trouxe da cidade italiana de Trento um navio de imigrantes pelo ano de 1800 e não sei quantos, aportou nas costas de Santa Catarina, adquiriu um pedaço de terra e fundou a cidade de Nova Trento (terra de irmã Paulina, hoje Santa Paulina) Com duas mulheres meu avô foi pai de 33 filhos. Em l895, alí nasceu minha mãe. Hoje, Nova Trento é uma cidade bonita e orgulha os catarinenses por ser a terra de Santa Paulina e abriga grande número de turistas devotos. Parabéns pelo belo artigo neste blog, exaltando os imigrantes italianos. Lembro-me perfeitamente das famílias ali citadas, desde a cervejaria Bacchi perto do pontilhão da Sorocabana. A filha do “patriarcha” Bacchi foi a primeira mulher a dirigir carro em Botucatu. Tempo muito saudoso. Abraço forte. Neide (neidesanches@uol.com.br). 5 de outubro de 2011 19:47

Delmanto disse Salve, Neide. Seu comentário é muito valioso. É preciso resgatar esse período tão importante para Botucatu, como foi o da implantação e existência da Casa de Saúde Sul Paulista. O seu testemunho sobre o Prof. Tarsia é o primeiro caso concreto que temos conhecimento sobre a sua atuação em Botucatu. No início dos anos 30, era uma honra para uma cidade de porte médio contar com a experiência e competência de um Cirurgião Catedrático de uma Universidade da Europa (Nápoles). E sobre a colônia de Nova Trento é uma verdadeira riqueza. Obrigado por seu interesse. Grande abraço,5 de outubro de 2011

4 - Caro Sig. Delmanto, È con enorme piacere che ho avuto conoscimeto del tuo lavoro. “Momento MAGGIORE Italia/Brasile = Conte Matarazzo!” Già conoscevo la fama del Conte Matarazzo, essendo certo che negli anni1930/40 lui era considerato l’italiano piu ricco del mondo! Questo lavoro ritratta bene l’importanza dell’immigrazione italiana per il Brasile . La stesso è occorso in altri Paesi come Stati Uniti, Canada e L’Australia. A compitua integrazione della Colonia Italiana con i brasiliani à il principale distaco per aspetto positivo di questa immigrazione. Saluti per il bello e ricco lavoro. Cordialmente, Paolo Trevisani (paolo.trevisani@comune.bologna.it) 4 de outubro de 2011

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“Assis Chateaubriand

em 1934, esse grupo industrial de “O ESTADO MATARAZZO”, lembrando que São Paulo tinha uma renda bruta de 400 mil contos e o parque industrial Matarazzo uma receita de 350 mil, acima de qualquer outra unidade federativa brasileira...O Conde Matarazzo, financeira e economicamente é o segundo Estado do Brasil...”

Diário da Cuesta 4
vai chamar,
“...negli anni1930/40 lui era considerato l’italiano piu ricco del mondo!”

Hospital Umberto Primo / Hospital Matarazzo

Com a força do Império Matarazzo, o Conde Matarazzo foi o principal patrocinador da fundação, em 1904, do Hospital Umberto Primo. E não parou aí. A ampliação foi constante, chegando a 27.000 m2 de área construída a um quarteirão da Avenida Paulista. O crescimento do complexo hospitalar foi constante:

• Prédio original do Hospital Umberto I (pavilhão administrativo), 1904

• Casa de Saúde Francisco Matarazzo,1915

• Capela, 1922

• Casa de Saúde Ermelino Matarazzo, 1925

• Cozinha, Lavanderia e Refeitório, 1929• Residência das irmãs, Ambulatórios e Enfermarias, anterior a 1930• Clínica Pediátrica Amélia de Camilis, 1935

• Pavilhão Vitório Emanuele III, 1937

• Maternidade Condessa Filomena Matarazzo, 1943• Prédio Hospitalar (ampliação), 1974

Na década de 50, chegou a ter 500 leitos e nos anos 70 passou a ser referência na formação de profissionais, ao firmar convênio com o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), sendo que sua maternidade era vista como a melhor da América do Sul. Com o fim do Império Matarazzo, o hospital também entrou em crise. Já transformado em um ícone arquitetônico e por sua importância histórica foi tombado, em 1986, pelos órgãos do patrimônio.

A Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI, comprou o prédio, em 1996, para transformá-lo num complexo turístico e hotel. Não realizou o planejado e o vendeu, neste ano de 2011, para a PUC –Pontíficia Universidade Católica que fará o aproveitamento dos prédios, colocando um Campus Universitário e um complexo cultural.

EMPREENDEDORISMO DOS “ORIUNDI” NA SAÚDE!

No inicio dos anos 20 , a então poderosa colônia italiana em Botucatu atingia o auge de sua prosperidade. Era mais unida e o sentimento da origem comum ainda era forte

A colônia italiana tinha a sua escola, a sua banda musical, o seu jornal, o seu clube social, o seu teatro, os seus estabelecimentos comerciais, as suas fábricas e até a sua loja maçônica Longe deles qualquer sentimento divisionista, ao contrário, o que havia era uma natural aglutinação de pessoas com a mesma origem, os mesmos costumes, a mesma paixão pelas coisas

Como ocorrera, com muito sucesso, na capital, onde a colônia italiana erguera o imponente Hospital Umberto Primo , em 1904, ampliando-o sucessivamente, o exemplo passou a ser seguido pelos núcleos mais expressivos dos imigrantes italianos nas cidades do interior do estado

E Botucatu estava situada no limite de onde chegara a Estrada de Ferro Sorocabana , em 1889 e dali partindo para a conquista do interior, “plantando” cidades com o progresso que as suas paralelas levavam: Lençóis Paulista, Bauru, Assis, Ourinhos e Presidente Prudente se destacando entre tantas outras...

Na segunda metade dos anos 20, Pedro Delmanto (Pietro Del Manto) já tinha completado seu ciclo produtivo de calçados : com fazenda de gado, curtume, fábrica de calçados (máquinário importado da Alemanha ) e loja de comércio, sendo que exportava calçados para a França e a Alemanha . Era um imigrante empreendedor de sucesso . Mas tinha um grande sonho: um hospital para atender a forte colônia italiana de Botucatu e dirigido por seu filho primogênito, Aleixo , que se formara em Medicina pela Real Universidade de Parma, na Itália. Assim, inaugurou a Casa de Saúde Sul Paulista, em 1928, trazendo como seu Diretor Clínico , o Professor Titular de Cirurgia Clínica da Real Universidade de Nápoles, Dr. Ludovico Tarsia que tivera que se exilar no Brasil por problemas políticos na Itália.

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