Apolónio de Tiana, Taumaturgo Contemporâneo de Jesus (excerto)

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Apolónio de Tiana

INTRODUÇÃO __________________________________

É provável que alguns de nós já tenham ouvido falar de Apolónio de Tiana, porém saber ao certo quem foi e o que fez apresenta-se uma tarefa difícil, uma vez que são escassas as obras biográficas a seu respeito. Este é um dos muitos assuntos indexados às páginas do ocultismo ou da magia. O tema em si é complexo porque engloba um período obscuro da história da humanidade. Estamos a falar de acontecimentos do início da nossa era cristã, ou seja, de há dois mil anos. Uma época em que proliferavam as seitas, os cultos e rituais, mistérios (muitos deles ainda presentes no Ocidente), mesclados com antigas crenças e superstições, e onde a religião cristã de cariz católico, tal como hoje a vemos, ainda não tinha o seu corpo definido. Neste contexto, encontramos Apolónio, filósofo nascido em Capadócia, actual Turquia, mas também Jesus, judeu, nascido em Belém, fazendo fé nos relatos bíblicos. A complexidade deste período é de tal ordem que marcar a fronteira histórica entre Apolónio e Jesus é quase impossível, pois ambos colidem no modo como se apresentavam (de túnica, com cabelos longos e sandálias), no modo como falavam e pregavam (tinham o dom da palavra e cativavam quem os ouvia) e, sobretudo nos milagres que operavam (a ressuscitação dos mortos, a multiplicação do vinho e do pão). Refira-se que a palavra milagre era uma terminologia não existente na época, mas hoje é corrente ouvi-la no contexto religioso para definir algo extraordinário, ou seja, que está fora do domínio da nossa compreensão. Contudo, há milhares de anos tal atributo era visto como próprio dos sábios que, de facto, realizavam acções inexplicáveis. Apolónio era um desses homens sábios, grande taumaturgo que tinha a capacidade de operar coisas maravilhosas, desafiando, aparentemente, as leis da natureza. O que se apresenta nesta obra é uma página secreta, dentro do esoterismo, de um homem-filósofo de nome Apolónio de Tiana que

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viveu há dois mil anos, na mesma época da de Jesus, pregando a palavra de sabedoria, reformando cultos e mistérios, operando coisas maravilhosas à vista de todos, com poderes que só os magos detinham. Se, por um lado, essa aptidão granjeou grandes simpatias entre as gentes do povo, fez nascer, por outro lado, fortes sentimentos de antipatia, sobretudo entre os agentes que na época se perfilavam contra os que pudessem ameaçar a sua autoridade, quer fosse política ou religiosa. Diga-se de passagem que Apolónio soube muito bem contornar estas aparentes dificuldades graças à sua arte de dialogar com todos, dando conselhos a quem os pedia, quer fossem imperadores, ou doutos, ou à multidão que se reunia à sua volta para o ouvir. Tinha o dom da palavra, da oratória e o magnetismo próprio de um filósofo conhecedor da verdade. Desde cedo iniciou-se na filosofia pitagórica, cuja disciplina e ensinamentos seguiu criteriosamente, embora tivesse participado, com satisfação, em muitos diálogos com os seus amigos que seguiam os ensinamentos platónicos e peripatéticos. Porém, a uma dada altura da sua juventude, Apolónio, respondendo à necessidade de aprofundar mais os seus conhecimentos, a sabedoria, decidiu então empreender os caminhos mais profundos da filosofia: a oriental, através dos sábios orientais, dos brâmanes dos Himalaias. Pode afirmar-se com segurança que foi um filósofo, um amante da verdade que nunca regateou esforços em buscar e aprender mais para encontrar o conhecimento, a Verdade. Com esse propósito aliou o conhecimento ocidental, tendo-se iniciado nos principais mistérios do Ocidente, com a sabedoria oriental; ambos se complementam para quem pretenda caminhar na senda da Sabedoria. Apolónio de Tiana alcançou a iniciação pelo estudo contínuo dos ensinamentos e pela exigente e diária disciplina prática da filosofia pitagórica (ocidental), bramânica e budista (oriental). Se há filósofo que melhor espelhe a vivência da filosofia no dia-a-dia, como meio de chegar à Sabedoria, é Apolónio de Tiana. Não estamos a falar da filosofia como é estudada, ensinada e compreendida na actualidade. Estamos a falar da filosofia à maneira clássica, considerada a mãe de todas as ciências há mais de dois mil anos. Essa ciência

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era só abraçada por alguns que amavam o saber e procuravam encontrar respostas para as grandes questões relativas à origem do universo e do homem: filosofia como disciplina de exigência, de rigor para consigo próprio; uma filosofia que exige a prática do ensinamento como meio de alcançar a realização das palavras proferidas pelo oráculo e impressas na porta do Templo de Delfos “… Oh homem, conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses”. Daí a terminologia da palavra filosofia consistir em duas simples palavras que resumem a essência do objectivo que os estudiosos da época se propunham alcançar: filo (de filia) = amigo + sofia = saber. Nestes termos, filo + sofos (filósofo) define-se como amigo do saber ou amante da sabedoria, uma das principais condições para empreender o árduo e esforçado caminho de trabalho de investigação das coisas e do homem (a que a disciplina e a dedicação ou amor com que nos entregamos ao trabalho não são factores alheios), na busca de respostas às eternas perguntas sobre o sentido da Vida e a sua relação com o Destino, as moiras que o tecem, tema tão caro entre o pensamento grego. Ora esse mesmo destino viria a ser irónico para o nosso filósofo Apolónio de Tiana. Apesar da importância que teve na época, o facto é que o pouco que dele se conhece, nomeadamente os seus escritos ou aquilo que terá dito, levantam sérias reservas quanto à sua autenticidade, porque os seus ensinamentos foram sujeitos a falsificações e deturpações. Resta-nos, porém, o Nuctemeron, embora dele também existissem versões falsas. O que marca este estado de coisas resulta de que a sua vida e obra coincidiu com uma outra personagem igualmente impactante para a história religiosa do Ocidente: Jesus de Nazaré ou Jeshua Ben Pandira, como é reconhecido nos escritos dos judeus. Todavia, os relatos da vida e obra de Jesus bíblico são posteriores à sua morte. O que terá acontecido para que não hajam vestígios de quem foi, e o que fez, Apolónio de Tiana? Se Apolónio de Tiana e Jesus viveram na mesma época, sabendo nós que Apolónio esteve em Roma, Grécia e nos locais onde Jesus marcou presença, perguntamo-nos. Não terão ambos se cruzado no caminho? Que relação existiu entre Apolónio e Jesus? Te-

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rão sido rivais? Terão sido a mesma pessoa? Que ensinamentos terão pregado? Que história estará por detrás de um e de outro? Apolónio de Tiana, o taumaturgo contemporâneo de Jesus é uma obra marcadamente esotérica (interna), na verdadeira acepção da palavra. É a única do seu género no mercado editorial português. O ensinamento interno que tornamos público com este livro tem o condão de transformar o oculto em conhecimento e, segundo M.me Blavatsky (v. Doutrina Oculta) o esoterismo, quando acessível a todos, deixa de ser interno (esotérico) para passar a ser externo (exotérico), mais abrangente. Esta é uma obra composta por quatro capítulos:  O primeiro serve como intróito à temática versada no livro: o que é a teurgia; a magia branca e a magia negra e a sua filha nos tempos actuais, a feitiçaria, referenciando a via da direita e a via da esquerda nos caminhos percorridos pelos magos brancos e magos negros, respectivamente; o ocultismo e os seus perigos; e, de forma sucinta, a taumaturgia;  O segundo capítulo fala resumidamente da cronologia da vida e obra do filósofo e a sua relação com a época em que vivia. Neste capítulo recorremos ao estudo das fontes e escritos clássicos para abordar a polémica questão de Apolónio e Jesus;  O terceiro capítulo trata da obra que se conhece do filósofo, Nuctemeron, que consta de frases contendo ensinamentos esotéricos que foram intencionalmente velados e divididos em 12 horas. Pelo carácter simbólico e oculto do ensinamento tentámos, na medida do possível, tornar compreensível aos nossos leitores a mensagem que aí subjaz, salvaguardando, no entanto, que tal interpretação não se esgota em tão simples explicações, pois as chaves para se alcançar o conhecimento das coisas estão encobertas por sete véus;  Por último, o quarto capítulo consta de uma obra bastante interessante sobre Apolónio de Tiana (e quase única, acrescente-se), de George S. Mead, que decidimos incluir neste livro, traduzida e revista do original.

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Não gostaríamos de terminar esta introdução sem deixar de citar as palavras sábias de Confúcio, as quais, considerando-as desde já oportunas para concluir a obra sobre o homem-filósofo Apolónio de Tiana, resumem, em primeira instância, o dramatismo de toda a caminhada do homem rumo ao seu destino: a sabedoria; e, em segunda instância, são a chave para o homem penetrar no mistério da sua existência: O maior indício de sabedoria é a harmonia entre as palavras e os actos. Dulce Leal Abalada

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CAPÍTULO I __________________________________

TAUMATURGIA. TEURGIA, MAGIA E OCULTISMO “A magia é a ciência tradicional dos segredos da natureza que a nós foi transmitida pelos magos”. Eliphas Lévi

1. Taumaturgia e taumaturgo A palavra taumaturgia deriva de duas palavras gregas: thauma, prodígio (ou “milagres”) + theourgia, acção divina. Assim, literalmente, podemos dizer que taumaturgia significa os prodígios ou milagres operados pela acção divina, ou melhor dito, o poder de fazer milagres com a ajuda dos deuses. Sob este prisma a taumaturgia, também chamada de medicina divina, é o estudo de um conjunto de técnicas que possibilitam a prática de um milagre. Logo, o homem que pratica a taumaturgia, (o taumaturgo), é aquele que opera milagres. Neste contexto é necessário, antes de mais, entender o que queremos dizer com a palavra milagre. Saber o seu significado é a condição sine qua non para se estudar taumaturgia. Se o abordamos sob o prisma do Ocultismo temos que os milagres mais não são do que os efeitos naturais de causas extraordinárias; de um poder adquirido que se encontra nas mãos de poucos. A Taumaturgia é o ramo da Magia que cuida da Medicina Oculta ou da Ciência do poder de Curar, tal como actualmente a entendemos. O propósito desta ciência é criar no ser humano as estruturas essenciais que possibilitem e levem ao desaparecimento da deficiência no indivíduo, isto é, à sua cura. É uma forma de energia orientada que todo o ser humano dispõe, mas que, no entanto, desconhece e, uma vez conhecida leva a saúde ao indivíduo. A base da cura é a procura da harmonia do homem consigo próprio, ou melhor, o equilíbrio saudável

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