Leiria acelera no setor automóvel
Suplemento Seja na vertente lúdica ou desportiva, os veículos de duas e quatro rodas continuam a marcar o passo das nossas vidas, sobretudo na região, um território onde o automobilismo é vivido intensamente. Neste suplemento, o Diário de Leiria propõe-se a dar a conhecer os principais protagonistas do setor automóvel.
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Setor automóvel: conheça os protagonistas
Seja na vertente lúdica ou desportiva, os veículos de duas e quatro rodas continuam a marcar o passo das nossas vidas, sobretudo na região, um território onde o automobilismo é vivido intensamente, quer através do setor industrial quer por via dos milhares de aficionados existentes.
Neste suplemento, o Diário
de Leiria propõe-se a dar a conhecer os principais protagonistas do setor automóvel na região, desde os concessionários às oficinas, sejam aquelas a quem recorremos no dia a dia, ou as que restauram clássicos, uma arte em vias de extinção dada a falta de artesãos para dar a exemplares raros.
O suplemento inclui tam-
bém uma perspetiva académica sobre engenharia automóvel e uma entrevista ao jovem piloto de 16 anos, Henrique Cruz, que aspira a competir no estrangeiro já a partir do próximo ano.
As empresas e associações também foram ouvidas neste trabalho, que não esquece a sustentabilidade. |
Design
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A paixão pelos carros na região de
na informática, há diversas tecnologias emergentes que permitem apresentar soluções inovadoras de mobilidade. Seja qual for o caminho adotado, ninguém se atreve a sugerir que a solução para os problemas do planeta passa por um retrocesso na mobilidade”, rematou Paulo Matos de Carvalho.
A região de Leiria vive com grande intensidade tudo o que diga respeito ao setor automóvel, como se pode ver na adesão massiva ao ‘Leiria Sobre Rodas’ ou às provas que vão polvilhando o nosso território ao longo do ano. Por isso, é justo dizer que Leiria tem uma paixão pelo veículo automóvel que é “impressionante”.
Mas afinal como se pode justificar essa paixão? Para o coordenador da licenciatura em Engenharia Automóvel no Politécnico de Leiria parte deste sentimento está relacionado com o vasto número de empresas que se dedicam à produção de componentes e de so-
luções para a indústria automóvel que existem na região. Seja para automóveis que circulam na estrada no dia a dia, seja para a competição automóvel.
Para Paulo Matos de Carvalho, outra parte importante da explicação é a formação, já que o Politécnico de Leiria criou em 1997 a primeira formação de ensino superior totalmente dedicada à Engenharia Automóvel, tendo criado uma década depois o primeiro mestrado em Portugal.
“Durante muitos anos, a formação ao nível de licenciatura e mestrado em Engenharia Automóvel no Politécnico de Lei-
ria foi a única a nível nacional, e continua a ser até aos dias de hoje a formação mais conceituada. A existência em Leiria de formação (...) com integração
das diferentes áreas tecnológicas do veículo automóvel da atualidade acarreta diversas vantagens ao nível da inovação e da criação de riqueza, quer para a região, quer para o país”, sublinhou Paulo Matos Carvalho.
Por outro lado, o coordenador de mestrado em Engenharia Automóvel no Politécnico de Leiria, Hélder Santos, salienta que o interesse pelo automóvel que se sente em Leiria já vem de longa data.
“O que permite transformar ‘interesse’ em ‘paixão’ está associado a uma cultura de ‘fazer acontecer’ tão típica de Leiria. Acreditar que é possível con-
cretizar o sonho e ser bem-sucedido a fazê-lo. A paixão pelo automóvel sentida atualmente em Leiria alimenta-se disto e também desta forma de perspetivar o automóvel”, vincou.
Questionados a perspetivar o sector automóvel no futuro, os responsáveis não têm dúvidas a indicar que o mesmo vai continuar a marcar a vanguarda na tecnologia.
“Ao nível da propulsão e da segurança, muitas das soluções tecnológicas do futuro continuarão a provir da competição automóvel e algumas também da aeronáutica. Sempre assim foi e continuará a ser. Noutras áreas, nomeadamente
Por outro lado, Hélder Santos refere que o setor automóvel tem conseguido ao longo da sua história, dar resposta eficiente a todos os desafios que lhe têm sido lançados.
“Basta observar o nível de desenvolvimento tecnológico dos sistemas de controlo e redução de poluentes. Os mais atuais são tão incrivelmente eficientes como complexos tecnologicamente. Sem dúvida que o setor do automóvel irá continuar a alargar as fronteiras da tecnologia ao serviço da mobilidade humana e consciente de que as soluções para os problemas da mobilidade humana nunca foram encontradas por decreto”, concluiu.|
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Licenciatura e Mestrado em Engenharia Automóvel atraem jovens talentos
Os cursos de Licenciatura e Mestrado em Engenharia Automóvel no Politécnico de Leiria foram pioneiros e continuam a ser muito reputados a nível nacional. Esse facto atrai a Leiria todos os anos um número significativo de estudantes que têm paixão pelo automóvel. As suas expectativas são que este curso seja a fonte que permita saciar a sede de conhecimento técnico nas áreas do automóvel, sendo importante referir que quase dois terços dos alunos do curso de licenciatura em Engenharia Automóvel são de fora do distrito de Leiria.
“Muitos deles acabam por ficar a trabalhar na região porque, ao contrário de outras regiões do país, Leiria tem demonstrado possuir essa capacidade de oferecer condições de fixação para os jovens engenheiros”, contou o coordenador da licenciatura em Engenharia Automóvel no Politécnico de Leiria, Paulo Matos de Carvalho.
Segundo o responsável, também se contabilizam diversos casos de empresas de
sucesso criadas por ex-alunos de Engenharia Automóvel e dedicadas a este setor de atividade, pelo que podemos chegar à conclusão que a licenciatura e mestrado “têm contribuído para o dinamismo que se sente em torno do automóvel na região de Leiria”.
Paulo Matos de Carvalho conta ainda que o curso de licenciatura surgiu com base
numa necessidade identificada ao nível do mercado de trabalho e que parecia ser uma boa ideia. “Mas como em todas as ideias originais, há sempre fatores de risco e de incerteza”, confessou.
Por outro lado, o coordenador estabelecido um paralelismo entre o percurso da formação em Engenharia Automóvel e o percurso do ‘Leiria
sobre rodas’. “Começou por ser a concretização do que parecia ser uma boa ideia para a dinamização do estádio de Leiria. As primeiras edições contaram com um forte apoio organizacional e empenho dos alunos de engenharia automóvel do Politécnico de Leiria e capitalizaram a capacidade de organização associada ao conhecimento técnico e à paixão
pelo automóvel. O sucesso foi sendo consolidado e aumentado de ano para ano, tendo-se tornado uma referência a nível nacional”, vincou.
Um dos grandes aliciantes dos alunos de Engenharia Automóvel é poderem, eles próprios, construir um veículo de competição. No Politécnico de Leiria têm sido criadas condições para acarinhar experiências a este nível, nomeadamente no âmbito da competição Formula Student.
“Essas experiências são profundamente exigentes para quem se envolve nelas. O trabalho de projeto e desenvolvimento de um carro destes consome muito tempo. Quando se chega à fase de construir o carro a azáfama dos alunos é absolutamente incrível. Já houve alturas em que o trabalho decorria com alunos a trabalharem no laboratório de engenharia automóvel 24 horas por dia”, contou o coordenador de mestrado em Engenharia Automóvel no Politécnico de Leiria, Hélder Santos. Contudo, o responsável salienta que é importante que se
perceba que o Politécnico de Leiria é uma escola e não uma equipa profissional de competição automóvel.
“Isto significa que é normal ver alunos a crescerem tanto ao nível do conhecimento técnico como quanto pessoas, até um ponto de maturidade em que se tornam engenheiros de mão cheia e partem para abraçar novos projetos igualmente desafiantes. A participação empenhada numa equipa como o Formula Student normalmente tem esse desfecho para a maior parte dos membros de uma equipa. Estes alunos tornam-se engenheiros de excelência e são procurados quer por empresas nacionais, quer por empresas internacionais”, sublinhou.
Por isso, questionado até onde é possível ir, Hélder Santos responde: “Até à realização dos sonhos individuais”. E acrescenta: “A existência na região de Leiria de diversas empresas de sucesso ligadas à competição automóvel e que foram criadas por ex-alunos de Engenharia Automóvel é aliás um exemplo disso”.|
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Núcleo de desportos motorizados de Leiria continua a lançar automobilistas para a pista
Competição O presidente do Núcleo de desportos motorizados considera que a organização tem alimentado um caminho cheio de “trabalho, inovação e sucesso”, ao longo de mais de 25 anos
“Trabalho, inovação e sucesso”, é o que tem marcado e alimentado o percurso do Núcleo de Desportos Motorizados de Leiria, que ao longo de mais de 25 anos, continua a ser bem conhecido e a lançar automobilistas para as pistas. O Kartódromo Internacional de Leiria, na freguesia de Milagres, é prova viva disso mesmo. Segundo destaca o presidente do Núcleo, a construção deste Kartódromo, que partiu daquela organização, permitiu que “alguns dos melhores pilotos a ní-
vel mundial e alguns campeões” se iniciassem na condução, sem esquecer os muitos motores que por ali já deixaram a sua marca em provas “com características muito próprias para quem quer começar neste desporto”. Por todos este fatores e mais alguns, Pedro Mendes Alves, considera que o Núcleo de desportos motorizados de Leiria, “tem sido um grande impulsionador do desporto automóvel na região de Leiria”. Mas o que é que diferencia esta pista das restantes? Para
Pedro Mendes Alves, a reposta é “fácil”. Para além de ter sido das primeiras pistas a ser cons-
truídas em Portugal, esta apresenta um traçado “equilibrado, único” e muito característico.
“Qualquer kart afinado nesta pista, acaba por estar afinado noutras pistas” e, conseguir assim, ter uma boa prestação, destaca o presidente.
Todos os investimentos por parte do Núcleo leiriense têm sido uma ‘rampa de lançamento’para a organização, quer com a compra do terreno onde se situa o Kartódromo, quer com as obras, recondicionamento e conservação do mesmo. A todos estes investimentos, revela Pedro Mendes Alves, juntam-se a pintura do
edifício e a colocação de novo tapete asfalto na pista. Para o apoio às provas, a organização adquiriu um camião para o secretariado e uma roulotte.
Quanto aos projetos futuros, são, nem mais nem menos, do que continuar “a montar cerca de 20 provas ao longo de um ano e liquidar os avultados investimentos”, conta, ressalvando que a mais valia desta Associação, são os cerca de 400 associados e 100 colaboradores pro-bono que se têm mantido de ‘mãos dadas’.
Motores já aquecem para o Rallye Verde Pino
Muitas são as provas emblemáticas realizadas pelo Núcleo, que, em média, mobilizam cerca de 60 pilotos. Uma delas é o Rallye Verde Pino que se vai realizar já no próximo mês. Numa extensão de cerca de 500 quilómetros, esta prova dvai desenrolar-se por toda a região.
No Rallye Verde Pino são esperadas cerca de 50 equipas, portuguesas, francesas, belgas e espanholas. |
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É fundamental estabilizar os preços da energia
Há cerca de um ano, 72% da produção de moldes em Portugal destinava-se à indústria automóvel. Hoje, esse número é ainda mais elevado, como confirmou ao Diário de Leiria Manuel Oliveira, secretário-geral da Cefamol - Associação Nacional da Indústria de Moldes. “Mais recentemente, e em função da retoma de projetos que estiveram suspensos, o valor destinado ao setor automóvel cresceu face ao passado, sendo atualmente, e segundo os últimos dados, de 78% da produção de moldes nacional”, explicou.
Algo que contraria um pouco a orientação da própria Cefamol, como assume aquele responsável, recordando que, “com o objetivo de minimizar os impactos que as oscilações de mercado podem trazer ao sector, condicionando o seu desenvolvimento e sustentabilidade, a diversificação geográfica e de indústrias-destino da produção de moldes nacional é um tema bastante importante para as nossas empresas”.
Por isso, tem havido um es-
A indústria vive da existência de novos modelos e produtos. Apesar de existirem algumas alterações nos componentes a integrar nestes veículos que reduzem áreas de negócio (ex. elementos integrados nos motores), haverá sempre necessidade de peças interiores, exteriores, sistemas de iluminação ou eletrónica.
forço, quer da Associação, quer das empresas, neste sentido. O que fez com que, no período da pandemia se tenha verificado alguma inflexão no valor da representatividade da indústria automóvel, por contraponto com as áreas da embalagem e dispositivos médicos.
Com o retomar de projetos, como referido, houve um aumento no destino dos moldes
portugueses para a indústria automóvel que é hoje o seu principal cliente.
Quanto ao futuro próximo, “as expectativas são positivas em função do momento atual”, considera Manuel Oliveira que, no entanto, refere que continua a existir uma grande incerteza na conjuntura internacional e há elementos que, de um dia para o outro, podem fazer alterar todo o cenário. Por isso, resume, “há que ser otimista, mas cuidadoso e atento perante o futuro, com uma necessidade acrescida de responsabilidade nas decisões e investimentos a realizar, em virtude da conjuntura económico-financeira que vivemos”.
Um dos fatores que tem alterado substantivamente todos os setores é a questão do constante aumento do preço energético que, no caso dos moldes tem um impacto transversal, pois influencia quer o preço das matérias-primas, quer de produção, quer depois no transporte para a exportação. Manuel Oliveira considera que “os aumentos verificados no preço da energia são condicio-
nantes adicionais para a competitividade do setor, aumentando custos de produção que dificilmente se conseguem transpor para o custo final a apresentar aos clientes”. Pelo que, defende, “será fundamental, não apenas para a indústria de moldes, mas também para outros setores industriais e para os consumidores finais, a existência de medidas governamentais e comunitárias que possam ajudar a estabilizar preços e apoiar as empresas a suportar os aumentos de custos que estão a sofrer”. “O reforço do apoio aos programas de descarbonização e transição energética, para que as empresas acedam e instalem tecnologias limpas e renováveis, será também um importante passo neste sentido”, acrescenta.
Elétricos não prejudicam moldes
Sendo uma indústria que, neste momento, depende do desenvolvimento da indústria automóvel, será relevante per-
Fundada em 1969, a CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes, é uma instituição sem fins lucrativos e de utilidade pública, cuja missão é representar, de forma ativa, os seus
Moldes
associados, que são actualmente mais de 160. A presidência da direção da Cefamol está a cargo de João Faustino, líder da empresa TJ Moldes. Num setor altamente competitivo e em que
a indústria é de alto valor acrescentado e muita inovação, Portugal é o terceiro produtor europeu e está no top 10 em termos de produção mundial, de acordo com dados do último ano.
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ceber que alterações se anunciam, graças ao crescimento de veículos elétricos, por exemplo. Manuel Oliveira explica que, “no caso concreto da indústria de moldes, o mais importante é o desenvolvimento e produção de novos modelos automóvel, indepen-
Em função da retoma de projetos que estiveram suspensos, o valor destinado ao setor automóvel cresceu face a 2021, sendo de 78% da produção de moldes nacional
dentemente, da sua forma de propulsão”.
“A indústria vive da existência de novos modelos e produtos”. Isto “apesar de existirem algumas alterações nos componentes a integrar nestes veículos que reduzem áreas de negócio (nomeadamente elementos integrados nos motores), haverá sempre necessidade de peças interiores, exteriores, sistemas de iluminação
ou eletrónica, que congregam a maioria dos componentes aos quais os nossos moldes dão forma”, avalia.
Nos últimos tampos uma das questões que também afetou o setor foi a escassez de matérias-primas, mas será algo já resolvido. Manuel Oliveira revela que a escassez de matérias-primas se fez sentir numa primeira fase da pandemia, “mas agora parece mais estabilizada, apesar de continuarem a existir alguns atrasos ou períodos da entrega mais longos”.
Mas, defende, “o principal fator com que as empresas estão a ser confrontadas é o aumento de preço e condições de pagamento para aceder às mesmas, assim como a outros componentes necessários para a produção de moldes”.
“É, mais uma vez, um elemento difícil de incorporar na estrutura de custos e refletir nos preços de mercado, condicionando a competitividade setorial”, considerou Manuel Oliveira. |
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Depois de se sagrar campeão nacional Henrique Cruz quer apostar na internacionalização
Karting Henrique Cruz conseguiu recentemente algo que batalhou a vida toda: ser campeão nacional na categoria X-30 Sénior. Agora o objetivo passa abrir novos horizontes no estrangeiros, caso haja patrocínios
José RoqueHenrique Cruz, de 16 anos e de Leiria, sagrou-se recentemente campeão nacional de karting na categoria-rainha X30 senior. Para ele, o karting é muito mais que um desporto já que é nas pistas que se sinte realmente realizado e feliz. Em entrevista ao Diário de Leiria, Henrique Cruz fala do teu trajeto até ao título nacional na categoria X-30 sénior e os projetos que tem para o futuro.
Diário de Leiria Como nasceu o gosto pelo automobilismo?
Henrique Cruz A paixão por esta modalidade veio do meu pai. Ele fazia provas piratas de motocross que havia antigamente e sempre gostou muito de mexer em motores e de trabalhar com motas. Um dia levou-me aos karting - contra a vontade da minha mãe - e percebemos que até tinha algum jeito para aquilo. Fomos treinando e a partir daí foi sempre a tentar evoluir.
E com que idade isso aconteceu?
Começou com 8 anos, na Euroindy[Kartódromo da Batalha], com um karting de quatro tempos.
Foi encarando o karting como um hobbie ou foi percebendo que podia chegar longe na modalidade?
Fui acreditando cada vez mais no meu potencial. Comecei por fazer umas corridas e uns campeonatos mais para me divertir e para evoluir, e fui ga-
nhando algumas corridas tanto à chuva como a seca, contra alguns pilotos mais velhos. Depois de ter ganho muitas corridas recebi uma proposta da Tony Kart, que é uma equipa do campeonato nacional, para ir testar num karting a dois tempos. Na altura tinha 11 anos e consegui logo demonstrar que aquele era o meu lugar.
Como é que se define como piloto e quais as características que permitirão singrar
na modalidade?
Tem de ser uma pessoa calma e que consiga perceber bem o meio que o rodeia, que consiga analisar o que os outros pilotos vão fazer, o que vai acontecer na pista para estar sempre um passo à frente. Uma pessoa concentrada, que comete o menor número de erros possível durante a corrida, e uma boa capacidade física.
Como é que é a sua preparação para as corridas? Como
é uma semana normal para o Henrique antecedendo uma prova?
Em termos de ginásio e alimentação as coisas são feitas com bastante antecedência. Assim como o descanso que é importante para nos prepararmos mentalmente. Numa semana de corrida, que se disputa sábado e domingo, vou ao ginásio na segunda e na terça. Na quarta-feira aproveito para descansar e, na quinta-feira, já vamos para o kartódromo para começar os
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preparativos.
E é possível aliar o karting de alta competição com os estudos e a vida de um jovem de 16 anos?
É sempre difícil porque temos que abdicar de algum tempo de escola e de muito tempo de estudo para conseguir fazer aquilo que mais gostamos, mas acabei o 10.º ano com média de 16. Portanto, tenho conseguido conciliar.
Existe o mito de que o karting não é para todos por ser uma modalidade dispendiosa. É assim mesmo?
É um desporto um bocado dispendioso, sim. Agora tenho noção disso. Quando era mais pequeno não tinha (risos). Aquilo que percebo é que nem sempre vai ser o talento a levar-nos para a frente e é, por isso, que temos vindo à procura de patrocinadores. Temos tentado obter bons resultados para os patrocinadores acreditarem em nós e nos darem mais apoio no sentido até de fazer corridas do mundial, do campeonato espanhol ou até mesmos testes de fórmula 4. Mas nem sempre é o talento que nos leva a novos desafios. Tem que se ter tudo: talento e dinheiro.
No karting a qualidade da máquina é determinante ou o talento do piloto é suficiente?
Este ano, por exemplo, consegui ser campeão nacional. Éramos 40 pilotos e os seis primeiros andavam sempre separados por milésimos de segundo. Neste campeonato as máquinas são muito iguais, portanto as milésimas que fazem a diferença entre ficar em 1.º ou em 16.º tem mais a ver com o piloto e a sua preparação, porque um piloto mais bem preparado fisicamente isso reflete-se dentro da pista.
É o piloto oficial do Sporting. Como é que surgiu esta oportunidade?
O Sporting é o meu clube de coração e surgiu a oportunidade há dois anos e meio de me juntar a este grande clube. O Sporting já tinha tido um piloto, que era o Diogo Pinto, que abriu a modalidade há uns anos, mas depois saiu do karting. Nós conseguimos reabrir a modalidade dentro do Sporting e estou muito feliz por fazer aquilo que gosto no
clube do coração.
Na época passada as coisas não correram tão bem como este ano. Como foi passar por todas aquelas dificuldades?
A época passada não foi tão boa. Cheguei à última prova sem vitórias nas finais, mas com uma maior possibilidade de ser campeão do que este ano em que tive mais vitórias.
Cheguei à última corrida em Braga e tive um acidente na sexta-feira. Depois fui submetido a duas cirurgias e tive quatro meses parado. Foi uma temporada com altos e baixos, mas o melhor estava guardado para este ano. Já deu para compensar o que aconteceu no ano passado (risos).
Com tanta expectativa, como viveu esta época que o levou ao título nacional?
Comecei por ganhar uma das finais em Viana do Castelo.
Em Leiria, em que estava a correr em ‘casa’, foi a única onde não consegui ir ao pódio.
Em Portimão, ganhámos as duas finais, o que me fez voltar a acreditar no título nacional.
Em Baltar, fiz 5.º lugar numa final e 2.º lugar noutra e, no Bombarral, tinha que conseguir somar o máximo de pontos possível porque os quatro primeiros podiam ser campeões nacionais. Consegui as duas ‘pole position’. No sábado acabei em 2.º lugar e, no domingo, em 1.º. Passei a meta na final de domingo sem saber se era campeão ou não. Apenas festejei a vitória. De-
pois cá fora toda a gente começou a fazer contas e disseram-me: ‘És campeão’. E eu: ‘Tens a certeza?’. Às vezes uma pessoa até tem dificuldades em acreditar, mas era mesmo verdade.
Este título mudou alguma coisa na sua vida? Claro. Era um sonho de criança ser campeão nacional.
Muitos dos melhores pilotos mundiais de Formula 1 passaram pelo karting. É possível o Henrique também sonhar com esses voos?
Consegui arranjar patrocínios para ir de 9 a 13 de novembro ao mundial de x-30, em Espanha. Vai ser uma corrida difícil: são cerca de 150 pilotos da minha categoria e são alguns dos melhores do mundo. Vai ser uma corrida muito renhida. Vou tentar evoluir por estes meios. Vou também tentar arranjar um patrocínio para fazer, para o ano, o campeonato espanhol. Tudo se resumo ao dinheiro e aos apoios que se consegue para se tentar evoluir. A Formula 1 já é um sonho que é muito difícil de acreditar. Até mesmo por ser português, temos que ter a noção que Portugal é um país pequeno. Mas se não for a Fórmula 1, que seja uma Fórmula E, um WTCR ou uns LMP. Há pilotos como o Tiago Monteiro, o Félix da Costa e o Filipe Albuquerque que não estão na Fórmula 1, mas fazem a sua vida noutros desportos que também são muito reconhecidos mundialmente.|
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“São cada vez menos” os artesãos que fazem restauros
Restauro Considerado uma arte para os aficionados de carros antigos, o restauro deste tipo de veículos é minucioso e exige muita prática
A raridade de um carro clássico torna-o único, mas também dificulta a tarefa de o preservar. São automóveis que já não se produzem e, por isso, o restauro destes veículos é especializado e minucioso.
Também a própria arte de restaurar carros clássicos está em declínio e, segundo Edgar Graça, gerente da Lusovitange, “são cada vez menos” os artesãos que se dedicam e pretendem aprender esta profissão.
Em conversa com o Diário de Leiria, o responsável acredita que, “infelizmente”, já não é comum encontrar alguém que sinta “o prazer, o amor e a dedicação” que se deveria ter no setor do restauro de clássicos, àquilo que os aficionados
consideram ser “obras de arte”.
“Alguma rapaziada nova já começa a gostar, mas gostam de os ver na rua, gostam de os ouvir a trabalhar, agora esforçar-se em casa para os pôr em condições de circulação, muito pouca gente. Quem quer aprender, também não há”, lamentou.
A Lusovintage já está nesta área de negócio, aberta ao público, há 12 anos, mas a paixão pelo restauro automóvel recua uma geração, quando o pai de Edgar Graça, José Manuel Graça, quis restaurar um carro clássico que detinha, mas não encontrava mão de obra especializada.
A vontade de ter um restauro de qualidade fez com que José
Manuel Graça visitasse feiras no estrangeiro, à procura de peças e de dicas para este tipo de trabalho. Agora, o restauro de clássicos tornou-se um modo
de vida para esta família, que dirige o negócio localizado em Mata Mourisca, no concelho de Pombal.
Desde essa altura, até agora,
que o mercado do restauro de clássicos em Portugal tem evoluído. “Há 25 anos, trabalhava-se 10 vezes melhor lá fora do que cá, não havia comparação. Felizmente, nós temos bons profissionais, os portugueses têm fama lá fora de serem bons neste tipo de trabalho, e agora está-se a virar, o mercado lá de fora vem para cá”, explicou Edgar Graça. Exemplo disso são os clientes da Lusovintage. Cerca de metade vêm do estrangeiro, conforme contou o responsável.
Além do próprio restauro e manutenção de automóveis antigos e clássicos, o gerente desta empresa referiu ao nosso jornal que parte do seu trabalho passa por informar e expli-
car aos seus clientes a diferença de preços entre empresas e, sobretudo, a diferença na qualidade.
“O problema é que as pessoas não entendem. As pessoas são tão enganadas, que mesmo que esteja a falar com elas com credibilidade, põem sempre um pé atrás”, explicou. O custo do restauro de um clássico, que ascende aos milhares de euros, levam as pessoas a tentar, por vezes, escolher serviços mais baratos, que podem não corresponder com a qualidade desejada. “Não é qualquer pessoas que se põe nesta aventura”, acrescentou Edgar Graça.
A procura pela perfeição, a atenção aos detalhes e o cuidado nos acabamentos fazem da Lusovintage uma empresa conceituada a nível nacional.
“Pelo aquilo que nos chega aos ouvidos, somos uma empresa de referência a nível de restauro”, enalteceu o responsável.
Para Edgar Graça, os clássicos são algo que “se deveria preservar”, garantindo que os automóveis saem da Lusovintage, muitas das vezes, “melhor que novos”.|
Portugueses descuram cada vez mais os problemas nos automóveis
Os carros são, para muitas pessoas, um bem indispensável ao dia-a-dia. Mesmo que os veículos sejam novos, as visitas ao mecânico tornam-se, eventualmente, inevitáveis, e as reparações costumam ter preços avultados. O uso diário dos automóveis provoca um desgaste natural das suas peças e componentes, algo colmatado com a visita a uma oficina. No entanto, os preços de alguns consertos fazem as pessoas pensar duas vezes antes de decidirem arranjar o carro.
André Correia, gerente da oficina Diagcenter, localizada em Garcia, no concelho de Marinha Grande, alertou que,
quando as pessoas desvalorizam o problema, ele “escala para pior” e as fugas de fluídos, por exemplo, tendem a “originar outros problemas” piores.
O responsável associa esta situação, principalmente, a questões financeiras. “Infelizmente”, quando não há “conforto financeiro”, o conserto “fica para trás”.
Outro dos fatores passa pela “falta de informação”. O não conhecimento de algumas tecnicidades mecânicas pode provocar a evolução de problemas nos automóveis e, consequentemente, o aumento do custo do arranjo.
Também João Joaquim, res-
ponsável da João Joaquim Oficina, contou ao nosso jornal que, quanto à prevenção de problemas mecânicos, a situação “está a regredir cada vez mais”. Assinalou, até, que alguns clientes, “quando querem fazer reparações, dizem que vão vender o carro”, isto porque o valor de reparação pode ultrapassar o valor comercial do carro. “Há muita falta de informação”, reforçou o gerente, cuja oficina se localiza em Moinhos da Barosa, Leiria.
Para evitar vários dissabores, o melhor é mesmo ter atenção a pequenos sinais que o veículo dá ao longo do tempo. André Correia lembrou que é impor-
tante “ver os níveis” do óleo e da água do radiador, e ainda prestar atenção a “fluídos no chão e barulhos estranhos”. Através destes indicadores, é possível evitar vários problemas de maior dimensão e poupar algum dinheiro.
De facto, os problemas mais comuns dos automóveis passam pelas fugas de fluídos, pelos turbos e pela embraiagem, que corresponde ao “material de desgaste rápido”, esclareceu André Correia.
Dificuldade na compra de peças é uma realidade
Dada a conjuntura nacional e internacional, estas duas em-
presas já notaram dificuldades em adquirir alguns materiais. Quanto à Diagcenter, o responsável revelou que as peças da marca oficial demoram semanas a chegar, sendo que a marca “nem dá data de chegada”.
João Joaquim referiu que nota mais dificuldades na compra de “lubrificantes” e que, em algumas marcas, já é “complicado” adquirir determinados componentes. Apesar de haver sempre “uma segunda opção” no mercado, o responsável pela João Joaquim Oficina assinalou que prefere optar por “material com qualidade”. “Os nossos fornecedores é que estão
com dificuldades em comprar” peças, destacou João Joaquim ao nosso jornal.
Apesar das dificuldades em obter peças, os preços no mercado ainda não registaram subidas exponenciais, mas os aumentos na eletricidade e noutros bens já começam a pesar nas contas destas empresas.
André Correia admitiu ao nosso jornal que já teve de aumentar o valor do material, sem alterar o preço da mão de obra. “A compra é mais cara e a venda também o é”, explicou.
Já João Joaquim ainda tem resistido à subida de preços, mas “em princípio, para o ano”, vai ponderar esta opção.|
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mas inspeções
saíram do
A possibilidade da realização de inspeções anuais obrigatórias a motociclos, triciclos e quadriciclos com cilindrada superior a 250 cm3 já é falada desde 2012, altura em que foi aprovado o decreto-lei 144/2012, que regularizou este processo.
Passados 10 anos, contudo, a obrigatoriedade das inspeções para este tipo de veículos ainda não é uma realidade.
Segundo o ‘site’ do IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes), a obrigatoriedade de inspeção para motociclos (L3e e L4e) com cilindrada superior a 250 cm3 “só produz efeito a partir da publicação da
portaria”, ou seja, a partir do momento em que seja publicado em Diário da República, algo que ainda não aconteceu.
Tanto Nelson Sousa como Paulo Faria, gerentes dos centros de inspeção ITVM (Inspeções Técnicas a Veículos a Motor) e Cetial, respetivamente, contaram ao nosso jornal que já instalaram as linhas de inspeção adequadas a este tipo de veículos em 2016, a pedido do IMT, mas ainda não obtiveram retorno deste investimento.
A tarifa das inspeções a motas já está, inclusive, regulada há alguns anos. Na última atualização dos valores, correspondente à portaria n.º 326/2021,
publicada a 30 de dezembro, o preço para a inspeção periódica obrigatória de motociclos, triciclos e quadriciclos é de 12,89 euros.
Segundo Nelson Sousa,
“neste momento, ainda não existe data para o início destas inspeções”, mas o responsável considera “muito importante” a realização obrigatória anual desta vistoria. “Deve existir uma
entidade (neste caso, os centros de inspeção), idónea que devia verificar as condições de segurança deste tipo de veículos”, acrescentou.
Paulo Faria também partilha da mesma opinião e acrescentou, até, que este processo “já se faz há muitos anos noutros países e a taxa de sinistralidade diminuiu”.
Inspeções aumentam segurança rodoviária
A inspeção anual a que a maioria dos veículos que circulam na estrada são sujeitos é, muitas vezes, olhada como uma obrigação e como um momento que implica gastar
algum dinheiro. Contudo, é um processo que contribui para a segurança rodoviária e assegura que os veículos têm todas as condições para circular nas estradas, diminuindo a probabilidade de ocorrerem acidentes.
Nelson Sousa admitiu que as inspeções são “muito importantes”, tanto pelo contributo para a segurança rodoviária, como pelas questões ambientais.
Conforme esclarece o Relatório Anual de Inspeções Técnicas a Veículos Rodoviários de 2019 do IMT, os problemas em luzes e no equipamento eletrónico, no caso dos ligeiros de passageiros, são as causas mais comuns de reprovação, com 33% dos veículos a apresentarem falhas. Seguem-se os problemas na suspensão (17,48%) e no escape e ruídos (15,53%).
Nelson Sousa e Paulo Faria concordam que, hoje em dia, existe uma maior preocupação e a população tende a zelar pela segurança e conformidade do veículo.|
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Carros elétricos: Uma tendência amiga do ambiente que veio para ficar
São amigos do ambiente, económicos e vieram para ficar. Os benefícios dos carros elétricos não se esgotam nas questões ecológicas e, talvez por isso, estes veículos estejam a conquistar cada vez mais portugueses. Pelo menos é essa a opinião da APVE- Associação Portuguesa do Veículo Elétrico, suportada pelos dados que a Associação obteve nestes últimos três anos, que revelam a “expressão” do volume de vendas dos carros elétricos. “Tem havido um crescimento exponencial da oferta, mas não podemos esquecer que partimos de uma situação inicial muito baixa”, salientou a presidente da APVE, Teresa
Ponce de Leão, explicando que “a maioria dos grandes construtores de automóveis investiram nas versões elétricas, mas apostaram fundamentalmente nos automóveis ligeiros”. Relativamente aos veículos pesados, “o mercado ainda tem algum percurso a fazer”, esclarece.
Ao optar por um veículo elétrico estamos a contribuir para um ambiente mais sustentável? Segundo a responsável, “independentemente das questões económicas ou de rentabilidade, o impacto ambiental é substancialmente reduzido quer em termos de emissões poluentes quer em termos de ruido isto para todo o ciclo de
vida”.
Os carros elétricos são a melhor opção para quem se preocupa com as questões ambientais, até porque “os veículos de
combustão interna produzem emissões poluentes nocivas para a saúde e para o ambiente em particular o CO2”, explica a presidente da APVE, que faz a
comparação. Se fizermos a análise ao ciclo de vida de um veículo elétrico e ao de um veículo de combustão interna (vci), explica Teresa Ponce de Leão, verifica-se que os elétricos “podem vir a contribuir significativamente para a descarbonização e que ainda há espaço para serem implementadas medidas de economia circular para tornar mais eficiente o ciclo produtivo e assim reduzirmos o desperdício”.
Quanto à sua rentabilidade, a presidente da APVE explica que a diferença de valores entre um carro elétrico e um vci tende a baixar “em função da classe do veículo, mas também da ma-
turidade do mercado”. “A diferença face aos vci resulta dos custos de produção das baterias devido aos processos industriais intensivos para o seu fabrico”, esclarece.
Existem outras vantagens atrativas para além das ecológicas. A começar pela isenção do imposto único de circulação, a redução do custo de parqueamento e a “possibilidade de carregamentos em casa com tarifas mais baixas”, o que, segundo a associação, reduz “o custo para menos de um terço”. “O custo da sua manutenção também é inferior dado que a quantidade de peças moveis é muito menor”, conclui. |
Há um “hospital dos pneus” em Alcobaça
Segurança Pneus: porque é tão importante cuidar deles para garantir a nossa segurança na estrada, existe uma empresa em Alcobaça, a JARP, que dá uma vida nova a pneus ‘feridos’
“Somos o hospital dos pneus”. É desta forma que Jorge Areias classifica o seu trabalho na JARP – Jorge Areias Reparação de Pneus. Localizada em Alcobaça, o trabalho de Jorge Areias e da sua equipa não podia ser mais simples de explicar: reparar pneus e ‘devolvê-los’ à estrada, mas apenas aqueles possíveis de consertar.
Mas, ser simples de explicar, não significa ser simples de executar. De facto, o trabalho
que é desenvolvido na JARP, que atua na área dos pneus em máquinas e camiões, assume particular relevância quando falamos de uma das peças fundamentais na engrenagem de qualquer viatura com rodas, e que são o garante da nossa segurança na estrada.
Porque é difícil prever o tempo de vida de um pneu, Jorge Areias aconselha a estarmos sempre atentos aos sinais que possam ir sendo transmi-
tidos em viagens, sejam longas ou curtas.
“É muito importante o estado de conservação dos pneus”, reitera.
“É importante as pessoas irem conferindo a pressão dos pneus, ver se o carro está alinhado ou se está calibrado”, acrescenta o empresário. Desta forma, conclui, “a prestação de um automóvel responde de uma outra maneira”.
“Acaba por se rentabilizar na
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segurança e no dinheiro que se poupa”.
Mais de uma década depois, a JARP já assume um peso no mercado nacional, quer em reparação de pneus quer no mercado que foi criado na venda de pneus agrícolas usados, de camião, industriais, florestais, entre outras viaturas e, por isso, Jorge Areias sabe do que fala quando explica que a durabilidade de um pneu depende das viagens que o condutor faça.
A durabilidade é incerta, mas Jorge Areias tem a certeza de que pneus bem tratados podem durar ainda mais.
No caso de viagens longas, decerto que o desgaste do pneu será maior. Mas, por outro lado, mesmo em viagens curtas, se o condutor tiver “pé pesado”, também neste caso, os pneus não deverão durar muito tempo. Já um pneu em bom estado, sempre vigiado, pode ser duradouro.
Conselhos à parte, um pneu danificado, quando chega à JARP, recebe um ‘check up’
completo para determinar se é possível repará-lo e de que forma, ou se se trata de uma perda definitiva. Jorge Areias explica que “a maioria dos pneus é recuperável”.
Nem todas as reparações demoram o mesmo número de horas, havendo mesmo reparações que passam para o dia seguinte.
Os pneus que entram nas instalações da empresa repor-
tam-se, sobretudo, a acidentes ocorridos nas estradas.
Para corresponder às expectativas do mercado, o responsável alargou o seu campo de atuação para o setor dos usados. Nos tratores agrícolas, por exemplo, Jorge Areias deixa a dica de que o principal foco de atenção nos pneus deve ser a sua pressão. Já nos camiões, as atenções devem voltar-se para a pressão e a utilização
do veículo, uma vez que nem sempre transporta a carga para a qual está estipulado, situação que, invariavelmente, se relaciona com a durabilidade dos pneus.
“Nós conseguimos fazer aquilo que os outros não fazem”, nomeadamente “dar vida ao pneu quando ele já está morto”, assume Jorge Areias.
“É essa a característica do nosso trabalho”, acrescenta.
Mais de uma década a dar vida a pneus Jorge Areias abriu o negócio sozinho, já lá vão 15 anos. Mais de uma década depois e atualmente com 15 colaboradores, assegura que o negócio “está a correr bem”, apesar dos tempos de incerteza que se vivem, causados pela guerra na Ucrânia e o aumento do custo de vida.
Ainda assim, se sentir a es-
trada segura, em 2023, irá investir novamente na empresa. Neste caso, explica ao nosso jornal, através da aquisição de novas máquinas, com o objetivo de “dar resposta aos clientes e satisfazer as suas necessidades”.
“Já não estamos a conseguir dar uma resposta tão rápida”, assume Jorge Areias, que conta também com clientes de revenda nas reparações em França e Espanha, e com negócios de usados também na Holanda e Inglaterra, para além dos países francês e espanhol.
“Queremos estar sempre próximos dos nossos clientes”, refere Jorge Areias, de 50 anos.
Tendo a JARP começado com a importação de quatro camiões por ano, está hoje com cerca de 40 camiões de pneus usados importados anualmente, e com uma “grande procura” de clientes para serviço de reparação de norte a sul e ilhas.
Os clientes “têm um serviço de alta qualidade”, assegura Jorge Areias. |
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Concessionários trilham caminho da confiança e fidelização
Manter a confiança e a fidelização entre os clientes e a marca continua a merecer especial atenção dos concessionários. Seja no processo de venda como no período pósvenda, os concessionários mantêm a sua relação de proximidade, tanto com os clientes como com as marcas, servindo de ‘ponte’ para negócios que podem durar a vida toda.
“Continua a ser essencial para manter confiança e a fidelização entre os clientes e a marca”, pois para a grande maioria dos clientes continua a ser importante “ter um local físico onde possam ver e experimentar a viatura e onde pos-
sam ter todos os esclarecimentos sobre alguns aspetos do negócio, como uma possível retoma ou financiamento”, explica a Sodicentro.
A Sodicentro é uma empresa do Grupo Auto-Industrial, Distribuidora e Reparadora Oficial dos automóveis MercedesBenz e smart, novos e usados, em Leiria e Coimbra. Apesar de depender muito de marca para marca a parceria que existe entre marcas e concessionários, e numa altura em que muitas marcas de automóveis “estão a fazer a transição para o modelo de agenciamento,”a Sodicentro entende que “continua a ser uma relação de parceria
entre quem produz e a sua rede de distribuição que garante a venda e assistência das suas
viaturas”.
Segundo a concessionária, nos últimos anos o perfil do
cliente mudou, passando a ser, cada vez mais empresarial, principalmente “devido aos benefícios fiscais que os carros elétricos e plug-in têm para empresas”. “Estes benefícios têm levado muitas empresas a voltarem a comprar os carros para os seus funcionários e/ou sócios novamente em nome das empresas, pois já não são tão penalizados fiscalmente como as viaturas a combustão”, explica.
Quanto às vendas, a Sodicentro esclarece que “estão a decorrer a um ritmo razoável”, admitindo, contudo, que ainda não foi possível atingir os valores pré-pandemia. Conti-
nuam a existir muitas limitações na produção das viaturas devido aos efeitos da guerra na Ucrânia, que continua a impactar bastante o setor automóvel em toda a sua cadeia de produção e de distribuição”, aponta.
Atualmente, a Sodicentro “já vende mais de 50% das suas viaturas em motorizações 100% elétricas ou plug-in, sendo que até poderia ser uma percentagem maior se existisse mais disponibilidade de produto que neste momento já atinge prazos médios de entrega entre os nove meses a um ano, desde a encomenda até à data de entrega”. |