Guia - Museu do Catetinho

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Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal Museu do Catetinho 2019

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FICHA TÉCNICA TEXTOS Marcelo Gonczarowska Jorge Artani Grangeiro da Silva Pedrosa PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Daniel Bruno Vieira de Melo Kariny Nery de Moraes

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Distrito Federal (Brasil). Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC) Museu do Catetinho/ Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal - SECEC. Brasília: SECEC, 2019. 62 p. 20 cm. 1.Museu do Catetinho 2. Patrimônio Histórico 3. Educação Patrimonial I. Título

CDD 069.15


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10 introdução 14o palácio /térreo

MESAS DE REFEIÇÕES 6

/primeiro andar QUARTO JK QUARTO ERNESTO SILVA SALA DE DESPACHOS QUARTO BERNARDO SAYÃO BANHEIROS BAR SALA DOS TRAJES DE GALA QUARTO PANAIR QUARTO ISRAEL PINHEIRO

sumário


36o anexo ANEXO DO CATETINHO SALA DE MÚSICA SALA DA BANDEIRA E DOS POSTAIS LAVANDERIA COZINHA

50área externa TRANSFORMADOR, PRIMEIRA CAIXA D’ÁGUA E CHURRASQUEIRA HISTÓRICA BAR BURITI E ADMINISTRAÇÃO 7

56parque ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

58mapa


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Janela do Anexo do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


introdução O Catetinho foi a Residência Provisória da Presidência da República entre novembro de 1956 e junho de 1958. Nele, o presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976) pernoitava e trabalhava quando em visita às obras de construção da nova capital. Edificado em, acredita-se, dez dias, com recursos financiados por amigos de JK, o prédio de madeira sobre pilotis foi um projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer (1907-2012).

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Não se sabe a razão pela qual se decidiu construir o Catetinho onde ele se encontra hoje. No entanto, conta a lenda que foi o próprio JK quem escolheu o local, ao descobrir uma nascente em sua primeira visita às terras, em 02 de outubro de 1956. O Palácio de Tábuas, como era chamado, foi levantado na área desapropriada da Fazenda Gama, onde também foi construída uma pista de pouso e instalada a estação de rádio da Panair e da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil - NOVACAP. 11

Fachada principal do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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ao lado, acima: Catetinho em construção, 1956 Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal ao lado, abaixo: Catetão, c. 1957-1958 Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal

Em maio de 1957, foi construído um segundo edifício, maior, ao lado do Catetinho, para abrigar os convidados em visita ao canteiro de obras da nova capital. Apelidado de Catetão, hospedou ou recebeu, entre outros, o então presidente de Portugal, General Francisco Craveiro Lopes, o prefeito de Nova York, Robert Wagner, a Comitiva da Aeronáutica Argentina e parlamentares brasileiros. Com a inauguração do Palácio da Alvorada em junho de 1958, o Catetão deixou de ter razão de existir e foi desmontado logo depois. Seus vestígios ainda podem ser identificados na área que hoje serve de local para piquenique. Em 21 de julho de 1959, com o Catetinho já desocupado, o próprio presidente Juscelino solicitou o tombamento do edifício. Nessa época, a quase totalidade dos móveis que o compunham originalmente já havia sido removida. Contudo, a ambientação, tal como se encontra hoje, foi recomposta com originais, móveis de época (sobretudo do Brasília Palace Hotel) e objetos cenográficos, para sugerir como era a vida quotidiana no palácio na década de 1950.

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o palácio /térreo

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MESAS DE REFEIÇÕES As mesas de madeira do pilotis ainda são as originais da época de Juscelino Kubitschek. Elas eram usadas para servir o café da manhã – pão com manteiga, bolacha de sal e café com leite. Em seguida, JK partia com o engenheiro Israel Pinheiro (1896-1973) para supervisionar as obras de construção de Brasília. Fazia questão de estar no canteiro de obras às seis horas da manhã.


Mesas originais do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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o palácio

/primeiro andar

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QUARTO JK Aqui, JK repousava ao retornar de suas constantes visitas às obras de Brasília. Muitas vezes Juscelino chegava de avião, após o encerramento do expediente no Palácio do Catete, sede da Presidência da República no Rio de Janeiro. Desembarcava no meio da noite, sempre acompanhado por ministros e políticos. O presidente deitava-se tarde, às vezes após à meia-noite. Antes mesmo de o sol nascer, já estava de pé. De hábitos simples, dispensava o terno e saía em mangas de camisa e botas. A primeira-dama, Dona Sarah Kubitschek (1908-1996) frequentava o Catetinho nos feriados, acompanhada das filhas e de amigos. Apesar de não haver confirmação documental, uma longa tradição assegura que o pijama de seda Lanvin rosa e o chapéu de couro de lebre marrom pertenceram a JK.


Quarto JK, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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ao lado: Juscelino e Sarah Kubitschek, 1960 Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal abaixo: Diretoria da NOVACAP reunida no escritório do Rio de Janeiro: Iris Meimberg (Diretor Financeiro), Israel Pinheiro (Presidente), Bernardo Sayão (Diretor Técnico) e Ernesto Silva (Diretor Administrativo), 1960 Fonte: Revista Brasília nº40 (Arquivo Público do Distrito Federal)

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acima: Quarto Ernesto Silva, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa ao lado: Maleta de Ernesto Silva com receituários e objetos do médico, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

QUARTO ERNESTO SILVA Ernesto Silva (1914-2010) conduziu o edital para escolha do Plano Piloto de Brasília e foi o primeiro diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil – NOVACAP, empresa pública criada por JK em 19 de setembro de 1956 para conduzir as obras de construção da cidade.


Médico de formação, dormia no quarto ao lado do que era ocupado pelo presidente quando ele vinha a Brasília e dizia: “A gente trabalhava demais, e acordava cedo, às seis da manhã, com o vento frio entrando pelas frestas na tábua, mas o trabalho era bom, porque a gente se esforçava para terminar a cidade até a data marcada para a inauguração”. Conta ainda que foi o responsável pela criação do Hospital de Base, das Escolas Parque e do Clube da Unidade de Vizinhança da 108 Sul. A maleta de médico em couro marrom pertenceu a Ernesto Silva. Contém marcador de página em couro, faca de papel em estanho, paleta acrílica, tranca da maleta, dois receituários da Fundação Hospitalar do DF e três receituários em seu nome.

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Sala de Despachos do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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SALA DE DESPACHOS O cômodo foi o primeiro escritório do presidente no Planalto Central. No dia da inauguração do Catetinho, dia 10 de novembro de 1956, JK despachou daqui, assinando atos referentes à construção de Brasília e examinando o esboço do Palácio da Alvorada ao lado do arquiteto Oscar Niemeyer. Durante as obras, realizou cerca de 300 viagens a Brasília. Nessas ocasiões, a Sala de Despachos tornava-se, então, o escritório onde o presidente exercia suas funções e deliberava com os diretores e engenheiros da NOVACAP.


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O aspecto distintivo da sala é a presença de móveis e objetos da década de 1950, em característico estilo modernista. O mobiliário, o telefone e o quadro do pintor Firmino Saldanha (inspirado no traço do Plano-Piloto de Lúcio Costa), são originais e foram restaurados em 1997. A mesa de reunião é de autoria de Joaquim Teneiro; a Poltrona Costela é de Carlo Hauner e Martin Eisner (projeto para a empresa Forma) e o aparador é possivelmente de Hauner.


Sala de despachos do Catetinho. Da esquerda para a direita: Israel Pinheiro, Juscelino Kubitschek e Dilermando Silva , 11 de novembro de 1956 Fonte: Arquivo PĂşblico do Distrito Federal

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Quarto Bernardo SayĂŁo, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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QUARTO BERNARDO SAYÃO Bernardo Sayão (1901-1959) foi um dos primeiros diretores da NOVACAP. Recebeu JK na primeira viagem deste ao Planalto Central, em 02 de outubro de 1956 – foi ele, inclusive, quem havia aberto em 1955 uma pista de pouso e um rancho para passageiros, o chamado aeroporto Vera Cruz, onde hoje é rodoferroviária, e também a trilha ligando o aeroporto à Fazenda Gama (isso no governo de Café Filho). “Quem olhasse o local onde estava sendo iniciada a construção de Brasília, sempre o veria: chapelão na cabeça; rosto queimado de sol, suando em bica. Estava em toda a parte e sempre em atividade. Reservava para si as tarefas mais árduas e perigosas e as executava com seu inextinguível bom humor. À beleza viril do físico privilegiado aliava-se invejável formação moral. Era bom por natureza e bravo por instinto”, afirmou Juscelino anos depois. Apaixonado pela construção de estradas, foi designado por JK para abrir a rodovia Belém-Brasília. Durante as obras, em plena floresta amazônica, uma árvore enorme foi cortada e caiu exatamente sobre a barraca em que estava. Sayão foi fatalmente atingido e morreu no mesmo dia; foi a primeira pessoa a ser enterrada em Brasília, em 1959, antes mesmo da inauguração da nova capital, no cemitério Campo da Esperança, local que ele mesmo demarcara havia menos de dois anos.

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Banheiro do Quarto JK, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

BANHEIROS Os banheiros foram instalados com fornecimento de água quente e fria – a água era esquentada graças à técnica de serpentina (instalação de canos por dentro do fogão a lenha). Os banheiros do Catetinho são alguns dos ambientes mais bem preservados do Palácio, com louças e pisos tais quais foram instalados na década de 1950.


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Bar do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

BAR Este espaço serviu como bar durante a época de ocupação do Catetinho. A cachaça Pirassununga 29 que aí está é famosa na região desde a época da construção de Brasília e ainda hoje é produzida no Estado de São Paulo.


SALA DOS TRAJES DE GALA A sala abriga os trajes usados pelo Presidente Juscelino e por Dona Sarah Kubitschek no Baile de Inauguração de Brasília (21 de abril de 1960). O vestido é um modelo de Mena Fiala, comprado na casa Canadá. A casaca foi executada pelo alfaiate Trota, do Rio de Janeiro. Os itens foram doados por Maria Estela Kubitschek, filha do casal. Sala dos trajes de gala do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Foto do Baile de Inauguração de Brasília, no Palácio do Planalto, 1960 Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal.

Brasília foi cenário de grandes festas, bailes e banquetes mesmo antes de sua inauguração. Muitos desses eventos ocorriam no Brasília Palace Hotel, pelo qual JK tinha particular apreço, edifício projetado por Oscar Niemeyer e aberto em 1958, que abrigaria políticos, diplomatas, príncipes e chefes de Estado estrangeiros – e, inclusive, o primeiro concurso de Miss Brasília, em 1959. O Catetinho guarda peças da prataria e da louça do hotel.


QUARTO PANAIR A primeira pista de pouso da região do Distrito Federal, construída em Planaltina na década de 1930, precede a promessa de JK de transferir a capital. No entanto, a decisão de construir Brasília ensejou a abertura de duas novas pistas, sendo a menor aquela que viria a servir o Catetinho, terminada ainda em 1956. Nesse mesmo ano, a companhia aérea Panair do Brasil, cujos proprietários haviam apoiado a eleição de Juscelino, instalou os serviços de radiotelegrafia e radiofarol para auxiliar nos pousos e decolagens e na comunicação com o Rio de Janeiro.

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A construção de aeroportos, mais apropriadamente campos de pouso, acompanhou o desenvolvimento da mudança da sede do governo federal e as obras viárias que fizeram parte deste processo. O acervo do Catetinho conta com bolsas da Panair, uma das empresas de aviação pioneiras no Brasil, cujas operações foram encerradas em 1965.

ao lado, acima: Quarto Panair, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa ao lado, abaixo: Tenda da Panair na pista de pouso da Fazenda Gama, c. 1956 Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal


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acima: Na varanda do Catetinho, da direita para a esquerda: Ernesto Silva, Israel Pinheiro, Iris Meinberg e Coracy Uchoa Pinheiro, c. 1956-1959 Fonte: Arquivo PĂşblico do Distrito Federal ao lado: Quarto Israel Pinheiro, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


QUARTO ISRAEL PINHEIRO Israel Pinheiro (1896-1973) foi homem de confiança de JK e o primeiro Diretor Presidente da NOVACAP. O engenheiro considerava a mudança da capital para o interior do país um projeto estratégico para o desenvolvimento econômico do Brasil. “Sem Israel, jamais eu teria construído Brasília”, disse certa vez JK. Foi ele quem recebeu a missão de construir Brasília dentro do prazo de três anos e dez meses – mesmo tempo que restava ao mandato de Juscelino. Como presidente da companhia, Israel Pinheiro mudou-se para o Catetinho com sua esposa, dona Coracy, e residiu aqui durante todo o período das obras. Após a inauguração da cidade, foi nomeado seu primeiro prefeito. A presença constante do casal provavelmente justifica a razão pela qual o cômodo possui as mais amplas prateleiras e cabideiro do Palácio.

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o anexo 36

ANEXO DO CATETINHO Esta sala, bem como as seguintes, foram originalmente espaços de serviços do Catetinho, com múltiplos usos, como depósito de mantimentos ou ferramentas, além de cozinha e lavanderia. Os painéis instalados apresentam relatos dos funcionários da FERTISA que participaram da empreitada de construção do palácio. O Museu conserva até hoje ferramentas originais do Catetinho, como rastelos, pá, foice, picaretas, cavadeira manual, enxada e carrinho de mão.


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Anexo do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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Ferramentas originais do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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Anexo do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


SALA DE MÚSICA 10 novembro de 1956 – À noite, após escutar o Repórter Esso, JK foi homenageado com serenata ao som do “Canto da Nova Capital”.

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O Catetinho recebeu diversas visitas célebres, entre elas alguns dos artistas mais importantes da cena musical brasileira. Dilermando Reis (1916-1977), compositor e violonista, acompanhava as comitivas oficiais e animava serestas para JK e seus convidados. Na inauguração do Catetinho, o grupo reunido no Palácio de Tábuas foi agraciado com a apresentação do Canto da Nova Capital, primeira música composta em Brasília. Era um samba: letra de Bastos Tigre que Dilermando musicara durante a construção do Catetinho e executava naquela noite para o grupo de convidados. A estadia no palácio também inspirou os hóspedes Tom Jobim (1927-1994) e Vinicius de Moraes (1913-1980). Os dois compositores haviam sido convidados por JK para compor a Sinfonia da Alvorada, a ser executada na cerimônia de inauguração da nova capital. Vieram de fusquinha do Rio de Janeiro e ficaram hospedados por alguns dias no Catetinho. Conta a lenda que, ao experimentar das águas cristalinas da nascente que se encontra ao lado do edifício, criaram a música Água de beber, cujo famoso refrão canta:

Água de beber Água de beber camará Água de beber Água de beber camará


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Seresta no Catetinho: Cesar Prates cantando e Dilermando Reis tocando guitarra, c. 1956-1959 Foto de Mario Fontenelle Fonte: Arquivo PĂşblico do Distrito Federal


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ViolĂŁo de Dilermando Reis, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


O Catetinho possui o violão de Dilermando Reis, um instrumento de 6 cordas da marca Del Vecchio com caixa e suporte. Foi doado pela família do músico. Além disso, apresenta uma coleção de vinis antigos com temática de serestas e serenatas. 43

DISCO DE VINIL

ANO

Disco “JK em Serenata” – JK e Grupo de Seresta Diamantina

1967

Disco “Uma Voz e um Violão em Serenata” – Francisco Petrônio e Dilermando Reis

1962

Disco “Abismo de Rosas” – Dilermando Reis

1961

Disco “Sucessos de Ontem na Voz de Hoje” – Angela Maria

1956

Disco “Saudades, O Brasil Seresteiro” – Silvio Caldas

1952


SALA DA BANDEIRA E DOS POSTAIS Na alvorada do dia 11 de novembro de 1956, dia seguinte à inauguração do Catetinho, o Presidente acordou cedo, pois deveria atender compromissos no Rio de Janeiro. Antes de embarcar, porém, compareceu, ao raiar do sol, a um ato cívico. As duas hastes de ferro que sustentavam as antenas de transmissão da estação Panair do Brasil serviram de mastros para, respectivamente, o Pavilhão Nacional e a bandeira do Presidente da República. Enquanto o símbolo nacional era erguido, os presentes cantaram o Hino Nacional do Brasil. O Museu guarda essa primeira bandeira e uma coleção de postais do IHG-DF intitulada: Juscelino Kubitschek, Ligeiro e Certo, o arquiteto da cidadania. 44


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à esquerda: Coleção de postais do IHG-DF intitulada Juscelino Kubitschek, Ligeiro e Certo, o arquiteto da cidadania, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa à direita: Bandeira do Brasil hasteada na inauguração do Catetinho, em 11 de novembro de 1956, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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Lavanderia do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

LAVANDERIA Neste espaço funcionava a área de serviço do Catetinho, com os tanques para a lavagem das roupas do Presidente Juscelino e dos demais ocupantes da casa. Na década de 1950, a presença de eletrodomésticos como lavadoras de roupa apenas começava a se popularizar, sendo o serviço de lavandeiras ainda essencial para a rotina dos lares e instituições.


COZINHA O tamanho da cozinha, um dos maiores cômodos do palácio, demonstra sua importância no contexto da rotina dos pioneiros que trabalhavam parar erguer Brasília. A chama das lamparinas era mantida com óleo ou querosene, essenciais naquele contexto, já que às 22h todos os habitantes do Catetinho tinham de desligar as luzes elétricas, que eram alimentadas por um pequeno motor. O ambiente foi reconstituído cenograficamente com objetos de época e reproduções, comidas artificiais (pães, queijos, bolos, linguiças e outros) e réplicas de produtos de época1. O armário de mantimentos foi feito pelas mãos de Luciano Pereira, primeiro zelador do Catetinho. O almoço servido para comemorar a inauguração do Catetinho foi simples, composto de frango ao molho pardo e angu. JK chegou ao meio-dia e, ao desembarcar e ver a edificação, manifestou seu agrado, declarando: “Se meus amigos praticaram este milagre em tempo recorde, apenas com idealismo e sem recursos oficiais, por que não poderei construir a nova Capital, já que disponho, no Governo, de toda uma infraestrutura administrativa e de recursos financeiros?”

1A Nestlé e a Kolynos gentilmente cederam réplicas de seus produtos, tais como eram na década de 50.

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Cozinha do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa ao lado: ArmĂĄrio de mantimentos feito pelas mĂŁos de Luciano Pereira - primeiro zelador do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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área externa 50

TRANSFORMADOR, PRIMEIRA CAIXA D’ÁGUA E CHURRASQUEIRA HISTÓRICA Em 1º de novembro de 1956, o “Palácio de Tábuas” estava pronto para ser habitado, inclusive com instalação de água quente e fria, instalações elétrica e sanitária e fogão à lenha. Engenheiros e operários se reuniram para um churrasco de comemoração – a obra havia sido concluída como programado. Neste dia de festa e satisfação, Dilermando Reis sugere que o Palácio de Tábuas receba o nome de Catetinho, em alusão ao Palácio do Catete, sede do Governo no Rio de Janeiro. O Presidente não pôde estar presente na data marcada para a inauguração, que foi remarcada para o dia 10 de novembro de 1956.


à direita: Caixa d´água do Catetinho, c. 1956 - a caixa d’água existe até hoje e pode ser vista no parque do museu Fonte: Arquivo Público do Distrito Federal

abaixo, à esquerda: Transformador original instalado para a construção do Catetinho em outubro de 1956, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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A churrasqueira foi construĂ­da com economia de recursos, configurando-se em simples estrutura de alvenaria protegida por cobertura com telha de zinco.

ao lado: Churrasqueira do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa abaixo: VestĂ­gios do CatetĂŁo, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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acima: Bar Buriti, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa ao lado: Administração do Museu do Catetinho, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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BAR BURITI E ADMINISTRAÇÃO O Catetinho, apesar de tombado desde 1959, tornou-se um museu apenas na década de 1970. Em razão disso, foram promovidas algumas alterações no lote ocupado pelo palácio, como o edifício da Administração do museu e um pavilhão que contava com espaço para lanchonete e sanitários, batizado de Bar Buriti.


parque

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ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL O Museu do Catetinho situa-se na Área de Proteção Ambiental Gama e Cabeça de Veado, criada por decreto distrital de 1986. Localizado em uma região de significativa biodiversidade de flora e fauna, especificamente dois tipos de vegetação do Bioma Cerrado podem ser vistos na área do museu: a Mata de Galeria, em torno da nascente; e o Cerrado sentido restrito, caracterizado pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas. Além do bioma natural, atualmente há espécies exóticas plantadas em data desconhecida. A preservação do meio ambiente é uma das missões do museu, já que sua inserção na APA Gama e Cabeça de Veado têm, entre seus principais objetivos, coibir a degradação de corpos hídricos essenciais para o abastecimento da população de Brasília.


ao lado: Biodiversidade encontrada na APA Gama e Cabeรงa de Veado, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa abaixo: Nascente Tom Jobim, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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mapa

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Estรกtua O Fundador JK, 2019 Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


referências CATETINHO nasceu num bar. Visão, Rio de Janeiro, 20 de dez.1959. Disponível em: <http://doc.brazilia.jor.br>. Acesso em: 17 jul. 2019. CABRAL, Eduardo (org). Catetinho: o palácio de tábuas. Brasília: ITS, [199?] GUIMARÃES, Ahilton. A construção do catetinho. Disponível em: < http://aconstrucaodocatetinho.com.br/>. Acesso em: 17 jul. 2019. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN. Inventário do Catetinho. Brasília, 2017. 3 v KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília. Rio de Janeiro: Bloch, 1975. SILVA, Ernesto. História de Brasília. 4. ed. Brasília: CDL, 1999.

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