Escapadinhas de Primavera 2022

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ESPECIAL ESCAPADINHAS DE PRIMAVERA

Desfrute de uma ‘escapadinha’ de Primavera no nosso território

Turismo Todos os concelhos têm o seu ex-libris, o seu cartão-de-visita que leva os turistas, nacionais e estrangeiros, a visitar o território. E uma 'escapadinha de Primavera' pode até levar o visitante a ser surpreendido por novas propostas. É esta a sugestão do Diário de Leiria: partir à descoberta do nosso território a partir das propostas de cada município da região.

LUÍS FILIPE COITO
Não pode ser vendido separadamente Director Adriano Callé Lucas Edição 29 de Abril de 2022 Sexta-feira

ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA

Alcobaça História e tradição de mãos dadas

 A história do município de Alcobaça começa ainda durante da Reconquista Cristã, pela mão de D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal. A região desenvolveu--se e tornou-se um dos locais mais ricos em património histórico do país, com vários sítios dignos de uma ‘escapadinha’. Sugerimos um roteiro de um dia, que abrange o património, a gastronomia e dá a conhecer a natureza de Alcobaça.

Com o início da construção em 1153, o Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça contém no seu interior a história de amor mais conhecida do país. Os túmulos de D. Pedro I e D.ª Inês de Castro encontram-se no transepto do edifício e a sua

qualidade arquitectónica ajudou à atribuição do título de Património da Humanidade em 1989. A entrada no Mosteiro é gratuita aos domingos e feriados e é permitido o acesso a

todo o edifício. Além da igreja, que é a maior do país, pode visitar a Sala dos túmulos, o Claustro de D. Dinis, a Sala do Capítulo, a cozinha, o refeitório e a Sala dos Reis.

Para a hora de almoço, o que não vai faltar serão locais para provar as iguarias da região. Entre as refeições mais reconhecidas, pode provar o frango na púcara ou o malhado de Al-

cobaça com maçã. Neste último prato, estão presentes dois dos produtos característicos da região. A carne de porco malhado de Alcobaça, que tem vindo a ganhar notoriedade e é uma das únicas três espécies autóctones de suínos em Portugal, e a maçã de Alcobaça, apreciada por todo o país devido à sua qualidade de sabor adocicado.

Se preferir pratos de peixe, o marisco é um produto de excelência em Alcobaça. Na escolha da sobremesa, destacam-se os doces conventuais, tais como as famosas Cornucópias, as Delícias de Frei João ou o Pudim de Ovos dos frades do Convento de Alcobaça. É na parte da tarde que pode aproveitar para conhecer os

espaços naturais de Alcobaça, cujo território se estende da serra até ao mar. Para uma ‘escapadinha’ romântica ou em família, nada melhor do que um passeio pedestre pela praia.

Com areais extensos, tem vários destinos dentro do município de Alcobaça. Pode visitar a baía de São Martinho do Porto, com um areal extenso e pouca ondulação, e que actualmente já conta com uma ‘beach cam’, através da qual é possível visualizar a praia em tempo real. Sepreferir, pode optar pela praia de Paredes da Vitória, onde tem uma vista privilegiada para o pôr-do-Sol ao fim da tarde.

A vice-presidente do município de Alcobaça, Inês Silva, admite que ao “conhecer estas três áreas, fica completo um passeio por Alcobaça”. Este é um concelho vasto, capaz de cativar os seus visitantes através do ambiente apaixonante envolvente, onde o amor ecoa pela cidade.

Alvaiázere Exuberância natural e arqueologia

 Alecrim-do-monte, orégãos, erva-de-santa-maria ou orquídeas selvagens são algumas das maravilhas naturais que poderemos encontrar na serra de Alvaiázere. Espécies arbustivas que compõem a paisagem daquela que é a maior elevação do Maciço de Sicó, com 618 metros de altitude. A Serra de Alvaiázere está integrada na Rede Natura 2000 e, além da vegetação, são dignas de nota as suas características geomorfológicas como algares, lapas e campo de lapiás, presentes em zonas com rochas calcárias ou dolomíticas e que servem de habitat a diferentes espécies de morcegos.

Chegando ao cume, a vista dificilmente poderia ser mais deslumbrante: a Oeste vislumbra-se o maciço montanhoso calcário de Aires e Candeeiros, o Vale da Mata, a Serra de Sicó, e mais distante, em dias de céu limpo, o mar. Do lado Este, avistamos o Avelar, a serra da Nexebra, Vendas, Maçãs de Caminho, Maçãs de Dona Maria e a Serra de São Neutel; a Oriente observa-se a várzea e a vila de Alvaiázere; no sopé Ocidental, a vasta depressão do Bofinho, cuja origem se relaciona com processos cársicos. Enfim, uma vista de 360º ao seu dispor

que abarca desde a Serra da Boa Viagem à Serra da Lousã. Mas nem só com natureza e paisagem se escrevem as ‘escapadinhas’ de Alvaiázere. Em termos arqueológicos destaca-se o povoado localizado no topo Nordeste, dominando toda a paisagem envolvente. Em algumas zonas são visíveis vários troços bastante largos de muralha construída com blocos de calcário – a denominada ‘Carreira dos Cavalos’.

Dentro desta temática não podemos esquecer o Complexo Megalítico do Rego da Murta, com duas Antas. Uma delas é um monumento funeráriosimbólico, onde foram encon-

trados vestígios arqueológicos. Na segunda Anta, os estudos de antropologia detectaram mais de 50 indivíduos, de ambos os sexos e diversas idades que teriam sido enterrados, num processo ritual, acompanhados por flores, alimentos e objetos e também animais.

A fechar as sugestões de ‘escapadinha’, desvendamos um segredo pouco conhecido. Na freguesia de Pelmá, num local que poucos conhecem e de rara beleza, fica o ‘O Olho do Tordo’, uma nascente de água que brota de um poço profundo e que se transforma num ribeiro que somente deixa de correr com a chegada da época estival. 

Ansião Natureza no coração do Sicó

Em Ansião, situa-se a maior mancha de carvalho da Europa, que se estende desde o concelho vizinho de Penela até ao de Alvaiázere, compondo o Parque Intermunicipal Algarinho – Gramatinha – Ariques, no qual se preserva a biodiversidade do território na sua forma natural e ainda original. E esta é uma ‘escapadinha’ perfeita para usufruir de paisagens deslumbrantes e silenciosas, entre carvalhos, em plena comunhão com a natureza.

Para que todos possam usufruir da natureza em pleno, existe uma rede de percursos pedestres, alguns dos quais se entrecruzam e fundem com os Caminhos de Santiago e os Caminhos de Fátima – Rota Carmelita, que permitem um contacto estreito com a natureza.

A valorização do património natural levou à criação de uma marca de promoção turística, alicerçada na centralidade do concelho na região de Sicó e em características da paisagem natural diferenciadoras do território, como a terra rossa e a pedra calcária, sob o mote ‘Ansião Coração de Sicó’.

A Serra da Portela, também conhecida por Serra do Anjo

da Guarda, é outro local merecedor de uma paragem, não só pela vista privilegiada, como por outros motivos de interesse, como o Moinho do Monte da Ovelha, um moinho de vento tradicional; o Ciclo do Pão, onde se pode reavivar e manter a tradição ligada aos moinhos da confeção da broa e do pão; e as recentes esculturas instaladas no âmbito do projecto Territórios de Pedra, de valorização cultural e turística dos municípios de Ansião, Figueiró dos Vinhos e

Pombal;

Uma ‘escapadinha’ ao concelho de Ansião não fica completa sem uma visita ao Complexo Monumental de Santiago da Guarda, classificado como património nacional desde 1978.

Este é um local com características únicas na Península Ibérica, por reunir testemunhos de diferentes épocas arquitetónicas num mesmo espaço, servindo de ‘montra’ para a nossa evolução colectiva. 

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O Mosteiro de Alcobaça é um dos monumentos mais visitados da região
É com a alusão ao amor que o município pretende dar-se a conhecer aos seus visitantes. Rico em história e tradição, Alcobaça é o destino ideal para uma ‘escapadinha’ de Primavera,
Vista do concelho é deslumbrante LUÍS FILIPE COITO e ainda o Miradouro e o Baloiço do Anjo da Guarda. Rotas permitem contacto directo com a natureza
CMA CMA

ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA

Batalha e os passeios geológicos

 A ‘escapadinha’ que se propõe à Batalha permite conhecer alguns dos ícones do concelho, “numa vertente eminentemente geológica, atendendo à relevância do maciço calcário estremenho e das suas características únicas com especial relevância neste território”.

Nesse sentido, o presidente da Câmara da Batalha, Raul Castro, sugere uma visita à Pia da Ovelha. Trata-se de uma cova natural de grandes dimensões. O seu nome provém de uma pia existente por baixo de uma estalactite que goteja abundantemente durante os períodos de chuva. No passado, os pastores levavam aí os seus rebanhos a beber água e a pro-

tegerem-se das intempéries. Fica localizada na aldeia de Reguengo do Fetal.

Mantendo o espírito de aventura, Raul Castro aponta o caminho das Grutas da Moeda. Descobertas em 1971, as Grutas da Moeda são hoje um dos pontos turísticos e científicos de grande valia do concelho da Batalha. Estão localizadas em São Mamede e oferecem aos visitantes galerias e espaços de grande beleza geológica, mantendo-se a preservação das características naturais. Para além das grutas, o autarca aconselha também uma visita ao Centro de interpretação Científicoambiental (CICA), onde é possível pode descobrir como se forma uma gruta para além de

Bombarral: Uma ‘escapadinha’ de natureza

 O município do Bombarral constitui-se como um óptimo local para os adeptos de turismo de natureza, que procuram paz e tranquilidade. Sinónimo disso é o Jardim Bacalhôa Buddha Eden, o maior jardim oriental da Europa, que se encontra na Quinta dos Loridos.

Com cerca de 35 hectares, este jardim começou a ser construído em 2001, em homenagem aos Budas Gigantes de Bamyan, no Afeganistão, que foram destruídos pelo governo Talibã.

O jardim rejeita qualquer tendência religiosa e mostrase como um espaço de reconciliação, aberto a todas as pessoas, independente da sua religião, etnia, nacionalidade, condição cultural ou social. Os visitantes são convidados a

redescobrir a felicidade, através da união e da meditação, em uníssono com a natureza e as obras de arte.

A grandiosidade do jardim permite que a visita seja feita ao longo do dia, dando a opor-

tunidade de conhecer todos os recantos deste espaço.

No lugar de realizar o passeio pelo jardim a pé, existe a oportunidade de conhecer este local através do Comboio Turístico, que passa pelos sítios mais

emblemáticos. Entre os espaços mais visitados, estão as 600 esculturas em terracota dos Guerreiros de Xian, a escadaria dos Budas Dourados, o Buda Gigante, com 21 metros de altura, ou o Lago do Pagode,

o maior dos lagos existentes no jardim, com uma ponte em tons avermelhados.

Além disso, a visita ao Bacalhôa Buddha Eden dá sempre a oportunidade aos seus visitantes de realizarem uma prova de vinhos gratuita, com a seleção de dois dos vinhos presentes na Loja do jardim.

O município sugere a continuação desta ‘escapadinha’ dedicada ao EcoTurismo, com uma passagem pela Mata Municipal do Bombarral. Inserida no centro da cidade, esta Mata contém inúmeras espécies raras. Tem cerca de 4 hectares de floresta e é considerada uma Área de Interesse Público desde 1941. A serenidade da Mata contrasta com o seu antigo papel, constituindo um cenário para as caçadas da corte no séc. XV.

outras curiosidades importantes.

Quando a fome apertar depois dos passeios propostos, o concelho também é conhecido pela sua gastronomia. Não apenas no período pascal, mas ao longo de todo o ano, a gastronomia na Batalha assume especial relevância, atendendo à excelência dos pratos confeccionados, a que se junta um serviço de qualidade.

Por outro lado, aponta o presidente da Câmara da Batalha, as freguesias do concelhoBatalha, Golpilheira, Reguengo do Fetal e São Mamede - merecem também uma visita devido à qualidade da restauração e aos sabores únicos que oferecem.

Para terminar rodeado de história, aconselha-se uma visita ao PR- Trilho da Batalha da Roliça. Aquando das invasões francesas, os primeiros confrontos na Península Ibérica entre os britânicos e os franceses ocorreram na Roliça, no dia 17 de Agosto de 1808.

Os invasores renderam-se e foram obrigados a abandonar o país, apesar de tentarem invadir Portugal nos anos seguintes.

De referir que este Trilho inicia-se no painel de azulejos que retrata esta batalha, passa pela Serra do Picoto e volta ao ponto inicial, num percurso de 9,7 km entre caminhos rurais que foram palco desta guerra no séc. XIX.

O Bombarral apresenta-se como um concelho pronto a ser descoberto, com paisagens surpreendentes, capazes de apaixonar os seus visitantes pela simplicidade e ruralidade característicos da região. 

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Visita à região cársica pode desvendar parte da história do concelho
Pia da Ovelha é apenas ume exemplo de como uma ‘escapadinha’ à Batalha pode representar uma verdadeira aventura pela história cársica da região. Mas, o concelho tem mais para mostrar
O Bacalhôa Buddha Eden é o maior jardim oriental da Europa DR DR

ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA

Caldas

única

denses sempre presente. Se desejar conhecer melhor as ruas e ruelas das Caldas da Rainha, nada melhor do que percorrer a Rota Bordaliana, com figuras de Bordalo Pinheiro feitas à escala humana e que estão espalhadas por toda a cidade.

As ‘Nascentes termais da Rainha’, é esse o significado do nome do concelho das Caldas da Rainha. A fundação desta região está relacionada com a passagem da rainha D. Leonor, em 1484, esposa do rei D. João II, que se dirigia à Batalha. Conta a lenda que a rainha, ao ver alguns pobres mergulhados em águas pantanosas, quis satisfazer a sua curiosidade e ficou a saber que aquele seria um local com propriedades medicinais, capaz de curar enfermidades. Para dar melhores condições aos que necessitavam daquelas águas, ordenou edificar um estabelecimento de banhos para aproveitar as suas qualidades terapêuticas.

Assim nasceu, em 1485, o Hospital Termal de Nossa Se-

nhora do Pópulo, em 1485, que desencadeou o desenvolvimento das Caldas da Rainha nas terras circundantes. Agora apelidado de Termas das Caldas da Rainha, é considerado o Hospital Termal mais antigo do mundo e seria indicado, principalmente, para tratar o aparelho respiratório, problemas reumáticos e músculoesqueléticos.

Apesar de os tratamentos termais estarem encerrados, vale a pena realizar uma visita ao Hospital Termal e conhecer o resto do complexo envolvente, composto pelo parque D. Carlos I, o Museu do Hospital e das Caldas, a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo e a Mata Rainha Dona Leonor. São sítios caracterizados pela plenitude

e natureza envolventes, cheios de histórias para contar gravadas nas estruturas dos edi-

fícios e nos caminhos para percorrer.

Nesta visita sugerida pelo

município das Caldas da Rainha, a Praça da Fruta é paragem obrigatória para quem deseja conhecer os costumes mais tradicionais da cidade. Localizada na Praça da República, funciona como um mercado de comércio de produtos regionais, com frutas, cerâmica, frutos secos e doçaria regional e está aberto todos os dias. Este é o mercado ao ar livre mais antigo do país, fundado no século XV e nele tem a oportunidade de provar os doces tradicionais, como as cavacas e os beijinhos das Caldas.

A vivacidade e a alegria contagiam a Praça da Fruta diariamente, que possui particularidades capazes dar a conhecer a cultura desta cidade, com a boa-disposição dos cal-

Rafael Bordalo Pinheiro é uma figura incontornável da região e, apesar de ter nascido em Lisboa, viveu alguns anos nas Caldas da Rainha e contribuiu para o desenvolvimento do concelho. Composta por 18 figuras, esta rota permite que quem a percorre conheça os locais mais emblemáticos da cidade, as principais ruas e os edifícios mais conhecidos, ao mesmo tempo que pode contemplar as obras de arte de Bordalo Pinheiro.

Ao visitar todos estes locais, o recomendado é realizar esta ‘escapadinha’ a pé, aproveitando a proximidade que os locais têm entre si. Será um passeio marcado pela história caldense, que se afigura uma cidade emblemática da região Centro do país.

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da Rainha: uma história
que vale a pena conhecer
Esta Primavera é uma boa oportunidade para fazer uma escapadinha até às Caldas da Rainha. Com locais repletos de singularidades, o concelho possui uma história única que vale a pena conhecer
O Hospital Termal é o mais antigo do mundo LUÍS FILIPE COITO

ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA

Castanheira de Pera: Um concelho onde a natureza e a beleza predominam

 Pelo meio da natureza, Castanheira de Pera leva-o a descobrir os recantos verdes e as paisagens encantadoras do concelho, capazes de o fazer perder-se no tempo. A conexão com a natureza assume grande protagonismo em Castanheira de Pera. Entre ribeiras e recantos da serra, o difícil é escolher, e por isso mesmo, o presidente de Castanheira de Pera, António Antunes, apresenta-lhe várias sugestões. Outrora conhecido por Cabeço do Pereiro, o Planalto do Santo António da Neve, situado na Serra da Lousã, é um dos lugares mais emblemáticos do concelho de Castanheira de Pera e é a primeira sugestão de António Antunes. É lá que se encontra erguida a Capela de

nar

gelo,

autarquia recomenda a passagem pelos recantos da “pitoresca” aldeia do Coentral, onde se situa a ribeira das Quelhas, na encosta da Serra, que pode ser percorrida através de um longo passadiço, onde é possível ir até às quedas de água e a pequenas lagoas de água cristalina da tão famosa Ribeira das Quelhas, onde poderá refrescar-se e, simultaneamente, apreciar aquelas águas límpidas. Se não quiser fazer a paragem na Ribeira das Quelhas, António Antunes dá-lhe ainda outra sugestão. A meio da tarde nada melhor que um mergulho refrescante nas águas da Praia Fluvial do Poço Corga, que se encontra em pleno leito da Ribeira de Pera, possuindo todos os requisitos para uma boa’

escapadinha’ de Primavera, aproveitando uma tarde de Sol. Se preferir aventurar-se numa experiência mais tropical a Praia das Rocas é o destino de eleição de todos os que procuram fugir da zona de conforto, com o divertimento garantido pelas ondas artificiais e onde pode desfrutar de um passeio em barco a remos ou em gaivota, fazer slide, escalada ou rapel.

Para terminar a rota, o município convida ainda a conhecer a vila, “num passeio pedonal demorado”, visitando as “arejadas e avenidas verdes e os encantos do jardim da Casa da Criança Rainha D. Leonor”, fundado, em 1939, por iniciativa de Bissaya Barreto, médico cirurgião natural de Castanheira de Pera. Este foi considerado um dos mais belos jardins de Portugal na década de 70.

Não deixe de apreciar o exlibris deste jardim, a vistosa magnólia, que, em 2021, foi candidata a árvore do ano, tendo conquistado o quarto lugar.

A arte que destaca Figueiró dos Vinhos

 Figueiró dos Vinhos está repleto de lugares encantadores que oferecem experiências e emoções a quem o visita, tornando-se o lugar ideal para a ‘escapadinha’ perfeita. E, nas sugestões a destacar não podem faltar as belezas naturais, como o percurso das Fragas de São Simão, a Aldeia do Xisto de Casal de São Simão e o verde das belíssimas paisagens de Campelo, passando pela Foz de Alge, onde a Ribeira de Alge encontra o Rio Zêzere. Não faltam razões para visitar a beleza natural de Figueiró! Mas aqui a experiência completa-se também com uma vertente artística e cultural. Uma visita que pode começar no Centro Histórico da vila

para conhecer o património cultural mas deve passar obrigatoriamente por uma visita

ao ‘Casulo’ de Malhoa e ao Museu e Centro de Artes, onde se contam as histórias de quem

por lá passou e tanto deixou. Recorde-se que o pintor se apaixonou por Figueiró dos

Vinhos, aí fixando residência e aí trabalhando, tendo chegado até aos nossos dias o ‘Casulo’, que lhe serviu de residência e atelier. Terá sido neste concelho que produziu parte importante da sua obra.

Mas nem só o nome de Malhoa surge associado a Figueiró dos Vinhos e é para evocar os seus maiores artistas que foi criado o percurso ‘A Volta dos Artistas’. É um percurso que revisita a vida em Figueiró dos Vinhos de dois pintores do Grupo do Leão, José Malhoa (1855-1933) e Manuel Henrique Pinto (1853-1912), aqui trazidos a convite do mestre e amigo José Simões d’Almeida Júnior (1844-1926), que era natural de Figueiró, tal como o seu

sobrinho José Simões d’Almeida (Sobrinho) (1880-1950).

São estes quatro, os dois pintores e os dois escultores, que colocaram a vila e a região no mapa da Arte em Portugal na viragem de oitocentos para novecentos.

Esta é uma rota que aviva memórias e torna vivas as experiências que outrora pertenceram a grandes nomes da Arte em Portugal.

É também este princípio de viver a arte no local que deu origem ao Fazunchar, festival de arte urbana que, em Agosto costuma trazer a Figueiró dos Vinhos artistas nacionais e internacionais que encontram nos recantos da vila a sua ‘tela’.

Uma ‘escapadinha’ por aqui convida também a provar a gastronomia local ou, quem sabe, a um piquenique na natureza.

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Santo António e os três exemplares de Poços Neveiros, classificados como Imóveis de Interesse Público em 1986, que outrora serviam para armaze- a neve e o e onde é possível conhecer ou lembrar a história dos antigos ‘neveiros’ da Real Fábrica da Neve do Coentral. Em pleno topo da Serra da Lousã, o Planalto de Santo António coloca-nos perante um cenário onde a cor verde predomina. Na descida, o presidente da
Passadiço da Ribeira das Quelhas é forte atractivo no concelho
DR
A natureza e as paisagens verdes assumem grande protagonismo no concelho de Castanheira de Pera, capazes de o fazer perder-se no tempo
‘Casulo’ de Malhoa é um dos pontos de paragem obrigatória no concelho DR

Leiria

‘Emoldurada’ pelos rios Lis e Lena, a cidade de Leiria é capaz de surpreender qualquer um que se cruze com a riqueza do seu património. Mas, a capital do distrito oferece-lhe outras boas razões para desfrutar de um dia repleto de passeio e aventura.

A primeira sugestão do presidente da Câmara de Leiria, Gonçalo Lopes, para uma ‘escapadinha’ de Primavera é, logo pela manhã, uma visita ao castelo de Leiria, um dos principais cartões de visita da cidade. Com a cidade do Lis como pano de fundo, o monumento histórico, requalificado há cerca de um ano, conta parte da história do concelho, guardando no interior das muralhas vestígios das diversas fases de ocupação.

Entrando pela Porta da Albacara, no interior do recinto arquitectónico, pode encontrar a Igreja de Santa Maria da Pena e os seus traços medievais e modernos ao mesmo tempo. Esta é uma Igreja que dispõe de um espaço totalmente novo e requalificado, sendo, hoje, palco de várias iniciativas. Os antigos Paços Reais, a Torre de Menagem e, sobretudo, a vista sobre a cidade valem a pena a subida ao castelo, que pode ser feita por dois elevadores.

A vista do Castelo convida a uma visita ao coração da cidade, mais concretamente ao centro histórico, onde se concentram, maioritariamente, o comércio tradicional, os bares, cafés e esplanadas. Neste local, pode encontrar a principal praça da

cidade, Rodrigues Lobo, ponto de encontro para a população e paragem obrigatória para os visitantes.

Ainda no centro histórico,

não deixe de visitar a Sé Catedral, que se assume como uma das grandes obras do Renascimento. O Mercado Santana é outro dos espaços que não

pode deixar de explorar, até porque o local representa mais do que um mercado. É, sobretudo, um centro cultural, albergando ainda algum comércio e restauração e onde pode sempre fazer uma pausa para almoço.

Na parte da tarde, prepare os ténis e a roupa desportiva e siga o concelho de Gonçalo Lopes, que o convida a explorar o percurso do Vale do Lapedo, mesmo às portas da cidade, em Santa Eufémia, onde o património cultural se alia à beleza natural.

Este é um percurso que começa no parque de Merendas, passa pelos trilhos do passado no Vale do Lapedo e permite uma visita ao Abrigo do Lagar Velho, onde foi descoberto o

‘Menino do Lapedo’, o esqueleto de uma criança com 29 mil anos. O que torna o espaço tão peculiar é o facto de se tratar da única sepultura humana deste período conhecida em toda a Península Ibérica, que testemunha a partilha de rituais fúnebres pelos homens que viveram na Europa.

Esta é uma rota que inclui passagem por encostas calcárias, cursos de água e mata mediterrânica, num percurso bastante dinâmico que mistura trilho com algum asfalto e numa constante variação de inclinações.

Depois da caminhada e para terminar o roteiro, nada melhor que recuperar energias com a degustação do famoso leitão da Boa Vista. Se é bom apreciador desta carne, o presidente da Câmara de Leiria aconselha-o a degustá-la.

Leiria é uma região muito forte na produção de leitão, tendo também uma boa oferta de assadores e restaurantes que lhe dão a conhecer o popular leitão assado, capaz de o deixar com água na boca. 

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ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA
Deixe-se
pluralidade
recantos
Cidade
levar pela
dos
da
do Lis
Se está de visita à cidade de Leiria, o presidente da Câmara ajuda-o a escolher alguns dos pontos turísticos mais emblemáticos da capital do distrito que deve explorar
Castelo é cartão de visita
na cidade
LUÍS FILIPE COITO

ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA

Marinha Grande: da praia para o prato sem esquecer o vidro

 No Ano Internacional do Vidro, decretado pela ONU, o presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Aurélio Ferreira, sugere uma ‘escapadinha’ ao Museu do Vidro, espaço museológico que preserva as memórias de um povo e uma história que remonta ao século XVIII.

Localizado no antigo palácio dos irmãos Stephens, o Museu do Vidro foi inaugurado em 1998 e é hoje um espaço que reúne colecções que testemunham a actividade industrial, artesanal e artística vidreira portuguesa. Seja através de exposições temporárias ou a mostra permanente, o espaço oferece uma visão da história do vidro e da arte secular que permitiu à Marinha Grande tornar-se na ‘capital do vidro’.

No Ano Internacional do Vidro, há todas as razões para recordar o nascimento de uma indústria e a forma impulsionadora como moldou a vida de um povo. Entre copos, castiçais e jarras, o visitante pode

ficar a conhecer a evolução do sector do vidro e mesmo as dificuldades económicas sentidas na altura. Novas peças vão sendo dadas a conhecer e, com elas, várias formas de arte, a que se junta a cor, que tornam as peças únicas. Para além de objectos em vidro utilizados na altura pela medicina, e artigos para higiene pessoal, o

Museu do Vidro tem também expostas peças que explicam como era o processo do fabrico do vidro.

Mas, o património do concelho vidreiro também se faz pela costa. “Local ideal para caminhadas em família”, afirma Aurélio Ferreira, a praia de São Pedro de Moel e o Farol do Penedo da Saudade são um

dos atractivos por excelência da Marinha Grande.

Todos os anos atrai milhares de turistas, não apenas pelas suas características arquitectónicas e história, mas pela praia que apresenta uma paisagem privilegiada.

São cada vez mais as famílias que procuram S. Pedro de Moel para umas férias de Verão tran-

quilas, longe da confusão das praias muito movimentadas. Os bons acessos à praia permitem uma deslocação fácil, não só para quem se desloca de carro, como para os mais aventureiros que preferem a bicicleta ou simplesmente ir a pé, através de uma ciclovia, com uma extensão de cerca de oito quilómetros, que liga Marinha Grande a S. Pedro de Moel.

Destaque é também a Casa-Museu Afonso Lopes Vieira. Situada junto ao mar, constitui um testemunho literário da obra de Afonso Lopes Vieira e um ‘palco’ da criação das suas obras e da sua vivência como homem de letras, da arte e amante da natureza.

A casa possui uma capela dedicada a Nossa Senhora de Fátima, mandada construir por Afonso Lopes Vieira e pela sua mulher corria o ano de 1929.

Por essa ocasião, o poeta escreve o ‘Avé’ de Fátima. Decoradas com elementos alusivos ao mar, a capela é com-

posta por conchas da praia e azulejos, alguns deles decorados com transcrições de partes de texto da obra ‘Os Lusíadas’.

Outra das atracções de S. Pedro de Moel é o seu farol, com 33 metros de altura, construído em 1912.

Mantendo o desejo de percorrer um pouco mais a costa, o presidente da Câmara da Marinha Grande sugere uma passagem pela Praia da Leiria, onde poderá provar o famoso Arroz de Marisco.

Sabia que o concelho da Marinha Grande detém o ‘título’ das 7 Maravilhas da Gastronomia Portuguesa pelo Arroz de Marisco? Há 11 anos, o Arroz de Marisco da Praia da Vieira era catapultado para a ribalta depois de entrar na lista das ‘sete maravilhas’ da gastronomia nacional. Este prato diferencia-se dos restantes por ser servido directamente do lume num tacho de barro, ainda a fervilhar. A lagosta, os camarões grandes e as amêijoas conferem-lhe um sabor único a mar, muito bem acolitados com pimento, coentros e arroz carolino. Está, por isso, explicada a razão por que esta iguaria dá mote à primeira edição do Festival Arroz de Marisco, que decorrerá nos dias 14 e 15 de Maio, na Praia da Vieira. 

Nazaré: Há escapadinhas que fogem ao óbvio

 Conhecida pelas praias de extensos areais, paisagem marítima deslumbrante, espectacularidade das ondas – conhecidas no mundo inteiro -, tipicidade, traje e pelas suas raízes piscatórias inigualáveis, a Nazaré tem inúmeros recantos, menos mediáticos, mas estrondosamente relevantes na formação da identidade deste concelho.

Falamos de património arquitectónico, que confirma a ocupação deste território desde o período romano, bem como de património cultural e natural, relacionado com a lenda de Nossa Senhora da Nazaré e a formação desta povoação, e que o ceramista Mário Reis tão bem agrupou na História que apresenta nos painéis de cerâmica que o Ascensor da Nazaré possui nas gares (inferior e superior).

Por isso, a primeira sugestão de ‘escapadinha’ por parte do

presidente da Câmara da Nazaré, Walter Chicharro, passa pela Igreja de S. Gião e o início das visitas guiadas, em Maio, sendo este “um novo ponto de visita e muito interessante”.

As visitas guiadas à Igreja de São Gião pretendem dar a conhecer a história de uma das

mais antigas igrejas de Portugal através da explicação da sua cronologia histórica que, de acordo com os vários trabalhos de investigação ali realizados, revelou vestígios de ocupação humana desde o período romano até ao século XVIII.

A possibilidade de visitar o

monumento prende-se com o esforço da Câmara Municipal da Nazaré para resolver um processo com décadas, dando início à empreitada de recuperação do imóvel em 2018, obra que terminou nos princípios do ano de 2021.

As visitas regulares arrancam

a 11 de Maio, e acontecerão às segundas e quartas-feiras, no período das 14h30 às 15h30.

A segunda sugestão de ‘escapadinha’ para Walter Chicharro é o Cercado dos Veados que apesar de não ser “novo”, “é pouco conhecido” e “faz a ligação à lenda e ao património religioso”.

No Sítio, no Pinhal de Nossa Senhora da Nazaré, no caminho para a Praia do Norte, encontramos o ‘Cercado dos Veados’, um projecto conjunto da Câmara Municipal e da Confraria, com o intuito de evocar e relembrar o milagre de Nossa Senhora da Nazaré ao Cavaleiro D. Fuas Roupinho. Aqui podem observar-se vários espécimes de veados-vermelhos.

A terceira sugestão são os painéis de cerâmica do Mário Reis das gares do ascensor. O painel de cerâmica do artista faz parte do património artístico da gare inferior do ascensor e

contém “detalhes perfeitamente fabulosos”, mostrando “a perspectiva do artista acerca da vila”.

O peixe seco, as gaivotas, as ondas gigantes, o surf, o promontório, o Forte de São Miguel Arcanjo (farol), entre outros aspectos, mostra algumas perspectivas da cultura local. Com 20m2, o trabalho é composto por 2.000 peças, entre azulejos e outras peças de cerâmica.

Walter Chicharro não se quis ficar por sugestões na urbe nazarena, e pretendeu alargar a visita ao concelho, escolhendo a Lagoa do Valado. Localizada na Mata Nacional, a Norte de Valado dos Frades, a lagoa do Valado ou do Saloio, forma por si só um recurso de água doce de grande valor ecológico e paisagístico.

Refúgio por excelência de aves, répteis e anfíbios, não sendo seguro a prática de actividades aquáticas, esta é uma zona de excelência para actividades terrestres ou simples passeios. 

16 |29 ABR2022 |SEXTA-FEIRA
Arte de trabalhar o vidro pode ser apreciada ainda nos dias de hoje Espaço museológico que preserva as memórias
de um
povo,
o
Museu
do
Vidro
é um bom ponto de partida para ficar a conhecer o concelho no Ano Internacional do Vidro decretado pela ONU
LUÍS FILIPE COITO Visitas à Igreja S. Gião arrancam em Maio CMN

Óbidos Há tesouros para além das muralhas

ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA

Pedrógão Grande: Natureza radical

A vila medieval de Óbidos é uma das mais pitorescas e bem preservadas de Portugal, mas todo o concelho esconde ‘tesouros’ que nem todos tiveram a oportunidade de conhecer e que vão muito para além do seu património histórico e edificado. Assim, o presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, começa por sugerir uma presença no Óbidos Vila Literária, classificada pela Unesco em 2015.

Antigos espaços encontram uma nova função, o que resultou na abertura de livrarias temáticas. Um passeio pela vila deverá incluir, por isso, uma visita atenta a alguns dos espaços que compõem a Rede Literária de Óbidos.

Para quem gosta do património histórico, o autarca sugere o Santuário do Senhor Jesus da Pedra. Inaugurado em

1747, é um dos principais monumentos barrocos em Portugal. Por último, a proposta de ‘escapadinha’ passa pelo aproveitamento da natureza envolvente, que foi generosa com Óbidos. Foi criada a Rede Municipal de Percursos Pedestres de Óbidos - Trilho dos Patos Reais que acompanha uma das áreas de maior beleza

da Lagoa de Óbidos. Um dos pontos de interesse deste circuito são as centenas de aves aquáticas, migratórias e de rapina que nidificam ou transitam no canavial ali existente, como os flamingos. Poder-se-á ainda observar a secular pesca de bivalves e enguias que continua a ser o meio de subsistência da comunidade local. 

 Da escalada à BTT, passando pela canoagem muitas são as alternativas ‘radicais’ que Pedrógão Grande oferece, aproveitando a sua natureza privilegiada e a oferta local para aproveitar as terras do Rio Zêzere. Sendo uma das principais riquezas do concelho o seu património natural, uma das melhores formas de a descobrir é através de percursos ao lado do Rio Zêzere ou a acompanhar a Ribeira da Pena.

Também se pode aproveitar o caminho florestal que leva à albufeira da Bouçã e a estação arqueológica da Devesa.

As paisagens por estas bandas são de cortar a respiração, com lugares mágicos como as praias fluviais de Mosteiro, do Cabril ou a Mega Fundeira, com a água do Zêzere.

Para quem prefira passeios de carro é ‘obrigatório’ o miradouro da Barragem do Cabril,

que permite ver o enorme lago e, no lado contrário, o vale profundo do Zêzere onde estão duas pontes, uma delas a Ponte Filipina, construída no início do século XVII, classificada

como monumento nacional. A zona do Zêzere integra a rede de Aldeias do Xisto, um tesouro a considerar na hora de escolher uma ‘escapadinha’ perto da natureza mais pura. 

SEXTA-FEIRA| 29 ABR2022 | 17
Zêzere pode ser pontod e partida para descobrir o concelho Lagoa de Óbidos é ‘casa’ para diversas espécies ARQUIVO
DR

ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA

Peniche ‘Escapadinhas’ com vista para o mar

 O concelho de Peniche é uma zona de grandes belezas naturais e de um recorte paisagístico invejável, com um vasto património histórico, cultural e religioso.

A visita de Peniche deverá incluir uma passagem pelo centro histórico. Para além do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, das Igrejas de São Pedro e da Misericórdia, o destaque vai para o Forte de Peniche, construído no séc. XVI/XVII para a defesa da costa em cruzamento com o Forte da praia da Consolação e o forte na Ilha das Berlengas. Foi importante para a história de Portugal em vários momentos, mas importa referir que o seu contributo mais recente foi como prisão política durante o Estado Novo, em que aqui es-

tiveram algumas das figuras públicas mais importantes da resistência ao regime.

Para além das artes da pesca que, naturalmente, sempre foram uma das fontes de rendimento da população, Peniche é também conhecida pela arte das rendas de bilros, que as mulheres se dedicaram a aperfeiçoar enquanto os homens andavam no mar.

Nesse sentido, existe um Museu da Renda de Bilros de visita obrigatória, que completa a Mostra Internacional, um evento anual, agendado para o terceiro fim-de-semana do mês de Julho. Este evento conta com a participação de inúmeras comitivas estrangeiras provenientes de vários pontos do mundo que se dedicam a tecer também rendas de bilros. Uma

excelente oportunidade para se deleitar com o dedilhar dos bilros de centenas de rendi-

lheiras e para se deslumbrar com as novas aplicações desta arte nas áreas da moda, joa-

lharia, calçado nacional, entre outras aplicações.

Apesar de tudo, o mar continua a ser um dos principais pontos de interesse e desenvolvimento e as praias de Peniche são muito apreciadas. Se as baías da Consolação e do Baleal proporcionam um bom resguardo para dias de praia em família, as ondas desta costa Oeste, como as da Praia de Medão Grande, conhecida como Supertubos devido às suas grandes ondas de forma tubular, são muito procuradas por surfistas e bodyboarders de todo o mundo.

Num concurso a nível nacional foi nomeada como uma das ‘7 Maravilhas de Portugal’. Juntamente com a Praia do Lagido são o palco do grande campeonato mundial de surf

Rip Curl Pro Portugal, uma prova que integra o World Surf League Tour.

Por outro lado, a uma viagem de barco de distância fica a Ilha das Berlengas, classificada pela Unesco em 2011 como Reserva Natural da Biosfera. As suas águas translúcidas são ideais para os mergulhadores que aqui encontram um reduto natural de fauna e flora marinha. O mar agitado e o isolamento da Ilha são também o mote para muitas histórias misteriosas de pescadores e de barcos afundados nesta costa.

Como não podia deixar de ser, o mar domina também as especialidades gastronómicas. Não se deve por isso deixar Peniche sem provar a caldeirada, o arroz de marisco ou a sardinha assada no carvão, sempre acompanhados dos vinhos da região Oeste.

Para sobremesa, recomendam-se os doces de amêndoa, seja um ‘Amigo de Peniche’ ou os biscoitos chamados ‘Esses’. 

Pombal Desde a serra até ao mar

 O concelho de Pombal é um local onde os amantes da natureza são bem-vindos. Propícia ao ecoturismo, a Serra da Sicó é uma das paragens obrigatórias para quem deseja conhecer Pombal. Esta serra integra o Maciço de Sicó e o seu ponto mais alto tem 553 metros, sendo composta principalmente por rocha calcária, muito característica da região. Trata-se de um dos maiores canhões fluviocársicos e possui vários trilhos que podem ser percorridos enquanto se contemplam as paisagens surpreendentes e se sentem os aromas do tomilho, do alecrim e do rosmaninho.

A Serra da Sicó é habitat natural de um grande número de espécies de fauna e flora,

como orquídeas selvagens, águias-cobreiras, rosas albardeiras ou bufos-reais, uma ave de rapina nocturna cada vez mais rara. O percurso pela serra permite perceber o resultado da relação entre a rocha e a água ao longo dos anos, em que uma sofre a degradação por acção da outra e torna este espaço ainda mais peculiar. Outro dos locais mais conhecidos pelo concelho de Pombal é o Convento do Louriçal, um edifício religioso que é dedicado a Madre Maria do Lado. A história deste convento remonta ao ano de 1631, quando um grupo de religiosas se transforma em Recolhimento das Religiosas Escravas do Santíssimo Sacramento, sediado na casa de Maria do Lado. Só

em 1709 é que este Recolhimento tem a autorização do rei para se transformar em Convento, cujas obras de construção do edifício se devem a

D. João V. Apesar da antiguidade, nos dias de hoje o Convento ainda alberga uma comunidade religiosa de irmãs que vive em recolhimento e

se entrega à adoração contínua. No interior da igreja é possível contemplar o altar imponente e as paredes revestidas de azulejos com representações religiosas.

A ‘escapadinha’ por Pombal que se iniciou na serra terá o seu fim junto do mar, na secção integrante da rota europeia de cicloturismo, a Euro Velo 1, correspondente à secção 14. A Euro Velo 1 é uma rota de longa distância dedicada aos cicloturistas, mas que também pode ser usada pelos habitantes para promover as deslocações sustentáveis e estimular o desenvolvimento estratégico das infraestruturas de mobilidade ciclável. A primeira rota percorre toda a costa atlântica de Portugal Continental e con-

tinua por Espanha e França, até chegar ao Reino Unido. Por isso, é na sua secção 14, compreendida entre a Praia da Vieira e a Figueira da Foz, que Pombal se encontra representado com a passagem por Silveirinha Grande e Alhais, seguindo pela Mata Nacional do Ursos junto à Praia do Osso da Baleia. Com a ajuda de uma bicicleta, os visitantes podem contactar com a beleza natural do concelho de Pombal, ao mesmo tempo que usufruem da nova sinalética e painéis informativos que proporcionam um melhor entendimento da riqueza do território.

É pelo mar e a serra que o percurso, sugerido pelo município de Pombal, fica completo. São três locais marcantes, que percorrem a história e os costumes pombalenses em harmonia com a natureza desta região.

18 |29 ABR2022 |SEXTA-FEIRA
Forte de Peniche é um dos grandes atractivos
Seja em terra, com visita ao património edificado ou cultural, no mar, com passagem pelas Berlengas e praias, ou à mesa, Peniche oferece um roteiro para uma verdadeira ‘escapadinha’
A Serra da Sicó acolhe centenas de espécies autóctones CMP ARQUIVO

 Tal como acontece em muitos concelhos da região, Porto de Mós também foi brindado com uma riqueza ímpar ao nível do património edificado e natural que merece uma visita atenta e prolongada.

As sugestões de ‘escapadinhas’ do presidente da Câmara de Porto de Mós, Jorge Vala, sugerem um roteiro que, para os que gostam de património histórico, pode começar com uma visita ao Castelo de Porto de Mós. Originalmente um posto de vigia romano, apresenta-se, aos nossos dias, como um paço residencial com marcantes traços renascentistas, divinizados nas torres forradas a cerâmica de cor verde.

Hoje, o castelo recebe manifestações culturais, tem pro-

gramação própria dedicada, com exposições, concertos, teatro e conferências. Lugar de educação e sensibilização para

a cultura e o património, aqui se desenvolvem múltiplas actividades lúdico-pedagógicas que constituem um convite a

experiências cada vez mais ricas e desafiantes. Daqui, faça a vontade ao corpo, estique as pernas, deixe o olhar perder-

-se de vista e Tok’andar, nos Passadiços da Fonte do Castelo, seguindo depois em direcção ao CIBA - Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, através do Percurso da Batalha Real, que levou os portugueses à vitória.

Trata-se de um verdadeiro mergulho da história já que o CIBA é um espaço museológico que tem como objectivo a salvaguarda, estudo do campo de Batalha de Aljubarrota ocorrida em 1385, bem como a divulgação histórica, do tempo, dos factos e ficções do século XIV.

Para os mais aventureiros, sugere-se uma descida ao centro da terra, ao jeito de Júlio Verne, numa das grutas que há por cá. Se formos até à Maravilha Natural, em Mira de Aire, e para os mais sensíveis às descidas acentuadas, recomenda-se uma prova de vinhos, entre estalactites e estalagmites e, finalmente, quando se voltar a ver o Sol, há que dar atenção ao corpo e repor energias com um cabrito no forno ou uma morcela assada, pratos que marcam a gastro-

nomia local.

Para terminar o dia, nada como ir apanhar um pouco de ar, na Fórnea. Trata-se de um anfiteatro natural com cerca de um quilómetro de diâmetro, escavado nos calcários margosos, margas e calcários do Jurássico inferior e médio, sendo, por isso, um lugar rico em fósseis. Localizando-se no Polje de Alvados, a Fórnea é uma extensa depressão com o fundo aplanado envolto por vertentes íngremes e por ribeiras temporárias afluentes do rio Lena, o rio Cabrão e o ribeiro da Fórnea, que se juntam para formar o rio Alcaide.

Depois, a sugestão é apreciar os muros de pedra seca e sentir o vento, a natureza, a serenidade e a arte. Arte? Sim, a arte urbana, que a dois passos dali se pode visitar numa pedreira do Codaçal ou junto ao Miradouro do Chão das Pias. No final do roteiro, a proposta é descansar numa esplanada para apreciar um Pastel de Mós, um doce recente e que concorreu às 7 Maravilhas – Doces de Portugal. 

de Mós Difícil
escolher as melhores ‘escapadinhas’ SEXTA-FEIRA| 29 ABR2022 | 19
Porto
é
ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA
concelho A fórnea e as grutas são apenas alguns dos exemplos de como a natureza foi generosa com Porto de Mós, mas o concelho tem mais ‘aventuras’ para desbravar CMPM
Castelo
é um dos principais cartões de visita do

Ourém: Uma vila medieval com tesouros escondidos

 Ourém é uma vila conhecida pelos seus traços medievais e o que não falta são razões para a visitar. Apesar de ser rica em património, o concelho tem ainda alguns tesouros escondidos que vale a pena descobrir.

No topo da vila medieval de Ourém, com uma vista única sobre a paisagem que o rodeia, o Castelo de Ourém faz-se notar pelo seu formato triangular e pelas suas torres vistosas, e é uma das paragens obrigatórias para quem deseja conhecer este concelho. No seu interior, não deixe de visitar o Paço dos Condes, que foi utilizado como residência oficial do Conde D. Afonso, sendo ainda hoje uma boa demonstração de poder militar, poder económico e de

poder simbólico daquela época.

Este é um monumento que se apresenta como um dos maiores cartões de visita do concelho, atraindo milhares de turistas nacionais e internacionais. Em 2021, o espaço ganhou uma nova vida. Todo o conjunto patrimonial foi alvo de restauro e conservação e foi ainda implementado um espaço museológico e a construção de dois passadiços (um recriando aquele que originalmente ligava o Paço dos Condes aos Torreões e outro ligando a Torre Dona Mécia à Torre Nordeste), que podem ser visitados.

Para desfrutar de uma boa tarde de Sol, o presidente da Câmara de Ourém, Luís Albuquerque, sugere um passeio pelo passadiço do Agroal e, de seguida, um mergulho nas suas águas. Localizado na freguesia de Formigais, a praia fluvial do Agroal integra a maior nascente do Rio Nabão, sendo muito apreciada pelas suas águas frias, com fama de serem tremais. Para além de poder desfrutar das águas da praia, o passadiço, inaugurado o ano passado, liga

o Agroal ao Parque Natureza, permitindo ao visitante fruir de uma paisagem ímpar, em estreita e directa comunhão com a natureza, naquele que é um dos mais belos destinos turísticos do concelho de Ourém, ao longo de aproximadamente 780 metros.

Para terminar o dia, Luís Albuquerque convida-o a um ‘pézinho de dança’, na FeirOurém, entre 15 a 20 de Junho, através de um programa recheado de artistas e onde a animação é garantida.

Tony Carreira e Daniela Mercury são cabeças-de--cartaz do evento e, segundo as palavras do presidente vão “contribuir para o sucesso do certame”. Outros nomes como Ana Bacalhau, Blaya, Bárbara Bandeira e Ruizinho de Penacova vão subir ao palco e abrilhantar o evento.

Para além da boa música, a FeirOurém dá-lhe a conhecer os produtos locais e regionais, nas diferentes bancas espalhadas pelo evento, onde pode explorar também a vertente gastronómica do concelho. 

O concelho de Ourém é rico em património, mas há outras boas razões para o visitar. A vila dispõe de diversos espaços para desfrutar de um bom dia de Sol CMO 20 |29 ABR2022 |SEXTA-FEIRA ESPECIAL ESCAPADINHA DE PRIMAVERA
Passadiço do Agroal foi inaugurado o ano passado e reforça a ligação entre a natureza e a praia

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