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Opinião Gonçalo de Sá Director do Centro ANJE
1500 Maiores Empresas
O que se espera do próximo ano e de que forma o PRR pode ou não ser decisivo?
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Gonçalo de Sá
Director do Centro da Associação Nacional de Jovens Empresários
Os desafios da economia portuguesa convergem em múltiplos pontos críticos, dos quais realço os seguintes: iliteracia económica dos agentes estatais e sociedade em geral, carga fiscal elevada para as pessoas e empresas, incapacidade de desburocratizar e agilizar processos notariais, comerciais e de investimento e inexistência de um plano industrial desenhado em função da nossa geografia, latinidade e estabilidade sindical. Qualquer processo massivo de investimento por parte do Estado Português, seja o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou o PT2030 deveria assentar num plano estratégico direcionado para os pontos críticos do País e adotado politicamente após ratificação eleitoral.
Podemos apontar várias direções, como o ensino da matemática baseado em Estatística e não em Cálculo, aplicação de taxas efetivas de IRS-IRC consoante geografia e até mesmo taxas únicas independentes do escalão de rendimento, de forma a fomentar poupança (o que permite a ampliação de crédito pelas instituições bancárias) ou o aumento substancial da procura interna. Mais, dever-se-ia considerar um caderno de encargos de investimento industrial que nos coloque fornecedores e prestadores de serviços de Espanha, Marrocos e, principalmente, o centro da Europa (lembremo-nos das ligações ferroviárias).
No mundo real das empresas sabemos que o empreendedorismo é apenas o processo no qual alguém se transforma num empresário. De sucesso, se correr bem e apreender as regras de produção, inventário, marketing e vendas ou insucesso se apenas se limitar a acumular os (generosos) subsídios à exploração do PRR e PT2030.
Contudo, o dilema assenta na pergunta: o PRR é decisivo para um plano estratégico global de Portugal ou apenas um investimento de 16 000 milhões de euros de subsidiação do Estado e das empresas? Não existem dúvidas que o PRR gerará crescimento económico durante os 2 primeiros anos, mas a conseguinte aplicação dos Fundos não promove o crescimento sustentado da Economia.
Ao analisarmos as prioridades de investimento do PRR português, transição verde, transformação digital, PMEs, coesão social e territorial, saúde e novas gerações deixo algumas inquietações para percebermos a utilidade do PRR português.
Transição Verde: Em 2018, Portugal consumiu 21.729 ktep de energia primária, das quais 75% resultam de combustíveis fósseis. O que vemos no PRR para atingir a neutralidade carbónica?
Transformação Digital: Em 2021, Portugal demorou quase 10 meses de leilão ativo da tecnologia 5G. O que vemos no PRR para desburocratizar o Estado e a facilidade de decisões?