Revista Dominus Salus (Abr/Mai/Jun de 2019)

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Expediente REVISTA DOMINUS SALUS Edição 97 - abr/mai/jun de 2019 PRESIDENTE DA COMUNIDADE Irmão Alexandre Mazzali RESPONSÁVEL PELA REVISTA Irmão Gabriel Cavaletto JORNALISTA RESPONSÁVEL Elis Soares | MTB 48990/SP DIAGRAMAÇÃO Irmão Gabriel Cavaletto ILUSTRAÇÃO Irmã Helena Scarabelo REVISÃO Irmã Helena Scarabelo IMPRESSÃO E TIRAGEM 2.5OO exemplares (trimestral) CAPA Francisco Caso. La Santísima Trinidad, óleo sobre tela - Século XVII.

FALE CONOSCO: Av. Comendador Antônio Carbonari, 2887 Traviú - Jundiaí/SP CEP: 13.213-270 (11) 4582-4553 (11) 9.4202-7566 comunidade@dominussalus.com.br FACEBOOK facebook.com/dominussalus TWITTER @dominussalus INSTAGRAM @dominussalus

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Índice 4 6 8 12 14 16 18 20 22

Matéria: Igreja Espaço dos Sócios Aconteceu... Matéria: Formação Palavra do Fundador Especial: Sacramentos Matéria: Atualidaade Vocacional Vem aí...

Colabore! A Dominus Salus é uma Comunidade Missionária sem fins lucrativos, e há 23 anos atua na Diocese de Jundiaí e região com trabalhos de evangelização. Contamos com a ajuda de benfeitores para a nossa missão. Faça parte você também desta obra de Deus. Doe!

Banco Sicred Ag: 0738 C/C: 38843-0 Banco Bradesco Ag: 150-3 C/C: 97.915-5 CNPJ: 02.290.857/0001-19


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Editorial Caro leitor, a paz de Cristo! Gostaria de convidá-lo através desta nova edição da Revista Dominus Salus, a descobrir o imenso amor que a Trindade tem para com cada um de nós. É indiscutível que Deus nos ama, porém, até que ponto experimentamos este amor em nossa vida? Será que deixamos o amor de Deus penetrar nas profundezas de nosso ser? Se almejamos uma vida de santidade temos de fazer esta experiência com o próprio Amor. Deus, ao nos criar, concedeu-nos a capacidade de conhecê-Lo e amá-Lo para a nossa felicidade. Após o pecado, fomos privados desta comunhão íntima com Deus, mas tudo nos foi restituído pela vinda de Cristo. Ele, através de Sua vida e Seus mistérios, nos revelou o rosto do Pai, e pelos méritos d’Ele agora somos novamente capazes de encontrar a Deus. Nas páginas seguintes, trazemos até você, um auxílio para tocar este Mistério, o Mistério do Amor de Deus por nós! Busque com coragem este Deus que te buscou primeiro. O olhar do Senhor sempre está sobre você, agora só resta o seu se voltar para Ele! Que Nossa Senhora, filha do Pai, Mãe do Filho e esposa do Espírito Santo nos ensine a percorrer este caminho de amor! Deus nos abençoe! Ir. Gabriel Cavaletto


4|Igreja 4|Igreja

Padres da Igreja, quem são? Por: Tiago Ambrosim

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m uma época marcada por tantos contratestemunhos da vida cristã, podemos facilmente parafrasear Cristo e nos questionar: “Ainda existe fé sobre a Terra?” (Lc. 18, 8). Fato é que a raiz destes contra testemunhos é a “diluição” da espiritualidade cristã, que nos primórdios de nossa fé era vivenciada de maneira autêntica e firme! Ao me referir ao termo “diluição” da espiritualidade cristã, indico este verdadeiro relativismo da fé, onde um ponto de vista pessoal e cômodo é sobreposto às verdades da doutrina cristã.

Mas, onde se fundamenta esta Doutrina? Onde buscar fontes confiáveis e firmes acerca da espiritualidade cristã?

É aí que entram os “Padres da Igreja”, tema principal desta matéria. Os Padres da Igreja são os santos pastores que guiaram a Igreja em seus primeiros séculos. Homens de fé firme e reta decisão que vivenciaram em seu dia a dia as verdades proclamadas por Cristo com grande fidelidade, afinal, mesmo temporalmente estavam estritamente próximos da vida de Nosso Senhor. E por estarem tão próximos da vida e dos ensinamentos de Cristo é que os padres da Igreja são considerados base para toda espiritualidade cristã e testemunho autêntico da vida de Cristo. Destacam-se nestes termos, nomes como Santo Irineu, São João Damasceno, São João Crisóstomo, São Gregório de Nissa, entre tantos outros. O termo “padres do deserto”, também comumente utilizado em referência a estes homens, refere-se à busca deles por uma vida retirada e silenciosa em meio ao deserto, tanto exterior quanto interior. Para estes homens a oração e a contemplação de Cristo bastava para que se sentis-


Pacher Michael, 1483; The Altarpiece of the Church Fathers

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sem preenchidos em suas meditações diárias e constantes. Para eles os prazeres deste mundo não passavam de distrações mediante o árduo caminho que percorriam buscando a salvação. E em busca de salvação para suas vidas estes homens entregavam-se a profundos e longos momentos de oração, à rigorosos jejuns e a duras penitências. Faziam isso pois sua autenticidade de vida cristã os conduzia à uma profunda consciência acerca de suas misérias e por isso sabiam da necessidade de uma profunda conversão de vida para alcançarem a vida eterna. Também por buscarem esta vida em conformidade com o evangelho, muitos deles foram alvo de terríveis tentações e perseguições demoníacas, que sempre venciam à força da fé e da fidelidade à Cristo.

Em meio a uma sociedade que tanto busca os confortos e prazeres deste mundo, tanto em uma vida entregue ao pecado quanto em uma espiritualidade “afrouxada” aos próprios interesses, os padres da Igreja permanecem como farol nos indicando o fiel e único caminho que nos conduz à salvação. Que tenhamos a coragem de buscar conhecer a vida destes santos homens para melhor compreendermos o que é ser cristão!


6| 6| Espaço dos Sócios

Missão Sócios Discípulos Missionários

A sócia Manoelina recebeu a Dominus Salus em sua casa no mês de Fevereiro. Tendo a oportunidade de convivermos por algumas horas, temos a alegria de testemunhar o amor de Deus e Sua presença restauradora na vida da Dona Manoelina Obrigada pela acolhida!

“Conheço a Comunidade Dominus Salus há bastante tempo, já participei muito dos retiros e eventos. Agora, devido às minhas condições de saúde, já não participo tanto... Resolvi me tornar sócia porque todos nós somos capazes de fazer alguma coisa para ajudar o próximo, todos somos capazes de fazer um pouco mais!


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Recado para os Sócios!

Muitos sócios já participaram desta missão e puderam testemunhar a graça que Deus realizou em suas vidas. Você também pode fazer esta experiência! Entre em contato conosco para agendar uma missão! :)

Faça parte desta obra! A Dominus Salus estende a mão para pedir sua ajuda! Necessitamos de pessoas como a D. Manoelina que se disponham a colaborar mensalmente com a Comunidade. Nossos sócios fazem parte da nossa família, pois, uma vez que contribuem para a obra, contribuem na evangelização conosco. Se você também deseja nos ajudar nesta missão que Deus nos confiou, entre em contato para se associar:

(11) 4582-4553 | (11) 9.4202-7566

Para conhecer mais sobre a Comunidade, acesse: www.dominussalus.com.br


8| Aconteceu...

26 JAN

Passagem de Fase Formativa

Marcando o aniversário de 23 anos da Dominus Salus, na noite do dia 26 de Janeiro, treze vocacionados se apresentaram à Igreja e tornaram público o seu desejo de seguir a Cristo mais estreitamente no Carisma da Comunidade. Entre os presentes, familiares e amigos dos membros, testemunhas do seu compromisso de fidelidade. À partir de agora, os vocacionados do seguimento da Aliança tornam-se pré-discípulos e os celibatários iniciam a formação no postulantado.

Fotos: Érica Camargo


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23 FEV

Rodízio de Pizza

“Mangia che te fa bene!” Música italiana, ambiente familiar, espiritualidade e pizzas deliciosas... Este foi o tom do nosso segundo rodízio de pizzas, que reuniu dezenas de pessoas para uma noite irreverente e de confraternização.

Fotos: Marketing Dominus Salus


10| Aconteceu...

10 MAR

Quebra de Maldições

A verdadeira e mais eficaz proteção contra o maligno é uma vida de conversão sincera e busca constante de santidade. Assim foi o conteúdo do Retiro Quebra de Maldições que reuniu mais de 200 pessoas, no Traviú em Jundiaí.

Fotos: Marketing Dominus Salus


Revista Dominus Salus |11 22,23 e 24 MAR

Aprofundamento Sobre Vida Espiritual

Todo homem é chamado à santidade e, ciente desta responsabilidade da qual participam todos os batizados, a Dominus Salus inicia o “Aprofundamento de Vida Espiritual e Santidade”. Neste primeiro módulo, pudemos contar com a participação de diversos Carismas e leigos consagrados da Igreja.

Fotos: Marketing Dominus Salus


12|Formação

"Maternidade

Física e Espiritual

Por: Irmã Ariane Bonanomi

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om o evento da anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria, é inaugurada para o gênero humano a plenitude dos tempos (cf. Gl. 4,4), isto é, a revelação plena de Deus em seu filho Jesus. Diante da pergunta de Maria “como se fará isto se não conheço homem algum? ” (Lc. 1,34), é dada a resposta: “O Espírito Santo virá sobre ti” (Lc. 1,35).

“A missão do Espírito Santo está sempre unida e ordenada à do Filho. O Espírito Santo, que é ‘o Senhor que dá a Vida’, é enviado para santificar o seio da Virgem Maria e para a fecundar pelo poder divino, fazendo-a conceber o Filho eterno do Pai, numa humanidade originada da sua” (CaIC § 484). Maria trouxe-nos a vida que por

Eva foi tirada, “o nó da desobediência de Eva foi desfeito pela obediência de Maria, o que a virgem Eva ligou pela incredulidade a Virgem Maria desligou pela fé” (Sto. Irineu). Ela em sua maternidade física concebeu apenas o Salvador - o Cristo - mas sua maternidade espiritual se estende a todos os homens que seu Filho veio salvar... a maternidade espiritual de Maria foi um desejo do coração de Cristo para todos os batizados. Ele, agonizando na Cruz e olhando para o discípulo amado disse: “Eis aí tua mãe” (Jo 19,27); a Escritura nos diz que João a levou para casa. Como fez João, também nós somos chamados a “levar Maria para casa” e em tudo recorrer a ela, pois um dos títulos de Nossa Senhora é justamente “refúgio dos pecadores”. Jesus quis nos dar sua Mãe, pois embora a salvação dependesse Dele, Maria foi associada intimamente ao mistério da redenção (corredentora). Assim como por meio de Maria veio até nós o Cristo, é por meio dela que


Imamgem: William A. Bouguereau, Virgin and Child.

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iremos até Cristo. A Virgem Santíssima nos assume como filhos tal como assumiu Jesus Cristo, e tem por nós um amor único e exclusivo. O amor da mãe pelo filho é aquele capaz de enfrentar tudo para vê-lo bem; com Maria não é diferente: além de amar e cuidar de nós esta relação é ainda mais forte porque ela intercede continuamente diante de Deus para que nos voltemos cada vez mais para o amor do Seu Filho. Diariamente somos confrontados pelo demônio, pelo mundo e pela carne e Maria é nossa auxiliadora neste combate. Como dissemos, a Virgem é “refúgio dos pecadores”. Amparados por ela temos a garantia de contar com sua proteção para vencer o mal e lutar contra as tentações.

O mês de Maio é dedicado à Maria, portanto, aproveitemos este mês para buscar uma intimidade maior com Nossa Senhora, que deseja exercer sua maternidade espiritual sobre nós. Busquemos por Maria e encontremos Jesus; imitemos suas virtudes e alcancemos as graças que Deus preparou para nós e que virão pelas mãos dela, a medianeira de todas as graças! Por fim, uma antiga antífona de Nossa Senhora, mas muito conhecida e profunda, nos resume sua maternidade espiritual: “À vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”


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Palavra do Fundador - Ir. Alexandre Mazzali SANTÍSSIMA TRINDADE

oda a ação de Deus na história T é obra conjunta do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Sendo Deus eterna

comunicação de Amor, é compreensível que este Amor transborde além Dele em seu agir. Ainda que não seja fácil de explicar, é esta uma verdade que nos enche de alegria: o saber que o homem que vive em estado de graça (sem pecado mortal) é templo vivo da Santíssima Trindade. Desde o dia de nosso Batismo, se não recusamos a Deus através do pecado mortal, vive em nossa alma Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Temos a Deus dentro de nós para nos santificar, para nos ajudar, para estar conosco, porque nos ama. Podemos falar com a Trindade Beatíssima, sabendo que nos escuta e atende nossas súplicas. Sabemos disto pela Fé e, ainda que não O vejamos, nem O sintamos, é esta a verdade. Santa Elizabeth da Trindade, con-

templando essa maravilhosa realidade exclamou: “A Trindade: aqui está nossa morada, nosso lugar, a casa paterna de onde jamais devemos sair(...) Encontrei meu céu na terra, posto que o céu é Deus e Deus está em minha alma. No dia em que compreendi isto, tudo se iluminou para mim. Crer que um ser que se chama Amor habita em nós a todo instante do dia e da noite, e nos pede que vivamos em sociedade com Ele, eis aqui, garantovos, o que tem feito de minha vida um céu antecipado”. São José Maria Escrivá, em meio a tantos ensinamentos profundos que nos deixou, escreveu o seguinte: “Aprende a louvar o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Aprende a ter uma especial devoção pela Santíssima Trindade: creio em Deus Pai, creio em Deus Filho, creio em Deus Espírito Santo; espero em Deus Pai, espero em Deus Filho, espero em Deus Espírito Santo; amo a Deus Pai, amo a Deus Filho, amo a Deus Espírito Santo. Creio, espero e amo a Trindade Santís-


Imagem: Jan Cornelisz Vermeyen, 1504 –1559 Holy Trinity

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sima. Faz-nos falta esta devoção como um exercício sobrenatural da alma, que se traduz em atos do coração, ainda que nem sempre se verta em palavras”. Ora, Deus - que quer revelar-nos também a nós os segredos do amor e da intimidade com Ele - espera que Lhe correspondamos com um coração, não de sábios e entendidos, mas de pequeninos, como outrora São João sem receios, reclinou-se no peito do Senhor (cf. Jo 13, 23). A Trindade Santa é comunhão não só entre Si, “ad intra”, mas também quer comunicar-se com cada um de nós, “ad extra”. Os santos e santas de Deus descobrindo esse desejo divino não ficaram estagnados, mas foram ao encontro do Senhor, que não cessa de atrair os homens a Si, e ali fizeram a maior e mais plena experiência que

se pode fazer nessa vida: tocar a realidade da presença Trinitária no íntimo mais íntimo de si, como dizia Santo Agostinho. É por isso que o Senhor se apresenta como Esposo em diversos contextos bíblicos. É só o amor sincero e alegre deste Esposo o que justifica e dá verdadeiro sentido à nossa vida. É por isso que a história da humanidade se inicia com um casamento: o de Adão e Eva no Paraíso. Este casamento é como um sinal, uma flecha que aponta para um outro matrimônio, dessa vez narrado no Apocalipse: o casamento de Deus com a humanidade, as núpcias do Cordeiro, que devemos desejar com todo coração, com toda alma, com todas as nossas forças e com todo nosso entendimento...


16| da Confissão 16|Sacramento

Sacramento da Confissão: Como receber? NA CONFISSÃO, É DEUS QUE NOS PERDOA

Não há dúvida alguma que Deus quer perdoar-nos. E Ele o faz através do Sacramento da Penitência ou Confissão. Ao recebê-lo, voltamos como pródigos à casa paterna e somos acolhidos pelo próprio Deus num abraço de reconciliação.

O ÚNICO MEIO

Às vezes, ouve-se dizer: “Se eu percebo que pequei e me arrependo, de que serve ir confessar-me com o sacerdote? Deus lê meu coração e vê que estou arrependido, pedindo perdão. Isto não basta?” E é preciso responder: “Não, não basta”. Poderia bastar, se Deus não houvesse determinado o contrário. Porventura não cabe àquele que recebe uma ofensa o direito de estabelecer as condições que deseja para conceder o seu perdão? O perdão veio por Cristo, e a Penitência é o sacramento instituído por Cristo para outorgar o perdão - o seu perdão - aos pecados cometidos depois do Batismo.

EFEITOS DA CONFISSÃO

1º) Perdoa os pecados: A Confissão restitui a limpeza da alma, curando a lepra do pecado. Nos tempos bíblicos,

a lepra era uma doença incurável, maldita. E os leprosos, completamente abandonados. A Confissão cura tudo isso. Perdoa os pecados mortais e veniais de que estejamos arrependidos. 2º) Dá forças para lutar: A Confissão também cura a paralisia gerada pelo pecado. Porque os nossos pecados, de fato, enfraquecem-nos a vontade, acorrentando-nos e escravizando-nos. Por isso, quem se confessa de um determinado pecado, embora continue a sentirse inclinado a ele, recebe uma poderosa ajuda para lutar contra essa inclinação em concreto. 3º) Confere a graça santificante: Jesus veio para nos conceder uma vida nova, sobrenatural, participação da própria vida divina. E, para isso, dá-nos a graça, que é o princípio de toda a atividade sobrenatural. Esta graça, chamamos de graça santificante é conferida no Batismo, e renovada em cada confissão.

CONDIÇÕES PARA UMA BOA CONFISSÃO 1º) Exame de consciência: Para se fazer uma boa confissão, é preciso preparar-se. Caso contrário, chegado o momento de acusar-nos, dificilmente serí-


Bartolomé Esteban Murillo: Return of the Prodigal Son, 1667–1670

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amos capazes de lembrar-nos de todos os pecados cometidos desde a última confissão. E, pior ainda, com muita probabilidade, não estaríamos suficientemente arrependidos. Para fazer um bom exame de consciência é necessário colocar-se na presença de Deus, numa atitude humilde. Depois começar o exame com um ato explícito de fé e de humildade na presença de Deus. Faz-se então, um exame sobre o cumprimento dos 10 Mandamentos da lei de Deus e dos 5 mandamentos da Igreja. Deve procurar, sobretudo, as faltas graves e também as veniais. 2º) A Contrição: Devemos chegar à Confissão arrependidos de ter ofendido a Deus, com o propósito de emendar-se. Sem isso, de nada valeria o Sacramento, pois Deus só nos perdoa quando esta-

mos verdadeiramente arrependidos. 3º) Propósito de Emenda: A melhor medida da efetividade da contrição é a firmeza do propósito de emenda. Quem sinceramente deplora um erro cometido usa de todos os meios para não voltar a cometê-lo. “Agora, diz o Senhor, voltai para mim com todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos; rasgai o coração, e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus; ele é benigno e compassivo, paciente e cheio de misericórdia, inclinado a perdoar o castigo.” (Joel 2, 12-13) Se o perdão dos homens às vezes humilha e rebaixa, o perdão de Deus sempre dignifica e eleva. Eis o cerne da misericórdia. Fonte: Por que Confessar-se, Editora Quadrante, 2004. 4ª Edição.


18| Atualidade

Passagem da Morte para a Vida! Por: Daiana de Medeiros

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Quaresma é um tempo litúrgico muito importante para nossa caminhada na fé, amadurecimento e busca de santidade. Além disso, nos prepara para vivermos dignamente a celebração da Páscoa do Senhor. A intenção da Quaresma em nossas vidas é justamente provocar uma conversão sincera, autêntica e que busca sempre renovar o nosso interior em Cristo Jesus.

Mas, de fato, o que é conversão? É um processo que todos os cristãos são chamados a viver. Não é para alguns, mas para todos, e é um processo no qual buscamos separarmonos do mal e voltarmo-nos para o bem, O Bom, O Belo e O Verdadeiro.

Ora, se tal processo envolve que nos separemos do mal, certamente envolve que nos separemos da morte, situação à qual o pecado e o relativismo com o qual vivemos a nossa fé, nos levam. O amor de Deus nos chama a viver a conversão e renunciar a tudo o que nos afasta Dele, logo, o pecado. Pecar nos tira do estado de graça, nos tira da amizade com Nosso Senhor e precisamos sempre lutar para permanecer na graça e na amizade. Desta forma, podemos dizer que a conversão é crescer na prática das virtudes e crescer no conhecimento da Doutrina e do amor a Nosso Senhor Jesus Cristo. As pessoas sempre perguntam como podem viver tais virtudes acreditando piamente que isso é reservado somente aos santos. Mas se esquecem que os santos fizeram a parte que lhes cabiam para receber as graças de vivê-las, cada um em sua medida. E que hoje, somos nós,


Benjamin West, 1730 - 1820; The Ascension

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homens e mulheres da atualidade, famílias, consagrados, religiosos e sacerdotes é que somos chamados à vida de santidade! Ouve-se dizer muito que práticas como jejum, penitência, sacrifício e até mesmo a frequência nos Sacramentos, como o da reconciliação (confissão) eram armas próprias da vida monástica, ou de homens e mulheres da antiguidade, o que de fato, é um grande engano! O jejum, a penitência, o sacrifício, a frequência dos Sacramentos sempre foram armas próprias e essenciais à vida de todos os cristãos e também nós somos chamados a resgatarmos essas práticas em nossas vidas, já que as mesmas

nos auxiliam a vencer, em Deus, situações que somente pela nossa humanidade não conseguiríamos vencer!

Empenhemo-nos em viver este tempo de preparo refletindo nossas atitudes e o que tem habitado nossos corações, para que de posse das armas cristãs que a Santa Igreja nos oferece, possamos abandonar a morte e alcançar a vida em Cristo Jesus! Deus abençoe a todos!


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Discernimento Vocacional Por: Irmã Michele Cristiane

Ouvir o coração ou com o coração? Ouvir a inteligência ou com a inteligência? Perguntas como estas nos rodeiam o tempo todo em nossas orações para escutarmos a Vontade de Deus em nossa vida. Precisamos ouvir com o coração e com a inteligência! Ou seja, deixar passar pelo coração e pela inteligência, submetendo-os a Deus e Sua Santíssima Vontade a nosso respeito, como Ele nos criou desde “o princípio” (Gn,1). O que Ele pensa de mim? É necessário o silêncio, a renúncia de si, para ouvir com o coração e com a inteligência. Nenhum pode estar separado do outro. Para escutarmos a voz de Deus com o coração, precisamos da inteligência para iluminar as intenções deste coração que nem sempre está voltado à Sua Vontade ao nosso respeito, mas sim aos nossos egoísmos de querermos tudo

do nosso jeito. Num primeiro momento precisamos ficar em silencio para ouvi-Lo: “A Voz do Senhor faz-se ouvir com poder! A voz do Senhor faz-se ouvir com majestade!” Salmo 28. Quando eu me coloco na presença de Deus no silêncio, escuto Sua Voz: “Voz que contorce os carvalhos e faz tremer o deserto” Salmo 28. Importante notar que a Voz de Deus “contorce os carvalhos” dentro de mim, aquilo que está enraizado. Ela também “faz tremer o deserto” do meu coração. Ou seja, a Voz de Deus não é passiva, não é algo que vem para massagear nosso ego e nossas vontades, mas sim para transformar-nos naquilo que Ele pensa de nós. O que é um deserto senão um lugar vazio e silencioso? Eis a questão de como ouvir a Voz de Deus. Em nosso deserto, onde não tem nada de mim mesmo, nenhum ruído, no silêncio; então Ele vem e fala. No deserto estou sozinho, com sede e fome, ansiando por saciar-me.


Cena do Filme: Dos Homens e dos Deuses, 2010

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“Dificultoso é discernir com certeza se é o bom ou o mau espírito quem te leva a desejar isto ou aquilo, ou se o que te move é teu próprio espírito”. Devemos sempre oferecer nossos pedidos e desejos a Deus com temor, humildade de coração e plena resignação, remetendo tudo à Sua disposição, renunciando inteiramente à própria vontade. Este é o segundo ponto: a renúncia. O coração vazio de si mesmo, como um deserto, onde a Voz de Deus tem eco profundo e então toca minha inteligência me conduzindo a Sua Vontade a meu respeito. Sem renúncia não há vazio, sem vazio não há silêncio e sem o silêncio não escuto a Voz de Deus! “Dai-me o que quiserdes quanto quiserdes e quando quiserdes. Ponde-

me onde quiserdes e disponde absolutamente de mim em tudo. Eis aqui vosso servo, pronto para tudo; pois desejo, Senhor, viver para Vós e não pra mim.” Capítulo XV – Imitação de Cristo. Rezar esta oração é fruto desta experiência de ouvir a Vontade de Deus para a minha vida. O que quer para mim? Quanto quer? Quando quer? Onde irei encontrar a pessoa certa? Como saberei que é ela? Quer me dividir com alguém ou me quer inteiro para Ti? Tudo isso será respondido com a Voz de Deus contorcendo os seus carvalhos e fazendo tremer seus desertos. Tenha coragem de ouvir esta voz!




“Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permanceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indizível pessoa.” - De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo, século IV


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