Revista Divina Misericórdia 31

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Revista

Divina Misericórdia Publicação Bimestral- Ano VIII - Nº 31 - Fevereiro/Março de 2015

ANUNCIAÇÃO

O MUNDO INTEIRO ESPERA A RESPOSTA DE MARIA FAMÍLIA CONSTRUÍDA

NA ORAÇÃO:

caminho que leva ao

CÉU

POR QUE JULGAMOS OS OUTROS?

A

Misericórdia DE CRISTO NA

RENOVAÇÃO

DA

FAMÍLIA


Mensagem do Diretor

Caríssimos Leitores! Depois do tempo das férias, um tempo de descanso e de lazer, retornamos às atividades diárias com novo ânimo. Já no início da nova caminhada neste ano de 2015, a Igreja nos convida a começar em nossa vida um novo tempo de Quaresma que irá nos preparar para a celebração da Páscoa. Surge, então, uma pergunta: será que sei aproveitar bem esse tempo de graça? Esse tempo passa e não volta mais. Quaresma é um tempo santo que nos é dado, a cada um de nós, em cada novo ano, como uma grande oportunidade de crescimento na fé. Como entendemos o termo Metanoia que acompanha o tempo da Quaresma e nos chama à conversão na relação com Deus e na relação com os outros? A Igreja no Brasil lançará nesses dias mais uma Campanha da Fraternidade, com o tema: “Fraternidade ‒ Igreja e Sociedade” e com o lema: “Eu vim para servir” (cf Mc 10,45). Essa Campanha pretende recordar a vocação e a missão dos cristãos individualmente e enquanto comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II. A Revista Divina Misericórdia, atendendo ao apelo dos nossos bispos, deseja convidar os Leitores à uma reflexão sobre o valor da vida humana. A provocação vem da CF-2015, mas também da celebração que teremos no dia 25 de março: Dia da Anunciação do Senhor, ou seja, o dia em que o Verbo de Deus se fez carne, no ventre da Virgem Maria, por obra do Espírito Santo. Assim, Deus-Filho se fez um pequeno zigoto, depois um embrião, um feto e, por fim, um bebê numa manjedoura. Neste sentido lembremo-nos sempre que Deus, enviando a este mundo o Seu Filho, nos revelou que muito nos ama e que a vida da criança no ventre materno sempre é sagrada. Em meu nome e em nome da equipe de redação, desejo aos leitores um santo e abençoado tempo de Quaresma.

Diretor

DE

OCIEDA

EJA E S

E: IGR NIDAD FRATER

Padre André

2 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015


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Expediente Revista Divina Misericórdia

Sumário Padres da Igreja

As duas misericórdias divinas. . ...................................................................... 6 Publicação bimestral do Apostolado da Divina Misericórdia da Congregação dos Padres Marianos do Brasil Diretor Pe. André Lach, MIC Conselho Editorial

Pe. André Lach, MIC Pe. Leandro Ap. da Silva, MIC Gislaine Keizanoski Carina Novak, OCV

Santa Faustina

O segredo da mística na vida cotidiana de Santa Faustina. . ...................... 8

Santos da Misericórdia

Família construída na oração: caminho que leva ao céu......................... 10

Maria

Totus Tuus: "Maria, Trono da Graça!" Este Trono te levará ao Céu...... 14

Destaque

Anunciação: o mundo inteiro espera a resposta de Maria...................... 16

Luta pela Vida

Jornalista editora Gislaine Keizanoski

Liberdade tem limite? ................................................................................ 20

Revisão Carina Novak, OCV Gislaine Keizanoski

A misericórdia de Cristo na renovação da família. . ................................. 22

Projeto visual e diagramação Lucas S. Teixeira

Por que julgamos os outros?....................................................................... 24

Nihil Obstat Pe. Jair Batista de Souza, MIC Roma, 26 de janeiro de 2015 Imprimatur Pe. Leandro A. da Silva, MIC

Provincial dos Padres Marianos do Brasil

Contato Rua Profeta Elias, 149 Umbará - 81.930-020 Curitiba - PR - Brasil editora@misericordia.org.br (41) 3348 5043

Nossa Igreja

Formação Humana

Obras de Misericórdia

Acolher os peregrinos e enterrar os mortos.............................................. 28

Marianos

Missionário da misericórdia....................................................................... 30

Santuário

Monjes Trapistas renovam votos

no Santuário da Divina Misericórdia.................................................... 31

Nossos Eventos

XIII Congresso da Divina Misericórdia................................................... 32

Jovens em Cristo

Juventude do Papa....................................................................................... 34

Vocacional

Santuário da Divina Misericórdia em Curitiba - PR

Deus é amor................................................................................................. 36


Envie essa ficha preenchida para o endere莽o: Revista Divina Miseric贸rdia - Rua Profeta Elias, 149 - Curitiba/PR - CEP: 81930-020

4 - Revista Divina Miseric贸rdia - Fevereiro/Mar莽o 2015


Espaço do Leitor

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F

az praticamente cinco anos que frequento o Santuário da Divina Misericórdia em Curitiba, diariamente... E sempre tenho recebido regularmente a Revista da Divina Misericórdia. Mas desta vez... ela está com algo diferente,tem algo mais, alguma coisa de especial. Os assuntos são muito interessantes de se ler, mas em particular o que me chamou muita atenção foi o artigo do seminarista Edson... Acredito que a revista deveria trazer mais notícias e informações atuais sobre as atividades do Santuário e da Congregação dos Padres Marianos no Brasil. Gosto muito da revista... por isso envio anexo algumas sugestões... quem sabe podem ser úteis.

S

Giampaolo Primo Sgarbi / Curitiba - Paraná

ou mãe. Tenho três meninos, um deles já é adolescente. Como meu marido, divido meu tempo entre os trabalhos para o sustento da casa e as atividades em família. Nos dedicamos à educação dos nossos filhos com especial desvelo! Afinal, os nossos filhos são os nossos tesouros, que Deus nos confiou.

Em nossa casa chega a Revista Divina Misericórdia e cada vez que ela vem nos recorda que Deus é a própria Misericórdia e que sempre nos espera com os Seus braços abertos... Que Ele somente pede que sem máscaras nos lancemos nos Seus braços! Deus fica muito triste quando não confiamos Nele, na sua Providência e Misericórdia. A revista que chega aqui em casa passa de mão em mão. Não fica engavetada. Vai nas casas das vizinhas e dos parentes. O seu conteúdo frequentemente se transforma em tema de conversa com os amigos. Aqui vai a minha sugestão para as mulheres: não desperdicem as oportunidades de levar Deus para as pessoas. O que não é difícil, se pensarmos que até através de um sorriso sincero a gente pode fazer isso. Na conversa com as amigas, na manicure, no salão de beleza ou em outras salas de espera, porque não levar com você a revista? É no seu dia a dia que os leigos evangelizam. Agradeço a toda a equipe desse bonito Apostolado por trazer até a nossa casa a Misericórdia Divina através dessa revista bimestral. Contribuo com essa obra de todo o meu coração! Regiane Silva / Curitiba - Paraná

A humanidade precisa conhecer a Misericórdia de Deus. Conte o seu testemunho! Mande seu e-mail para: apostolado@misericordia.org.br ou envie sua carta para: Apostolado da Divina Misericórdia Cx.P.: 8971 Cep: 80.611-970 Curitiba-PR


Padres da Igreja

as DUAS

MISERICÓRDIAS

S

divinas

Do tratado de São Bernardo, abade, sobre os graus da humildade e da soberba (N. 12: EC 3,25-26).

e compreendes que Cristo tem duas naturezas em uma só pessoa, uma pela qual sempre existiu e outra na qual começou a existir, e que segundo seu ser eterno ele conhece todas as coisas desde sempre, mas segundo seu ser temporal conheceu muitas delas de maneira temporal, por que hesitas em admitir que, assim como ele começou a existir encarnado no tempo, começou também a conhecer as misérias da carne, por aquele tipo de conhecimento que a fraqueza da carne proporciona? Nossos primeiros pais eram mais sábios e felizes ignorando este tipo de ciência, que só puderam adquirir por um gesto de lamentável loucura. Mas Deus, seu Criador, buscando o que havia perecido, compadeceu-se e prosseguiu sua obra, descendo cheio de

misericórdia até os que haviam caído miseravelmente.

sem esta ela não seria suficiente para nós. Ambas são necessárias, porém a segunda nos foi mais conveniente.

A obra de amor que iniciara com a primeira forma de misericórdia, completou-a com a segunda.

Ó inefável lógica do amor! Como imaginar essa admirável misericórdia que não se forma de uma miséria anterior? Como reconhecer essa compaixão para nós desconhecida que não foi precedida pelo sofrimento, pois que é eterna em Deus como sua impassibilidade? Entretanto, se essa misericórdia divina que ignora a miséria não estivesse na origem, a outra, que tem por mãe a miséria, não teria acontecido. Se não tivesse acontecido, não nos teria atraído; se não nos tivesse atraído, não nos teria livrado. E de onde nos terá livrado, senão do lago de miséria e do brejo lodoso ( Sl 39,3). Deus não abandonou sua primeira misericórdia, mas acrescentou-lhe a segunda. Ele não mudou e sim multiplicou, como está escrito: Salvas os homens e os animais, Senhor, como multiplicaste, ó Deus, a tua misericórdia! (Sl 35,7b-8 Vg).

Quis experimentar em si mesmo aquilo que mereceram sofrer por terem agido contra Ele, contudo, não pela mesma curiosidade, mas por uma admirável caridade. E não para permanecer infeliz entre os infelizes, mas para se fazer misericordioso e libertar os miseráveis. Fez-se misericordioso, não daquela misericórdia que já possuía em sua eterna felicidade, mas da que obteve através da infelicidade, em nossa condição humana. Assim, a obra de amor que iniciara com a primeira forma de misericórdia, completou-a com a segunda. Não que aquela não bastasse para realizá-la, mas porque

São Bernardo de Claraval Bernardo de Claraval foi canonizado por Alexandre III em 1174. Proclamado Doutor da Igreja por Pio VIII em 1830. Viveu entre os anos 1090 e 1153. Foi o principal reformador da Ordem de Cister. Fundador da Abadia de Claraval e responsável direto pela fundação de outros 163 mosteiros em diferentes partes da Europa. Experiente defensor da verdade contra os cismas na Igreja. Grande devoto da Virgem Santíssima. No 800º aniversário de sua morte, Pio XII emitiu uma encíclica na qual chama-o de “O Último dos Padres”. Texto preparado pelos Monges do Mosteiro Trapista Nossa Senhora do Novo Mundo.


A Família Monástica

TRAPISTA

(Ordem Cisterciense da Estrita Observância) Maisa Ribeiro Alves da Silva

N

Bacharel em Letras clássicas - grego e latim

ascida da reforma da Orhomens pela dedicação ao trabalho dem Cisterciense (OCist), manual quotidiano. esta por sua vez, uma rePara São Bento, o mosteiro é forma da Ordem Beneditina (OSB), uma “escola de serviço do Senhor”, a Ordem Cisterciense da Estrita na qual Cristo é formado no coração Observância (OCSO) teve sua oridos irmãos pelas Sagragem no mosteiro de la das Escrituras, Liturgia, Trappe, França, de onde o mosteiro ensinamento do abade e vem o apelido “Trapista”. Seu estilo de vida vida fraterna. Os monges é uma “escola é totalmente orientado também têm no coração de serviço do para a experiência do uma solicitude apostóSenhor” Deus Vivo e à conforlica de zelo para com o mação a Ele no amor. Reino de Deus e a salvaComo toda vocação ção de todo o gênero humano. Desdentro da Igreja Católica, fundata maneira, os mosteiros têm como menta-se na reflexão contínua da missão dentro da Igreja serem sinal da palavra de Deus e no encontro com presença transcendente do Senhor enCristo nos sacramentos. Ao longo tre os homens. Sua obra de apostolado de toda sua jornada diária louvam ao é espiritual e intercessora, auxiliando Criador e intercedem pela humanios leigos e os irmãos de vida ativa e dade através da celebração do Ofício missionária através de suas orações. Divino, unindo-se a Ele e a todos os

“Os monges seguem as pegadas daqueles que, nos séculos passados, foram chamados por Deus à milícia espiritual no deserto. Como cidadãos do céu, tornam-se estranhos às coisas do mundo. Na e no suspiram por aquela paz interior que gera a sabedoria. Renunciam-se a si mesmos a fim de seguirem o Cristo. Pela e lutam contra a soberba e a rebelião do pecado, e na e no buscam aquela bemaventurança prometida aos pobres. Com alegre hospitalidade, partilham com seus companheiros de peregrinação a paz que emana de Cristo.”

solidão silêncio

humildade obediência

simplicidade trabalho

(Constituições OCSO, C. 3)

Fevereiro/Março 2015 - Revista Divina Misericórdia - 7


Santa Faustina

O SEGREDO DA MÍSTICA na vida cotidiana DE SANTA FAUSTINA Xavier Bordas

Teólogo, tradutor do Santuário da Divina Misericórdia - Polônia

C

aro leitor, na sequência dos artigos publicados nas edições anteriores desta revista sobre a vida mística de Santa Faustina, convido-os a darmos continuidade ao nosso estudo a respeito da verdade sobre a permanente presença de Deus misericordioso na profundidade da nossa alma. O constante esforço para estar continuamente unido a Deus sempre e em todo lugar, em todos os acontecimentos e circunstâncias, inclusive na monotonia da vida cotidiana, influi decididamente na forma como experimentamos o dia a dia. Não foi diferente na vivência que a Irmã Faustina teve de sua cotidianidade. As atividades de cada dia, ela as vivia em estreita união com Jesus Misericordioso presente no seu coração. Assim escreveu em seu Diário:

Jesus, quando vindes a mim na santa Comunhão — Vós que Vos dignastes residir com o Pai e o Espírito Santo no pequeno céu do meu coração —

procuro fazer-Vos companhia durante todo o dia, não Vos deixo sozinho, nem por um momento. Ainda que esteja em companhia de outras pessoas, ou junto com as educandas, o meu coração sempre está unido a Ele. (...) Com Jesus vou a toda parte, Sua presença me acompanha em toda parte. (Diário, 486)

Depois da santa Comunhão, algumas vezes Irmã Faustina experimentava de forma particular a presença de Deus no seu coração. Contudo, essa graça especial em nada a atrapalhava no cumprimento das suas obrigações:

Mesmo quando estou resolvendo os assuntos mais importantes, que exigem atenção, não perco a presença de Deus na alma e estou intimamente unida a Ele. Com Ele vou ao trabalho, com Ele vou ao recreio, com Ele sofro, com Ele me alegro, vivo Nele e Ele em mim. Nunca estou

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sozinha, porque Ele é meu companheiro constante; sou consciente da Sua presença em cada momento. (D. 318).

A viva consciência da presença de Deus em seu interior, o fato de unir‑se a Ele, adorá-Lo e contemplá-Lo não eram obstáculos no cumprimento das obrigações e deveres: “Durante todo o dia, em toda parte, onde quer que me encontrasse, com quem quer que falasse, acompanhava-me a viva presença de Deus” (D. 1781). Por outro lado, nada a perturbava na união com o Senhor, nem a conversa com o próximo, nem qualquer obrigação:

Ainda que eu tenha que resolver os assuntos mais importantes, coisa alguma me perturba. O meu espírito está com Deus, o meu interior está cheio de Deus, e portanto não O procuro fora de mim. (...) Nem mesmo com a minha mãe, quando estava encerrada


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em seu ventre, eu estava assim tão unida como estou com meu Deus. (D. 883).

O descobrimento de Deus no mais profundo da alma e a estreita relação com Ele não afastavam, de modo algum, Irmã Faustina das realidades da vida, justamente ao contrário, permitiam-na viver essas mesmas realidades de forma plena. Em seu Diário vemos retratado o profundo realismo da sua visão a respeito do cotidiano da vida. Sob a superfície da monotonia, do caráter cinzento e fatigoso de muitos dos seus dias, no ordinário da vida, Irmã Faustina via com os olhos da fé o mistério da presença de Deus e da Sua ação misericordiosa. Finalizando esse artigo, apresentamos a seguir algumas das frases escritas por ela a esse respeito:

Ó vida cinzenta e monótona, quantos tesouros há em ti! Nenhuma hora se assemelha à outra, pois o enfado e a monotonia desaparecem quando olho para tudo com os olhos da fé. A graça que é destinada para mim nesta hora não se repetirá na hora seguinte. Serme-á dada ainda, mas já não será a mesma. O tempo passa e nunca volta. O que, porém, nele se encerra não mudará

jamais, fica selado por todos os séculos (D. 62).

Dias de trabalho e de tristeza, não sois para mim tão sombrios, porque cada momento me traz novas graças e a possibilidade de fazer o bem (D 245).

Ó dias triviais e cheios de monotonia, olho para vós com um olhar solene e festivo! Oh! como é grandioso e solene o tempo que nos dá ocasião de colher méritos para o céu eterno (D. 1373).

Sinto que estou toda impregnada de Deus e é com Ele que vou enfrentar a vida de todos os dias, monótona, difícil e laboriosa — confio que Aquele que sinto em meu coração transformará essa monotonia em minha santidade pessoal (D. 1363).

Peço ardentemente ao Senhor que se digne fortalecer a minha fé, para que, na monótona vida cotidiana eu não me deixe levar pelas considerações humanas, mas pelo espírito (D. 210).

Continua na próxima edição...


Santos da Misericórdia

FAMÍLIA CONSTRUÍDA NA ORAÇÃO: caminho que leva ao

CÉU

Pe. André Lach, MIC

Diretor do Apostolado da Divina Misericórdia

10 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015


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G

ianna Beretta Molla nasceu no dia 4 de outubro de 1922, em Magneta, perto de Milão, sendo a décima segunda filha do casal Alberto Beretta e Maria de Micheli, cinco dos quais faleceram em tenra idade. Os pais da Gianna eram muito piedosos. Todos os dias sua mãe levava os filhos para participar da santa Missa e dignamente recebia a santa Comunhão. À tarde, quando era possível, participava das Vésperas e à noite, com toda a família, recitava o santo terço de Nossa Senhora. Por isso, desde a infância, Gianna recebeu uma sólida educação familiar e católica.

Início de um caminho que leva ao Céu Aos 15 anos, participou de um retiro inaciano e, como fruto desse retiro, adotou para sua vida o lema: “oração, trabalho e sacrifício”. Toda a sua vida foi acompanhada pela oração e pela Eucaristia diária. No ano de 1942, quando estava com 20 anos, morreram os seus pais. Naquele mesmo ano inscreveu-se no curso de Medicina, em Milão. No tempo dos estudos universitários, em Milão e depois em Pavia, rezava todos os dias o santo terço que havia aprendido na casa paterna e com dignidade participava da santa Missa, recebendo com piedade a santa Comunhão. O seu progresso espiritual era também fruto da meditação diária. A comunhão diária com Deus fez com que ela logo percebesse que o mundo no qual vivia precisava de “confessores-testemunhas”, homens

e mulheres corajosos, movidos pela força do Espírito Santo para defender Deus, a Igreja, o Papa, os sacerdotes e a própria fé católica.

Toda a sua vida foi acompanhada pela oração e pela Eucaristia diária No ano de 1949 terminou os estudos e passou a exercer a medicina. Em 1952, especializou-se em Pediatria, com o intuito de unir-se ao seu irmão, Padre Alberto, médico e missionário no Brasil, que com a ajuda de outro irmão, o engenheiro Francisco, havia construído um hospital na cidade de Grajaú, no Estado do Maranhão. Gianna, por ter a saúde muito frágil, foi desaconselhada a vir ao Brasil. Por isso, dedicou-se muito em honrar sua vida profissional seguindo um “código moral” por ela composto.

Código Moral 1. Faço o santo propósito de fazer tudo por Jesus. Todas as minhas ações, todos os meus desgostos ofereço-os todos a Jesus; 2. Faço o propósito de, para servir a Deus, não mais ir ao cinema, a não ser que o filme apresentado seja modesto, não escandaloso e imoral; 3. Faço o propósito de morrer ao invés de cometer um pecado mortal; 4. Quero temer o pecado mortal como se fosse uma serpente, e repito de novo: antes morrer mil vezes do Gianna Beretta Molla

que ofender o Senhor; 5. Faço o santo propósito de rezar pedindo a Deus a graça de evitar o inferno e evitar também tudo o que poderia prejudicar a minha alma; 6. Faço o propósito de rezar diariamente uma ave-maria pedindo uma boa morte; 7. Faço o propósito de pedir a Deus uma graça especial para bem entender a sua infinita misericórdia; 8. Faço o propósito de ser obediente e zelosa nos estudos para agradar a Cristo; 9. Faço o propósito de fazer sempre as minhas orações de joelho; 10. Faço o propósito de aceitar com humildade todas as correções, porque a humildade é o caminho mais curto que nos leva à santidade; 11. Peço a Deus a graça para que eu possa alcançar o Céu junto com todos os santos e junto com todas as almas.


Vida

vida:

se paga com Eis a maior manifestação

Divina Misericórdia da

Matrimônio e família Em 1954, Gianna conheceu o engenheiro Pietro Molla. Logo entre eles nasceu o amor que os levou ao matrimônio, realizado no dia 24 de setembro de 1955. Viveram um casamento muito feliz. Gianna conseguiu o êxito profissional, amava a natureza, praticava esqui no inverno, gostava de teatro, tocava piano, vestia-se segundo a moda, porém com discrição. Com o marido, um famoso diretor de fábrica, educava os filhos, cuidava da casa, amando a Deus acima de tudo e servindo aos homens na medida das possibilidades. O que mais poderia esperar? O casal teve três filhos: Pierluigi, Maria Zita e Laura. Aos 39 anos, na última gestação, Gianna descobriu

que tinha um fibroma no útero. Um dia aproximou-se do marido e lhe disse: “Pedro, peço que se for necessário fazer uma escolha entre salvar a minha vida ou a vida da criança, salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz!”.

palavras foram estas: “Jesus, eu Te amo”. Tinha 39 anos. Pedro batizou a filha pequena dando-lhe o nome de Gianna Emanuela: Gianna em homenagem à mãe e Emanuela para recordar a constante presença de Deus na vida do casal, especialmente nos momentos mais difíceis.

No dia 20 de abril de 1962, numa sexta-feira santa, Gianna sofreu a intervenção cirúrgica. O médico que a operou disse: “Eis uma verdadeira mãe”. Depois da cirurgia, Gianna pôde ainda alegrar-se vendo a sua filha com vida, abraçá-la... Depois teve início a agonia. Os médicos fizeram todo o possível para salvar a sua vida. Não conseguiram. No dia 28 de abril de 1962, Gianna faleceu. As suas últimas

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Gianna com seus filhos Pierluigi e Maria Zita. Setembro de 1958.


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No dia 4 de outubro de 1997, no 2° Encontro Mundial do Papa com as famílias, Gianna Emanuela, que hoje é médica como a mãe, estava no Rio de Janeiro, no estádio do Maracanã. Na presença do Papa João Paulo II e de outras 200.000 pessoas elevou uma oração à sua mãe, a Bem-aventurada Gianna Beretta Molla, agradecendo-lhe por lhe ter dado a vida duas vezes: pela geração e pelo martírio. Processo de beatificação e canonização

de maio de 2004. Na santa Missa, em que também foram canonizados vários bem-aventurados, a respeito dessa nova Santa o Papa João Paulo II pronunciou as seguintes palavras:

Os milagres, tanto para a beatificação, como para a canonização aconteceram no Brasil. Gianna foi beatifi“Do amor divino, Gianna Beretcada pelo Papa João Paulo ta Molla foi uma simples, II, em Roma, no dia 24 de mas ainda mais significa“O amor é o tiva mensageira. Poucos abril de 1994. Nessa ocasião o Papa disse: “O coroamensentimento dias antes do matrimônio, to da vida de Santa Gianna mais bonito numa carta enviada ao fuBeretta Molla, que no início que o Senhor turo marido, escreveu: “O era uma estudante exemplar, amor é o sentimento mais colocou na depois uma jovem engajabonito que o Senhor coloda na comunidade eclesial cou na alma dos homens”. alma dos e por fim uma feliz esposa Seguindo o exemplo de homens”. e mãe, foi o sacrifício de sua Cristo, que “tendo amado os seus... amou-os até o fim” vida, a fim de que pudesse (Jo 13, 1), esta santa mãe de famíviver a criança que carregava em seu lia manteve-se heroicamente fiel ao ventre ‒ e que hoje está aqui conosco! Ela, [Gianna], como médica cirurgiã, compromisso assumido no dia do matrimônio. O sacrifício extremo estava bem ciente do que precisava que selou a sua vida dá testemunho enfrentar, mas não vacilou diante do de que somente quem tem a coragem sacrifício, confirmando desse modo a de se entregar totalmente a Deus e heroicidade das suas virtudes”. aos irmãos realiza a si mesmo. Possa a Uma vida se paga nossa época descobrir de novo, atracom outra vida vés do exemplo de Gianna Beretta Molla, a beleza pura, casta e fecunda A bem-aventurada Gianna Bedo amor conjugal, vivido como resretta Molla foi canonizada no dia 16 posta ao chamamento divino!”.

Concluindo, elevemos ao Céu uma prece pelas mães que com sacrifício educam os filhos e filhas que geraram, e uma prece pelas mulheres grávidas para que nunca cedam à tentação do aborto, mas acolhem com grande amor e carinho as crianças concebidas que trazem em seus ventres. Façamos isso, por intercessão de Santa Gianna.

Gianna Emanuela, filha de Gianna Bretta Molla

"ORAÇÃO, TRABALHO E SACRIFÍCIO"


Maria

Totus Tuus:

“Maria, Trono da Graça!" Este Trono te levará ao Céu Xavier Bordas

Teólogo, tradutor no Santuário da Divina Misericórdia da Polônia

O

que de melhor podemos desejar no início deste novo ano? Que ele seja verdadeiramente um ano com a Mãe de Deus, desde o primeiro de janeiro, a Ela dedicado, até o último dia de dezembro. A vida é curta demais para ser vivida sem Maria. Se na sua vida até hoje não foi assim, nunca é tarde para tomar parte nesta caminhada.

Aquele que verdadeiramente deseja pertencer a Maria precisa encarnar a expressão totus tuus (todo teu) na própria vida. A cada novo dia, através dos próprios atos, dizer a Ela: “Mãe, sou todo teu, e tudo o que é meu te pertence”. “Quero

ser ‘todo teu’ para chegar a ser um com Deus, por teu intermédio”. A pessoa que é toda de Maria caminha por uma estrada que tem por nome Maria. Essa estrada passa por Nazaré, Belém, Canaã da Galilea e chega à Jerusalém. Todos esses lugares eram lugares onde Deus morava em plena comunhão com Sua Mãe. Quando começamos a viver onde Ela está, como Ela e com Ela ‒ tudo se torna distinto. São Luís Maria Grignion de Montfort, em seus escritos, afirma inclusive que assim como o corpo respira o ar, aquele que se consagra à Maria ‒ respira Maria. Da mesma forma que uma pessoa viva nunca deixa de respirar, também aquele que é todo de Maria continuamente está aspirando o espírito Dela, a entrega Dela, o Fiat por Ela dirigido a Deus. Uma vez consagrado à Maria, já não

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pode viver um só dia sem respirar o maior número de vezes possível o seu espírito, com simples olhares de criança dirigidos à mãe, jaculatórias e súplicas como “Mãe, me ajuda”, “Mãe, preciso de Você”. Na medida em que uma pessoa se entrega à Mãe Santíssima, Ela também se entrega a essa pessoa, sem reservas, sem limites, para sempre. Então, Ela dá a essa pessoa tudo o que é seu: sua sabedoria, santidade, plena união com Deus, sentido salvífico da vida inteira e, sobretudo, lhe dá Jesus e o seu amor por Ele. Quando o Totus tuus deixa de ser somente palavras e começa a se tornar vida, é então que aquele que se consagra à Maria realmente pertence a Ela e inicia um processo de transformação. Os pais que caminham juntos por essa estrada seguramente vão querer que os seus filhos sigam o mais cedo possível por ele. Disso é testemunha esta carta, escrita por uma mãe cuja vida é “toda de Maria”, enquanto a Ela consagra o seu filho, já nos primeiros dias da existência dele em seu ventre:


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Querido filhinho,

F

az somente algumas horas que sei que Deus nos abençoou trazendo-o a este mundo, ainda que desde a eternidade Ele já o havia pensado... E tanto Nosso Senhor nos ama que quis que você fosse fruto desse infinito Amor, do qual participamos o seu pai e eu em nosso matrimônio. Agora que o levo em meu seio, pequeno meu, é tão grande a alegria que sinto que, como Maria, só posso elevar ao Céu a oração do Magnificat e proclamar as maravilhas do Senhor... É neste seio bendito da Mãe de Deus que o seu pai e eu queremos que você cresça, viva e chegue ao Céu... pois este Trono de Graça será o que lhe irá desvelar as maravilhas que Nosso Pai reserva para seus Filhos nesta Terra, fazendo-o participar já neste mundo das maravilhas do Céu... Neste Trono, você irá com mais alegria, amor e paz ao Paraíso, quando chegar o momento de se encontrar com Nosso Senhor. Que pequeno é o seu corpinho agora! Mas grande é a alma que Deus lhe deu! Pode já, meu querido bebê, começar a saborear o amor de Deus... Assim, consagramos você à Virgem Santíssima, para que pertença inteiramente à sua Mãe Celestial e seja Ela quem o guie pelo caminho mais perfeito para chegar a Jesus... Quem melhor do que Maria para uni-lo a Deus? Se até Ele mesmo a escolheu como Mãe, para vir a esta Terra...! Você já está no Imaculado Coração da Rainha do Céu e da Terra, filhinho meu... Permaneça nesse Trono Divino... e acolha as graças que lhe reserva para que você seja santo. Pensa que você é demasiado pequeno para entender tão grande mistério...? Estou segura de que o seu coração de criança compreenderá melhor que qualquer um de nós... pois você está unido a Jesus no seio da Sua Mãe e, neste Trono de Graça, a Sabedoria de Deus o instrui interiormente. A Virgem foi trono de Graça na Terra e o é agora também desde o Céu. Ela, a “cheia de graça”, foi também fisicamente “Trono” da Fonte da graça... do mesmo Deus. Só no Céu conhecem os tesouros que alberga esse Trono... Um

trono que em sua humildade e pobreza contém a riqueza do Céu... tudo é graça em Maria. Aproxime-se desse Trono, pequeno filhinho meu... entregue seu coraçãozinho a Jesus e, com Ele, viva submergido no Coração da Mãe Dele, que também é sua. Santa Teresinha do Menino Jesus costumava dizer que os filhos têm direito a todos os “tesouros de sua Mãe”; assim, também você participará das graças que Maria lhe der. Contempla a beleza desse Trono, que será para você verdadeira Morada, meu pequeno. Nos nove meses de gestação, a Virgem custodiou ao Filho de Deus em seu seio. Durante vários anos o Trono do Menino Deus foi o seu regaço... Com quanto amor Ela O abraçava, acariciava e enchia de beijos enquanto O acalentava em seus braços... A verdade é que Maria foi sempre o Trono preferido de Cristo. Trono que alcançou o amor extremo ao pé da Cruz, quando susteve o Corpo chagado e ensanguentado de seu Filho, como primeiro Sacrário da Terra. Um Trono adornado com o bendito Sangue de Cristo e regado com as lágrimas da nossa Mãe... Capaz de abraçar a humanidade e de sustentar a paz de quantos sofrem. Também você passará pelo crisol do sofrimento, meu filho querido... refugie-se sempre junto desse Trono e Maria lhe dará a graça de unir sua dor à Cruz de Jesus e, esta Cruz o capacitará para amar mais. Infinitas são as graças que encontrará nesse Trono, filhinho. Abra o seu coração para acolhê-las cada dia da sua vida. Não sei quanto tempo o Senhor me presenteará ao seu lado nesta Terra... nem sequer sei se chegarei a contemplar os seus olhos, ver o seu sorriso e acalentá-lo em meus braços... Porém, não esqueça nunca que você é todo de Maria... que Ela é nossa Mãe e velará por você, aproximando-o cada dia mais de Jesus, até que o leve ao Céu. Você será feliz servindo, como seu pequeno soldado, aos pés do Trono, oferecendo a sua vida por Ela, sendo seu escravo de Amor e participando das infinitas graças que Ela tem reservadas para que você seja muito santo. A essa Rainha, que é a mais terna Mãe, entrego-o para glória de Deus, meu filhinho querido, e juntos, nesse Trono, até o Céu! Mamãe.


Destaque

Pe. André Lach, MIC

Diretor do Apostolado da Divina Misericórdia

ANUNCIAÇÃO 16 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015


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A

solenidade da Anunciação do Senhor por muito tempo foi chamada também de Anunciação da Virgem Maria e foi sempre celebrada no dia 25 de março. Essa solenidade nos recorda um fato muito importante narrado pelo evangelista Lucas (Lc 1, 26-38): o Anjo Gabriel foi enviado à Virgem Maria para anunciar a ela que Deus a tinha escolhido, desde a eternidade, para ser a mãe virginal de Seu Filho. Então, começa para a humanidade uma nova era. Esse fato será lembrado por todos até o fim dos tempos. Para melhor entendê-lo, meditemos com São Bernardo:

O mundo inteiro espera a resposta de Maria Das homilias em louvor da Virgem Mãe, de São Bernardo, abade (Hom. 4,8-9: Opera omnia, Edit. Cisterc. 4, [1966], 53-54) (Séc. XII)

O

uviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem – tu ouviste – mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta: já é tempo de voltar para Deus que o enviou. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia. Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação; se consentes, seremos livres. Todos fomos criados pelo Verbo eterno, mas caímos na morte; com uma breve resposta tua seremos recriados e novamente chamados à vida. Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi

a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés. E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça. Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna. Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua

humildade se encha de coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não temas a presunção. Pois, se tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus, mais necessário é agora mostrar tua piedade pela palavra. Abre, ó Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento. Eis aqui, diz a Virgem, a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1,38).


A Anunciação na tradição cristã Ao longo da história, os cristãos reverenciam esse fato em duas orações: a Ave-Maria e o Angelus.

A Ave-Maria A Ave-Maria ou Saudação Angélica nos foi revelada pelo próprio Deus na saudação do anjo Gabriel. O anjo revela a primeira parte dessa oração: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é contigo”. A Igreja acrescentou o nome de Maria. A segunda parte nos foi revelada por Santa Isabel quando, cheia da unção do Espírito Santo exclamou: “Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre, Jesus”. A Igreja, no primeiro Concílio de Éfeso, em 430, depois de haver condenado o erro de Nestório e ter definido que a Santíssima Virgem é verdadeiramente Mãe de Deus, acrescentou a conclusão, ordenando que, a partir de então, Nossa Senhora fosse invocada como tal, por estas palavras: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, (pobres) pecadores, agora e na hora de nossa morte”.

O Angelus O Angelus ou O Anjo do Senhor surgiu na Idade Média para santificar os diversos momentos do dia. Quando não havia suficiente número de relógios, a batida dos sinos das igrejas ordenava a caminhada do dia e lembrava a todos a cena da Anunciação. Por isso, às seis horas da manhã, ao meio-dia e às seis da tarde o povo fazia uma pausa no trabalho para descansar e rezar agradecendo pelo Sim de Maria. 18 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015


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O papa Paulo VI, na Exortação Apostólica Marialis Cultus, a respeito dessa oração escreve: “As nossas palavras sobre o Angelus Domini desejam ser uma simples, mas viva exortação a que se mantenha a costumada recitação, onde e quando isso for possível. Tal exercício de piedade não tem necessidade de ser restaurado: a estrutura simples, o caráter bíblico, a origem histórica que a liga à invocação da proteção na paz, o ritmo quase litúrgico que santifica momentos diversos do dia, a abertura para o Mistério Pascal, em virtude da qual, ao mesmo tempo que comemoramos a Encarnação do Filho de Deus, pedimos para ser conduzidos, ‘pela sua paixão e morte na Cruz, a glória da ressurreição’ fazem com que essa, à distância de séculos, conserve inalterado o seu valor e intacto o seu frescor.

É certo que alguns usos, tradicionalmente coligados com a recitação do Angelus Domini, desapareceram ou dificilmente podem manter-se na vida moderna; mas trata-se de elementos marginais. Resta, pois, inalterado o valor da contemplação do mistério da Encarnação do Verbo, da saudação à Virgem Santíssima e do recurso à sua misericordiosa intercessão; e, não obstante terem mudado as condições dos tempos, permanecem invariados para a maior parte dos homens aqueles momentos característicos do dia, manhã, meio-dia e tarde, que assinalam os tempos da sua atividade e constituem um convite a uma pausa de oração” (Marialis Cultus, n. 41). A Igreja católica celebra a solenidade de Anunciação a partir do século VI no Oriente e do século VII no Ocidente. Muitos se perguntam

porque a celebração acontece no dia 25 de março. Uns observam que depois de nove meses, a partir desse dia, no dia 25 de dezembro, acontece o Natal. Outros dizem que a escolha da data foi motivada pelo calendário judeu que no final de março e no inicio de abril marcava o dia 14 de Nisan – Festa da Páscoa. Isso faz muito sentido, considerando que, na Anunciação, com o Fiat de Maria, Aquele que pela Paixão, morte e Ressurreição renovou o mundo, iniciou Sua vida entre nós. Em muitos lugares, no dia 25 de março celebra-se a grande Jornada de Oração pela Vida. Não poderia haver data melhor. Rezemos nesse dia juntos agradecendo pela vida, sua e minha, pela vida dos outros e especialmente pela vida dos nascituros. Que nossa oração seja guiada por Santa Faustina Kowalska.

Diário de Santa Faustina “Hoje desejei ardentemente rezar uma Hora santa diante do Santíssimo Sacramento; no entanto, outra era a vontade de Deus. Às oito horas, comecei a sentir dores tão violentas que tive que deitar imediatamente. Fiquei me contorcendo nessas dores por três horas, isto é, até às onze da noite. Nenhum remédio me ajudou, e vomitava tudo o que engolia. Em certos momentos, essas dores me faziam perder a consciência. Jesus me permitiu conhecer que, dessa maneira, participei da Sua agonia no Jardim de Oliveiras e que Ele mesmo permitiu esses sofrimentos para desagravar a Deus pelas almas assassinadas nos ventres de mães perversas. (...) Quando penso que talvez algum dia ainda tenha que sofrer dessa maneira, tremo de terror, mas não sei se ainda alguma vez vou sofrer dessa maneira; deixo isso para Deus. O que Deus quiser enviar-me, aceitarei tudo com submissão e amor. Queira Deus que eu possa salvar, com esses sofrimentos, ao menos uma alma do homicídio” (D. 1276).


Luta pela Vida

N

ão há dúvida de que estamos vivento um momento muito difícil da história da humanidade. O atentado perpetrado pelos terroristas em Paris é injustificável. Realmente um absurdo, que atenta contra o valor fundamental do ser humano: a vida. Porém, essa reflexão precisa ir além da indignação perante esses momentos de tragédias. A respeito dos radicais terroristas já sabemos bem: do seu ódio, cegueira e desprezo dos valores, entre eles o da vida. Mas, a respeito dos que estão do outro lado, ou seja, daqueles que eles mataram, é possível fazer uma reflexão? Por mais que a comoção do momento induza a ver as vítimas como inocentes que foram mortos, a análise desse fato, como foi dito, precisa ir além. A imprensa tem falado constantemente dos “respeitados cartunistas”. Muitos dos que acompanham os noticiários, no entanto, não sabem que o jornal Charlie não

é um informativo comum, mas um jornal satírico, ou seja, que usa desse gênero literário para a crítica. E que nisso os autores desse jornal vinham cometendo grandes abusos. Em nome de um dogma da sociedade moderna, ou seja, o da liberdade de imprensa, esses homens mostravam total desrespeito para com os que creem. Destaca-se o desrespeito para com os praticantes do islamismo, publicando caricaturas de Maomé. Ao ofenderem o profeta dos mulçumanos, eles fornecem aos radicais justamente aquilo que eles querem: um álibi para praticar a selvageria. Nesse jornal são reservados espaços para desrespeitar também a nós ‒ cristãos e católicos: charge com o Papa beijando na boca um mulçumano, charge sugerindo um encontro amoroso do Papa com um guarda suíço, charge ridicularizando o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, entre outras.

Como foi dito, a sociedade moderna criou um dogma de liberdade que só postula direitos, sem deveres. Sob essa concepção de liberdade está a mesma concepção que defende o aborto: de um lado o direito, do outro nega-se o dever de respeitar o próximo. No caso do aborto, pretende-se que o direito à liberdade de escolha seja superior ao direito fundamental à vida. Assim como não se respeita nem o islamita, nem o cristão, também não se respeita o direito à vida do nascituro. Essa concepção também impõe o “direito”, defendida pela ONU, de crianças e adolescentes viverem a sua sexualidade sem a “intromissão” dos seus pais. No Brasil, esse último ponto se tornou Projeto de Lei, do Deputado Jean Wyllys, para efetivar através de lei que crianças façam cirurgia de mudança de sexo no SUS sem a necessidade da permissão dos pais. De forma alguma queremos justificar o atentado que, como foi dito, é

LIBERDADE REFLEXÃO SOBRE O ATENTADO EM PARIS

20 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015


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LIBERDADE ou TERRORISMO? Mesmo sendo assediada pela militância em favor da legalização do aborto no Brasil, a maioria da população é consciente de que abortar uma criança é, não um ato de liberdade, mas um ato terrorista. Uma pesquisa do Ibope divulgada no final de 2014 nos mostra que 79% dos brasileiros são contra a legalização desse ato cruel, e apenas 16% são favoráveis. um absurdo a ser condenado. No entanto, ou a “classe intelectual” da sociedade ocidental para com a sua hipocrisia e orgulho que a torna refém de uma cristofobia gerada pelo secularismo perseguidor e aviltante e passa a mostrar respeito ao próximo, ou continuará fomentando situações como essa. Claro que os cristãos não irão fazer tais atentados, pois nós, cristãos, aprendemos que devemos perdoar

e deixar o julgamento ao Senhor (este Senhor a Quem os cartunistas mortos satirizaram e a Quem agora deverão responder). Os extremistas, contudo, não irão pensar duas vezes antes de agir. Condeno essa barbárie que foi o atentado e rezo para que Deus abençoe a França, considerada a Filha mais velha da Igreja, que nos deu tantos santos e santas, estes sim,

homens e mulheres que nos ensinaram valores. Defendo a liberdade, valor que Deus deu ao ser humano, mas não apoio um dogma de liberdade que não respeita os valores morais e de fé do povo. Quem é cristão sabe que o mal entrou no mundo pelo uso abusivo da liberdade. Condeno a violência e o ódio de todos os tipos, mas o jornal Charlie não me representa e...

Eu não sou Charlie!

TEM LIMITE? E SOBRE O DIREITO À VIDA

Pe. Silvio Roberto, MIC

Paróquia São Jorge - Curitiba/PR Diretor da casa Pró-vida Mãe Imaculada


Nossa Igreja

A

Beato Miguel Sopoćko

Misericórdia

Diretor espiritual de Santa Faustina

DE CRISTO NA

RENOVAÇÃO

DA

FAMÍLIA

“O que Deus uniu, que o homem não separe” (Mt 19,6)

22 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015


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A

família é a primeira expressão natural da dimensão social da humanidade e seu principal objetivo é a educação da nova geração. A família envolve a instituição do matrimônio e a paternidade. O matrimônio é um contrato cujo objeto é assinalado pela própria natureza, com um conteúdo imutável e previamente definido. Pela sua natureza, deve ser santo, indissolúvel, de um homem com uma mulher. Só um matrimônio assim é capaz de educar devidamente a nova geração. Entre os pagãos a família sofre uma degradação total, e entre os judeus já não tinha a pureza que teve no princípio. Por isso, Cristo renovou tanto a instituição do matrimônio, como a paternidade. Cristo em Sua doutrina sobretudo afirma, com infalível autoridade, que é Deus quem une os cônjuges e que lhes reserva de modo especial o direito sobre essa relação: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher? E disse: Por isso o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne? De modo que eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu que o homem não separe” (Mt 19,4-6). Além disso, Jesus Cristo eleva o matrimônio a uma ordem sobrenatural e o converte em Sacramento, com o qual os noivos, ao recebê-lo, nele recebem as graças sacramentais especiais, ou seja, a ajuda de Deus para a educação cristã dos seus futuros filhos, para terem uma convivência harmoniosa vivida no amor puro. Também lhes outorga a força para poder

superar a concupiscência pecaminosa da natureza humana. Essas graças recebem todos aqueles que não estão em pecado mortal. “É grande este mistério” – dirá o Apóstolo – “refiro-me à relação entre Cristo e a sua Igreja” (Ef 5,32); “Saiba cada um de vós viver seu matrimônio com santidade e respeito, sem se deixar levar pelas paixões, como fazem os pagãos que não conhecem a Deus” (1Ts 4,4-5).

"...desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher" Cristo não apenas destaca a santidade do matrimônio, mas também a sua continuidade e indissolubilidade, que decorre da sua própria natureza e brota espontaneamente na consciência das pessoas que se amam mutuamente, independentemente da sua educação, posição ou patrimônio. Quando Lhe perguntaram se é lícito a um marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo, o Salvador respondeu: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés escreveu este preceito. No entanto, desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher” (Mc 10,5-6). E a seguir afirma que no Novo Testamento essa permissão cessa e o matrimônio volta à sua indissolubilidade primitiva: “Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede seu marido e se casa com outro, comete adultério também” (Mc 10, 11-12).

Das palavras acima resulta que toda nova união contraída por uma pessoa casada enquanto ainda vive o seu primeiro cônjuge é, de forma muito clara, definida por Jesus como adultério. Contudo, no caso de adultério de um dos cônjuges é possível que haja a separação ‒ porém o vínculo matrimonial se mantém e deve ser respeitado. Como resulta das palavras do Salvador: “Ora, eu vos digo: quem despede sua mulher – exceto no caso de união ilícita – e se casa com outra, comete adultério” (Mt 19, 9). Os ortodoxos e os protestantes concluíram erroneamente dessa passagem que em caso de adultério o Salvador teria permitido o divórcio. Não obstante, a Sagrada Escritura não pode conter em si uma contradição, a qual aconteceria se admitíssemos a possibilidade do divórcio, que na passagem anterior foi por Cristo tão expressamente condenado. Assim entendiam o matrimônio os Apóstolos, porquanto São Paulo enfatiza diversas vezes em suas cartas a sua indissolubilidade: “A mulher casada está ligada por lei ao marido enquanto ele vive; [...] se, estando vivo o marido, ela se entregar a um outro homem, será chamada de adúltera” (Rm 7,2-3). “Se, porém, tenha havido a separação, que ela fique sem casar ou, então, que faça as pazes com o marido. E o marido não pode despedir sua mulher” (1Cor 7,11). Do acima resulta que a unidade do matrimônio consiste no fato de que não é permitido outro tipo de relação matrimonial que não seja a de um homem com uma mulher, a qual exclui qualquer outra união poliândrica* ou poligâmica.

*. União poliândrica: de uma única mulher com vários homens. União poligâmica: de um único homem com várias mulheres. Esse texto é parte do livro "A misericórdia de Deus em suas obras", volume 1. Editora Apostolado da Divina Misericórdia, Curitiba: 2015.


Formação Humana

POR QUE JULGAMOS OS OUTROS?

Pe. Jair Batista de Souza, MIC

Roma - Itália

N

o número anterior da revista Divina Misericórdia, iniciamos uma reflexão sobre a passagem do Evangelho em que Jesus fala do Julgamento dos outros (Mt, 7,1-5; Lc 6,36). Nela colocamos em relevo o julgamento enquanto capacidade humana de discernir o bem do mal. Capacidade que nos é dada e a qual não devemos nem podemos renunciar. Continuando nossa reflexão, examinaremos agora mais especificamente o ato de julgar os outros de uma forma categórica, formando a respeito deles um juízo condenatório. Esse tipo de julgamento é chamado na tradição moral católica de juízo temerário ‒ quer dizer, um juízo feito sem conhecer com profundidade a totalidade da pessoa e sua interioridade. Podemos dizer que quase

todo julgamento humano é, em certo sentido, temerário, já que tendo em vista os nossos limites não conhecemos a totalidade de uma pessoa que comete um erro ou pecado. E, no entanto, ao olhar o mundo, sempre é a partir de um ponto de vista imperfeito e limitado que o fazemos; isso forçosamente limita também o nosso juízo. Para ilustrar essa realidade vejamos a estória que se segue:

Um jovem casal, recém casados, foi morar numa parte muita tranquila da cidade. Uma manhã, enquanto tomavam café, a esposa percebeu, olhando pela janela, que a vizinha estendia roupas no varal: “Veja como estão encardidos os lençóis dessa vizinha! Sem dúvida ela está

24 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015

precisando conhecer uma outra marca de sabão em pó! Quem sabe um dia eu mostre a ela como se lavam lençóis...”. O marido olhou e ficou em silêncio. A mesma cena e o mesmo comentário se repetiram diversas vezes, enquanto a vizinha estendia as roupas ao sol e ao vento. Passado um mês, numa manhã, a mulher se admirou ao ver que a vizinha estendia lençóis limpíssimos no varal e disse ao marido: “Veja, a nossa vizinha finalmente aprendeu lavar as roupas! Quem será que ensinou isso a ela?”. O marido então respondeu: “Ninguém a ensinou. Simplesmente, nesta manhã, eu me levantei mais cedo e, enquanto você se maquiava, limpei o vidro da nossa janela...”.


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Essa estória, simples, serve para nos mostrar como os nossos julgamentos dependem, na maior parte das vezes, da “nossa janela”, do nosso ponto vista, isto é, das realidades que trazemos em nossos corações e que influenciam grandemente a forma como olhamos e avaliamos as pessoas e as realidades exteriores a nós.

Por que julgamos? Por que ‒ mesmo sabendo que isso desagrada a Deus; mesmo tendo a consciência de que isso nos faz mal, tanto na dimensão humana quanto na espiritual ‒ tantas vezes não conseguimos abandonar o hábito de julgar os outros? Para São Francisco de Sales é importante conhecer as razões que nos levam aos juízos temerários. O mesmo dizem as ciências humanas que afirmam que o primeiro passo para a superação de um vício é tomar consciência das motivações pelas quais fazemos ou deixamos de fazer certas coisas. Seguindo as indicações apresentadas por São Francisco de Sales na sua obra Filotéia, listamos aqui algumas razões pelas quais julgamos os outros. Talvez deste modo possamos compreender as nossas reais motivações e melhor combater os nossos juízos temerários:

Acidez e amargura do coração Existem pessoas amargas e ácidas de coração que tornam ácido e amargo tudo o que está ao seu redor. Julgam a vida e as outras pessoas

sempre com muita dureza. Em geral, não conseguem ser felizes e não toleram a felicidade alheia. Por isso estão sempre prontas para julgar de forma dura e intransigente. Muitas vezes essas pessoas não tem “culpa moral” de serem assim, foram feridas pela vida, e passam a vida ferindo. Precisam de ajuda, seja de um diretor espiritual ou de uma terapia profissional, porque dificilmente conseguem superar sozinhas a própria tendência de ver apenas o negativo em tudo e em todos. Sem ajuda, continuarão a levar o “vinagre” da própria presença aonde quer andem.

Orgulho Segundo São Francisco de Sales, muitos julgam os outros por orgulho, creem que na medida que abaixam a honra dos demais, elevam a própria. É o caso do fariseu que no templo se enaltecia diante de Deus, na medida em que diminuía o “miserável publicano” que se encontrava ao fundo (cf. Lc 18, 10-14). Na psicologia, essa tendência é explicada pela necessidade, apresentada por muitos, de se sentirem superiores ou melhor que os

demais. Assim, diante de alguém com uma fraqueza ou defeito, têm a tendência de ressaltar esse defeito, muitas vezes tornando-o público (por meio de fofocas), para, desse modo, sentirem-se melhores.

Sentimento de culpa Para São Francisco de Sales, uma outra razão pela qual julgamos os outros é o desejo de encontrar desculpas para nós mesmos, para os nossos pecados; em outras palavras, é o desejo de encontrar justificativas para atenuar os remorso da própria consciência. Nesse sentido, apontar para os erros ou defeitos no outro é um modo de diminuir a um nível tolerável o sentimento


da própria culpa. Isso acontece com certa frequência em relacionamentos familiares e entre amigos. Em geral, quando alguma coisa não vai bem no relacionamento, cada um tem sua parcela de responsabilidade; contudo, frequentemente vemos que as pessoas usam o subterfúgio da troca de acusações, apontando para os erros do outro (reais ou não) a fim de “mascarar” os próprios erros e se sentir menos culpados por eles.

Inveja

Tantas vezes julgamos duramente alguém pelo simples fato de essa pessoa ter “ousado” fazer aquilo que não tenho coragem ou condições de fazer. É o caso do “filho mais velho” do Evangelho que julga severamente o outro “filho do seu pai” que teve a ousadia de “sair de casa” e “gastar os bens com prostitutas”, enquanto ele vivia sob o peso da “escravidão”, talvez nutrindo interiormente o desejo daquela “liberdade” que o filho mais novo teve, contudo, com medo de pagar o preço por ela (Cf. Lc 15, 25-28).

Uma razão “surpreendente” para os julgamentos dos outros é a inveja.

Essa “lista de razões” que nos levam a condenar o outro não é,

certamente, completa, e provavelmente São Francisco de Sales nem tinha a intenção de fazê-la completa. Contudo, pode nos ajudar a reconhecer que os julgamentos que fazemos dos outros muitas vezes são consequência de uma visão adulterada pelos nossos próprios pecados e vícios. Quando tivermos a coragem de assumir isso, então poderá ser o início de uma mudança pessoal muito importante nas nossas relações com Deus e com o próximo.

VAI UMA FOFOCA AÍ? “As pessoas zelosas da retidão da sua consciência nunca acham ensejo de julgar temerariamente, e, em vez de perderem tempo perscrutando as ações e intenções do próximo, entram em si mesmas e envidam todos os esforços para melhor aperfeiçoar sua própria vida... Só uma alma que não sabe o que fazer de bom e útil é que se diverte em examinar a vida alheia" São Francisco de Sales, Filoteia ‒ capítulo XXVIII

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AEDM

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ORAÇÃO PARTILHA TRABALHO

ADORAÇÃO APÓSTOLOS EUCARÍSTICOS da

DIVINA MISERICÓRDIA Use a revista Divina Misericórdia para divulgar o seu grupo, nos enviando um breve relato sobre como acontecem os encontros de oração e como seu grupo pratica obras concretas de misercórdia. Ah! e não se esqueça de enviar também algumas fotos - com boa qualidade! Escreva para: Revista Divina Misericórdia - Depoimento AEDM Rua Profeta Elias, 149 - Curitiba / PR - CEP 81930-020 Ou envie um e-mail para: editora @ misericordia.org.br


Obras de Misericórdia

ACOLHER OS PEREGRINOS e ENTERRAR OS MORTOS:

OBRAS DE MISERICÓRDIA nos escritos e na vida do bem-aventurado Estanislau Papczyński Pe. Casimiro Krzyzanowski, MIC

Capítulo transcrito do livro Obras de Misericórdia.

28 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015

E

ste já será o terceiro artigo de uma série na qual apresentamos aos queridos leitores extratos de um interessante livro escrito pelo Fundador dos Padres Marianos, o bem-aventurado Padre Estanislau Papczyński, intitulado Templum Dei Misticum: O Templo Místico de Deus, que contém a mais completa e detalhada exposição no Ocidente Cristão do século XVII da doutrina sobre as obras de misericórdia. Nesses escritos, o Padre Papczyński, seguindo uma ordem de apresentação própria, faz uma descrição de cada uma das obras de misericórdia. Acompanhando essa ordem de apresentação, nos artigos anteriores já expusemos aos nossos leitores breves comentários sobre 5 das 7 obras de misericórdia corporal: visitar os enfermos, prover alimentos e dar de beber aos necessitados; depois, redimir os cativos e cobrir os nus. Neste artigo iremos apresentar as duas restantes. Na sequência: dar pousada aos peregrinos e enterrar os mortos.


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Dar pousada aos peregrinos

é popularmente conhecido como: “Hóspede em casa, Deus em casa”, e explica: “quem recebe um hóspede, recebe Cristo; e Cristo, por sua vez, não receberá nos tabernáculos eternos aquele que o acolheu?”. A resposta a essa pergunta é: Sim, há de recebê-lo, certamente.

Peregrinos excipere: dar pousada aos peregrinos é a sexta das obras de misericórdia corporal. Segundo o Padre Estanislau Papczyński é uma obra de grande mérito. O Filho de Deus experimentou o consolo de ser Enterrar os mortos favorecido pela prática dessa obra pelos discípulos de Emaús, na casa Considerando a sétima das dos quais foi convidado a permaobras de misericórdia corporal ‒ Senecer para a Ceia. Enquanto partia pelire mortuos: enterrar os mortos ‒ o o pão, mostrou-se Deus e Homem. Padre Estanislau exorta os fiéis a “Feliz de tal cidade ‒ exclama o Pasepultar os mortos dre Estanislau ‒ posgratuitamente, sem suidora de cidadãos interesses, por caquem recebe assim piedosos, que ridade somente; e ofereciam aos esum hóspede isto, segundo o Padre trangeiros tão generecebe Cristo Papczyński, não é rosa hospitalidade”. para Deus um ser“Ai de vós ‒ exclama viço de pouco valor. dirigindo-se, por outro lado, àque“Esta obra de misericórdia aconteles que descuram essa obra de mice raramente ‒ anota ele ‒ porque sericórdia ‒ que talvez dais farto são poucos os que nela participam alimento aos cães e permitis que e também poucos os que a fazem. homens morram de fome! A vós Entre estes, famosíssimo é Tobias, que fechais os batentes da porta aos o velho, o qual, pelas suas ações peregrinos e impedis, também às de piedade, como a de sevossas portas, a entrada aos homens pultar os mortos, se torna pios e religiosos, Cristo não vos examigo de Deus”. O Padre pulsará da porta do Céu?”. Papczyński cita as pala“Não sabeis ‒ continua o Padre Papczyński ‒ que a prostituta [Raab], pela hospitalidade oferecida benevolamente aos dois espiões, foi recebida nas moradas celestes?” (Cf. Jos 2, 1-22; 6, 22-23.25). No final da sua reflexão, ele cita o provérbio latino: Hospes venit, Christus venit, isto é, o hóspede que chega é Cristo que chega, que em polonês e português

vras dirigidas a Tobias pelo Arcanjo Rafael: “Enquanto rezavas, tu e a tua nora Sara, eu apresentava as vossas orações diante da glória do Senhor. Da mesma forma,

enquanto enterravas os mortos, eu também estava contigo” (Tob 12, 12). E conclui: “Certamente, de um modo eficacíssimo reza aquele que, crendo obter a misericórdia de Deus, a exerce para com os homens. E que misericórdia pode ser mais insigne do que aquela prestada aos mortos, dos quais não se pode esperar nenhuma recompensa, nenhuma gratidão e nenhum louvor?”. “Por isso ‒ conclui o Padre Papczyński ‒ os que fazem tais coisas, sem dúvida, procuram a vida imortal”.

Continua na próxima edição...


Marianos

MISSIONÁRIO DA

MISERICÓRDIA Pe. Leandro Aparecida da Silva, MIC

Superior Provincial dos Marianos no Brasil

C

aros leitores, em 2014 a Congregação dos Padres Marianos completou 50 anos de presença no Brasil. Nós, brasileiros, somos muito gratos à Província Polonesa por ter enviado missionários para a nossa comunidade no Brasil. Agradecemos a cada um que, ouvindo o chamado de Jesus, deu seu sim à vocação missionária. Gostaria de especialmente agradecer a Deus pelo dom da vida do Padre André Krzymyczek, MIC. No dia 26 de novembro de 2014, Deus o chamou para junto de Si. Desde 1971 ele exercia o seu sacerdócio no Brasil. No meio de muitos trabalhos realizados em nossa Província, nos últimos anos de sua vida se dedicou com muito esforço à obra da Divina Misericórdia. Através dele, a Devoção à Divina Misericórdia chegou ao Brasil e, pouco a pouco, se espalhou por todos os estados. Em 1982, ele publicou a primeira edição brasileira do Diário de Santa Faustina. Foi um sacerdote exemplar, homem disciplinado em tudo o que fazia, homem de oração e trabalho. Creio que Jesus Misericordioso cumpriu sua promessa para com ele. Assim Jesus diz no Diário de Santa Faustina, no número 1075: “As almas que divulgam o culto da minha misericórdia, Eu as defendo por toda a vida como uma terna mãe defende o seu filhinho e, na hora da morte, não serei para elas Juiz, mas sim, Salvador misericordioso.” Assim como Santa Faustina, o dia de sua morte era um dia esperado por ele: “Ó dia lindíssimo, momento incomparável em que verei, pela primeira vez, a meu Deus, Esposo da minha alma e Senhor dos senhores, sinto que o terror não dominará minha alma” (Diário, 1230). Bendito seja Deus pelo dom da vida do Padre André. Que Deus o recompense com Sua infinita misericórdia.

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Santuário

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Monges Trapistas renovam os votos no Santuário da

Divina Misericórdia Maisa Ribeiro Alves da Silva

Bacharel em Letras clássicas - grego e latim

N

o dia 12 de dezembro de 2014 ‒ festa de Nossa Senhora de Guadalupe ‒ os Monges Trapistas do Mosteiro Nossa Senhora do Novo Mundo, localizado em Campo do Tenente - PR, realizaram no Santuário da Divina Misericórdia a renovação de seus votos monásticos (segundo a Regra de São Bento: conversão dos costumes, obediência e estabilidade). A visita ao Santuário teve um caráter de peregrinação para eles, uma vez que não costumam sair comunitariamente do mosteiro, exceto por esta ocasião solene celebrada uma vez por ano. A decisão da comunidade por adotar esta prática em outros lugares partiu de uma parecida tradição que há em sua “Casa-Mãe”, o Mosteiro de Nossa Senhora de Genesee, no estado de

Nova York, Estados Unidos. Como a Ordem Cisterciense (e, nela, cada mosteiro e cada monge em particular) é toda consagrada à Virgem Maria, é costume dessa comunidade fazer a renovação dos votos em alguma data mariana. Assim, na “Casa-Filha” a solenidade é celebrada tanto em festas marianas quanto em um santuário dedicado à Nossa Senhora. A ideia de, neste ano, renovarem sua consagração no Santuário da Divina Misericórdia surgiu a convite dos Padres Marianos, com quem a comunidade Trapista de Campo do Tenente nutre uma verdadeira amizade. Além disso, os monges sentem um profundo apreço pela mensagem e pelo apostolado da Divina Misericórdia, tão importante para os tempos atuais.

Para os monges, realizar a renovação em outro lugar faz lembrar a dimensão eclesial de sua vocação: oferecer-se a Deus em uma vida de trabalho, contemplação e intercessão pelos cristãos e pelo mundo. Para nós, leigos, é sinal de unidade em meio à diversidade de dons e talentos comunicados pelo Espírito, através dos vários carismas presentes no Corpo Místico de Cristo ‒ a Igreja. É também, a exemplo de São João Batista, “uma voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor”, lembrando-nos de que é no silêncio da oração e na harmonia do canto que elevamos nossas almas a Deus e Nele somos transformados à imagem de Seu Filho.


Nossos Eventos Pe. Sandro Souza, MIC

XIII CONGRESSO da Divina

N

os dias 21 a 23 de novembro de 2014, em Curitiba, no Santuário da Divina Misericórdia, aconteceu o XIII Congresso da Divina Misericórdia com o tema: “Confio-vos esta tarefa a vós: sede Testemunhas da Misericórdia de Deus”. Este foi um dos últimos pedidos que nos fez o nosso querido Papa João Paulo II, hoje já canonizado, quando ‒ no dia 17 de agosto de 2002, no Santuário da Misericórdia em Cracóvia, na Polônia ‒ consagrou o Mundo inteiro à Divina Misericórdia. Estavam presentes nesse Congresso quase 1000 pessoas de todo o Brasil, entre eles vários padres e religiosas, também de todo o país. Nos bastidores trabalhavam mais de 100 pessoas das nossas paróquias de

Foto: Richard H. W. Angerd Roch

Responsável pela equipe de evangelização do Santuário da Misericórdia

Misericórdia

Curitiba (Sagrada Família, São Jorge e Santuário). A abertura do evento foi feita pelo Provincial dos Padres Marianos, Padre Leandro, MIC. A primeira palestra, ainda na sexta feira, foi feita pelo Padre Valter, MIC, pároco da Sagrada Família, com o tema: Testemunhas do Amor e do Perdão: João 8, 1-11, e a santa Missa, nesse primeiro dia, foi presidida pelo Padre Leandro.

“Sede Testemunhas da Misericórdia de Deus”. No sábado, o destaque foi das mulheres, pois tivemos duas palestrantes. Assim, a segunda palestra do

32 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015

evento foi feita pela Irmã Hiacynta Motorna, superiora das Irmãs de Jesus Misericordioso, que vivem aqui em Curitiba, com o seguinte tema: Testemunhas da Obediência e da Fidelidade: a Misericórdia Divina na vida do Padre Miguel Sopoćko. Durante a tarde, Léia Catenassi, coordenadora do Grupo de Oração do Santuário da Divina Misericórdia, realizou a terceira palestra com o tema: Testemunhas da Perseverança: a Fé manifestada por uma pagã – Mateus 15, 21-28. Em seguida, às 15:00 horas, foi feita a apresentação do novo diretor do Apostolado, Padre André Lach, MIC, que conduziu a oração do Terço da Divina Misericórdia durante a Hora da Misericórdia.


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Na santa Missa desse dia, celebrada às 16:30 horas, presidida por mim, Padre Sandro, MIC, responsável pela organização do Congresso da Misericórdia, foi feito a consagração de cerca de 50 novos AEDM (Apóstolos Eucarísticos da Divina Misericórdia). Na noite de sábado, houve o momento muito esperado de Adoração ao Santíssimo Sacramento, à luz de velas, com muito louvor. Cada congressista pôde estar bem próximo de Jesus Eucarístico que percorreu, entre nós, o local do evento, sendo conduzido pelo Padre Anchieta, MIC, pároco e reitor do Santuário. No domingo, foi feita por mim a quarta palestra com o tema que também era o tema do congresso: Confio-vos esta tarefa a vós: sede Testemunhas da Misericórdia de Deus. Entre os sacerdotes que concelebraram a santa Missa de encerramento do Congresso estava presente o Padre André Krzymyczek, MIC, já falecido, e foi presidida pelo Padre Anchieta. Ser Testemunha da Misericórdia é uma missão, uma tarefa para a vida toda. Somos chamados a mostrar para todos que a palavra misericórdia é muito mais do que uma palavra bonita, ela exige testemunho. Por meio dela precisamos, pelo menos, tentar fazer a diferença, amando, perdoando, compreendendo, acolhendo, ajudando, rezando... Falar de misericórdia talvez não seja tão difícil, pois ela é uma palavra linda... Mostrar, ou melhor, testemunhar misericórdia já exige um

pouquinho mais, pois junto com a misericórdia, penso eu, devem caminhar dois pês: “P” de Perdão e “P” de Paciência... Duas atitudes que necessariamente devem ser praticadas para que a misericórdia seja concreta.

A misericórdia é aquilo que de maior existe em Deus A misericórdia é apresentada no Diário de Santa Faustina como o atributo que melhor nos descreve quem é Deus. Aquilo que de maior existe em Deus. Algo infinito, inesgotável, indestrutível. Nunca vamos saber tudo sobre a Sua misericórdia. Ela ultrapassa a inteligência dos homens e dos anjos... Não pode ser dominada ou limitada por nada e nem por ninguém. Quem somos nós para definir e determinar até quando Deus pode amar e ter misericórdia de alguém? A misericórdia é Dele, não é nossa. A nossa misericórdia é finita, limitada e, muitas vezes, sem que a gente queira, acaba. A misericórdia de Deus, por outro lado, é infinita, não tem fim... Penso que a Misericórdia atua de duas formas: a primeira, indo ao encontro da miséria humana, para abraçar esse ser humano que está na miséria; a segunda, amando aqueles que

não merecem ser amados, ou seja, os que mais precisam de misericórdia e amor... E quantas vezes eu me encontro no meio dos que mais precisam de misericórdia e amor! Que Deus seja louvado em toda a Sua Misericórdia por mais esse Congresso da Misericórdia que se realizou. Quem sabe você venha participar conosco nesse ano. O próximo Congresso será nos dias 13 a 15 de novembro de 2015. Você pode fazer a inscrição pelo site www.misericordia.org.br a partir de 12 de abril de 2015, na Festa da Misericórdia. Fique com Deus e um abraço misericordioso para todos.


Jovens em Cristo

Juventude do Papa Tainá Gonçalves e Fernanda Portela

do Grupo de Jovens do Santuário da Divina Misericórdia

A

História

Jornada Mundial da Juventude teve sua primeira edição em Roma, em 1986. O lema era o trecho bíblico de 1Pedro 3,15: “Estejam sempre preparados para responder à qualquer que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês”. Desde então, a JMJ passou a ser celebrada a cada dois ou três anos. Em 2013, nosso país foi escolhido por Deus para ser a sede deste evento tão magnífico, reunindo 3,7 milhões

de pessoas. Em 2016, nos reuniremos na cidade em que viveu nossa amada intercessora Santa Faustina Kowalska.

Símbolos Em cada JMJ, diante de nós está a Cruz ‒ símbolo da fé católica. A tradicional “Cruz da JMJ”, que durante o Ano Santo da Redenção (de 1983 à 1984) permanecia perto do altar principal na Basílica de São Pedro, desde 1994 segue uma longa peregrinação através das dioceses do país sede de cada JMJ internacional,

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como um meio de preparação espiritual para o grande evento. Em 2003, na 18° JMJ, em Roma, o Papa João Paulo II deu aos jovens um segundo símbolo da fé, que, desde então, acompanha a Cruz da JMJ: o ícone de Nossa Senhora, Salus Populi Romani, dizendo: “Hoje eu confio a vocês... o ícone de Maria. De agora em dianteele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude junto com a Cruz. Contemplem a Mãe de vocês! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens


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que são chamados, como o Apóstolo João, a acolhê-la em suas vidas”. Esses dois ícones peregrinaram por várias cidades do Brasil e a última cidade por onde passou em nosso país foi Rio de Janeiro, cidade-sede da JMJ 2013. A rota da peregrinação dos símbolos da JMJ foi denominado no Brasil de Bote Fé. Sempre acompanhados pela juventude, peregrinaram também por Curitiba, entre os dias 23 a 26 de fevereiro de 2013, reunindo aproximadamente 30 mil pessoas.

Semana Missionária A Semana Missionária foi o nome adotado no Brasil para a série de eventos que ocorreram em várias cidades do país na semana que antecedeu a JMJ (14 a 20 de julho de 2013). A proposta era a experiência da fé, da solidariedade e da cultura. Os jovens do Santuário da Divina Misericórdia acolheram um grupo de sete peregrinos poloneses. Mesmo com as dificuldade de comunicação, devido aos idiomas, foi uma particular experiência do amor de Deus. Tivemos momentos de oração e de muito aprendizado na partilha das experiências culturais. A semana foi intensa e a despedida dolorida, pois a saudade dos momentos de alegria já batia à porta do coração.

Convite Você não teve a oportunidade de gritar “esta é a juventude do Papa” na JMJ Rio 2013? Ficou só na vontade?

Que pena! Foi uma das coisas mais lindas e emocionantes fazer parte desse coro formado por uma multidão de jovens intrépidos, cheios de Deus, cheios de alegria, que não têm medo de professar a própria fé. A JMJ Cracóvia-Polônia 2016 parece estar distante, mas vale a pena desde já fazer um esforço e juntar os recursos para poder viver esse momento incrível. Nosso Grupo de Jovens Maria Mãe da Misericórdia (Gj3M), desde setembro de 2014, está se preparando para essa próxima jornada, também com a arrecadação de fundos, vendendo rifas e bombons. Neste ano vamos fazer um trabalho ainda mais intenso porque queremos outra vez juntar as nossas vozes e gritar a plenos pulmões, dessa vez em Cracóvia: “ESTA É A JUVENTUDE DO PAPA!”. Convidamos a unir esforços conosco ou com os jovens da sua paróquia e experimentar um pouquinho do amor de Deus por essa juventude que não tem medo de lutar todos os dias contra o pecado, para que um dia alcancemos juntos o Céu!

Expectativas JMJ 2016 O coração ainda bate forte quando relembramos os momentos intensos e marcantes no Rio de Janeiro. Aguardamos com grande expectativa o que o Senhor vem preparando para a próxima JMJ em Cracóvia, na Polônia, entre os dias 21 a 31 de julho de 2016, com o tema: “Felizes os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia” (Mt 5,7). Mantendo na lembrança tudo o que vivenciamos durante o encontro no Rio de Janeiro, encontramos ânimo na luta diária para fazer a vontade de Deus. Assim queremos chegar em 2016, cientes de que é Ele quem nos move e nos leva a ir além. Nós, como jovens do Santuário da Misericórdia ‒ “Casa da Misericórdia”, aguardamos com verdadeira ansiedade por esse momento! Temos em nossos corações a certeza de que Deus nos presenteou de maneira muito especial com o tema tão lindo dessa próxima Jornada sobre a sua imensa misericórdia!


Vocacional

Deus é

Amor!

Ir. Cristiano Francisco Tostes, MIC

Seminarista Mariano

Foto: Arquivo Pessoal

Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição da Bem Aventurada Virgem Maria. Natural de Curitiba, nasci no dia 9 de outubro de 1987. Meu pai, José, é paranaense. Minha mãe, Adelina, mineira. Quando eu tinha 2 anos de idade, meu pai faleceu, ficando minha mãe, meus quatro irmãos — Luzia, Sueli, Roseli, Juliano — e eu.

Q

ueridos leitores! A palavra vocação provém do verbo latino vocare que significa chamar. Quem não gosta de ser chamado pelo próprio nome com carinho e predileção, sobretudo por pessoas que amamos? Todos somos chamados por Deus, em Seu Amor, para uma missão, para um desígnio, para a felicidade! Pensemos juntos que extraordinário é esse fato real

de que um dia fomos pensados, projetados e amados por Deus que permanece nos amando. Que viemos Dele e para Ele voltaremos... No livro do profeta Jeremias, Ele mesmo nos confirma isso: “Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi...” (Jr 1,5). Com alegria, partilho com vocês a minha história vocacional. Me chamo Cristiano, sou seminarista da

36 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015

De origem humilde, minha família sempre foi alimentada pela fé e pela confiança em um Deus que abençoa! Todas as noites, não ia dormir sem pedir a bênção para minha mãe. Sempre que lhe pedia a bênção, ela respondia: "Deus te abençoe!" E era isso que eu sentia... A bênção e a misericórdia de Deus marcaram minha vida! Fui batizado um mês e treze dias depois de meu nascimento, no dia 22 de novembro de 1987. Enquanto era pequeno não tinha liberdade para participar da vida da comunidade paroquial. Nesse tempo, os vizinhos se organizaram para receber em suas casas a capelinha com a imagem de Nossa Senhora do Sagrado Coração. A capelinha passava de lar em lar e a nossa casa era


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a primeira da lista. Lembro especialmãos do Padre Miguel Nisser, MSC eles dedico minha amizade e permamente da mensageira das capelinhas, (Missionário do Sagrado Coração), necerei sempre grato pelos ensinaque hoje está no Céu. Momento mentos que me deram. Dona Maria. Ela morava ao lado do único que nunca vou esquecer. nosso terreno e rezava com uma vela No ano 2000, ano jubilar, alacesa, pedindo paz, proteção e a inTempo depois, recebi a graça da gumas pessoas do grupo de oração tercessão de Nossa Senhora. Ali coUnção no sacramento do Crisma da paróquia na qual participava me mecei a ser evangelizado e a sentir na paróquia Rainha dos Apóstolos, convidaram para visitar o Santuário algo diferente: uma pelas mãos de Dom da Divina Misericórdia, no bairro grande alegria que me Moacyr José Vitti, Umbará, em Curitiba. Primeira sexatraía para conhecer As coisas não são que naquela épota-feira do mês, lembro como se fosa Igreja e participar ca era bispo auxiliar se hoje, ainda havia uma capelinha de “mecânicas”; são, em alguma paróquia. sim, impulsionadas de Curitiba. Desse madeira ali, estava tendo confissões, Todos os domingos modo, continuei sendepois de ter me confessado, desci pelo Amor de um pela manhã, na igreja tindo um chamado, para a santa Missa no Santuário. Fida comunidade havia Deus que só ama. algo que me impul- quei, de imediato, encantado. Tinha celebrações. Um dia, sionava a seguir mais algo diferente naquele lugar! Muita enquanto em casa toperto Daquele que paz mesmo! Quando entrei, impacdos dormiam, resolvi pular o portão amava. Ouvi a notícia mais maravitou-me a imagem enorme de Jesus que estava trancado e fui à Missa lhosa que alguém possa ter escutado, que estava ali diante de mim com sozinho. As cornetas, que ainda hoje foi anunciada por São João: Deus é a inscrição: Jesus, eu confio em Vós! permanecem instaladas em muitas Amor! (1Jo, 4-8). As coisas não são Transmitia segurança, me acalmava, “mecânicas”; são, sim, impulsionadas me envolvia de amor e misericórIgrejas, anunciavam a celebração dia. A profunda paz e tranquilidade com músicas do Padre Zezinho. pelo Amor de um Deus que só ama. E saber disso é fonte de que experimentava Achava aquilo muito bonito! Desse muita cura! Ao longo naquele ambiente de modo começou a minha caminhada da minha caminhaoração ‒ eu até ali de cristão junto com a Igreja. Fui toEu penso que da estou aprendendo nunca tinha sentido. mando consciência, nesses primeiros antes não conhecia essa verdade. Esse acontecimento contatos, da importância da comuJesus como marcou-me por toda nidade, de estar junto, de servir de Quando tinha 12 a vida. Misericordioso. algum modo, e assim, gradualmenanos, o desejo de ente fui sendo atraído por tudo aquilo E Ele me atraiu trar em um seminário Continuei a parque eu via e sentia participando da começou a ficar mais ticipar desse Santuápara dentro da Igreja. Como era bom estar ali! No claro... Não entendia Sua misericórdia. rio, fui me deixando meu quarto, gostava de ter os meus nada de congregaenvolver pela Miserisantinhos, os meus altares ‒ que eu ções. Para mim, eram córdia. Essa Devoção mesmo fazia. Fui cultivando a devotodas iguais! Contudo, em minha mudou toda a minha vida, e eu me ção dentro de mim, de modo espevida, foram sempre surgindo pessoemociono ao falar disso. Eu penso cial à Virgem Maria. A comunidade as que me ajudaram no processo de que antes não conhecia Jesus como na qual eu participava era dedicada discernimento vocacional. Dentre Misericordioso. E Ele me atraiu à Nossa Senhora Aparecida, nela os seminários que conheci, fiz uma para dentro da Sua misericórdia, me entrei para a Catequese. Recebi a experiência de convívio com os Sadeu essa grande graça! Foi bem forminha primeira Comunhão das lesianos que me ajudaram muito. A te essa experiência. Senti que Deus


me chamava para de alguma maneira estar ao Seu serviço. Foi, então, que perguntei quem cuidava daquele Santuário da Divina Misericórdia: eram os Padres Marianos da Imaculada Conceição. Fiquei bem feliz por saber disso e, logo, comecei a fazer contato com a Congregação, um caminho de acompanhamento pessoal, com muitos encontros vocacionais. Hoje, Deus me deu a graça de ser um dos membros dessa Congregação que tem a Imaculada Virgem Maria como protetora e padroeira. Sigo o meu processo de amadurecimento pessoal, a minha formação humana, o meu autoconhecimento, para corresponder ao projeto do Senhor na minha história, no caminho que Ele propõe para a minha vida. Às vezes surgem as dúvidas nesse caminho, as dificuldades, as provações, que são inerente a toda pessoa humana; então, quando isso acontece, sempre me pergunto, como um dia aprendi: “Senhor, o que queres de mim?”. “O que queres que eu faça... Jesus?”. “O que é que eu preciso?”.

Jovem!

Você quer se tornar um

PADRE MARIANO?

• Divulgar a verdade sobre Maria Imaculada. • Rezar pelas almas do purgatório. • Doar a sua vida por Cristo e pela Igreja. • Ser apóstolo e divulgador da Divina Misericórdia.

A vocação é sempre um chamado que parte de Deus. Ele, nos Seus desígnios e mistérios, envolve todos nós, cada um de nós. E nós só nos realizamos enquanto pessoa no servir e no amar! Isso é o que quero buscar cada dia mais, na poderosa ação do Espírito Santo, sob a intercessão de Maria, que sempre esteve presente na minha história e na minha vida! Sempre e em todos os momentos, o Autor da nossa fé e da nossa vocação nos ensina a dizer com grande confiança: Jesus, eu confio em Vós!... Seguirei por essa via!

Entre em contato com o Padre Sandro:

Por e-mail: vocare@marianos.org.br

Por carta: Rua Profeta Elias, 149 CEP: 81930-020 Curitiba - PR

Por telefone: (41) 3348-6816

Louvado seja sempre Nosso Senhor Jesus Cristo!

38 - Revista Divina Misericórdia - Fevereiro/Março 2015

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Infantil

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Lançamentos!

O Combate de Santa Faustina contra o Inimigo da Misericòrdia Còd. COMBATE

Biografia de uma Santa Faustina Kowalska Còd. BIOGRAFIA

Relançamento! Misericòrdia Minha Missão Biografia de Santa Faustina Còd. MISSAO

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