ANO III - Número I0 - Novembro de 2012
Rústico e multiuso
Saiba como usar um aparador em madeira de demolição Temperos do tibete
A comida e a alegria de Ogen Shak, criador do Tashi Ling Kwan In
A deusa da misericórdia
Mãos do Mundo de aniversário
12 anos de bom gosto 1
Uma experiência deliciosa em todos
Empório
Localizado num dos pontos mais nobres entre Canela e Gramado, o Empório Dona Fillipa, hoje é referência de sofisticação gastronômica, aliada à praticidade do dia a dia. Com ambientes aconchegantes, práticos e modernos sem perder o requinte. Conta com uma grande quantidade de produtos importados, desde as mais finas delicatesses até produtos básicos.
Café da Manhã Uma vasta linha dos melhores cafés brasileiros das principais regiões, acompanhado de wa�es, ovos mexidos, madeleines, saborosos salgados, sanduíches variados.
Adega
A adega do Empório Dona Fillipa é completa e traz novidades que prometem conquistar os apreciadores de bons vinhos, e também aqueles que recém se apaixonaram por esta sedutora bebida. Serão todos cativados por um mundo de possibilidades e descobertas.
os sentidos. Bistrô Aconchego com a medida certa de requinte, aliado a um cardápio desenvolvido para bons apreciadores de pratos da cozinha internacional. Prazeres para todos os gostos.
Almoço Pratos tradicionais servidos com salada, petit sobremesa, sugestões do dia, tudo servido com toque especial do Chef, ambiente agradável, atendimento especial .
Empório Dona Fillipa
ANUNCIO
Av. Don Luiz Guanela, 53 Centro - Canela/RS Reservas: (54) 3282-1196
e-mail: �ona�llipa��ona�llipa.com.br www.�ona�llipa.com.br 2 facebook: Dona Fillipa
Janela
Boas-vindas!
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uitos dos hábitos que procuramos incorporar no nosso dia a dia, especialmente os relacionados ao bem-viver, são inspirados na cultura oriental. A meditação, a yoga, a busca por uma alimentação mais leve tomam cada vez mais espaço na nossa rotina. Com uma riqueza cultural, artística e espiritual tão grande, os povos orientais também nos inspiram no gosto pela arte. Grande parte do artesanato asiático tem a função de decorar os templos sagrados. Entre arte e religião, nós temos a oportunidade de levar para casa não somente um objeto genuíno, mas um pouco da história e cultura de povos que estão do outro lado do globo. Esse é o trabalho da loja Mãos do Mundo: nos aproximar de uma cultura tão rica em diversos aspectos. Em 2012, a loja completa 12 anos e a comemoração vem em dose dupla, caro leitor! Além de mais um aniversário, vamos celebrar o relançamento da revista Mãos do Mundo, feita com todo o carinho para você! Aqui você encontra informações sobre cultura oriental, turismo, gastronomia e, é claro, tudo para decorar a sua casa com muito bom gosto. A matéria de capa desta edição é um mergulho na história da loja Mãos do Mundo, que surge a partir de uma viagem despretensiosa de seus idealizadores, Patrícia e Rafael, pela Ásia. De lá pra cá, milhares de quilômetros percorridos para trazer à serra gaúcha os melhores produtos originais de povos do Oriente. Leia e divirta-se! Após a leitura, conte-nos o que achou da revista. Até a próxima!
Capa
Mãos do Mundo completa 12 anos
14 Raízes A comida que promove a cultura de paz tibetana
18 Sabor
do Oriente O Chamô Chow Mein do Tibete
O rústico e o meio ambiente em harmonia
22 Vitrine
Sugestões para todos os gostos na decoração oriental
26 Divindade
Um forte abraço,
Maiana Antunes Editora Executiva
Projeto, edição e comercialização:
Rua Felipe Néri, 312/5º andar Fone/Fax: (51) 3012-2412 CEP 90440-150 - Porto Alegre - RS Publisher Fernando di Primio fernando@diprimio.com.br (Reg. Prof. 4089/RS)
20 Decoração
Kwan In - A mais pura das deusas
Editora de Conteúdo Maiana Antunes Projeto Gráfico Luiza Wolff Diagramação Luiza Wolff Departamento Administrativo Roberto Athayde Leticia Dorsch Nossa capa Jennifer Roosen-Runge
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Distribuição Exclusiva A revista Mãos do Mundo é uma publicação da Di Primio Comunicação Corporativa para a loja Mãos do Mundo.
Mãos do Mundo - Canela Praça da Matriz, 11 (54) 3282-2321 Mãos do Mundo - Gramado Rua Senador Salgado Filho, 200 (54) 3286-2414 A revista Mãos do Mundo não se responsabiliza por opiniões emitidas em artigos assinados, que não refletem, necessariamente, a opinião da Mãos do Mundo. É permitida a reprodução parcial ou total de reportagens e textos, desde que expressamente citada a fonte.
Tambor
SETIAW ENDRO FOTO:
O número de consumidores indonésios com maior poder aquisitivo vem crescendo muito e essa realidade está atraindo mais marcas de luxo para a maior economia do sudeste da Ásia. Só neste ano, instalaram-se em Jacarta, capital da Indonésia, as grifes Fendi, Gucci e Hermès International (foto) que inaugurou sua terceira butique de relógios. As lojas de departamentos de luxo, como a Central Retail Corp, da Tailândia, e a SA des Galeries Lafayette, da França, também estão se estabelecendo na Indonésia. Enquanto as vendas de muitas marcas de primeira linha caíram no Ocidente, os consumidores movimentam a economia na Indonésia, pois apreciam a qualidade dos produtos e valorizam o artesanato. (Fonte: online.wsj.com)
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Jacarta: destino de luxo
Cinema pelos Animais
FOTO: DIVULGAÇÃO
A Sociedade Vegetariana Brasileira (SBV) em parceria com a Moro Filmes e Prefeitura Municipal de Curitiba, promove, nos dias 15 e 16 de novembro, a III Mostra Internacional de Cinema pelos Animais. A mostra ocorre na Cinemateca e contará com filmes de cineastas profissionais e amadores que abordam as questões oriundas do relacionamento do ser humano com os animais. Os filmes homenageados serão premiados com o Oscow, o Oscar com cabeça de vaca. A estatueta simboliza os animais vítimas de violência e descaso pelo homem. A crítica dos organizadores vai além: “o Homem que faz da vida de seres sensíveis uma existência de puro sofrimento diário e agonizante, em função de um simples prazer em se saborear um pedaço de carne, tomar um copo de leite, calçar um sapato de couro ou assistir a um “espetáculo” como touradas e rodeios.” É de se pensar, não é mesmo?
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Bamboo Wings Nada de aço ou qualquer outro material sintético na estrutura do prédio construído na província de Vinh Phuc, no Vietnã. O complexo que abriga um restaurante de luxo e centro de eventos foi feito inteiramente com bambu. Isso mesmo! O bambu tem sido muito utilizado em obras sustentáveis, pois cresce rapidamente, tem grande resistência e durabilidade na construção. Com 12 metros de altura para proporcionar maior ventilação, o Bamboo Wings leva esse nome porque sua forma lembra as asas de um pássaro. Quem frequenta o local vive intensa harmonia com a natureza pois, além da estrutura natural, muitas árvores e um espelho d´água envolvem o restaurante criado pelos arquitetos do escritório Vo Trong Nghia.
FOTOS: HIROYUKI OKI
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Tambor
Casamento Budista Gay Agosto foi um mês histórico para a sociedade de Taiwan. A ilha celebrou o primeiro casamento budista entre pessoas do mesmo sexo. As noivas Fish Huang e You Ya-ting usaram vestidos tradicionais para dizer o “sim” em frente a uma estátua de Buda e trocaram votos em vez de alianças em um monastério em Taoyuan, no norte de Taiwan. Cerca de 300 monges entoaram sutras para abençoar o casal. Embora seja uma das sociedades mais liberais no leste asiático, os pais das noivas não compareceram à cerimônia. (Fonte: www.terra.com.br) FOTO: MORGUEFILE
Turistas condenados por beijar estátua Três turistas franceses foram condenados a seis meses de prisão com trabalhos forçados por beijar uma estátua de Buda, no sul da cidade de Galle, em Sri Lanka. A denúncia partiu de um laboratório fotográfico, que avisou a polícia após verificar a sessão fotográfica insultuosa para a religião budista. A lei do país proíbe maus tratos e brincadeiras com artefatos budistas. (Fonte: visao.sapo.pt)
Bollywood Filmes Ao completar 100 anos em 2012, a indústria de filmes indiana Bollywood terá uma distribuidora no Brasil. Com projeção de apresentar quatro filmes de diferentes gêneros por ano, a Bollywood Filmes tem sede em Salvador mas pretende se instalar em São Paulo. Se você está tentando buscar na lembrança algum filme do cinema indiano, vai recordar de “Quem quer ser um milionário?”, que levou oito estatuetas no Oscar de 2009.
FOTO: DIVULGAÇÃO
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a indonésia magoou lady gaga Com lançamento ainda não previsto, “Partynauseous” é a nova música do rapper Kendrick Lamar em parceria com Lady Gaga. A letra trata do cancelamento da passagem da sua turnê pela Indonésia. O motivo? Preocupações com a segurança, já que grupos como a Frente dos Defensores Islâmicos fizeram ameaças de violência caso a cantora insistisse em se apresentar. Eles alegam que seus figurinos ousados e seus passos de dança provocantes corromperiam a juventude indonésia. Será?
FOTOS: DIVULGAÇÃO
FOTO: TWITTER @LADYGAGA
Claustrofóbico? Você já ouviu falar nos hotéis com cabines em forma de cápsula? Este tipo de acomodação ainda causa um certo estranhamento, mas vem conquistando espaço no Japão, principalmente para quem busca uma estadia barata nas grandes cidades. Os hotéis cápsula acomodam uma pessoa e são geralmente procurados por homens de negócios em viagem. O tamanho é de dois metros de comprimento e pouco mais de um metro de largura. Já imaginou passar a noite em um quarto tão pequeno? As tecnologias dos japoneses não deixam o aparente desconforto tomar conta do hóspede. Além do ar-condicionado, muitas dessas cabines são equipadas com televisão, rádio, frigobar e até conexão wi-fi.
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Nossa história
Uma adolescente de vanguarda Em setembro a Mãos do Mundo completou 12 anos em Canela. E para comemorar a data, vamos dividir com você um pouco da história de um lugar encantado que alia bom gosto e a valorização de produtos genuínos do sudeste asiático.
FOTO: JENNIFER ROOSEN-RUNGE
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uitas vezes é preciso um sopro, uma inspiração, para que um grande empreendimento tome forma. Ao viajar para o Oriente, Patrícia Picoli e Rafael Zilio foram surpreendidos pela cultura milenar de povos com costumes tão diferentes e com uma riqueza espiritual e artística tão profunda que resolveram criar algo diferenciado no país. Em 1998, o passeio despretensioso provocou a vontade de desenvolver um trabalho que promovesse a divulgação e a integração do artesanato exótico do sudeste asiático com o do Ocidente. Eis que surge a Mãos do Mundo, uma loja de vanguarda, sempre à frente das tendências de um mercado que se renova a cada dia, preocupada com a natureza e que valoriza um produto autêntico e de bom gosto, atendendo às expectativas de um público exigente.
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L RAFAEL ZÍLIO
Um pé no Oriente
SOA FOTOS: ARQUIVO PES
Com o desejo de conhecer a Austrália e Ásia, Patrícia e Rafael saíram do interior do Rio Grande do Sul e viajaram mais de 20 mil km até chegar à Tasmânia, uma ilha remota australiana com mais de 35 mil anos de existência. Lá, passaram um tempo com uma senhora cuja filha morava na Indonésia há um ano. De tanto ouvir a moça falar no povo indonésio e seus costumes exóticos, o casal sentiu-se motivado a viajar em busca de uma cultura desconhecida. Sabendo das dificuldades da língua, Rafael começa a estudar por conta própria a Bahasa, idioma oficial da República da Indonésia, na Biblioteca Pública de Hobart. Junto dos estudos, inicia os planos do roteiro pelo arquipélago. Naquela época, o aeroporto de Kupang, no Timor, recebia poucos voos semanais e, a cada um deles, uma pequena multidão se aglomerava na parte externa do pátio para ter contato com os poucos ocidentais que desembarcavam na cidade. “Meu pequeno vocabulário de Bahasa nos ajudou muito a pegar um ônibus e ir até o centro da cidade. As poucas palavras que eu sabia eram entendidas perfeitamente por eles e isso me motivou muito a seguir arriscando pequenas frases. A velocidade de aprendizagem foi ótima e a primeira impressão foi muito mais motivadora do que assustadora”, conta Rafael. Depois de três semanas no Timor, o casal seguiu de navio em direção a outras ilhas ao norte do arquipélago da Indonésia. “Ficamos dez dias em Sabu - uma ilha que não aparece nem em alguns mapas da Indonésia, dez dias em Sumba e mais três dias de viagem de navio para enfim chegarmos a Java, onde paramos por 40 dias na cidade de Yogyakarta, conhecida como capital cultural de Java. Mais tarde fomos para a Ilha de Bali e Lombok e para a capital da Malásia: Kuala Lumpur”.
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FOTO: JENNIFER ROOSEN-RUNGE
De lá pra cá “Eu sempre fui apaixonada por roupas indianas, prata e objetos provenientes da Índia. Lembro que, bem antes de fazer esta viagem para a Indonésia, já deixava o meu pequeno salário de estagiária na compra desses artigos. Acho que a ideia de criar a Mãos do Mundo surgiu quando nos identificamos com uma pequena loja na cidade de Hobart, na Tasmânia, que tinha em sua proposta um mix de peças diferentes e bem selecionadas de vários países do mundo, inclusive castanha do Pará do Brasil e meias de lã do Peru. Ficamos entusiasmados e nossas cabeças começaram a fervilhar de ideias, pois estávamos tão próximos de lugares como Indonésia, Nepal, Tailândia. E pensamos que podíamos fazer a mesma coisa levando ao Brasil artigos do outro lado do globo.” - Patrícia
“Não sei se por força do destino, talvez por presenciar a enorme diferença de costumes e tanta novidade cultural, começamos a imaginar um espaço que pudesse passar essa experiência que estávamos tendo, um lugar que pudesse vender um pouco de tudo desse povo: música, artesanato, roupas, acessórios, etc... Foi aí que começou o nosso desafio: estávamos numa região que não produzia essas peças direcionadas à venda, ou pelo menos não estava estruturada para a venda desses produtos de maneira comercial. Nosso primeiro mês foi repleto de experiências inesquecíveis, porém com um volume muito pequeno de material comprado.” - Rafael
1998, Ilha de Sabu. Rafael e Patrícia despedem-se de amigos e seguem de navio por ilhas da Indonésia
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Criando raízes Os quatro meses que estiveram viajando foram suficientes para dar forma a Mãos do Mundo. Depois de uma temporada em Balneário Camboriú, entre 1998 e 1999, a loja funcionou por um ano em Porto Alegre. Mas foi em setembro de 2000 que fixou raízes em Canela. De acordo com Rafael, a proposta de criar a loja com um conceito alternativo só seria possível em uma cidade onde circulassem pessoas abertas ao novo e com disponibilidade de tempo para apreciá-la. “Canela foi escolhida porque tem uma vocação para receber projetos culturais e alternativos e isso não foi diferente conosco. Fomos muito bem recebidos pela cidade”. O casal construiu um espaço com vários ambientes para que o cliente mergulhe em uma cultura diferente, e não simplesmente compre uma peça para levar a sua casa. Recentemente, foi inaugurada a filial da Mãos do Mundo em Gramado.
Bom gosto
FOTO: JENNIFER ROOSEN-RUNGE
Hoje Rafael e Patrícia passam três meses por ano fora do Brasil para buscar os produtos e pesquisar novidades. Ao todo são quatro viagens anuais para escolher as peças de uma maneira muito criteriosa. “Pelo menos 80% de todos os itens são escolhidos um a um. Talvez por isso conseguimos, segundo nossos clientes, reunir um dos melhores mix de produtos asiáticos numa mesma loja no Brasil”, revela Rafael.
Matriz Mãos do Mundo: artesanato do Brasil, Tailândia, Indonésia, Índia e China
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FOTOS: ARQUIVO PESSOAL RAFAEL ZÍLIO
Nossa história
De acordo com Patrícia, a loja aposta na compra de artesanato, roupas e artigos feitos de materiais vindos da natureza e com os tons da natureza, por isso os ambientes criados com objetos de madeira, fibras naturais e tecidos artesanais são uma característica da marca Mãos do Mundo. Entretanto, cores vibrantes como o dourado e móveis com entalhes mostram uma Mãos do Mundo mais requintada e elegante. “Essa é uma tendência que seguimos também nos objetos de decoração. Os tons rústicos da embalagem de papel reciclado deram um espaço para as cores vibrantes do Oriente seguindo a tendência da decoração oriental”.
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A Mãos do Mundo agora também em
Gramado!
Venha conhecer nossa nova loja e conferir nossos produtos. www.facebook.com/maosdomundo www.maosdomundo.com.br
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Rua Senador Salgado Filho, 200 Fone: (54) 3286-2414 *Antiga Beko Decorações
Raízes
Criado para difundir a cultura tibetana, o Tashi Ling leva aos seus saborosos pratos mais do que o tempero do Oriente. Nossa reportagem foi até lá e descobriu que a felicidade do seu idealizador, Ogen Shak, é o ingrediente principal no único restaurante tibetano do país.
A “comida feliz”
de um exilado úsica oriental suave, tecidos de diversas cores na decoração e paredes de vidro que permitem contemplar a natureza ao redor. Essa atmosfera harmônica convida o cliente a mergulhar na sensação de alegria do Tashi Ling, situado no Vale do Paranhana, na pequena cidade de Três Coroas. Antes mesmo de entrar no restaurante, uma placa na fachada avisa ao visitante de que o cardápio é “happy food”, ou “comida feliz” em português. Tashi Ling, que significa “lugar puro e de boa sorte” é o cenário escolhido por Ogen Shak, há dois anos, para mostrar as cores, sabores e aromas do Tibete. Os tibetanos são alegres, focam suas ações no tempo presente e não levam tudo tão a sério. Esse clima leve e descontraído transforma a refeição em um momento de bem-estar, de pura felicidade.
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Por Maiana Antunes
Foi a seis quilômetros do Centro Budista Khadro Ling que o tibetano despertou para a construção do restaurante. Especialista em arte sacra tibetana, Ogen trabalhava há quatros anos como voluntário na pintura de um templo em São Paulo quando veio ao Rio Grande do Sul trabalhar na arte do edifício de Três Coroas. Em sintonia com a amorosidade do povo brasileiro, decidiu criar raízes no país para difundir a cultura do Tibete. E o solo gaúcho foi o cenário escolhido para oferecer aos ocidentais um mergulho na cultura tibetana. Em dúvida entre criar um restaurante ou um ateliê de pintura, a máxima de Dalai Lama o convenceu a construir o Tashi Ling: “Às vezes penso que o ato de servir e alimentar os outros é a raíz de todas as relações”.
FOTOS: CLEITON THI
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Ogen Shak: talentoso na culinária, música e arte.
Tempero do Tibete Ao chegar no Tashi Ling fui recebida com uma bebida à base de chá preto, limão e gengibre. O chá de boas-vindas é uma prática comum no Tibete, porém, o sabor tradicional para o ritual é o de manteiga. Parece estranho? E realmente é. Nós, ocidentais, temos dificuldades em saborear um chá quente e salgado. Talvez pelo anúncio de “comida feliz” na entrada ou pelo cardápio oriental, muitos clientes se espantam ao encontrar carne no menu. “Eles chegam aqui pensando que servimos somente comida vegetariana, mas o tibetano come muita carne”, explica Adriana Shak, administradora do restaurante e esposa de Ogen. O consumo diário de carne e manteiga no Oriente é questão de sobrevivência aos tibetanos, pois com poucas calorias é impossível se manter aquecido no clima frio do Himalaia. A carne, ou Sha, é um dos recheios dos tradicionais momos, trouxinhas de massa cozidas no vapor e salteadas na manteiga, que me foram gentilmente oferecidos pelo garçom como prato de entrada. Além da carne, são recheados com batata (Alu), legumes (Nhotsé) ou cogumelos. Um mais saboroso que o outro! O cliente pode escolher o acompanhamento de tomate e manjericão ou quatro queijos com nozes salpicadas. Após degustar os deliciosos momos, eis que chega o prato principal. Na gastronomia em que o gengibre tempera quase todas as comidas, há pratos para diferentes paladares. O Chamô Chow Mein é um macarrão com cogumelos e legumes crocantes, que você vai aprender a fazer na seção a seguir.
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Raízes
Cultura de paz
Um artista refugiado
De acordo com informações do governo, são apenas dois tibetanos puros residindo no Brasil. O compatriota de Ogen é um Lama, professor dos ensinamentos budistas tibetanos, que morou no templo de Três Coroas e hoje vive no Rio de Janeiro. Ogen Shak quer transformar o restaurante em um centro cultural onde pretende expor fotografias, ministrar cursos de arte sacra e, em algumas noites, animar a refeição dos clientes com sua música autoral. Tudo isso é por um objetivo não só dele, mas inerente a qualquer cidadão de sua nação: difundir a cultura de paz. A forte opressão chinesa não inibe os nativos do Tibete de manifestar sua cultura pacífica, reflexo da expansão do budismo. No século VII, o rei Trisong Deutsen solicitou ao mestre indiano Padmasambhava que ensinasse o budismo para seu povo. A partir daí os tibetanos passaram a conhecer esses ensinamentos como Dharma, um novo caminho para a reorganização social e a pacificação.
Desde a invasão do governo comunista da República Popular da China, em 1949, os filhos são enviados ainda pequenos à Índia. Uma aventura repleta de riscos é o caminho para o exílio dos tibetanos. Ogen, único refugiado tibetano no Brasil, percorreu o trajeto que marcou sua vida e está rendendo um livro biográfico escrito pela mineira Eneida Caetano. “Acho que por eu ser mãe, chorei ao ouvir Ogen contar a dor, o carinho e a força da mãe dele na despedida. A determinação dela ao acreditar que só a fuga poderia proteger sua prole”, conta emocionada. Na adolescência,Ogen saiu do Tibete em um grupo de cinco pessoas e percorreu 25 dias de uma difícil caminhada. Além da perseguição dos chineses e dos animais, as geleiras do Himalaia interrompem o sonho de liberdade de muitos tibetanos. Três companheiros de Ogen encerraram sua história ali mesmo, na cordilheira. “Vi morrer congelados um grande amigo, um monge e uma criança”, lamenta.
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL OGEN SHAK
FOTO: CLEITON THIELE
Ao escrever a história de Ogen, Eneida espera cooperar para espalhar o conhecimento da situação real que continua acontecendo no Tibete. “Contribuir com um mundo com menos arbitrariedade e que possamos ver o Tibete ser devolvido ao seu povo, ainda nesta encarnação”. Embora a situação seja de opressão, os infortúnios da vida não esmorecem a alma tibetana. Ogen conta que seu povo não leva a vida tão a sério como os ocidentais. Para ele, a maior diferença entre nossas culturas é que temos muitas regras para fazer qualquer atividade, o que nos impede de viver o momento presente com harmonia.
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“Se vocês têm de atravessar um rio para chegar do outro lado, ficam pensando se tiram ou sapato ou não, de que jeito vão fazer a travessia. Essa atitude gera muito sofrimento”. Para os tibetanos, o que importa é onde queremos chegar. “Você tem de ir. Se morreu, morreu. Mas se chegar do outro lado vivo, bata palmas!”, finaliza Ogen, batendo palmas e sorrindo. A maneira simples e alegre de viver a vida focando no presente é o que fascina aos clientes do Tashi Ling, um ambiente impregnado de felicidade e sabor de uma cultura de paz.
Sabor do Oriente
CHAMÔ CHOW MEIN Macarrão de cogumelos à moda tibetana O chef Ogen Shak, do restaurante Tashi Ling, ensina uma saborosa e simples receita tibetana que mistura legumes e macarrão. O Chamô Chow Mein, consumido no dia a dia dos tibetanos, é uma ótima opção para quebrar a rotina e surpreender quem você gosta. INGREDIENTES 35 gramas de pimentão amarelo cortado em tiras 35 gramas de pimentão verde cortado em tiras 35 gramas de pimentão vermelho cortado em tiras 35 gramas de brócolis picado 35 gramas de cenoura picada 300 gramas de spaguetti grano duro 150 gramas de cogumelo shimeji branco ¼ de cebola roxa picada 1 colher de sopa rasa de molho shoyu 1 colher de chá de alho picado 1 colher de chá de óleo de gergelim MODO DE FAZER Frite os cogumelos temperados com sal a gosto. Acrescente a cebola, os legumes e frite até dourar. Coloque o macarrão pré-cozido e frite até obter um tom dourado. Acrescente shoyu e por último o óleo de gergelim. Importante: Caso você não tenha uma balança para pesar os legumes, utilize 6 tiras de cada um para equivaler a 35 gramas.
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FOTO: CLEITON THIELE
Cham么 Chow Mein: Macarr茫o crocante
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Decoração
O rústico e o meio ambiente em harmonia Super em alta hoje, a madeira de demolição se tornou um material nobre e seu uso está vinculado tanto a projetos rústicos quanto contemporâneos.
Aparador multiuso e acordo com a arquiteta Paula Meneghel Lima, em um projeto contemporâneo a madeira de demolição é utilizada em menor quantidade, porém ela se torna a peça de destaque. “Quando trabalhamos com marcenaria mais clean, tons claros e lacas, um móvel em demolição destaca-se e faz o contraponto de um projeto tão linear e moderno”, ilustra Paula. Além de responsabilidade ecológica, esse tipo de madeira reutilizada e trabalhada de forma artesanal agrega qualidade ao projeto. A arquiteta conta que é possível combinar um móvel de madeira de demolição em diferentes ambientes. “Utilizando de forma coerente, combina com qualquer espaço. Já inserimos móveis em madeira de demolição em salas, cozinhas, dormitórios e até lavabos. Quando bem inserido em um projeto ou espaço, ele só tende a valorizar o ambiente.”
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Se você ainda não tem um móvel em madeira de demolição em casa por não saber como combiná-lo nos ambientes, esta dica vai deixar você cheio de ideias. O aparador de procedência indonésia, à venda na Mãos do Mundo, é entalhado à mão e pode ter mais utilidades do que você imagina. “Este aparador é um exemplo belíssimo de um móvel conceitual e multiuso. Por tratarse de uma peça elegante, entalhada à mão, pode agregar valor e beleza em qualquer espaço em que for inserida. Podemos colocá-lo em uma sala de estar, como aparador com quadros apoiados, inclusive com imagens super contemporâneas, que destaca o móvel e fica lindo. Inserir alguns puffes abaixo dele, com linhas mais retas, e até um tecido estampado, atrai o olhar e o torna mais usual. Em uma sala de jantar, este móvel pode tranquilamente servir como buffet e apoio à mesa, com vasos ou objetos de decoração acima quando não for utilizado. Outra opção é utilizá-lo como bancada em lavabo ou banheiro, inserindo uma belíssima cuba de apoio e torneira bem contemporânea, “brincando” com uma peça que tem estilo de sala em um ambiente super despretensioso”, sugere Paula.
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FOTO: JENNIFER ROOSEN-RUNGE
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Vitrine
Um mais lindo que o outro! Os produtos da Mãos do Mundo são escolhidos com todo o carinho para você. A loja oferece um vasto mix de peças genuínas da Indonésia, Tailândia, Índia e China. Veja o que separamos nesta edição para deixar sua casa no clima da cultura oriental.
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Jogo de chá Importado da China, o jogo de chá é uma excelente opção para receber seus convidados. Em diferentes tamanhos, desenhos e cores, entra na lista de peças para presentear. Número de peças: 14. R$ 128,00
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Imagens de Buda
As imagens de buda adornam todos os templos e lugares sagrados transmitindo paz e serenidade. Cada imagem representa aspectos da personalidade de Buda: a saliência na cabeça sugere sabedoria e espiritualidade, os lóbulos longos simbolizam nobreza e o terceiro olho significa a visão espiritual. Com 50 cm de altura, a imagem ao lado é à base de arenito reconstituído. R$ 225,00 22
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Máscaras de Buda Entalhadas em madeira balsa e com pinturas características da região, as máscaras de Buda fazem sucesso em vários ambientes, seja para parede ou como bustos para mesas. Tamanho: 15cm. R$ 35,00
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Capa de almofada Ikat
Tendência nos mais conceituados projetos de decoração, o tecido é fabricado através de uma técnica antiga de tecelagem, amarração e tingimento. A palavra Ikat é de origem indonésia e significa “nó”. Tamanho: 45cm x 45cm. R$ 36,00
05 Pato Raiz
Esculpido na raiz de bambu, o Pato Raiz traz um ar criativo ao ambiente. É possível encontrá-lo nos tamanhos pequeno (25cm), médio (35cm) e grande (45cm). R$ 49,00 (P) R$ 59,00 (M) R$ 69,00 (G)
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Vitrine
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Fonte Ketrik Campeã de vendas, a fonte Ketrik é peça coringa para variados ambientes. Em pedra vulcânica reconstituída, pode ser utilizada no jardim, na varanda ou até mesmo em ambientes internos. Medidas: 50cm x 40cm x 105 cm. R$ 1190,00
07 Móveis
Entalhados em madeira teca, os móveis da Mãos do Mundo são verdadeiras obras de arte. Diversas linhas de acabamentos especiais, incluindo móveis para jardim e uma exclusiva linha de peças coloridas. Banco Kartini - Medidas: 63cm x 40cm x 72cm - R$ 438,00 Mesa ópio - Medidas: 100cm x 100cm x 50cm - R$ 1280,00
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Prato de cerâmica decorado Originários da Indonésia, os pratos de cerâmica decorados recebem mosaicos de vidro e arabescos em relevo. Na linha de cerâmica decorada, a Mãos do Mundo também apresenta vasos de mesa e de chão. Tamanho: 24cm. R$ 59,00
09
Casal Loro Blonyo Feito em louça cerâmica e pintado à mão, o casal Loro Blonyo é bem-vindo como uma bela decoração ou ainda para representar os bons relacionamentos. Medidas: 23cm x 10cm x 17cm. R$ 238,00
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Cuba de pia em mármore indonésio Excelente opção para personalizar seu lavabo ou área da churrasqueira. Peça lindamente polida em seu interior deixando à mostra toda rusticidade em suas laterais. Medidas: variáveis. R$ 690,00
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Buda
Imagens lindas de Sidartha, como o Buda em madeira, são inspiradoras e ótimas opções para presentear. Medidas: 32cm x 15cm x 52cm. R$ 238,00
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Mãos do Mundo www.maosdomundo.com.br Atendimento: segunda a sexta - 9h30min às 18h30min sábado - 9h30min às 19h30min domingo/feriado - 9h30min às 18h30min e-mail: vendas@maosdomundo.com.br Loja Canela
Loja Gramado
Praça da Matriz, 11
Rua Sen. Salgado Filho, 200
(54) 3282-2321
(54) 3286-2414
Banco com estofado A estrutura maravilhosamente entalhada em madeira teca recebe os mais lindos estofados com capitonê. Elegância e sofisticação em móveis orientais. Medidas: 160cm x 65cm x 92cm. R$ 2.790,00 170cm x 72cm x 117cm. R$ 4.190,00
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Divindade
Kwan In
A Deusa da Misericórdia
Essenciais para a religiosidade da cultura oriental, as divindades carregam diversos aspectos da conduta moral humana. A cada edição vamos apresentar esses seres que conquistam cada vez mais devotos no mundo todo. A seção estreia com a mais pura de todas as deusas.
Conta a lenda que Kwan In estava destinada a se tornar um Buda. Mas ao chegar ao Nirvana, ouviu o clamor do povo e voltou à Terra para salvar todas as crianças de Deus.
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FOTO: JENNIFER ROOSEN-RUNGE
egundo a tradição popular, Kwan In foi uma bela princesa na antiga Índia, porém não gostava de vestidos luxuosos nem de pratos finos feitos com carnes de animais, pois não suportava vê-los sendo mortos. Transformada em Deusa após sua morte, Kwan In é considerada o símbolo máximo da pureza espiritual. Ela não só dedicou sua vida a seus amigos, mas jurou proteger e amparar todos os seres humanos até acabar com o sofrimento do homem. Kwan Shih In significa “aquela que considera, vigia e ouve as lamentações do mundo”, por isso é a boddhisatva da Compaixão no budismo chinês. O boddhisatva é um ser humano iluminado, que não tem mais necessidade de reencarnar pois já atingiu o estado de perfeição e ascensão. A Kwan In não é apenas um objeto de decoração. Quem opta por ter essa deusa em casa deve ter um local especial e de destaque para ela, como um altar.
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