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Opinião Nuno Mangas - Presidente da Comissão Executiva do Compete 2020
1500 Maiores Empresas
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Nuno Mangas
Presidente da Comissão Executiva do Compete 2020
AEconomia Circular encerra uma mudança estruturante de paradigma para a sociedade no seu todo, com o abandono progressivo do modelo de produção e consumo subjacente à ‘Economia Linear’, para um modelo de “Economia Circular” fundado numa mudança sistemática e estruturante dos padrões de produção e de consumo sustentáveis.
Às políticas públicas está cometido um importante papel de re-orientação e criação das condições-quadro de envolvente, incentivos e reconhecimento de boas práticas, potenciadores do alinhamento dos agentes económicos - produtores e consumidores/vertentes oferta e procura - para estes desafios e novas oportunidades.
Ao nível europeu, o Pacto Ecológico Europeu, ou European Green Deal, constitui uma estratégia ambiciosa e transformadora, que visa impulsionar a utilização eficiente dos recursos através da transição para uma economia limpa e circular, tendo a pretensão de tornar a Europa no primeiro continente com impacto neutro no clima em 2050.
A nível nacional, no Sistema Nacional de Políticas e Medidas, onde se integra o Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030, estão previstas reformas visando o incremento da competitividade das empresas através da inovação e da sustentabilidade dos seus produtos e serviços, apostando na eficiência energética, nas energias renováveis e em métodos de produção com baixas emissões de carbono.
Apoiar a transformação ecológica junto dos atores económicos é não só um imperativo, mas também uma enorme oportunidade. A alteração dos processos industriais, alicerçados sobretudo na produção linear, para modelos baseados na economia circular e sustentável, contribuirá para modernizar e tornar mais resiliente e sustentável o tecido empresarial nacional.
No presente e no futuro próximo estaremos cada vez mais perante modelos de negócio assentes na circularidade dos produtos e serviços. Esta realidade implica uma transformação das nossas empresas, que terão que colocar o seu foco no desenvolvimento de bens e serviços assentes nas melhores práticas ambientais e em processos de produção cada vez mais sustentáveis.
Nos últimos anos, os Sistemas de Incentivos às empresas no âmbito do PT2020 têm apoiado um número significativo de projetos de Inovação Produtiva visando a modernização e inovação dos processos e produtos, serviços e modelos de negócio, tornando-as mais circulares e sustentáveis.
Importa, no entanto, salientar que este tipo de apoios se irá intensificar, quer com o Quadro Financeiro Plurianual 2021-2027 ou PT2030, quer através da implementação de algumas das medidas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Entre as ações que serão apoiadas com Fundos Europeus, podemos desde já referir o apoio à introdução de novos produtos e serviços circulares, a alteração ou introdução de novos processos produtivos, incluindo a adoção de tecnologias de baixo carbono, a produção e armazenamento de energia a partir de recursos renováveis, a adoção de tecnologias eficientes do ponto de vista dos recursos fomentando a ecoinovação e o desenvolvimento de produtos e serviços pensados para vários ciclos de vida, ou a adoção de sistemas de monitorização e gestão de consumos.
Importa, pois, que as nossas empresas se capacitem para as oportunidades e desafios colocados pela economia circular e pela transição climática e energética, das quais não podemos dissociar a transformação digital em curso. A preparação atempada de projetos de investimento seguindo os princípios referidos será seguramente também uma oportunidade para o início de um novo ciclo de maior competitividade e sustentabilidade.